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Os transtorno de personalidade Um transtorno de personalidade significa que a pessoa tem um grave distúrbio de comportamento, que envolve todas as áreas de atuação da pessoa, resultando em sérias dificuldades pessoais, afetivas e sociais. As alterações não são secundárias a outro transtorno. A ciência ainda não chegou a um consenso para determinar a origem dos transtornos. Os transtornos começam a ser notados no final da infância ou início da adolescência. O diagnóstico só pode ser efetivado após os 18 anos de idade. Diretrizes diagnósticas no CID-10 (1993, p. 196) De acordo com o CID-10 (1993) essas condições do transtorno abrangem padrões de comportamento arraigados e permanentes. São respostas inflexíveis que independem das situações que as envolvem. São desvios extremos ou significativos do modo como a média das pessoas de determinada cultura reagiriam. O CID-10 (F60) relaciona os seguintes transtornos de Personalidade: personalidade paranoide; esquizoide, antissocial, emocionalmente instável, narcisista, evitativa, histriônica, anancástica, ansiosa ou de evitação, dependente. Diretrizes diagnósticas no DSM-V (2014, p. 645) Critério A – Padrão persistente de experiências interna e comportamento desviante acentuadamente das expectativas da cultura do indivíduo. O padrão manifesta-se em duas ou mais das seguintes áreas: 1. Cognição, afetividade, funcionamento interpessoal, controle dos impulsos. Critério B – Padrão persistente e inflexível e abrange situações pessoais e sociais. Critério C – O padrão persistente provoca sofrimento clinicamente significativo e prejuízos no funcionamento social, profissional e pessoal. Critério D – O padrão é estável e de longa duração. No DSM-V (2014, p. 645) os transtornos de personalidade (DSM-V 300) relacionados são os seguintes: paranoide, esquizoide, esquizotípica, antissocial, borderline, narcisista, histriônica, evitativa, dependente, obsessiva-compulsiva. Transtornos de personalidade e transtornos de ajustamento Na apresentação dos transtornos usaremos somente a descrição do transtorno, os critérios diagnósticos e o curso que estão contidos no DSM-V, ele será a nossa referência fundamental. Ao lado do código do DSM-V, aparecerá o CID-10 ele está presente apenas para que você tenha uma referência para, caso necessite, possa consultar ao CID. Critérios diagnósticos no DSM-V (p. 649) 1. Suspeita, sem embasamento suficiente, de estar sendo explorado, maltratado ou enganado; 2. Tem dúvidas sobre a lealdade dos outros; 3. Não consegue confiar nos outros; 4. Percebe significados humilhantes ou ameaçadores em comentários ou eventos benignos; 5. Guarda rancor de forma persistente; 6. Percebe ataques ao seu caráter ou reputação; 7. Tem suspeitas recorrentes e injustificadas. A característica essencial do transtorno da personalidade paranoide é um padrão de desconfiança e suspeita difusa dos outros a ponto de suas motivações serem interpretadas como malévolas. Esse padrão começa no início da vida adulta e está presente em contextos variados. Indivíduos com esse transtorno creem que outras pessoas irão explorá-los, causar-lhes dano ou enganá-los, mesmo sem evidências que apoiem essa expectativa. Suspeitam, com base em pouca ou nenhuma evidência, de que outros estão tramando contra eles e podem atacá-los de repente, a qualquer momento e sem razão. Costumam achar que foram profunda e irreversivelmente maltratados por outra pessoa ou pessoas, mesmo na ausência de evidências objetivas para tal. Curso no DSM-V (p. 649) Surge no início da vida adulta. Exemplo: Jorge, 30 anos, trabalha numa companhia especializada na instalação de TV a cabo. Sempre se sentiu prejudicado pelos seus chefes. Jorge tem certeza de que reservam para ele as piores escalas de trabalho, os piores bairros para trabalhar. Na hora do almoço, senta-se afastado de seus companheiros para evitar conversas sobre a sua vida. Não é despedido por ser excelente profissional, apesar de seu comportamento estranho. Em casa, está sempre desconfiado, acha que sua esposa fala dele para os vizinhos, que sua sogra vai visitar a família para vigiar o que ele faz dentro de casa. Tem especial implicância com o novo namorado de sua filha. Acredita que o rapaz anda espalhando para os vizinhos que ele é preguiçoso e não consegue manter a família. Transtorno de personalidade esquizoide Padrão difuso de distanciamento das relações sociais, dificuldades para expressão das emoções. Apresenta as seguintes características: 1. Não gosta de desfrutar de relações intimas, nem com sua família; 2. Opta por atividades solitárias; 3. Manifesta pouco ou nenhum interesse em ter experiências sexuais; 4. Poucas ou nenhuma atividade conseguem lhe dar prazer; 5. Não tem amigos próximos ou confidentes, que não sejam parentes bem próximos; 6. Mostra-se indiferente a elogios ou críticas; 7. Demostra frieza emocional, distanciamento ou embotamento afetivo. Características diagnósticas A característica essencial do transtorno da personalidade esquizoide é um padrão difuso de distanciamento das relações sociais e uma faixa restrita de expressão de emoções em contextos interpessoais. Curso no DSM-V (p. 652) Esse padrão surge no começo da vida adulta e está presente em vários contextos. Exemplo: Carlo Eduardo, 42 anos, é considerado o tio esquisito da família. Mora sozinho, nunca se casou, não tem filhos. Não tem amigos. Seu trabalho é burocrático, faz pesquisa na internet, onde não precisa manter contato pessoal com ninguém. Os parentes relatam que nunca viram Carlos chorar (nem no enterro de seus pais), nem rir. Ele mantém sempre a expressão vazia. Transtorno de personalidade esquizotípica O sujeito acometido desse transtorno apresenta padrão difuso de déficits sociais e interpessoais marcado por desconforto agudo e capacidade reduzida para relacionamentos íntimos, além de distorções cognitivas ou perceptivas e comportamento excêntrico, que surge no início da vida adulta e está presente em vários contextos. A característica essencial do transtorno da personalidade esquizotípica é um padrão difuso de déficits sociais e interpessoais marcado por desconforto agudo e capacidade reduzida para relacionamentos íntimos, bem como por distorções cognitivas ou perceptivas e comportamento excêntrico. Características diagnósticas de acordo com o DSM-V (p. 655) Para ser diagnosticado como transtorno esquizotípico é precioso apresentar cinco (ou mais) dos seguintes sintomas: 1. Ideias de referência. 2. Crenças estranhas ou pensamento mágico que influenciam o comportamento e são inconsistentes com as normas subculturais (p. ex.: superstições, crença em clarividência, telepatia ou “sexto sentido”; em crianças e adolescentes, fantasias ou preocupações bizarras). 3. Experiências perceptivas incomuns, incluindo ilusões corporais. 4. Pensamento e discurso estranhos (p. ex.: vago, circunstancial, metafórico, excessivamente elaborado ou estereotipado). 5. Desconfiança ou ideação paranoide. 6. Afeto inadequado ou constrito. 7. Comportamento ou aparência estranha, excêntrica ou peculiar. 