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Introdução à Astronomia e à Astrofísica O Sol Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof. Dr. Jaime Sandro da Veiga Revisão Textual: Prof. Esp. Claudio Pereira do Nascimento O Sol • Introdução • As Grande Questões • A Natureza dos Flares Solares • Ejeção Coronal de Matéria • O que faz o Sol ser Considerado uma Estrela? • Estrutura interna do Sol · Abordar a estrela mais próxima de nosso planeta: O Sol. Conceituar sobre a formação e estrutura do Sol. Entender sobre como o calor desta estrela gera energia para todo o sistema solar. OBJETIVO DE APRENDIZADO O Sol Orientações de estudo Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem aproveitado e haja uma maior aplicabilidade na sua formação acadêmica e atuação profissional, siga algumas recomendações básicas: Assim: Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e horário fixos como o seu “momento do estudo”. Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo. No material de cada Unidade, há leituras indicadas. Entre elas: artigos científicos, livros, vídeos e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados. Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e aprendizagem. Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Determine um horário fixo para estudar. Aproveite as indicações de Material Complementar. Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma Não se esqueça de se alimentar e se manter hidratado. Aproveite as Conserve seu material e local de estudos sempre organizados. Procure manter contato com seus colegas e tutores para trocar ideias! Isso amplia a aprendizagem. Seja original! Nunca plagie trabalhos. UNIDADE O Sol Introdução Nesta Unidade, vamos conhecer um pouco sobre uma estrela muito especial para a vida na Terra. É claro que estamos falando do “Astro Rei”, o Sol. Figura 1 – Sol Fonte: iStock/Getty Images De qual maneira, o Sol foi formado e continua sendo um fato ainda não escla- recido, porém já temos boas pistas para arriscar algumas interpretações e constru- ções teóricas. O que já podemos afirmar é que, onde hoje encontramos o Sistema Solar, antes havia uma névoa formada de gases, principalmente hidrogênio e hélio, com traços de oxigênio, nitrogênio, poeira de ferro, urânio, ouro, dentre outros. Ainda não se consegue explicar o que ocasionou a essa nuvem se agrupar em pequenas porções de matéria (pequenas do ponto de vista astronômico), e essas porções a outras porções, formando assim quantidade de massa maiores. A porção central dessa nuvem aumentou tanto e se tornou tão pesada que sua força de gravidade foi suficiente para reter boa parte dos gases. 8 9 Como consequência, seu tamanho e massa aumentaram tanto que se tornou uma estrela: o nosso Sol. Nosso sistema solar é composto por esta única estrela. Vista daqui da Terra, ela nos parece maior do que as outras estrelas da Galáxia, por estar muito próxima se comparada às distâncias que as outras estão da Terra. Em 1.802, o químico inglês William Wollaston foi o primeiro a notar várias linhas escuras no espectro solar. Em 1.814, Fraunhofer redescobriu tais linhas de forma independente, e além mapar 570 linhas e batizá-las com letras maiúsculas de A a K, ele mediu cuidadosamente o comprimento de onda referente a cada linha. Fraunhofer era, na época, um fabricante de lentes. Atualmente, com instrumentos mais sofi sticados, já se catalogou alguns milhares de linhas. Quase meio século mais tarde, Bunsen (o mesmo do bico de gás) e Kirchhoff notaram a estranha coincidência das linhas negras solares ocupando as mesmas posições das linhas coloridas do espectro de emissão de vários elementos químicos que foram levados a uma chama quase incolor de um bico de Bunsen. Cada elemento produz chamas de cores variadas, cuja luz é decomposta em um espectro de linhas coloridas. O que é mais interessante: as linhas negras do espectro solar são o espectro de absorção dos elementos, característico de atmosferas de alta pressão como a do Sol, enquanto o espectro luminoso com linhas coloridas