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Psicopatologia II
Profº Leonardo
Alunos: Bruna Malvar, Momara, Talita, Raquel do Carmo e Tatiane M. de A. Guadelupe, 
Caso 5.3- Timidez Adolescente
1) Considerando o caso estudado Timidez Adolescente, defina cada uma das dimensões abaixo: 
A) Definição nosológica (conjunto de sinais e sintomas que definem o diagnóstico, junto dos seus especificadores/qualificadores):
Nadine era uma menina de 15 anos cuja mãe a levou para uma avaliação psiquiátrica a fim de ajudá-la com a timidez que demonstrava há tempos. Os principais sinais apresentados eram: Tontura e choros e os sintomas apresentados são: Medo ou ansiedade acentuada acerca de uma ou mais situações sociais em que o indivíduo é exposto a possível avaliação por outras pessoas ( não conseguia falar em nenhuma situação fora de sua casa, recusa em sair de casa sozinha por medo de ser forçada a interagir com alguém, ficava ansiosa na companhia de outros adolescentes); As situações sociais sempre provocam medo ou ansiedade; As situações sociais são evitadas ou suportadas com intenso medo ou ansiedade; O medo e a ansiedade é desproporcional à ameaça real; O medo, ansiedade ou esquiva é persistente, durante mais de seis meses; O medo, ansiedade e esquiva causa sofrimento significativos; O medo, ansiedade ou esquiva não é conseqüência dos efeitos fisiológicos de uma substancia; O medo, ansiedade e esquiva não é mais bem explicada pelos sintomas de outro transtorno mental; O indivíduo tem medo ou evita essas situações devido a pensamentos de que pode ser difícil escapar ou de que o auxílio pode não estar disponível no caso de desenvolver sintomas do tipo pânico ou outros sintomas incapacitantes ou constrangedores; As situações agorafóbicas quase sempre provocam medo e ansiedade; As situações agorafóbicas são ativamente evitadas; Hipervigilância; Existência de um evento traumático claramente reconhecível como um atentado à integridade física, própria ou alheia, que haja sido experimentado direta ou indiretamente pela pessoa afetada e que lhe provoque temor, angústia ou horror; (Nadine passou por uma experiência intensa e prolongada de bullying).
Nadine não falava nem com os vizinhos, achava impossível entrar em um lanchonetes para fazer pedidos a um estranho por medo de passar vexame, estava constantemente de prontidão, devido à necessidade de evitar a possibilidade de ser atacada, não tinha vontade de sair de casa e ainda tinha pensamentos sobre suicídio. De acordo com o texto Nadine havia desenvolvido um conjunto de três diagnóstico do DSM-5: Transtorno de Ansiedade Social, Agorafobia e Transtorno de Estresse pós-traumático (TEPT). 
B) Qual etiologia do transtorno? 
De acordo com a história apresentada, podemos considerar vários aspectos influentes para a origem do transtorno de Nadine, ou seja, possui um aspecto multidimensional, sofrendo alterações biológicas, psicológicas e sociais. 
Por meio de estudos científicos, foi constatado que herdamos de nossos familiares uma predisposição para a existência de algumas vulnerabilidades “herança genética”, não se apresentando em um gene unicamente, mas sim por um conjunto de genes em várias áreas cromossômicas. 
É importante salientar que a genética influência, mas não é determinante para o aparecimento do transtorno psicológico, neste caso precisamos considerar o ambiente, e esta junção entre ambos permite manifestação do transtorno psicológico. 
Considerando os aspectos psicológicos e sociais na construção do sujeito, Nadine desde cedo se mantém na defensiva, já que sua mãe é uma mulher extremamente nervosa e espalhafatosa, o que acabava levando seu pai (advogado, bem-sucedido e tímido) e ela a não perturbar a mãe por suas reações explosivas. Desde pequena na escola foi alvo de gozações e posteriormente adolescente vítima de bullying e agressão, nunca falou para os pais o que acontecia na escola. Todos estes eventos intensificaram o seu desejo de isolamento e seus sintomas ao ponto grave de pensamentos suicidas. 