8. Ausência de amigos próximos ou confidentes que não sejam parentes de primeiro grau. 9. Ansiedade social excessiva que não diminui com o convívio e que tende a estar associada mais a temores paranoides do que a julgamentos negativos sobre si mesmo. Não ocorre exclusivamente durante o curso de esquizofrenia, transtorno bipolar ou depressivo com sintomas psicóticos, outro transtorno psicótico ou transtorno do espectro autista. Curso no DSM-V (p. 655) O transtorno da personalidade esquizotípica apresenta curso relativamente estável, com apenas uma pequena parte dos indivíduos vindo a desenvolver esquizofrenia ou outro transtorno psicótico. O transtorno pode se manifestar primeiramente na infância e adolescência por meio de solidão, relacionamento ruim com os colegas, ansiedade social, baixo rendimento escolar, hipersensibilidade, pensamentos e linguagempeculiares e fantasias bizarras. Essas crianças podem parecer “estranhas” ou “excêntricas” e atrair provocação Exemplo: Jorge, 34 anos, sempre foi “estranho”. Nunca teve namoradas ou relacionamentos afetivos estáveis e duradouros. Veste-se de forma a chamar muita atenção. Anda cheio de cordões e pulseiras, usa roupas largas e grandes para o seu tamanho. Desconfia de todos com quem mantém contato. Em dias pares, não come arroz, em dias ímpares não come feijão. Faz suas preces aos gritos às cinco da manhã em seu quintal, o que lhe causa muitos problemas com seus vizinhos. Transtorno de personalidade antissocial | DSM-V (301.7, p. 659) | CID-10 (1993, p. 199) F60.2 O transtorno da personalidade antissocial é um padrão difuso de indiferença e violação dos direitos dos outros. Esse padrão também já foi referido como psicopatia, sociopatia ou transtorno da personalidade dissocial. Visto que falsidade e manipulação são aspectos centrais do transtorno da personalidade antissocial, pode ser especialmente útil integrar informações adquiridas por meio de avaliações clínicas sistemáticas e informações coletadas de outras fontes colaterais. Para que esse diagnóstico seja firmado, o indivíduo deve ter no mínimo 18 anos de idade e deve ter apresentado alguns sintomas de transtorno da conduta antes dos 15 anos. O transtorno da conduta envolve um padrão repetitivo e persistente de comportamento no qual os direitos básicos dos outros ou as principais normas ou regras sociais apropriadas à idade são violados. Os comportamentos específicos característicos do transtorno da conduta encaixam- se em uma de quatro categorias: agressão a pessoas e animais, destruição de propriedade, fraude ou roubo ou grave violação a regras. Características diagnósticas de acordo com o DSM-V (p. 659) A. Um padrão difuso de desconsideração e violação dos direitos das outras pessoas que ocorre desde os 15 anos de idade, conforme indicado por três (ou mais) dos seguintes: 1. Fracasso em ajustar-se às normas sociais relativas a comportamentos legais, conforme indicado pela repetição de atos que constituem motivos de detenção. 2. Tendência à falsidade, conforme indicado por mentiras repetidas, uso de nomes falsos ou de trapaça para ganho ou prazer pessoal. 3. Impulsividade ou fracasso em fazer planos para o futuro. 4. Irritabilidade e agressividade, conforme indicado por repetidas lutas corporais ou agressões físicas. 5. Descaso pela segurança de si ou de outros. 6. Irresponsabilidade reiterada, conforme indicado por falha repetida em manter uma conduta consistente no trabalho ou honrar obrigações financeiras. 7. Ausência de remorso, conforme indicado pela indiferença ou racionalização em relação a ter ferido, maltratado ou roubado outras pessoas. O sujeito tem no mínimo 18 anos de idade. Há evidências de transtorno da conduta com surgimento anterior aos 15 anos de idade. O padrão de comportamento antissocial continua até a vida adulta. Indivíduos com transtorno da personalidade antissocial não têm êxito em ajustar-se às normas sociais referentes a comportamento legal. Podem repetidas vezes realizar atos que são motivos de detenção (estando já presos ou não), como destruir propriedade alheia, assediar outras pessoas, roubar ou ter ocupações ilegais. Pessoas com esse transtorno desrespeitam os desejos, direitos ou sentimentos dos outros. Com frequência, enganam e manipulam para obter ganho ou prazer pessoal (p. ex.: conseguir dinheiro, sexo ou poder). Podem mentir reiteradamente, usar nomes falsos, trapacear ou fazer maldades. Um padrão de impulsividade pode ser manifestado por fracasso em fazer planos para o futuro. As decisões são tomadas no calor do momento, sem análise e sem consideração em relação às consequências a si ou aos outros; isso pode levar a mudanças repentinas de emprego, moradia ou relacionamentos. Indivíduos com o transtorno tendem a ser irritáveis e agressivos e podem envolver-se repetidamente capítulo 4 • 116 em lutas corporais ou cometer atos de agressão física (inclusive espancamento de cônjuge ou filho). Essas pessoas ainda demonstram descaso pela própria segurança ou pela de outros. Isso pode ser visto no comportamento na direção (velocidade excessiva recorrente, direção sob intoxicação, múltiplos acidentes). Podem se envolver em comportamento sexual excessivo ou uso de substância com alto risco de consequências nocivas. Podem negligenciar ou falhar em cuidar de uma criança a ponto de colocá-la em perigo. Curso no DSM-V (p. 659) O transtorno da personalidade antissocial tem um curso crônico, mas pode se tornar menos evidente ou apresentar remissão conforme o indivíduo envelhece, em particular por volta da quarta década de vida. Embora essa remissão tenda a ser especialmente evidente quanto a envolvimento em comportamento criminoso, é possível que haja diminuição no espectro total de comportamentos antissociais e uso de substância. A personalidade antissocial não pode ser diagnosticada antes dos 18 anos de idade Exemplo: Paulo, 36 anos, é muito inteligente e articulado, conseguiu convencer um grupo de amigos a emprestar dinheiro para fundar uma empresa. Arrecadou todo o dinheiro e em seguida “sumiu do mapa”. Alguns amigos conseguiram descobrir onde ele estava escondido. Encontraram-no morando numa cobertura, casado com uma idosa e dirigindo um carro importado. Vivia muito bem até ser denunciado por seus ex-amigos. Foi preso e na cadeia conseguiu organizar a venda de privilégios. Saiu da prisão, casou-se novamente, tirou todo o dinheiro de sua nova companheira e sumiu novamente. Transtorno de personalidade borderline | DSM-V (301.83, p. 663) | CID-10 (1993, p. 200) F60.31 A característica essencial do transtorno da personalidade borderline é um padrão difuso de instabilidade das relações interpessoais, da autoimagem e de afetos e de impulsividade acentuada que surge no começo da vida adulta e está presente em vários contextos. Sujeitos com o transtorno da personalidade borderline tentam de tudo para evitar abandono real ou imaginado. O portador desse transtorno apresenta um padrão difuso de instabilidade das relações interpessoais, da autoimagem e dos afetos, e de impulsividade acentuada. capítulo 4 • 117 A percepção de uma separação ou rejeição iminente ou a perda de estrutura externa pode levar a mudanças profundas na autoimagem, no afeto, na cognição e no comportamento. Esses sujeitos são muito sensíveis às circunstâncias ambientais. Vivenciam medos intensos de abandono e experimentam raiva inadequada mesmo diante de uma separação de curto prazo realística ou quando ocorrem mudanças inevitáveis de planos (p. ex.: desespero repentino em reação ao aviso do clínico de que a consulta acabou; pânico ou fúria quando alguém importante para eles se atrasa alguns minutos ou precisa cancelar um compromisso). Características diagnósticas de acordo com o DSM-V (p. 663) É necessária a presença de cinco (ou mais) dos seguintes sintomas: 1. Esforços desesperados para evitar abandono real ou imaginado. (Nota: Não incluir comportamento suicida ou de automutilação coberto pelo Critério 5.) 2. Um padrão de relacionamentos interpessoais instáveis e intensos caracterizado pela alternância entre extremos de idealização e desvalorização. 