separadas é característico da emissão de luz em gases rarefeitos. Com essa constatação, tornou-se possível fazer uma estimativa da composição química de objetos distantes, tais como das estrelas e galáxias. Nota: as linhas escuras de Fraunhofer são dos gases da fotosfera solar. Ex pl or Figura 2 Fonte: Wikimedia Commons As Grande Questões O Processo de Aquecimento da Corona Solar A corona solar, que é a atmosfera externa solar, é muito quente, com tempera- turas maiores que um milhão de kelvins (1.000.000 K), embora a superfície visível do Sol tenha uma temperatura bastante inferior, cerca de 5.600K. A natureza do processo que aquece a coroa e a mantém em altas temperaturas, acelerando o ven- to solar é ainda um grande mistério. Geralmente as temperaturas quando se afasta 9 UNIDADE O Sol da fonte de calor e o mais interessante que isto é verdade para o interior do Sol, ao subir-se do centro para a superfíície visível. Logo após percorrer uma distância bem pequena quando comparada ao raio do Sol, a temperatura aumenta subtamente para valores extremamente altos. Apesar de várias tentativas de se explicar o me- canismo desse fenômeno, ainda não se chegou a um consenso acerca da melhor explicação do mecanismo. Figura 3 Fonte: nasa.gov Figura 4 Fonte: iStock/Getty Images 10 11 Figura 5 Fonte: nasa.gov A Orig em do Ciclo de Manchas Solares Em cerca de 11 anos, o número de manchas solares da superfície do Sol aumen- ta de próximo a zero para mais de 100. Depois cai a zero novamente e o próximo ciclo se inicia. A natureza e as causas do ciclo solar constituem um dos grandes mistérios da astronomia do Sol. Embora saibamos agora muitos detalhes acerca do ciclo solar e conhecemos alguns processos dinâmicos concernentes a ele, somos ainda incapazes de produzir modelos que faça previsões confiáveis acerca dos nú- meros futuros de manchas solares que irão aparecer usando princípios físicos bási- cos. O conhecimento desse número permite saber com antecedência se o inverno ou o verão serão rigorosos ou não. Número de manchas solares da superfície do Sol: https://goo.gl/BsxgKB Ex pl or Figura 6 11 UNIDADE O Sol A Natureza dos Flares Solares As áreas do Sol próximas às manchas solares apresentam flares solares, (flares vem do Inglês e tem o sentido de labaredas, palavra que os astrônomos procuram evitar na língua portuguesa, talvez para evitar a comparação do Sol com uma fogueira qualquer), que elevam a temperatura em seu redor a milhões de graus em apenas alguns segundos e lançando bilhões de toneladas de matéria no espaço. A causa precisa dos flares solares e da ejeção coronal de matéria constitui outro grande mistério acerca da atividade solar. Mais uma vez, são conhecidos muitos detalhes acerca desses eventos e já são conhecidos os mecanismos básicos, mas há ainda muitos detalhes a entender. Não conseguimos ainda prever quando e onde ocorrerá um flare e quãogrande ele será. Trata-se de um problema semelhante ao de prever quando e onde aparecerá um tornado e quão grande ele será. Figura 7 Fonte: nasa.gov Ejeção Coronal de Matéria Uma ejeção coronal de matéria ocorre quando forças magnéticas sobrepujam a pressão e a gravidade da corona solar. Isso lança uma enorme quantidade de plasma solar da corona e cria uma onda de choque que acelera uma porção de partículas do vento solar a velocidades altíssimas e energias extremamente altas. Este, por sua vez, gera radiação na forma de partículas energéticas. Uma ejeção coronal de matéria em media pode depositar em torno de 1.500 gigawatts de eletricidade na atmosfera da Terra, o que corresponde a cerca de duas vezes a capacidade geradora dos Estados Unidos inteiro. 