Buscar

Antropologia e Epidemiologia da Nutrição Clínica e Alimentação para Coletividades

Prévia do material em texto

Antropologia e Epidemiologia 
da Nutrição Clínica e 
Alimentação para 
Coletividades. 
 
Universidade Municipal de São Caetano do Sul 
Professor William Malagutti 
2014 
 
Alimentação, sociedade e cultura 
 
 
O ALIMENTO: QUESTÃO UTILITÁRIA OU SIMBÓLICA 
HOMEM 
 
 
 
 um caçador na sociedade tribal, 
 um agricultor na sociedade camponesa, 
 Um proletário na sociedade capitalista. 
 
Alimentação, sociedade e cultura 
 
 
 Dessa forma, na sociedade tribal, um dos aspectos principais da produção é 
o alimento, obtido por meio de normas sociais, predominantes no trabalho 
cooperativo, enquanto na distribuição do produto o que predomina são as 
regras de reciprocidade. 
 Por isso os índios guaiaquis (Clastres, 1978),que habitam áreas de florestas 
na América do Sul, não consomem o produto de sua caça sob pena de se 
tornarem panema, ou seja, azarados na caça. 
 Cada membro dessa sociedade depende da carne obtida por outro caçador. 
Esse tabu, rigidamente obedecido, garante a reciprocidade entre as 
unidades familiares, reforçando a solidariedade do grupo e proporcionando 
alimentação para todos os seus membros. 
CLASTRES, P. A Sociedade contra o Estado. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1978. 
 
Alimentação, sociedade e cultura 
 
 
CLASTRES, P. A Sociedade contra o Estado. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1978. 
 
Alimentação, sociedade e cultura - Social 
 
 Sociedade Camponesa ( produtores e 
consumidores são IGUAIS) . 
 Realizar o plantio de Milho, arroz e feijão , 
 Prover necessidades básicas da família – 
calorias, 
 Fazer um fundo de manutenção ( sementes 
para próxima safra, alimentos dos animais), 
 Necessidades culturais de cada grupo. 
Festas do padroeiro 
Quermesses 
Dízimo 
Casamentos 
Batizados 
 
 
Alimentação, sociedade e cultura -Social 
 
  As relações de amizade na sociedade brasileira 
também são permeadas por uma troca de 
alimentos. Assim, conforme a região, o 
visitante, parente ou amigo será sempre 
recepcionado com um cafezinho, chá ou 
chimarrão, ou até mesmo um lanche 
completo. As relações de vizinhança também 
se caracterizam por troca de comidas e novas 
receitas. “No meio rural, quando se mata um 
porco, envia-se um pedaço a cada vizinho. 
Segundo a boa tradição de cortesia deve-se 
mandar a todos; na prática aos preferidos ou 
mais próximos” (Cândido, 1971). 
 
CÂNDIDO, A. Os Parceiros do Rio Bonito. 2.ed. São Paulo: Livraria Duas 
Cidades,1971. 
 
Alimentação, sociedade e cultura – Cultural 
 
 
 As ocasiões fúnebres também são 
vivenciadas diferentemente pelos grupos 
sociais. Entre os kamaiurás, índios do 
Xingu, costuma-se acumular castanhas, 
peixes e outros alimentos com a 
finalidade de distribuí-los numa festa 
chamada Kuarup, uma homenagem que 
se faz aos mortos. 
 Durante os guardamentos, em nossa 
sociedade, há sempre uma preocupação 
em providenciar alimentos aos parentes 
e amigos que vêm prestar sua última 
homenagem ao falecido. Entretanto, à 
medida que o enterro deixa de ocorrer 
no espaço doméstico e toma-se atividade 
empresarial, permanece apenas a 
distribuição do cafezinho às pessoas que 
velam o corpo. 
 