3. Perturbação da identidade: instabilidade acentuada e persistente da autoimagem ou da percepção de si mesmo. 4. Impulsividade em pelo menos duas áreas potencialmente autodestrutivas (p. ex.: gastos, sexo, abuso de substância, direção irresponsável, compulsão alimentar). 5. Recorrência de comportamento, gestos ou ameaças suicidas ou de comportamento automutilante. 6. Instabilidade afetiva devida a uma acentuada reatividade de humor (p. ex.: disforia episódica, irritabilidade ou ansiedade intensa com duração geralmente de poucas horas e apenas raramente de mais de alguns dias). 7. Sentimentos crônicos de vazio. 8. Raiva intensa e inapropriada ou dificuldade em controlá-la (p. ex.: mostras frequentesde irritação, raiva constante, brigas físicas recorrentes). 9. Ideação paranoide transitória associada a estresse ou sintomas dissociativos intensos. Curso no DSM-V (p. 663) Há considerável variação no curso do transtorno da personalidade borderline. O padrão mais comum é o de instabilidade crônica no início da vida adulta, com episódios graves de descontrole afetivo e impulsivo e níveis altos de uso dos recursos de saúde e saúde mental. capítulo 4 • 118 Exemplo: Rosaura, 29 anos, é uma mulher de muitos amores, grandes e rápidas paixões. Teve infinitos relacionamentos. O último relacionamento de Rosaura foi o mais intenso. Conheceu sua companheira num bar e logo na semana seguinte foi morar com ela em sua residência. Muito ciumenta, Rosaura não aceitava que a companheira olhasse para nenhuma outra mulher. Quando achava que estava acontecendo uma paquera ela agredia fisicamente a companheira. Certo dia, sua companheira avisou que o relacionamento estava no fim. Rosaura pediu um último encontro. Preparou um jantar à luz de velas, muito romântico. Implorou que sua companheira mudasse de opinião quanto a terminar o romance. Jogou-se ao chão, chorou, chantageou, bateu, debateu-se, ameaçou, gritou e chorou. Transtorno de personalidade histriônica | DSM-V (301.50 p. 667) | CID-10 (1993, p. 201) F60.4 A característica essencial do transtorno da personalidade histriônica é a emocionalidade excessiva e difusa, e o comportamento de busca de atenção. Sujeitos com o transtorno da personalidade histriônica sentem-se desconfortáveis ou não valorizados quando não estão no centro das atenções. Esses indivíduos podem ter dificuldades em alcançar intimidade emocional em relacionamentos românticos ou sexuais. Sem se dar conta disso, costumam desempenhar um papel (p. ex.: “vítima” ou “princesa”) em suas relações com os outros. Podem buscar controlar seu parceiro por meio de manipulação emocional ou sedução em um nível, ao mesmo tempo que mostram dependência acentuada deles em outro nível. Indivíduos com esse transtorno geralmente têm relacionamentos difíceis com amigos do mesmo sexo, pois seu estilo interpessoal sexualmente provocativo pode parecer uma ameaça aos relacionamentos afetivos destes. Esses sujeitos podem também afastar os amigos com exigências de atenção constante. Com frequência, ficam deprimidos e aborrecidos quando não são o centro das atenções. Podem buscar obstinadamente novidades, estímulos e excitação, e ter tendência a entediar-se com a rotina. Não costumam tolerar ou se sentem frustrados por situações envolvendo atraso de gratificação, sendo suas ações costumeiramente voltadas à obtenção de satisfação imediata. Embora com frequência comecem um trabalho ou projeto com muito entusiasmo, seu interesse pode se dissipar rapidamente. capítulo 4 • 119 Relacionamentos de longa data podem ser negligenciados para dar espaço à excitação de novos relacionamentos. O risco real de suicídio não é conhecido, mas a experiência clínica sugere que esses indivíduos estão sob risco aumentado de gestos e ameaças suicidas que realizam com o intuito de obter atenção e coagir os demais a oferecer melhores cuidados. O transtorno da personalidade histriônica tem sido associado a taxas mais altas de transtorno de sintomas somáticos, transtorno conversivo (transtorno de sintomas neurológicos funcionais) e transtorno depressivo maior. Características diagnósticas de acordo com o DSM-V (p. 667) 1.Um padrão difuso de emocionalidade e busca de atenção em excesso que surge no início da vida adulta e está presente em vários contextos, conforme indicado por cinco (ou mais) dos seguintes: 1. Desconforto em situações em que não é o centro das atenções. 2. A interação com os outros é frequentemente caracterizada por comportamento sexualmente sedutor inadequado ou provocativo. 3. Exibe mudanças rápidas e expressão superficial das emoções. 4. Usa reiteradamente a aparência física para atrair a atenção para si. 5. Tem um estilo de discurso que é excessivamente impressionista e carente de detalhes. 6. Mostra autodramatização, teatralidade e expressão exagerada das emoções. 7. É sugestionável (isto é, facilmente influenciado pelos outros ou pelas circunstâncias). 8. Considera as relações pessoais mais íntimas do que na realidade são. Curso no DSM-V (p. 667) Exemplo: Cristina, 25 anos, tem muitos namorados, mas não leva muito a sério os relacionamentos afetivos. Muito exagerada, veste roupar sensuais sem se importar com os lugares que frequenta. Acha que é amiga de todos. Certa vez, conheceu uma menina e imediatamente tornou-se sua melhor amiga, sem perceber que a amiga só queria usar as suas coisas. É sempre alvo de piadas por andar com roupas muito curtas e justas. Por qualquer motivo, chora e faz dramas enormes. capítulo 4 • 120 Transtorno de personalidade narcisista | DSM-V (301.81, p. 669) | CID-10 (1993, p. 202) F60.8 A vulnerabilidade na autoestima torna os sujeitos com transtorno da personalidade narcisista muito sensíveis a “feridas” resultantes de crítica ou derrota. Embora possam não evidenciar isso de forma direta, a crítica pode assustá-los, deixando neles sentimentos de humilhação, degradação, vácuo e vazio. Podem reagir com desdém, fúria ou contra-ataque desafiador. Tais vivências geralmente levam a retraimento social ou a uma aparência de humildade que pode mascarar e proteger a grandiosidade. Relações interpessoais costumam ser afetadas devido a problemas resultantes da crença no merecimento de privilégios, da necessidade de admiração e da relativa desconsideração das sensibilidades dos outros. Embora ambição e confiança desmedidas possam levar a grandes conquistas, o desempenho pode ser comprometido pela intolerância a críticas ou derrotas. O desempenho no trabalho às vezes pode ser muito baixo, refletindo falta de disposição de se arriscar em situações competitivas ou em outras em que há possibilidade de derrota. Características diagnósticas no DSM-V (p. 669) Para formular o diagnóstico, é preciso apresentar cinco (ou mais) dos seguintes sintomas: 1. Tem uma sensação grandiosa da própria importância (p. ex.: exagera conquistas e talentos, espera ser reconhecido como superior sem que tenha as conquistas correspondentes). 2. É preocupado com fantasias de sucesso ilimitado, poder, brilho, beleza ou amor ideal. 3. Acredita ser “especial” e único e que pode ser somente compreendido por, ou associado a outras pessoas (ou instituições) especiais ou com condição elevada. 4. Demanda admiração excessiva. 5. Apresenta um sentimento de possuir direitos (isto é, expectativas irracionais de tratamento especialmente favorável ou que estejam automaticamente de acordo com as próprias expectativas). 6. É explorador em relações interpessoais (isto é, tira vantagem de outros para atingir os próprios fins). capítulo 4 • 121 7. Carece de empatia: reluta em reconhecer ou identificar-se com os sentimentos e as necessidades dos outros. 