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A Lei das XII Tábuas

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A Lei das XII Tábuas
DIREITO ROMANO – LEI DAS DOZE TÁBUAS
(LEX DUODECIM TABULARUM ou DUODECIM TABULAE, em latim)
A Lei das Doze Tábuas foi um marco na história do Direito Romano, um “divisor de águas”, pois pela primeira vez as leis passaram a ser escritas, e o mais importante, passaram a valer também para os plebeus, da mesma forma que para os patrícios (estes, os cidadãos romanos, a quem até então o mundo do Direito era restrito).
Essa Lei situa-se no cerne da chamada “terceira revolução” romana, quando a plebe passou a participar da cidade, por assim dizer. A “primeira revolução” deu-se ainda no período da monarquia ou realeza (753 a.C. a 510 a.C.), com a autoridade política sendo tirada dos reis, plantando a semente do período seguinte, a República (510 a.C. a 27 a.C). A “segunda revolução” foi marcada por conquistas importantes da plebe, que, liderada pela figura intocável do Tribuno da Plebe, foi demolindo costumes e leis patrícias.
De acordo com relatos semilendários, preservados por Lívio, no início da República Romana as leis eram mantidas em segredo pelos pontífices e por outros representantes dos patrícios, sendo executadas com especial severidade contra os plebeus. Um plebeu chamado Terentílio (Gaius Terentilius) propôs em 462 a.C. a compilação e publicação de um código legal oficial, de modo que os plebeus pudessem conhecer a lei e não ser pegos de surpresa quando de sua execução.
Por anos a fio, os patrícios opuseram-se a essa proposta, até que em 451 a.C. um decenvirato (grupo formado por dez homens, todos patrícios) foi designado para preparar o projeto do código. Acredita-se que os romanos enviaram uma embaixada para estudar o sistema legal dos gregos, em especial as leis de Sólon, possivelmente nas colônias gregas do sul da Península Itálica, então conhecida como Magna Grécia.
Os dez primeiros códigos (Tábuas I a X) foram preparados em 451 a.C., e em 450 a.C. um segundo decenvirato (constituído por sete patrícios e três plebeus) concluiu os dois últimos (Tábuas XI e XII).
As Doze Tábuas foram então promulgadas, havendo sido literalmente inscritas em doze tabletes de madeira (carvalho) que foram afixados no Fórum romano, de modo que todos pudessem lê-las e conhecê-las. Elas não são uma compilação abrangente e sistemática de todo o direito da época (portanto, não formam códigos, na acepção moderna do termo). São, antes, uma série de definições de diversos direitos privados e de procedimentos. Consideravam de conhecimento geral algumas instituições como a família e vários rituais para negócios formais.
O texto original das Doze Tábuas perdeu-se quando os gauleses incendiaram Roma em 390 a.C. Nenhum outro texto oficial sobreviveu, mas apenas versões não-oficiais. O que existe hoje são fragmentos e citações por outros autores, que demonstram terem sido as Doze Tábuas redigidas em latim considerado estranho, arcaico, lacônico e até mesmo infantil, e são indícios do que teria sido a gramática do latim primitivo.
De modo semelhante a outras leis primitivas, as Doze Tábuas combinam penas rigorosas com procedimentos também severos. Os fragmentos que restaram não indicam a que tábua pertenciam, embora os estudiosos procurem agrupá-los por meio da comparação com outros fragmentos que indicam sua respectiva tábua. Assim, não há como ter certeza de que as tábuas originais eram organizadas por assunto, mas os historiadores reconstituíram parte do conteúdo nelas existente. Com base nesse trabalho, um esboço do conteúdo das tábuas pôde ser feito.
De acordo com a reconstituição feita pelo romanista francês Denis Godefroy, as Doze Tábuas teriam o seguinte conteúdo (fonte: Segurado, Milton Duarte – Introdução ao Direito Romano, 1ª edição, 2002, Editora Jurídica Mizuno – apud Silvio Meira):
TÁBUA I – Do Chamamento a Juízo
1.	Se alguém é chamado a juízo, compareça.
2.	Se não comparece, aquele que o citou tome testemunhar e o prenda.
3.	Se procurar enganar ou fugir, o que citou pode lançar mão (manus injectio) sobre (segurar) o citado.
4.	Se uma doença ou a velhice o impede de andar, o que citou, lhe forneça um cavalo.
5.	Se não aceitá-lo, que forneça um carro, sem obrigação de dá-lo coberto.
6.	Se se apresenta alguém para defender o citado, que este seja solto.
7.	O rico será fiador do rico; para o pobre será quem quiser (qualquer um poderá servir de fiador).
8.	Se as partes entram em acordo em caminho, que a causa seja assim resolvida (a causa está encerrada, pelo acordo).
9.	Se não entram em acordo (se não transigem), que o pretor os ouça no “comitium” ou no fórum e conheça da causa antes do meio-dia, presentes ambas as partes.
10.	Depois do meio-dia, se apenas uma parte comparece, o pretor decida a favor da que está presente. (E à revelia da ausente).
