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Ied - Plano de aula 02

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Universidade Estácio de Sá
Curso de Direito
Introdução ao Estudo do Direito – Semana 2
DIREITO E SOCIEDADE
Sumário: 1.A sociedade e o direito numa relação de dependência; 1.1.O direito e sua função social; 1.2.A relação entre a sociedade e o direito; 1.3.A interação social e a ordem social; 2.O direito e o controle social; 2.1.Ordem social e o direito; 2.2.Controle social e segurança jurídica; 3.Relação entre o direito e a moral; 4.Semelhanças, distinções e influências recíprocas; 4.1.Distinções de ordem formal; 4.2.Dinstinções quanto ao conteúdo; 4.2.1.As teorias dos círculos; 4.2.2.Teoria do mínimo ético.
A sociedade e o direito numa relação de dependência
Muitas teses quanto à formação da sociedade divergem em orgiem, mas todas elas afirmam que o homem não nasceu para viver isolado, mas com seus pares. Primitivamente seguindo o exemplo dos animais a convivência entre seus pares fez-se necessária para a formação da prole, que com o crescimento e interação com outras proles, deu início as primeiras sociedades.
A sociedade pode ser interpretada como a convivência entre várias pessoas que gera uma interação social, a qual necessita de organização, dessa maneira, certas atitudes comportamentais começaram a existir como a cooperação, competição e conflitos as quais encontram no direito sua garantia e o instrumento que protege a dinâmica das ações.
O direito e sua função social
Pode-se observar que na cooperação as pessoas estão motivadas por igual objetivo e valor e por isso conjugam seus eforços, de forma que a interação manifeta-se direta e positiva. Na competição há uma concorrência em que as partes procuram obter o que almejam, uma visando a exclusão da outra, levando mão dos artificios necessárioas para tanto, em que a interação manifeta-se indireta e positiva. O conflito se faz presente a partir do impasse, quando há uma oposição de interesses entre pessoas ou grupos, em que a interação é direta e negativa.
O direito só irá disciplinar as forma de cooperação e competição em que haja potencial relação conflituosa, pois os conflitos são fenômenos naturais inerentes a qualquer sociedade, de forma que quanto mais complexa a estrutura desta mais esta apresentará novas formas de conflitos.
A relação entre a sociedade e o direito
O direito está presenta na sociedade em função da vida social, favorecendo o amplo relacionamento entre as pessoas e os grupos sociais que é a base do progresso da sociedade. Ao separar o lícito do ilícito, segundo valores de convivência que a própria sociedade estabelece, tornandos possível os nexos de coorperação e disciplina a competiçãoestabelecendo as limitações necessárias ao equilíbrio e à justiça das relações.
Os litígios surgidos criam para o homem as necessidades de justiça e segurança, força o direito ao estudo de fórmulas e meios capazes de prevenirem os problemas e estabelecer paz e harmonia no meio social. 
A interação social e a ordem social
Se analizarmos a sociedade como um organismo em que cabe a cada membro desta desempenhar determinada função que permite seu funcionamento, pode-se compreender a interação social como sendo a relação entre o individuo humano e o meio em que convive através de preceitos naturalistas e positivistas que regulam seu comportamento e atividades regulares segundo as suas próprias competências.
O direito e o controle social
Existem vários processos normativos que condicionam a vivência do homem na sociedade, alguns de caráter informal como a moral, a religião e regras de trato social e em caráter formal nós temos o direito, de forma que para que a sociedade ofereça um ambiente incentivador ao relacionamento entre os indivíduos é fundamental a participação e colaboração destes diversos instrumentos de controle social.
Ordem social e o direito
Dentre todos os processos normativos, o direito é o que possuiu maior pretensão de efetividade, pois não se limita a descrever os modelos de conduta social, simplesmente sugerindo ou aconselhando, ele usa como recurso de imposição a coação inexistente nos setores da moral, regra de trato social e religião.
O mundo primitivo não distinguiu as diversas espécies de ordenamento social, entretanto, os juristas e legisladores modernos não podem confundir nem invadir as diversas esferas normativas, pois toda a norma jurídica é uma limitação à liberdade individual que regula o agir humano dentro da extrema necessidade de realizar os fins reservados ao direito.
Controle social e segurança jurídica
As atividades humanas subordinam-se às normas éticas, como moral, religião e regras de trato social que determinam o agir social, e às normas técnicas, ordenamentos jurídicos, que indicam fórmulas de fazer sendo meios que capacitam o ser humano a atingir resultados.