8. É frequentemente invejoso em relação aos outros ou acredita que os outros o invejam. 9. Demonstra comportamentos ou atitudes arrogantes e insolentes. Curso (p. 669) Inicia no início da vida adulta e segue por toda vida. Exemplo: Jorge, 28 anos, é um professor universitário de grande prestígio. Não perde tempo respondendo perguntas de seus alunos. Não conversa com seus colegas a menos que precise deles para alguma coisa. Acredita que seus colegas são inferiores e por isso sentem inveja dele. Esperava receber uma promoção no trabalho, mas, como não foi ele o escolhido, Jorge iniciou uma campanha de difamação do colega promovido. Transtorno de personalidade evitativa | DSM-V (301.82, p. 672) | CID-10 (1993, p. 202) F60.6 Sujeitos com transtorno da personalidade evitativa costumam avaliar vigilantemente os movimentos e as expressões daqueles com quem têm contato. Sua conduta temerosa e tensa pode provocar o ridículo e o deboche dos outros, o que, em contrapartida, confirma suas dúvidas pessoais.Esses sujeitos se sentem muito ansiosos diante da possibilidade de reagirem à crítica com rubor ou choro. São descritos pelas outras pessoas como “envergonhados”, “tímidos”, “solitários” e “isolados”. Os maiores problemas associados a esse transtorno ocorrem no funcionamento social e profissional. A baixa estima e a hipersensibilidade à rejeição estão associadas a contatos interpessoais restritos. Esses sujeitos podem ficar relativamente isolados e em geral não apresentam uma rede grande de apoio social capaz de auxiliá-los a espantar crises. Desejam afeição e aceitação e podem fantasiar relacionamentos idealizados com os outros. Características diagnósticas no DSM-V (p. 672) Para caracterizar o transtorno de personalidade evitativa é necessário que o sujeito apresente cinco (ou mais) dos seguintes sintomas: capítulo 4 • 122 1. Evita atividades profissionais que envolvam contato interpessoal significativo por medo de crítica, desaprovação ou rejeição. 2. Não se dispõe a envolver-se com pessoas, a menos que tenha certeza de que será recebido de forma positiva. 3. Mostra-se reservado em relacionamentos íntimos devido a medo de passar vergonha ou de ser ridicularizado. 4. Preocupa-se com críticas ou rejeição em situações sociais. 5. Inibe-se em situações interpessoais novas em razão de sentimentos de inadequação. 6. Vê a si mesmo como socialmente incapaz, sem atrativos pessoais ou inferior aos outros. 7. Reluta de forma incomum em assumir riscos pessoais ou se envolver em quaisquer novas atividades, pois estas podem ser constrangedoras. 8. Sentimentos de inadequação e hipersensibilidade a avaliação negativa que surge no início da vida adulta e está presente em vários contextos. Indivíduos com transtorno da personalidade evitativa esquivam-se de atividades no trabalho que envolvam contato interpessoal significativo devido a medo de crítica, desaprovação ou rejeição . Ofertas de promoções na vida profissional podem não ser aceitas pelo fato de novas responsabilidades poderem resultar em críticas de colegas. Esses sujeitos evitam fazer novos amigos, a menos que tenham certeza de que serão recebidos de forma positiva e aceitos sem críticas. Até que passem em testes rígidos que provem o contrário, às outras pessoas é atribuída uma natureza crítica e desaprovadora. Sujeitos com esse transtorno não participam de atividades em grupo, a não ser que tenham ofertas repetidas e generosas de apoio e atenção. A intimidade interpessoal costuma ser difícil para eles, embora consigam estabelecer relacionamentos íntimos quando há certeza de aceitação sem críticas. Podem agir de forma reservada, ter dificuldades de conversar sobre si mesmos e conter os sentimentos íntimos por medo de exposição, do ridículo ou de sentirem vergonha. Visto que indivíduos com esse transtorno estão preocupados com ser criticados ou rejeitados em situações sociais, podem apresentar um limiar bastante baixo para a detecção de tais reações. Ao menor sinal de desaprovação ou crítica, podem se sentir extremamente magoados. Tendem a ser tímidos, quietos, inibidos e “invisíveis” pelo medo de que toda a atenção seja degradante ou rejeitadora. Acreditam que, independentemente do que digam, os outros entenderão como algo “errado”; assim, podem não dizer absolutamente nada. Reagem enfaticamente a sinais sutis que sejam sugestivos de zombaria ou deboche. Apesar de capítulo 4 • 123 seu forte desejo de participação na vida social, receiam colocar seu bem-estar nas mãos de outros. Sujeitos com o transtorno da personalidade evitativa ficam inibidos em situações interpessoais novas, pois se sentem inadequados e têm baixa autoestima. Dúvidas a respeito da competência social e do apelo pessoal ficam especialmente claras em contextos envolvendo interações com estranhos. Esses sujeitos veem-se como socialmente incapazes, sem qualquer atrativo pessoal ou inferiores aos outros. Costumam relutar de forma incomum em assumir riscos pessoais ou se envolver em quaisquer novas atividades, pois podem lhe causar constrangimento. Tendem a exagerar os perigos potenciais de situações comuns, e um estilo de vida restrito pode resultar de sua necessidade de certeza e segurança. Alguém com esse transtorno pode cancelar uma entrevista de emprego temendo passar vergonha por não estar trajado apropriadamente. Sintomas somáticos ou outros problemas de menor importância podem se tornar a razão da evitação de novas atividades. Curso no DSM-V (p. 672) O comportamento evitativo costuma iniciar na infância pré-verbal ou verbal por meio de timidez, isolamento e medo de estranhos e de novas situações. Embora a timidez em crianças seja um precursor comum do transtorno da personalidade evitativa, na maior parte dos indivíduos ela tende a desaparecer lentamente com o passar dos anos. De forma contrastante, sujeitos que desenvolvem o transtorno da personalidade evitativa podem ficar cada vez mais tímidos e evitativos na adolescência e no início da vida adulta, quando os relacionamentos sociais com novas pessoas se tornam especialmente importantes. Existem algumas evidências de que, nos adultos, o transtorno tende a ficar menos evidente ou a sofrer remissão com o envelhecimento. Exemplo: Juliana, 22 anos, é considerada por seus amigos uma pessoa muito tímida. Só fala quando solicitada e, em geral, apenas responde a perguntas. É solitária e não tem muitos amigos. Recentemente, apareceu a oportunidade de ser promovida no emprego. Para tanto, ela precisaria atender ao público. Juliana preferiu abrir mão da promoção. Não consegue escrever quando tem alguém olhando para ela. No refeitório, come sozinha, isolada num canto. capítulo 4 • 124 Transtorno de personalidade dependente | DSM-V (301.6, p. 675) | CID-10 (1993, p. 202) F60.7 Pessoas com transtorno da personalidade dependente com frequência são caracterizados por pessimismo e autoquestionamentos. Tendem a subestimar suas capacidades e seus aspectos positivos e podem constantemente referir a si mesmos como “estúpidos”. Encaram críticas e desaprovação como prova de sua desvalia e perdem a fé em si mesmos. Podem buscar superproteção e dominação por parte dos outros. O funcionamento profissional pode ser prejudicado diante da necessidade de iniciativas independentes. Podem evitar cargos de responsabilidade e ficar ansiosos diante de decisões. As relações sociais tendem a ser limitadas àquelas poucas pessoas de quem o indivíduo é dependente. Pode haver risco aumentado de transtornos depressivos, de ansiedade e de adaptação. Características diagnósticas no DSM-V (p. 675) Para se caracterizar o transtorno de personalidade dependente é preciso apresentar cinco (ou mais) dos seguintes sintomas: 1. Tem dificuldades em tomar decisões cotidianas sem uma quantidade excessiva de conselhos e reasseguramento de outros. 