Alimentação, sociedade e cultura – Cultural 
 
 
 Podemos lembrar ainda o caso dos 
macrobióticos, que defendem uma 
dieta alimentar baseada em 
cereais, legumes etc.; 
 vegetarianos, que enfatizam a 
importância de certos alimentos 
para o equilíbrio físico e emocional 
do homem. 
 Muitas vezes, esses grupos são 
adeptos do esoterismo, que 
preconiza para o exercício de 
elevação espiritual uma dieta 
alimentar específica 
 
Alimentação, sociedade e cultura - Religioso 
 
 
 No terreiro de umbanda, a maioria 
dos rituais religiosos está ligada à 
oferta de alimentos. A obtenção de 
favores das entidades é retribuída 
com a ‘comida de santo’. 
 Quem ainda não presenciou cenas 
de despacho em encruzilhadas ou 
nos cemitérios? 
 Uma vela vermelha, galinha com 
farofa, uma garrafa com cachaça, 
charutos e moedas.. 
Dieta Macrobiótica - Vídeo 
 
Alimentação, sociedade e cultura – Saúde de grupos 
 
O bebê de família de baixa renda, cuja mãe não 
consegue amamentá-lo, nem obtém leite nos 
postos de saúde, acabará muito cedo recebendo 
alimentos que são entendidos como próprios para 
pessoas adultas, como arroz e/ou feijão. Segundo 
Woortmann (1978), em certas regiões(Piauí e 
Distrito Federal), a criança, nos primeiros meses, 
deve ser alimentada com leite, mas não com o de 
sua própria mãe, que é considerado ‘venenoso’. 
Assim, busca-se uma comadre que fica sendo 
‘mãe-de-leite’.(Woortmann K, 1978). 
 
WOORTMANN, K Hábitos e ideologias alimentares em grupos sociais de 
baixa renda.Série Antropologia, 20. Brasília, 1978. (Mimeo.) 
 
Alimentação, sociedade e cultura – Saúde de grupos - 
crianças e adolescentes 
 
 A sociedade recomenda às crianças e aos jovens uma 
alimentação à base de vitaminas e proteínas, com a 
finalidade de compensá-las pelo desgaste de energia. 
 As crianças e os jovens, no entanto, têm suas 
próprias ideias a respeito do que é mais agradável 
comer: balas, sanduíches, chocolate, sorvete, 
refrigerantes etc. 
Existe, nesse sentido, um processo de socialização 
que procura mostrar a eles que tais alimentos podem 
ser gostosos, mas não nutritivos e podem ser 
prejudiciais: tiram o apetite, engordam, estragam os 
dentes. 
Entretanto, essas questões passam pelo poder 
aquisitivo dos segmentos sociais, e esse tipo de 
alimento, considerado não nutritivo, tem um espaço 
muito maior nas classes abastadas do que nas 
famílias de baixa renda. 
Antropologia e Nutrição : um diálogo possível 
 
Alimentação, sociedade e cultura – Saúde de grupos - 
Adultos 
 
 
 
 Os adultos, por sua vez, já socializados dentro 
de certos padrões alimentares, vivem uma 
situação conflituosa entre comer aquilo que 
é apreciado em nossa cultura(feijoada, 
costela, linguiça, quindins, tortas, cerveja) e 
aquilo que é entendido como saudável. 
 Sabemos que os alimentos gordurosos 
devem ser evitados não só para impedir 
doenças arterioscleróticas, mas também para 
atender a padrões estéticos que valorizam o 
corpo magro e atlético. 
 
 
 
 
 
 
Antropologia e Nutrição : um diálogo possível 
 
Alimentação, sociedade e cultura – Saúde de grupos - 
Idosos 
 
 
 Os velhos também vivem uma contradição, pois 
aprenderam a apreciar e mesmo a preparar os 
alimentos, mas no estágio de vida em que se 
encontram apresentam problemas para digeri-
los. Esses problemas se iniciam com a 
mastigação, uma vez que, em função da idade, 
seus dentes apresentam estado precário. 
Dependendo da classe social, podem fazer uso 
de regimes alimentares rigorosos, isto é, 
consumir alimentos bem cozidos, leite, verduras, 
frutas, carnes macias e tenras. Outros, 
entretanto, que não possuem uma condição 
material privilegiada, continuam na dieta 
alimentar que sempre tiveram, ou até mesmo 
com um teor nutritivo inferior, pois a 
aposentadoria reduz o poder aquisitivo do 
trabalhador. 
 
