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Políticas da Educação Básica - Atividade 1

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Onon Onono Ononon – RA 012345
CENTRO UNIVERSITÁRIO CLARETIANO
GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA
POLITICAS DA EDUCAÇÃO BÁSICA
PROF. WAGNER MONTANHINI
Polo Rio Claro
2014
ATIVIDADE 1 – Portfolio
 Considerando a educação básica no Brasil, como podemos compreender seu panorama histórico ao longo dos períodos monárquico e republicano? Desenvolva uma análise dessa trajetória da educação brasileira e identifique seus principais pontos. Em seguida, para fechar tal visão em meio a um período republicano que nos encontramos, procure explicar o que determina a Constituição de 1988 em relação à educação. 
Quando falamos das políticas para a educação no Brasil, temos que compreender que estas políticas se dão pela relação ente o estado e a sociedade, assim sendo podemos consideram somente o período a partir de 1824, quando é instituída a carta constitucional de 1824 que vem de encontro a vários movimentos separatistas contrários ao regime colonialistas de Portugal, mas ainda assim, por ter sido escrita por determinação do imperador e não por um consenso com representantes da população, mantém o caráter de dominância das elites. Esta carta no que toca a educação, permeava apenas uma declaração de “boas intenções” para a garantia de educação primária gratuita a todos cidadãos brasileiros, porém, sem dizer como o fazê-lo, deixando uma enorme distância entre o que manda a lei e o que é efetivamente feito.
 Ao longo de todo o século 19, o poder público não se mostra interessado em organizar e sistematizar a educação básica, e praticamente, apenas dão continuidade ao sistema colonial de D. João VI, que criara escolas de ensino superior em alguns lugares para atender as necessidades da máquina burocrática da então colônia, e mesmo após a independência, até a proclamação da república em 1889, as iniciativas do estado monárquico continuam valorizando os cursos superiores em detrimento à educação básica. Tais iniciativas (segundo Maria L. S. Ribeiro – 2003), não se constituem em uma política educacional e apenas vem de encontro ao modelo de uma sociedade hierarquizada, escravista e aristocrata, sustentada pela economia agrária e com altos índices de analfabetismo. 
Já em 1827, a assembleia legislativa aprova uma lei especifica para a educação básica, a qual determina a criação de escolas de “primeiras letras” em localidades de maior expressão popular, determinando também seus componentes curriculares, porém, sem ter efeitos práticos. Com a abdicação do imperador em 1831, o país passa por um período intermediário, conhecido como Regência, e neste período é aprovado o “Ato Adicional” (1834), que entre outras medidas, descentraliza a responsabilidade quanto a educação elementar e secundário, cabendo as províncias esta atribuições, e ao Governo Central promover e regulamentar o ensino superior (Aranha, 1996). Esta medida descentralizadora, só enfatiza o caráter elitista que tinha a educação neste período, visto que as províncias, pouco poderiam investir para a educação dos mais pobres, enquanto a elite recebia ensino de professores particulares, e o Governo atende apenas o ensino superior como a fundação de vários cursos de bacharel. Nos demais níveis de ensino, tivemos que contar com iniciativas particulares, de instituições religiosas católicos, religiosos protestantes e os positivistas. O mesmo descaso era observado na formação de professores, em que os profissionais tinham baixos salários e tinham que se dedicar a outras atividades para a complementação da renda.
Na década de 1870, uma serie de mudanças no panorama brasileiro leva regime monárquico ao declínio, tais como a reestruturação econômica do país, a ascensão da elite paulista do café, a transição do trabalho escravo para o trabalho assalariado, entre outra, contribuíram para a queda de um rei que não adaptar-se a estas transformações. Em meio a todas estas mudanças, ainda são propostas duas tentativas reformistas, uma em 1879 conhecida como Reforma Leôncio de Carvalho, e outra proposta por Rodolfo Dantas em 1882, porem sem surtirem efeitos práticos, mantendo a gigantesca distância entre o que se escreve e o que se faz efetivamente. Observamos então que durante o regime monárquico, a educação atende a um caráter elitista, de uma sociedade escravista, excluindo a grande maioria de analfabetos, e as iniciativas para a educação básica acabam vindo da instituições particulares, religiosas e leigas, pois o governo apenas prioriza o ensino superior, e numa visão geral, temos poucas escolas, ausência de um sistema escolar e negligencia com a educação e com a formação dos professores.
