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CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO 
DIREITO PENAL
A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
 Compreender a concepção do direito penal e sua fi nalidade, identifi cando suas 
funções e características.
 Conhecer as fontes do direito penal e a aplicação da lei penal no tempo e no 
espaço.
 Identifi car as espécies de infrações penais e seus elementos.
 Analisar as relações interpessoais e reconhecer as hipóteses de aplicação do 
direito penal.
10
 DIREITO PENAL I – PARTE GERAL
11
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO PENAL Capítulo 1 
CONTEXTUALIZAÇÃO
O direito penal, como instrumento de pacifi cação social, é de extrema im-
portância no ordenamento jurídico brasileiro, sendo um dos ramos do direito que 
recebe maior destaque em razão de sua função primordial no Estado Democrático 
de Direito.
Neste capítulo inaugural, abordaremos os aspectos introdutórios ao estudo 
do direito penal, que nos permitirão compreender a sua concepção e fi nalidade, 
identifi cando suas funções e características. Também vamos conhecer as fontes 
do direito penal, identifi cando a forma de criação da lei penal e sua aplicação, 
abordando, por fi m, as espécies de infrações penais e seus elementos.
Com esta abordagem inicial, pretende-se capacitar o pós-graduando para 
fazer uma análise das relações interpessoais e reconhecer as hipóteses de apli-
cação do direito penal.
CONCEITO DE DIREITO PENAL
O estudo do direito penal parte de aspectos que, em um primeiro momen-
to, podem parecer simples, mas que no decorrer da análise da dogmática penal, 
tomam contornos envolventes que explicam a razão de ser desta ciência extrema-
mente complexa e de suma importância para a vida em sociedade.
O ponto de partida é saber o conceito de direito penal. Para Capez (2016), 
o direito penal é o segmento do ordenamento jurídico responsável por selecionar 
os comportamentos humanos mais graves e atentatórios à sociedade, capazes de 
colocar em risco valores fundamentais para a convivência social, sancionando-os 
com uma pena criminal ou medida de segurança, além de estabelecer as regras 
necessárias a sua correta e justa aplicação.
O direito penal, assim, “[...] é visto como uma ordem de paz pública e de tutela 
das relações sociais, cuja missão é proteger a convivência humana, assegurando, 
por meio da coação estatal, a inquebrantalidade da ordem jurídica” (JESCHECK, 
1981 apud PRADO, 2008, p. 56).
Para atingir seu objetivo de proteger a sociedade, o direito penal como ciên-
cia se ocupa da interpretação, sistematização e desenvolvimento dos dispositivos 
legais, estabelecendo critérios objetivos para sua imposição, adequando as nor-
mas penais aos princípios constitucionais, “[...] não permitindo a descrição como 
infrações penais de condutas inofensivas ou de manifestações livres que todo o 
cidadão tem direito” (CAPEZ, 2016, p. 1).
12
 DIREITO PENAL I – PARTE GERAL
Para aprofundar o estudo acerca do conceito de direito penal, 
sugere-se a leitura do artigo intitulado “Introdução aos fundamentos 
do direito penal”, disponível no seguinte endereço eletrônico: 
<https://goo.gl/QtEWFa>.
Desta forma, podemos notar que o conceito de direito penal é bastante 
aberto, considerando função do Estado a proteção das pessoas, bem como dos 
bens jurídicos mais importantes para a vida em sociedade, como veremos no 
próximo tópico.
FUNÇÕES DO DIREITO PENAL
O direito penal tem a função primordial de proteger os valores fundamentais 
para a convivência social, como por exemplo, a vida, a dignidade sexual, 
o patrimônio etc., não tutelando questões fúteis ou de inexpressiva lesão à 
coletividade. Desta forma, tem-se que a proteção do direito penal se destina à 
manutenção de um convívio social harmonioso, permitindo que os indivíduos 
desfrutem de todas as suas garantias constitucionais.
É evidente que estamos tratando da função desejada ou almejada pelo direito 
penal, sendo que nos dias atuais, diariamente temos exemplos de limitações ao 
pleno exercício dos direitos e garantias fundamentais do cidadão. Exemplo disso 
é a insegurança que acomete toda a sociedade, obrigada a investir em segurança 
residencial para garantir que seu patrimônio não seja alvo de criminosos ou se vê 
impedida de sair à rua em determinados horários em razão do risco de assaltos, 
estupros ou outro tipo de violência.
Por isso dizemos que o direito penal é uma ciência do dever ser, em que as 
regras penais são direcionadas em sentido genérico, abstrato, fundado no ideal 
de que os homens respeitem o ordenamento jurídico.