11.	O pôr do sol será o prazo (termo) final da audiência. (Bastava esta lei para demonstrar a influência avassaladora do direito romano. “Sol occasus suprema tempestas esto”. As partes devem se apresentar perante o magistrado pouco antes do meio-dia para que o processo possa começar ao meio-dia; e não poderá passar do pôr do sol. Qual o horário de funcionamento hoje do Fórum? O mesmo dos romanos).
Tábua II – Dos Julgamentos e dos furtos
1.	.... cauções ............... sub-cauções ............... a não ser que uma doença grave ............... um voto ............... uma ausência a serviço da república, ou uma citação por parte de estrangeiro dêem margem ao impedimento; pois se o citado, o juiz ou o árbitro, sofre qualquer destes impedimentos, que seja adiado o julgamento.
2.	Aquele que não tiver testemunhas irá, por três dias de feira, para a porta da casa da parte contrária, anunciar a sua causa em altas vozes injuriosas, para que ela se defenda.
3.	Se alguém comete furto à noite e é morto em flagrante, o que matou não será punido. (Legítima defesa).
4.	Se o furto ocorrer durante o dia e o ladrão é pego em flagrante, que seja fustigado e entregue como escravo à vítima (se o ladrão é livre). Se for escravo, que seja fustigado e precipitado do alto da rocha Tarpéia. (Se é livre, fica escravo; se escravo, morre). (Veja “Os Lusíadas” 8:97).
5.	Se ainda não atingiu a puberdade (o ladrão), que seja fustigado com varas a critério do pretor, e que indenize o dano.
6.	Se o ladrão durante o dia defende-se com arma, que a vítima peça socorro em altas vozes e se, depois disso, mata o ladrão, que fique impune.
7.	Se, pela procura “cum lance licioque” (aquele que procura uma coisa roubada que o faça despido, mas cingido de uma faixa de couro nos rins e trazendo um disco ou prato na mão), a coisa furtada é encontrada na casa de alguém, que seja punido como se fora um furto manifesto. (A seminudez legal era para comprovar que o descobridor da coisa não levava panos em que a ocultasse e o prato era para exibi-la imediatamente; enfim, para o ladrão não apresentar a coisa roubada como achada. Donde a expressão “por em pratos limpos”).
8.	Se alguém intenta ação por furto não manifesto, que o ladrão seja condenado ao dobro.
9.	Se alguém, sem razão, cortou árvores de outrem, que seja condenado a indenizar à razão de 25 asses por árvore cortada.
10.	Se transigiu com um furto, que a ação seja considerada extinta.
11.	A coisa furtada nunca poderá ser adquirida por usucapião. (Nem a res sacra: X. 16. Estrangeiro não adquire nada: III.3)
TÁBUA III – Dos Direitos de crédito
1.	Se o depositário, de má fé, pratica alguma falta com relação ao depósito, que seja condenado em dobro.
2.	Se alguém coloca o seu dinheiro a juros superiores a um por cento ao ano, seja condenado a devolver o quádruplo.
3.	O estrangeiro jamais poderá adquirir bem algum por usucapião. Contra ele eterna vigilância.
4.	Aquele que confessa dívida perante o magistrado, ou é condenado, terá trinta dias para pagar.
5.	Esgotados os trinta dias e não tendo pago, que seja agarrado (manus injectio) e levado à presença do magistrado.
6.	Se não paga e ninguém se apresenta como fiador, que o devedor seja levado (manus injectio) pelo seu credor e amarrado pelo pescoço e pés com cadeias com peso até o máximode quinze libras; ou menos, se assim o quiser o credor.
7.	O devedor preso viverá à sua custa, se quiser; se não quiser, o credor que o mantém preso dar-lhe-á por dia uma libra de pão ou mais, a seu critério.
8.	Se não houver conciliação, que o devedor fique preso por sessenta dias, durante os quais será conduzido em três dias de feira ao comitium, onde se proclamará, em altas vozes, o valor da dívida.
9.	Se são muitos os credores, é permitido, depois do terceiro dia de feira, (matá-lo e) dividir o corpo do devedor em tantos pedaços quantos sejam os credores, não importando cortar mais ou menos. (Lembrar o judeu Shylock, personagem da comédia de Shakespeare, “O Mercador de Veneza”). Se os credores preferirem, poderão vender o devedor a um estrangeiro, além do Tibre. (“trans Tiberim”, ficção) Revogado pela Lex Poetelia Papiria de nexis.
TÁBUA IV – Do Pátrio Poder e do Casamento
1.	É permitido ao pai matar o filho que nasce disforme, mediante o julgamento (testemunho) de cinco vizinhos. Influência do direito espartano. (Ver Leis Régias de Numa Pompilio nº XII).
2.	O pai terá sobre os filhos nascidos de casamento legítimo (justas núpcias) o direito de vida e de morte (“jus vitae necisque”) e o poder de vendê-los. (Numa, nº XIX);
3.	Se o pai vendeu o filho três vezes, que este filho não recaia mais sob o pátrio poder (“patria potestas”).
4.	Se um filho póstumo nasceu até o décimo mês após a dissolução do matrimônio, que este filho seja reputado legítimo.
TÁBUA V – Das Heranças e Tutelas
1.	As disposições testamentárias de um pai de família sobre os seus bens ou a tutela dos filhos, terão força de lei.
2.	Se o pai de família morre intestado, não deixando herdeiro seu (necessário), que o agnado (paterno) mais próximo seja o herdeiro.
