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APOSTILA Saneamento Básico parte 1

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1
 
UNIVERSIDADE ESTADUAL 
 
DE CAMPINAS 
 
 
 CENTRO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO 
 
 TECNOLÓGICA – C E S E T 
 
 
 
 D I S C I P L I N A : ST 611 – OBRAS DE 
 
 ABSTECIMENTO 
 
 
 ASSUNTO: CAPÍTULO 1 a 5 
 
 
 
 
 
 
 
 
 PROF. RENATO TAKAMI 
 
 
 
 JULHO/2008. 
 
 
 2
 ÍNDICE 
 
CAPÍTULO 1 - Concepção de Sistemas de Abastecimento de Água....06 
 
1.1-Definição de Objetivos............................................................................................06 
1.2-Partes de um Sistema de Abastecimento de Água...............................................06 
1.3-Normas para Projetos de Sistemas de Abastecimento de Água.........................07 
1.4-Estudo de Concepção de Sistema de Abastecimento de Água............................07 
 1.4.1-Caracterização de Área de Estudo................................................................07 
1.4.2-Análise do Sistema de Abastecimento de Água Existente...........................08 
 1.4.3- Levantamento dos Estudos e Planos Existentes..........................................09 
1.4.4-Estudos Demográficos e de Uso e Ocupação do Solo...................................09 
1.4.5- Critérios e parâmetros de Projeto................................................................09 
1.4.6- Demanda de Água..........................................................................................09 
 1.4.7- Estudo de Mananciais....................................................................................10 
 1.4.8-Formulação de Alternativas de Concepção..................................................11 
 1.4.9-Pré-dimensionamento das unidades dos sistemas para escolha da 
 alternativa........................................................................................................12 
 1.4.10-Estimativas de custo das alternativas propostas........................................13 
 1.4.11- Análise das alternativas propostas.............................................................13 
 1.4.12-Concepção Escolhida....................................................................................13 
 1.5-Concepções de Sistemas de Abastecimento de Água............................................14 
 1.5.1-Concepções de sistema de abastecimento de água com captação em 
 manancial superficial....................................................................................14 
1.5.1.1-Captação em curso de água..................................................................14 
1.5.1.2-Captação em represas e reservatórios.................................................18 
1.5.1.3-Captação em manancial de serra.........................................................18 
 1.5.2-Concepções de sistemas de abastecimento de água com captação em 
 manancial subterrâneo.....................................................................................19 
1.5.2.1- Captação através de caixas de tomadas e drenos..............................19 
1.5.2.2-Captação através de poços profundos.................................................19 
1.6. Licenciamento Ambiental de Sistemas de Abastecimento de Água..................21 
 1.6.1-Considerações gerais....................................................................................21 
 1.6.2-Licença prévia...............................................................................................22 
 1.6.3. Licença de Instalação...................................................................................23 
 1.6.4. Licença de Operação...................................................................................23 
 1.6.5. Outros aspectos do licenciamento ambiental............................................24 
 
CAPÍTULO 2-Consumo de Água.............................................................26 
 
2.1-Introdução................................................................................................................26 
2.2-Usos de água.............................................................................................................26 
 2.2.1-Água para o consumo doméstico..................................................................26 
 2.2.2-Água para uso comercial..............................................................................27 
 2.2.3-Água para uso industrial..............................................................................30 
 2.2.4-Água para uso público..................................................................................31 
2.3-Consumo médio per capita de água.......................................................................31 
 2.3.1-Determinação do consumo efetivo per capita e consumo 
 3
 per capita a partir da leitura dos hidrômetros..........................................32 
 2.3.2-Leituras do medidor instalado na saída do reservatório...........................32 
 2.3.3-Quando não existir medição.........................................................................32 
 2.4-Valores do consumo médio efetivo per capita de água........................................32 
 2.4.1-Consumo médio per capita no Brasil..........................................................32 
 2.4.2-Consumo médio efetivo per capita no interior de 
 São Paulo.....................................................................................................33 
2.5-Fatores que afetam o consumo..............................................................................33 
2.6-Variações no consumo............................................................................................34 
 2.6.1-Variações diárias..........................................................................................35 
 2.6.2-Variações horárias.......................................................................................35 
2.7-Período de Projeto...................................................................................................37 
2.8-Previsão da População.............................................................................................37 
 2.8.1-Métodos para estudo demográfico...............................................................38 
 2.8.1.1-Método dos componentes demográficos..........................................38 
 2.8.1.2-Método matemáticos.........................................................................38 
 2.8.1.3-População Flutuante.........................................................................41 
 2.8.1.4-Distribuição demográfica.................................................................41 
 2.9-Vazões de Dimensionamento das partes principais de um sistema de 
 abastecimento de água............................................................................................42 
 
CAPÍTULO 3-Captação de Águas Superficiais......................................45 
 
3.1-Introdução................................................................................................................45 
3.2-Manancial Superficial.............................................................................................45 
 3.2.1-Medidas de controle dos mananciais............................................................45 
 3.2.2- Qualidade da água.........................................................................................46 
 3.2.2.1-Padrão de Potabilidade Portaria n° 1469/MS.................................47 
 3.2.3-Seleção de Manancial.....................................................................................473.3-Captação em Cursos de Água................................................................................47 
 3.3.1-Escolha do local da captação.........................................................................47 
 3.3.2-Partes constituintes de uma captação...........................................................48 
 3.3.2.1-Barragem............................................................................................48 
 3.3.2.2-Tomada de água................................................................................49 
 3.3.2.3-Gradeamento.....................................................................................54 
 3.3.2.4-Desarenador ou caixa de areia.........................................................56 
 3.3.2.5-Dispositivo de controle......................................................................58 
 3.3.2.6-Canais e tubulações de interligação.................................................58 
 
CAPÍTULO 4 - Adutoras..........................................................................61 
 
4.1-Generalidades..........................................................................................................61 
4.2-Classificação da Adutoras......................................................................................61 
 4.2.1-Quanto à natureza da água transportada...................................................61 
 4.2.2-Quanto à energia para movimentação da água...........................................61 
 4.2.2.1-Adutoras por gravidade....................................................................62 
 4.2.2.2-Adutoras por recalque......................................................................62 
 4
 4.2.2.3-Adutoras mistas.................................................................................63 
4.3-Vazão de Dimensionamento...................................................................................64 
 4.3.1- Horizonte de projeto.....................................................................................64 
 4.3.2- Vazão de adução............................................................................................64 
 4.3.3- Período de funcionamento da adução..........................................................65 
4.4-Hidráulica para Adutoras......................................................................................65 
 4.4.1-Equações gerais...............................................................................................65 
 4.4.1.1-Equação de energia...........................................................................65 
 4.4.1.2-Equação da continuidade..................................................................66 
 4.4.2-Condutos livres...............................................................................................66 
 4.4.3-Condutos forçados..........................................................................................67 
 4.4.3.1-Perda de carga distribuída...............................................................67 
 4.4.3.2-Perda de carga localizada.................................................................73 
4.5-Traçado da Adutora................................................................................................75 
 4.5.1- Traçado da Adutora e a posição do plano de carga e linha 
 piezométrica..................................................................................................75 
 4.5.2-Recomendações para Traçado de Adutora..................................................78 
 4.5.3-Faixas de Servidão ou desapropriação.........................................................78 
4.6-Dimensionamento Hidráulico.................................................................................79 
 4.6.1-Adutora por gravidade..................................................................................79 
 4.6.1.1-Adutora por gravidade em conduto forçado..................................79 
 4.6.1.2-Adutora por gravidade em conduto livre.......................................80 
 4.6.2-Adutora por recalque....................................................................................80 
4.7-Acessórios das Adutoras........................................................................................82 
 4.7.1-Processos de remoção de ar..........................................................................82 
 4.7.1.1-Remoção hidráulica de ar.................................................................82 
 4.7.1.2-Remoção mecânica de ar..................................................................82 
 4.7.2-Descargas em Adutoras.......................................................................85 
 4.7.2.1-Detalhes das instalações da válvula de descarga............................86 
 4.7.2.2-Diâmetro da descargas......................................................................86 
 4.7.2-Admissão de ar em adutora...........................................................................89 
 4.7.2.1-Dimensionamento das válvulas de admissão de ar........................90 
 4.7.2.2-Detalhes da válvula de admissão de ar..........................................90 
4.8-Blocos de Ancoragem.............................................................................................91 
 4.8.1-Cálculo da resultante dos esforços................................................................91 
 4.8.2-Dimensionamento...........................................................................................91 
 4.8.3-Ancoragem de adutora em declive................................................................92 
4.9-Obras Especiais.......................................................................................................98 
 4.9.1-Travessias de córregos e rios.........................................................................99 
 4.9.2-Travessias sob ferrovias e rodovias.............................................................100 
 
