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Centro Universitário ESTÁCIO da amazÔnia
Curso de Direito
TIPOS DE INTIMAÇÃO NO JUIZADO ESPECIAL: A UTILIZAÇÃO DO APLICATIVO DE MENSAGENS WHATSAPP COMO MEIO PARA REALIZAÇÃO DE INTIMAÇÃO.
CAIO LUIZ FREITAS GIMAQUE
Boa Vista - RR
2018.1
CAIO LUIZ FREITAS GIMAQUE
TIPOS DE INTIMAÇÃO NO JUIZADO ESPECIAL: A UTILIZAÇÃO DO APLICATIVO DE MENSAGENS WHATSAPP COMO MEIO PARA REALIZAÇÃO DE INTIMAÇÃO.
Artigo Científico Jurídico apresentado à Universidade Estácio de Sá, Curso de Direito, como requisito parcial para conclusão da disciplina Trabalho de Conclusão de Curso. 
Orientador (a): Prof. (a). CLAUDIA ABBASS CORREA DIAS
Boa Vista - RR
2018.1
RESUMO 
Promulgada em 1988, a Constituição Federal foi responsável pela origem dos Juizados Especiais, órgão este incumbido de julgar as causas de menor complexidade no cenário jurídico brasileiro. Os juizados são regidos pela Lei 9099/95, a qual dita às normas processuais adotadas por este sistema, dentre os seus artigos destaca-se o art. 19, que regula as regras para a realização de intimação, onde se ressalta a intimação por meio idôneo de comunicação, procedimento este que oportunizou a utilização do aplicativo de mensagens whatsapp como meio para realização de intimação nos Juizados Especiais, auxiliando assim na celeridade processual.
Palavras-chave: 1. Juizados Especiais 2. Intimação 3. Whatsapp 
SUMÁRIO
1. Introdução; 2. Juizados Especiais; 2.1. Conceito; 2.2. Atos De Comunicação Processual; 3.Da Citação; 3.1. Da Citação No Juizado Especial; 3.1.1. Da Citação De Pessoa Física; 3.1.2. Da Citação De Pessoa Jurídica; 3.1.3. Da Citação Por Meio Eletrônico; 3.2. Da Intimação; 3.2.1. Da Intimação No Juizado Especial; 3.2.2. Da Modernização Do Sistema Judiciário; 3.2.3. Da Utilização Do Aplicativo Whatsapp Pelo Judiciário; 3.2.4. Do Procedimento De Controle Administrativo (PCA) 0003251-94.2016.2.00.0000; 3.2.5. Da Utilização Da Intimação Por Meio Do Whatsapp; 3.2.6. Da Validade Da Intimação Por Meio Do Whatsapp; 4. Conclusão; 5. Referências.
1. INTRODUÇÃO
O presente trabalho é uma proposta de estudo da utilização do aplicativo de mensagens whatsapp como meio de intimação no Juizado Especial, um tema atual, mas de relevante importância para o cenário jurídico brasileiro, pois através desse ato de modernização do poder, os processos que estão sob o manto do judiciário terão uma resolução mais célere. Será estudada particularmente a legalidade no uso deste aplicativo como meio de realização de intimação, tomando por base o que diz o artigo 19 da lei 9099/95, a qual rege os Juizados Especiais, bem como o Procedimento de Controle Administrativo (PCA) 0003251-94.2016.2.00.0000, o qual firmou a legalidade deste ato moderno de aplicar a legislação brasileira e por fim, demonstrar o objetivo e a efetividade do uso do aplicativo pelo juizado.
Com a promulgação da Constituição de 1988, foi incorporado no sistema jurídico brasileiro os Juizados Especiais, responsáveis por julgar as causas de menor complexidade, este novo sistema é regido pela Lei 9099/95, que traz em seus artigos suas diretrizes. Destaca-se neste novo procedimento, a citação e a intimação, que possuem exceções quando se trata de Juizado. Uma destas peculiaridades no ato da intimação é a realização por meio idôneo de comunicação, o qual abre a oportunidade para a realização da intimação por meio do whatsapp.
O sistema jurídico brasileiro passa por uma modernização em seus procedimentos, uma das principais inovações no cenário dos Juizados Especiais foi a utilização do aplicativo de mensagens como meio para a realização de intimação, onde através da iniciativa da comarca de Piracanjuba-GO com a subseção da OAB deste município foi aberta a primeira porta para a utilização deste método, que por fim chegou até o CNJ, onde através de um procedimento de controle administrativo foi dada a legalidade para o exercício deste ato.
Justamente diante deste avanço é que se intenciona a presente discussão, isto é, foi feita uma análise da efetividade e as possibilidades de utilização deste programa como meio de realizar um ato processual tão importante como a intimação, com isso, assegurando e auxiliando na aplicação de um importante princípio que rege os Juizados Especiais, qual seja o da celeridade processual.
Contudo, a intenção de demonstrar a efetividade do aplicativo e o auxilio ao principio da celeridade, baseia-se nos diversos casos já ocorridos e que obtiveram sucesso com o uso deste meio de intimação. A intenção básica do presente artigo é traçar uma linha diferenciando a intimação da citação e com isso indicar os tipos de meios que podem ser utilizados para realizar a intimação em sede de Juizado Especial, destacando o meio idôneo de comunicação, que é a base para assegurar legalmente o uso do whatsapp, dando assim espaço para que esta “inovação judiciária” possa ser utilizada, tendo a segurança da legalidade de seu uso pelo poder judiciário brasileiro. 