Todos os fatos citados anteriormente são importantes para compreendermos a história pessoal de Nadine, e dentre os relatos a falta de comunicação com a mãe teve muita influência no seu comportamento defensivo de não ter segurança para enfrentar todos os eventos que lhe causavam sofrimento, chegando a ter medo de se parecer com a mãe.
C) Principais dados epidemiológicos (qual perfil de ocorrência)? 
A timidez, comumente considerada um aspecto do caráter individual pode, frequentemente, provocar prejuízos para o indivíduo e assim representar um transtorno significativo (Chavira et al., 2002). Uma pesquisa envolvendo 2002 jovens usando a escala específica para esta medição, classificou os que possuem percentil 90 como extremamente tímidos, e percentil de 40 a 60 como normalmente tímidos. Como resultado deste estudo foi encontrado um índice percentual alto de fobia social em sujeitos extremamente tímidos (49%), em comparação ao grupo normalmente tímido (18%). Ainda dentro do percentual de extremamente tímidos foram encontrados 36% de pessoas que possuem o caso mais grave de fobia social. Desse percentual, 14% possuíam transtorno de personalidade de esquiva. Como a timidez é algo mais subjetivo e considerado normal na maioria dos meios, é difícil uma identificação de dados exatos que categorize de forma exata quem possui ou não.Porém quando em casos onde a vida do indivíduo passa a ser prejudicada como o não conseguir se envolver socialmente, executar tarefas simples do cotidiano entre outros, uma atenção especial se torna necessária como o envolvimento de profissionais que possam identificar uma possível patologia. A timidez, se reforçada pelo seu contexto pode evoluir para uma ansiedade social ou fobia, trazendo patologias secundárias como a depressão, principalmente em crianças e adolescentes. 
D) Qual principal linha de tratamento (farmacológica, psicoterápica, etc)?
De acordo com Barlow (2016), a terapia cognitiva comportamental tem se mostrado mais eficaz, por conta da reestruturação cognitiva, que permite o sujeito se dar conta de seu próprio discurso, de seus próprios pensamentos e assim compreender como esses podem influenciar no seu comportamento. Se utiliza, também, psicoeducação, tarefas de casa e dramatizações que contribuem para autocompreensão do sujeito e para o desenvolvimento de autonomia e habilidades sociais.
Técnicas de dessensibilização sistemática e exposição dirigida e autodirigida são úteis para que o sujeito tenha a experiência de enfrentamento, na prática, da situação que lhe causa medo e ansiedade, ou seja, o terapeuta pode propor ao sujeito, o contato com situações ansiogênicas de menor grau para o maior e aos poucos, assim como instruir a pessoa em atendimento, a levar o aprendizado da psicoeducação para o seu próprio dia-a-dia.  
A terapia pode se realizada de forma individual ou em grupo porém muitas pessoas preferem individualmente, mas o formato em grupo tem suas vantagens como aprendizagem indireta, apoio de outros e etc.
O uso de medicamentos também pode se fazer necessário, dependendo da condição do paciente, como antidepressivos e outros medicamentos para diminuir os níveis de ansiedade, como benzodiazepínicos e betabloqueadores, porém é muito importante se pensar no custo benefício, visto que com o uso contínuo, o sujeito pode vir a se tornar dependente do medicamento, e começar desconsiderar o tratamento psicoterápico atribuindo seu desempenho aos  remédios e consequentemente ter recaídas.
Outro ponto importante é a formação e a experiência do terapeuta, que também contribuem para melhores resultados. O terapeuta experiente e com bom conhecimento vai saber como manejar o processo terapêutico e identificar a condição de cada sujeito e entender se a pessoa realmente precisa iniciar com um tratamento fármaco ou se ensinar uma técnica de relaxamento, por exemplo, pode ser igualmente útil. Além disso, conseguir realizar um diagnóstico diferencial e saber investigar se os sintomas apresentados pela pessoa, são realmente um transtornoou são sintomas de uma disfunção orgânica ou ainda consequências pelo uso de certos medicamentos ou drogas.

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