Buscar

Síntese Objetivos Aula 12

Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original

Fundamentos das Ciências Sociais
AULA 12 – A sociologia de Max Weber.
I - Entender o conceito de tipo ideal.
Nos conceitos de ação social e definição de seus diferentes tipos, Weber não analisa as regras e normas sociais como exteriores aos indivíduos. Para ele as normas e regras sociais são o resultado do conjunto de ações individuais que se ligam a outros indivíduos formando uma teia de sentidos.
Tipo ideal ou tipo puro é um recurso metodológico criado por Max Weber onde se constrói modelos típicos baseados em generalizações que não se encontram, nesse grau de pureza, disponíveis na sociedade. Os tipos ideais ou puros servem de apoio metodológico para se estudar uma variedade de casos e acontecimentos. Desta forma, o tipo ideal apresenta 3 características básicas: a racionalidade, unilateralidade e o caráter utópico. Exemplos de tipos ideais.: o aluno típico, o burocrata típico, etc.
II - Analisar os tipos puros de dominação legítima.
Retomando a questão do poder, para Weber, existe uma força que permite com que uns consigam se impor sobre os demais, sujeitando-os à sua vontade. Essa força está na fonte que legitima esse poder. Para distinguir e analisar essas fontes do poder na sociedade, Weber lança mão dos tipos ideais. O autor identifica 3 formas de dominação consideradas legítimas pelos sujeitos.
Dominação racional-legal/burocrático - Tipo de poder onde predominam normas impessoais e hierárquicas, como no exército, repartições públicas etc. O poder é exercido pelo cargo.
O tipo ideal de burocracia é aquela que não mistura as ações racionais às afetivas, selecionando as atividades e visando, por competências, a organização dos dados com que se trabalha. Nesse sistema, ainda que haja uma hierarquização, não acontece a subordinação. O resultado desse processo é o alcance da qualidade e da organização total.
A burocracia ideal, portanto, é um importante instrumento da dominação racional/legal, enfim, da democracia.
Dominação tradicional/patrimonialismo - A tradição é identificada por Weber como uma fonte de poder. Nesses casos predominam características patriarcais e patrimonialistas baseadas na tradição. Ex.: A tradição é uma das fontes de autoridade dos sacerdotes religiosos.
Na teoria política do alemão Max Weber, o “patrimonialismo” enquanto doutrina é uma forma de exercício legítimo de poder político, cujo referencial teórico está ancorado no tipo de “dominação tradicional”, cujas características principais repousam no poder individual do governante que, amparado por seu aparato administrativo recrutado com base em critérios unicamente pessoais, exerce o poder político sob um determinado território.
Dominação carismática - Predominam características místicas e de personalidade; há seguidores, devoção e respeito pela pessoa em si, não pelo cargo ocupado nem por alguma tradição que possa ampará-lo. Ex.: líderes “populares” que, independentemente de cargos ou dinheiro são considerados autoridades e respeitados como tais. Líderes religiosos, políticos e artistas podem se valer do carisma como fonte de poder.
III - Reconhecer a atualidade do pensamento weberiano.
Na teoria política do alemão Max Weber, o “patrimonialismo” enquanto doutrina é uma forma de exercício legítimo de poder político, cujo referencial teórico está ancorado no tipo de “dominação tradicional”, cujas características principais repousam no poder individual do governante que, amparado por seu aparato administrativo recrutado com base em critérios unicamente pessoais, exerce o poder político sob um determinado território.
É atribuído a Max Weber o estudo aprofundado do fenômeno do patrimonialismo, que já era notado e percebido como nocivo nos estados alemães do século XIX. Weber, aliás, fazia uma associação bastante pertinente entre as ideias de patrimonialismo e patriarcalismo (a concentração de poder nas mãos do patriarca, ou líder, e seus agregados). Suas conclusões acerca da burocracia (não no seu sentido pejorativo, que lembra algo que não funciona, repartições empoeiradas, com engrenagens lentas e ineficientes, mas de um conjunto técnico, de uma administração pública profissionalizada, eficiente e ética) redundaram no aparecimento de procedimentos como o concurso público, licitações, controle da administração pública. No Brasil os ideais burocráticos foram fixados em nosso ordenamento jurídico, de fato, apenas com a Constituição de 1988, numa época bastante tardia, portanto. 
No patrimonialismo, o governante trata toda a administração política como seu assunto pessoal, ao mesmo modo como explora a posse do poder político como um predicado útil de sua propriedade privada. Ele confere poderes a seus funcionários, caso a caso, selecionando-os e atribuindo-lhes tarefas específicas com base na confiança pessoal que neles deposita e sem estabelecer nenhuma divisão de trabalho entre eles. Os funcionários, por sua vez tratam o trabalho administrativo, que executam para o governante como um serviço pessoal, baseado em seu dever de obediência e respeito. Em suas relações com a população, eles podem agir de maneira tão arbitrária quanto aquela adotada pelo governante em relação a eles, contanto que não violem a tradição e o interesse do mesmo na manutenção da obediência e da capacidade produtiva de seus súditos. Não era fácil aos detentores das posições públicas de responsabilidade, formados por tal ambiente, compreenderem a distinção fundamental entre os domínios do privado e do público. Para o funcionário “patrimonial”, a própria gestão política apresenta-se como assunto de seu interesse particular; as funções, os empregos e os benefícios que deles aufere, relacionam-se a direitos pessoais do funcionário e não a interesses objetivos, como sucede no verdadeiro Estado burocrático, em que prevalece a especialização das funções e o esforço para se assegurarem garantias jurídicas aos cidadãos. A escolha dos homens que irão exercer as funções públicas faz-se de acordo com a confiança pessoal que mereçam os candidatos, e muito menos de acordo com as capacidades próprias. Falta a tudo a ordenação impessoal que caracteriza a vida no Estado burocrático. 
Na herança legada do patrimonialismo na formação brasileira, como produtos de uma situação histórica adquirida das antigas estruturas coloniais, mostra-se evidente a burocracia ineficiente e autoritária das instituições públicas, bem como a equivocada forma de gestão e concepção da coisa comum que, na maioria das vezes, trata a coisa pública como se particular fosse, não distinguindo a separação entre o que é individual e o que pertence à coletividade. Enfim, a acomodação, o individualismo e a corrupção tornam-se práticas comuns, não florescendo na sociedade política valores republicanos. 
Parentes de políticos sem qualquer preparo sendo escolhidos para cargos de confiança importantes na administração pública, ou passando em concursos públicos de credibilidade discutível; empresas financiadoras de campanhas eleitorais vencendo licitações duvidosas, uso de verbas públicas para uso próprio ou para financiamento de campanhas; utilização de empresas e ONGs fantasmas para parcerias criminosas com o poder público. Todos são exemplos modernos do patrimonialismo, e que estão presentes no Brasil em grau alarmante, fazendo parte da gestão pública municipal, estadual e federal.

Teste o Premium para desbloquear

Aproveite todos os benefícios por 3 dias sem pagar! 😉
Já tem cadastro?

Continue navegando