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Química AmbientalSaúde da Mulher da Criança e do AdolescenteTécnico em Enfermagem BELO HORIZONTE / MG ISABELA DUARTE MARTHA APARECIDA DA SILVA SAÚDE DA MULHER DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE AUTORES ............................................................................ ISABELA DUARTE MARTHA APARECIDA DA SILVA ADASTRA EDITORA LTDA ............................................................................ Avenida Afonso Pena, 941 – 4º andar Centro CEP: 30.130-002 – Belo Horizonte – MG PROMOÇÃO DA SAÚDE SAÚDE DA MULHER DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE 610.73 D812s Duarte, Isabela. Saúde da mulher, da criança e do adolescente / Isabela Duarte, Martha Aparecida da Silva. Belo Horizonte – MG : Adas- tra Editora, 2015. 170 f. ; il., ISBN 978-85-69111-47-4 Apostila de Técnico em Enfermagem. 1. Saúde. 2. Gestação. 3. Recém-nascido. 4. Adolescente I. Título. CDD: 610.73 Saúde da Mulher da Criança e do AdolescenteTécnico em Enfermagem SUMÁRIO CURSO TÉCNICO EM ENFERMAGEM ......... 10 ......................... 10 ..... 11 ............... 11 ..................... 14 .................. 15 ............................... 15 ..................... 16 ......................................... 16 ........................................................ 21 ................................. 21 ........ 27 ........ 27 ........... 29 .............................................................. 38 .................................................. 38 ....................................................... 39 ................................. 39 ................................ 39 ................................................... 39 UNIDADE I - ASSISTÊNCIA À SAÚDE DA MULHER 1. Os avanços na assistência à saúde da mulher 2. Humanização e acolhimento 3. Programa de assistência integral à saúde da mulher (PAISM) 4. Competência da unidade de saúde - Ideias-chave - Recapitulando - Para fixar o conteúdo UNIDADE II - ANATOMIA E FISIOLOGIA 1. O aparelho reprodutor feminino 2. O aparelho reprodutor masculino 3. Fases da vida da mulher 4. Principais hormônios femininos 5. O ciclo reprodutivo - Ideias-chave - Recapitulando - Para fixar o conteúdo UNIDADE III - PLANEJAMENTO FAMILIAR 1. Conceito 2. Métodos contraceptivos - Ideias-chave - Recapitulando - Para fixar o conteúdo UNIDADE IV - ENFERMAGEM EM GINECO- LOGIA 1. Queixas mais frequentes das mulheres 2. Exames e procedimentos mais comuns em ginecologia 3. Afecções ginecológicas mais comuns - Ideias-chave - Recapitulando - Para fixar o conteúdo UNIDADE V - DOENÇAS SEXUALMENTE TRANSMÍSSIVEIS (DSTs) 1. Sífilis 2. Cancro mole 3. Gonorreia 4. Infecção por Chlamydia 5. Linfogranuloma venéreo 6. Donovanose 7. Trichomoníase 8. Herpes simples genital 9. Infecção pelo papiloma vírus humano (HPV) 10. Hepatite B 11. Síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS ou SIDA) 12. Prevenção das DSTs 13. Quando suspeitar de DST - Ideias-chave - Recapitulando - Para fixar o conteúdo UNIDADE VI - A GESTAÇÃO 1. Aspectos emocionais da mulher no ciclo gravídico puerperal 2. Desenvolvimento da gravidez 3. O desenvolvimento embrionário 4. O desenvolvimento fetal 5. Os anexos embrionários 6. A circulação fetal 7. A gestação 8. Cálculo da idade gestacional e data provável do parto 9. Trimestres de gravidez 10. Nutrição - Ideias-chave - Recapitulando - Para fixar o conteúdo UNIDADE VII - ASSISTÊNCIA PRÉ-NATAL 1. Objetivos 2. Fatores determinantes para uma atenção pré-natal de qualidade 3. O sisprenatal 4. O cartão de pré-natal 5. Pré-natal de alto risco e de risco habitual 6. Vacinação da gestante 7. Assistência de enfermagem à gestante gemelar 8. Orientações - Ideias-chave - Recapitulando - Para fixar o conteúdo UNIDADE VIII - COMPLICAÇÕES DURANTE O PERÍODO GESTACIONAL 1. Síndromes hemorrágicas 2. Doença hipertensiva específica da gravi- ............................................... 40 .................................. 40 ........... 41 ...................................................... 41 ...... 41 ..................................... 42 ............................. 42 ....... 47 ....................... 47 .................... 47 ................................ 48 ................................ 48 ........................................... 48 ..................................................... 49 .............. 51 .................................. 51 ......................................................... 51 ........................................................ 54 ..... 54 ................................................. 54 .................................... 55 ..... 55 .................................. 56 ........ 56 ................................................... 56 .............................. 62 ..... 64 I N T R O D U Ç Ã O Saúde da Mulher da Criança e do AdolescenteTécnico em Enfermagem SUMÁRIO CURSO TÉCNICO EM ENFERMAGEM ..................................... 65 ............................................. 65 .................................................... 66 ...................... 66 ................... 66 ......................................... 67 ...................................................... 68 ................................... 71 .................................................. 71 ...... 72 ......................... 72 ......................................................... 73 .......................................................... 73 .......................... 73 ......................................... 75 .................................... 75 ......................................................... 80 ..... 80 ....... 81 .... 82 ........................................................... 86 ........................................................... 86 .... 87 .... 87 .............. 87 ............... 89 dez - DHEG 3. Diabetes gestacional 4. Sofrimento fetal 5. Polidrâmnio 6. Infecção do trato urinário (ITU) 7. Doenças de transmissão vertical 8. Eritroblastose fetal 9. Óbito fetal - Ideias-chave - Recapitulando - Para fixar o conteúdo UNIDADE IX - PARTO HUMANIZADO 1. Classificação do parto 2. Parto normal 3. Monitoramento dos batimentos cardiofe- tais 4. Indução do trabalho de parto 5. Cesárea 6. Distócia 7. Assistência de enfermagem 8. Parto humanizado 9. Método Mãe Canguru - Ideias-chave - Recapitulando - Para fixar o conteúdo UNIDADE X - PUERPÉRIO 1. Conceito 2. Assistência de enfermagem no puerpério 3. Principais alterações ocorridas no puer- pério 4. Complicações mais comuns no puerpério - Ideias-chave - Recapitulando - Para fixar o conteúdo ESTUDOS DE CASO • Caso 1 • Caso 2 UNIDADE XI - ASSISTÊNCIA À SAÚDE DA CRIANÇA 1. Humanização da assistência/acolhimento 2. Programa de atenção integral a saúde da CRIANÇA – PAISC 3. Atendimento da criança na atenção primária 4. Atendimento na unidade hospitalar - Ideias-chave - Recapitulando - Para fixar o conteúdo UNIDADE XII - ASSISTÊNCIA AO RECÉM-NASCIDO 1. O recém-nascido 2. Triagem neonatal - “Teste do pezinho” - Ideias-chave - Recapitulando - Para fixar o conteúdo UNIDADE XIII - CUIDADOS COM O RECÉM-NASCIDO ENFERMO E COM MÁ FORMAÇÃO CONGÊNITA 1. O recém-nascido com sinais gerais de perigo 2. Sepse neonatal 3. Hiperbilirrubinemia e icterícia 4. Distúrbios respiratórios 5. RN com má formação congênita - Ideias-chave - Recapitulando - Para fixar o conteúdo UNIDADE XIV - AMAMENTAÇÃO E ORIEN- TAÇÃO ALIMENTAR 1. Vantagens do aleitamento materno 2. Anatomia e fisiologia da amamentação 3. Cuidados e orientações 4. Técnica correta para a amamentação 5. Técnica de ordenha manual para extração do leite 6. As dificuldades na amamentação 7. As drogas e a lactação 8. Introdução de alimentos complementares 9. Suplementação alimentar 10. Nutrição de prematuros 11. Obesidade infantil - Ideias-chave - Recapitulando - Para fixar o conteúdo UNIDADE XV - ALGUNS ASPECTOS IM- PORTANTES NA ASSISTÊNCIA À SAÚDE DA CRIANÇA 1. Imunização 2. Acompanhamento do crescimento e desenvolvimento 3. Acidentes mais comuns na infância, por faixa etária e sua prevenção ........................................... 98 ........ 107 ........ 112 ............................................ 112 ...................... 113 ................................ 114 ................. 115 ............. 119 ....... 119 ............................... 119 ........ 120 .. 120 ............... 121 ................................ 122 .. 122 ........................... 123 .............................. 123 ....................................... 125 .................................................. 130 ........... 131 ..... 133 Saúde da Mulher da Criança e do AdolescenteTécnico em Enfermagem SUMÁRIO CURSO TÉCNICO EM ENFERMAGEM .. 134 .................. 139 ........................................ 140 ............................... 140 ................................. 142 ................................. 150 .. 156 ... 157 ........... 157 .. 