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 D. PROCESSUAL CIVIL 
Temas: Normas Processuais e Intervenção de Terceiros. 
AULA 01 
1. NORMAS FUNDAMENTAIS DO DIREITO PROCESSUAL CIVIL 
 Este assunto corresponde aos artigos 1º ao12 do Código de Processo Civil. 
 Estes artigos, em suma, argumentam que o Processo Civil deve obediência à 
Constituição Federal e a tudo que ela representa, seus princípios, seu regime, à 
proporcionalidade e à razoabilidade. 
1.1 Distinções Normas e Princípios 
 Normas princípios são aquelas abstratas, as quais são necessárias para a 
completude do sistema. Verdadeiras “vigas”, normas estruturantes do sistema, com o 
intuito de evitar omissões. Pois, na ausência da norma regra, o juiz irá utilizar-se da 
norma princípio. Não partem de uma interpretação do tudo ou nada. São normas 
“depende”, ou seja, possibilitam diversas interpretações, a exemplo da dignidade da 
pessoa humana. 
 Normas regras são concretas, as quais, efetivamente visam tutelar o direito 
subjetivo. Representam, em verdade, a afirmação do SIM ou do NÃO. Podendo ser 
interpretadas a base de tudo ou nada, ou seja, aplica-se a norma X ou aplica-se a 
norma B. Entre normas regras é possível haver conflitos, pois são dispositivo fechados. 
 Importa ficar atento que dos art. 1º ao 12 do CPC há várias normas princípios, 
mas também há, nos mesmos artigos, várias normas regras (afirmações de direitos 
subjetivos), a exemplo do art. 12 do CPC, o qual determina o julgamento, 
preferencialmente, por ordem cronológica (determinação jurídica 
materializada/concreta). 
 Os princípios acabam sendo uma afirmação de uma posição jurídica de 
vantagem. 
 Basicamente, os arts. 1º aos 11 do CPC servem nas duas dimensões. Assim, as 
interpretações devem caminhar para concretizar os princípios previstos na 
Constituição Federal. 
 O art. 8º do CPC fala da eficiência, isso permite concluir que toda vez que a 
normativa do CPC for contrária ao padrão de eficiência, será permitido que o juiz ao 
 
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aplicar o ordenamento jurídico para que atenda aos fins sociais e as exigências do 
bem comum, resguardando e promovendo a dignidade da pessoal humana. 
1.2 Classificações dos Princípios 
 Princípio da Inércia da Jurisdição 
 Processo civil “começa por iniciativa da parte” (princípio dispositivo), mas “se 
desenvolve por impulso oficial” (princípio inquisitivo). Assim, temos um sistema 
processual misto, com destaque para o princípio dispositivo, na medida em que o Juiz 
poderá atuar apenas para produção de provas no processo e para conduzi-lo ao 
final, ou seja, à decisão final de mérito e à satisfação do direito. No mais, o Direito 
Processual Civil releva-se dispositivo. 
 Princípio da inafastabilidade da atuação jurisdicional 
 O Poder Judiciário não excluirá da apreciação ameaça ou lesão a direito. Não 
obstante existem equivalentes jurisdicionais, o acesso ao Poder Judiciário não poderá 
ser afastado ou condicionado. Em face desses princípios temos, por exemplo, regras 
que preveem a gratuidade da Justiça, a fim de viabilizar o acesso ao Judiciário em 
relação às pessoas economicamente desfavorecidas. 
 Princípio da celeridade 
 Por intermédio desse princípio, pretende-se chegar ao resultado final com o 
menor número de atos possíveis. 
 Ademais, a realização do processo célere não é voltada tão somente para a 
certificação do direito, ou seja, para a sentença, mas para a efetivação e satisfação 
do direito reconhecido de forma que se fala expressamente em “solução integral de 
mérito” em tempo razoável. 
 Registre-se que celeridade não indica rapidez, mas a efetiva sucessão de atos 
processuais no tempo devido. 
 Princípio da boa-fé processual 
 Constitui cláusula geral, pois a hipótese de incidência e a consequência 
dependem de integração. Assim, à luz do caso concreto, o magistrado irá avaliar que 
condutas são de boa-fé e de má-fé podendo sancionar condutar contrárias ao 
princípio à luz das regras processuais. Esse princípio impõe observância tanto das 
partes, como do Juiz, do perito, do advogado, da testemunha. Todos que ajam no 
processo devem respeitar padrões éticos de conduta. 
 