CAPÍTULO 5- Reservatórios de Distribuição de Água.........................101 
 
5.1-Introdução...............................................................................................................101 
5.2-Classificação de reservatórios de distribuição.....................................................101 
 5.2.1-Quanto a localização do reservatórios no sistema.....................................101 
 5.21.1-Reservatório de montante.................................................................102 
 5.2.1.2-Reservatório de jusante...................................................................102 
 5.2.1.2-Reservatório de posição intermediária...........................................104 
 5
 5.2.2-Localização do reservatório no terreno.......................................................106 
 5.2.3-Formas de reservatórios................................................................................106 
 5.2.3.1-Reservatórios enterrados, semi-enterrados e apoiados................106 
 5.2.3.2-Reservatório elevado.........................................................................108 
 5.2.3.3-Centro de reservação........................................................................110 
 5.2.4-Material de construção de reservatório......................................................111 
5.3-Capacidade dos reservatórios...............................................................................114 
 5.3.1-Determinação do volume útil para atender as variações do 
 consumo de água ..........................................................................................115 
 5.3.1.1-Pelo método baseado na curva de consumo.......................................115 
 5.3.1.2-Métodopara cálculo do volume útil quando não se dispõe 
 da curva de consumo...........................................................................118 
 5.3.2-Volume para combate a incêndios...............................................................119 
 5.3.3-Volume para emergência..............................................................................120 
 5.3.4-Volume total de reserva................................................................................120 
 5.3.5-Volume de reservação utilizados na elaboração de projetos.....................120 
 5.3.6-Capacidade do reservatório elevado............................................................121 
5.4-Vórtices em reservatório.......................................................................................121 
 5.4.1-Métodos para combate de vórtices.............................................................121 
 5.4.1.1-Submergência na saída do reservatório.........................................121 
 5.4.1.2-Supressores de vórtices....................................................................122 
 5.4.1.3-Reservatório sem poço de rebaixo..................................................122 
 5.4.1.4-Reservatório com poço de rebaixo..................................................123 
5.5-Tubulações e órgãos acessórios.............................................................................123 
 5.5.1-Tubulação de entrada...................................................................................123 
 5.5.2-Tubulação de saída........................................................................................129 
 5.5.3-Extravasor......................................................................................................130 
 5.5.4-Ventilação.......................................................................................................131 
 5.5.5-Acesso ao interior do reservatório...............................................................132 
5.6-Detalhes Construtivos............................................................................................132 
 5.6.1-Fundações de laje de fundo..........................................................................132 
 5.6.2-Paredes e laje de cobertura..........................................................................132 
 5.6.3-Drenos de fundos...........................................................................................133 
 
BIBLIOGRAFIA..........................................................................................................135 
 
ANEXO I – PORTARIA 518/MS..................................................................................136 
 
 
 
 
 
 
 
 
 6
ST 611- OBRAS DE ABASTECIMENTO. 
 
 CAPÍTULO 1 - Concepção de Sistemas de Abastecimento de Água. 
 
 1.1-Definição de Objetivos. 
 
 Concepção de sistema de abastecimento de água é o conjunto de estudos e conclusões 
relativas ao estabelecimento de todas as diretrizes, parâmetros e definições necessárias e 
suficientes para caracterização do sistema a projetar. 
 A concepção de um sistema é elaborada na fase inicial do projeto, em muitas vezes 
precedendo o diagnóstico técnico e ambiental. 
 A concepção tem como objetivos: 
 a)Identificar e quantificar todos os fatores que intervém com o sistema de água; 
 b)Diagnosticar o sistema existente, considerando a situação atual e futura; 
 c)Estabelecer todos os parâmetros básicos de projeto; 
 d)Pré-dimensionar as unidades dos sistemas para as alternativas escolhidas; 
 e)Escolher a alternativa mais adequada mediante comparação técnica, econômica e 
ambiental, entre as alternativas; 
 f)Estabelecer as diretrizes gerais de projeto e levantar todas atividades que devem ser 
executadas na fase de projeto, principalmente o tempo de cada uma para definir o prazo para a 
elaboração do trabalho. 
 
 1.2-Partes de um Sistema de Abastecimento de Água 
 
 Um sistema de abastecimento de água é constituído basicamente de: a)Manancial: é 
o corpo de água superficial ou subterrâneo, de onde a água é retirada para abastecimento, que 
deverá fornecer vazão suficiente para atender a demanda de água no período de projeto e com 
água de qualidade adequada; 
 b)Captação: conjunto de estruturas e dispositivos construídos junto ao manancial com o 
objetivo de retirar água para o sistema de abastecimento; 
 c)Estação Elevatória:conjunto de obras e equipamentos com a finalidade de recalcar 
água para a unidade seguinte. Em sistemas de abastecimento de água geralmente há várias 
estações elevatórias tanto para recalcar água bruta como para recalcar água tratada. Também 
pode existir estação elevatória tipo “booster”, destinada a aumentar a pressão e/ou vazão em 
redes e adutoras; 
 d)Adutora: tubulação que se destina a conduzir água entre as unidades que precedem a 
rede de distribuição(captaçãoÎETAÎreservatório de distribuição). Não distribuem água aos 
consumidores, mas podem ter derivações que são denominadas de sub-adutoras; 
 e)Estação de Tratamento de Água(ETA)-conjunto de unidades com a finalidade de 
tratar a água de modo a adequar as suas características aos padrões de potabilidade; 
 f)Reservatório:é o elemento do sistema de distribuição de água destinado a regularizar as 
variações entre as vazões de adução e de distribuição, e condicionar as pressões na rede de 
distribuição; 
 g)Rede de distribuição: parte dos sistema de abastecimento de água constituído de 
tubulações e órgãos acessórios, destinada a disponibilizar água potável aos consumidores de 
forma contínua, em quantidade, de boa qualidade e com pressão recomendada. 
 Os custos de um sistema de abastecimento de água vai depender do tipo, da localização 
do manancial e do tamanho(população a abastecer). Para se ter uma idéia destes custos, a tabela 
 7
2.1 apresenta os indicadores de custo de implantação de sistema convencional de abastecimento 
de água. 
 
Tabela 2.1- Indicadores de custo do sistema convencional de abastecimento de água. 
Partes 
constituintes 
do sistema 
Custo % 
 p≤10.000 10.000>p≤40.000 40.000>p≤100.000 p>100.000 
Captação 30 20 8 3 
Adução 8 9 11 11 
Bombeamento 6 5 5 1 
Tratamento 12 9 9 5 
Reservação 6 6 6 4 
Distribuição 38 51 61 76 
Onde; p- população em habitantes. 
 
 1.3-Normas para Projetos de Sistemas de Abastecimento de Água 
 
 NBR 12.211-Estudos de concepção de Sistemas Públicos de Água promulgada em 1992. 
 NBR 12.212-Projeto de Poço para Captação de Água Subterrânea, promulgada em 1992. 
 NBR12.213- Projeto de Captação de Água de Superfície para Abastecimento Público, 
promulgada em 1992. 
 NBR 12.214- Projeto de Sistema de Bombeamento de Água para Abastecimento Público, 
promulgada em 1992. 
 NBR 12.215- Projeto de Adutora de Água para o Abastecimento Público, promulgada em 
1991. 
 NBR 12.216- Projeto de Estação de Tratamento de Água para Abastecimento Público, 
promulgada em 1992. 
 NBR 12.217- Projeto de Reservatório de Distribuição de Água para Abastecimento 
Público, promulgada em 1994. 
 NBR 12.218- Projeto de Rede de Distribuição de Água para Abastecimento Público, 
promulgada em 1994. 
 