Com o nascimento deste novo método de intimação, nasce também a necessidade de estuda-lo, abrindo assim as portas para a demonstração de seus benefícios e até mesmo de seus defeitos, garantindo a legalidade deste ato e apontando também suas nulidades, podendo assim tecer uma linha para melhorar sua aplicação. 
Para a análise deste novo método de intimação, foi feita uma pesquisa do tipo bibliográfica, tomando por base que esta oferece um maior leque de opções e uma maior facilidade em seu desenvolvimento. Foi adotado o método dedutivo, fazendo o uso de dados secundários como doutrinas, artigos, legislações e enunciados do Fonaje (Forum nacional dos Juizados Especiais).
2. JUIZADOS ESPECIAIS 
Com a promulgação da constituição de 1988, foi incorporado ao sistema jurídico brasileiro os Juizados especiais, tanto na esfera estadual como na esfera federal, procedimento este que busca agilizar e até mesmo modernizar o judiciário brasileiro e que traz como base em sua Lei nº 9099, de 26 de setembro de 1995.
 O CAPITULO I, “DISPOSIÇÕES GERAIS”, artigo 2º traz os princípios que regem seus procedimentos, no qual diz: “Art. 2º O processo orientar-se-á pelos critérios da oralidade, simplicidade, informalidade, economia processual e celeridade, buscando, sempre que possível, a conciliação ou a transação.”[1: BRASIL. Lei Nº 9099, de 26 de set. de 1995. Sobre os Juizados Especiais Cíveis e Criminais e dá outras providências, Brasília, DF, set 1995.]
No tramite do processo em sede de juizado especial pode-se tomar por base dois princípios como de maior relevância, quais sejam o da informalidade e o da celeridade, estes garantem o desenrolar processual de forma mais rápida e garantem ao leigo uma justiça mais ‘fácil’.
O princípio da informalidade traz como objetivo a desburocratização de diversos atos, o que na justiça comum leva o processo a demandar um maior tempo para a que se chegue a uma resolução.
Nos Juizados Especiais, não se exige formalidade pelas partes. Busca-se nele, diferentes meios de solução da controvérsia, não se contrariando as formalidades já impostas por lei. Os atos das partes aqui, serão praticados de maneira verbal, muitas vezes até sem o conhecimento jurídico adequado. Isso não significa que as formalidades estejam extintas, mas sim, tentando adequá-lo para que os leigos, consigam ingressar na justiça sem maiores problemas. Toda formalidade que implica a redução da celeridade nos atos processuais adotados no rito sumaríssimo, deverão ser cortados ou evitados ao máximo possível. Pois, o objetivo do presente princípio é trazer para as partes do processo, um resultado mais rápido, prático, com e menor tempo desde o momento da propositura da ação até a sentença. Devendo todo e qualquer ato passível de informalidade, ser considerado como útil. Pois, o objetivo dos juizados especiais é basicamente este, garantir em menor tempo, com maior eficiência, com a menor burocracia, a solução das controvérsias.[2: Dos Princípiosdo Juizado Especial Cível: Jusbrasil. Disponível em: <https://vhugogoi.jusbrasil.com.br/artigos/307759713/dos-principios-do-juizado-especial-civel>. Acesso em 07. mar. De 2018.]
Já no princípio da celeridade processual busca-se um processo mais célere, ou seja, mais rápido, com uma resolução que se dê de forma a garantir a aplicação da Lei de forma correta, no entanto mais rápida. De acordo com BONFIM o objetivo deste princípio é:
O princípio da celeridade busca uma atividade processual que, sem comprometer os demais postulados do processo, atenda à expectativa das partes num lapso temporal adequado e útil para elas. A celeridade processual esta associada a idéia de garantir ao jurisdicionado o acesso a um processo sem dilações indevidas.[3: BONFIM, Edilson Mougenot. Processo Civil 1. 3. Ed. São Paulo: Saraiva 2008.]
Ou seja, são princípios básicos para aproximar os juizados aos leigos, lhes garantindo acesso a uma justiça transparente.
2.1. CONCEITO
Tem-se como conceito de juizado especial o que diz Ricardo Cunha Chimenti:
Trata-se de um sistema ágil e simplificado de distribuição da Justiça pelo Estado. Cuidando das causas do cotidiano de todas as pessoas (relações de consumo, cobranças em geral, direito de vizinhança etc.), independentemente da condição econômica de cada uma delas, os Juizados Especiais Cíveis aproximam a Justiça e o cidadão comum, combatendo o clima de impunidade e descontrole que hoje a todos preocupa.[4: CHIMENTI, Ricardo Cunha. Teoria e prática dos juizados especiais cíveis estaduais e federais. São Paulo: Saraiva 2005, p.05. ]
Ou seja, trata-se de um sistema que serve claramente para aproximar do cidadão a justiça, trazendo de forma mais célere a resolução de problemas de menor complexidade que muitas vezes abarrotavam a justiça comum, e levavam um tempo desproporcional a sua complexidade, tomando por base o que diz TOURINHO NETO & FIGUEIRA JR:
Sistema de Juizados Especiais vêm a ser, portanto, um conjunto de regras e princípios que fixam, disciplinam e regulam um novo método de processar as causas cíveis de menor complexidade e as infrações penais de menor potencial ofensivo. Um a nova Justiça marcada pela oralidade, simplicidade, informalidade, celeridade e economia processual para conciliar, processar, julgar e executar, com regras e preceitos próprios e, também, com uma estrutura peculiar, Juízes togados e leigos, Conciliadores, Juizados Adjuntos, Juizados Itinerantes, Turmas Recursais, Turmas de Uniformização.[5: TOURINHO NETO, Fernando da Costa & FIGUEIRA JR, Joel Dias. Juizados Especiais Estaduais Cíveis e Criminais. Comentários à Lei nº 9.099/95. São Paulo. Ed. Revista dos Tribunais. 5ª ed. 2007 ]
Com isso, podemos tratar os juizados especiais como sendo um sistema com o objetivo de aproximara população do judiciário, facilitar e acelerar os processos judiciais.