158 .................................................... 158 ....................................................... 159 .............. 159 ................................................ 161 ................................................. 161 .......... 162 ......................................... 166 ...................................... 167 .................................................. 167 ............................................................ 170 4. A criança ou adolescente vítima de violên- cia doméstica - Ideias-chave - Recapitulando - Para fixar o conteúdo UNIDADE XVI - DOENÇAS MAIS COMUNS NA INFÂNCIA 1. Desnutrição energético proteica 2. Anemia ferropriva 3. Diarreia e desidratação 4. Doenças respiratórias 5. Parasitoses intestinais - Ideias-chave - Recapitulando - Para fixar o conteúdo UNIDADE XVII - ATENÇÃO À SAÚDE DO ADOLESCENTE 1. Programa de atenção à saúde do adoles- cente (PROSAD) 2. Atenção integral à saúde do adolescente 3. Assistência à saúde do adolescente 4. Atribuições do técnico de enfermagem na assistência ao adolescente 5. Vacinação 6. Nutrição 7. Carências e distúrbios nutricionais 8. Saúde bucal 9. Sexualidade 10. Principais situações de risco que en- volvem o adolescente - Ideias-chave - Recapitulando - Para fixar o conteúdo ESTUDOS DE CASO SITES E LINKS ÚTEIS BIBLIOGRAFIA ANEXOS Saúde da Mulher da Criança e do AdolescenteTécnico em Enfermagem 8 SAÚDE DA MULHER DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE Por um bom tempo, a atenção à saúde da mulher esteve voltada para o aspecto da reprodução. Como herança desse tempo, ainda não é raro nos remetermos imediatamente ao pré-natal e ao parto quando pensamos na assistência a esta população. Contudo, é necessário considerar que a saúde da mulher engloba muitos outros aspectos, já que esta possui diversas particularidades relativas ao gênero, que vão muito além da sua função reprodutiva. Considerando o perfil da população feminina brasileira, do ponto de vista epidemiológico, é possível destacar alguns fatores importantes: • A morbidade por violência sexual e doméstica afeta prioritariamente as mulheres. • A população feminina é particularmente afetada por problemas relacionados ao exercício da sexualidade, tendo como complicação a transmissão vertical de DSTs, como AIDS e Sífilis, por exemplo. • As principais causas de morte entre as mulheres são: - Doenças cardiovasculares; - Neoplasias (câncer de mama, pulmão e colo uterino); - Pneumonias; - Doenças endócrinas, nutricionais e metabólicas (principalmente o diabetes); - Causas externas. • A mortalidade materna não está entre as 10 principais causas de óbito entre as mulheres, mas é importante considerar que 92 % dessas mortes são evitáveis. Com base nisso, o coeficiente de mortalidade materna no Brasil ainda é considerável. • As principais causas de óbito materno nas capitais brasileiras, atualmente, são: hipertensão arterial, hemorragias, infecção puerperal e aborto. • Com relação à assistência à gestação e puerpério, a porcentagem de mulheres que realizam as 6 consultas de pré-natal ainda é muito baixa, e menor ainda é a cobertura da consulta puerperal. • A fecundidade, o número de partos e as internações por aborto têm aumentado em mulheres com idade precoce. A infância é a fase da vida mais intensa no que se refere ao crescimento do corpo, maturação do organismo e desenvolvimento neuropsicomotor. É também um momento de bastante vulnerabilidade do indivíduo a problemas que possam afetar a sua saúde em todos os aspectos. Dessa forma, é necessário que a criança receba uma atenção, que seja baseada na promoção da saúde, prevenção de doenças, diagnóstico precoce e recuperação dos agravos à saúde. Tal cuidado deve ser iniciado ainda no pré-natal, de forma humanizada e que considere todas as particularidades dessa fase da vida. Além disso, as condições de saúde das crianças também têm grande importância, do ponto de vista epidemiológico, uma vez que a morbidade e a mortalidade infantil, sobretudo no primeiro ano, são sensíveis indicadores das condições de vida de uma população. Assim como as crianças, os adolescentes também se apresentam como um público que merece lugar de destaque nas políticas de saúde. Essa fase da vida é marcada por intensas modificações biológicas, psicológicas e sociais, bem como pela exposição a diversas condições que aumentam os riscos de agravos para a sua saúde. Com base no exposto, o presente componente curricular vem tratar da atenção à saúde da mulher em todos os seus aspectos, abordando desde a anatomia e fisiologia SAÚDE DA MULHER, DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE Introdução 9Saúde da Mulher da Criança e do AdolescenteTécnico em Enfermagem SAÚDE DA MULHER DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE Charge para debate e análise em sala do sistema reprodutor, passando pela ginecologia, DSTs e planejamento familiar, até o ciclo gravítico-puerperal. Este material pretende ser subsídio para o conhecimento dos principais aspectos relacionados à saúde da criança e do adolescente, bem como da assistência de enfermagem a esse público. Aborda-se a assistência à criança na unidade de atenção primária a saúde, assim como na unidade hospitalar; focaliza-se o recém- nascido, englobando os cuidados com o mesmo e os principais problemas manifestos nessa idade; apresentam-se as doenças mais comuns na infância, a amamentação e nutrição; discute-se a atenção à criança e aos adolescentes vítimas de violência doméstica; e, por fim, relacionam-se os principais aspectos da assistência à saúde do adolescente. A infância é a fase da vida mais intensa no que se refere ao crescimento do corpo, maturação do organismo e desenvolvimento neuropsicomotor. É também um momento de bastante vulnerabilidade do indivíduo a problemas que possam afetar a sua saúde em todos os aspectos. Dessa forma, é necessário que a criança receba uma atenção que seja baseada na promoção da saúde, prevenção de doenças, diagnóstico precoce e recuperação dos agravos à saúde. Tal cuidado deve ser iniciado ainda no pré-natal, de forma humanizada, considerando todas as particularidades dessa fase da vida. Além disso, as condições de saúde das crianças também têm grande importância, do ponto de vista epidemiológico, uma vez que a morbidade e a mortalidade infantil, sobretudo no primeiro ano, são sensíveis indicadores das condições de vida de uma população. Assim como as crianças, os adolescentes também se apresentam como um público que merece lugar de destaque nas políticas de saúde. Essa fase da vida é marcada por intensas modificações, tanto do ponto de vista biológico, como psicológico e social, bem como pela exposição a diversas condições que aumentam os riscos de agravos para a sua saúde. Com base no exposto, o presente componente curricular pretende ser subsídio para o conhecimento dos principais aspectos relacionados à saúde da criança e do adolescente, bem como da assistência de enfermagem a esse público. Aborda-se a assistência à criança na unidade de atenção primária à saúde, assim como na unidade hospitalar; o recém-nascido, englobando os cuidados com o mesmo e os principais problemas manifestos nessa idade; as doenças mais comuns na infância; a amamentação e a nutrição; a atenção à criança e aos adolescentes vítimas de violência doméstica e, por fim, os principais aspectos da assistência a saúde do adolescente. Saúde da Mulher da Criança e do AdolescenteTécnico em Enfermagem 10 SAÚDE DA MULHER DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE UNIDADE I ASSISTÊNCIA À SAÚDE DA MULHER 1. OS AVANÇOS NA ASSISTÊNCIA À SAÚDE DA MULHER Por um bom tempo, a atenção à saúde da mulher esteve voltada para o aspecto da reprodução. Como herança desse tempo, ainda não é raro nos remetermos imediatamente ao pré-natal e ao parto quando pensamos na assistência a esta população. Contudo, é necessário considerar que a saúde da mulher engloba muitos outros aspectos, já que esta possui diversas particularidades relativas ao gênero, que vão muito além da sua função reprodutiva. No Brasil, a política pública evidenciou um salto de qualidade na década de 1980, com a formulação de propostas de atenção integral à saúde da mulher (PAISM-MS; Resolução 123 do INAMPS) que incluíram, pela primeira vez, serviços públicos de contracepção, visando à incorporação da própria mulher como sujeito ativo no cuidado da sua saúde em todas as etapas de vida. No nível conceitual, a ampliação do conceito de saúde é fruto de análises da condição feminina que abrangem as esferas de produção e de reprodução, abordando as complexas relações entre ambos, tanto em nível das práticas sociais como no aspecto ideológico. A relação trabalho, mulher e saúde e a dialética biológico e social têm em comum a preocupação em avançar numa caracterização da condição feminina que leva a uma ampliação do conceito de saúde. À medida que a presença das mulheres no mercado de trabalho aumentou, elas se depararam com mudanças importantes nas suas funções, estilos de vida e padrões familiares. Além disso, encontraram perigos e estresse ambientais que as levaram a focalizar, de imediato, a atenção sobre as práticas de promoção da saúde. Outras alterações no transcurso dos anos incluíram o retardo da gestação e da procriação até bem depois da estruturação das carreiras profissionais. Vários métodos de contracepção possibilitaram esta opção. Neste contexto, o cuidado à saúde da mulher nos aspectos assistenciais, preventivos e de promoção das suas necessidades ímpares se tornou essencial. 