 1.4-Estudo de Concepção de Sistema de Abastecimento de Água 
Para estudar a concepção de sistemas de abastecimento de água é necessário desenvolver 
uma série de atividades, sendo as principais: 
 1.4.1-Caracterização de Área de Estudo 
Para caracterizar a área de estudo é necessário levantar: 
 a)Características Físicas 
• Mapa de localização; 
• Principais vias de acesso; 
• Topografia , relevo e geologia; 
• Cobertura vegetal da área; 
 8
• Bacia Hidrográfica. 
 b)Uso e ocupação do solo 
• Planos diretores municipais e regionais; 
• Identificação de áreas protegidas ambientalmente oucom restrições de 
ocupação; 
• Uso e ocupação atual do solo. 
c)Aspectos sociais e econômicos 
• Atividades econômicas; 
• Caracterização do mercado de trabalho e mão-de-obra disponível; 
• Distribuição de renda; 
• Indicadores sócio-econômicos. 
d)Sistemas de ínfra-estrutura e condições sanitárias 
• Abastecimento de água: população atendida, volume produzido de água, etc.; 
• Esgoto sanitário: população atendida, volume coletado, volume tratado, etc.; 
• Resíduos sólidos urbanos, industriais, hospitalares: coleta, tratamento e 
disposição final; 
• Apresentação da situação de licenciamento ambiental e de outorga dos 
sistemas de saneamento do município, ou de programas de regularização 
ambiental(TAC-Termo de Ajustamento de Conduta), caso existentes; 
• Saúde: índice de mortalidade infantil, ocorrência de internamentos e mortes 
por doenças de veiculação hídrica; 
• Sistema viário existente; 
• Energia elétrica(disponibilidade). 
1.4.2-Análise do Sistema de Abastecimento de Água Existente 
a)Descrição do Sistema Existente 
Identificação de todos os elementos do sistema existente com planta e descrição de todas as 
unidades como: manancial, caixa de areia, estação elevatória de água bruta, adutora de água 
bruta, estação de tratamento de água, estação elevatória de água tratada, adutora de água tratada, 
reservatórios, rede de distribuição de água e ligações de água. 
b)Diagnóstico do Sistema Existente 
Deverá ser feito diagnóstico das unidades do sistema existente, quanto a sua: 
• Capacidade; 
• Estado de conservação; 
• Desempenho e dificuldades operacionais; 
• Possibilidade de reaproveitamento. 
 9
 Deve ser avaliado também: 
o Área e população atendida e nível de atendimento; 
o Regularidade de abastecimento de água por setor; 
o Consumo per capita e por economia; 
o Número de ligações por categoria; 
o Perdas de água no sistema; 
o Destino de lodos e demais resíduos gerados nas unidades de tratamento; 
o Qualidade da água bruta e tratada. 
1.4.3- Levantamento dos Estudos e Planos Existentes 
Levantar e analisar todos os estudos, projetos e planos existentes que interfiram ou 
relacionam com o estudo. 
1.4.4-Estudos Demográficos e de Uso e Ocupação do Solo 
Para o estudo populacional e definição da área de atendimento, deverão ser 
observados: 
• Dados censitários; 
• Catalogação dos estudos populacionais existentes; 
• Pesquisa de campo; 
• Levantamento da evolução do uso do solo e o zoneamento urbano; 
• Plano diretor da cidade, sua real utilização, atualização e diretrizes futuras; 
• Projeção da população urbana baseada em métodos matemáticos, comparativos e 
outros(ano a ano); 
• Distribuição da população e suas respectivas densidades e por setor de 
abastecimento. 
1.4.5- Critérios e parâmetros de Projeto 
• Consumo per capita; 
• Coeficientes de variação das vazões: k1 e K2; 
• Coeficiente de demanda industrial; 
• Níveis de atendimento no período de projeto; 
• Alcance do projeto. 
1.4.6- Demanda de Água 
a)Estudo de demanda: 
• Análise do consumo e sua distribuição nas categorias: residencial, comercial, 
pública, industrial e especial; 
• Consumo per capita ou por economia, considerando os consumos médios. Na 
falta dessa informação, adotar os dados de comunidades de características 
semelhantes; 
 10
• Consumo comercial, público, industrial e especial, considerar valores obtidos 
em pesquisas ou adotar dados de atividades semelhantes. 
b)Cálculo das demandas 
Apresentar o cálculo da demanda média , máxima diária e horária ano a ano, por 
setores de abastecimento. 
1.4.7- Estudo de Mananciais 
a)Manancial Superficial 
• Estudos e levantamentos hidrológicos das bacias hidrográficas envolvidas; 
• Usos de recursos hídricos na área de influência; 
• Caracterização da cota de inundação; 
• Caracterização sanitária e ambiental da bacia considerando: 
ƒ Condições de proteção e as tendências de ocupação da bacia, analisando 
interferências que possam afetar a quantidade e qualidade da água do 
manancial; 
ƒ Problema de transporte de sedimentos(erosão e assoreamento); 
ƒ Análise dos impactos decorrentes da redução da disponibilidade hídrica 
em função da captação pretendida e dos possíveis conflitos pelo uso da 
água; 
ƒ Análises físico-químicas, bacteriológicas e toxicológicas das águas do 
manancial; 
ƒ Avaliação de riscos decorrentes da proximidade de vias de circulação 
ou indústrias, em caso de acidentes com produtos químicos tóxicos ou 
perigosos; 
• Caracterização topográfica e geotécnica na área da captação; 
• Tratabilidade das águas do manancial; 
• Compatibilização com as diretrizes estabelecidas pelo Plano Diretor da Bacia 
Hidrográfica; 
b)Manancial Subterrâneo 
• Levantamento cadastral dos poços existentes; 
• Zonear as áreas de maior potencialidade de exploração; 
• Analisar histórico do aproveitamento dos recursos hídricos na área; 
• Caracterizar ambientalmente a bacia de contribuição e recarga; 
• Levantar as condições sanitárias da bacia, inclusive interpretação de análises 
físico-químicas e bacteriológicas dos poços da região de estudo; 
 11
• Avaliar o uso e ocupação atual do solo e tendências futuras que possam afetar 
a qualidade e quantidade de água dos manancial; 
• Tratabilidade das águas do manancial; 
• Compatibilizar a exploração do manancial com as diretrizes estabelecidas 
pelo Plano Diretor da Bacia Hidrográfica. 
c)Seleção de mananciais 
 A seleção dos mananciais possíveis de aproveitamento deve ser precedida de análise 
preliminar de: aspectos técnicos, econômicos e ambientais, de forma a subsidiar a formulação 
de alternativas factíveis. 
1.4.8-Formulação de Alternativas de Concepção 
As alternativas a serem formuladas, devem contemplar aspectos locacionais, 
tecnológicos e operacionais, com a descrição de todas as unidades que compõem o sistema. 
Devem ser apresentados também, alternativas que aproveitam total ou parcialmente os sistemas 
existentes. Para cada alternativa devem ser avaliados os impactos ambientais negativos e 
positivos das diversas fases de implantação e operação. 
1.4.9-Pré-dimensionamento das unidades dos sistemas para escolha da 
alternativa. 
O pré-dimensionamento devem constar de memórias de cálculo e elementos 
gráficos(desenhos), para o seu perfeito entendimento. 
a)Para Captação: 
• Localização e descrição; 
• Pré- dimensionamento hidráulico da tomada de água(definição do tipo e 
forma); 
• Identificação da rede de energia elétrica e de telefonia próximo ao local da 
área em estudo; 
• Levantamento topográfico, batimétrico e geotécnico das áreas estudadas; 
• Delimitar a área de inundação; 
• Identificar a área a ser desapropriada. 
b)Estação Elevatória 
• Localização; 
• Pré-dimensionamento dos conjuntos elevatórios; 
• Pré-dimensionamento do poço de sucção; 
• Pré-dimensionamento de tubulações, peças e órgãos acessórios, inclusive a 
definição de material(fofo, aço); 
• Identificação da rede de energia elétrica que apresenta capacidade para 
atender a demanda das instalações previstas no local e rede de telefonia; 
• Identificação de áreas de desapropriação e de proteção ambiental; 
 12
c)Adutoras 
• Estudar alternativas de traçados; 
• Estudo técnico-econômico das alternativas; 
• Definição do traçado; 
• Pré-dimensionamento hidráulico de tubulações, peças e órgãos acessórios, 
inclusive definição de material(fofo, PVC Defofo, aço); 
• Identificação de travessias rios, córregos, ribeirões, rodovias, ferrovias, de 
faixas de servidão, áreas de proteção ambiental; 
• Identificação de áreas de desapropriação e áreas para constituição de servidão 
de passagem de adutora; 
• Identificação de interferências. 
d)Estação de Tratamento de Água 
• Localização e definição do tipo de tratamento;• Pré-dimensionamento hidráulico das unidades das alternativas das ETAs; 
• Caracterização geotécnica e topográfica das áreas estudadas; 
• Estudo técnico-econômico das alternativas; 
• Identificação da rede de energia elétrica que apresenta capacidade para 
atender a demanda das instalações previstas no local e rede de telefonia; 
• Identificação de áreas a serem desapropriadas. 
e)Reservatório 
• Estudo de alternativas técnicas com definição de tipo e capacidade; 
• Pré-dimensionamento hidráulico do reservatório, inclusive tubulações e peças 
e acessórios com definição de material(fofo, aço); 
• Caracterização geotécnica das áreas de estudadas através de sondagens; 
• Caracterização topográfica , através de levantamento topográfico das áreas 
em estudo; 
• Identificar as áreas a serem desapropriadas. 
f)Rede de distribuição 
• Estudo de Setorização; 
• Traçados da rede; 
• Pré-dimensionamento hidráulico das tubulações principais; 
• Escolha dos materiais das tubulações(fofo, aço, PVC); 
• Identificação de travessias de rios, córregos, ribeirões, faixas de servidão, 
áreas de proteção ambiental; 
• Identificação de áreas para constituir servidão de passagem de redes. 
1.4.10-Estimativas de custo das alternativas propostas 
 
A estimativa de custo das alternativas deverá ser subdividida em custos das 
obras da 1a etapa e das obras de 2a etapa. 
 13
 Nestes custos deverão estar incluídos além das obras em si, mas os custos 
operacionais, custos de manutenção e custos de medidas mitigadoras e compensatórias de cada 
alternativa estudada. 
 Deve fazer parte da estimativa de custo, as propostas de fornecimento de serviços, 
materiais e equipamentos com data base definida. 
1.4.11- Análise das alternativas propostas 
A análise é efetuada por meio de estudo técnico, econômico e ambiental, 
apresentando as vantagens e desvantagens das alternativas. 
 Devem ser estudados os seguintes aspectos: 
• Análise técnica: avaliar a compatibilidade entre a tecnologia empregada, a 
equipe operacional empregada, a equipe operacional mínima necessária, 
flexibilidade operacional, a vunerabilidade do sistema ao longo da vida útil e 
prazo de execução; 
• Análise econômica: realizar estudo econômico a valor presente dos 
investimentos previstos e das despesas operacionais e de manutenção durante 
a vida útil de cada alternativa; 
• Análise ambiental: identificar e avaliar os impactos ambientais de cada 
alternativa estudada. Fornecer subsídios para a escolha da melhor alternativa, 
permitindo que os impactos associados à melhor alternativa sejam melhor 
detalhada para o licenciamento prévio; 
• Comparação técnica e econômica e ambiental: a alternativa mais adequada é 
definida a partir de um estudo comparativo de viabilidade técnica, econômica, 
ambiental e institucional entre as alternativas estudadas, com apresentação do 
elenco das vantagens e desvantagens de cada uma; 
 
 1.4.12-Concepção Escolhida 
 
A concepção escolhida deverá ser conter: 
• Projetos hidráulicos das unidades; 
• Os estudos já realizados; 
• Levantamentos topográficos; 
• Sondagens geotécnicas; 
• Áreas a serem desapropriadas; 
• Faixas de servidão e de proteção ambiental. 
 Todas as partes constituintes das unidades e das obras previstas, deverão ser 
apresentadas em texto e em desenhos, de maneira a possibilitar a caracterização da futura obra, 
contendo informações seguras de: fundação, movimento de terra, escoramentos, equipamentos 
eletromecânicos, método construtivo, permitindo a correta previsão orçamentária da futura obra. 
 