Estas normas técnicas não constituem deveres, mas possuem caráter impositivo que desejam obter determinados fins, sendo neutras em relação aos valores, propiciando segurança e estabilidade às formas de conduta que a sociedade deve adotar para a boa convivência de seus indivíduos.
Relação entre o direito e a moral
A compreensão cabal do direito não pode prescindir do exame dos intrincados problemas que está matéria apresenta, para tanto, tem-se de levar em consideração que direito e moral são instrumentos de controle social que se distinguem, mas que não se separam completam e mutuamente se influenciam.
A moral pode ser identificada fundamentalmente como a noção de bem, que constitui o seu valor, assim sendo, podemos considerar como “bem” tudo aquilo que promove a pessoa de forma integral, a plena realização da pessoa, e integrada, o condicionamento a idêntico interesse do próximo, conceitos estes dos quais se deduzem principios que vão orientar a consciência humana.
Semelhanças, distinções e influências recíprocas
Por muitas vezes o direito e a moral assemelham-se ao abordarem assuntos de foro externo e de foro interno, chegando a confundir-se a qual âmbito, jurídico ou moral, determinado assunto pertence. Essa semelhança faz com que ambos preceitos influenciem-se mutuamente, em momentos os preceitos morais irão nortear as diretrizes jurídicas, e em outros o âmbito jurídico irá reger o comportamento moral.
Apesar das semelhanças e influências recíprocas, existem diferenças entre moral e direito que podem ser observadas distinções de ordem formal e distinções quanto ao conteúdo.
Distinções de ordem formal
Enquanto o direito se manifesta mediante conjunto de regras que definem a dimensão da conduta exigida ou fórmula de agir, a moral em suas três esferas estabelece uma diretiva mais geral sem particularizações.
As normas jurídicas possuem uma estrutura bilateral atributiva, imperativo-atributiva, ou seja, enquanto impõe um dever a alguem atribui um direito subjetivo a outrem, enquanto a moral possui uma estrutura unilateral atributiva, únicamente imperativa, atribuindo deveres.
Ao direito atribui-se de forma geral a exterioridade, ou seja, cuida das ações humanas em primeiro plano investigando a vontade em função destas quando necessários, já à moral atribui-se de forma geral a interioridade preocupando-se com a vida interior da pessoa julgando o extrior para mero aferimento. Diz-se de forma geral, pois nada atua únicamente em âmbito interno ou externo, havendo permeio em ambos.
No quesito autonomia e heteronomia, a primeira atribui-se à moral, observando-se que a autonomia não se aplica a moral social que refere-se à adaptação das condutas aos padrões morais que a sociedade estipula, enquanto a segunda ao direito, ou seja, sujeita-se ao querer alheio, pois as regras jurídicas são impostas independentes de vontade de seus destinatários.
Uma das notas fundamentais do direito é a coercibilidade, ou seja, a aplicação de força para garantir o respeito aos seus preceitos quando pela via normal de cumprimento, a voluntariedade do destinatário, isso não ocorre. A moral por sua vez carece do elemento coativo, mesmo no âmbito da moral social que consegue exercer uma certa intimidação pela desaprovaçãosocail, porém não pode ser considerada como punição. 
Distinções quanto ao conteúdo
Analisando as distinções entre moral e dirêito pelo panorama de conteúdo, tem-se a observância do significado de ordem pertencente ao direito de forma que a função primordial do direito é de caráter estrutural enquanto a moral visa ao aperfeiçoamento de ser humano, estabelecendo deveres em relação ao próximo e a si mesmo. 
As teorias dos círculos
Ainda no âmbito de conteúdo temos as teorias dos circulos. Jeremy Bentham concebeu a teoria dos circulos concêntricos que concebe que o ciculo do direito subjuga-se estando totalmente incluso no circulo da moral, mais amplo. Claude Du Pasquier por sua vez interpretou o direito e a moral como circulos secantes em que ambos possuem uma faixa de competência comum, mas cada qual com uma área de compentência particular independente. Han Kelsen mediante o positivismo desvincula o direito da moral em um sistema em que as esferas são independentes, de forma que para o cientista, a norma é o único elemento essencial ao direito cuja validade não depende de preceitos morais.
