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Cidadania e Democracia no Brasil

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Cidadania
A construção da democracia no Brasil ganhou ímpeto após o fim da ditadura militar. Políticos, jornalistas, 
intelectuais e líderes sindicais adotaram a palavra cidadania. Chama a Constituição de 88 de constituição 
cidadã, mas existe ingenuidade e crença no entusiasmo. A violência urbana, desemprego, analfabetismo e 
má qualidade de educação, a oferta inadequada de serviços de saúde e grandes desigualdades 
econômicas, isso faz com que o cidadão perca a confiança e se desgastem. Podiam gerar retrocessos em 
conquistas já feitas. Cidadania é um fenômeno complexo e historicamente definido.
Liberdade e participação não levam automaticamente à resolução de problemas sociais. Uma cidadania 
plena é aquela que combine liberdade, participação e igualdade para todos, é um ideal desenvolvido no 
Ocidente e talvez inatingível.
Cidadão pleno é aquele que é titular dos três direitos•
• Cidadão incompleto: possui apenas alguns dos direitos
• Não cidadãos: não possui nenhum dos direitos 
A cidadania desdobra-se em direitos civis, políticos e sociais. 
Direitos civis: fundamentais a vida, a liberdade, a propriedade e igualdade perante a lei. Sua pedra de 
toque é a liberdade individual. É possível haver direitos civis sem políticos, mas o contrário não é viável
Direito político: direito ao voto. Tem como instituição principal o partido e um parlamento livre e 
representativo conferindo legitimidade à organização política da sociedade e a ideia de autogoverno.
Direitos sociais: garantem a participação na riqueza coletiva. Incluem direito a educação, trabalho, salário 
justo, saúde e aposentadoria. Em tese, eles podem existir sem os outros direitos, mas na ausência desses o 
conteúdo e alcance tendem a ser arbitrários. Baseiam-se na justiça social.
Marshall diz que a cidadania se desenvolveu na Inglaterra com muita lentidão. Primeiro os direitos civis, 
políticos e sociais. Foi com base no exercício dos direitos civis que reivindicaram o poder de votar e a 
participação permitiu a eleição de operários e a criação do partido trabalhista responsáveis pela introdução 
dos direitos sociais. Há uma exceção na sequência de direitos que trata da educação popular que permitiu 
as pessoas tomarem conhecimento dos seus direitos e lutarem por ele. Cidadania é um fenômeno histórico. 
No Brasil não se aplica o modelo inglês, pois entre nós o social precedeu os outros. 
A construção da cidadania tem a ver com a relação das pessoas com o Estado e com a nação. Lealdade 
ao Estado e a identificação como nação, mas as duas nem sempre aparecem juntas. A internacionalização 
do sistema capitalista, criação de blocos econômicos e políticos têm causado uma redução do poder do 
Estado e uma mudança das identidades nacionais existentes. Essa redução afeta a natureza dos antigos 
direitos sobretudo do político e social.
Os progressos feitos são inegáveis, mas foram lentos e não escondem o longo caminho que ainda falta 
percorrer, mas perdeu-se a crença de que a democracia política resolveria com rapidez os problemas da 
pobreza e da desigualdade. No período ditatorial os órgãos de representação política foram transformados 
em peça decorativa. A pirâmide dos direitos foi colocada de cabeça pra baixo. Na sequência inglesa a 
liberdade civil veio primeiro garantida por um poder judiciário cada vez mais independente que o executivo, 
expandiram-se os direitos e finalmente voltaram-se aos sociais ,posto em prática pelo executivo. A base de 
tudo eram as liberdades civis.
Consequências para o problema da eficácia na democracia: excessiva valorização do poder executivo. O 
governo aparece como o ramo mais importante do poder, visto sempre como todo poderoso e na pior 
como repressor e cobrador de impostos, na melhor como distribuidor paternalista de empregos e favores. 
Estadania: cultura orientada mais para o Estado do que para a representação, contraste com a cidadania.
A busca de soluções mais rápidas por meio de lideranças carismáticas e messiânicas, feito por exemplo, por 
Vargas, onde os benefícios sociais não eram tratados como direito de todos, mas como fruto de uma 
negociação de cada categoria com o governo. O corporativismo é particularmente forte na luta de juízes e 
promotores por melhores salários e contra o controle externo. A ausência da sociedade faz com que os 
interesses corporativistas prevaleçam. 
A esquerda e a direita parecem hoje convictas com o valor da democracia. Quase todos os militantes de 
esquerda são hoje políticos adaptados aos procedimentos democráticos e os de direita conformados com a 
democracia.
A queda do império soviético, minorias nos EUA e globalização em ritmo acelerado provocaram importantes 
relações entre o Estado, sociedade e nação. O foco da mudança está localizado em dois pontos: redução 
do papel central do Estado como fonte de direitos (impacto direto sobre os direitos políticos)e como arena 
de participação e deslocamento da nação como principal fonte de identidade coletiva. Mas trouxeram 
alguns benefícios como a ênfase na organização da sociedade. A inversão da sequência reforçou a 
supremacia do Estados. A primeira mudança tem origem na sociedade e a outra no governo, sobretudo o 
executivo.
A desigualdade é a escravidão de hoje, o novo câncer que impede a constituição impendido vida cívica e 
construção da nação de uma sociedade democrática. A precária democracia de hoje não sobreviveria a 
espera tão longa de extirpar o câncer da desigualdade.
 Página 1 de Nova Seção 3

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