2.2. ATOS DE COMUNICAÇÃO PROCESSUAL
Todos os processos que são regidos sob a ótica do direito brasileiro, são compostos por fases, fases estas que são resultado do desenrolar processual e que irão, mais na frente levar a resolução da lide que está sendo discutida.
Para que todos os princípios assegurados as partes pela Constituição Federal de 1988, sejam obedecidos e cumpridos, evitando assim vícios processuais ou até mesmo para que uma das partes não venha a sofrer prejuízos causados injustamente, indo contrário ao que estabelece a o artigo 5º, inciso LIV da Constituição Federal de 1988, que diz: “ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal”,existem os atos de comunicação processual, estes são responsáveis por chamar os interessados para que integrem a relação processual ou até mesmo quanto a atos e termos contidos no processo.[6: BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal: Centro Gráfico, 1988.]
Os principais atos da comunicação processual são a citação e a intimação, que podem ser realizadas através de meio eletrônico, publicação no diário oficial, pelo correio, pelo escrivão ou chefe de secretaria, por mandado e por edital.
No caso da intimação o novo CPC prevê em seu artigo 269, §1º a possibilidade da intimação entre as partes por seus advogados.
3. DA CITAÇÃO
A citação encontra embasamento legal no CPC de 2015, em seu CAPÍTULO II “DA CITAÇÃO”, e está devidamente conceituada em seu artigo 238 CAPUT, CPC, em que diz: “Art. 238. Citação é o ato pelo qual são convocados o réu, o executado ou o interessado para integrar a relação processual”.[7: Idem. Lei Nº 13.105, de 16 de mar. de 2015. Código De processo Civil. Brasília, DF, mar 2015]
Em complemento ao texto do artigo, assevera Antônio Claudio da Costa Machado, que: “a citação é o ato que introduz independente de sua vontade, o réu na relação processual, sujeitando-o aos seus efeitos (princípio da inevitabilidade da jurisdição)”.[8: COSTA MACHADO, Antonio Cláudio, Código de Processo Civil Interpretado. 5ª ed. São Paulo: Manole, 2006. ]
Baseando-se pelo o que diz Costa Machado a citação traz obrigatoriamente alheio a sua vontade o réu para o processo, lhe oportunizando a responder a acusação e ao mesmo tempo lhe informando das consequências e seus efeitos.
Pode-se dizer que a citação é um dos principais atos presentes no processo, pois é através da citação que a parte irá ter conhecimento do processo e será devidamente inserida na lide, sendo assim oportunizado a ela fazer o uso de um dos mais importantes princípios constante e assegurado pela Constituição Federal de 1988, qual seja o principio do contraditório e da ampla defesa, encontrado no artigo 5º , inciso LIV, onde através deste a parte poderá se defender e contrariar o que está sendo imputado a ela, segundo Nery :
por contraditório deve entender-se, de um lado, a necessidade de dar conhecimento da existência da ação e de todos os atos do processo às partes, e, de outro, a possibilidade de as mesmas reagirem aos atos que lhe sejam desfavoráveis.[9: NERY JUNIOR, Nelson. Princípios do Processo Civil na Constituição Federal. 7ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2002. P.137. ]
Como dito por Nery, trata-se de um princípio de suma importância para as partes e para o tramite processual, pois através dele e que se pode reagir dentro do processo, demonstrando e comprovando o lado do requerido. Fundamental princípio tem sua efetiva aplicação através da citação, pois é através dela que se tem o conhecimento do início da demanda ajuizada, conforme diz Nery:
A citação é o ato pelo qual se dá conhecimento ao réu de que em face dele foi ajuizada pretensão, de modo a ensejar sua manifestação no processo diante do pedido do autor. É o ato que implementa, por excelência, o contraditório no processo civil, que se iniciou com o ajuizamento da ação pelo autor.[10: Idem. Princípios do processo civil na Constituição Federal. São Paulo: Editora revista dos tribunais, 2000. P.140. ]
Diante do que foi citado por Nery, a citação é uma das bases para o desenrolar inicial do processo, pois é através dela que se dá ciência ao requerido sobre a ação que lhe está sendo imputada.
3.1. DA CITAÇÃO NO JUIZADO ESPECIAL 
Como já foi explanada, a citação é um ato processual básico para o andar do processo judicial, pois compõe a base que oportunizará a parte contrária a usufruir de um dos princípios básicos que compõem o ordenamento jurídico brasileiro, qual seja o principio do contraditório e ampla defesa, tal norma se faz tão básica no processo que a falta de citação impedindo a apresentação do contraditório e ampla defesa, causa nulidade processual, tornando sem efeito os atos a posteriori praticados sem a devida citação do requerido.