Com a proclamada da republica em 1889, a elite principalmente do café, se reorganiza para aparelhar a máquina em defesa de seus interesses. Nasce a constituição de 1891, de caráter liberalista, republicana, federalista e laico do Estado brasileiro, criando um sistema representativo, baseado no voto direto e aberto, porem excluindo deste direito de voto, os analfabetos (a grande maioria dos brasileiros então), entre outras classes. O campo educacional tudo permanece descentralizado, (desde o Ato Adicional de 1834), cabendo à União a responsabilidade dos ensinos secundário e superior, e aos estados os ensinos elementar e profissional. Algumas tentativas reformistas são anunciadas, porém na pratica, pouco ou nada são aproveitadas, tais como: - “Reforma Benjamim Constant” em 1890, : voltada para escolas do Rio de Janeiro, e permitia a criação do Ministério da Instrução e dos Correios e Telégrafos; “Reforma Rivadávia Correia” em 1911, permitia autonomia as escolas e a frequência facultativa às aulas; “Reforma Carlos Maximiniano” em 1915, voltada ao ensino secundário, criando a obrigatoriedade do diploma para esse nível do ensino para que o aluno seguisse seus estudos no nível superior; e “Reforma Luiz Alves/Rocha Vaz” em 1925, como foco no nível secundário e cria normas para a admissão nos cursos de nível superior. 
Em 1920, em meio a grandes mudanças no Brasil e no mundo, surge a Associação Brasileira de Educação, formada por intelectuais militantes ávidos por mudanças, sob o pensamento liberal que concebia a educação como forma de democratização de uma sociedade, defendendo então escola pública, gratuita e obrigatória a todos, oferecendo-lhes assim iguais direitos às oportunidades, movimento este conhecido por Escola Nova. Esta década de 1920 é marcada pela atuação de vários intelectuais trabalhando em diversos estados brasileiros. Os resultados deste movimento são vistos apenas no começo de 1930 onde após um movimento civil-militar que derrubou a oligarquia do café, dando inicio a uma reorganização do sistema capitalista com reflexos na sociedade, pois se vendo a necessidade de uma mão de obra mais qualificada para o setor produtivo, o Estado brasileiro assume o papel de estruturador de um sistema escolar nacional, esta nova fase que vai de 1930 a 1945 (Era Vargas) representa um corte com o passado da educação brasileira. Em 1932, o "Manifesto dos Pioneiros de Educação Nova", se torna um marco na reforma educacional, pois apresentar um diagnóstico da situação real da educação no país, despertando a simpatia de membros do governo, assim como a reação contrária de conservadores ligados à Igreja Católica. Em 1934 surge então a nova constituição, que decorrente destes impasses, mostra avanços no que se refere a organização do corpo educacional por parte da união, tais como: “a obrigatoriedade e gratuidade do ensino primário, fixou percentuais mínimos do orçamento da União e dos Estados que deveriam ser investidos em educação, atribuiu aos Estados a competência de fiscalizar estabelecimentos de ensino público e privado, impôs a obrigatoriedade de concurso público para a admissão de professores”.
“...conforme análise de Ghiraldelli Júnior (1991), a Constituição de 1937 diferencia-se da Constituição de 1934 no sentido de retirar do Estado a competência de prover educação pública, além de não fazer referência alguma sobre financiamento público parao sistema escolar.” (CRC, pag.46 - 2113)
Na pratica a ênfase estatal na educação, premiou o ensino profissionalizante, promovido a aqueles que não tivessem condições de cursar o ensino superior, e que na verdade acabou por suprir a mão de obra técnica necessária para o crescimento industrial. Neste sentido a “Reforma Copanema”, trás algumas mudanças, como a nova divisão do ensino secundário, sendo 4 anos ao ginásio e 3 anos o colegial, este podendo ser clássico ou científico, oficialização do sistema técnico de ensino, incentivo a sistemas profissionalizantes, mantido pelas empresas (SENAC E SENAI).
Enquanto o mundo se dividia com a guerra fria, aqui no Brasil, passávamos pelas mudanças trazidas por estes reflexos e de ideais liberais e democráticos, e neste espírito é promulgada a nova constituição de 1946, renovando o princípio de educação a todos, a obrigatoriedade e gratuidade de ensino primário e liberdade de ensino pela iniciativa privada, e que assim como analisa Maria Luisa Santos Ribeiro, recupera os princípios da Constituição de 34.