3.	Se não há agnados, que a herança seja entregue aos gentiles (da gens).
4.	Se um liberto (escravo alforriado) morre intestado, sem deixar herdeiros seus (necessários), mas o patrono (quem o alforriou) ou os filhos do patrono a ele sobrevivem, que a sucessão desse liberto se transfira ao parente mais próximo da família do patrono.
5.	Que as dívidas ativas e passivas sejam divididas entre os herdeiros, segundo o quinhão de cada um.
6.	Quanto aos demais bens da sucessão indivisa, os herdeiros poderão partilhá-los, se assim o desejarem; para esse fim o pretor poderá indicar três árbitros.
7.	Se o pai de família morre sem deixar testamento, indicando um herdeiro seu impúbere, que o agnado mais próximo seja o seu tutor.
8.	Se alguém torna-se louco ou pródigo e não tiver tutor, que a sua pessoa e seus bens sejam confiados à curatela dos agnados e, se não há agnados, à dos gentiles.
TÁBUA VI – Do Direito de Propriedade e da Posse
1.	Se alguém empenha a sua coisa ou vende em presença de testemunhas, o que prometeu (em voz alta: “uti lingua nuncupavit”: o que disse vale) tem força de lei.
2.	Se não cumpre o que prometeu, que seja condenado em dobro.
3.	O escravo a quem foi concedida a liberdade por testamento, sob a condição de pagar uma certa quantia, e que é vendido em seguida, tornar-se-á livre se pagar a mesma quantia ao comprador.
4.	A coisa vendida, embora entregue, só será adquirida pelo comprador depois de pago o preço. (Que bom senso!).
5.	As terras serão adquiridas por usucapião depois de dois anos de posse, as coisas móveis depois de um ano.
6.	A mulher que residiu durante um ano em casa de um homem, como se fora sua esposa, é adquirida por esse homem e cairá sob o seu poder (manus), salvo se se ausentar da casa por três noites (trinoctium).
7.	Se uma coisa é litigiosa, que o pretor a entregue provisoriamente àquele que detém a posse (posse provisória); mas se se tratar da liberdade de um homem que está em escravidão, que o pretor lhe conceda a liberdade provisória.
8.	Que a madeira utilizada para a construção de uma casa, ou para amparar a videira, não seja retirada só porque o proprietário reivindica; mas aquele que utilizou madeira que não lhe pertencia seja condenado a pagar o dobro do valor; e se a madeira é destacada da construção ou do vinhedo, que seja permitido ao proprietário reivindicá-la. (A trave que ampara a casa é acessória em relação à principal, no caso, a casa).
9.	Se alguém quer repudiar a mulher, que apresente as razões desse repúdio.
TÁBUA VII – Dos Delitos e das penas
1.	Se um quadrúpede causar qualquer dano, que o seu proprietário indenize o valor desse dano ou abandone o animal ao prejudicado.
2.	Se alguém causa um dano premeditadamente, que o repare. (Civil/1916, 159).
3.	Aquele que fez encantamentos (feitiçaria) contra a colheita de outrem;
4.	Ou a colheu furtivamente à noite antes de amadurecer ou a cortou depois de madura, será sacrificado a Ceres. (ou votado aos deuses infernais; é morto).
5.	Se o autor do dano é impúbere, que seja fustigado a critério do pretor e indenize o prejuízo em dobro.
6.	Aquele que fez pastar o seu rebanho em terreno alheio;
7.	E o que intencionalmente incendiou uma casa ou um monte de trigo perto de uma casa (crime doloso), seja fustigado com varas e em seguida lançado ao fogo; (o incendiário veste a túnica “molexta”, isto é, queimado).
8.	Mas se assim agiu por imprudência (culposo), que repare o dano; se não tem recursos para tanto, que seja punido menos severamente do que aquele que agiu intencionalmente (doloso).
9.	Aquele que causar dano leve indenizará 25 asses.
10.	Se alguém difama outrem com palavras ou cânticos, que seja fustigado.
11.	Se alguém fere a outrem, que sofra a pena de talião, salvo se houver acordo. (Fórmula hebraica da lei de talião: olho por olho, dente por dente).
12.	Aquele que arrancar ou quebrar um osso a outrem deve ser condenado a uma multa de trezentos asses, se o ofendido é homem livre; e de cento e cinquenta asses, se o ofendido é escravo.
13.	Se o tutor administra com dolo, que seja destituído como suspeito e com infâmia; se causou algum prejuízo ao tutelado, que seja condenado a pagar o dobro ao fim da gestão.
14.	Se um patrono causa dano a seu cliente, que seja declarado sacer (sagrado). (Pode ser morto como vítima – hostia – devotada aos deuses infernais).
15.	Se alguém participou de um ato como testemunha ou desempenhou nesse ato as funções de libripens (porta-balança) e recusa a dar o seu testemunho, que recaia sobre ele a infâmia e ninguém lhe sirva de testemunha.