 
 
 
 
Antropologia e Nutrição : um diálogo possível 
 
Alimentação, sociedade e cultura 
 
 
 
 Textos para reflexão : 
1 – O hábito alimentar enquanto comportamento 
culturalmente produzido – Sandra Simone Morais 
Pacheco 
 
2 – Cultura Alimentar : contribuições da Antropologia 
da alimentação – Vivian Braga 
 
3 – Para uma Antropologia da Alimentação brasileira – 
Cláudia Lima 
 
 
 
 
 
Processo Saúde x Doença 
 
Processo Saúde x Doença 
 
Processo Saúde x Doença 
Fatores de Desequilíbrio 
 Biológicos.Microrganismos, vermes, plantas 
venenosas ... 
 Físicos. 
Luz, ruído, temperatura, radiação ... 
 Químicos. 
Salinidade, pH ... 
 Mecânicos. 
Traumas, queimaduras ... 
 Sociais. 
Desemprego, educação, renda, saneamento 
Processo Saúde x Doença 
Fatores de Desequilíbrio 
 
Binômio Saúde e Doença 
 
Fatores 
sociais 
Fatores 
genéticos 
Fatores 
ecológicos 
Fatores 
políticos 
Fatores 
econômicos 
Fatores 
culturais 
Fatores 
educacionais 
Fatores 
ambientais 
Fatores 
psicológicos 
Fatores 
demograficos 
Fatores Individuais 
1 – Características gerais 
Idade e sexo 
2 – Características familiares 
Estado civil 
Idade dos pais 
Dimensão da família 
Posição na ordem de nascimento 
Privação de pais, um ou de ambos 
Morbidade familiar por causas específicas 
3 – Características étnicas 
Raça 
Cultura 
Religião 
Lugar de nascimento 
Grupo étnico 
 
 
Fatores Individuais 
4 – Nível Sócioeconômico 
Ocupação 
Renda pessoal, renda familiar ou renda familiar 
per capita 
Nível de instrução 
Tipo e zona de residência 
Sinais exteriores de riqueza 
5- Ocorrências durante a vida intrauterina e ao 
nascer 
Idade materna ao nascer 
Número de fetos gestados único ou gêmeos 
Características e ocorrências durante o parto 
Condições físicas da mãe e ocorrências vividas 
por esta durante a gestação (incluir endógenas, 
acidentais e hábitos e atividades). 
 
 
 
Fatores Individuais 
6 – Características endógenas 
Constituição física 
Resistência individual 
Estado fisiológico 
Estado nutricional 
Doenças intercorrentes 
Tipos de comportamento 
5- Ocorrências acidentais 
Ocorrências estressantes 
Doenças sofridas : medicamentos 
eventualmente consumidos 
Acidentes sofridos. 
 
 
 
Fatores Individuais 
8 – Hábitos e atividades 
Atividades ocupacionais 
Medicamentos usados com certa constância 
Uso/abuso de inseticidas domésticos e agrícolas 
Abuso de drogas permitidas ( fumo, álcool, 
medicamentos) 
Uso de drogas ilícitas 
Comportamento alimentar 
Atividade física 
Lazer. 
 
 
 
Fatores Demográficos 
• Crescimento populacional 70 milhões/ano, 
• Países subdesenvolvidos – aumento da urbanização, 
• Aglomeração de pessoas, vivendo em espaços 
reduzidos como consequência : 
 
 
• Transição demográfica – Idosos mais susceptíveis - 
Influenza 
• Saneamento inadequado, 
• Abastecimento de água precário, 
• Destino de resíduos sólidos inadequado, 
• Proliferação de fauna sinantrópicas – Zoonoses 
• Deslocamentos de pessoas – imigração e viajantes 
internacionais – H1N1 – jovens e gestantes 
• Doenças Emergentes e Reemergentes Ebola ,Antraz 
• Aumento de Dants – D. Agravos não Transmissíveis 
• Surgimento de Violência urbana, 
• Aumento de Transtornos mentais – Stress, Depressão 
etc... 
 