A ciência do dever ser é aquela em que se espera que as pessoas 
cumpram as normas jurídicas.
Para concretizar o respeito às normas penais, o direito penal se 
utiliza do jus puniendi, que consistente no poder do Estado de aplicar 
uma sanção penal (punição) àquele que desrespeita uma norma 
A ciência do dever 
ser é aquela em que 
se espera que as 
pessoas cumpram 
as normas jurídicas.
13
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO PENAL Capítulo 1 
penal proibitiva, ou seja, exerce-se uma intimidação coletiva, mediante a difusão 
do temor aos possíveis infratores do risco da sanção penal (CAPEZ, 2016). 
Esta intimidação coletiva é conhecida como prevenção geral, sendo uma das 
fi nalidades do direito penal (prevenir/evitar a ocorrência de crimes). Explicando o 
direito penal e o instituto do jus puniendi, Prado (2008, p. 56) assevera:
Do ponto de vista objetivo, o direito penal (jus poenale) signifi ca 
não mais do que um conjunto de normas que defi nem os delitos 
às sanções que lhes correspondem, orientando, também, 
sua aplicação. Já em sentido subjetivo (jus puniendi), diz 
respeito ao direito de punir do Estado (princípio da soberania), 
correspondente a sua exclusiva faculdade de impor sanção 
criminal diante da prática de um delito.
O direito penal também se apresenta como a celebração de um compromisso 
ético entre o Estado e o indivíduo, pelos quais se consiga o respeito às normas, 
menos pela coação e mais pela convicção da sua necessidade e justiça (CAPEZ, 
2016).
Assim, o direito penal não se apresenta apenas como ferramenta de punição, 
mas também como instrumento para delimitar o certo e o errado, defi nindo de 
forma objetiva os valores protegidos pelo Estado para garantir a paz e a justiça 
social, conscientizando a sociedade da importância do respeito às leis.
CARACTERÍSTICAS DO DIREITO PENAL
O direito penal, como estudado anteriormente, tem como objetivo principal a 
garantia da ordem pública, protegendo os bens jurídicos mais importantes para a 
vida em sociedade, impondo ao transgressor da lei penal uma sanção criminal.
Uma das principais características do direito penal, segundo Bitencourt 
(2014), repousa em sua fi nalidade preventiva, consistente em motivar o cidadão 
a não praticar um crime, estabelecendo normas proibitivas e cominando as 
sanções respectivas.
O direito penal possui caráter preventivo (prevenir a prática do 
crime) e retributivo (punir o desrespeito à lei penal).
O direito penal também é valorativo, pois estabelece uma escala 
de valores que varia de acordo com o comportamento do agente, 
atuando, também, com caráter fi nalista, pois objetiva a proteção dos 
bens jurídicos mais importantes para a manutenção da paz social.
O direito penal 
possui caráter 
preventivo (prevenir 
a prática do crime) 
e retributivo (punir 
o desrespeito à lei 
penal).
14
 DIREITO PENAL I – PARTE GERAL
Por fi m, o direito penal é sancionador, uma vez que protege a ordem jurídica 
cominando sanções/penas (BITENCOURT, 2014). Logo, podemos notar que as 
características do direito penal são voltadas à proteção da sociedade, objetivando 
salvaguardar a sociedade e seus bens jurídicos maisimportantes.
FONTES DO DIREITO PENAL
“O termo fonte pode ser interpretado como fundamento de validade jurídico 
positiva das normas de direito, equiparando-se à noção de validade das leis” 
(KELSEN, 1974, p. 258), ou seja, quando nos deparamos com as fontes do direito, 
devemos analisar a legitimidade do criador da norma (produção) e suas formas de 
exteriorização (aplicação).
FONTES MATERIAIS OU DE PRODUÇÃO
No ordenamento jurídico brasileiro, compete exclusivamente à União 
legislar para criar normas penais, nos termos do artigo 22, inciso I, da 
Constituição Federal de 1988. Contudo, o artigo 22, parágrafo único, da 
Constituição Federal de 1988, prevê que Lei Complementar poderá autorizar 
os Estados-Membros a legislar sobre questões específi cas acerca de matérias 
penais. Cernicchiaro (1991 apud CAPEZ, 2016, p. 45), esclarece que: 
[...] os Estados não podem legislar sobre matéria fundamental de 
direito penal, criando crimes ou ampliando as causas extintivas 
de punibilidade já existentes, só tendo competência para legislar 
nas lacunas da lei federal e, mesmo assim, em questões de 
interesse específi co e local.
