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EXPLICAÇÃO DA LEI DAS XII TÁBUAS

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EXPLICAÇÃO DA LEI DAS XII TÁBUAS 
Tábua I 
A primeira tábua estabelece regras de direito processual, descrevendo como deverá ser o procedimento de 
chamamento do réu a um processo e o inicio de um julgamento. Demonstra claramente que é dever do réu 
responder quando chamado em juízo, porém, se não o fazer cabe ao autor levá-lo, mesmo que seja usando suas 
próprias mãos ou a força. Si in ius vocat, ito. Ni it, antestamino. Igitur em capito. “Se alguém for convocado 
para comparecer ao juízo deverá ir. Caso não comparecer o autor deverá apresentar testemunhas a essa recusa 
do réu e logo em seguida deverá prendê-lo”. Se o réu tentar fugir ou pretender não comparecer ao julgamento o 
autor poderá prendê-lo (lançar mão sobre o citado). Se por velhice ou doença o réu estiver impossibilitado de 
andar, o autor deverá lhe fornecer a condução,na época um cavalo (iumentum). Se o réu recusar o cavalo o autor 
deverá providenciar um carro, mas sem a obrigação de ser coberto. A conciliação estava presente no direito 
romano desde esta época, observando a praticidade dos acordos para resolver os conflitos. A regra era a de que 
se as partes fizerem um acordo deveriam anunciar a todos e o processo estaria encerrado. Caso não houvesse 
nenhum acordo, o pretor deveria escutar as partes no comitio ou no forum, antes do meio dia com ambas as 
partes presentes. Depois do meio dia se apenas uma das partes estivesse presente o pretor deveria se pronunciar, 
geralmente em favor do presente (um instituto similar ao da revelia). Se ambos estiverem presentes, por do sol 
seria o termo final da audiência e o inicio do julgamento. 
Tábua II 
A segunda tábua tem a pretensão de continuar os ditames da primeira, estipulando regras de direito processual. 
Contudo, não se encontra tão completa em decorrência das perdas ao longo dos séculos. . . . morbus sonticus . . 
. aut status dies cum hoste . . . quid horum fuit unum iudici arbitrove reove, eo dies diffensus esto. A primeira 
parte do texto está incompleta, estudiosos dizem que determinava às partes o depósito de certa quantia, 
denominada sacramentum. Na segunda parte vemos que se o juiz, ou árbitro ou uma das partes se achar 
acometido de moléstia grave, o julgamento deverá ser adiado. Cui testimonium defuerit, is tertiis diebus ob 
portum obvagulatum ito. Aquele que precisar de alguma testemunha, deverá ir a sua porta e o chamar em alta 
voz para comparecer ao terceiro dia. Na segunda tábua também estão incluídos as regras acerca dos furtos e 
roubos. Estabelecem que a coisa furtada nunca poderá ser adquirida por usucapião e ainda que se alguém 
intentar uma ação por furto não manifesto, que o ladrão seja condenado no dobro. Dizem alguns que nessa 
tábua estaria escrito a regra de que se alguém cometer furto à noite e for morto em flagrante, o que matou não 
será punido. 
Tábua III 
Essa tábua é considerada pelos historiadores uma das mais completas e reconstituída com maior 
fidelidade.Trata da execução dos devedores que confessaram a dívida. Aeris confessi rebusque iure iudicatis 
XXX dies iusti sunto. “Aquele que confessar divida perante o juiz, ou for condenado, terá trinta dias para 
pagar”. Esgotados os trinta dias e não tendo pago, deveria ser agarrado pelo autor e levado à presença do juiz. 
Se não pagasse e ninguém se apresentasse como fiador, o devedor era levado pelo seu credor e amarrado pelo 
pescoço e pés com cadeias com peso máximo de 15 libras; ou menos, se assim o quisesse o credor. O devedor 
preso viveria as custas do credor. Tertiis nundinis partis secanto. Si plus minusve secuerunt, se fraude esto. Esta 
é uma das regras mais marcantes das tábuas, permitindo que se parta o corpo do devedor em tantos pedaços 
quantos forem os seus credores. “Depois do terceiro dia de feira, será permitido dividir o corpo do devedor em 
tantos pedaços quanto forem os credores, não importando cortar mais ou menos; se os credores preferirem 
poderão vender o devedor a um estrangeiro”. Adversus hostem aeterna auctoritas esto. Determina que contra 
um inimigo o direito de propriedade é válido para sempre. Tal norma é decorrência das guerras travadas contra 
outros povos. Se um inimigo tivesse o domínio de determinada terra essa ainda pertenceria a seu antigo dono, 
que poderia reavê-la por meio da força. 
Tábua IV 
Nessa tábua está registrado o pátrio poder. De modo direto vemos que o pai tinha, sobre a sua esposa e seus 
filhos o direito de vida, morte e de liberdade. Porém o pátrio poder não era ilimitado pois se o pai vendesse o 
filho por mais de três vezes perderia o direito paterno. Si pater filium ter venum duit, filius a patre liber esto. 
Cito necatus insignis ad deformitatem puer esto. “Se uma criança nascer com alguma deformidade deveria ser 
morta”. As crianças deformadas não eram capazes de serem soldados romanos ou mesmo agricultores e, 
portanto, seriam um risco a sociedade. Essa norma teve como base o direito dos espartanos na Grécia, 
sociedade tipicamente militar. 