Fatores Políticos 
 GUERRAS 
 
 
 Emergência e reemergencia de doenças, 
 Grandes deslocamentos populacionais , 
 Refugiados vivendo em situação 
degradante. 
Ex: Zaire – 1994 50 mil refugiados da guerra de 
Ruanda morreram nos primeiros meses nos 
campos de refugiados de cólera e diarreia por 
Shigella Dysenteriae (CDC) 
 
 
 
CDC. Adressing emrging infectius diseases threats: a preventin 
strategy for United States: executive summary. MMWR ; 
recommentations and reports 1994;43(5);1-18. 
Fatores Sociais 
 
 Empobrecimento do povo. 
 Decadência urbana. 
 Desemprego ( perda de emprego em massa) 
 Aumento da criminalidade. 
 Violência urbana. 
 Insegurança. 
 
 
 
 
. 
Fatores Econômicos 
 
 Facilidade de transportes, viagens e comércio 
internacionais – doenças 
 Reemergencia da cólera na América do Sul , 
1990 ( água de lastro de navios Ásia-Peru). 
 Hantavirus – roedores do navio ( febre 
hemorrágica com síndrome renal e pulmonar). 
 Áreas de ocupação agrícola Síndrome 
Pulmonar por Hantavírus em culturas de cana-
de-açúcar – São Paulo e arroz no Maranhão. 
 Produção de alimentos em escala industrial – 
surtos de DTAs ( atingir um número maior de 
pessoas em regiões geográficas mais 
distantes). 
 
 
 
 
. 
Fatores Ambientais 
 
• Projetos de engenharia. 
• Construção de represas. 
• Construção de rodovias. 
• Expansão de fronteiras. 
 
 
 Reemergencia de doenças ( ITAIPU – Malária no sul do Brasil). 
Ocupação da fronteira oeste anos 1970 – migração de populações. 
Proximidade de seres humanos + animais aves e suínos na CHINA – 
vírus da gripe. 
 
Aquecimento global 
Catástrofes ambientais 
 
 
 
 
 
Binômio Saúde e Doença 
 
 Texto para Reflexão... 
 O CONCEITO DE SAÚDE E DO PROCESSO SAÚDE–DOENÇA 
 
Epidemiologia nutricional e impacto das doenças e 
agravos sobre a saúde e alimentação da população 
 
Epidemiologia 
 Estudo dos determinantes do processo saúde doença em 
grupos populacionais. 
 Ciência que estuda a distribuição e a frequência das 
doença/agravos nas comunidades. 
 
 Investigação das causas (determinantes) e propõe 
metodologias de controle . 
 
 
 
 (Fonte:Medronho, 2002) 
Epidemiologia 
 Epidemiologia e Saúde Pública: 
 
 Ferramenta usada para detecção de problemas pertinentes a 
saúde de uma população definida (fixa) ou uma população 
flutuante. 
 
 Baseada nos fatores (variáveis) observados pelos investigadores 
Epidemiologia 
 Perfil Epidemiológico 
 
 Quem?- 
 Grupos mais vulneráveis (idade, sexo, raça, escolaridade, 
 estilo de vida, profissão, cultura, religião etc....) 
 
 Onde? 
cluster espacial –características geográficas: rural x urbano; 
população difusa -espalhamento (migração e mobilidade) 
Epidemiologia 
 Quando? 
 
-intervalo de tempo (estudo de seguimento); 
 -ano cronológico ; 
estação do ano (tipicamente de inverno, epidemias de 
verão). 
Epidemiologia 
 Variáveis atribuídas a pessoa (quem?): 
 
I-Sexo e Idade 
 
◦ mulheres internam mais que os homens e o risco de morrer entre 
os homens é maior do que entre mulheres; 
 
◦ nascem mais homens; 
 
◦ perfil de mortalidade diferente segundo sexo; 
 
◦ acidente à veiculo motor -homens 15 a 24 anos; 
 
◦ prevalência de baixo peso ao nascer maior em faixas etárias 
extremas entre filhos de mãe com baixa escolaridade. 
 