Vejamos o que diz o artigo 22, inciso I, parágrafo único, da 
Constituição Federal de 1988:
Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:
 I- Direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, 
marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho;
[...]
 Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar os Estados 
a legislar sobre questões específi cas das matérias relacionadas 
neste artigo.
Um exemplo de legislação penal estadual é a proteção da 
vitória-régia na Amazônia.
15
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO PENAL Capítulo 1 
Assim, somente o Estado, por meio do Poder Legislativo, possui competência 
para legislar em matéria penal, sendo vedada a criação de normas penais 
pelo Poder Executivo e Judiciário. Também é impossível a criação de normas 
penais por particulares, não possuindo qualquer validade jurídica, como por 
exemplo, a criação de um contrato cominando sanções de natureza criminal por 
descumprimento.
FONTES FORMAIS OU DE APLICAÇÃO
As fontes formais de exteriorização do direito penal se dividem em imediatas 
e mediatas. Como fonte imediata de direito penal temos a lei, única possível de 
defi nir uma norma penal incriminadora. Costumes, princípios gerais, jurisprudência 
são fontes mediatas, podendo ser utilizadas em benefício do cidadão.
As fontes formais são divididas em duas correntes: doutrina clássica e 
doutrina moderna. Para a doutrina clássica, fonte formal imediata seria a lei; 
costumes e princípios gerais do direito seriam fontes formais mediatas. Para a 
doutrina moderna, as fontes formais imediatas são: 1) Lei; 2) Constituição Federal 
de 1988; 3) Tratados Internacionais de Direitos Humanos; 4) Jurisprudência 
(caráter vinculante); 5) Princípios (tribunais absolvendo com base em princípios 
– como por exemplo, o princípio insignifi cância – atipicidade material – art. 
386, inciso III, do Código de Processo Penal); 6) Atos Administrativos (quando 
complementam uma norma penal em branco – como por exemplo, Portaria nº 
344/98/ANVISA).
Para a corrente moderna, a doutrina seria fonte mediata do direito penal. 
Ainda, para a referida teoria, os costumes seriam fontes informais do direito.
Destarte, em direito penal, quando se trata de norma penal incriminadora, 
somente a lei pode servir como fonte primária e imediata, porquanto “não há crime 
sem lei anterior que o defi na, nem pena sem prévia cominação legal”, sendo 
que as fontes secundárias ou mediatas, como os costumes e princípios gerais 
de direito, não são admitidas para a imputação de comportamento criminoso 
(BRASIL, 1988).
Costume consiste no complexo de regras não escritas, consideradas 
juridicamente obrigatórias e seguidas de modo reiterado e uniforme pela 
coletividade. São obedecidas com tamanha frequência que acabam se 
tornando praticamente regras imperativas, ante a sincera convicção social 
na necessidade de sua observância (CAPEZ, 2016).
16
 DIREITO PENAL I – PARTE GERAL
Portanto, as fontes são importantes para podermos analisar o surgimento da 
Lei Penal e sua aplicação, a fi m de evitar que normas que não tenham respeitado 
as formas legais sejam impostas ao cidadão.
DIREITO PENAL OBJETIVO E SUBJETIVO
O direito penal pode ser classifi cado como objetivo e subjetivo.
Direito penal objetivo “[...] é o conjunto de normas editadas pelo Estado, 
defi nindo crimes e contravenções, isto é, impondo ou proibindo determinadas 
condutas sob a ameaça de sanção ou medida de segurança” (GRECO, 2016, 
p. 7), ou seja, são as normas jurídicas positivadas, as leis, criando os crimes, 
isentando de pena e explicando a aplicação de determinados tipos penais.
Direito penal subjetivo, de outro lado, é a possibilidade do Estado fazer 
cumprir suas normas, exercendo o jus puniendi, impondo ao transgressor da 
norma a pena correspondente ou medida de segurança.
Mesmo que em determinadas situações o Estado conceda à 
vítima a faculdade de ingressar em Juízo com uma queixa-crime 
(ação penal privada), permitindo a persecução penal por iniciativa da 
vítima, caso o agressor (querelado) venha a ser condenado, o Estado 
não transfere seu jus puniendi (direito de punir), não permitindo que a 
pena venha a ser aplicada pelo particular (vítima).
Desta forma, vemos que direito penal objetivo é o poder do Estado em defi nir 
leis penais, enquanto o direito penal subjetivo consiste em fazer cumprir estas 
leis, exercendo o jus puniendi (direito de punir).