16.	Se alguém profere um falso testemunho, que seja precipitado da rocha Tarpéia.
17.	Se alguém matou um homem livre e empregou feitiçaria e veneno, que seja sacrificado com o último suplício. (Penal, 121, § 2º III).
18.	Se alguém matou o pai ou a mãe, que se lhe envolva a cabeça e seja colocado em um saco costurado e lançado ao rio. NOTA: devia estar aqui o artigo 3 da Tábua II como o
19.	 Se alguém comete furto à noite e é morto, seja o causador da morte absolvido. NOTA: devia estar aqui o artigo 6 da Tábua II, como o
20.	 Mesmo que o ladrão esteja roubando em pleno dia, não terá direito a se defender com arma.
TÁBUA VIII – Dos Direitos prediais
1.	A distância entre as construções vizinhas deve ser de dois pés e meio. (Este espaço é res sacra. (Civil/1916, 569-571).
2.	Que os sodales (sócios) façam para si os regulamentos que entenderem, contanto que não prejudiquem o público.
3.	A área de cinco pés deixada livre entre os campos limítrofes (é res sacra não pode ser adquirida por usucapião.
4.	Se surgem divergências entre possuidores de campos vizinhos, que o pretor nomeie três árbitros para estabelecer os limites respectivos.
5.	........................... (lei incerta sobre limites) ...........................
6.	........................... jardim ........................................................
7.	........................... herdade ......................................................
8.	........................... choupana ...................................................
9.	Se uma árvore se inclina sobre o terreno alheio, que os seus galhos sejam podados à altura de mais de 15 pés. (Civil/1916, 557).
10.	Se caem frutos sobre o terreno vizinho, o proprietário da árvore tem o direito de colheresses frutos. (Civil/1916, 557).
11.	Se a água da chuva retida ou dirigida por trabalho humano causa prejuízo ao vizinho, que o pretor nomeie três árbitros, e que estes exijam do dono da obra garantias contra o dano iminente.
12.	Que o caminho em reta tenha oito pés de largura e o em curva tenha dezesseis. (Como é o dobro, resumamos esta lei: Que o caminho em curva tenha de largura o dobro de pés do em reta).
13.	Se aqueles que possuem terrenos vizinhos a estradas não os cercam, que seja permitido deixar pastar o rebanho à vontade (nestes terrenos). (Civil/1916, 559 e 646).
TÁBUA IX – Do Direito público
1.	Que não se estabeleçam privilégios em leis. (Ou: Que não se façam leis especialmente para determinados indivíduos nem leis contra indivíduos).
2.	Aqueles que foram presos por dívidas e as pagaram, gozam dos mesmos direitos como se não tivessem sido presos; os povos que forem sempre fiéis e aqueles cuja defecção for apenas momentânea gozarão de igual direito.
3.	Se um juiz ou árbitro indicado pelo magistrado recebeu dinheiro para julgar a favor de uma das partes em prejuízo de outrem, que seja morto. (Em Babilônia, não é morto; paga doze vezes as custas e perde o cargo – Código de Hamurabi).
4.	Que os comícios por centúrias sejam os únicos a decidir sobre o estado de um cidadão. (Os status são três: liberdade, cidadania e família).
5.	Os questores de homicídio ..........................
6.	Se alguém promove em Roma assembléias noturnas, que seja morto.
7.	Se alguém insuflou o inimigo contra sua pátria ou entregou um concidadão ao inimigo, que seja morto. NOTA: Podia estar aqui o artigo “contra o estrangeiro eterna vigilância”.
TÁBUA X – Do Direito sacro
1.	...................... do juramento .....................
2.	Não é permitido sepultar nem incinerar na cidade um(a) defunto(a).
3.	Moderai as despesas com os funerais.
4.	Fazei apenas o que é permitido. (Isto é, enterrai com a maior simplicidade).
5.	Não deveis polir a madeira que vai servir à incineração. (Da fogueira ou pira).
6.	Que o cadáver seja vestido com três togas e o enterro se faça acompanhar (só) de dez tocadores de instrumento (flautistas). (Dez, no máximo).
7.	Que as mulheres (carpideiras, ganham para prantear o defunto) não arranhem as faces nem soltem gritos imoderados. (Estas duas últimas, influência do direito grego, principalmente de Sólon).
8.	Não retireis da pira os restos de ossos de um morto, para lhe dar segundos funerais, a menos que tenha morrido na guerra ou em país estrangeiro. (Neste caso se justifica que, depois do primeiro enterro, seja feito outro, na pátria).
9.	Que os corpos dos escravos não sejam embalsamados e que seja abolido dos seus funerais o uso da bebida (libação) em torno do cadáver.
10.	Que não se lancem licores sobre a pira de incineração nem sobre as cinzas do morto.
11.	Que não se usem longas coroas nem turíbulos nos funerais.
12.	Que aquele que mereceu uma coroa pelo próprio esforço, ou a quem seus escravos ou seus cavalos fizeram sobressair nos jogos, traga a coroa como prova de seu valor, assim como os seus parentes, enquanto o cadáver está em casa e durante o cortejo.