Teoria do mínimo ético
Desenvolvida por Jellinek, a teoria do mínimo ético consiste na ideia de que o direito apresenta o mínimo de preceitos morais necessários o bem-estar da coletividade, indispensável ao equilíbrio das forças sociais, pois se o direito tem como objetivo a segurança social não deve ser uma cópia do amplo campo da moral.
Questão discursiva 1 – Função social do Direito. Quando Paulo Roberto chegou, a aula já estava acabando. Silenciosamente, encaminhou-se para o fundo da sala, sentou-se e ficou ali ouvindo o professor que concluía uma aula de Introdução ao Direito, afirmando que aquela disciplina tinha como principais objetivos abrir para os alunos as portas do Curso de Direito e despertá-los para o gosto e o entusiasmo pelo Direito e que um dos objetivos da Introdução ao Direito é estimular a reflexão do aluno sobre o que é o Direito e o papel que desempenha ou pode desempenhar dentro da estrutura social. Por fim, o professor deixou duas questões na lousa para os alunos responderem. Paulo Roberto pede, então, a você, seu colega de classe, que o ajude nesta tarefa. Vamos às questões:
1 – O que é o Direito? É possível definir o termo “Direito” de maneira homogênea e definitiva?
(RESPOSTA) O termo direito possui várias concepções dentre elas o sentido de justiça, norma reguladora, atribuição, ciência, de forma a não haver uma definição homogênea e definitiva para tal vocábulo, bem como um conjunto de normas jurídicas impostas pelo estado com a finalidade de organizar a vida social, pomovendo o bem comum, de forma a não poder ser definido de maneira homogênea e definitiva, pois envolve a subjetividade.
2 – Seria o Direito mero instrumento de controle social e organização para manter a ordem? Ou seria o Direito um instrumento de proteção e defesa da pessoa e de transformação social?
(RESPOSTA) O direito abrangeria ambos os conceitos tanto regulamentando a conduta da sociedade quanto servindo de parâmetro norteador e segurança social.
Questão objetiva 2 – Relação entre direito e moral (Teorias dos Círculos) e Teoria Tridimensional do Direito Professoras Valquíria Soares Cavalcanti e Andresa Aparecida Franco Câmara. Thiago Souza, menor de idade, recorre à Justiça, requerendo alimentos em face de seus avós. Na oportunidade, a justificativa para tal pedido foi a de que teriam eles (avós) melhores condições financeiras do que os pais. Porém, a Justiça negou o pedido de alimentos requerido contra os avós, porque, com base no art. 1.698, CC/02, não ficou demonstrada a impossibilidade de os pais prestarem assistência ao filho menor. Alegou o juiz que a responsabilidade pelos alimentos é, em primeiro lugar, dos pais e filhos, e, secundariamente, dos avós e ascendentes em grau ulterior, desde que o parente mais próximo não possa fazê-lo. Nesta mesma direção, a Revista Jurídica CONSULEX – Ano VIII – n° 172, em 15/03/04, já informava que a responsabilidade de avós é complementar, valendo apenas nos casos em que os pais não estiverem em condições financeiras de prestar essa assistência alimentar ao filho. Diversos autores formularam teorias que buscam enfrentar um dos problemas mais complexos da Ciência do Direito: as diferenças entre a Moral e o Direito, que caracterizam os sistemas da moral e o jurídico. A solidariedade sempre foi considerada uma das características marcantes das relações familiares, seu verdadeiro alicerce.
1 – Qual das teorias dos círculos se aplica ao caso em questão, fundamentalmente no que se refere à obrigação de prestação de alimentos pelos pais e pelos avós?
(RESPOSTA) Teoria dos círculos secantes de Claude Du Pasquier em que o direito e a moral coexistem não se separam, pois há um campo de competência comum onde há regras com qualidade jurídica e que tem caráter moral, pois toda norma jurídica tem conteúdo moral, mas nem todo conteúdo moral tem conteúdo jurídico.
2 – É correto dizer que Direito e Moral são independentes? Justifique sua resposta, comentando, sucintamente, o caso concreto em exame, à luz das teorias que envolvem essa questão.
(RESPOSTA) Não, apesar do direito e da moral possuirem particularidade que os definiem individualmente, estes coexistem complementando-se mutuamente, pois um influencia no âmbito do outro tanto direta quanto indiretamente, caso isso não acontecesse, haveria uma séria injustiça aos avós que apesar de possuírem a responsabilidade moral arcariam com uma responsabilidade jurídica que não lhes caberia na presente situação.

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