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Análise guiada do Plano Real | Daniel Sindeaux Braga – 16/0151554
Universidade de Brasília
Daniel Sindeaux Braga
16/0151554
Análise guiada do plano Real
Economia Brasileira 2018/2
Brasília – DF
2018
O plano Real teve seu início em 1993, um programa de estabilização econômica implementada pelo então ministro Fernando Henrique Cardoso presidido no governo de Itamar Franco. 
O Brasil se encontrava internamente com inflação de 25% ao mês, dívida externas com grande agrave vindo do fim da ditadura e muita desconfiança pela população e investidores cansados de políticas econômicas falhas. 
Além disso, a inflação se encontrava em um crescimento lento, mas estável pelo próprio governo, no chamado Efeito Oliveira-Tanzi às vessas por Edmar Bacha (1994). O efeito Oliveira-Tanzi afirma que há uma relação entre arrecadação fiscal e taxas de inflação, de tal forma que as diferenças entre a geração do tributo pelo governo e o momento de real efetivação era agravada pela desvalorização da moeda que tornava menor a arrecadação. Enquanto, na visão de Edmar Bacha, no Brasil, os impostos eram protegidos pela inflação, porém as despesas apareciam em termos nominais no orçamento, assim havia uma redução do gasto real e geração de um imposto inflacionário, ou seja, um efeito em verso: quanto menor as alíquotas impostos e taxas, maior seria a arrecadação dos tributos.
 Tendo em mente essas adversidades, o grupo de Fernando Cardoso, ao desenvolver o plano, sabia que teria que impor seu plano tendo três coisas em mente: a diminuição dos gastos ligados e financiados pela inflação, aplicar reforma monetária e capturar a confiança pública e de investidores de forma rápida.
Isso nos leva a uma análise importante a se fazer. Durante a década de 60, o combate a inflação era visto como algo de longo prazo, considerada autossustentável, inflexível e possuidora de uma inércia inflacionária, sendo impossível de ser corrigida por formas monetárias e recursos fiscais, ocasionada pela errônea extrapolação de empresas e pessoas da inflação futura. Porém, de acordo com Thomas Sargent (1982), existe uma possibilidade de negar essa inércia e sua lentidão ao passo que os agentes econômicos olhem para a inflação para frente com olhar positivo, acreditando na capacidade do governo de alcançar suas expectativas positivas. Isso implica que é possível acabar com a inflação rapidamente, mas é necessário disciplina e comprometimento do governo com políticas consistentes.
Desta forma, apostando na negação da inércia, o plano Real foi aplicado pelo programa de ação imediata (PAI), feito a curto prazo e com métodos conservadores, aplicando uma ampla reforma monetária dividida em três estágios: primeiro, uma reforma orçamentária, depois uma introdução de uma moeda monetária e, por último, a conversão da nova unidade monetária em uma nova moeda do país.
Em dezembro de 1993, depois de algumas controvérsias com o programa e desapoio do FMI, foi necessário a aprovação de uma emenda constitucional, pelo congresso, formulada com um fundo social de emergência. Após aprovação, foram feitos 20% de cortes do estado com gastos vinculados a inflação, renegociação das dívidas de estados e municípios, do relacionamento contábil entre Banco Central e Tesouro Nacional e das dívidas externas. A primeira fase teve um intuito, como dito antes, de convencer a todos que o governo tinha competência e capacidade pela diminuição de despesas sem precisar aumentar a receita. Tanto nas compressões dos gastos autorizados quanto na geração de imposto inflacionário, o governo era dependente da inflação para equilibrar suas contas, portanto era preciso abandonar metodologias de arrecadação de orçamento dependentes da inflação.
Três meses depois, venho a segunda parte do plano, antes de se aplicar a nova moeda Real e se tornar uma moeda estável, era necessário adiciona-la de forma mais natural a economia. Assim, foi introduzida a unidade real de valor (URV), uma unidade de conta estável com uma relação cambial de no máximo 1 para 1 em relação ao Dólar. Primeiramente, ela seria permitida, e futuramente obrigada, a ser convertida como uma unidade de conta para todos os contratos. Essa proposta traria indexação diária aos contratos enquanto a nova moeda seria reajustada diariamente com paridade ao dólar, porém contratos em dólares foram proibidos. Essa fase teve como função alinhar os preços relativos mais importantes da economia (datas de reajuste de contrato causariam dispersão desses preços).
Por último, quatro meses depois, foi aplicado o último estágio do plano: conversão da URV em nova moeda oficial do Brasil, mantendo sua paridade cambial com o dólar de no máximo R$ 1 para US$ 1, sua emissão seria liberada ao mesmo tempo que a moeda antiga, cruzeiro novo, saia. O que diferenciou essa parte dos planos antigos foi justamente um aviso de antecedência de 30 dias, mantendo a clareza das ações do governo e reforçando a confiança proposta. 
Após a realização do plano, houve estabilidade econômica, reaquecimento do mercado e aumentou do poder aquisitivo da população, gerando crescimento considerável de consumo assim como o aumento da produção de bens e serviços. Em contrapartida, crises externas ao longo dos anos de reforma econômica (crise do México, crise Asiática e crise da Rússia) entre 1995 e 1998, levaram o aumento da taxa básica de juros para frear a saída de dólares pelo medo de investidores e pelas privatizações que esgotaram s reservas cambiais do governo.
Compactando esse tema, é conveniente perceber que, seguindo as conclusões de Thomas Sargent (1982), o agente econômico sempre busca seu melhor, assim, sempre que houver mudanças de estratégia de governo, as pessoas iram mudar sua forma de financiar seu dinheiro. Portanto, planos econômicos de qualquer tipo nunca devem negar esse fator dinâmico e devem priorizar a confiança dos agentes para encontrar mais estabilidade e organização.
Referências
. Hall, Robert. Inflation: Causes and Effects. 1982
. Bacha, Edmar. Plano Real: Uma Avaliação Preliminar 
. Bourroul, Marcela. Ferreira, Michelle. Os 20 anos do Plano Real .2014. disponível em: http://20anosdoreal.epocanegocios.globo.com/index.html#retrospectiva. acesso em 4 de outubro de 2018.
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