12 13 Figura 8 Fonte: sohowww.nascom.nasa.gov O que faz o Sol ser Considerado uma Estrela? Os antigos muitas vezes comparavam o Sol à Lua, mas notavam o calor que provinha do Sol, o grande brilho, porém o tamanho aparente no céu era o mesmo! Mas, com a evolução do conhecimento, descobriu-se que o Sol está muito longe da Terra do que a Lua e, portanto, na realidade ele é muito maior. É apenas uma questão de se utilizar Trigonometria e razão de semelhança. Assim, isso já era sabi- do pelos gregos antigos. Hoje, o que faz o Sol ser considerado uma estrela é prin- cipalmente sua massa, 333.043 vezes a massa da Terra, a qual é possível produzir energia luminosa por vários mecanismos, mas principalmente por fusão nuclear. Em sua composição, encontramos hidrogênio e hélio em maiores porcentagens, e também oxigênio e carbono, esses em menores quantidades. Ainda encontramos indícios de ferro, sódio, alumínio, fósforo, enxofre, potássio, além de outros. Todos os corpos do Sistema Solar, como os planetas, planetas anões, asteroides, cometas, satélites, poeira cósmica, giram ao redor do Sol devido a sua gravidade. Ele também é o gerador de energia para a maioria dos objetos celestes do Sistema Solar. O Sol emite uma potência de cerca de 4 x 1015 gigawatts. Toda essa energia se origina de reações nucleares que ocorrem no seu centro interior e demora 10 milhões de anos para ser transportada do centro até atingir a superfície. Essa energia é originada no núcleo atômico dos elementos químicos presentes no Sol que se fundem e, portanto, é liberada através de reações termonucleares. 13 UNIDADE O Sol Essa é a proposta aceita nos dias atuais, que foi divulgada em 1937 por Hans Albrecht Bethe (1906 – 2005), teoria em que quatro prótons de hidrogênio são combinados em um núcleo de hélio (com dois prótons e dois nêutrons), liberan- do energia. Após queimar todo seu hidrogênio, o Sol passará a fundir hélio em carbono, tornando-se uma gigante vermelha (prevista para ocorrer daqui a cerca de 5,5 bilhões de anos). Depois dessa fase, começa a desprender matéria das camadas mais externas para o espaço, se transformando em uma nebulosa planetária. Assim que toda a matéria tiver desprendido, restará uma pequena estrela conhecida como anã branca. Ciclo de vida do Sol: https://goo.gl/imsKXV Ex pl or Tabela 1 – Dados sobre o Sol Principais Características Massa 1,989 x 1030 kg Raio equatorial 6,95508 km Distância da Terra 149 600 000 km = 1 UA* Luminosidade 3,83 x10³³ ergs/s Temperatura da superfície 5 500 °C Gravidade superficial 274,0 m/s² Densidade 1,409 g/cm³ Fonte: https://goo.gl/AnBekq – *UA (unidade astronômica) A rotação do Sol é conhecida como rotação dife- renciada, isso ocorre pelo fato do Sol ser constituído principalmente por gases, ocasionando variação de velocidade em sua rotação no equador em relação aos polos. Portanto, o Sol não é uma esfera rígida. Seu período de rotação no equador é de 25 dias aproximadamente e nos polos é por volta de 36 dias. Dínamo Solar A rotação diferenciada entre as zonas radiative e convectiva (veja a seguir) origina a formação de fortes campos magnéticos solares, que são as fontes do dínamo solar, o processo físico que move o ciclo de atividade magnética solar. Figura 9 – Henry Norris Russel Fonte: Wikimedia Commons 14 15 A variação nas velocidades de rotação dentro da zona de convecção torce os campos magnéticos, fazendo com que eles se deformem e se enrolem trançando seu percurso saindo para o lado de fora da superfície do Sol. Importante! Henry Norris Russel (1877 – 1957) foi o primeiro astrônomo a divulgar e publicar no “Astrophysical Journal” a composição química da atmosfera solar em valores quantitativos. Você Sabia? Figura 10 – Dínamo Solar Fonte: Solar Dynamo, NASA Figura 11 – Linhas de campo magnético no dínamo solar Fonte: crediblehulk.org 15 UNIDADE O Sol A estrutura interna do Sol pode ser dividida em: • núcleo, • zona radiativa e • zona convectiva. As estruturas externas são: • fotosfera, • cromosfera e • coroa (ou corona solar). Proeminência Solar Zona de Radiação Zona de Convecção Fotosfera Cromosfera Mancha Solar Grânulos Coroa Núcleo Figura 12 – Estrutura solar Fonte: Wikimedia Commons Estrutura interna do Sol Núcleo O núcleo é o responsável pela produção de energia solar através de reações termonucleares. A temperatura em seu interior chega a 15 x 106 °C e sua massa é cerca de 60% da massa total. A energia gerada passa pela zona radiativa e zona convectiva e é conduzi- da até a superfície, a fotosfera, de onde sai sob forma de calor. Esse percurso demora em média 1,5 a 10 milhões de anos, podendo variar de acordo com a exata posição em que houve a reação e conforme a modelagem de colisões com emissões e absorções. 