Epidemiologia 
 
 II- Religião 
 identifica grupos na população com diferentes perfis de morbimortalidade. 
 Temos como exemplo : 
 
 * abstinência de fumo entre os mórmons (menor frequência de CA de pulmão 
em Utah-EUA); 
 
 * circuncisão -judeus (judias com maior frequência de um tipo raro de câncer 
no cérvix ,judeus com menor frequência de câncer de próstata) 
 
Epidemiologia 
 
 Distribuição das doenças no espaço (Onde?) 
 
 Desenho de estudo ecológico onde a unidade de análise é uma 
fração do espaço (bairro, florestas, área rural, país, região, etc); 
 
 Ex1.-Psicose maníaco-depressiva é menos frequente em áreas 
cujo solo é rico em sais de lítio (Dawson e tal, 1970). 
 
Epidemiologia 
 
 Ex.2 
 -Bócio endêmico -doença da 
tireoide devido a escassez de 
iodo -falta de iodo no solo 
(alimentos e água). 
 
Epidemiologia - Mapeamento: 
 
Jonh Snow →epidemia de 
cólera, Londres em 1854 
→associação espacial 
entre mortes por cólera e 
suprimento de água, 
mesmo sem conhecer seu 
agente etiológico 
 
Concentração de casos 
em áreas próximas a 
bomba d’água Broad Street 
Epidemiologia - Mapeamento:Epidemiologia 
 
 Série Temporal (Quando?) 
 
◦ um conjunto de observações ordenadas no tempo; 
 
◦ desenho de estudo ecológico onde a unidade de análise é 
uma fração do tempo (hora, dia, semana, mês, ano etc); 
 
◦ objetivos: descrição do comportamento, predição e controle; 
 
◦ componentes: tendência; ciclos; sazonalidade 
 
◦ componente aleatório (irregularidades). 
 
 
Epidemiologia 
 Tendência 
 análise das mudanças na frequência (incidência, 
mortalidade, etc.) de uma doença por um longo 
período de tempo, geralmente, décadas. 
 
 Avaliação de impacto 
 
 
Epidemiologia 
 
 Sazonalidade 
variação ocorre dentro de um período de um ano 
 ex1-mortalidade por doenças cardiovasculares e 
doenças respiratórias: aumenta-inverno e diminui -
verão, (KUNST et al, 1993; SAEZ et al., 1995); 
 
ex2-Picadas de cobra e escorpião -maior incidência 
nos períodos chuvosos (os animais saem mais de 
seus refúgios à procura de locais secos (PEREIRA, 
1995); 
Epidemiologia 
 ex3- diarréias infecciosas infantis guardam estreita relação com a 
etiologia e a forma predominante de transmissão: Protozoários 
e bactérias -transmissão fecal-oral (diarréia de verão); 
 vírus -predominante de transmissão respiratória (diarréia de 
inverno).( ROBINS-BOWNE, 1984). 
 
 epidemiologia da diarréia por rotavírus semelhante a 
epidemiologia do sarampo 
 
 ex4- dengue no verão 
 
Epidemiologia 
 Ciclicidade: 
 
 Picos na freqüência de uma doença ocorridos em um 
período maior que um ano ex. sarampo -ciclos bienais 
(antes das campanhas de vacinação): acúmulo de 
suscetíveis. 
 
 Irregularidades: Alterações aleatórias da frequência da 
doença ou inesperadas (não explicadas pelas demais 
componentes da série histórica). 
 
Epidemiologia 
 A epidemiologia se preocupa em quantificar as frequências 
com que os problemas de saúde ocorrem; 
 
 Indicadores de saúde são usados para esse fim. 
 
 Dois indicadores importantes seriam: prevalência e 
incidência. 
 
Relação prevalência x incidência 
 Quanto maior a incidência de uma doença, maior tende a ser 
sua prevalência. Exceções: picos epidêmicos, como a dengue, 
que podem não ser detectados em estudos de prevalência; 
 
 Doenças de longa duração podem apresentar alta prevalência 
e baixa incidência. Ex.: hipertensão (muitas pessoas doentes 
por longos períodos, porém com relativamente poucos casos 
novos). 
 