2. Precisa que outros assumam responsabilidade pela maior parte das principais áreas de sua vida. 3. Tem dificuldades em manifestar desacordo com outros devido a medo de perder apoio ou aprovação. 4. Apresenta dificuldade em iniciar projetos ou fazer coisas por conta própria (devido mais a falta de autoconfiança em seu julgamento ou em suas capacidades do que a falta de motivação ou energia). 5. Vai a extremos para obter carinho e apoio de outros, a ponto de voluntariar- -se para fazer coisas desagradáveis. 6. Sente-se desconfortável ou desamparado quando sozinho devido a temores exagerados de ser incapaz de cuidar de si mesmo. 7. Busca com urgência outro relacionamento como fonte de cuidado e amparo logo após o término de um relacionamento íntimo. 8. Tem preocupações irreais com medos de ser abandonado à própria sorte. 9. Os comportamentos de dependência e submissão formam-se com o intuito de conseguir cuidado e derivam de uma autopercepção de não ser capaz capítulo 4 • 125 de funcionar adequadamente sem a ajuda de outros. Sujeitos com o transtorno da personalidade dependente apresentam grande dificuldade em tomar decisõescotidianas (p. ex.: a cor de camisa a vestir ou levar ou não o guarda-chuva) sem uma quantidade excessiva de conselhos e reasseguramentos oferecidos por outros. 10. Esses sujeitos tendem a ser passivos e a permitir que outros (frequentemente apenas uma pessoa) tomem a iniciativa e assumam a responsabilidade pela maior parte das principais áreas de suas vidas. 11. Adultos com o transtorno costumam depender de pai ou mãe ou cônjuge para decidir onde morar, o tipo de trabalho a realizar e os vizinhos com quem fazer amizade. Adolescentes com o transtorno podem permitir que seus pais decidam o que devem vestir, com quem fazer amizade, como usar o tempo livre e a escola ou universidade para onde ir. Essa necessidade de que outras pessoas assumam a responsabilidade vai além das solicitações de auxílio adequadas à idade ou à situação (p. ex.: as necessidades específicas de crianças, idosos e pessoas deficientes). O transtorno da personalidade dependente pode ocorrer em um indivíduo que tenha uma condição ou incapacidade médica grave, mas nesses casos a dificuldade em assumir responsabilidade precisa ir além daquilo que estaria normalmente associado a essa condição ou incapacidade. Como existe o receio de perder apoio ou aprovação, indivíduos com o transtorno da personalidade dependente frequentemente apresentam dificuldade em expressar discordância de outras pessoas, em especial daquelas de quem são dependentes. 12. Eles se sentem tão incapazes de funcionar por conta própria que podem vir a concordar com coisas que consideram erradas apenas para não arriscar perder a ajuda daqueles que procuram para orientação. Não se enfurecem justificadamente com outros de cujo apoio e cuidados necessitam, por medo de se afastar deles. Se as preocupações do sujeito relativas às consequências de expressar discordância forem realistas (ex. medos reais de punição de um cônjuge abusivo), o comportamento não deve ser considerado evidência de transtorno da personalidade dependente. Indivíduos com esse transtorno apresentam dificuldades para iniciar projetos ou fazer coisas de forma independente. Curso no DSM-V (p. 675) Surge no início da vida adulta. Exemplo: Maria, 25 anos, é casada com João. Ela cuida do marido com todo cuidado e carinho. Faz sua comida, coloca a mesa, lava a sua roupa. João a trata capítulo 4 • 126 com desprezo e a menospreza sempre que pode. Maria não consegue expressar nenhuma opinião. Sempre concorda com seu marido. Foi convidada para um trabalho muito bem renumerado e não aceitou porque não queria ganhar mais que o marido. Transtorno de personalidade obsessivo-compulsiva | DSM-V (301.4, p. 678) | CID- 10 (1993, p. 201) F60.5 Os sujeitos portadores do transtorno da personalidade obsessivo-compulsiva podem ter tanta dificuldade para decidir as tarefas às quais dar prioridade ou qual a melhor maneira de fazer alguma tarefa específica que podem jamais começar o que quer que seja. Têm propensão ao aborrecimento ou à raiva em situações nas quais não conseguem manter controle do seu ambiente físico ou interpessoal, embora a raiva não costume ser manifestada de forma direta. A raiva pode ser expressa por meio de indignação em relação a um assunto aparentemente insignificante. Sujeitos com esse transtorno podem dar atenção especial a seu estado relativo nas relações de domínio-submissão e podem exibir deferência excessiva a uma autoridade que respeitam e resistência excessiva a uma que não respeitam. Em geral, manifestam afeto de forma altamente controlada ou artificial, e podem sentir grande desconforto na presença de outros que se expressam com emoção. As relações cotidianas são sérias e formais, e eles podem parecer sisudos em situações em que outros sorririam e ficariam alegres. Eles se contêm cuidadosamente até estar certos de que o que dirão será perfeito. Podem se preocupar com a lógica e com o intelecto e ser intolerantes ao comportamento afetivo dos outros. Com frequência, apresentam dificuldades de expressar sentimentos amorosos e raramente fazem elogios. Características diagnósticas no DSM-V (p. 678) Para caracterizar o diagnóstico é necessário apresentar quatro (ou mais) dos seguintes sintomas: 1. É tão preocupado com detalhes, regras, listas, ordem, organização ou horários a ponto de o objetivo principal da atividade ser perdido. 2. Demonstra perfeccionismo que interfere na conclusão de tarefas (p. ex.: não consegue completar um projeto porque seus padrões próprios demasiadamente rígidos não são atingidos). capítulo 4 • 127 3. É excessivamente dedicado ao trabalho e à produtividade em detrimento de atividades de lazer e amizades (não explicado por uma óbvia necessidade financeira). 4. É excessivamente consciencioso, escrupuloso e inflexível quanto a assuntos de moralidade, ética ou valores (não explicado por identificação cultural ou religiosa). 5. É incapaz de descartar objetos usados ou sem valor mesmo quando não têm valor sentimental. 6. Reluta em delegar tarefas ou trabalhar com outras pessoas a menos que elas se submetam à sua forma exata de fazer as coisas. 7. Adota um estilo miserável de gastos em relação a si e a outros; o dinheiro é visto como algo a ser acumulado para futuras catástrofes. 8. Exibe rigidez e teimosia. 9. A característica essencial do transtorno da personalidade obsessivo-compulsiva é uma preocupação com ordem, perfeccionismo e controle mental e interpessoal à custa de flexibilidade, abertura e eficiência. Esse padrão surge no início da vida adulta e está presente em vários contextos. Indivíduos com transtorno da personalidade obsessivo-compulsiva tentam manter uma sensação de controle por meio de atenção cuidadosa a regras, pequenos detalhes, procedimentos, listas, cronogramas ou forma a ponto de o objetivo principal da atividade ser perdido. 10. São excessivamente cuidadosos e propensos à repetição, prestando extraordinária atenção aos detalhes e conferindo repetidas vezes na busca por possíveis erros. Esquecem o fato de que outras pessoas podem se incomodar muito com os atrasos e as inconveniências que resultam desse comportamento. 