 1.5-Concepções de Sistemas de Abastecimento de Água. 
 
 As concepções de sistemas de abastecimento de água dependem principalmente do tipo 
de manancial, da topografia da área e da população a ser atendida ou seja, do porte da obra. Em 
seqüência são apresentadas algumas concepções de sistemas de abastecimento de água: 
 
 14
 1.5.1-Concepções de sistema de abastecimento de água com captação em 
manancial superficial: 
 
 - Captação em cursos de água (rios, ribeirões); 
 - Captação em represas; 
 - Captação em manancial de serra. 
 
 1.5.1.1-Captação em curso de água 
 
 A figura 1.1 apresenta um sistema de abastecimento de água que atende a zona baixa, 
com reservatório apoiado e a zona alta, com um reservatório elevado. 
 A figura 1.2 apresenta um sistema simples de abastecimento de água, com captação em 
curso de água e com reservatório apoiado a montante. 
 A figura 1.3 apresenta um sistema de abastecimento de água com captação em curso 
de água, com reservatórios enterrado e elevado. 
 A figura 1.4 apresenta o sistema de abastecimento de água da cidade de Boituva, 
Estado de São Paulo e a figura 1.5 o sistema de abastecimento de água da cidade de Franca 
também no Estado de São Paulo, ambos operados pela SABESP. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Figura 1.1-Sistema de abastecimento de água que atende a zona baixa e a zona alta.Fonte Orsini(1996) 
 15
 
 Figura 1.2-Sistema de abastecimento de água com captação em curso de água e com 
reservatório apoiado 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Figura 1.3-Sistema de abastecimento de água com captação em curso de água e com reservatório 
enterrado e elevado. 
 
 
 
 16
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Figura 1.4-Sistema de abastecimento da cidade de Boituva, interior do Estado de São Paulo.Fonte 
SABESP(2000). 
 
 
 
 
 17
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Figura 1.5 -Sistema de abastecimento da cidade de Franca, interior do Estado de São Paulo.Fonte 
SABESP(2002). 
 
 
 
 18
 
 1.5.1.2-Captação em represas e reservatórios 
 
 Para captação de água em represas e reservatórios pode ser utilizado um sistema como 
o mostrado na figura 1.6. 
 Nesse caso é importante levar em consideração as variações da qualidade da água em 
função da profundidade e das oscilações de nível. 
 
 1.5.1.3-Captação em manancial de serra 
 
 Quando a localidade dispõe de manancial de serra preservado, a água captada não 
passa por tratamento convencional, podendo ser distribuída para o consumo, apenas com a 
aplicação de produtos químicos(cloro e flúor) ou passando por uma peneira estática para 
remoção de material sólido em suspensão e aplicação de produtos químicos(cloro e flúor). 
 A figura 1.7 apresenta o sistema de abastecimento de Peruíbe no Estado de São Paulo, 
que é abastecido através de dois sistemas: Cabuçu e Guaraú. O sistema Cabuçu é composto por 
captações em mananciais superficais(Ribeirão do Cabuçu, Ribeirão Quatinga e Ribeirão São 
João). Esse sistema conta com unidades de tratamento(peneiramento, desinfecção e fluoretação e 
rede de distribuição) e o sistema de Guaraú é constituído por pequeno manancial de serra, cuja 
desinfecção é feita com hipoclorito de sódio e adução diretamente à rede de distribuição. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Figura 1.6 –Captação de água submersa utilizada em rios e lagos. 
 
 19
 
 
 
 Figura 1.7 -Sistema de abastecimento da cidade de Peruíbe, litoral do Estado de São Paulo 
 Fonte SABESP(1995). 
1.5.2-Concepções de sistemas de abastecimento de água com captação em manancial 
subterrâneo 
1.5.2.1- Captação através de caixas de tomadas e drenos. 
Quando o aqüífero é freático e o lençol aflora formando minas de água a captação poderá 
ser feita com caixas de tomadas, como mostra a figura 1.8 , e com drenos, quando o lençol 
aflora no terreno ou está a pequena profundidade, como mostra a figura 1.9. 
1.5.2.2-Captação através de poços profundos 
 
 A água subterrâneaapresenta-se como importante recurso em muitas regiões onde 
existem condições favoráveis para seu aproveitamento para abastecimento público. 
Existe um número considerável de cidades brasileiras abastecidas por poços. No Estado 
de São Paulo há mais de 300 cidades que extraem água de lençóis subterrâneos para se 
abastecer. 
O aproveitamento de água subterrânea pode apresentar as seguintes vantagens: 
• Possibilidade de ocorrência próximo ao local de consumo; 
• Qualidade de água geralmente satisfatória; 
• Relativa facilidade de extração da água. 
 20
 
 
 
 
 
 
Figura 1.8 –Captação em afloramento de água através de caixas de tomada. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 1.9 –Captação através de drenos. 
 
 
 
 21
Quanto a qualidade, as águas de lençóis subterrâneos geralmente apresentam 
características compatíveis com os padrões de qualidade. Normalmente se apresentam com 
baixos teores de cor e turbidez e isentas de bactérias, necessitando apenas da cloração. 
 Sob o aspecto químico, a água de certos aqüíferos pode conter sais solúveis em 
proporção que a torna imprópria para o consumo humano. A presença de dureza em alguns 
casos, requer um tratamento especial de abrandamento, ainda que, para fins potáveis não seja 
prejudicial. 
 A possibilidade da captação(poço)localizar-se nas proximidades dos centros de consumo, 
há economia substancial no custo de instalação de um sistema de abastecimento deste tipo. 
A figura 1.10 apresenta esquematicamente, os tipos de aqüíferos e de poços e as áreas de 
recargas(realimentação)dos lençóis. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Figura 1.10 –Tipos de aqüíferos e de poços. 
 
 
1.6. Licenciamento Ambiental de Sistemas de Abastecimento de Água 
 
1.6.1. Considerações gerais 
 
O Licenciamento Ambiental "é um procedimento administrativo pelo qual o órgão 
ambiental competente licencia a localização, instalação e operação de empreendimentos e 
ativid des utilizadoras de recursos ambientais, consideradas efetivamente poluidoras ou 
daque s que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental, considerando as 
dispo
CON
água,
e dist
para a
utiliza
ambie
a
la
sições legais e regulamentares e as normas técnicas aplicáveis ao caso" (Resolução 
AMA n° 237 de dezembro de 1997). 
 
Para o processo de licenciamento ambiental entende-se por sistema de abastecimento de 
 todo os seus componentes: captação (eventuais barragens), adução, tratamento, reservação 
ribuição. O licenciamento ambiental pode ser feito para todo o sistema a ser implantado ou 
lguma etapa a ser implantada emergencialmente ou no caso de ampliações. 
 
Os sistemas de abastecimento de água são objeto de licenciamento ambiental por 
rem recursos ambientais, por serem obras de saneamento que podem causar modificações 
ntais, por conterem unidades de tratamento geradoras de resíduos consideradas como 
 22
fonte de poluição pela legislação estadual. 
 
A legislação federal (Resolução CONAMA 001 de 1986), institui a obrigatoriedade do 
Estudo de Impacto Ambiental - EIA e Relatório de Impacto Ambiental- RIMA, para o 
licenciamento de atividades modificadoras do meio ambiente, mas os procedimentos para o 
licenciamento ambiental são estabelecidos pela legislação estadual. 
 
Para o Estado de São Paulo, a Resolução SMA 42 de 1994 instituiu dois instrumentos 
preliminares ao ElA - RIMA, o Relatório Ambiental Preliminar - RAP e o Termo de Referência 
- T , e estabeleceu que o licenciamento ambiental é feito em 3 etapas, definidas a seguir: R
. Licença Prévia (LP): deve ser solicitada na fase de planejamento da atividade, aprovando sua 
localização e concepção. É emitida contendo os requisitos básicos a serem atendidos nas fases 
de instalação e operação. A LP atesta a viabilidade ambiental do sistema a ser implantado. 
. Licença de Instalação (LI): deve ser solicitada após a emissão da LP, na fase de detalhamento 
do projeto e deve atender às solicitações e exigências feitas pelo órgão ambiental na LP, para a 
fase de LI. A Licença de Instalação autoriza a instalação do empreendimento ou atividades de 
acordo com as especificações constantes dos planos, programas e projetos aprovados, 
incluindo medidas de controle ambiental e demais condicionantes. 
. Licença de Operação (LO): deve ser solicitada após a implantação do empreendimento, 
autoriza a operação do empreendimento após a verificação do efetivo cumprimento das 
exigências solicitadas nas licenças anteriores, com as medidas de controle ambiental e 
condicionantes determinadas para a operação. 
 