16 17 É fato que hoje o Sol mantém um equilíbrio térmico, mesmo sendo emissor de grande quantidade de energia térmica e luminosa. Ele está nesta situação de equilíbrio há mais de 4,5 bilhões de anos. Para permanecer em equilíbrio é essencial uma fonte natural de energia. Isso se dá através dessas reações que transformam núcleos de átomos de hidrogênio em átomo de hélio. Por possuírem massas diferentes, essa diferença é liberada como energia. Como foi abordado anteriormente na unidade de Evolução Estelar, o Sol realiza sua produção de energia por meio de dois processos de reações termonucleares, chamados de ciclo próton-próton (ou ciclo p-p) e o ciclo CNO. Ciclo p-p 1H 1H 1H 1H 2H 1H 1H 2H 3He 3He 1H 1H 4He ν ν γ γ γ ν Raios Gama Neutrino Próton Nêutron Pósitron Figura 13 – Ciclo próton-próton Fonte: Wikimedia Commons Na cadeia p-p, vemos que o processo se inicia com a fusão de dois prótons, dando origem a um deutério (próton+nêutron), um pósitron e um neutrino. O pósitron aniquilará um elétron gerando radiação gama, o neutrino sai da estrela rapidamente e o deutério se ligará a outro próton formando 3He e liberando raios gama. O 3He se ligará a outro 3He e irá formar o 4He liberando dois prótons que depois irão entrar em outro ciclo p-p. 17 UNIDADE O Sol Importante! Nesse processo vemos que quatro prótons são transformados em um núcleo de hélio liberando energia. Em Síntese Ciclo CNO 12C 13N 13C 14N 15O 15N 1H 1H 1H 1H 4He Próton Nêutron Positron Raio Gama Neutrino Figura 14 – Ciclo carbono, nitrogênio e oxigênio Fonte: Wikimedia Commons 1. Ocorre a fusão de um próton com um núcleo de carbono, o que gera raios gama e um núcleo de 13N. 2. O 13N é instável e decai para 13C liberando um pósitron e um neutrino. O pósitron aniquilará posteriormente um elétron gerando raios gama. 3. O 13C se funde com outro próton liberando 14N e raios gama. 4. O 14N se funde com um próton liberando 15O e raios gama. 5. O 15O é instável e decai para 15N liberando um pósitron e um neutrino. O pósitron colidirá posteriormente com um elétrone se aniquilarão gerando raios gama. 6. O 15N se funde com um próton formando o 4He e 12C. O 12C dará início a um novo processo de fusão. Os dois processos descritos acima mostram o hidrogênio como combustível e o hélio como cinzas da combustão. Em ambos os processos são liberadas grandes quantidades de energia. Mas qual dos dois métodos é adotado pelo Sol? 18 19 Figura 15 – Taxa de geração de energia (erg/g/s) x temperatura (K) Fonte: Adaptado de Departamento de Astronomia. Instituto de Astronomia, Geofisica e Ciencias Atmosfericas-IAG-USP Nesse gráfico, vemos que as estrelas podem usar apenas o ciclo p-p ou usar ambos os processos de fusão, tudo depende da temperatura em seu núcleo. O ciclo p-p se inicia numa temperatura próxima a 4 milhões de kelvin e é a única fonte de energia até uma temperatura cerca de 12x106 K. A partir de 12x106 K, o ciclo CNO se inicia e então os dois ciclos contribuem para a formação de energia para a estrela. A temperatura no núcleo do Sol permite que os dois processos ocorram, porém o processo que mais contribuirá com produção de energia será o ciclo p-p. A estrela segue então na sequência principal queimando hidrogênio em hélio e produzindo energia nesse processo. Com o passar do tempo, o hidrogênio vai se esgotando no núcleo. O Sol irá brilhar de maneira estável por aproximadamente mais 5 bilhões de anos enquanto processa hidrogênio em hélio. Zona Radiativa É a região onde o transporte de energia é feito por meio de fótons (radiação). Nesse local, os átomos encontram-se ionizados devido às altas temperaturas. Zona Convectiva É localizada entre a zona radiativa e a fotosfera. Aqui, o transporte de energia se dá por meio de convecção. O movimento do gás se dá de uma região de maior temperatura para uma de menor temperatura. 