11. O perfeccionismo e os padrões elevados de desempenho autoimpostos causam disfunção e sofrimento significativo a esses indivíduos. Podem ficar de tal forma envolvidos em tornar cada detalhe de um projeto absolutamente perfeito que este jamais é concluído. Curso no DSM-V (p. 678) Surge no início da fase adulta e se prolonga por toda a vida. Exemplo: Antônio, 50 anos, é alto diretor de uma empresa multinacional. Perfeccionista, dedicado. Trabalha de domingo a domingo sem nenhum dia de descanso. Seus diretores o têm em alta conta, mas seus subordinados o odeiam. Antônio cobra de todos a dedicação intensa ao trabalho. Não aceita erros de espécie alguma. Quando algum subordinado comete algum erro, é tratado com desprezo e indignidade. É alvo de chacotas de seus subordinados. É teimoso e não aceita opiniões de outras pessoas. capítulo 4 • 128 Transtornos do humor “A vida afetiva é a dimensão psíquica que dá cor, brilho e calor as vivências humanas. É a disposição afetiva de fundo que penetra toda a experiência psíquica que dá vida às vivências do sujeito.” (DALGALARRONDO 2008, p. 156) Transtorno depressivo persistente distímico | DSM-V (300.4, p. 168) | CID-10 (1993, p. 127) F34.1 Este transtorno representa uma consolidação do transtorno depressivo maior crônico e do transtorno distímico definidos no DSM-IV. Humor deprimido na maior parte do dia, na maioria dos dias, indicado por relato subjetivo ou por observação feita por outras pessoas. A característica essencial do transtorno depressivo persistente (distimia) é um humor depressivo que ocorre na maior parte do dia, na maioria dos dias, por pelo menos dois anos, ou por pelo menos um ano para crianças e adolescentes. Características diagnósticas no DSM-V (p. 168) O diagnóstico deve ter como critério um período mínimo de dois anos e a presença, enquanto deprimido, de duas (oumais) das seguintes características: 1. Apetite diminuído ou alimentação em excesso. 2. Insônia ou hipersonia. 3. Baixa energia ou fadiga. 4. Baixa autoestima. 5. Concentração pobre ou dificuldade em tomar decisões. 6. Sentimentos de desesperança. psicótico especificado ou transtorno do espectro da esquizofrenia e outro transtorno psicótico não especificado. 7. Como esses sintomas tornaram-se uma parte tão presente na experiência cotidiana do indivíduo, em particular no caso de início precoce (p. ex.: “Sempre fui desse jeito”). Curso no DSM-V (p. 168) O transtorno depressivo persistente com frequência apresenta um início precoce e insidioso, na infância, na adolescência ou no início da idade adulta e, por definição, tem um curso crônico. capítulo 4 • 129 Exemplo: Carlos, 45 anos, é porteiro de um prédio. Está sempre emburrado, não cumprimenta os morados do edifício, fala pouco e só responde as perguntas. Não gosta de brincar e nunca ri. Vê a vida sempre de forma negativa. Não consegue ver nada de bom ou positivo nas pessoas ou no mundo. Ciclotimia | DSM-V (301.13, p. 139) | CID-10 (1993, p. 126) F34.0 O transtorno ciclotímico tem como característica essencial a cronicidade e a oscilação do humor, envolvendo vários períodos de sintomas hipomaníacos e períodos de sintomas depressivos. Critérios diagnósticos no DSM-V (p. 139) A. Por pelo menos dois anos, presença de vários períodos com sintomas hipomaníacos que não satisfazem os critérios para episódio hipomaníaco e vários períodos com sintomas depressivos que não satisfazem os critérios para episódio depressivo maior. B. Durante o período antes citado de dois anos, os períodos hipomaníaco e depressivo estiveram presentes por pelo menos metade do tempo, e o indivíduo não permaneceu sem os sintomas por mais que dois meses consecutivos. C. Os critérios para um episódio depressivo maior, maníaco ou hipomaníaco nunca foram satisfeitos. D. Os sintomas não são mais bem explicados por transtorno esquizoafetivo, esquizofrenia, transtorno esquizofreniforme, transtorno delirante, outro transtorno do espectro da esquizofrenia e outro transtorno psicótico especificado ou transtorno espectro da esquizofrenia e outro transtorno fisiológico não especificado. E. Os sintomas não são atribuíveis aos efeitos fisiológicos de uma substância (p. ex.: droga de abuso, medicamento) ou a outra condição médica (p. ex.: hipertireoidismo). F. Os sintomas causam sofrimento ou prejuízo clinicamente significativo no funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo. Curso no DSM-V (p. 139) O transtorno ciclotímico costuma ter início na adolescência ou no início da vida adulta e é, às vezes, considerado reflexo de uma predisposição do capítulo 4 • 130 temperamento a outros transtornos apresentados neste capítulo. O transtorno ciclotímico normalmente tem início insidioso e curso persistente. Exemplo: Vanderleia é uma jovem de 23 anos. Ela tem importantes alterações do humor, o que torna a sua convivência com familiares e amigos insuportável. Se numa época seu humor está expansivo, alegre, jovial, em seguida ele se torna depressiva, agressiva, sonolenta. Seus colegas de trabalho não conseguem entender as mudanças de humor, o que lhe traz grandes problemas profissionais. Transtorno bipolar No DSM-V (2008, p. 123), vemos que o transtorno bipolar é um transtorno do humor é está dividido em bipolar I e II. Os critérios para transtorno bipolar tipo I representam o entendimento moderno do transtorno maníaco-depressivo clássico, ou psicose afetiva, descrito no século XIX. Diferem da descrição clássica somente no que se refere ao fato de não haver exigência de psicose ou de experiência na vida de um episódio depressivo maior. No entanto, a vasta maioria dos indivíduos cujos sintomas atendem aos critérios para um episódio maníaco também tem episódios depressivos maiores durante o curso de suas vidas. O transtorno bipolar tipo II, que requer um ou mais episódios depressivos maiores e pelo menos um episódio hipomaníaco durante o curso da vida, não é mais considerado uma condição “mais leve” que o transtorno bipolar tipo I, em grande parte em razão da quantidade de tempo que pessoas com essa condição passam em depressão e pelo fato de a instabilidade do humor vivenciada ser tipicamente acompanhada de prejuízo grave no funcionamento profissional e social. Transtorno bipolar tipo I | DSM-V (296.41, p. 123) | CID-10 (1993, p. 116) F31.4 Durante um episódio maníaco, é comum os sujeitos não perceberem que estão doentes ou necessitando de tratamento, resistindo, com veemência, às tentativas de tratamento. Podem mudar a forma de se vestir, a maquiagem ou a aparência pessoal para um estilo com maior apelo sexual ou extravagante. Alguns percebem maior acurácia olfativa, auditiva ou visual. Jogos de azar e comportamentos antissociais podem acompanhar o episódio maníaco. Há pessoas que podem se tornar hostis e fisicamente ameaçadoras a outras e, quando delirantes, podem agredir fisicamente ou suicidar-se. capítulo 4 • 131 As consequências catastróficas de um episódio maníaco (p. ex.: hospitalização involuntária, dificuldades com a justiça, dificuldades financeiras graves) costumam resultar do juízo crítico prejudicado, da perda de insight e da hiperatividade. O humor pode mudar rapidamente para raiva ou depressão. Podem ocorrer sintomas depressivos durante um episódio maníaco e, quando presentes, durar momentos, horas ou, mais raramente, dias. Para diagnosticar transtorno bipolar tipo I, é necessário o preenchimento dos critérios a seguir para um episódio maníaco. O episódio maníaco pode ter sido antecedido ou seguido por episódios hipomaníacos ou depressivos maiores. Episódio maníaco A. Um período distinto de humor anormal e persistentemente elevado, expansivo ou irritável e aumento anormal e persistente da atividade dirigida a objetivos ou da energia, com duração mínima de uma semana e presente na maior parte do dia, quase todos os dias (ou qualquer duração, se a hospitalização se fizer necessária). B. Durante o período de perturbação do humor e aumento da energia ou atividade, três (ou mais) dos seguintes sintomas (quatro se o humor é apenas irritável) estão presentes em grau significativo e representam uma mudança notável do comportamento habitual: 1. Autoestima inflada ou grandiosidade. 