1.6.2. Licença Prévia 
 
O RAP é o primeiro documento para iniciar o processo do licenciamento ambiental de 
sistemas de abastecimento de água. A função do RAP é de instruir a decisão de exigência ou 
não de EIA-RIMA para obtenção da Licença Prévia. O órgão ambiental analisará o RAP, 
podendo: indeferir o pedido de licença por razões técnicas ou legais, exigir ou dispensar de ElA-
RIMA. 
O conteúdo mínimo, definido pelo órgão ambiental, a ser contemplado no escopo de um 
RAP para sistemas de abastecimento de água deve considerar: 
 
. O objeto do licenciamento: os componentes do sistema a ser implantado, os mananciais e 
vazões a serem captadas e distribuídas; 
. A justificativa do empreendimento com as possíveis alternativas tecnológicas e de localização 
das edificações; 
. A caracterização do empreendimento, de forma a permitir uma avaliação do projeto 
 proposto; 
. Um diagnóstico ambiental preliminar da área de influência do empreendimento, refletindo as 
condições atuais dos meios: físico, biológico e sócio-econômico, inter-relacionadas; 
. A identificação e avaliação dos impactos ambientais possíveis de serem gerados pelo 
 
. As medidas mitigadoras e compensatórias e/ou de controle ambiental em função dos impactos 
previstos; 
empreendimento; 
. A apresentação de manifestações e/ou autorizações de outros órgãos (DEPRN, DUSM, IF, etc) 
ou parceiros (Prefeitura, DAEE, CONDEPHAAT, etc) do processo. 
 23
 
Caso se configure a exigência de EIA-RIMA, o interessado submete à Secretaria do Meio 
Ambiente - SMA o Plano de Trabalho para elaboração do ElA - RIMA, no prazo máximo de 180 
dias após a publicação da decisão de exigir sua apresentação. Com base no Plano de Trabalho 
apresentado e das informações disponíveis, o órgão licenciador (SMA) definirá o Termo de 
Referência do EIA - RIMA, onde o empreendedor será informado dos elementos mínimos a 
serem abordados e do prazo para sua elaboração. 
 
O Estudo de Impacto Ambiental é um estudo que pretende avaliar possíveis alterações 
ambientais que ocorram com a implantação do empreendimento ou atividade, que de forma 
direta ou indireta possam afetar a saúde, o bem estar, a segurança da população, as atividades 
sociais e econômicas, à biota, as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente e a qualidade 
dos recursos ambientais. As diretrizes gerais e as atividades técnicas a serem desenvolvidas na 
elaboração de um EIA é definido pela Resolução CONAMA n° 01, de 23 de janeiro de 1986, 
entre as diretrizes importantes, destaca-se lembrar que o estudo de impacto ambiental deverá ser 
realizado por equipe multidisciplinar habilitada, não dependente direta ou indiretamente do 
proponente do projeto e que será responsável tecnicamente pelos resultados apresentados. 
 
O Relatório de Impacto Ambiental é um relatório destinado ao público, reflete as 
conclusões do EIA, é um relatório acessível ao público, disponibilizado no órgão ambiental 
estadual para os interessados, as informações devem ser apresentadas em linguagem acessível, de 
modo a se entender as vantagens e desvantagens do projeto, bem como todas as conseqüências 
ambientais da sua implantação. 
 
Aprovado o estudo quecomprova a viabilidade ambiental do sistema de água a ser 
implantado, a SMA emite a Licença Prévia - LP, com prazo fixado(máximo de 5 anos) e 
indicação do órgão que se responsabilizará pelas demais fases do licenciamento, qual sejam a 
Licença de Instalação - LI e a Licença de Operação - LO. 
 
1.6.3. Licença de Instalação 
 
A Licença de Instalação é solicitada pelo empreendedor, no órgão especificado pela LP, 
por meio de requerimento e comprovação do cumprimento das exigências formuladas na mesma. 
Um dos pré-requisitos para emissão da LI para sistemas de abastecimento de água é a emissão 
pelo órgão gestor dos Recursos Hídricos da Autorização de Implantação de Empreendimento 
(AIE do DAEE) ou Outorga Prévia (da ANA). Este documento informa ao órgão de meio 
ambiente que aquele recurso hídrico está disponível e reservado para uso deste empreendimento. 
A LI é emitida fixando prazo de validade para o empreendedor iniciar a obra (até 3 anos), 
podendo ser renovada por igual período, caso seja necessário. 
 
1.6.4. Licença de Operação 
 
A Licença de Operação é solicitada após a conc1usão das obras, por meio de 
requerimento e comprovação das exigências formuladas nas LP e LI. O órgão licenciador 
indicado, após vistoria atestará o cumprimento das exigências e a LI é emitida, pela SMA ou 
CETESB com prazo de validade determinado. 
 
 24
1.6.5. Outros aspectos do licenciamento ambiental 
 
Alguns aspectos importantes a serem considerados nos estudos ambientais para o 
licenciamento ambiental de sistemas de abastecimento de água são: 
 
. Os recursos hídricos: disponibilidade, qualidade, usos a montante e a jusante, interferências 
(barramentos, diques), operação e manutenção da qualidade da águas dos reservatórios 
artificiais; 
. A unidade de tratamento (ETA), o destino das águas de lavagem dos filtros e o tratamento e 
disposição final do lodo gerado; 
. A compatibilidade do projeto do uso do manancial com planos e programas aprovados pelo 
Comitê da Bacia; 
. Os possíveis conflitos de uso do solo e da água, e suas principais conseqüências: erosões e 
assoreamentos; 
. Os documentos de aprovação de uso dos recursos hídricos emitidos pelo órgão gestor destes 
recursos, o DAEE (para rios estaduais) e a Agência Nacional das Águas - ANA (para rios 
federais) . 
 
Para obras de pequeno porte com pequeno potencial de impacto ambiental, ou para 
captações a fio d'água que retirem menos de 20% da vazão mínima de referência do manancial, 
é possível obter uma dispensa de licenciamento. Para isso, deve-se encaminhar uma consulta 
prévia ao Departamento de Avaliação de Impactos - DAIA da SMA, para que se manifeste a 
respeito. 
 
As captações subterrâneas (perfuração de poços) não são objeto de licenciamento 
ambiental, são consideradas como uso de recursos hídricos, desta forma, apenas sujeitos à 
solicitação de outorga de uso ao DAEE. 
 
Para o licenciamento da maioria das obras de sistemas de abastecimento de água em 
municípios operados pela SABESP, tem sido exigido o RAP, visto que, não há (como no caso 
dos sistemas de esgotamento sanitário) uma legislação para simplificar os procedimentos de 
licenciamento destes sistemas. E, apenas projetos de sistemas que contemplam barragens, 
diques, alagamento de áreas, transposições de bacias, têm sido objeto de EIA - RIMA. 
 
Um dos órgãos importantes do processo de licenciamento ambiental é o Conselho 
Estadual de Meio Ambiente - CONSEMA que entre as suas muitas atribuições, aprecia os EIA - 
RIMA. Esta apreciação é feita por uma das câmaras técnicas, após a análise do DAIA, ouvindo 
o interessado, os técnicos da SMA e demais segmentos sociais envolvidos. Após a análise, a 
câmara técnica emite um parecer técnico aprovando ou reprovando o empreendimento, que 
ainda será submetido a plenária do CONSEMA onde poderá acatá-lo, modificá-lo ou até recusá-
lo, reservando para si a deliberação final. 
 
Outro aspecto muito importante relacionado com o licenciamento ambiental foi a 
promulgação em fevereiro de 1998, da Lei n° 9605, conhecida como Lei de Crimes Ambientais, 
que dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas 
ao meio ambiente. A partir desta data incidem penas a quem de qualquer forma, concorrer para a 
prática dos crimes, contra a fauna, a flora, o ordenamento urbano e o patrimônio cultural, a 
administração ambiental ou causar poluição. 
 25
 
Pela Lei de Crimes Ambientais caracteriza-se como infração administrativa, sujeita a 
punição (embargo, multas), a implantação de componentes de sistemas de abastecimento de 
água, passíveis de licenciamento ambiental, sem as devidas licenças. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 26
 
 CAPÍTULO 2-Consumo de Água. 
 
 2.1-Introdução. 
 
 Para planejar e projetar sistema de abastecimento de água é necessário o conhecimento de 
previsão de consumo de água. 
 O dimensionamento das canalizações, estruturas e equipamentos são função das vazões 
de água que dependem do consumo médio por habitante, da estimativa do número de habitantes, 
das variações de demanda e de outros consumos que podem ocorrer na área de estudo. 
 