 
(fonte www.vetorial.net.br autor: Domingues MR.) 
Taxa de Incidência 
 Expressão da frequência com que surgem novos casos 
de uma doença, ou problema de saúde, por unidade de 
tempo, e com relação ao tamanho de uma determinada 
população. 
 
 O cálculo da taxa é a razão entre o número de casos 
novos, e o total de pessoas-tempo, matematicamente 
 
 TI = Casos novos / Pessoas-tempo 
 
 Exercícios: 
 
 
Epidemiologia 
 Tipos de Epidemias: 
 
 Nas epidemias de doenças transmissíveis de acordo com 
o período de incubação das doenças e a quantidade de 
indivíduos suscetíveis podemos abordar a ocorrência de 
casos sob duas metodologias. 
 
Epidemiologia 
 Epidemia Explosiva (ou por fonte comum): 
 
 Aumento do número de casos em um curto período 
(geralmente compatível ao tempo de incubação da 
doença). 
 
 Ex: Doenças de veiculação hídrica ou alimentar. 
 
Epidemiologia 
 Alguns exemplos descritos na literatura biomédica: 
 
Epidemia de febre tifóide em Nova Iguaçu (RJ) em 1980: 
108 casos , sendo 89 (82%) ocorreram em um período 
de seis semanas – rede de água contaminada por 
coliformes fecais- 
 
 Epidemia de gastroenterite na Barragem de Itaparica 
(BA): em 42 dias ocorreram 2000 casos e 88 óbitos – 
proliferação de cianobactérias - 
 
Epidemiologia 
Epidemias progressivas: 
 
 Ocorre um aumento gradativo do número de casos. 
 
 Fonte não é única sendo representada por exposições 
sucessivas. 
 
Epidemiologia 
 As enfermidades de contato direto evoluem geralmente dessa 
forma na comunidade. 
 
 Porém algumas doenças que tem mais de uma forma de 
transmissão podem mostrar um perfil tanto explosivo como 
progressivo, Ex: gastroenterites de contato inter-humano ou de 
veiculação hídrica ou a hepatite A que pode ser transmitida de 
ambas as formas. 
 
Epidemiologia 
 Epidemias sazonais 
 
 Essa denominação é dada para observar a frequência de 
ocorrência dentro de um período inferior a um ano. 
Epidemiologia 
RUBÉOLA:DISTRIBUIÇÃO DO Nº DE CASOS CONFIRMADOS
( LAB./VÍNC.) E COEFICIENTE DE INCIDÊNCIA(100.000 hab.) ,
 E.S.P., 1992 A 2001.
0,67
1,65
2,39
3,05
0,42
1,87
1,15 1,21
7,06
1,15
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001
Nº
 D
E 
CA
SO
S
0
1
2
3
4
5
6
7
8
C.
Inc
.
Nº CASOS C.Inc.
FONTE: SVE/D.D.T.R.(1992-97)
SINAN+ IAL (1998-01) 15/08/01
Epidemiologia 
Epidemiologia 
 Epidemiologia das Doenças Transmissíveis 
 
 
Epidemiologia 
 As doenças infecciosas tiveram uma mudança relativa 
nos últimos anos (transição epidemiológica). 
 
 Diminuição no quadro de mortalidade (passam de 
primeira causa – Década de 60-; para quarta causa –
atualmente-) 
 
 Melhorias nas condições sanitárias e desenvolvimento de 
políticas preventistas- SUS. 
 
Epidemiologia 
 
 SOURCE: WORLD HEALTH STATISTICS 2006 
 1) DOENÇAS DO APARELHO CIRCULATÓRIO – 27,5%; 
 2) NEOPLASIAS (TUMORES) – 12,7%; 
 3) CAUSAS EXTERNAS – 12,5%; 
 4) DOENÇAS DO APARELHO RESPIRATÓRIO – 9,3%; 
 5) DOENÇAS ENDÓCRINAS, NUTRICIONAIS E METABÓLICAS – 5,0%; 
 6) DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS – 4,7%; 
 7) DOENÇAS DO APARELHO DIGESTIVO – 4,5%; 
 8) ALGUMAS AFECÇÕES DO PERÍODO PERINATAL – 3,9%; 
 9) DOENÇAS DO SISTEMA NERVOSO – 1,2%; E 
 10) MÁS-FORMAÇÕES CONGÊNITAS – 1,0%. 
 