ANALOGIA EM DIREITO PENAL
Analogia é uma forma de suprimento (preenchimento) de lacunas (brechas) 
legislativas. Consiste em “[...] aplicar-se a uma hipótese não regulada por lei, 
disposição relativa a um caso semelhante” (CAPEZ, 2016, p. 51). A analogia é 
encontrada na Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, em seu artigo 4º, 
17
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO PENAL Capítulo 1 
asseverando que “quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a 
analogia, os costumes e os princípios gerais do direito” (BRASIL, 1942).
Todavia, é importante ressaltar que em direito penal somente se admite a 
analogia in bonam partem, utilizada em benefício do sujeito ativo da infração 
criminal. Greco (2016, p. 95), analisando o instituto da analogia, esclarece:
Quando se inicia o estudo da analogia em Direito Penal, 
devemos partir da seguinte premissa: é terminantemente 
proibido, em virtude do princípio da legalidade, o recurso 
à analogia quando esta for utilizada de modo a prejudicar o 
agente, seja ampliando o rol de circunstâncias agravantes, 
seja ampliando o conteúdo dos tipos penais incriminadores, a 
fi m de abranger hipóteses não previstas expressamente pelo 
legislador [...].
Questão importante é saber diferenciar analogia, interpretação extensiva e 
interpretação analógica.
Enquanto na analogia não há norma regulamentadora para o caso concreto, 
na interpretação extensiva existe um regulamento, devendo o intérprete ampliar o 
signifi cado da lei, possibilitando a correta aplicação do direito.
Na interpretação analógica “[...] existe uma norma regulamentando a hipótese 
(o que não ocorre com a analogia) expressamente (não é o caso de interpretação 
extensiva), mas de forma genérica, o que torna necessário o recurso da via 
interpretativa” (CAPEZ, 2016, p. 52). Como o legislador não consegue prever 
todas as condutas humanas para poder tipifi cá-las como infração, em alguns 
casos, após apontar uma fórmula casuística, faz seguir uma formulação genérica, 
determinando que para toda situação compreendida nessa formulação genérica, 
seja adotada a fórmula casuística. A própria norma pretende incidir em casos 
semelhantes a por ela indicados.
Por exemplo, o artigo 121, § 2º, inciso I, do CódigoPenal, tipifi ca o crime de 
homicídio qualifi cado a conduta do agente realizada mediante paga ou promessa 
de recompensa ou por outro motivo torpe. A própria norma determina que seja 
aplicada a qualifi cadora para qualquer situação semelhante com a “paga ou 
promessa de recompensa”.
A interpretação extensiva e a interpretação análoga são 
amplamente aplicáveis no direito penal. Já a analogia, só será 
admissível em benefício do agente (in bonam partem).
18
 DIREITO PENAL I – PARTE GERAL
INFRAÇÃO PENAL
A palavra infração signifi ca ato ou efeito de infringir; violação de uma lei, 
ordem, tratado etc., consistindo na quebra ou violação de uma lei penal.
É importante ressaltar que no Brasil, crime não se confunde com 
infração penal. Infração penal é gênero, do qual são espécies o crime/delito e a 
contravenção penal. A distinção de crime e contravenção é feita pelo legislador 
avaliando o grau de violação expiada e a sanção necessária.
O Brasil adota o sistema dicotômico, em que crime e 
contravenção penal são modalidades de infração penal. A 
França, por exemplo, adotou o sistema tricotômico, em que crime, 
delito e contravenção penal são modalidades de infração penal que 
se distinguem entre si em razão do respectivo grau de nocividade da 
conduta ao bem jurídico tutelado. No ordenamento jurídico francês 
é possível fazer a seguinte “escala de gravidade” do mal causado 
ao bem jurídico, para distinguir as espécies de infração penal: em 
primeiro lugar, o crime (mais grave); em seguida, o delito (gravidade 
mediana); por último, a contravenção penal (menos grave). “Na 
França, os crimes são julgados pela Cour d´Assises; os delitos pelo 
Tribunal Correcional e as contravenções pelo Tribunal de Polícia” 
(PRADO, 2008, p. 249).
No ordenamento jurídico-penal brasileiro, crime e delito são 
sinônimos, ou seja, possuem o mesmo signifi cado, enquanto a 
expressão contravenção penal é utilizada para delimitar as infrações 
penais menos graves, de baixo impacto social. O artigo 1º da Lei nº 
3.914/1941 (Lei de Introdução ao Código Penal), dispõe: 
Considera-se crime a infração penal que a lei comina pena de 
reclusão ou de detenção, quer isoladamente, quer alternativa 
ou cumulativamente com a pena de multa; contravenção, 
a infração penal a que a lei comina, isoladamente, pena de 
prisão simples ou multa de multa, ou ambas, alternativa ou 
cumulativamente (BRASIL, 1941).