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 Princípio da cooperação 
 Postula por um equilíbrio, sem preponderância das partes ou do magistrado. Na 
realidade todos os envolvidos no processo (partes, juiz, testemunhas, peritos, servidores, 
advogados) devem atuar de forma cooperativa, em respeito às regras de lealdade. 
 Princípio da igualdade no processo 
 Visa à paridade de tratamento se dá em relação: ao exercício dos direitos e 
faculdades processuais; aos meios de defesa; aos ônus; aos deveres; e à aplicação de 
sanções processuais. 
 Princípio do Contraditório 
 Nenhuma decisão deve ser tomada sem prévia oitiva das partes, com exceção 
das tutelas provisórias de urgência e de evidência, no qual o contraditório é diferido. 
Dimensões: 
a) dimensão formal refere-se ao direito de participar do processo (ser ouvido). 
b) dimensão material refere-se ao poder de influenciar na decisão. 
Em nome da eficácia horizontal dos direitos fundamentais, aplica-se às relações 
interprivados. 
 O princípio do contraditório, que exige que o magistrado não tome decisões 
sem antes ouvir as partes. 
 Princípio da Publicidade e Motivação 
 O princípio da publicidade exige a ciência às partes e abertura ao público dos 
atos processuais. 
Há, entretanto, restrições à publicidade: 
a) para preservação do direito à intimidade do interessado; e 
b) para preservação do interesse público. 
 O princípio da motivação exige que as decisões sejam fundamentadas de forma 
clara e objetiva, com indicação das razões de fato e de direito que pautam a decisão 
judicial. 
2. INTERVENÇÃO DE TERCEIROS 
 
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1. GENERALIDADES 
 1.1. Efeitos das sentenças e intervenção (506 CPC) 
 O processo, quando é imaginado, visa produzir efeitos endoprocessuais. Ou seja, 
atingir, exclusivamente, as partes. 
 Contudo, em alguns casos, os efeitos ultrapassam a relação entre as partes. Há 
casos em que não atingem terceiros; há casos, em que atingem de forma reflexas e, 
ainda, há casos em que os terceiros são atingidos de forma direta pela decisão 
proferida em processo alheio. 
 Assim, os terceiros que são atingidos de forma reflexa ou diretamente tornam-se 
partes legítimas para ingressar em uma relação jurídica alheia. 
O art. 506 do CPC trata da coisa julgada, importante salientar que a coisa julgada não 
poderá prejudicar terceiros, mas os efeitos da sentença poderão atingir terceiros. É 
claro, portanto, que coisa julgada se difere dos efeitos da sentença. 
 2..1 Conceitos de terceiro 
 Terceiro é quem não pede e contra quem não há pedidos formulados. Parte é aquele 
que pede e que possui pedidos formulados contra si. 
Em regra, terceiro, quando ingressa em processo alheio, passa a ser parte, pois poderá 
fazer pedido ou ter pedidos formulados contra si. 
Há exceções, a exemplo do amicus curiae, sempre será terceiro. Em relação à 
assistência, há divergência (será visto mais adiante). 
 2.3. Classificação das formas de intervenção 
a) Intervenção típica ou atípica 
•Típica: é a prevista em lei como tal. Ou seja, o próprio Código trata como 
intervenção de terceiros. 
Estão previstas nos arts. 119 a 138. 
 O CPC previu cinco, são elas: assistência, denunciação à lide, chamamento ao 
processo, amicus curiae e incidente da desconsideração da personalidade jurídica. 
•Atípica: sãoaquelas que não são tratadas pela lei como intervenção de terceiros, 
mas que em realidade são. 
 
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Por exemplo: embargos de terceiro (art. 674), recurso de terceiro prejudicado (art. 
996), concurso de prelações (art. 908). 
b) Intervenção espontânea ou provocada 
•Espontânea: o terceiro ingressa no processo por sua vontade. Ex.: assistência e amicus 
curiae. 
•Provocada: o terceiro é citado ou intimado a participar do processo. 
c) Intervenção por inserção ou por ação 
•Inserção: ocorre dentro da relação jurídica primitiva (triangular). Ex.: assistência, 
amicus curiae. 
•Ação: ocorre uma nova relação jurídica (mesmo que dentro do mesmo processo), 
ajuizada pelo ou contra o terceiro. Ex.: denunciação à lide. 
 ASSISTÊNCIA 
 Ocorre quando, havendo uma demanda entre as partes, um terceiro passa a 
atuar para ajudar (assistir) uma das partes. 
 Hipóteses de cabimento 
a) Interesse jurídico (ART. 119 CPC): sempre o terceiro tenha interesse jurídico que uma 
das partes sai vencedora da demanda. 
Art. 119. Pendendo causa entre 2 (duas) ou mais pessoas, o 
terceiro juridicamente interessado em que a sentença seja 
favorável a uma delas poderá intervir no processo para assisti-
la. 
Parágrafo único. A assistência será admitida em qualquer 
procedimento e em todos os graus de jurisdição, recebendo o 
assistente o processo no estado em que se encontre. 
 Para o STJ, interesse jurídico é diferente de interesse moral, interesse corporativo e de 
interesse econômico. Apenas no caso de interesse jurídico admite-se assistência, nos 
demais casos não. 
 Espécies 
a) Assistência simples (ARTS. 121-123 CPC): ocorre relação jurídica apenas entre o 
assistente e o assistido, não há relação com a parte adversária. 
 