2. HUMANIZAÇÃO E ACOLHIMENTO O conceito de atenção humanizada é amplo e envolve um conjunto de conhecimentos, práticas e atitudes que visam à promoção do parto e do nascimento saudáveis, bem como à prevenção da morbimortalidade materna e perinatal. A atenção inicia-se no pré-natal, procurando garantir que a equipe de saúde realize procedimentos comprovadamente benéficos para a mulher e o bebê, bem como evite as intervenções desnecessárias, preservando a privacidade e a autonomia da mãe e do bebê. Os profissionais de saúde desempenham importante 11Saúde da Mulher da Criança e do AdolescenteTécnico em Enfermagem SAÚDE DA MULHER DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE função, colocando seu conhecimento a serviço do bem-estar da mulher e do bebê, reconhecendo os momentos críticos, em que suas intervenções são necessárias para assegurar a saúde de ambos. O profissional de saúde, consciente e responsável, desempenha o papel de minimizar a dor, ficar ao lado, dar conforto, esclarecer, orientar, ajudando no parto e nascimento. A grande maioria dos profissionais vê a gestação, parto e puerpério como um processo predominantemente biológico, em que o aspecto patológico e as técnicas intervencionistas são considerados de maior importância. A gestação é um processo que geralmente decorre sem complicações, mas deve ter uma avaliação crítica caso a caso. Reconhecer a individualidade é humanizar o atendimento, mudando condutas arraigadas de práticas rotineiras, e estimulando novas práticas e atitudes que, de foro íntimo, dependem de cada um. Algumas questões devem ser vistas como compromissos profissionais indispensáveis, tais como: sintonizar novas propostas e experiências, novas técnicas; basear-se em evidências, com olhar do observador atento; reconhecer que a grávida é a condutora do processo e que gravidez não é doença; e, principalmente, adotar a ética como pressuposto básico na prática profissional. O acolhimento, aspecto essencial da política de humanização, implica na recepção da mulher, desde sua chegada à unidade de saúde, assumindo a responsabilidade por ela, ouvindo suas queixas, permitindo que ela expresse suas preocupações, angústias, garantindo atenção resolutiva e articulação com os outros serviços de saúde para a continuidade da assistência, quando necessário. 3. PROGRAMA DE ASSISTÊNCIA INTEGRAL À SAÚDE DA MULHER (PAISM) A saúde da mulher (PAISM) A incorporação da saúde da mulher entre as políticas de saúde ocorreu nas primeiras décadas do século XX. Porém, nesta época, a atenção era limitada às demandas relativas à gestação e ao parto. Essa política recebeu muitas críticas do movimento feminista, que apontava o fato de a mulher ter a sua saúde assistida apenas no ciclo gravítico puerperal, ficando sem assistência na maior parte da sua vida. A ação e as críticas desse movimento tiveram um papel decisivo na inclusão de novas questões na agenda política nacional. De modo que, em 1984, o Ministério da Saúde elaborou o Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher e da criança (PAISMC). Em 1991, houve a separação entre o Programa da Criança (PAISC) e o Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher (PAISM). Este programa incluiu ações educativas, preventivas, de diagnóstico, tratamento e recuperação. Determinou a assistência à mulher em clínica ginecológica, no pré-natal, parto, puerpério, climatério e planejamento familiar, bem como nas DSTs, no câncer de colo do útero e mama. O PAISM norteia as políticas de atenção à saúde da mulher até os dias de hoje. Seu objetivo maior é atender a mulher em sua integralidade, em todas as fases da vida, respeitando as necessidades e características de cada uma delas. Para isto, a Secretaria de Saúde do Distrito Federal tem dado ênfase ao atendimento à população feminina através de ações preventivas e de controle às doenças prevalentes nesse grupo populacional, nos níveis primário, secundário e terciário de assistência. Atuação do PAISM As áreas de atuação do PAISM correspondem a grupos baseados nas fases da vida da mulher: 1. Assistência ao ciclo gravídico puerperal: pré-natal (baixo e alto risco), parto e puerpério; 2. Assistência ao abortamento; 3. Assistência à concepção e anticoncepção; 4. Prevenção do câncer de colo uterino e detecção do câncer de mama (Portaria 3040, de 21 de junho de 1998, do MS, instituiu o Programa Nacional de Combate ao Câncer do Colo Uterino); 5. Assistência ao climatério; 6. Assistência às doenças ginecológicas prevalentes; 7. Prevenção e tratamento das DST/AIDS; 8. Assistência à mulher vítima de violência. 4. COMPETÊNCIA DA UNIDADE DE SAÚDE A Unidade de Saúde deve ser a porta de entrada da gestante para o sistema de saúde. Ela é ponto de atenção estratégico e tem como atributo garantir a acessibilidade, responsabilizando-se pelos problemas de saúde das gestantes do seu território. Responsabilidades da equipe de atenção primária à saúde Realizar pré-natal: - Diagnóstico de gravidez; - Captar gestante; - Solicitar exames; Saúde da Mulher da Criança e do AdolescenteTécnico em Enfermagem 12 SAÚDE DA MULHER DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE - Garantir medicamentos básicos; - Classificar risco gestacional e monitorar as gestantes de alto risco; - Promover educação em saúde; - Alimentar e analisar o sistema de informação; - Tornar viável a visita da gestante à maternidade. • Prevenção do Câncer de colo do útero: realizar rastreamento; coletar material para citologia oncótica; alimentar e analisar o sistema de informação. • Prevenção do câncer de mama: realizar rastreamento, exame clínico das mamas, orientação para o autoexame das mamas; alimentar e analisar o sistema de informação. • Puerpério: realizar as consultas e encaminhar para o planejamento familiar. Competência da Maternidade na Assistência à Gestante • Acolher a gestante quando esta apresentar qualquer intercorrência ou no momento do parto; • Avaliar o grau de risco gestacional; • Solicitar os exames necessários, conforme o estabelecido no Protocolo; • Permitir a presença de acompanhante para a parturiente durante o trabalho de parto; • Monitorar a evolução do trabalho de parto, realizando os registros no partograma; • Adotar as recomendações para o parto humanizado, evitando os procedimentos desnecessários que tragam desconforto ou redução da autonomia à parturiente; • Garantir a presença de pediatra na sala de parto; • Viabilizar o alojamento conjunto; • Realizar os cuidados necessários tanto para a mãe quanto para o bebê; • Realizar as ações de educação em saúde, enfatizando o aleitamento materno e os cuidados com o bebê; • Realizar os registros necessários no prontuário, Cartão da Gestante, entre outros. IDEIAS-CHAVE Avanços na assistência à saúde da mulher; Humanização e acolhimento; PAISM; Competência da unidade de saúde; Competência da maternidade na assistência à gestante. RECAPITULANDO • No Brasil, a política pública evidenciou um salto de qualidade na década de 1980, com a formulação de propostas de atenção integral à saúde da mulher (PAISM-MS; Resolução 123 do INAMPS) que incluíram, pela primeira vez, serviços públicos de contracepção, visando à incorporação da própria mulher como sujeito ativo no cuidado da sua saúde, em todas as etapas de vida. • O conceito de atenção humanizada é amplo e envolve um conjunto de conhecimentos, práticas e atitudes, que visam à promoção do parto e do nascimento saudáveis, bem como à prevenção da morbimortalidade materna e perinatal. • O profissional de saúde, consciente e responsável, desempenha o papel de minimizar a dor, ficar ao lado, dar conforto, esclarecer e orientar, ajudando no parto e no nascimento. • O acolhimento, aspecto essencial da política de humanização, implica na recepção da mulher, desde sua chegada à unidade de saúde, assumindo responsabilidade por ela, ouvindo suas queixas, permitindo que ela expresse suas preocupações, angústias, garantindo atenção resolutiva e articulação com os outros serviços de saúde para a continuidade da assistência, quando necessário. • O objetivo maior do PAISM é atender a mulher em sua integralidade, em todas as fases da vida, respeitando as necessidades e características de cada uma delas. Para isto, a Secretaria de Saúde do Distrito Federal tem dado ênfase ao atendimento à população feminina através de ações preventivas e de controle às doenças prevalentes nesse grupo populacional, nos níveis primário, secundário e terciário de assistência. • A Unidade de Saúde deve ser a porta de entrada da gestante para o sistema de saúde. Ela é ponto de atenção estratégico e tem como atributo garantir a acessibilidade, responsabilizando-se pelos problemas de saúde das gestantes do seu território. PARA FIXAR O CONTEÚDO A. Questões discursivas 1. No atendimento humanizado, qual o papel do profissional de enfermagem? _________________________________________ _________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ 2. Qual a diferença entre acolhimento e humanização? ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ __________________________________________ __________________________________________ __________________________________________ 13Saúde da Mulher da Criança e do AdolescenteTécnico em Enfermagem SAÚDE DA MULHER DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE 3. O atendimento humanizado em saúde faz diferença na qualidade de assistência prestada aos pacientes/ clientes? _________________________________________ _________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ 4. Analise a relação entre atendimento humanizado e ética profissional. _________________________________________ _________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ 5. Qual é o significado de PAISM? _________________________________________ _________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ B. Leia atentamente as afirmativas e marque V para as verdadeiras e F para as falsas. 01.( ) A gestação é um processo que geralmente decorre sem complicações, mas deve ter uma avaliação crítica caso a caso. 02.( ) O objetivo maior do PAISM é atender a mulher em sua integralidade, em todas as fases da vida, respeitando as necessidades e características de cada uma delas. 03.( ) É de responsabilidade da equipe de atenção primária à saúde: garantir a presença de pediatra na sala de parto e viabilizar o alojamento conjunto. 04.( ) Para o parto humanizado, recomenda-se evitar procedimentos desnecessários que tragam desconforto ou redução da autonomia à parturiente. 05.( ) No Brasil, a política pública evidenciou um salto de qualidade na década de 1980, com a formulação de propostas de atenção integral à saúde da mulher (DINSAMI). ANOTAÇÕES ESPECIAIS: ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ __________________________________________ __________________________________________ __________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ __________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ __________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ __________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ __________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ __________________________________________ Saúde da Mulher da Criança e do AdolescenteTécnico em Enfermagem 14 SAÚDE DA MULHER DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE UNIDADE II ANATOMIA E FISIOLOGIA 1. O APARELHO REPRODUTOR FEMININO O aparelho reprodutor feminino é um sistema formado por um conjunto de órgãos distribuídos de tal forma que, ao permitir a cópula, sirva de acomodação para dar origem à fecundação e desenvolvimento de uma gravidez em seu interior. É dividido, anatomicamente, em órgãos genitais externos e internos. Órgãos genitais externos As estruturas externas do aparelho reprodutor feminino são: o monte de vênus, ou monte pubiano, que tem a função de proteger e acolchoar a sínfise púbica; os grandes lábios e pequenos lábios, que também têm função de proteção; o clitóris, que é o principal local de estimulação nesta região; o meato uretral, por onde sai a urina; o introito vaginal, que é a abertura externa da vagina; as glândulas de Bartholin, glândulas secretoras de muco; o hímen, tecido membranoso que recobre o orifício vaginal e o períneo, região muscular, que separa a introito vaginal do ânus e tem função de sustentar a bexiga. Este conjunto de estruturas recebe o nome de vulva. Órgãos genitais internos Internamente, o aparelho reprodutor feminino é constituído pelas seguintes estruturas: vagina, ovário, útero e tubas uterinas. Vagina É o canal que comunica os órgãos internos e externos. Ele recebe lubrificação a partir do conteúdo excretado pela glândula de Bartholin. É o órgão receptor da copulação e também via de saída do fluxo menstrual e do conteúdo gestacional no momento do parto. Ovário São as gônadas femininas. São glândulas duplas que têm como função principal o desenvolvimento e expulsão dos ovócitos, bem como a elaboração e secreção dos hormônios, estrógeno e progesterona. Tubas Uterinas São dois ductos que unem os ovários ao útero. Possuem um epitélio de revestimento formado por células ciliadas, cujo batimento dos cílios, juntamente com os movimentos peristálticos deste ducto, colaboram para a realização da função principal deste órgão: a condução do ovócito e do espermatozoide para o local da fecundação; e do zigoto em divisão na direção ao útero. Útero É o órgão responsável por receber o produto da gestação, alojá-lo para que ele possa crescer e se desenvolver, produzir as contrações durante o trabalho de parto e eliminar a menstruação caso não ocorra a fecundação. Ele se situa na cavidade pélvica anteriormente à bexiga e posteriormente ao reto. Tem o formato de uma pera invertida e é composto por três camadas: o perimétrio (camada externa, constituída de tecido conjuntivo); o miométrio (camada média, constituída de tecido muscular liso); e, por fim, o endométrio (camada interna), que é constituído de um tecido epitelial vascularizado rico em glândulas e cuja camada mais superficial é renovada ciclicamente, crescendo pela ação dos hormônios femininos e, depois, desagregando-se na menstruação. É também nesta última camada que o embrião se fixa para que possa se desenvolver. Do ponto de vista anatômico, o útero ainda é dividido em colo (região localizada na abertura da vagina, na qual é formado o canal do parto) e corpo (região na qual acontece a implantação do concepto). 15Saúde da Mulher da Criança e do AdolescenteTécnico em Enfermagem SAÚDE DA MULHER DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE As mamas As mamas são consideradas órgãos assessórios do aparelho reprodutor feminino. São as glândulas responsáveis pela produção do leite após o parto. 2. O APARELHO REPRODUTOR MASCULINO O aparelho reprodutor masculino tem a função de produzir o espermatozoide e inseminá-lo dentro do aparelho reprodutor feminino. É constituído pelas seguintes estruturas: testículos ou gônadas, pênis, vias espermáticas, epidídimo, canal deferente, uretra, escroto e glândulas anexas (próstata, vesículas seminais e glândulas bulbouretrais). Testículos São as gônadas masculinas. Sua função é a formação dos espermatozoides e a produção dos hormônios sexuais masculinos, sobretudo a testosterona. Epidídimos São dois tubos enovelados que partem dos testículos, onde os espermatozoides são armazenados. Canais deferentes São dois tubos que funcionam como via de passagem para os espermatozoides. Partem dos testículos, circundam a bexiga urinária e unem-se ao ducto ejaculatório. Vesículas seminais São responsáveis pela produção de um líquido que age como fonte de energia para os espermatozoides. Este líquido é liberado no ducto ejaculatório e juntamente com o líquido prostático e os espermatozoides, entrarão na composição do sêmen. Próstata É uma glândula localizada abaixo da bexiga urinária, que tem por função secretar substâncias alcalinas que neutralizam a acidez da urina e ativam os espermatozoides. Glândulas Bulbouretrais Produzem uma secreção transparente que é lançada dentro da uretra para limpá-la e preparar a passagem dos espermatozoides; também tem função na lubrificação do pênis durante o ato sexual. Pênis É órgão responsável pela eliminação do sêmen no interior do aparelho reprodutor feminino (processo denominado ejaculação). As estruturas que compõem este órgão são o corpo esponjoso, os corpos cavernosos, o prepúcio e a glande. Uretra É o canal localizado no interior do pênis, por onde passam os espermatozoides no momento da ejaculação, sendo também a via de eliminação da urina. Saco Escrotal, Bolsa Escrotal ou Escroto São as duas bolsas constituídas de tecido epitelial que abrigam os testículos. Sua função é manter este órgão em uma temperatura de cerca de 1 a 3°C abaixo da temperatura corporal, pois os espermatozoides não poderiam se desenvolver adequadamente na temperatura normal do corpo. 