13.	Não é permitido fazer muitas exéquias nem muitos leitos fúnebres para o mesmo morto.
14.	Não é permitido enterrar ouro com o cadáver; mas se seus dentes são presos (chumbados, obturados) com ouro, pode-se enterrar ou incinerar com esse ouro. (Nota: Ler conto de Chesterton: “A Honra de Israel Gow”).
15.	Não é permitido, sem o consentimento do proprietário, levantar uma pira ou cavar novo sepulcro, a menos de sessenta pés de distância da casa. (Este espaço é res sacra).
16.	Que o vestíbulo de um túmulo jamais possa ser adquirido por usucapião, assim como o próprio túmulo.
(Até aqui as X Tábuas da Primeira Comissão. Seguem-se as duas da Segunda Comissão, de medíocres).
TÁBUA XI – Feita para completar as Tábuas I a V
1.	Que a última vontade do povo tenha força de lei.
2.	Não é permitido o casamento entre patrícios e plebeus. (Revogada pela Lex Canulea).
3.	...................... (da declaração pública de novas consagrações).
TÁBUA XII – Feita para completar as Tábuas VI a X
1.	...................... do penhor ......................
2.	Se alguém faz consagrar uma coisa litigiosa (dedicando-a aos deuses, para não entregá-la ou não a devolver), que pague o dobro do valor da coisa consagrada (aos deuses).
3.	Se alguém de má fé obtém a posse provisória de uma coisa, que o pretor, para pôr fim ao litígio, nomeie três árbitros, e que estes condenem o possuidor de má fé a restituir o dobro dos frutos.
4.	Se um escravo comete um furto, ou causa algum dano, sabendo-o patrono, que seja obrigado esse patrono a entregar o escravo, como indenização, ao prejudicado.
Fontes de consulta:
Cretella Júnior, José – Curso de Direito Romano, 31ª edição, 2009, Ed. Forense;
Segurado, Milton Duarte – Introdução ao Direito Romano, 1ª edição, 2002, Ed. Jurídica Mizuno;
Alves, José Carlos Moreira – Direito Romano, 6ª edição, 1987, Ed. Forense.
Corpus Juris Civilis
O Corpus Juris Civilis ou Corpus Iuris Civilis (em português Corpo de Direito Civil) é uma obrajurídica fundamental, publicada entre os anos 529 e 534 por ordens do imperador bizantino Justiniano I, que, dentro de seu projeto de unificar e expandir o império bizantino, viu que era indispensável criar uma legislação congruente e que tivesse capacidade de atender às demandas e litígios vivenciados à época. Por esses motivos, foi publicado o Corpus Juris Civilis, designado assim pelo romanista francês Dionísio Godofredo em 1583. Em 527 d.C., sobe ao trono em Constantinopla, Justiniano, que inicia ampla obra militar e legislativa.
Código de Justiniano
Pouco depois de assumir o poder, Justiniano, além de perceber a importância de salvaguardar a herança representada pelo direito romano, viu também a necessidade de reorganizar a legislação que se mantinha em vigor na época e a indispensabilidade de se manter as normas de direito romano, e assim, em 528, um ano após ter-se tornado imperador, nomeou uma comissão de dez membros para compilar as constituições imperiais vigentes (leis emanadas dos imperadores desde o governo do imperador Adriano). O encarregado dessa comissão foi Triboniano, ministro da justiça do imperador, professor de direito da escola de Constantinopla e jurisconsulto de grande mérito. Triboniano podia nomear uma comissão para ajudá-lo e cercou-se de juristas, advogados e quatro professores, sendo dois de Constantinopla e dois de Berito (Beirute), com os quais inicia enorme trabalho de compilação. Foi eficazmente auxiliado nessa missão por Teófilo, professor da escola de Constantinopla. A missão dos compiladores completou-se em dois anos. O Código era destinado a substituir o Gregoriano, o Hermogeniano, as constituições particulares e o Código Teodosiano de 438. Em7 de abril de 529, com a constituição Summa rei publicae, o imperador publica o código, intitulado Nouus Iustinianus Codex (Código Novo de Justiniano), e estabelece que entraria em vigor em 16 de abril daquele ano. Essa primeira obra não chegou até nós, pois foi substituída por outra, já em 534. Assim, ficou conhecido por Código Velho, em contraposição ao de 534, chamado, este sim, de Código Novo.