Epidemiologia 
Causas da M.I no Brasil - Total neonatal deaths : 
 Neonatal causes 38 %, 
 HIV/AIDS 1% 
 Diarrheal diseases 12%, 
 Malaria 1% 
 Pneumonia 13 % 
 Injuries 3%, 
 Others 33 % 
 
Epidemiologia 
 
 Desenvolvimentos de vacinas mais eficientes e adesão 
as campanhas vacinais 
 
 Vacinação estratégica de acordo com o perfil 
epidemiológico da população (doenças mais prevalentes, 
idade de risco, condições de risco...) 
 
 Vacinação de RNs : Hepatite B e BCG nas maternidades 
(implicam diminuições de casos novos no futuro). 
 
Epidemiologia 
 
 Problemas persistentes: 
 Prevalência de Enteroparasitoses em escolares; 
 
 Emergência de doenças : 
SARS, Gripe Aviária,H1N1, algumas arboviroses: Vírus 
Saint Louis, Encefalomielite Venezuelana, Encefalite Eqüina 
do Oeste e do Leste, Febre do Nilo, Encefalite Japonesa, 
Ebola, Rotavírus, Influenza, Vírus Marbug,Antraz. 
 
Outros problemas emergentes...... 
 Doenças de transmissão alimentar 
 
 Tuberculose multirresistente 
 
 Novos perfis de resistência em bactérias. 
 
 Agentes do Bioterrrorismo. 
Outro problemas emergentes.... 
 Doenças de transmissão alimentar. 
 Tuberculose multirresistente. 
 Novos perfis de resistência em 
bactérias. 
 Agentes de bioterrorismo 
Tipos de Indicadores em Saúde: 
1. Demográficos. 
2. Socioeconômicos. 
3. Mortalidade. 
4. Morbidade e fatores de risco. 
5. Recursos. 
6. Cobertura. 
Indicadores de Saúde 
1 – Demográficos 
 
Exemplos: 
• População total, 
• Razão de sexos, 
• Proporção de idosos, 
•Grau de urbanização. 
 
Indicadores de Saúde 
2 – Socioeconômicos 
 
Exemplos: 
• Taxa de analfabetismo. 
• Proporção de pobres. 
• Níveis de escolaridade. 
• Taxa de desemprego. 
• Taxa de trabalho infantil. 
Indicadores de Saúde 
3- Mortalidade 
 
Exemplos: 
• Taxa de mortalidade infantil. 
• Taxa de mortalidade por 
causa específica. 
• Taxa de mortalidade por 
causas externas. 
• Taxa de mortalidade por 
acidentes de trabalho. 
Indicadores de Saúde 
4- Morbidade e fatores de risco 
 
Exemplos: 
• Incidência de febre amarela. 
• Taxa de incidência de doenças 
relacionadas ao trabalho. 
• Prevalência de pacientes em 
diálise (SUS). 
• Proporção de nascidos vivos por 
idade materna. 
 
Indicadores de Saúde 
5- Recursos 
 
Exemplos: 
• Número de leitos por habitante. 
• Gasto médio por atendimento 
ambulatorial. 
• Gasto público com saúde, como 
proporção do PIB. 
• Gasto federal com saneamento. 
Indicadores de Saúde 
6- Cobertura 
 
Exemplos: 
• Proporção de partos cesáreos. 
• Número de consultas médicas 
SUS por habitante. 
• Coberta de planos e seguros 
privados de saúde suplementar. 
• Cobertura vacinal no primeiro 
ano de vida. 
Indicadores de Saúde 
 Os coeficientes mais utilizados na área da saúde 
baseiam-se em dados sobre doenças (morbidade) e 
sobre eventos vitais (nascimentos e mortes). 
Epidemiologia Nutricional 
 
• RAMO DA CIÊNCIA QUE ESTUDA INDIVÍDUOS OU POPULAÇÕES COM BASE CIENTÍFICA, 
EXPLICANDO A OCORRÊNCIA E DISTRIBUIÇÃO DE DOENÇAS E SUA RELAÇÃO COM AS DIETAS. 
 