3. FASES DA VIDA DA MULHER O ciclo de vida da mulher do ponto de vista reprodutivo Do ponto de vista reprodutivo, a mulher passa por diversas fases durante a sua vida. Na infância, o aparelho genital da menina não manifesta nenhuma função específica, salientando que esta já nasce com todos de folículos, porém estes permanecem imaturos até a puberdade. Por estímulos hormonais, começa a maturidade sexual, surgindo as seguintes modificações no organismo: estirão puberal; crescimento dos brotos mamários; início do aparecimento dos pelos pubianos e axilares; início da primeira menstruação (menarca). Com a menarca, a mulher entra em sua fase reprodutiva, denominada menacma, quando ocorrem os ciclos reprodutivos. Esta fase se encerra com a menopausa (última menstruação). Saúde da Mulher da Criança e do AdolescenteTécnico em Enfermagem 16 SAÚDE DA MULHER DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE A próxima fase é o climatério, período em que os ciclos menstruais tornam-se irregulares, indicando o final da vida reprodutiva da mulher. O climatério é caracterizado por diversas manifestações, tais como escassez das menstruações (que culmina na menopausa); alterações vasomotoras, que provocam ondas de calor; sudorese; elevação da pressão arterial; palpitações passageiras e alterações do sistema nervoso, provocando instabilidade emocional, insônia e mudanças bruscas de comportamento. 4. PRINCIPAIS HORMÔNIOS FEMININOS - O GnRH: produzido pela região do cérebro denominada hipotálamo. Este hormônio estimula a liberação, pela glândula hipófise, do FSH e do LH. - O FSH e o LH: são produzidos pela glândula hipófise e agem diretamente no ovário, estimulando a maturação dos folículos (células que dão origem aos ovócitos), a ovulação, a produção do estrógeno e da progesterona e o crescimento do endométrio. - Estrógeno e progesterona: também estimulam o crescimento do endométrio e ainda levam as glândulas do endométrio a secretarem, preparando-o para a implantação do produto da concepção. - Prolactina: atua sobre a mama para estimular a produção de leite. - Oxitocina: hormônio secretado pela hipófise posterior, causa contração de miométrio no termo, ou seja, acentua a atividade uterina durante o trabalho de parto e age na liberação de leite durante a lactação. - hCG (Gonadotrofina coriônica humana): é produzido pelos tecidos do embrião em desenvolvimento e tem a função de manter o corpo lúteo no início da gravidez, para que este secrete os hormônios estrogênio e progesterona. 5. O CICLO REPRODUTIVO Todos os meses, a mulher passa por um ciclo reprodutivo, no qual ocorre basicamente: a maturação do ovócito, sua liberação (para que seja fecundado) e a menstruação ou a gestação. O ciclo ovariano Quando o ovário recebe o estímulo dos hormônios LH e FSH, vários folículos iniciam um processo de maturação, porém somente um deles, o conclui e é enfim liberado na ovulação. Isso leva em torno de 14 dias, em um ciclo de 28. Durante a maturação dos folículos as células do ovário começam a produzir o estrogênio, que continuará a ser produzido após a ovulação, por uma glândula temporária denominada corpo lúteo, que também produz a progesterona. Caso ocorra a fecundação esta glândula é mantida, caso não ocorra, ela involui. O ciclo menstrual O ciclo menstrual começa no primeiro dia da menstruação, dura em média 28 dias, podendo variar de 23 a 35. Passa por três fases: 1ª: Fase menstrual: quando a camada funcional do endométrio descama e é eliminada. Dura em torno de 4 a 5 dias. 2ª: Fase proliferativa: coincide com o período de crescimento dos folículos ovarianos. Inicialmente, a camada mais interna do útero é bastante fina, mas sob o estímulo do estrogênio, do LH e do FSH, a espessura, o teor de água, as glândulas e a rede vascular do endométrio aumentam. Essa fase dura em média 9 dias. 3ª: Fase secretora: é principalmente estimulada pela progesterona. O endométrio fica ainda mais espesso e as suas glândulas começam a secretar uma substância rica em glicogênio. Dura em torno de 13 dias. A partir desse momento o ciclo pode ter dois desfechos: 1. Se ocorrer a fecundação, o concepto libera um hormônio denominado hCG que age sobre o corpo lúteo, fazendo com que ele mantenha a produção de estrógeno e progesterona, impedindo a ocorrência da menstruação. 2. Se não houver fecundação, o ovário cessa a produção de estrógeno e progesterona, levando a uma queda abrupta dos níveis destes hormônios e consequente descamação do endométrio, ocorrendo a menstruação e iniciando um novo ciclo. Características do ciclo menstrual Duração • Hipomenorreia: menos de 3 dias • Hipermenorreia: mais de 5 dias Intervalo • Polimenorreia: a cada 15 dias ou duas vezes por mês • Amenorreia: ausência de menstruação 17Saúde da Mulher da Criança e do AdolescenteTécnico em Enfermagem SAÚDE DA MULHER DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE Quantidade • Oligomenorreia: escassa quantidade de sangue • Menorragia: profusa quantidade de sangue, geralmente com coágulos. Alterações do ciclo menstrual Menóstase: é a suspensão brusca da menstruação antes do tempo normal de seu término. Acontece, geralmente, sob influências hormonais. Dismenorreia: trata-se da dor associada à menstruação, que pode ocorrer antes, durante ou depois da mesma. Está associada a um mecanismo no qual estão presentes fenômenos espasmódicos, vasculares, congestivos e, com frequência, também psicológicos. Metrorragia: é a ocorrência de uma hemorragia uterina, não relacionada com a menstruação. Pode estar associada a várias causas, ocorrendo geralmente após o parto, no abortamento, na gravidez extrauterina, ou devido a tumores. Amenorreia: ausência de fluxo menstrual. IDEIAS-CHAVE Órgãos genitais; Ciclo Reprodutivo; Ciclo Ovariano; Ciclo Menstrual. RECAPITULANDO • O Sistema Reprodutor Feminino externo é constituído por: monte de vênus, grandes lábios, pequenos lábios, meato uretral, introito vaginal, hímen, glândulas de Bartholin, clitóris e períneo. • O sistema reprodutor feminino interno é constituído por: vagina, ovário, útero e tubas uterinas. • O sistema reprodutor masculino é constituído pelas seguintes estruturas: testículos ou gônadas, pênis, vias espermáticas, epidídimo, canal deferente, uretra, escroto e glândulas anexas (próstata, vesículas seminais e glândulas bulbouretrais). • O útero é constituído de três camadas: o perimétrio (tecido conjuntivo), o miométrio (músculo liso) e o endométrio (tecido epitelial). • As fases da vida da mulher do ponto de vista reprodutivo são: a infância (não há função reprodutiva), a puberdade (início da fase reprodutiva), a menacma (fase reprodutiva propriamente dita) e o climatério (quando cessam as funções reprodutivas). • A primeira menstruação recebe o nome de menarca, e a última, de menopausa. • Os hormônios envolvidos no ciclo reprodutivo são: GnRH, LH, FSH, progesterona e estrógeno. • No ciclo reprodutivo ocorrem basicamente a maturação dos ovócitos, sua liberação e a menstruação ou a gestação. • O ciclo menstrual se inicia no primeiro dia da menstruação. • O ciclo menstrual dura em média 28 dias, podendo variar entre 23 e 35. Charge para debate e análise em sala Saúde da Mulher da Criança e do AdolescenteTécnico em Enfermagem 18 SAÚDE DA MULHER DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE 19Saúde da Mulher da Criança e do AdolescenteTécnico em Enfermagem SAÚDE DA MULHER DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE PARA FIXAR O CONTEÚDO A. Questões discursivas 1. Cite as estruturas que formam o aparelho reprodutor feminino internamente. _______________________________________ _______________________________________ _______________________________________ ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ _______________________________________ 2. Qual a importância do endométrio para a função reprodutiva da mulher? _______________________________________ _______________________________________ _______________________________________ ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ _______________________________________ 3. Cite as estruturas que formam o sistema reprodutor masculino. _______________________________________ _______________________________________ _______________________________________ ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ _______________________________________ 4. Por que os testículos não poderiam ser localizados dentro da cavidade pubiana? _______________________________________ ______________________________________ ______________________________________ ______________________________________ _______________________________________ ______________________________________ 5. O que é a menacma e o que caracteriza esta fase da vida da mulher? _______________________________________ _______________________________________ _______________________________________ ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ 6. Explique o que é o climatério e cite as principais manifestações desta fase da vida da mulher. ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ 7. Como você vê a assistência de enfermagem no climatério? ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ _______________________________________ _______________________________________ _______________________________________ _______________________________________ 8. Qual é o objetivo do ciclo reprodutivo na mulher? ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ _______________________________________ _______________________________________ _______________________________________ _______________________________________ 9. Descreva com suas palavras o ciclo ovariano e o ciclo menstrual. ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ _______________________________________ _______________________________________ _______________________________________ _______________________________________ 10. Qual a função dos hormônios envolvidos no ciclo reprodutivo? ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ _______________________________________ _______________________________________ _______________________________________ B. Leia atentamente as afirmativas e marque V para as verdadeiras e F para as falsas. 01.( ) A menopausa é a fase que marca o final da vida reprodutiva da mulher. 02.( ) O estrógeno e a progesterona são hormônios produzidos pelo corpo lúteo, e agem no endométrio, preparando-o para a implantação do concepto. 03.( ) A menacma corresponde à fase reprodutiva da vida da mulher e é iniciada com a menarca. 04.( ) A uretra não faz parte do aparelho reprodutor masculino, pois a sua função é eliminar a urina. 05.( ) O colo do útero é a região em que ocorre a implantação do embrião. 06.( ) A temperatura ideal para o desenvolvimento dos espermatozoides é entre 36,5 e 37°C. 07.( ) A ovulação ocorre por volta do 14º dia do ciclo reprodutivo de 28 dias. 08.( ) O ciclo menstrual sempre dura 28 dias. 09.( ) O endométrio é a camada que descama no final de cada ciclo menstrual. Saúde da Mulher da Criança e do AdolescenteTécnico em Enfermagem 20 SAÚDE DA MULHER DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE 10.( ) As mamas são órgãos acessórios do sistema reprodutor feminino. C. Questões de múltipla escolha. 1. São funções do útero, exceto: a. Receber o embrião. b. Produzir as contrações durante o trabalho de parto. c. Produzir o hormônio HCG. d. Eliminar a menstruação. 2. As fases do ciclo menstrual são: a. Ovulatória e menstrual. b. Proliferativa e secretora. c. Menstrual, proliferativa e secretora. d. Ovulatória, proliferativa e secretora. 3. Sobre o ciclo ovariano, assinale a afirmativa correta. a. A fase proliferativa do ciclo menstrual coincide com o momento da maturação dos folículos. b. Em cada ciclo reprodutivo, um único folículo inicia o processo de maturação. c. A ovulação é estimulada pelo estrógeno. d. Folículos são os gametas femininos. 4. Podemos definir menopausa como: a. O fim da vida reprodutiva da mulher. b. Menstruações irregulares. c. Dor ao menstruar. d. A última menstruação. 5. Sobre o sistema reprodutor feminino, é incorreto afirmar que: a. O endométrio é a camada do útero com menor capacidade de regeneração. b. No nascimento, a menina já possui todos os folículos, que irão maturar ao longo da vida da mulher a partir da puberdade. c. As tubas uterinas possuem células ciliadas e movimentos peristálticos que servem para conduzir o ovócito para o local da fecundação ou o zigoto em formação em direção ao útero. d. As camadas do útero são perimétrio, endométrio e miométrio. ANOTAÇÕES ESPECIAIS: ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ _______________________ _______________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ 21Saúde da Mulher da Criança e do AdolescenteTécnico em Enfermagem SAÚDE DA MULHER DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE UNIDADE III PLANEJAMENTO FAMILIAR 1- CONCEITO O objetivo principal do planejamento familiar é proporcionar ao casal as informações e meios necessários para que possam decidir, de forma livre e consciente, o número de filhos e em que momento irão tê-los. Sabe-se que pelo menos metade das gestações não são inicialmente planejadas, embora possam ser desejadas. Entretanto, em muitas ocasiões, o não planejamento deve-se à falta de orientações ou de oportunidades para a aquisição de um método anticoncepcional, o que comumente ocorre com as adolescentes. Neste sentido é importante que a equipe de saúde incentive e oriente as mulheres, num contexto de escolha livre e informada, com relação à utilização dos métodos contraceptivos, nas oportunidades de contato entre elas e a equipe de saúde, ou seja, nas consultas médicas e de enfermagem, nas visitas domiciliares, durante as consultas de puericultura e de puerpério e nas atividades de vacinação. É importante também orientar à população que a maior parte dos contraceptivos protege somente contra a gravidez, mas não contra as DSTs. 2 - MÉTODOS CONTRACEPTIVOS Métodos Naturais ou comportamentais São gratuitos, não afetam a fertilidade e não têm contraindicações. Porém, são pouco eficazes se não forem combinados com outros métodos, como preservativos ou espermicidas. A maioria deles somente é adequada para mulheres com ciclo menstrual regular. Método da Tabelinha (Ogino-Knaus) A mulher deve ser orientada, inicialmente, a marcar no calendário os últimos 6 a 12 ciclos menstruais com data do primeiro dia e duração, anotando o mais curto e o mais longo, de modo que, se a diferença entre eles for maior que 10 dias, este método não deve ser utilizado. Caso contrário, procede-se o seguinte cálculo: - Subtrai-se 18 do ciclo mais curto, de modo que o resultado marca o início do período fértil (ex.: se o resultado é 10, o período fértil se inicia no 10° dia do ciclo), - A seguir subtrai-se 11 do ciclo mais longo, obtendo- se o final do período fértil (ex.: resultado 20, final do período fértil no 20° dia do ciclo). Identificado o período fértil, deve-se abster de relações sexuais com contato genital durante tal período. Método da temperatura basal Baseia-se nas alterações fisiológicas da temperatura corporal que ocorrem ao longo do ciclo menstrual, de modo que, após a ovulação, a temperatura basal aumenta entre 0,3 e 0,8° C. Desta forma, a paciente deverá observar e anotar a variação de sua temperatura, durante 2 a 3 ciclos menstruais, aferindo-a (durante 5 minutos) pela manhã (após repouso de no mínimo 5 horas), antes de se alimentar ou realizar qualquer esforço. Este procedimento deve ser realizado desde o primeiro dia da menstruação até o dia em que a temperatura se elevar por 3 dias consecutivos. Feito isso, deve-se estabelecer qual é variação normal da temperatura e o padrão de aumento, evitando relações sexuais no período fértil, ou seja, nos 3 dias em que a temperatura aumentou. Vale ressaltar que, caso a mulher tenha alguma doença infecciosa como um simples resfriado ou virose, o esquema é alterado, de modo a não ser mais possível retomar a linha basal, ou distinguir se o aumento de temperatura é devido à ovulação ou à febre. Método do Muco Cervical ou Billing Baseia-se no princípio de que o muco cervical, que aparece cerca de 2 a 3 dias depois da menstruação, é inicialmente pouco consistente e espesso. Porém, logo antes da ovulação, ele atinge o chamado “ápice”, ficando bem “grudento”. Estas modificações do muco devem ser observadas diariamente, colocando-o entre o indicador e o polegar e tentando separar os dedos. Quando percebida a alteração, a atividade sexual deve ser interrompida, permanecendo em abstinência por no mínimo 4 dias a partir do pico de produção. Saúde da Mulher da Criança e do AdolescenteTécnico em Enfermagem 22 SAÚDE DA MULHER DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE Coito interrompido Entre os métodos naturais, é o mais utilizado. Fundamenta-se na capacidade do homem em pressentir a iminência da ejaculação e, neste momento, retirar o pênis da vagina. Porém, possui baixa efetividade, não sendo muito indicado. Método da amenorreia da lactação (LAM) O aleitamento materno exclusivo também pode funcionar como um método contraceptivo, pois a sucção frequente pelo bebê envia impulsos nervosos ao hipotálamo, inibindo a ovulação por, em média, 90 dias após o parto. Porém, para este método exercer uma função contraceptiva eficaz não deve haver interrupção do aleitamento materno e a nutriz deve oferecer de 8 a 11 mamadas em 24 horas, sem suprimir totalmente o aleitamento durante a noite e sem introduzir alimentação suplementar. Métodos de barreira Os métodos de barreira são aqueles que atuam impedindo a ascensão dos espermatozoides ao útero. Suas vantagens são: o fato de quase todas as pessoas poderem usar; de não provocarem nenhum tipo de risco para a saúde; e de serem de fácil acesso. Condom, camisinha ou preservativo É o método de barreira mais utilizado. Trata-se de um dispositivo de látex (masculina) ou poliuretano (feminina), que tem a função de reter o sêmen, impedindo o seu contato com a vagina, bem como a transmissão de microrganismos por via sexual. É um método de fácil acesso, não tem contraindicações. É fornecido, tanto na versão masculina quanto na feminina, pela rede pública da saúde. Para se obter a eficácia adequada deste método, é fundamental que se tenha o cuidado de utilizá-lo da maneira correta. Conforme as observações a seguir: - Preservativo masculino O preservativo masculino é um envoltório de látex, que deve ser desenrolado, com cuidado e pelo lado correto, sempre no pênis ereto, antes de qualquer contato com a vagina, ânus ou boca. Deve ser