No Juizado Especial a importância da citação não é menor do que na justiça comum, mesmo se tratando de causas de menor complexidade, tal procedimento deve ocorrer conforme disposto em Lei.
Em se tratando dos meios para a realização da citação no Juizado especial Cível, a lei 9099/95 em sua SEÇÃO VI “Das CitaçõesE Intimações”, artigo 18 em seus incisos e parágrafos traz por onde far-se-á o cumprimento do referido procedimento, juntamente com as práticas que são vetadas em sede de juizado.
Com isso percebe-se que até os meios para a realização da citação nos juizados traz diretrizes próprias, procurando sempre assegurar a aplicação do princípio da celeridade e da simplicidade. Como um claro exemplo para demonstrar a tentativa de simplificar o procedimento observa-se no parágrafo 2º do artigo 18 a vedação a citação por edital.
Em seu § 3º, o art. 18 da lei 9099/95 traz mais uma das hipóteses para que possa ser concretizado o ato da citação, pois se a parte comparecer de forma espontânea na audiência estará suprido à necessidade de uma citação formal, pois o ato de ir na data já demonstra ciência da ação, vetando assim a possibilidade da parte arguir nulidade no processo, dizendo que não foi citada.
3.1.1. Da Citação De Pessoa Física
É tido por citação de pessoa física, o recebimento do “AR” pela parte interessada em mãos próprias, conforme dispõe o art. 18, inciso I, no entanto a Jurisprudência buscando sempre garantir a eficiência e a celeridade nos juizados entende que o texto do artigo não pode ser dado como absoluto, pois é comum nos juizados especiais cíveis o recebimento do “AR” na residência do requerido, no entanto assinado por outrem, às vezes é até mesmo óbvio o grau de parentesco entre a parte e a pessoa que assinou. Como forma de sanar tal problema, os tribunais vêm adotando o disposto no Enunciado nº 5 do Fonage, que diz: "A correspondência ou contrafé recebida no endereço da parte é eficaz para efeito de citação, desde que identificado o seu recebedor."[11: FONAGE, Enunciados, nº5. Disponível em: http://www.amb.com.br/fonaje/?p=32. Acesso em: 15 de fev. de 2018]
Adotando este enunciado na busca da eficácia e da eficiência do Juizado, é dado um procedimento menos burocrático a citação, dando por valida a Citação e a contrafé recebida no endereço da parte desde que identificado o recebedor, garantindo assim que as partes não se utilizem de tal pretexto como nulidade no processo mais na frente ou até mesmo como forma protelatória, fazendo com que o processo se prolongue por um longo período.
Por outro lado, existem doutrinadores que afirmam que a pratica do envio da citação para o endereço do requerido não garante sua validade, sendo assim não garante a aplicação da revelia no processo, uma vez que tal ato iria contra as normas processuais brasileiras, uma vez que a própria legislação impõe a necessidade de que o réu receba em mãos próprias a citação.
3.1.2. Da Citação De Pessoa Jurídica
Entende-se como pessoa jurídica, aquelas devidamente registradas no órgão competente, após o devido registro ela se torna detentora de personalidade com isso adquire direitos e obrigações no sistema jurídico brasileiro, podendo atuar no polo ativo como no passivo de uma lide, como diz Pontes de Miranda:
Além das pessoas físicas ou naturais, passou-se a reconhecer, como sujeito de direito, entidades abstratas, criadas pelo homem, às quais se atribui personalidade. São as denominadas pessoas jurídicas, que assim como as pessoas físicas, são criações do direito.[12: Pontes de Miranda, Tratado de Direito Privado (atual. Por Vilson Rodrigues Alves), Bookseller, 1999. P. 345 ]
Como na citação de pessoa física, a citação de pessoa jurídica também é repleta de indagações, uma vez que de acordo com a norma prevista no artigo 18, inciso II da Lei 9099/95 a citação far-se-á no ato entrega ao encarregado da recepção, que será devidamente e obrigatoriamente identificado, indo contrário o que está disposto no artigo 248, § 2º, CPC que diz:
§ 2o Sendo o citando pessoa jurídica, será válida a entrega do mandado a pessoa com poderes de gerência geral ou de administração ou, ainda, a funcionário responsável pelo recebimento de correspondências.[13: BRASIL. Lei Nº 13.105, de 16 de mar. de 2015. Código De processo Civil. Brasília, DF, mar 2015.]
No entanto, como já é consolidada, lei específica prevalece sobre a lei ordinária, sendo assim, é dado como valido em sede de Juizado especial a citação de pessoa jurídica entregue ao encarregado da recepção.
3.1.3. Da Citação Por Meio Eletrônico
Uma das primeiras demonstrações de modernização do judiciário brasileiro foi o processo eletrônico, o qual é exercido e desenvolvido através do sistema PROJUDI, sistema esse que veio para agilizar e auxiliar o sistema jurídico brasileiro na resolução dos processos de forma mais transparente e célere, dando fim assim aos grandes volumes de papel que se acumulavam e as vezes até mesmo acabavam sendo perdidos ou danificados.