19 UNIDADE O Sol Fotosfera A fotosfera, superfície solar, é a camada visível do Sol. Sua espessura é de mais ou menos 330 km e sua temperatura chega a ser de 5.500°C. Visualmente, parece ser um líquido fervente com milhares de bolhas. Na verdade, essas bolhas são estruturas com formato hexagonal, conhecidas como grânulos. Seus diâmetros têm em média 5.000 km (quase o raio da Terra!) e uma duração de 10 minutos. Figura 16 – Grânulos na superfície solar Fonte: nasa.gov Entre esses fenômenos, o de maior impacto é o das manchas solares, que nada mais é regiões que aparentam ter uma coloração mais escura que a fotosfera. Nessas regiões a temperatura é bem menor do que os 5 500 °C da superfície solar. As manchas podem ser divididas em duas partes: uma central e mais escura chamada de umbra com temperaturas aproximadas a 3 800 °C, e outra um pouco mais clara circundante a umbra, conhecida como penumbra. Figura 17 – Umbra e penumbra Fonte: cambioclimatico.org 20 21 Figura 17 – Fotosfera com manchas solares Fonte: noao.edu As manchas solares, por possuírem um campo magnético mais acentuado, aca- bam por dificultar o transporte convectivo, tornando-se mais frias que a atmosfera. Essas manchas aparecem em sua maioria aos pares, cada uma com uma polaridade. O campo magnético é mais acentuado na região umbra. A existência desse campo se deve ao movimento do gás presente no interior do Sol. Seu ciclo é de 11 anos com períodos de baixa atividade solar e, consequente- mente, poucas manchas; intercalados por períodos de grandes atividades solares e, portanto, um maior número de manchas são vistas na superfície do Sol. Foram descobertas pelo astrônomo Samuel Heinrich Schwabe em 1843. Cromosfera Circundando a fotosfera, encontra-se a cromosfera, camada atmosférica irre- gular, de baixa densidade e não visível, pois seus feixes luminosos são muito mais fracos que a fotosfera. Mas se você quiser observar a cromosfera, fique atento a um eclipse solar. Quando a fotosfera é escondida pela Lua, uma camada de cor rósea pode ser vista em torno do satélite. Importante! Durante muito tempo só se podia visualizar a cromosfera durante eclipses totais. Em 1930, Bernard Lyot, astrônomo francês, inventa um instrumento capaz de criar eclipses solares, o coronógrafo. Você Sabia? 21 UNIDADE O Sol Essa camada possui um aspecto ondulado em razão da presença de espículas, arremessos de gás lançados a uma altura de 10 mil km acima da cromosfera e têm duração de poucos minutos. Figura 19 – Espículas Fonte: nasa.gov Observamos também as protuberâncias solares durante os eclipses solares totais. Elas são nuvens de luz gasosa que se concentram sobre as manchas solares. Chamamos de protuberância eruptiva quando sua duração é curta, e protuberância quiescente quando sua duração é de várias rotações solares. Já os flares solares (explosões solares), acontecem quando há muita energia acumulada nos campos magnéticos, normalmente acima das manchas solares, e essa é liberada podendo levar alguns minutos ou até horas. Figura 20 – Flares Fonte: nasa.gov 22 23 Importante! Um fl are ocorrido em 28 de outubro de 2003 ocasionou uma grande tempestade geo- magnética, considerada de magnitude máxima em 30 de outubro de 2003. O registro que se tem do maior fl are ocorrido é datado de 4 de novembro de 2003. Você Sabia? Figura 21 – Proeminência eruptiva Fonte: nasa.gov Figura 22 – Proeminência Eruptiva Fonte: nasa.gov 23 UNIDADE O Sol Coroa Essa camada é a mais externa, menos densa e a mais ampla de todas. Sua temperatura é extremamente alta, mas em contra partida sua energia termal é mínima, por ser uma camada muito leve. Ela tem densidade cerca de 10 milhões de vezes menor que a da fotosfera e continua reduzindo à medida que se afasta do Sol. Pode ser observada durante os eclipses solares totais e também por meio do coronógrafo. Aparece como uma névoa de cor branca envolvendo a lua escura. Figura 23 – Corona Solar Fonte: nasa.gov Figura 24 – Eclipse solar total em março de 1970, em que se vê a coroa Fonte: nasa.gov Não se sabia o que ocasionava o brilho em linhas na coroa, hoje sabemos que é devido a ionização dos átomos de níquel, ferro, cálcio e neônio, justificando tam- bém sua alta temperatura. 