 2.2-Usos de água 
 
 A água destinada ao abastecimento de uma cidade enquadra-se numa das seguintes 
categorias; 
• Doméstico 
• Comercial 
• Industrial 
• Público 
Vale lembrar que uma parcela desta água é perdida na forma de vazamento nos 
diversos pontos de um sistema de abastecimento de água. Esta perda pode se iniciar desde a 
captação, passando pela adução , tratamento, reservação e distribuição. Além disso, uma parcela 
da água distribuída não é contabilizada pela empresa operada, porque não é medida devido a 
existências de ligações clandestinas, fraudes nos medidores, submedição e uso na operação das 
redes como nas descargas e nos hidrantes, constituindo o que normalmente é conhecido por 
perda de faturamento.Por isso, é necessário prever uma parcela da água captada para cobrir as 
perdas. 
 A divisão dos consumidores em categorias permite o estabelecimento de políticas 
tarifárias de cobranças diferenciadas, nas quais os consumidores residencial tem uma tarifa 
menor que o comercial, público e industrial, e dentro de cada categoria os que consomem mais 
pagam mais por unidade de volume consumido(tarifa crescente). 
 
 2.2.1-Água para o consumo doméstico 
 
 É a água utilizada nas residências, nas diversas atividades domésticas como: bebida, 
higiene pessoal, preparo de alimentos, lavagem de roupas, lavagem de utensílios domésticos e 
limpeza em geral, tanto interna como externa à residência e em piscinas. 
 O consumo de água em uma residência depende de diversos fatores como: 
• Características físicas: temperatura do ar, intensidade e freqüência de precipitação da 
chuva, etc; 
• Renda familiar: normalmente famílias de maior renda tem um consumo per capita 
maior que os de menor renda; 
• Características da habitação:área do terreno, área construída, número de habitantes; 
• Características do abastecimento de água: pressão na rede, qualidade da água, tipo de 
instalação predial(com e sem reservatório residencial); 
• Forma de gerenciamento do sistema de abastecimento de água: micromedição, 
tarifas, etc. 
Em nosso país as pesquisas para determinação do consumo de água de uso 
 27
doméstico, têm sido pouco realizadas. A mais conhecida e elaborada por Francisco Biscalho em 
1905, que chegou que cada indivíduos consome em média de 50 a 90 litros de água por dia, 
como mostra a tabela 2.1. 
 Tabela 2.1- Consumo doméstico de água 
Uso Consumo de água(l/habxdia) 
Bebida 2 
Preparo de alimento 6 
Lavagem de utensílios 2 – 9 
Higiene pessoal 15 – 35 
Lavagem de roupas 10 – 15 
Bacia sanitária 9 – 10 
Perdas 6 - 13 
Total50 - 90 
 
 Rocha e Barreto em 1999 obtiveram um perfil de consumo de água em um conjunto 
habitacional de apartamentos da cidade de São Paulo, que está apresentado na tabela 2.2. 
 Tabela 2.2- Perfil de consumo de água 
Ponto de utilização Consumo diário 
por habitação 
Consumo diário 
per capita 
Consumo percentual 
Água (l/habitação) (l/diaxhabitante) (%) 
Bacia sanitária 24 5 5 
Chuveiro 238 60 55 
Lavagem de roupas 48 12 11 
Lavatório 36 9 8 
Pia 80 20 18 
Tanque 11 3 3 
Total 437 109 100 
 
 Yoshimoto e Silva(2001) apresentam a distribuição de consumo de água em residências 
na RMSP com os seguintes valores percentuais: 
• 30,9% para descargas; 
• 26,7% para banhos; 
• 30,0% para cozinha; 
• 12,4% para outros uso(bebidas, lavagem de roupas, limpezas de pisos, jardins, 
lavagens de carros e outros. 
A tabela 2.3 dá os valores de consumo obtidos nos Estados Unidos, sem e com 
práticas de conservação de água, que servem apenas como referência. 
 A tabela 2.4 apresenta o consumo doméstico de água em alguns prédios (publicação 
nacional) 
 
 2.2.2-Água para uso comercial 
 
 São várias atividades comerciais que utilizam a água, nessa categoria ocorrem desde 
pequenos até grandes consumidores como: bares, padarias, restaurantes, lanchonetes, hospitais, 
hotéis, postos de gasolinas, lava-rápidos, clubes, prédios comerciais, lojas, shoppings centers, 
entre outras. A tabela 2.5 apresenta consumos de água em estabelecimentos comerciais. 
 
 28
 Tabela 2.3- Valores de consumo doméstico de água nos Estados Unidos, sem e com 
práticas de conservação de água. 
Uso Consumo (l/habxdia) 
 Sem conservação de água Com conservação de água 
Banho 5 5 
Chuveiro 50 42 
Lavagem de pratos 4 4 
Lavagem de roupas 64 45 
Torneira 43 42 
Banheiro 73 35 
Perdas 36 18 
Outros usos domésticos 6 6 
Total 281 197 
 
 Tabela 2.4- Consumo de água em prédios. 
Prédio Unidade Consumo(l/dia) 
Apartamento Pessoa 200 
Residência Pessoa 150 
Escola-Internato Pessoa 150 
Escola-Externato Pessoa 50 
Casa popular Pessoa 120 
Alojamento provisório Pessoa 80 
Fonte: NBR 7229(1982), Dacach(1979) 
 
Tabela 2.5- Consumo de água em estabelecimentos comerciais. 
Estabelecimento Unidade Consumo(l/dia) 
Escritório pessoa 50 
Restaurante refeição 25 
Hotel(sem cozinha e 
lavanderia) 
pessoa 120 
Lavanderia kg de roupa seca 30 
Hospital leito 250 
Garagem automóvel 50 
Cinema,teatro e templo lugar 2 
Mercado m2 de área 5 
Edifício comercial pessoa 50 
Alojamento provisório pessoa 80 
 
 Na tabela 2.6 são apresentados os valores típicos de consumo de água em 
estabelecimento norte-americanos 
 
 
 
 
 
 
 
 
 29
Tabela 2.6- Consumo típico de água em estabelecimentos comerciais nos Estados Unidos. 
Consumo(l/unidadexdia) Estabelecimento Unidade 
Variação Valor típico 
Aeroporto Passageiro 11-19 15 
Apartamento Quarto de dormir 380-570 450 
Veículo servido 30-57 40 Posto de serviço de automóvel 
Empregado 34-57 50 
Assento 45-95 80 Bar 
Empregado 38-60 50 
Pensão Pessoa 95-250 170 
Centro de conferência Pessoa 40-60 50 
Banheiro 1300-2300 1500 Loja 
Empregado 30-57 40 
Hóspede 150-230 190 Hotel 
Empregado 30-57 40 
Prédio industrial(somente uso 
doméstico) 
Empregado 57-130 75 
Lavanderia(self-service) Máquina 1500-2100 1700 
Camping Unidade 470-570 530 
Hospedaria(com cozinha) Hóspede 210-340 230 
Hospedaria(sem cozinha) Hóspede 190-290 210 
Escritório Empregado 26-60 50 
Lavatório público Usuário 11-19 15 
Restaurante convencional Cliente 26-40 35 
Restaurante com bar Cliente 34-45 40 
Empregado 26-50 40 Shopping Center 
Estacionamento 4-11 8 
Teatro Assento 8-15 10 
Fonte: Metcalf e Eddy(2002) 
 
 Dentre as pesquisas para determinação do consumo de água em instalações comerciais, a 
pesquisa realizada por Berenhauser e Pulici(1983) se destaca, que determinou as equações de 
consumo mensal de águas nas atividades a seguir relacionadas: 
• Clubes comerciais: 
Cm = 26NC 
• Edifícios comerciais: 
Cm = 0,08AC 
• Escolas de 1° e 2° grau: 
Cm = 0,05AC + 0,1 NV + 0,7NF + 20 
• Escolas de nível superior: 
Cm = 0,03AC + 0,7NV +0,8NBS + 50 
• Creches: 
Cm = 3,8NF + 10 
• Hospitais: 
Cm = 2,9NF + 11,8NBS + 2,5NL + 280 
• Hotéis de 1a categoria(5, 4 e 3 estrelas): 
Cm = 6,4NB + 2,6NL + 400 
• Hotéis de 2a categoria: 
 30
Cm = 3,1NB + 3,1NL - 40 
• Lavanderias industriais: 
Cm = 0,02xkg de roupa/mês 
• Restaurantes: 
Cm = 7,5NF + 8,4NBS; 
onde: Cm =consumo mensal de água em m3; 
 NC = número de chuveiros; 
 AC =área construída em m2; 
 NV = número de vagas; 
 NF = número de funcionários; 
 NB = número de banheiros; 
 NBS = número de bacias sanitárias; 
 NL= número de leitos. 
 
 2.2.3-Água para uso industrial 
 
 A água de uso industrial basicamente pode atender a cinco finalidades: 
• Uso humano; 
• Uso doméstico; 
• Água incorporada ao produto; 
• Água utilizada no processo de produção; 
• Água perdida ou para usos não rotineiros. 
 
• Uso humano -são água de uso doméstico as utilizadas em: 
- Banheiro e banho; 
- Alimentação(inclusive lavagem de utensílios, etc). 
• Uso doméstico -água utilizada em: 
- limpeza geral e manutenção da área da empresa; 
- em utilidades(torre de resfriamento, equipamentos para irrigação),etc; 
• Água incorporada ao produto: 
- na produção de shapoos e outros produtos de higiene pessoal; 
- nas bebidas e nos alimentos, etc; 
• Água utilizada no processo de produção: 
- água para geração de vapor; 
 - água para refrigeração; 
- água utilizada na construção para preparação de argamassa, concreto, e 
 cura do concreto; 
 - água para lavagem de roupas em lavanderias , etc; 
 - água perdida ou para usos não rotineiros; 
- água de lavagem de reservatório; 
- água perdida por vazamentos. 
 