O CPC de 2015 traz em seu artigo 246, inciso V a autorização legal para que a citação seja feita através de meio eletrônico, pois nele diz: “Art. 246.  A citação será feita: V - por meio eletrônico, conforme regulado em lei.”.[14: Ibid.]
A citação e até mesmo a intimação pode ser feita pelo sistema PROJUDI, no qual o advogado, sociedade de advogados e ate mesmo empresas devem estar previamente cadastrados no sistema, onde através deste irá receber a citação ou intimação e começará, com a leitura, a contagem normal de prazos.
3.2. DA INTIMAÇÃO
A intimação é um ato processual pelo qual se dá ciência de atos, termos, sejam chamados para audiências e até mesmo para que as partes se manifestem quanto algum pedido ou decisão. Este procedimento é tão importante quanto a citação para o desenrolar processual, pois é através dele que as partes dão andamento no processo, conforme Vicente Greco, diz:
É o documento de comunicação expedido pelo juiz, que pode se dar por carta ou mandado, a fim de que alguém tome ciência dos atos e termos do processo, compareça em audiências ou cumpra determinada ordem judicial.[15: FILHO, Vicente Greco. Direito Processual Civil Brasileiro. 17ª ed., v. II, São Paulo: Editora Saraiva. 2006. ]
A intimação encontra seu conceito legal no CPC, em seu CAPÍTULO IV “DAS INTIMAÇÕES”, em que seu artigo 269, que diz: “Art. 269. Intimação é o ato pelo qual se dá ciência a alguém dos atos e dos termos do processo.”[16: BRASIL. Lei Nº 13.105, de 16 de mar. de 2015. Código De processo Civil. Brasília, DF, mar 2015.]
3.2.1. Da Intimação No Juizado Especial 
Conforme já foi explicado acima, a intimação é um ato processual que se faz essencial e necessário no desenrolar do processo, através desta as partes serão chamadas para que se manifestem, para que sejam informadas das datas das audiências e principalmente para que estejam sempre cientes dos andamentos processuais e do desenrolar da resolução da lide.
Como instrumento básico, a intimação também se faz presente nos juizados especiais, fazendo parte nos processos ali julgados, da mesma forma que se faz presente na justiça comum, no entanto possui de certa forma diretrizes próprias da mesma forma que a citação.
Encontra amparo na Seção VI, Das Citações e Intimações, no artigo 19 da Lei 9099/95, onde traz as formas em que pode ser realizada a intimação em sede de juizado especial, pois o referido artigo diz: “Art. 19. As intimações serão feitas na forma prevista para citação, ou por qualquer outro meio idôneo de comunicação”.[17: Idem. Lei Nº 9099, de 26 de set. de 1995. Sobre os Juizados Especiais Cíveis e Criminais e dá outras providências, Brasília, DF, set 1995.]
Como observado no disposto do artigo, a intimação possui a mesma base da citação, pois de acordo com o CAPUT do artigo 19, a mesma far-se-á tomando pra si os mesmos meios que são utilizados para a realização da citação, no entanto a Intimação traz uma certa modernização em seu dispositivo em se tratando de Juizado Especial, pois no mesmo texto, o artigo 19 traz a intimação através de meio idôneo de comunicação, entende-se por idôneo o meio correto e adequado para a realização de algo, conforme disposto no dicionário do Aurélio, que diz:
1-Que é apropriado para alguma coisa. 2 - Que tem condições, competências, habilitações ou conhecimentosnecessários para desempenhar determinado cargo ou determinada tarefa. 3 - Que é moralmente correto.[18: IDÔNEO. Dicionário online do Aurélio, 07 de mar. De 2018. Disponível em <https://dicionariodoaurelio.com/idoneo>. Acesso em 07de mar. De 2018.]
No seu §1º, o art. 19 da Lei 9099/95, traz que “§ 1º Dos atos praticados na audiência, considerar-se-ão desde logo cientes as partes.”,ou seja, tudo que ocorre na audiência com a presença das partes já se entende que as mesmas estão cientes, independendo de posterior intimação para o cumprimento de algo que tenha sido determinado na audiência, garantindo assim a celeridade no processo.[19: BRASIL. Lei Nº 9099, de 26 de set. de 1995. Sobre os Juizados Especiais Cíveis e Criminais e dá outras providências, Brasília, DF, set 1995.]
Em seu último parágrafo o art. 19 traz uma importante ressalva, que se não observada pode acabar prejudicando a parte, pois o §2º diz: “§ 2º As partes comunicarão ao juízo as mudanças de endereço ocorridas no curso do processo, reputando-se eficazes as intimações enviadas ao local anteriormente indicado, na ausência da comunicação.”[20: Ibid.]
Com isso fica garantido ao judiciário que sempre as partes irão comunicar o Juizado quanto a sua mudança de endereço, assegurando assim que sempre as partes serão encontradas e o processo terá seu andamento de forma mais célere.
3.2.2. Da Modernização Do Sistema Judiciário 
O mundo vem passando nos últimos anos por uma modernização tecnológica em todos os setores, com os avanços tecnológicos e com a modernização o judiciário sentiu a necessidade de acompanhar e trazer um gama de benefícios aos processos que correm sob o manto do judiciário brasileiro, mostrando que a união entre o poder judiciário e a tecnologia traz para os processos e para as partes uma justiça mais célere, transparente, eficiente, moderna e efetiva, satisfazendo o desejo das partes que compõem a lide, conforme diz Maria Neuma Pereira:
Com a evolução tecnológica e a velocidade de transformação que dela advém, surge o que denominarei da terceira fase do processo na história do direito, através da sua digitalização, com a criação do processo digital. [...]