2. Redução da necessidade de sono (p. ex.: sente-se descansado com apenas três horas de sono). 3. Mais loquaz que o habitual ou pressão para continuar falando. 4. Fuga de ideias ou experiência subjetiva de que os pensamentos estão acelerados. 5. Distratibilidade (isto é, a atenção é desviada muito facilmente por estímulos externos insignificantes ou irrelevantes), conforme relatado ou observado. 6. Aumento da atividade dirigida a objetivos (seja socialmente, no trabalho ou escola, seja sexualmente) ou agitação psicomotora (isto é atividade sem propósito não dirigida a objetivos). 7. Envolvimento excessivo em atividades com elevado potencial para consequências dolorosas (p. ex.: envolvimento em surtos desenfreados de compras, indiscrições sexuais ou investimentos financeiros insensatos). 8. A perturbação do humor é suficientemente grave a ponto de causar prejuízo acentuado no funcionamento social ou profissional ou para necessitar de capítulo 4 • 132 hospitalização a fim de prevenir dano a si mesmo ou a outras pessoas, ou existem características psicóticas. 9. O episódio não é atribuível aos efeitos fisiológicos de uma substância (p. ex.: droga de abuso, medicamento, outro tratamento) ou a outra condição médica. 10. Redução da necessidade de sono (ex. sente-se descansado com apenas três horas de sono). 11. O episódio está associado a uma mudança clara no funcionamento que não é característica do indivíduo quando assintomático. 12. A perturbação do humor e a mudança no funcionamento são observáveis por outras pessoas. 13. O episódio não é suficientemente gravea ponto de causar prejuízo acentuado no funcionamento social ou profissional ou para necessitar de hospitalização. Episódio depressivo maior Necessita da presença de cinco (ou mais) dos seguintes sintomas durante o mesmo período de duas semanas e representam uma mudança em relação ao funcionamento anterior; pelo menos um dos sintomas é (1) humor deprimido ou (2) perda de interesse ou prazer. 1. Humor deprimido na maior parte do dia, quase todos os dias, conforme indicado por relato subjetivo (p. ex.: sente-se triste, vazio ou sem esperança) ou por observação feita por outra pessoa (p. ex.: parece choroso). (Nota: em crianças e adolescentes, pode ser humor irritável.) 2. Acentuada diminuição de interesse ou prazer em todas, ou quase todas, as atividades na maior parte do dia, quase todos os dias (conforme indicado por relato subjetivo ou observação feita por outra pessoa). 3. Perda ou ganho significativo de peso sem estar fazendo dieta (p. ex.: mudança de mais de 5% do peso corporal em um mês) ou redução ou aumento no apetite quase todos os dias. 4. Insônia ou hipersonia quase diária. 5. Agitação ou retardo psicomotor quase todos os dias (observável por outras pessoas; não meramente sensações subjetivas de inquietação ou de estar mais lento). 6. Fadiga ou perda de energia quase todos os dias. 7. Sentimentos de inutilidade ou culpa excessiva ou inapropriada (que podem ser delirantes) quase todos os dias (não meramente autorrecriminação ou culpa por estar doente). capítulo 4 • 133 8. Capacidade diminuída para pensar ou se concentrar, ou indecisão quase todos os dias (por relato subjetivo ou observação feita por outra pessoa). 9. Pensamentos recorrentes de morte (não somente medo de morrer), ideação suicida recorrente sem um plano específico, tentativa de suicídio ou plano específico para cometer suicídio. 10. Os sintomas causam sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo. 11. O episódio não é atribuível aos efeitos fisiológicos de uma substância ou a outra condição médica. Curso no DSM-V (p. 123) A média de idade de início do primeiro episódio maníaco, hipomaníaco ou depressivo maior é de aproximadamente 18 anos para transtorno bipolar tipo I. Transtorno bipolar tipo II | DSM-V (269.89, p. 132) | CID-10 (1993, p. 114) F31.8 Uma característica comum do transtorno bipolar tipo II é a impulsividade, que pode contribuir com tentativas de suicídio e transtornos por uso de substância. A impulsividade pode também se originar de um transtorno da personalidade comórbido, transtorno por uso de substância, transtorno de ansiedade, outro transtorno mental ou uma condição médica. Pode haver níveis aumentados de criatividade em alguns indivíduos com transtorno bipolar. A relação pode ser, no entanto, não linear; isto é, grandes realizações criativas na vida têm sido associadas a formas mais leves de transtorno bipolar, e criatividade superior foi identificada em familiares não afetados. Características diagnósticas no DSM-V (p. 132) Para diagnosticar transtorno bipolar tipo II, é necessário o preenchimento dos critérios a seguir para um episódio hipomaníaco atual ou anterior e os critérios a seguir para um episódio depressivo maior atual ou anterior: Episódio hipomaníaco A. Um período distinto de humor anormal e persistentemente elevado, expansivo ou irritável e aumento anormal e persistente da atividade ou energia, com capítulo 4 • 134 duração de pelo menos quatro dias consecutivos e presente na maior parte do dia, quase todos os dias. B. Durante o período de perturbação do humor e aumento da energia e atividade, três (ou mais) dos seguintes sintomas (quatro se o humor é apenas irritável) persistem, representam uma mudança notável em relação ao comportamento habitual e estão presentes em grau significativo: 1. Autoestima inflada ou grandiosidade. 2. Redução da necessidade de sono (p. ex.: sente-se descansado com apenas três horas de sono). 3. Mais loquaz que o habitual ou pressão para continuar falando. 4. Fuga de ideias ou experiência subjetiva de que os pensamentos estão acelerados. 5. Distratibilidade (isto é, a atenção é desviada muito facilmente por estímulos externos insignificantes ou irrelevantes), conforme relatado ou observado. 6. Aumento da atividade dirigida a objetivos (seja socialmente, no trabalho ou escola, seja sexualmente) ou agitação psicomotora. 7. Envolvimento excessivo em atividades com elevado potencial para consequências dolorosas (ex.: envolvimento em surtos desenfreados de compras, indiscrições sexuais ou investimentos financeiros insensatos). 8. O episódio está associado a uma mudança clara no funcionamento que não é característica do indivíduo quando assintomático. 9. A perturbação no humor e a mudança no funcionamento são observáveis por outras pessoas Episódio depressivo maior Necessita a presença de cinco (ou mais) dos seguintes sintomas durante o mesmo período de duas semanas e representam uma mudança em relação ao funcionamento anterior; pelo menos um dos sintomas é (1) humor deprimido ou (2) perda de interesse ou prazer. 1. Humor deprimido na maior parte do dia, quase todos os dias, conforme indicado por relato subjetivo (p. ex.: sente-se triste, vazio ou sem esperança) ou por observação feita por outra pessoa (p. ex.: parece choroso). 2. Perda ou ganho significativo de peso sem estar fazendo dieta (p. ex.: mudança de mais de 5% do peso corporal em um mês) ou redução ou aumento no apetite quase todos os dias. 3. Insônia ou hipersonia quase diária. capítulo 4 • 135 4. Agitação ou retardo psicomotor quase todos os dias (observável por outras pessoas; não meramente sensações subjetivas de inquietação ou de estar mais lento). 