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Prova de artes(Ismael da Silva Ferreira)

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CEFET Uned-NI
Nova Iguaçu 19 de setembro de 2015
Professor: Adriano Furtado Disciplina: Artes
Aluno: Ismael da Silva Ferreira Turma: 3AUTO
Email: pregador.ismaelsilva@gmail.com 
O que há de humano no som humanamente organizado?
Ao olharmos analiticamente para o música podemos perceber que a sua relação não é biunívoca entre partes próprias de si mesma, pois ela está em uma relação mais complexa. Uma tal que envolve um conjunto de processos biológicos, fisiológicos, culturais e sociais. É importante lembrarmos aqui, como Heidegger e John Blacking já afirmara acerca de suas conclusões, que a minha resposta será apenas uma possibilidade do ser do ente do humano no som puramente organizado.
Sabendo que a música não é em si mesma podemos então perguntar: O que é música? Música é a ordenação do som e do não som ao mesmo tempo ritmicamente, melodicamente e harmoniosamente através de um padrão decidido por um grupo de pessoas que desvelaram uma possibilidade de ser música através do pensar musical da musicalidade que ouviram. Podemos ainda afirmar que a música é o ouvir seletivamente musical, pois sem a percepção auditiva e o pensar musical não haveria música.
Para consumarmos a grandiosa pergunta que iniciara o texto temos que identificar os pressupostos musicais do ser musical que define a música enquanto música, o próprio homem. O homem é o agente musical que ouve, organiza e expressa a música, todas as partes humanas cognitivas que envolvem a música é aquilo que há de humano na própria música. Isto nos leva a associar música e memória, pois a memória é a faculdade que retém ideias, sensações e impressões adquiridas anteriormente e logicamente onde esta o nosso conhecimento empírico sobre as coisas. Tais lembranças, sensações e impressões são despertadas diretamente pela música no homem fazendo com que o homem seja revelado como homem através da sua própria interiorização. 
Se lembrarmos da definição de John Blacking de música para ser e música para ter, lembraremos que música para ser desde o seu processo de formação é arte. Mas, para ser música para ser é necessário que esta mexa com a gente e nos revele novos mundos se relacionando assim com a memória. Então, como a música ou a arte poderia existir sem a memória? Simplesmente não existiria. Sendo mais radical: Como existiria Homem sem a música? Obviamente não haveria homem. Um termo grego interessante "Aletheia" nos remete a nossa capacidade de lembrar aquilo que já conhecemos e é empregado por Platão em sua teoria da reminiscência na filosofia transcendental como o algo que nos leva ao conhecimento verdadeiro. Neste ponto encontramos a relação entre memória e conhecimento. Tal conhecimento é a verdade. Portanto, quando a nossa memória associa-se a música podemos vivenciar essencialmente o conhecimento sobre as coisas, como lembrar de um bom momento da sua vida e viver aquele momento passado enquanto ouve a melodia, tal música é para ser, logo é arte.
Jonh Blacking dá um exemplo interessante sobre uma senhora da cultura Vena que não conseguiu "sentir a música" com ele tocando percussão e foi necessário chamar um percussionista da própria cultura para tocar e só assim ela foi capaz de vivenciar aquela música. 
Olhando por outro parâmetro não distante daquele que Blacking citou, podemos notar que na cultura Judaica a música também se relaciona diretamente com a adoração a Deus. Os termos hebraicos barak(bendizer), balal(do qual deriva a palavra aleluia) e yadah(Dar graças) se referem ao louvor de corpo e alma vivenciado para a adoração a Deus. Dependendo do lugar, das pessoas que se encontram em tal lugar e dos seus corações para adorarem ao Senhor elas sentem a Shekinah(presença de Deus). Tal adoração envolve louvor, danças, festas, comidas típicas, dias específicos para se comemorar, entre outros... No Cristianismo o louvor também é de sua importância e o adorar de coração em espírito e em verdade é aquilo que se revela de forma mais importante do que o próprio padrão musical. Na Bíblia fala que os seres humanos foram criados para louvar e adorar ao seu criador. Portanto, podemos perceber a importância da música para as culturas, povos, sociedades, grupos e principalmente para o ser humano.
Mas então o que há de humano no som humanamente organizado? Podemos concluir que todo o conteúdo, informação e teor humano do som humanamente organizado é aquilo que há de humano no som humanamente organizado. Perceba que isto está para além da própria organização, pois esta só expressa um suporte para tal conteúdo, ou seja, só revela uma forma de conteúdo entre tantos que há na musica em toda a sua musicalidade no agente musical pensante.
Referência: Texto de John Blacking.

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