A redescoberta do Corpus Iuris Civilis
O Ocidente veio a redescobrir o Corpus Iuris Civilis perto do ano de 1100. As compilações presentes nessa obra passaram a ser estudadas nas universidades recém-formadas. Dessa forma, o Direito Romano foi se tornando o fundamento principal da ciência jurídica em toda a Europa e, aliando-se a elementos do Direito Canônico, concebeu o Ius Commune, que significa Direito Comum para todo o Ocidente. O direito do Corpus Iuris Civilis é também chamado de Direito Romano erudito. A recepção desse direito foi diferente em cada país: na Itália e no sul da França foi tomado como base do sistema já no século XIII, visto que o Direito Romano vulgar se encontrava bastante arraigado. Já no norte da França, o Ius Commune possuía uma função apenas residual, pois o Direito consuetudinário germânicofoi conservado. Na Alemanha, houve uma recepção tardia desse direito: ocorreu somente por volta do ano 1500, através de uma decisão oficial que determinou o abandono dos antigos costumes e a adoção do Direito Romano. Enquanto na Inglaterra, a recepção à influência do Direito Romano diverge de todas as outras: resistiu a ele quase inteiramente, conservando seu Direito costumeiro. São vários os fatores que fizeram com que se fosse retomado dessa forma o Direito Romano na Idade Média. Primeiramente porque o Corpus Iuris Civilis era a síntese do Direito Romano em seu período mais abundante e sofisticado, além de alguns fatores externos como o suporte da Igreja Romana, que fundamentava a educação de seus juristas nele, e o apoio dos imperadores que estavam ansiosos para se libertar dos bloqueios feudais e viam no Corpus uma reserva infinita de fundamentos para substanciar suas opiniões.
Digesto ou Pandectas
O Digesto, conhecido igualmente pelo nome grego Pandectas, é uma compilação de fragmentos de jurisconsultos clássicos. É obra mais completa que o Código tem e ofereceu maiores dificuldades em sua elaboração. Digesto vem do latim digerere - pôr em ordem. Realizada a compilação das leges (constituições imperiais), era necessário resolver um problema com relação aos iura (direito contido nas obras dos jurisconsultos clássicos), que não tinham sido ainda compilados. Havia entre os jurisconsultos antigos uma série de controvérsias a solucionar. Para isso, Justiniano expediu 50 constituições (as Quinquaginata Decisiones). É provável que durante a elaboração delas surgisse a idéia da compilação dos iura.
Na constituição Deo auctore de conceptione Digestorum, de 15/12/530, o imperador expôs seu programa referente à obra. Nos fins de 530, Justiniano encarrega Triboniano de organizar comissão de 16 membros destinada a compilar os iura. Coube a Triboniano escolher seus colaboradores. Foram escolhidos Constantino, além de Teófilo e Crátino, de Constantinopla, Doroteu, Isidoro, da Universidade de Berito, mais onze advogados que trabalhavam junto à altamagistratura. A comissão era encarregada da seleção da matéria, bem como de dirimir dúvidas e decidir em caso de diferenças de opinião.
O Digesto diferenciava-se do Código por não ter havido anteriormente trabalho do mesmo gênero. A massa da jurisprudência era enorme, freqüentemente difícil de ser encontrada. Havia muitos autores, com pontos de vista diversos, por vezes antagônicos. A tarefa parecia ciclópica, e era temerário juntar todo esse amálgama de opiniões num trabalho homogêneo. Para o término desse projeto grandioso, previu Justiniano prazo mínimo de dez anos. No entanto, sob a presidência de Triboniano, a comissão de 16 membros, depois de compulsar quase dois mil livros (com três milhões de linhas), extratando 39 jurisconsultos, concluiu o trabalho em apenas três anos. Era o Código de doutrinas seletas, Codex enucleati iuris, oficialmente denominado Digesto (Digesta) ou Pandectas (Pandectae), o qual foi promulgado em 15 de dezembro de533, para entrar em vigor daí a 15 dias. A obra é composta de 50 livros, subdivididos em aproximadamente 1.500 títulos, segundo ao assunto. Sob cada um dos títulos figuram fragmentos de obras de mais de quarenta jurisconsultos romanos do período clássico, de Quinto Múcio Cévola, que morreu no ano 82, a Hermogeniano e Carísio (dos séculos III e IV). Os dezesseis codificadores tiveram autorização de alterar os textos escolhidos, para harmonizá-los com os novos princípios vigentes. Essas alterações tiveram o nome de emblemata Triboniani e hoje são chamadas interpolações. A descoberta de tais interpolações e a restituição do texto original clássico é uma das preocupações da ciência romanística contemporânea.
As Pandectas constituíam uma suma do direito romano, em que inovações úteis se misturavam a decisões clássicas. Restritas, na prática, ao império bizantino, só no século XI foram descobertas pelo Ocidente. A comparação dos manuscritos existentes no Código de Justiniano foi o primeiro passo para o renascimento do direito, que teve como centro a Universidade de Bolonha. Quase todos os direitos modernos decorrem do direito romano e das Pandectas.
Institutas
Terminada a elaboração do Digesto, mas antes de sua promulgação, Justiniano escolheu três dos compiladores - Triboniano, Doroteu eTeófilo (estes últimos professores das escolas de Constantinopla e de Bento) - para a organização de um manual escolar que servisse aos estudantes como introdução ao direito compendiado no Digesto. Os redatores foram fiéis ao plano das Institutas de Gaio (do século II a.C.), tendo-se servido de muitas passagens desse antigo jurista. No entanto, há inovações introduzidas de acordo com o direito vigente no Baixo-Império. A essa comissão elaborou as Institutiones (institutas), que foi publicada em 21 de novembro de 533, um mês antes do Digesto. Foi aprovada em 22 de dezembro, pela Constituição Tanta, e entrou em vigor como manual de estudo no mesmo dia do Digesto, 30 de dezembro de 533. Por ser mais simples que o Digesto, alcançou enorme difusão; prova disso são os inúmeros manuscritos que nos chegaram. Como uma obra de professores, destinada ao ensino, as Institutas são mais simples e mais teóricas que o Digesto. São expostas noções gerais, definições e classificações. Há controvérsias por serem excelente campo de estudo. Esse trabalho teve a mesma divisão das Institutas, de Gaio: pessoas, coisas e ações. Contudo, os livros dividem-se em títulos. Foram utilizadas na elaboração a res cotidianae, também de Gaio, as Institutas, de Florentino, de Ulpiano e de Marciano, e os VII libri regularum, de Ulpiano. 