 Para Muñoz(2000) as taxas de consumo de água que normalmente podem ser 
consideradas para as indústrias são: 
• 47m3/haxdia – para áreas industriais; 
• 30 – 95l/pessoaxdia- para usos domésticos. 
Entretanto, observa-se que o volume de água utilizados variam de uma indústria a outra, e 
mesmo para indústria semelhantes, o consumo pode variar significativamente. 
 31
A tabela 2.8 apresenta o consumo de água em alguns estabelecimentos industriais. 
 
 Tabela 2.8- Consumo de água em estabelecimentos industriais. 
Estabelecimento Unidade Consumo(l/dia) 
Indústria-uso sanitário Operário 70 
Matadouro-animais de grande porte Cabeça abatida 300 
Matadouro –animais de pequeno porte Cabeça abatida 150 
Laticínios Kg de produto 1 –5 
Curtumes Kg de couro 50- 60 
Fábrica de papel Kg de papel 100 – 400 
Tecelagem sem alvejamento Kg de tecido 10 - 20 
 
 2.2.4-Água para uso público 
 
 Está incluída nesta classificação a parcela de água utilizada na irrigação de parques e 
jardins, lavagens de ruas e passeios, e edifícios e sanitários de uso público, fontes ornamentais, 
piscinas públicas, combate a incêndios, limpeza de coletores de esgotos, etc. 
 A tabela 2.9 apresenta o consumo de água para alguns estabelecimentos públicos. 
 
 Tabela 2.9-Consumo de água de uso público 
Estabelecimento Unidade Consumo(l/uniddexdia) 
Edifício público Pessoa 50 
Quartel Pessoa 150 
Escola pública Pessoa 50 
Jardim público m2 1,5 
Uso público-geral pessoa 25 
 
 2.3-Consumo médio per capita de água 
 
 O consumo médio per capita de água é obtido dividindo-se o volume total de água 
distribuído durante o ano em uma cidade, por 365 e pelo número de habitantes beneficiados. É 
expresso geralmente em litros por habitantes por dia(l/habxdia). 
 Assim: Volume distribuído anual 
 qm = ------------------------------------- 
 365xpopulação beneficiada 
 
 O consumo de água de uma cidade ou determinado setor de abastecimento, pode ser 
determinado atravésdos seguintes métodos: 
• Leitura dos hidrometros; 
• Leitura de macromedidor instalado na saída do reservatório; 
• Quando não existem medições. 
 
2.3.1-Determinação do consumo efetivo per capita e consumo per capita a 
partir da leitura dos hidrômetros. 
 
 Se na rede existem hidrômetros nas ligações prediais periodicamente os dados das 
leituras dos hidrômetros são lidos e processados, para fins de cobrança e controle. 
 As informações contidas na leitura dos hidrômetros e de interesse são: 
 32
• Consumo no período por tipo de economia(domiciliar, industrial, comercial e 
público); 
• Número de cada tipo de economia, o que permite avaliar o número de habitantes 
atendido e o índice de atendimento. 
Com essas informações é possível avaliar o consumo médio efetivo de água por 
habitante nesse período, englobando o consumo doméstico, industrial, comercial e público. O 
consumo médio pode ser determinado pela equação: 
 Vc 
 qc= --------------------------- , onde: 
 NExNDxNH/L 
 qc= consumo efetivo per capita de água; 
 Vc= Volume consumido medido pelos hidrômetros; 
 NE = número médio de economias; 
 ND = número de dias da medição pelos hidrômetros; 
 NH/L= número de habitantes por ligações. 
 
 Para se obter o consumo per capita de água deverá se incorporar as perdas de água do 
sistema de abastecimento ao consumo efetivo per capita, através da equação: 
 qc 
 q = ---------, onde : 
 1 - I 
 q = consumo per capita de água; 
 qc = consumo efetivo per capita de água; 
 I = índice de perda. 
 Para elaboração de projetos é comum adotar um índice de perdas como meta(por 
exemplo 20%) e não os valores atuais que geralmente são bem maiores. 
 
 2.3.2-Leituras do medidor instalado na saída do reservatório 
 
 Instalando um medidor na saída do reservatório é possível obter os volumes consumidos 
a cada hora ou para outro intervalo de tempo escolhido para medição.Alguns modelos de 
medidores fornecem o gráfico tempoxvazão que permitirá conhecer também os coeficientes de 
variação da vazão ao longo do tempo. Neste caso, se dividirmos o volume consumido pelo 
número de economias ou número de habitantes atendidos, obtém-se o consumo per capita por 
economia ou o consumo per capita por habitante, onde estão incluídas todos os tipos de 
consumidores(doméstico, comercial, público e industrial). 
 
 2.3.3-Quando não existir medição. 
 
 Nesse caso, podem ser adotados valores de consumo médio per capita de água e os seus 
coeficientes de variação de vazão encontrados em medições de setores ou sistemas com 
características semelhantes. 
 
 2.4-Valores do consumo médio efetivo per capita de água. 
 
 2.4.1-Consumo médio per capita no Brasil 
 
 33
 A figura 2.1 apresenta o índice de micromedição relativo ao volume disponibilizado, 
índice de perdas de faturamento e o consumo médio per capita de água dos prestadores de 
serviços regionais e microrregionais do Brasil. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 2.1- Consumo médio efetivo per capita de água e outros indicadores de 
prestadores de serviços de saneamento no Brasil –Fonte SNS(1998) 
 
 2.4.2-Consumo médio efetivo per capita no interior de São Paulo 
 
 A tabela 2.13 apresenta o consumo médio efetivo per capita de água, consumo por 
economia e consumo por ligação da Vice-Presidência do Interior da SABESP, para o ano de 
2001. 
 Tabela 2.13-Consumo médio efetivo per capita de água em município do interior do 
Estado de São Paulo. 
Número de Consumo micromedido Unidade de negócio 
municípios Per capita 
(l/habxdia) 
Por economia 
(l/ecomxdia 
Por ligação 
(l/ligaçãoxdia) 
IA 53 140,2 410,3 421,1 
IB 62 173,2 504,7 520,4 
IG 29 157,0 459,7 491,0 
IM 47 149,0 446,0 466,0 
IT 83 162,8 446,8 464,1 
IV 24 158,0 496,4 550,9 
Vice-Presidência do 
Interior 
298 156,3 463,7 489,8 
 
 2.5-Fatores que afetam o consumo. 
 
 São vários os fatores que afetam o consumo de água. Os mais importantes são 
apresentados em seqüência: 
• Condições climáticas 
 34
Normalmente o consumo é maior no verão quando as pessoas utilizam mais água para 
banho e regas de jardim. Quanto mais quente a região maior o consumo de água.O consumo de 
água na região mais seca é maior que numa mais úmida. O índice pluviométrico tem grande 
influência no consumo de água, sendo maior no período mais seco do ano. 
• Hábitos e nível de vida da população 
A população tem o hábito de se utilizar água em: banhos, no preparo da alimentação, na 
lavagem de pisos, na lavagem dos logradouros, em irrigação de jardins e gramados públicos e 
particulares. 
 Quanto maior elevado o poder econômico e social da população maior o consumo em 
decorrência da maior utilização de água, resultante do emprego de máquinas de lavagens de 
roupas, de pratos, de automóveis e de numerosas outras aplicações, visando trazer mais conforto 
e facilidades. 
• Natureza da cidade 
Cidades com características industriais onde se consome água no processo industrial, o 
consumo per capita de água é maior que em agrupamento tipicamente residenciais como vilas de 
operários, cidades satélites e conjuntos habitacionais. 
• Medição de água 
A presença de hidrômetros é fundamental para redução do consumo de água. Todas as 
cidades que dispõem de medição nas residências, ainda que parcial, o consumo per capita é bem 
menor que as cidades que ainda não dispõe do serviço de medição de água. 
• Pressão na rede 
Quanto maior for a pressão na rede de distribuição de água, maior o consumo de água. 
Por isso, as redes de distribuição de água devem trabalhar com as pressões a mais reduzida 
possível, desde que assegurem abastecimento adequado aos consumidores. Para um aumento de 
14mca de pressão há um aumento de cerca de 30% no consumo. 
 Se a pressão na rede de distribuição passar de 18 para 36mca o consumo pode sofrer um 
aumento de cerca de 35%. 
• Rede de esgoto 
A existência da rede coletora de esgoto influi significativamente no consumo de água, 
devido a despreocupação com a capacidade do seu sistema de disposição de esgoto, como o caso 
de fossa séptica. 
• Preço da água 
O preço da água também é um fator que influi no consumo. Por isso, a maioria das 
operadoras de serviço de água, aplicam a tarifa progressiva, em que os preços por m3 de água 
consumida cresce à medida que aumenta o consumo. 
 