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O assistente é apenas um coadjuvante, sua atividade é subordinada à vontade do 
assistido. 
b) Assistência litisconsorcial (ART. 124 CPC): ocorre quando há relação jurídica entre o 
assistente e o assistido, bem como com o assistente e a parte adversária do assistido. 
 Para simplificar, é o indivíduo que poderia ter sido litisconsorte facultativo. O 
assistente litisconsorcial recebe tratamento de parte, podendo, inclusive, contrariar a 
vontade do assistido. 
 DENUNCIAÇÃO À LIDE 
Previsto nos arts. 125 a 129 do CPC. 
 
 Imagine a seguinte situação hipotética, há uma ação de evicção, em que 
um terceiro “A” ajuíza uma ação de reintegração de posse contra o comprador “B”. 
Este possui o direito, de acordo com a lei, de ser ressarcido pelo vendedor, no caso de 
perder o imóvel. Assim, B irá denunciar à lide o vendedor “C”. Neste caso, há uma 
denunciação à lide feita pelo réu. 
 Assim, percebe-se que a denunciação à lide visa garantir o direito de regresso, 
seja quando feita pelo autor ou quando feita pelo réu. Há duas relações jurídicas no 
mesmo processo, uma entre autor e réu e outra entre denunciante (autor ou réu) e 
denunciado. 
 CHAMAMENTO AO PROCESSO 
Previsto nos arts. 130 a 132 do CPC. 
 É figura prevista em favor do fiador ou devedor solidário que conste 
inicialmente do polo passivo da ação(réus), para que os demais fiadores ou o devedor 
principal ou solidário não arrolados pelo autor passem a integrar a lide. (Art. 130, CPC). 
 
 DESCONSIDERACAO DA PERSONALIDADE JURÍDICA 
Previsto nos arts. 133 a 137 do CPC. 
 Do Incidente de Desconsideração da Personalidade Jurídica. A 
desconsideração da personalidade jurídica é instituto previsto no Código de 
Defesa do Consumidor (art. 28) e no Código Civil (art. 50), que autoriza imputar 
 
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ao patrimônio particular dos sócios, obrigações assumidas pela sociedade, 
quando e se a pessoa jurídica houver sido utilizada abusivamente, como no 
caso de desvio de finalidade, confusão patrimonial, liquidação irregular, dentre 
outros. O instituto contempla, também, a chamada desconsideração inversa, 
em que se imputa ao patrimônio da sociedade o cumprimento de obrigações 
pessoais do sócio. 
 Tal incidente é cabível em todas as fases do processo de 
conhecimento, no cumprimento de sentença e na execução de título 
extrajudicial, sendo instaurado a pedido da parte ou do Ministério Público, nos 
casos em que lhe couber intervir no processo, devendo haver para tanto, a 
observância dos requisitos legais dos artigos 28 do CDC e/ou 50 do Código 
Civil. 
 Uma vez instaurado, o incidente deverá ser imediatamente 
comunicado ao distribuidor para as anotações devidas, sendo que, qualquer 
alienação feita após isso, será considerada fraude à execução. 
 
 Do Amicus Curiae 
Previsto no art. 138 do CPC. 
 É uma modalidade de intervenção, tanto espontânea quanto 
provocada, onde um terceiro, sem interesse jurídico, irá instruir o poder judiciário para 
que a decisão por este proferida seja mais qualificada, motivada, ou seja, o Amicus 
Curiae irá qualificar o contraditório trazendo mais subsídios para a decisão do juiz, 
apresentando dados proveitosos à apreciação da demanda, defendendo, para 
tanto, uma posição institucional. Tal intervenção poderá ser aplicada em todos os 
graus de jurisdição. 
 Ressalta-se que o Amicus Curiae não pode ter interesse jurídico na causa, 
apenas institucional, pois se assim fosse, estaríamos diante de outra modalidade de 
intervenção, a Assistência. 
 
 
ATENÇAO!! 
 
 
 
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INTERVENÇÃO DE TERCEIROS 
INTERVENÇÃO DE TERCEIROS PALAVRAS CHAVES 
ASSISTÊNCIA AUXÍLIO 
DENUNCIAÇÃO À LIDE AÇÃO REGRESSIA E SEGURO 
CHAMAMENTO AO PROCESSO RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA E FIANÇA 
INCIDENTE DE DESCONSIDERAÇÃO DA 
PERSONALIDADE JURÍDICA 
INGRESSAR NO PATRIMÔNIO DO SÓCIO 
AMICUS CURIAE OPINIÃO TÉCNICA 
PROCEDIMENTO ESPECIAL COMBATER AUTOR E RÉU AO MESMO 
TEMPO 
INCIDENTE DE CORREÇÃO DO POLO 
PASSIVO DA DEMANDA 
APONTAR O RÉU CORRETO

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