Na sua primeira fase de existência, o processo era oral, bastando que as partes trouxessem seus problemas para quem pudesse proferir uma decisão. Na segunda fase, o processo é escrito, documentando-se tudo e guardando como prova por um determinado período, é a que conhecemos e estamos familiarizados, o chamado processo convencional.
Estamos em transição para a terceira fase, o processo digital operacionalizado eletronicamente, onde será totalmente digitalizado e armazenado em arquivos digitais.
Com essa nova forma de processar e jurisdicionar, embora as características de oralidade e escrita permaneçam, a sua instrumentalidade muito difere dos moldes tradicionais, pois poderá se tornar físico, palpável, porém e originalmente digital, com todos os atos praticados por meio eletrônico ou pela digitalização, daí a diversidade de nomenclaturas, processo digital ou processo eletrônico, para se referir a mesma forma de tramitação processual.
A evolução processual com esta mudança que se expande em todos os âmbitos da justiça nacional visa atender aos anseios da sociedade que requer que suas pretensões sejam atendidas com rapidez, eficiência, legalidade e economia.[21: NEUMA PEREIRA. Maria. Processo Digital, A Tecnologia Aplicada Como Garantia Da celeridade processual. 1ª ed. Copyright@2011. São Paulo-SP. 2011. p.31 e 32. Disponivel em: <https://books.google.com.br/books?hl=pt-BR&lr=&id=kpyTkPnDxlIC&oi=fnd&pg=PA26&ots=7aRHIlbgHE&sig=xqjPo6G6wVNxbU7n0eRIhCtPN84#v=onepage&q&f=false> . Acesso em: 19 de mar. De 2018. ]
Hoje se vive esta terceira fase descrita por Maria Neuma, tendo amparo tanto legal quanto doutrinário, pois a prática de ter disponível a qualquer momento e visível a qualquer uma das partes o processo, faz com que seja presente a celeridade e a eficiência processual, assegurando o objetivo principal do processo eletrônico ou processo digital.
Pode-se dizer que um dos grandes projetos de incentivo a modernização do judiciário foi a criação dos processos eletrônicos, com o qual foi possível a substituição do processo no papel, pelo processo disponível em uma plataforma digital, que tem por objetivo modernizar o judiciário, excluindo aos poucos o processo no papel e passando-o para uma plataforma digital, onde através dessa o caminhar do processo se dá de forma mais rápida, transparente, eficiente e principalmente traz uma economia significativa ao poder judiciário brasileiro.
3.2.3. Da Utilização Do Aplicativo Whatsapp Pelo Judiciário 
O aplicativo whatsapp é um meio de comunicação que faz envios de mensagens instantâneas, que quando são recebidas e lidas pelo destinatário, identifica com dois traços azuis. Vendo a efetividade do aplicativo no envio de mensagens e a utilização por grande parte dos brasileiros, o poder judiciário viu a oportunidade de utiliza-lo como meio para realização de citação e intimação em sede de Juizado Especial. Este meio de comunicação teve sua “legalização” a pouco tempo pelo judiciário, no entanto já é utilizado por diversos juízes em sede de Juizado Especial.
Frente à aceitação do judiciário na modernização de seus processos e da declarada vontade social em obter de forma célere e efetiva a resolução de lides que diariamente são levadas ao judiciário e principalmente aos Juizados especiais, viu-se a oportunidade do emprego deste aplicativo, que hoje é utilizado por grande parte da população brasileira, como meio para agilizar as fases processuais, vez que os Juizados especiais tem como base a simplicidade e a celeridade processual, buscando assim a rapidez e a simplicidade no cumprimento das fases processuais e de seus procedimentos.
Vendo a inovação no sistema judiciário brasileiro, não só como meio de realizar intimações, o aplicativo está sendo utilizado para diversas outras práticas judiciais. A juíza Tamara Gil Kemp da 1ª vara do Trabalho do Gama/DF foi além e realizou uma audiência de conciliação através do aplicativo de mensagens, demonstrando assim que a justiça está de braços abertos a tecnologia, pois pode através do uso de um aplicativo voltado ao envio de mensagens instantâneas realizar um ato processual com a garantia da legalidade e celeridade, o ato foi elogiado pela juíza, que disse:
Achei interessante, inclusive, a iniciativa ter sido na Vara do Trabalho do Gama - DF, onde as audiências são todas Unas, e qualquer movimento que colabore para a celeridade do processo é importante, pois, muitas vezes o desgaste que a mora do processo causa às partes (principalmente ao reclamante trabalhador) fica tão maior que o direito, que a sensação de que a justiça não foi feita é que prevalece.[22: Juíza do DF inova e realiza conciliação por WhatsApp. Migalhas. Disponível em: <http://www.migalhas.com.br/Quentes/17,MI231125,101048-Juiza+do+DF+inova+e+realiza+conciliacao+por+WhatsApp> Acesso em: 07 de mar. De 2018.]