• DISTÚRBIOS NUTRICIONAIS NÃO OCORREM AO ACASO . 
 
• A DISTRIBUIÇÃO DESIGUAL DE FATORES QUE SE DISTRIBUEM DESIGUALMENTE NA 
POPULAÇÃO. 
• O CONHECIMENTO DOS FATORES DETERMINANTES DESTES DISTÚRBIOS PERMITE A 
APLICAÇÃO DE MEDIDAS PREVENTIVAS E CURATIVAS A ALVOS IDENTIFICADOS COM 
AUMENTO EM EFICÁCIA DE INTERVENÇÕES. 
Prevalência de anemia em crianças de 0 a 59 meses segundo 
Região - PNDS, 2006. 
Região Norte 10,5% 
Região Nordeste 
25,5% 
Região 
Centro-Oeste 
11,0% 
 
Região 
Sudeste 
22,6% 
Região 
 Sul 
21,5% 
Normal 
Leve 
Moderado 
Grave 
Fonte: Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde da Criança e da Mulher 2006. WHO. Iron Deficiency Anaemia 
Assessment, Prevention and Control. A guide manangers programme. 2001; WHO. Indicators for assessing Vitamin 
A Deficiency andtheir application in monitoring and evaluating intervention programas. WHO/NUT/96.10.1996 
Epidemiologia Nutricional 
Prevalência de hipovitaminose A em crianças segundo 
Região - PNDS, 2006. 
Leve 
Moderado 
 
Região Norte 
10,7% 
Fonte: Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde da Criança e da Mulher 2006. WHO. Iron Deficiency Anaemia Assessment, Prevention and Control. A guide manangers 
programme. 2001; WHO. Indicators for assessing Vitamin A Deficiency andtheir application in monitoring and evaluating intervention programas. WHO/NUT/96.10.1996 
 
Região 
Nordeste 
19,0% 
 
Região Centro-
Oeste 
11,8% 
Região Sudeste 
21,6% 
Região 
 Sul 
9,9% 
Grave 
Epidemiologia Nutricional 
Prevalência de anemia em mulheres em idade fértil segundo Região - PNDS, 2006. 
 
Normal 
Leve 
Moderado 
Grave 
Região Norte 
19,3% 
Região 
Nordeste 
39,1% 
 
Região Centro-
Oeste 
20,1% 
Região 
Sudeste 
28,5% 
Região 
 Sul 
24,8 
Fonte: Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde da Criança e da Mulher 2006. WHO. Iron Deficiency Anaemia Assessment, Prevention and 
Control. A guide manangers programme. 2001; WHO. Indicators for assessing Vitamin A Deficiency andtheir application in monitoring and 
evaluating intervention programas. WHO/NUT/96.10.1996 
Epidemiologia Nutricional 
Distribuição do baixo peso por idade entre crianças menores de 5 anos 
com acompanhamento registrado no SISVAN, Regiões. Brasil, 2003 
2008 
 
Distribuição da baixa estatura por idade entre crianças menores de 5 
anos com acompanhamento registrado no SISVAN, Regiões. Brasil, 2003 
– 2008- 
Distribuição do peso elevado por estatura entre crianças menores de 10 
anos com acompanhamento registrado no SISVAN, Regiões. Brasil, 2003 
- 2008 
Transição Nutricional - Participação relativa de grupos de alimentos 
no total de calorias da aquisição alimentar domiciliar 
19,09 
13,36 
8,13 
4,85 
1,15 
14,71 
10,29 
5,68 
3,34 
0,18 
Arroz Açúcar Feijões Raízes e tubérculos Ovos
1974-1975 1987-1988 1995-1996 2002-2003
Transição Nutricional - Tendência secular do excesso de peso no Brasil 
18,6 
29,5 
41 
1975 1989 2003
HOMENS 
2,2x 
28,6 
40,7 
39,2 
43 
1975 1989 2003 2006
MULHERES 
1,5x 
Fonte:Monteiro,2005; PNDS, 2006

Continue navegando