Atualização do código
A publicação de novas constituições e o fato de, com a elaboração do Digesto, ter surgido contradições entre o Nouus Iustianianus Codex e as Pandectas tornou necessária uma segunda edição do Codex. Por isso, Justiniano nomeou comissão de cinco membros para atualizá-lo. O Codex repetitae praelectionis, o Código revisado, cujo conteúdo foi harmonizado com as novas normas expedidas no curso dos trabalhos, foi publicado em 16 de novembro de 534, para entrar em vigor no dia 29 de dezembro do mesmo ano. Essa obra chegou até nós. Como a primeira edição do código (elaborada em 528) foi revogada por esta segunda, e, portanto, deixou de ser utilizada, dela possuímos apenas pequeno fragmento do índice, constante de papiro encontrado no Egito no início do seculo XX. Esse papiro arrola as constituições contidas nos títulos 11 a 16 do livro I, e mostra que é muito pequena a correspondência da ordem das constituições aí referidas e as que se encontram nos mesmos títulos da nova edição do Código Justinianeu, que é a que chegou até nós. O Código redigido de acordo com o sistema das compilações anteriores é dividido em 12 livros, subdivididos em títulos. As constituições estão ordenadas em cada título por ordem cronológica, como nos códigos anteriores. O Código começa por uma invocação a Cristo, em que se afirma a fé de Justiniano. Os outros títulos do Livro I são consagrados às fontes do direito, ao direito de asilo e às funções dos diversos agentes imperiais. O Livro II trata principalmente do processo. Os Livros III a VIII tratam do direito privado, o Livro IX do direito penal, os Livros X a XII foram consagrados ao direito administrativo e fiscal. Como nos códigos anteriores, encontra-se nos títulos mais que nos livros uma unidade de matéria. A técnica, porém, ainda é antiga, pois os títulos são muito numerosos e não se exclui a interpolação de certos textos (adaptações feitas pelos compiladores). O mérito da compilação, colocando todas as constituições no Código, é torná-lo obrigatório como lei do Império.
Novelas
As Institutas, o Digesto (Pandectas) e o Código foram as compilações feitas por ordem de Justiniano. Depois de terminada a codificação, a qual, especialmente o Código, continha a proibição de se invocar qualquer regra que nela não estivesse prevista, Justiniano reservou-se a faculdade de baixar novas leis. A segunda edição doCodex (534) não paralisou a atividade legiferante de Justiniano, que continuou a editar outras constituições importantes (em número de 177, da data da promulgação do Código Novo, em 535, até sua morte, em 565), introduzindo um grande número de modificações na legislação. Essas novas constituições (Nouellae constitutiones) são conhecidas por Novelas (Nouellae), Autênticas ou Plácida. A maioria foi editada em língua grega e contém reformas fundamentais, como no direito hereditário e no direito matrimonial. Justiniano pretendia reunir as Novelas num corpo único. Sua morte, porém, não lhe permitiu realizar o intento, o que foi feito posteriormente, por particulares. A coleção das Novelas constitui o quarto volume da codificação justinianéia. Anti-semitismo. O código Justiniano degradou os judeus a cidadãos de segunda classe. A partir daqui a religião judaica deixaria de ser legítima. Alguns exemplos: Relações sexuais entre judeus e cristãos eram proibidas, sob pena de castigo severo; Judeus deixaram de poder obter cargos públicos; Alguém que ousasse construir uma sinagoga perderia os seus bens e seria punido com a morte.
Divisão da obra
A obra legislativa de Justiniano, por conseguinte, consta de quatro partes: Institutas (manual escolar), Digesto ou Pandectas (compilação dosiura), Código (compilação das leges) e Novelas (reunião das constituições promulgadas depois de 535 por Justiniano). A esse conjunto, o romanista francês Dionísio Godofredo, em 1538, na edição que dele fez, denominou Corpus Iuris Civiles (Corpo de Direito Civil), designação essa que é hoje universalmente adotada.
Melhor edição da obra
A melhor edição do Corpus Iuris Civilis é a devida aos alemães Mommsen, Krueger, Schoell e Kroll. O primeiro editou o Digesto (Pandectas); o segundo, as Institutas e o Código; e os demais, as Novelas.