Demonstrando assim que o judiciário vê nesse novo método de comunicação judicial, uma forma de promover celeridade processual e garantir à aplicação de uma justiça menos desgastante as partes que muitas vezes desacreditam do poder pela demora na realização de seus procedimentos.
3.2.4. Do Procedimento De Controle Administrativo (PCA) 0003251-94.2016.2.00.0000
Diante da facilidade de comunicação através do uso do aplicativo de mensagens instantâneas whatsapp, o poder judiciário percebeu a possibilidade do uso de tal aplicativo para a realização de procedimentos judiciais, e que tal utilização teria embasamento legal. No entanto, o que de vez firmou a legalidade na utilização deste meio, foi o procedimento de controle administrativo nº 0003251-94.2016.2.00.0000, onde através deste foi dada a certeza da legalidade da utilização do aplicativo como meio para a realização de Intimação, desde que fossem seguidos os requisitos estabelecidos pelo procedimento supracitado. Atravésdeste tópico, busca-se demonstrar o processo de legalização da utilização do aplicativo como meio para a realização de intimação em sede de Juizado especial.
Antes de ter o aval legal do CNJ para ser utilizado como meio de intimação, o tema quanto à realização de intimação através do aplicativo whatsapp, já vinha sendo discutido no Juizado Especial Cível e Criminal do município de Piracanjuba/GO, que juntamente com a subseção da OAB deste município, criaram a portaria nº 01/2015, que tinha como objetivo regulamentar a aplicação do whatsapp como meio de realizar intimações, no entanto o a Corregedoria do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás revogou a portaria, alegando a seguinte justificativa:
[...] a falta de regulamentação legal para permitir que um aplicativo controlado por empresa estrangeira (Facebook) seja utilizado como meio de atos judiciais; redução da força de trabalho do tribunal e ausência de sanções processuais nos casos em que a intimação não for atendida.[23: Whatsapp pode ser usado para intimações judiciais. CNJ. Disponível em: <http://www.cnj.jus.br/noticias/cnj/85009-whatsapp-pode-ser-usado-para-intimacoes-judiciais>. Acesso em: 17 de mar. De 2018.]
Diante deste embate quanto a legalidade ou não na utilização do aplicativo como meio para a realização deste ato processual, o tema foi levado pelo Juizado Especial Civil e Criminal de Piracanjuba até o CNJ para que este pudesse decidir e regulamentar o uso do aplicativo, deu-se então origem ao procedimento de controle administrativo nº 0003251-94.2016.2.00.0000, que teve como objetivo regulamentar e legalizar a utilização do whatsapp pelo judiciário, como meio de realização de intimação nos Juizados especiais.
Abaixo a ementa do Acórdão do CNJ que regulamentou o uso do aplicativo:
PROCEDIMENTO DE CONTROLE ADMINISTRATIVO. JUIZADO ESPECIAL CÍVEL E CRIMINAL. INTIMAÇÃO DAS PARTES VIA APLICATIVO. REGRAS WHATSAPP ESTABELECIDAS EM PORTARIA. ADESÃO FACULTATIVA. ARTIGO 19 DA LEI N. 9.099/1995. CRITÉRIOS ORIENTADORES DOS JUIZADOS ESPECIAIS. INFORMALIDADE E CONSENSUALIDADE. PROCEDÊNCIA DO PEDIDO.[24: CNJ - Procedimento de Controle Administrativo: PCA 00032519420162000000. JusBrasil. Disponível em: <https://cnj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/480247490/procedimento-de-controle-administrativopca-32519420162000000>. Acesso em: 17 de mar. de 2018.]
Em seu voto, a relatora Daldice Santana destacou um ponto importante na ratificação da portaria 01/2015, em que disse:
A intimação via aplicativo whatsaspp foi oferecida como ferramenta facultativa, sem imposição alguma às partes. Sua utilização foi idealizada para a realização de intimações e não de citações. Além disso, a Portaria em comento preocupou-se em detalhar toda a dinâmica para o uso do aplicativo, estabelecendo regras e também penalidades para o caso de descumprimento.
Diferentemente do alegado pelo Tribunal requerido, a Portaria não extrapolou os limites regulamentares, pois apenas previu o uso de uma ferramenta de comunicação de atos processuais, entre tantas outras possíveis.[25: Procedimento de Controle Administrativo. Conjur. Disponível em: <https://www.conjur.com.br/dl/decisao-cnj-intimacao-whatsapp.pdf>. Acesso em 17 de mar. De 2018.]
Em síntese, pode-se dizer que através deste procedimento de controle administrativo foi possível a ratificação da portaria nº 01/2015, regulamentando assim o uso do aplicativo de mensagens whatsapp como meio para a realização de intimações nos Juizados Especiais, assegurando assim o uso de dois dos principais princípios que regem os Juizados, o da simplicidade e o da celeridade processual.
3.2.5. Da Utilização Da Intimação Por Meio Do Whatsapp
Conforme relatado neste texto sobre a utilização do aplicativo whatsapp, é claro que o aplicativo traz inúmeras vantagens para judiciário, pois através da utilização desta ferramenta em sede de Juizado Especial, é garantida a efetiva aplicação dos princípios da celeridade e da simplicidade e com isso auxiliar no alcance do principal objetivo dos Juizados, que é levar ao povo uma justiça rápida e simples.