2.6-Variações no consumo 
 
A quantidade de água consumida em sistema de abastecimento de água varia 
continuamente em função do tempo, das condições climáticas, hábitos da população, etc, 
Normalmente o consumo doméstico apresenta uma grande variação, enquanto que para o 
consumo industrial a variação é menor. Quanto aos consumidores comercial e público a variação 
do consumo situa-se numa posição intermediária. 
O abastecimento de água de um modo geral, de determinada localidade ou área 
apresentam variações anuais, mensais, diárias, horárias e instantâneas do consumo de água: 
• Variação anual: o consumo de água tende a crescer com o decorrer do tempo, 
devido ao aumento populacional, da melhoria dos hábitos higiênicos da população e 
do desenvolvimento industrial. 
 35
• Variação mensal: nos meses de verão, o consumo supera o consumo médio, 
enquanto que, no inverno o consumo é menor. 
• Variação diária: O consumo diário geralmente é maior ou menor que o consumo 
médio diário anual, sendo que o consumo é maior no verão e menor no inverno. 
• Variação horária: o consumo varia com as horas do dia, ocorrendo geralmente, o 
maior consumo entre 10 às 12 horas. 
• Variação instantânea: ocorrem quando atendem prédios desprovidos de 
reservatório domiciliar. 
 
As variações no consumo mais importantes utilizados parao dimensionamento e 
operação de sistema de abastecimento de água são as variações diárias e horárias. 
 
2.6.1-Variações diárias 
 
 A relação entre o maior consumo diário verificado no período de um ano e o consumo 
médio diária anual, considerando-se sempre as mesmas ligações fornece o coeficiente do dia de 
maior consumo k1: 
 Maior consumo diário no ano 
 k1 = -------------------------------------- 
 Consumo médio diário anual 
 A figura 2.2 apresenta a variação do consumo de água em um ano. O Valor do 
coeficiente do dia de maior consumo (k1) é obtido, dividindo-se o valor do consumo máximo 
pelo consumo médio anual. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Figura 2.2- Variação do consumo no ano 
 
 Para determinar k1 recomenda-se que sejam consideradas, no mínimo cinco anos 
consecutivos de observações, adotando-se a média dos coeficientes encontrados. 
 A tabela 2.14 apresenta o coeficiente k1 obtido em medições ou recomendados por 
diversos autores ou entidades. 
 
 2.6.2-Variações horárias 
 
 A relação entre a maior vazão horária observada num dia e a vazão média horária do 
mesmo dia, define o coeficiente da hora de maior consumo k2: 
 
 
 
 
 36
Tabela 2.14- Coeficiente do dia de maior consumo (k1) 
Autor/Entidade Local Ano Coeficiente 
k1 
Condições de obtenção do 
valor 
DAE São Paulo-Capital 1960 1,50 Recomendação p/projeto 
FESB São Paulo-interior 1971 1,25 Recomendação p/projeto 
Azevedo Netto Brasil 1973 1,10 –1,50 Recomendação p/projeto 
Yassuda e 
Nogami 
Brasil 1976 1,20 –2,0 Recomendação p/projeto 
CESTEB Valinhos e 
Iracemápolis 
1978 1,24 – 1,42 Medições em sistemas 
operando há vários anos 
PNB-587-
ABNT 
Brasil 1977 1,20 Recomendação p/projeto 
Orsini Brasil 1996 1,20 Recomendação p/projeto 
Azevedo Netto 
et al. 
Brasil 1998 1,10 – 1,40 Recomendação p/projeto 
Tsutiya RMS -Setor Lapa 1989 1,08 – 3,80 Medições em sistema 
Saporta et al. Barc
Walski et al. EUA
Hammer EUA
AEP Can
(*)Nesses sistemas não
 
 Maior v
 k2 = ------------
 Vazão m
 A figura 2.3 m
hora de maior consum
média do dia. 
 Na determinaçã
que ocorreram aciden
água. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 A tabela 2.15 
projeto por diversos au
 
P
operando há vários anos 
elona-Espanha 1993 1,10- 1,25 Medições em sistema 
operando há vários anos 
(*) 2001 1,20 –3,00 Recomendação p/projeto 
(*) 1996 1,20 – 4,00 Medições em sistema 
operando há vários anos 
adá(*) 1996 1,50 – 2,50 Recomendação p/projeto 
 há reservatórios domiciliares 
azão horária no dia 
-------------------------- 
édia do dia 
ostra a variação da vazão de água em um dia. O valor do coeficiente da 
o k2 é obtida dividindo-se o valor da máxima vazão horária pela vazão 
o dos coeficientes k1 e k2 devem ser excluídos os consumos dos dias em 
tes no sistema, ou fatos excepcionais que venham alterar o consumo de 
 Figura 2.3- Variações do consumo diário 
apresenta o coeficiente k2 obtido em medições ou recomendados para 
tores ou entidades. 
 37
 Tabela 2.15- Coeficiente da hora de maior consumo(K2). 
Autor/Entidade Local Ano Coeficiente 
k2 
Condições de obtenção do 
valor 
Azevedo Netto Brasil 1973 1,50 Recomendação p/projeto 
Yassuda e 
Nogami 
Brasil 1976 1,30-3,00 Recomendação p/projeto 
CESTESB Valinhos e 
Iracemápolis 
1978 2,08 –2,35 Medições em sistemas 
operando há vários 
PNB-587-
ABNT 
Brasil 1977 1,50 Recomendação p/projeto 
Orsini Brasil 1996 1,50 Recomendação p/projeto 
Azevedo Netto 
et al. 
Brasil 1998 1,50 – 2,30 Recomendação p/projeto 
Tsutiya RMSP-Setor Lapa 1989 1,50 – 4,30 Medições em sistema 
operando há vários anos 
Saporta et al. Barcelona-Espanha 1993 1,30- 1,40 Medições em sistema 
operando há vários anos 
Walski et al. EUA(*) 2001 3,00 –6,00 Recomendação p/projeto 
Hammer EUA(*) 1996 1,50 – 10,0 Medições em sistema 
operando há vários anos 
AEP Canadá(*) 1996 3,00 – 3,50 Recomendação p/projeto 
(*)Nesses sistemas não há reservatórios domiciliares 
 
 2.7-Período de Projeto 
 
 Para se projetar um sistema de abastecimento de água de uma cidade ou mesmo de parte 
dela, deverá ser levada em conta a demanda de água que se verificará numa determinada época 
em razão da população futura. 
 Como a população é uma variável crescente é fundamental fixar a época até quando o 
sistema poderá funcionar satisfatoriamente sem sobrecarga nas instalações ou deficiências na 
distribuição. 
 O tempo que decorre até atingir essa época define o que denominamos de período de 
projeto. 
 O período de projeto é o tempo que um determinado sistema de abastecimento de água 
projetado atenderá adequadamente, a população prevista para o local. 
 No Brasil costuma-se adotar: 
- Para instalações médias e pequenas o período de 20 anos, para todas as partes 
constituintes do sistema. 
 
2.8-Previsão da População 
 
 Fixado o período de projeto e as etapas de construção deve-se estimar a população a ser 
abastecida nesses anos. 
 Para a elaboração de projeções de população para projetos de saneamento deve 
considerar: 
• Dados populacionais do município e distritos dos últimos quatro censos 
demográficos, quanto a população residente urbana e rural, e o número de habitantes 
por domicílios, considerando população residente e domicílios ocupados; 
 38
• Os setores censitários da área de projeto, a população residente e o número de 
domicílios ocupados, pelo menos dos últimos censos; 
• Os dados atuais do número de ligações de água e luz(residenciais , comerciais 
industriais e públicas), bem como os índices de atendimento; 
• Dados atualizado do cadastro imobiliário da prefeitura; 
• No caso de municípios sem Plano Diretor e/ou cadastro imobiliário desatualizado é 
necessária realizar pesquisa de campo com amostra representativa da área de projeto 
para consolidar parâmetros urbanístico e demográficos da ocupação atual, assim 
como diferentes usos, padrão econômico, tamanho médio do lote, domicílios por lote, 
habitantes por domicílios, índice de verticalização, percentual de área institucional, 
etc; 
• Planos e projetos(industriais, habitacionais, transportes, agropecuários)que existam 
para a região que possam afetar a dinâmica populacional e uso e ocupação do solo; 
• O Plano Diretor do município, a sua real utilização e atualidade, bem como as 
diretrizes futuras; 
• A situação sócio-econômica do município e seu papel na região em que se insere. 
 
 2.8.1-Métodos para estudo demográfico 
 
 Diversos são métodos aplicáveis para o estudo demográfico, destacando-se os: 
• Método dos componentes demográficos; 
• Métodos matemáticos; 
• Método da extrapolação. 
 
2.8.1.1-Método dos componentes demográficos 
 
O método tem para expressão geral da população de uma comunidade, em função do 
tempo, a seguinte equação: 
 
 P = Po + (N – M)+(I – E), onde: 
 P = população na data t; 
 Po = população na data inicial to; 
 N = nascimentos(no período t –to); 
 M = número de óbitos; 
 I = imigrantes no período; 
 E = emigrantes no período; 
 N – M = crescimento vegetativo no período; 
 I – E = crescimento social no período. 
 Esta expressão tem o mérito de por em evidência os fatores intervenientes no crescimento 
populacional, mas para a sua aplicação são necessários levar em consideração fatores 
econômicos, políticos, sociais e outros, que apresentam incertezas. 
 
 2.8.1.2-Método matemáticos 
 
 Dentre estes métodos destaca-se: 
- método aritmético; 
- método geométrico; 
- método da curva logística. 
 39
 
Método aritmétrico 
 
Este método pressupõe uma taxa de crescimento constante para os anos que se 
seguem, a partir de dados conhecidos(população do último censo). 
 Matemáticamente

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