Assim, diante da leitura do texto legal, conclui-se que crime é a conduta 
punida com pena de reclusão e detenção, enquanto contravenção penal é a 
conduta punida com prisão simples.
No ordenamento 
jurídico-penal 
brasileiro, crime e 
delito são sinônimos, 
ou seja, possuem o 
mesmo signifi cado, 
enquanto a expressão 
contravenção penal é 
utilizada para delimitar 
as infrações penais 
menos graves, de 
baixo impacto social.
19
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO PENAL Capítulo 1 
Reclusão contra Detenção: a pena de reclusão deve ser 
cumprida em regime fechado, semiaberto ou aberto. A de detenção, 
em regime semiaberto, ou aberto, salvo necessidade de transferência 
a regime fechado (BRASIL, 1940).
Atividade de Estudos:
 
 1) De acordo com o conteúdo estudado até o presente momento, 
discorra sobre qual é a importância do direito penal para a vida 
em sociedade.
 ____________________________________________________
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Logo, infração penal é todo o comportamento humano defi nido em lei como 
crime ou contravenção penal.
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Do conteúdo estudado no presente capítulo, podemos notar a importância do 
direito penal para a vida em sociedade, constatando que o conceito de direito penal 
remete à necessidade do Estado em selecionar determinados comportamentos 
e classifi cá-los como criminoso, a fi m de manter a ordem pública, sendo esta a 
principal função do direito penal.
Também concluímos que o direito penal surge da iniciativa do Poder 
Legislativo (fonte material), e somente pode ser aplicado no sentido de imposição 
de sanção penal na forma de Lei (fonte formal), respeitando o princípio da 
legalidade, o qual será estudado no próximo capítulo.
20
 DIREITO PENAL I – PARTE GERAL
Por fi m, estudamos as formas de classifi cação do direito penal, objetivo e 
subjetivo, em que constatamos que o Estado tem o poder de criar leis penais e 
fazer cumpri-las, reconhecendo a impossibilidade de aplicação de analogia em 
malam partem (em prejuízo do réu), conhecendo, no último tópico, o conceito de 
infração penal, que consiste numa violação a Lei Penal.
REFERÊNCIAS
ANDREATO, Danilo. Infração penal e suas espécies. Disponível em: <https://
daniloandreato.com.br/2013/06/04/infracao-penal-e-suas-especies/>. Acesso em: 
6 out. 2016.
BITENCOURT. Tratado de direito penal: parte geral. V. 1, 20. ed. São Paulo: 
Saraiva, 2014. 
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível 
em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/ConstituicaoCompilado.
htm>. Acesso em: 22 abr. 2017.
BRASIL. Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Código 
Penal. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/
Del2848compilado.htm>. Acesso em: 22 abr. 2017.
BRASIL. Decreto-Lei nº 3.914, de 9 de dezembro de 1941. Lei de Introdução 
do Código Penal (Decreto-lei nº 2.848, de 7-12-940) e da Lei das Contravenções 
Penais (Decreto-lei nº 3.688, de 3 outubro de 1941). Disponível em: <http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del3914.htm>. Acesso em: 22 abr. 2017.
BRASIL. Decreto-Lei nº 4.657, de 4 de setembro de 1942. Lei de Introdução 
às Normas do Direito Brasileiro. (Redação dada pela Lei nº 12.376, de 
2010). Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/
Del4657compilado.htm>. Acesso em: 22 abr. 2017.
CAPEZ, Fernando. Curso de direito penal: parte geral. V. 1, 20. ed. São Paulo: 
Saraiva, 2016.
CUNHA, Rogério Sanches. Manual de direito penal: parte geral. V. único, 4. ed. 
Salvador: Editora Jus PODIVM, 2016.
GRECO, Rogério. Curso de direito penal: parte geral. V. 1, 18. ed. Rio de 
Janeiro: Editora Impetus, 2016.
21
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO PENAL Capítulo 1 
KELSEN, Hans. Teoria pura do direito. Traduzido por Baptista Machado. 
Coimbra: Arméio Amado, 1974.
MASSON, Cleber. Direito penal esquematizado: parte geral. V. 1, 10. ed. São 
Paulo: Editora Método, 2016.
MIRABETE, Julio Fabbrini. Manual de direito penal: parte geral. V. 1, 32. ed. 
São Paulo: Editora Atlas, 2016.
PRADO, Luiz Regis. Curso de direito penal brasileiro: parte geral. Arts. 1º a 
120. V. 1, 8. ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2008.
22
 DIREITO PENAL I – PARTE GERAL

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