24 25 Estima-se que a temperatura da coroa possa chegar a 1.000.000 de kelvin. E esse aumento na temperatura é explicado pela ocorrência de energia em movi- mento através de “correntes elétricas induzidas por campos magnéticos variáveis” (OLIVEIRA FILHO E SARAIVA, 2013, p.165). O vento solar é constituído de partículas lançadas da coroa e seu deslocamento faz com que o Sol perca matéria, diminuindo sua massa. Ao chegar à Terra é barrado por seu campo magnético, originando o cinturão de Van Allen. Porém, as partículas carregadas podem entrar na Terra pelos polos magnéticos, fornecendo um espetáculo magnífico sendo visto tanto do espaço quanto da super- fície terrestre, que é o fenômeno das auroras boreal (polo norte) e austral (polo sul). Figura 25 – Vento Solar Fonte: nasa.gov Figura 26 – Cinturão de Van Allen Fonte: nasa.gov 25 UNIDADE O Sol Um mergulho nos cinturões de Van Allen: https://youtu.be/0AQb8y-_avg Ex pl or Logo, as auroras ocorrem devido a presença do cinturão de Van Allen, pois as partículas do vento solar só penetram na atmosfera terrestre pelos polos, criando assim esses fenômenos de luz. Importante! As auroras boreais já eram observadas pelos gregos e chineses desde a antiguidade. A explicação para esse fenômeno veio em 1896 pelo físico Kristian Birkeland (1867 – 1917), quando concluiu que as auroras eram ocasionadas pelo contato de partículas de alta energia (elétrons) com átomos neutros da alta atmosfera terrestre. Você Sabia? Figura 27 – Aurora Boreal vista do espaço e da superfície terrestre Fonte: nasa.gov e Wikimedia Commons 26 27 Outro fenômeno que observamos na coroa são as ejeções coronais de matéria,elas estão relacionadas com as proeminências e ocorrem quando os campos magnéticos aquecem muito o plasma, liberando uma excessiva quantidade de substância da atmosfera solar, isso ocorre quando há uma instabilidade magnética. Ao atingir a Terra essas erupções solares causam perturbações nos sistemas de comunicação e localização e também fazem estragos nas redes elétricas. Para tentar minimizar os problemas gerados pelas ejeções coronais se faz o monitoramento do clima espacial por meio de satélites. Com esse monitoramento é possível receber informações antes da chegada de uma erupção solar e se possível tomar as providências necessárias para evitar maiores danos. 27 UNIDADE O Sol Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Livros Energia Solar e Preservação do Meio Ambiente LUIZ, A. M. Energia Solar e Preservação do Meio Ambiente. 1 ed. São Paulo: Livraria da Física, 2013. 256 p. Sol e Energia no Terceiro Milênio MOURÃO, R. R. de F. Sol e Energia no Terceiro Milênio. 1 ed. São Paulo: Scipione, 2000. 128 p. Vídeos O Sol: Parte 1 ASTRONOMIA. O Sol: parte 1. https://youtu.be/TtOTNhM3EQI O Sol: Parte 2 ASTRONOMIA. O Sol: parte 2. https://youtu.be/u1ozsJaLnWU O Sol: Parte 3 ASTRONOMIA. O Sol: parte 3. https://youtu.be/NxsBvK7AcgI Leitura Sol tem Ciclos Similares a outras Estrelas, relevam Cientistas AFP. EXAME. Sol tem ciclos similares a outras estrelas, relevam cientistas. https://goo.gl/1FLzcd A Surpreendente Descoberta sobre o Núcleo do Sol que intriga Cientistas. BBC, BRASIL. A surpreendente descoberta sobre o núcleo do Sol que intriga cientistas. https://goo.gl/Zm1mK8 Um Novo Olhar sobre a Segurança de Sistemas Elétricos PINTO, L.M.V.G.; et al. Um Novo Olhar sobre a Segurança de Sistemas Elétricos. https://goo.gl/wiXFXP 28 29 Referências HORVATH, J. E. O ABCD da Astronomia e Astrofísica. 1 ed. São Paulo: Editora Livraria da Física, 2008. 232 p. MOURÃO, R. R. de F. O Livro de Ouro do Universo. Rio de Janeiro: Ediouro, 2000. 509 p. OLIVEIRA FILHO, K. de S.; SARAIVA, M.de F. O. Astronomia e Astrofísica. 3 ed. São Paulo: Editora Livraria da Física, 2013. 780 p. RIDPATH, I. Guia Ilustrado Zahar: Astronomia. 3 ed. Rio de Janeiro: Zahar, 2011. 300 p. 29
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