5. Fadiga ou perda de energia quase todos os dias. 6. Sentimentos de inutilidade ou culpa excessiva ou inapropriada (que podem ser delirantes) quase todos os dias (não meramente autorrecriminação ou culpa por estar doente). 7. Capacidade diminuída para pensar ou se concentrar, ou indecisão quase todos os dias (por relato subjetivo ou observação feita por outra pessoa). 8. Pensamentos recorrentes de morte (não somente medo de morrer), ideação suicida recorrente sem um plano específico, tentativa de suicídio ou plano específico para cometer suicídio. 9. Os sintomas causam sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo. Curso no DSM-V (p. 132) Embora o transtorno bipolar tipo II possa começar no fim da adolescência e durante a fase adulta, a idade média de início situa-se por volta dos 25 anos, o que é um pouco mais tarde em comparação ao transtorno bipolar tipo I e mais cedo em comparação ao transtorno depressivo maior. Normalmente, a doença inicia com um episódio depressivo e não é reconhecida como transtorno bipolar tipo II até o surgimento de um episódio hipomaníaco, o que acontece em aproximadamente 12% das pessoas com diagnóstico inicial de transtorno depressivo maior. Exemplo: Ângela, 24 anos, é uma jovem muito alegre, descontraída. Tem vários amantes, gasta todo o dinheiro que tem comprando coisas que não precisa. É o centro das atenções nas festas. Dança, fuma, bebe, ri alto, e muito. Rouba cheques e dinheiro de seus namorados para comprar presentes para eles mesmos. Tem muita energia. Quando apresenta um episódio depressivo e passa a ficar deitada o dia todo na cama, sem comer, beber, falar ou tomar banho. Não consegue manter um emprego regular por causa das suas alterações de humor. Transtorno depressivo maior | DSM-V (296.99, p. 155) | CID-10 (1993, p. 125) F34.8 O transtorno depressivo maior representa é caracterizado por episódios distintos de pelo menos duas semanas de duração (embora a maioria dos episódios dure um tempo consideravelmente maior) envolvendo alterações nítidas no afeto, na capítulo 4 • 136 cognição e em funções neurovegetativas,e remissões interepisódicas. O diagnóstico baseado em um único episódio é possível, embora o transtorno seja recorrente na maioria dos casos. Atenção especial é dada à diferenciação da tristeza e do luto normais em relação a um episódio depressivo maior. O luto pode induzir grande sofrimento, mas não costuma provocar um episódio de transtorno depressivo maior. Quando ocorrem em conjunto, os sintomas depressivos e o prejuízo funcional tendem a ser mais graves, e o prognóstico é pior comparado com o luto que não é acompanhado de transtorno depressivo maior. A depressão relacionada ao luto tende a ocorrer em pessoas com outras vulnerabilidades a transtornos depressivos, e a recuperação pode ser facilitada pelo tratamento com antidepressivos. Características diagnósticas no DSM-V (p. 155) Os sintomas dos critérios para transtorno depressivo maior devem estar presentes quase todos os dias para serem considerados presentes, com exceção de alteração do peso e ideação suicida. Humor deprimido deve estar presente na maior parte do dia, além de estar presente quase todos os dias. Devem apresentar cinco (ou mais) dos seguintes sintomas que estiveram presentes durante o mesmo período de duas semanas e representam uma mudança em relação ao funcionamento anterior; pelo menos um dos sintomas é (1) humor deprimido ou (2) perda de interesse ou prazer. 1. Humor deprimido na maior parte do dia, quase todos os dias, conforme indicado por relato subjetivo (p. ex.: sente-se triste, vazio, sem esperança) ou por observação feita por outras pessoas (p. ex.: parece choroso). 2. Acentuada diminuição do interesse ou prazer em todas ou quase todas as atividades na maior parte do dia, quase todos os dias (indicada por relato subjetivo ou observação feita por outras pessoas). 3. Perda ou ganho significativo de peso sem estar fazendo dieta (p. ex.: uma alteração de mais de 5% do peso corporal em um mês), ou redução ou aumento do apetite quase todos os dias. 4. Insônia ou hipersonia quase todos os dias. 5. Insônia ou fadiga frequentemente são a queixa principal apresentada, e a falha em detectar sintomas depressivos associados resultará em subdiagnóstico. A tristeza pode ser negada inicialmente, mas pode ser revelada por meio de entrevista ou inferida pela expressão facial e por atitudes. Fadiga e perturbação do sono estão capítulo 4 • 137 presentes em alta proporção de casos; perturbações psicomotoras são muito menos comuns, mas são indicativas de maior gravidade geral, assim como a presença de culpa delirante ou quase delirante. 6. A característica essencial de um episódio depressivo maior é um período de pelo menos duas semanas durante as quais há um humor depressivo ou perda de interesse ou prazer em quase todas as atividades. Os sintomas devem persistir na maior parte do dia, quase todos os dias, por pelo menos duas semanas consecutivas. O episódio deve ser acompanhado por sofrimento ou prejuízo clinicamente significativo no funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do sujeito. 7. Sentimentos de inutilidade ou culpa excessiva ou inapropriada (que podem ser delirantes) quase todos os dias (não meramente autorrecriminação ou culpa por estar doente). 8. Capacidade diminuída para pensar ou se concentrar, ou indecisão, quase todos os dias (por relato subjetivo ou observação feita por outras pessoas). 9. Pensamentos recorrentes de morte (não somente medo de morrer), ideação suicida recorrente sem um plano específico, uma tentativa de suicídio ou plano específico para cometer suicídio. Os sintomas causam sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo. O episódio não é atribuível aos efeitos fisiológicos de uma substância ou a outra condição médica. Curso no DSM-V (p. 155) O transtorno depressivo maior pode aparecer pela primeira vez em qualquer idade, mas a probabilidade de início aumenta sensivelmente com a puberdade. Exemplo: Joana, 25 anos, bancária, estava com o casamento marcado quando começou a sentir-se cansada, sonolenta, irritada. Não tinha vontade de comer, nem de tomar banho. Deixou de ir ao trabalho. Passava todos os dias dormindo. Pensava constantemente em suicídio. 1. Pessoas com transtorno de personalidade histriônica apresentam quais característica? a) depressivas e agressivas. b) exageradas e teatrais. c) depressivas e teatrais. d) empáticas e agressivas. e) fúteis e generosas. 2. A depressão mais grave é chamada de: a) quadro de anedonia intensa. b) episódio desestruturante global. c) depressão acentuada. d) depressão endógena e exógena. e) episódio depressivo maior. 3. Jorge vai andando da sua casa para a casa de sua filha. No caminho, ele vai contando o número de pedras do calçamento. Quando já está perto da casa de sua filha, ele começa a achar que contou errado o número de pedras e volta para sua casa a fim de contar novamente as pedras. Esse comportamento é um sintoma característico do transtorno: a) obsessivo-compulsivo b) esquizofrênico c) sociopático d) de humor e) de conversão capítulo 4 • 139 4. A fuga de ideias aparece na: a) esquizofrenia b) mania c) oligofrenia d) depressão e) parafrenia 5. A definição a seguir está relacionada a que transtornos? a) obsessivo-compulsivo b) bipolar c) depressivos d) ciclotímico e) anancástica
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