Tábua V 
A quinta tábua dita as regras acerca do direito hereditário e da tutela. Os institutos são muito similares aos que 
encontramos atualmente em nosso direito civil. “Se o pai de família morrer intestado, não deixando herdeiro 
seu, que o agnado mais próximo seja o herdeiro.” Estabelece que se alguém morrer sem deixar testamento, 
indicando um herdeiro seu impúbere, o agnado mais próximo seria o seu tutor. Interessante observar que as 
dividas ativas e passivas (do de cujus) eram divididas entre os herdeiros, segundo o quinhão de cada um. Si 
furiosus escit, adgnatum gentiliumque in eo pecuniaque eius potestas esto. Se alguém tornar-se louco ou 
pródigo e não tiver tutor, que a sua pessoa e seus bens sejam confiados à curatela dos agnados e, se não houver 
agnados, à dos gentis. 
Tábua VI 
De domínio et possessione (da propriedade e da posse) 
Nessa tábua estão as regras relacionadas à propriedade e a posse. A palavra de um homem era muito importante 
nos contratos, conforme a regra Cum nexum faciet mancipiumque, uti lingua nuncupassit, ita ius esto. “Quando 
alguém faz um juramento, contrato ou venda, anunciando isso oralmente em público, deverá cumprir sua 
promessa”. Encontramos nesse documento a regra de que se os frutos caírem sobre o terreno vizinho, o 
proprietário da arvore terá o direito de colher esses frutos. 
Tábua VII 
A sétima tábua parece ser uma continuação da anterior, tratando dos edifícios e das terras. Alguns estudiosos 
entendem que essas regras pertencem a oitava tábua e não a sétima tábua. Viam muniunto ni sam delapidassint, 
qua volet iumento agito. Essa regra pressupõe que toda a propriedade deve ter uma estrada, porém se tal estrada 
for desmanchada poderá se trafegar por qualquer parte das terras de alguém. “Se alguém destruir algo de 
alguém será obrigado pelo juiz a reconstruir ou restituir tal coisa”. Trata-se de regra histórica para o direito 
civil, em especial na parte da responsabilidade civil. 
Tábua VIII 
Considerada talvez a tábua mais importante, trata dos crimes e condutas ilícitas no direito romano. O sistema 
penal da lei das doze tábuas era muito avançado para a época. A maioria das penas descritas são espécies de 
compensações pecuniárias pelos danos causados. Por exemplo temos a pena da “injúria feita a outrem” que é o 
valor de vinte e cinco as. Porém se a injúria for pública e difamatória será aplicada a pena capital (pena de 
morte). 
“O ladrão confesso (preso em flagrante) sendo homem livre será vergastado por aquele a quem roubou; se é um 
escravo, será vergastado e precipitado da Rocha Tarpeia; mas sendo impúbere, será apenas vergastado ao 
critério do magistrado e condenado a reparar o dano”. Vemos que a noção da reparação também é algo 
observado pelos legisladores na elaboração das leis: “Pelo prejuízo causado porum cavalo, deve-se reparar o 
dano ou abandonar o animal” ou ainda “Se o prejuízo é causado por acidente, que seja reparado”. Sofria a pena 
de morte aqueles que cometessem homicídio, ajuntamento noturno de caráter sedicioso e aquele que prender 
alguém por palavras de encantamento ou lhe der venenos. 
Tábua IX 
A nona tábua estabelece algumas regras que tem características públicas. Privilegia ne irroganto. Os privilégios 
não poderão ser ignorados nos cumprimentos das leis. Tal regra era ditada especialmente à classe dos patrícios 
que possuíam muitos direitos frente aos plebeus. Conubia plebi cum patribus sanxerunt. Essa regra diz que não 
é permitido o casamento entre os plebeus e os patrícios. Alguns estudiosos romanos entendem que essa regra 
fazia parte da Tábua XI e não da IX.Interessante é a regra acerca da corrupção dos juízes: “Se um juiz ou um 
árbitro indicado pelo magistrado receber dinheiro para julgar a favor de uma das partes em prejuízo de outrem, 
que seja morto.” 
Tábua X 
Uma das poucas diferenças da Lei das Doze Tábuas com relação ao direito grego da época está concentrada 
nessa tábua. A décima tábua traz regras com relação aos funerais e o respeito aos mortos. Estabelecia a regra do 
Hominem mortuum in urbe ne sepelito neve urito. “Nenhum morto será incinerado ou queimado dentro da 
cidade”. Qui coronam parit ipse pecuniave eius honoris virtutisve ergo arduitur ei... Quando um homem 
ganhar uma coroa ou seu escravo para ele...O texto está incompleto e o seu entendimento foi prejudicado por 
isso.Alguns estudiosos entendem que a tradução para esse caso seria a proibição do uso de coroas e turíbulos 
nos funerais. Neve aurum addito. at cui auro dentes iuncti escunt. Ast in cum illo sepeliet uretve, se fraude esto. 
Tal regra proibia colocar ouro em uma pira de funeral. Mas, se os dentes do morto estivessem nele, ninguém 
seria punido por isto. Tal regra servia para evitar possíveis saques ou furtos aos mortos. 
Tábua XI 
Não é permitido o casamento entre patrícios e plebeus. 
Tábua XII 
Os escravos eram considerados como incapazes para todos os atos, porque eram considerados como objetos, 
portanto, a Lei escrevia a regra: Si servo furtum faxit noxiamve noxit. “Se um escravo comete um roubo ou um 
outro delito prejudicial, será movida contra o seu dono uma ação indireta, isto é, uma ação noxal”. Si vindiciam 
falsam tulit, si velit is ... tor arbitros tris dato, eorum arbitrio ... fructus duplione damnum decidito. Se alguém 
simular posse provisória em seu favor, o magistrado deverá nomear três árbitros para a causa e, em face da 
evidência, condenará o simulador a restituir os frutos em duplo.

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