Após anos de discussões e interpretações das leis, em 1961 a Lei nº 4.024 institui a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, que trouxe inovações a educação quanto sua finalidade, sua organização escolar e sua organização curricular mas destacam, Buffa e Nosella (1997) que apesar destes avanços, seus cunho populista e conservador não atingiu de fato, os principais pontos como a universalização do ensino básico, as altas taxas de analfabetismo, a evasão e principalmente a exclusão escolar da grande maioria.Vários intelectuais foram atuantes e lutaram para a democratização do ensino, gratuidade e obrigatoriedade deste ensino, para a alfabetização de adultos e a inserção dos excluídos.
Após vários golpes militares, em 1964 o Presidente João Gulart é deposto, e se instaura a ditadura militar, como se pode prever com reflexos na educação, que após passar por várias mudanças em seu curso desde a criação da republica, se torna difícil a criação de políticas para uma educação duradoura e de longo prazo, pois a educação é sempre modificada afim de atender os interesses de quem esta no comando do país. Durante a ditadura, duas leis atingem a educação, a Lei nº 5.540/68, a qual o governo promove a reforma tecnocrática do ensino universitário, que visa promover o controle ideológico, impondo uma lógica burocrática na classificação e ingresso dos alunos as universidades, e a LDB nº 5.692/71 para o ensino básico, que revogava a LDB de 1961, reestruturando o ensino em três níveis, 1º grau de 8 anos(primário e ginásio), 2º grau de 3 ou 4 anos (profissionalizante) e 3º grau que era o ensino superior (graduação e pós-graduação). Porém esta obrigatoriedade do 2º grau profissionalizante foi um fracasso, sendo então revogada com a lei nº 7.044 de 1982, tornando novamente o 2º grau um formador para o ingresso à universidade. Nos meados da década de 80 a situação da educação não era muito diferente do que era no começo do século, altos níveis de alfabetismo, uma educação excludente e professores mal remunerados. Com o fim da ditadura militar e a instauração do Estado Democrático de Direito, são reacendidas as esperanças de uma educação prioritária, e a promulgação da Constituição de 1988 em seu capítulo III, seção I, trás novos princípios a educação, a proclamando um direito de todos e dever do Estado e da família, com princípios inspirados no liberalismo, na democracia e nos direitos humanos, atribui ao Estado a oferta e o atendimento aos estudantes, e determina percentuais de financiamento à educação a União, aos Estados, ao Distrito Federal, e aos Municípios. E finalmente um novo passo foi tomado com a promulgação da LDB da Educação Nacional (Lei nº 9.394/96), reestruturando novamente os níveis de ensino em duas partes, a educação básica (educação infantil, ensino fund., e ensino médio), e ensino superior; criação de competências e níveis administrativos à educação, regulamentação e reestruturação de uma base nacional comum do currículo escolar; avaliações regulares e contextualizantes; e regras flexíveis para a inclusão de pessoas portadoras de necessidades especiais na rede escolar comum. Até aqui observamos então que no começo do período republicano, houveram poucos avanços sobre a época monárquica, pois a elite agrária dominante não tinha interesse na promoção da educação, mas que após a Revolução de 1930, com uma nova realidade industrial, precisando de mão de obra qualificada, impõe ao Estado o compromissos a área da educação, na sua oferta e promoção, e embora ainda com perfil elitista, já podemos ver um esboço de sistema escolar, que se segue no período ditatorial, onde as políticas publicas trabalharam em prol da escola pública a todos e à alfabetização de adultos. Porem a Constituição de 1988 e a LDB de 1996, aparecem como os documentos que dariam um direcionamento a tão desejada educação nacional.
Em especial, a Constituição de 1998, trás no cap. III seção I, os princípios da educação brasileira de caráter liberal, democrático e com respeito aos direitos humanos, ressaltando o que já foi tido em outras constituições, “a educação é um direito de todos”, mas que aqui deixa explícito que sua promoção é dever do Estado e da família; atribui também ao Estado não somente a oferta desta educação, mas também que mantenha a frequência obrigatória destes alunos no ensino fundamental; e determina à própria União, aos Estados e Distrito Federal e aos Municípios, os percentuais de deverão ser investidos para garantir o financiamento desta educação.
Bom, a lei em si, é linda e se fosse cumprida na sua integralidade nossa realidade seria bem melhor, porém como já se é visto deste a primeira carta, muitas coisas ficam apenas nas “boas intenções”, e por conta disto ainda temos muitos analfabetos no país. Muito vem sendo feito é verdade, mas ainda há muito a se fazer, para podermos dizer que nossas leis, sobretudo no tocante a educação, não são “letra morta”.
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS:
- APOSTILA:
- CORRÊA, Rubens A., SERRAZES, Karina E. (2013) POLÍTICAS DA EDUCAÇÃO BÁSICA, Unidade 1. Batatais.

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