retirado imediatamente após a ejaculação, segurando-se as bordas para impedir que os espermatozoides escapem para a vagina. Depois de retirá-lo da embalagem, deve-se apertar a extremidade (dando uma leve torcida) para evitar a entrada de ar, pois caso isso ocorra, há risco de estourar com mais facilidade. Vale lembrar que ele já vem com um lubrificante, que não deve ser retirado, pois isso também aumenta o risco de estourar. A taxa de falha varia de 3 a 14 mulheres grávidas em 100, por ano. Preservativo feminino O preservativo feminino é um tubo de poliuretano com uma extremidade fechada e a outra aberta, acoplado na cérvice uterina, paredes vaginais e vulva por dois anéis flexíveis. A sua introdução é feita flexionando o anel de modo que possa ser introduzido na vagina, empurrando com os dedos indicador e médio o máximo que puder, de modo que fique sobrando um pouco para fora, devendo permanecer assim durante a relação. O produto já vem lubrificado, devendo ser utilizado uma única vez. Deve ser retirada logo após a ejaculação, rosqueando o anel para que não escorra o líquido seminal para dentro da vagina. Se usada corretamente, sua eficácia varia de 82 a 97%. Diafragma Trata-se de um anel flexível, coberto por uma membrana de borracha fina, disponível em vários tamanhos (de acordo com o tamanho do colo uterino), que a mulher deve colocar na vagina para cobrir o colo do útero. Como uma barreira, ele impede a entrada dos 23Saúde da Mulher da Criança e do AdolescenteTécnico em Enfermagem SAÚDE DA MULHER DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE espermatozoides, devendo ser utilizado junto com um espermicida, por no máximo 6 horas antes da relação sexual. Recomenda-se introduzir na vagina de 15 a 30 minutos antes da relação sexual e só retirar de 6 a 8 horas após a última relação com penetração. Vale ressaltar que a higienização e o armazenamento corretos do dispositivo são fatores importantes na prevenção de infecções genitais e no prolongamento da vida útil do diafragma. Esponjas e os Espermicidas As esponjas são dispositivos descartáveis, feitos de poliuretano, que são adaptadas ao colo uterino. Geralmente são utilizadas em associação com espermicidas, substâncias químicas que imobilizam e destroem os espermatozoides, podendo ser utilizados combinadamente também com o diafragma ou preservativos. São encontrados em várias apresentações: cremes, geleias, supositórios, tabletes e espumas. Dispositivo Intrauterino (Diu) O DIU é um artefato de polietileno, ao qual podem ser adicionados cobre ou hormônios. É inserido na cavidade uterina e atua causando uma reação a corpo estranho, provocando alterações endometriais, espermáticas, ovulares, cervicais e tubárias, interferindo no transporte do espermatozoide pelo trato reprodutivo feminino, e impedindo, assim, a fecundação. Recentemente, foi lançado no Brasil o Mirena®, um DIU combinado com hormônios, em um formato de letra T. Este possui um reservatório contendo um hormônio que age provocando a atrofia do endométrio, além de tornar o muco cervical mais espesso, inibindo a passagem do espermatozoide através da cavidade uterina. A sua vantagem é a menor quantidade de efeitos colaterais em relação ao DIU convencional. Anticoncepção Hormonal Este método se baseia na utilização de fármacos a base de estrógeno e progesterona e atua, basicamente, de modo a inibir a ovulação, pois bloqueia a liberação de FSH e LH pela hipófise. Além disso, interfere na função de transporte das tubas uterinas, ao modificar a contratilidade das mesmas, alterando também as condições endometriais, além se produzir uma modificação no muco cervical, tornando-o hostil aos espermatozoides. Anticoncepcionais hormonais orais (pílulas) - Pílulas Monofásicas: são aquelas que contêm a mesma dosagem de hormônios (estrogênio e progesterona) em todas as pílulas, devendo- se tomar uma por dia, com uma pausa de sete dias, ao final de cada cartela, momento em que sobrevém a menstruação. - Pílulas Multifásicas: têm diferentes dosagens para cada hormônio, conforme a fase do ciclo. São tomadas como as pílulas monofásicas, mas têm cores diferentes, de acordo com a dosagem e a fase do ciclo, indicando a ordem em que devem ser tomadas. A vantagem destas é que causam menos efeitos colaterais. - Pílulas e baixa dosagem ou minipílulas: têm uma dosagem mais baixa e contêm apenas um hormônio (geralmente a progesterona). São indicadas durante a amamentação, como uma garantia extra para a mulher. Ressalte-se que elas não têm ação de inibição da ovulação, realizando apenas as demais funções dos contraceptivos hormonais. Devem ser tomadas todos os dias, sem interrupção, inclusive durante a menstruação. As pílulas são métodos de efetividade alta e bastante utilizados; porém, também apresentam algumas desvantagens e contraindicações: • Podem causar efeitos colaterais em algumas mulheres, como náusea, sensibilidade dos seios, ganho de peso ou retenção de água, alterações no humor, manchas na pele, dor de cabeça e aumento na pressão sanguínea. • São contraindicadas em mulheres fumantes, com doenças do fígado e do coração, hipertensão, suspeita de gravidez, flebite ou varizes, glaucoma, enxaqueca, AVE, ou obesidade. • Pode ter sua efetividade diminuída com o uso de algumas drogas. Se utilizada por muito tempo, pode aumentar o risco de câncer de mama. Não é recomendada para mulheres com menos de 16 ou com mais de 40 anos. Saúde da Mulher da Criança e do AdolescenteTécnico em Enfermagem 24 SAÚDE DA MULHER DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE Anticoncepção de emergência, ou pílula do Dia Seguinte É um tipo alternativo de contracepção hormonal oral a base de levonorgestrel, um tipo de progesterona. Age inibindo a ovulação, fertilização e implantação do blastocisto (zigoto em divisão). É utilizada antes de 72 horas após o coito desprotegido. Este método foi elaborado para ser usado somente nos casos de emergência, ou seja, nos casos em que os outros métodos anticoncepcionais não tenham sido adotados ou tenham falhado de alguma forma. Vale ressaltar que esta medida nem sempre surte resultados e pode ter efeitos colaterais intensos, sendo os mais comuns: náusea, dores abdominais, fadiga, cefaleia, distúrbio no ciclo menstrual, tontura, fragilidade dos seios, e, em casos menos comuns, diarreia, vômito e acnes. Não é indicada a sua utilização de modo frequente. Além disso, a sua taxa de falha aumenta de forma diretamente proporcional ao tempo decorrido do coito, bem como com a utilização frequente. Anticoncepcionais hormonais administrados por outras vias Entre os contraceptivos hormonais, existem aqueles que são utilizados por outras vias que não a via oral, sendo eles: os injetáveis, os implantes, os endovaginais e os adesivos. - Injetáveis: são administrados por via intramuscular (IM), contendo progesterona e estrógeno ou apenas progesterona. Podem ser trimestrais ou mensais, de modo que o mensal deve ter sua primeira injeção aplicada do 1º ao 5º dia do ciclo menstrual e as subsequentes a cada 30 dias, podendo variar no máximo 3 dias. Para o injetável trimestral, a primeira injeção deve ser realizada até o sétimo dia do ciclo menstrual e as próximas a cada 90 dias, extrapolando no máximo 3 dias da data estipulada. Vale lembrar que não se deve utilizar bolsa de água quente e nem massagem no local da injeção para não acelerar a liberação do hormônio (nesse caso, progesterona), o que pode alterar a sua ação. Implantes: são cápsulas de silicone, contendo hormônio sintético similar à progesterona, liberado diretamente na corrente sanguínea. A cápsula é implantada no tecido subcutâneo, na região do antebraço. A durabilidade varia com o tipo de implante e a eficácia é alta. Anticoncepcionais administrados por via vaginal: têm as mesmas características do oral, porém são metabolizados de forma mais lenta e uniforme em comparação com o que ocorre na mucosa gastrointestinal. Adesivo anticoncepcional: é utilizado sobre a pele, em diversos locais do corpo, permanecendo na posição durante uma semana, e liberando gradativamente os hormônios que são absorvidos diretamente pela circulação. Métodos Definitivos Os métodos definitivos, também conhecidos como esterilização, são: a laqueadura tubária e a vasectomia. São métodos cirúrgicos, realizados, na mulher, através da ligadura ou corte das tubas uterinas, impedindo o encontro dos gametas masculino e feminino (laqueadura) e, no homem, pela ligadura ou corte dos canais deferentes (vasectomia), o que impede a presença dos espermatozoides no líquido ejaculado. IDEIAS-CHAVE Impedimento do encontro dos gametas; abstenção sexual; inibição da ovulação; impedimento da implantação; modificações endometriais e cervicais; impedimento da ascensão do espermatozoide. RECAPITULANDO • O planejamento familiar permite ao casal decidir o número de filhos e o momento de tê-los. • Os métodos contraceptivos naturais são: tabelinha, temperatura basal, Billing, coito interrompido e 25Saúde da Mulher da Criança e do