Na lei 9099/95, a intimação por meio do aplicativo encontra amparo no caput do artigo 19, onde diz: “Art. 19. As intimações serão feitas na forma prevista para citação, ou por qualquer outro meio idôneo de comunicação.”, no entanto a primeira tentativa de implantação do uso do aplicativo feita pelo juizado Especial Cível e Criminal do município de Piracanjuba/GO em conjunto com a subseção da OAB deste município restou frustrada pela Corregedoria do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás que alegava a inexistência de regulamentação legal. Porém, vendo o real potencial na utilização do aplicativo pelo Judiciário, o CNJ decidiu discutir o assunto e regulamentou este novo meio de Intimação através do procedimento de controle administrativo nº 0003251-94.2016.2.00.0000, onde com essa regulamentação foram abertas as portas para que os Juizados especiais utilizem esse meio.[26: BRASIL. Lei Nº 9099, de 26 de set. de 1995. Sobre os Juizados Especiais Cíveis e Criminais e dá outras providências, Brasília, DF, set 1995.]
A inovação está sendo bem aceita pelos juizados, pois os julgadores conseguiram enxergar neste novo meio a oportunidade para a devida aplicação dos princípios assegurados pela Lei 9099/95, conforme se observa em diversas decisões, como por exemplo, em Presidente Médici/RO:
[...]um juiz recomendou o uso do serviço para entrar em contato com a parte vencedora de uma ação no Juizado Especial Cível de Presidente Médici (RO). “Intime-se a autora pelo meio menos oneroso e rápido (e-mail, telefone, whatsapp...) para que apresente número de conta bancária para transferência dos valores”, disse no despacho. A assessoria do TJ-RO explicou que a intenção do juiz João Valério Silva Neto foi de acelerar o processo, já que a autora tinha interesse em receber o dinheiro.[27: OAB mato grosso reage intimação feita whatsapp: conjur. Disponível em: <http://www.conjur.com.br/2014-nov-19/oab-mato-grosso-reage-intimacao-feita-whatsapp>. Acesso em 19. mar. De 2018]
Como essa existem diversas outras decisões que fazem uso do aplicativo, demonstrando assim que este meio está sendo aceito pelo Judiciário.
3.2.6. Da Validade Da Intimação Por Meio Do Whatsapp
Como todo procedimento do judiciário, a intimação por meio do whatsapp também possui sua hipótese de nulidade, conforme está disposto na portaria que 01/2015 que foi analisada pelo CNJ, em que dizia:
[...]o uso do WhatsApp para intimação é facultativo, sendo necessário a confirmação do recebimento da mensagem no mesmo dia do envio. Caso contrário, a intimação da parte ocorreria pela via convencional.[28: WhatsApp pode ser usado para intimações nos juizados especiais. CNJ. Disponivel em: <https://www.conjur.com.br/2017-jun-28/whatsapp-usado-intimacoes-juizados-especiais>. Acesso em 26 de mar. De 2018. ]
Ou seja, a validade da intimação se dá através do aviso de recebimento dado por meio do aplicativo, qual seja a sinalização de duas setinhas do lado direito da mensagem, caso tal sinalização não seja dada do mesmo dia de envio da mensagem, a intimação será nula e devendo ser feita através dos meios convencionais, assegurando a legalidade processual.
Outra forma de tornar nula a intimação é no caso em que um terceiro, alheio ao processo, receba a mensagem contendo a intimação e não a repasse ao real interessado, causando assim prejuízos à parte. Diante desta situação é possível requerer a nulidade do ato, por meio do instrumento processual adequado e comprovando a lesão sofrida.
4. CONCLUSÃO
O desenvolvimento do presente estudo possibilitou uma análise do objetivo geral proposto, isto é, demonstrou a efetividade da aplicação e o auxílio na celeridade processual que traz a intimação realizada por meio do aplicativo Whatsapp.
Buscando alcança o objetivo proposto, o corrente artigo analisou o início do Juizado Especial com a promulgação da Constituição de 1988, dois de seus principais princípios, o da celeridadeprocessual e da informalidade, bem como os tipos de citação e intimação adotados por este sistema, dando ênfase na intimação por meios idôneos de comunicação, o qual é a base para a intimação por meio do aplicativo me mensagens.
Com isso, pôde ser analisada a portaria 01/2015, criada e instituída pela comarca de Piracanjuba-Go em conjunto com a subseção da OAB deste município, a qual pela primeira vez levantou e utilizou este método de intimação. No entanto, diante desta inovação a corregedoria do TJ-GO achou por bem suspender a portaria, tendo em vista que ela não teria um embasamento legal. Diante desta discursão, o tema foi levado ao CNJ, que através do procedimento de controle administrativo nº 0003251-94.2016.2.00.0000, regulamentou a utilização do aplicativo de mensagens whatsapp como meio para a realização de intimações em sede de Juizado Especial.
Nesse sentido, foi possível a observação da efetividade no uso deste aplicativo pelo judiciário e principalmente o auxilio na celeridade processual dentro dos juizados, assegurada por este método inovador de intimação, que ao longo do tempo vem tomando mais espaço no judiciário brasileiro e podendo demonstrar até mesmo sua capacidade de ser utilizado em outros atos processuais.
 
5. REFERÊNCIAS
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______. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal: Centro Gráfico, 1988.
______. Lei Nº 13.105, de 16 de mar. de 2015. Código De processo Civil. Brasília, DF, mar 2015.
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