Estrutura da obra
As Institutas estão divididas em quatro livros, subdivididos em títulos, e estes em uma parte inicial (principium) e em parágrafos. O Digesto compôe de 50 livros, divididos em títulos (exceto os livros XXX, XXXI e XXXII), subdivididos em leis ou fragmentos (os quais são precedidos do nome do jurisconsulto romano e da obra de onde forma retirados), e estes modernamente (nas edições antigas não o eram) em uma parte inicial (principium) e em parágrafos. O Código é constituído de 12 livros, divididos em títulos, subdivididos em leis (também chamadasconstituições), e estas modernamente em uma parte inicial (principium) e em paragrafos. Finalmente, as Novelas se integram de constituições imperiais que apresentam prefácio, capítulos e epílogo.
As interpolações
Para que os iura e as leges constantes no Corpus Iuris Civiles pudessem ter aplicação na prática, foi preciso, muitas vezes, que os compiladores fizessem substituições, supressões ou acréscimos nos fragmentos dos jurisconsultos clássicos ou nas constituições imperiais antigas. Essas alterações denominam-se interpolações ou tribonianismos. Das interpolações distinguem-se os glosemas, denominação dada, em geral, aos erros dos copistas ou, então, às alterações introduzidas, antes da época de Justiniano, nas obras de juristas clássicos por particulares ou comissões legislativas como a que organizou o Código Teodosiano.
Tendo chegado até nós apenas parte diminuta da literatura jurídica do período clássico, para que conheçamos o direito romano dessa época é indispensável que determinemos, aproximadamente, as interpolações nos textos que compõe o Digesto e o Código, pois, assim, conseguiremos restaurar, até certo ponto, o seu primitivo teor. O estudo das interpolações só foi iniciado realmente, na Renascença, quando os jurisconsultos da Escola Culta procuraram, com a identificação das substituições, supressões e acréscimos introduzidos nos textos que integram o Corpus Iuris Civiles, restaurar o direito clássico romano em sua pureza. Nos séculos XVI e XVII, muito se trabalhou nessa pesquisa, destacando-se romanistas do porte de Cujácioe Antônio Frave. Posteriormente, o estudo das interpolações quase foi deixado de lado. Apenas no final do século XIX, com a publicação, em1887, da célebre obra Gradenwitz, Interpolationem in den Pandekten - na qual se sistematizam os métodos de busca às interpolações -, é que essa pesquisa ressurgiu com grande intensidade. No início do século XX, de tal modo se dedicaram os romanistas à caça das interpolações que se chegou ao exagero. Presentemente, processa-se movimento de revisão crítica com referência às passagens interpoladas.
Para a identificação das interpolações, há vários métodos. Alguns demonstram, com segurança, a existência delas; outros não, mas servem, utilizados em conjunto, para evidenciá-los. Entre os métodos existentes destacam-se:
o textual - a interpolação pode ser demonstrada quando o mesmo texto clássico chegou até nós, com redações diferentes, no Corpus Iuris Civiles e em fonte pré-justinianéia; ou então, quando há repetição, com alterações, do mesmo texto na própria codificação de Justiniano;
o histórico - anacronismo em texto do período clássico constante do Corpus Iuris Civiles revela a existência de interpolações;
o lógico - ilogismo entre as diferentes partes de um texto - e a lógica era uma das características dos jurisconsultos clássicos - é indício de que ele foi interpolado;
o filológico - o vocabulário, a gramática e o estilo dos jurisconsultos clássicos e dos bizantinos diferem acentuadamente; daí, pelo estudo desses elementos ser possível a identificação de interpolações.
Para ilustração, um exemplo de interpolação revelada pelo método histórico. No Digesto XXX, 1 (fragmento atribuído a Ulpiano), declara-se: "Per omnia exaequata sunt legata e fideicomissis" (em tudo são iguais legados e fideicomissos). Ora, por outras fontes sabemos que a fusão dos legados e fideicomissos só foi feita no tempo de Justiniano; portanto, Ulpiano, que viveu séculos antes, quando havia diferenças entre legados e fideicomissos, não poderia ter feito essa afirmação: trata-se, pois, de um texto interpolado.
Legado da obra
É a base da jurisprudência latina (incluindo o direito canónico eclesiástico: ecclesia vivit lege romana) e é também um documento único sobre a vida no Império Romano no seu tempo. É uma coleção que reúne muitas fontes nas quais as leges (leis) e outras regras eram expressas ou publicadas: leis propriamente ditas, consultas senatoriais (senatus consulta), decretos imperiais, lei das sentenças e opiniões e interpretações dos juristas (responsa prudentum). Foi mérito dessa codificação a preservação do direito romano para a posteridade. O Corpus representou uma revolução jurídica, organizando o direito romano numa forma conveniente e sob um esquema orgânico, que se tornou a base do moderno Direito Civil.
Ligações externas
Biblioteca Romana de Leis - Yves Lassard, Alexandr Koptev (em inglês)
Corpus Juris Civilis, na edição Mommsen, Krueger, Schoell e Kroll: http://www.archive.org/details/corpusjuriscivil01krueuoft
Corpus Iuris Civilis, na edição Hugues de la Porte, Lion, 1558-1560.
Bibliografia
www.jus.com.br
ROBERTO, Giordano Bruno S.-Introdução à História do Direito Privado-Ed. Del Rey-2003.

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