AdolescenteTécnico em Enfermagem SAÚDE DA MULHER DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE método da amenorreia da lactação (LAM). • Os métodos da tabelinha, temperatura basal e Billing só podem ser utilizados por mulheres com ciclos regulares. • Os métodos de barreira são o preservativo, o diafragma, as esponjas e os espermicidas. • Os métodos de barreira atuam impedindo a ascensão dos espermatozoides ao útero. • A função do preservativo é reter o sêmen e evitar a transmissão de microrganismos por via sexual. • O DIU é um artefato inserido na cavidade uterina que atua causando uma reação a corpo estranho. • Anticoncepção hormonal atua basicamente de modo a inibir a ovulação, pois bloqueia a liberação de FSH e LH pela hipófise. • A pílula do dia seguinte atua inibindo a ovulação, fertilização e implantação do blastocisto (zigoto em divisão). • Além dos contraceptivos hormonais orais, existem ainda os injetáveis, os implantes, os endovaginais e os adesivos. • Os métodos definitivos são: a laqueadura tubária e a vasectomia. • Laqueadura: ligadura ou corte das tubas uterinas. • Vasectomia: ligadura ou corte dos canais deferentes. • Os métodos definitivos atuam impedindo o encontro entre o espermatozoide e o óvulo, na mulher e a liberação do espermatozoide no sêmen, no homem. PARA FIXAR O CONTEÚDO A. Questões discursivas 1. Qual é o objetivo do planejamento familiar? _______________________________________ _______________________________________ _______________________________________ ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ _______________________________________ _______________________________________ 2. Quais são os tipos de métodos contraceptivos disponíveis? _______________________________________ _______________________________________ _______________________________________ ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ _______________________________________ _______________________________________ _______________________________________ 3. Os métodos da tabelinha, de Billing e da temperatura basal são indicados para quais mulheres? _____________________________________ _____________________________________ _____________________________________ _____________________________________ ____________________________________ 4. Mariana anotou o início e a duração de todos os seus ciclos menstruais durante 6 meses e constatou que o seu ciclo mais curto foi de 27 dias e o mais longo de 30 dias. Ela pode utilizar o método da tabelinha como contraceptivo? E caso ela queira engravidar, em que período do ciclo ela tem mais chances de conseguir? ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ _______________________________________ _______________________________________ _______________________________________ _______________________________________ 5. Por que o aleitamento materno exclusivo pode agir também como método contraceptivo? ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ _______________________________________ _______________________________________ _______________________________________ _______________________________________ 6. Dentre os métodos contraceptivos, qual o único que previne DSTs? ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ _______________________________________ _______________________________________ _______________________________________ _______________________________________ 7. Quais são os efeitos colaterais mais comuns das pílulas? ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ _______________________________________ _______________________________________ _______________________________________ _______________________________________ 8. No que se baseia, de um modo geral, a ação dos contraceptivos hormonais? ________________________________________ ________________________________________ _______________________________________ _______________________________________ _______________________________________ _______________________________________ Saúde da Mulher da Criança e do AdolescenteTécnico em Enfermagem 26 SAÚDE DA MULHER DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE 9. Qual a diferença entre a pílula do dia seguinte e os outros contraceptivos hormonais orais? ________________________________________ ________________________________________ _______________________________________ ________________________________________ _______________________________________ _______________________________________ _______________________________________ 10. Que procedimento é realizado na laqueadura tubária e na vasectomia? Como tais métodos impedem a gestação? ________________________________________ ________________________________________ _______________________________________ ________________________________________ _______________________________________ _______________________________________ _______________________________________ B. Leia atentamente as afirmativas e marque V para as verdadeiras e F para as falsas. 01.( ) A função dos métodos contraceptivos é evitar a gestação e prevenir as DSTs. 02.( ) A pílula do dia seguinte é um método que possui alta eficácia e com poucos efeitos colaterais, se utilizado de forma frequente. 03.( ) Entre os métodos contraceptivos naturais, o coito interrompido é o mais eficaz. 04.( ) O DIU atua causando alterações endometriais, espermáticas, ovulares, cervicais e tubárias, interferindo no transporte do espermatozoide pelo trato reprodutivo feminino. 05.( ) As pílulas multifásicas recebem este nome por serem compostas de mais de um tipo de hormônio, enquanto que as monofásicas são constituídas somente por um tipo de hormônio. As últimas são geralmente utilizadas durante a amamentação. 06.( ) O método da temperatura basal consiste em abstenção da relação sexual durante os dias em que ocorre aumento da temperatura. Isto se baseia no princípio de que a temperatura basal sofre ligeiro aumento entre 0,3 e 0,8° C após a ovulação. 07.( ) A ação da pílula do dia seguinte é exatamente a mesma da de outras pílulas anticoncepcionais. 08.( ) Os implantes são cápsulas de silicone, contendo hormônio sintético similar à progesterona, liberado diretamente na corrente sanguínea. 09.( ) Após a administração do contraceptivo injetável, a paciente deve ser orientada a aplicar bolsa de água quente e realizar massagem com movimentos circulares no local da aplicação para alívio da dor. 10.( ) O contraceptivo hormonal em forma de adesivo é utilizado sobre a pele, liberando gradativamente os hormônios, que são absorvidos diretamente pela circulação. C. Questões de múltipla escolha. 1. Sobre a administração do contraceptivo hormonal injetável, assinale a alternativa correta. a. O de aplicação mensal deve ter sua primeira injeção realizada do 1º ao 5º dia do ciclo menstrual e as subsequentes a cada 30 dias, podendo variar no máximo 3 dias. b. No de aplicação trimestral a primeira injeção deve ser feita até o 7º dia do ciclo menstrual e as próximas a cada 90 dias, extrapolando no máximo 3 dias da data estipulada. c. A via de administração é a intramuscular. d. Todas as afirmativas estão corretas. 2. São métodos contraceptivos definitivos: a. Histerectomia e Vasectomia. b. Vasectomia e Laqueadura. c. DIU e Implantes. d. Diafragma e Laqueadura. 3. São todos anticoncepcionais hormonais: a. Pílula, pílula do dia seguinte e DIU. b. Diafragma, pílula e adesivo anticoncepcional. c. Billing, diafragma e DIU. d. Pílula, adesivo anticoncepcional e implante. 4. As pílulas convencionais são contraindicadas para as seguintes mulheres, exceto: a. Fumantes, com doenças do fígado ou com glaucoma. b. Hipertensas, que possuem flebite ou varizes, ou que tenham sofrido um AVE. c. Que estejam com suspeita de gravidez, ou que sejam obesas. d. Maiores de 35 e menores de 12 anos. 5. Assinale a alternativa em que todos são efeitos colaterais das pílulas convencionais: a. Retenção de líquido e aumento na pressão sanguínea. b. Ganho de peso e alopecia. c. Náuseas e alterações no ciclo menstrual. d. Alterações de humor e prurido cutâneo. 27Saúde da Mulher da Criança e do AdolescenteTécnico em Enfermagem SAÚDE DA MULHER DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE UNIDADE IV ENFERMAGEM EM GINECOLOGIA A Ginecologia é a área que presta assistência à mulher não grávida. Neste contexto, é comum ocorrerem situações embaraçosas e, às vezes, delicadas. Por isso, os profissionais que atendem a essa população precisam estar atentos a algumas questões: • Manter uma conduta profissional dentro da ética. Não realizar julgamentos e comentários preconceituosos, mantendo sempre sigilo sobre as revelações feitas pela paciente, bem como sobre diagnóstico e tratamento aos quais a mesma já tenha sido ou esteja sendo submetida. • Cuidar para que ela não fique exposta mais do que o necessário durante exames e procedimentos. • Tratar as pacientes com uma atitude de acolhida e respeito independente de suas particularidades.
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