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Paper Completo AS FERRAMENTAS BÁSICAS DA QUALIDADE

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AS FERRAMENTAS BÁSICAS DA QUALIDADE:
Um Estudo de Caso Sobre sua Aplicação em uma Empresa de Fixadores
Acadêmica:
Franciele Samara Jansen
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Curso Gestão da Qualidade (FLX0048) – Seminário Interdisciplinar III
20/09/2017
RESUMO
A busca pela melhoria contínua da qualidade tornou-se uma obrigação para as organizações do século XXI. Para tanto, no decorrer dos tempos, foram desenvolvidos inúmeros programas e ferramentas de qualidade. Dentre estas, há um conjunto denominado de ferramentas básicas de qualidade, tais como: o fluxograma, a folha de verificação, o gráfico de Pareto, o diagrama de causa e efeito, o gráfico de tendência, o histograma, a carta de controle e o gráfico de dispersão. A aplicação destas ferramentas confere uma série de benefícios às organizações que as implementam. Neste ínterim, o objetivo do presente estudo consiste em analisar os benefícios advindos da aplicação das ferramentas básicas da qualidade no processo produtivo de uma indústria de fixadores. Para a consecução deste propósito, emprega-se como recursos metodológicos a pesquisa bibliográfica e a pesquisa de campo. A coleta de dados se deu mediante aplicação de um questionário semiestruturado junto à gestora de uma empresa de fixadores localizada no município de Braço do Trombudo.
Palavras-chave: Qualidade. Sete Ferramentas. Indústria de Fixadores.
1 INTRODUÇÃO
As últimas décadas têm deflagrado um cenário econômico turbulento e hostil, marcado, sobremaneira, pela concorrência acirrada. Os reflexos desse cenário podem ser sentidos no ambiente interno e externo das organizações.
Diante deste cenário, as organizações têm depreendido grandes esforços em adotar e desenvolver novas filosofias de gestão. Entre as principais razões que incitam esta busca encontram-se as constantes mudanças tecnológicas, o ciclo de vida dos produtos cada vez mais curto e consubstanciado com as alterações nos gostos e preferências dos consumidores, além da constante necessidade de aumentar a produtividade e reduzir custos, sem deixar de priorizar a eficácia e a qualidade.
Com efeito, uma importante mudança decorrente das razões supracitadas diz respeito aos consumidores e sua busca por produtos com maior qualidade. Por conseguinte, as empresas fornecedoras de produtos e serviços, interessadas em atender a esses clientes, passaram a mudar suas estratégias, destacando-se entre as quais a implantação de sistemas e ferramentas de gestão da qualidade visando garantir, precisamente, a excelência de seus produtos e serviços.
A busca pela melhoria contínua da qualidade não é mais vista como mera estratégia de diferenciação, mas também como condição sine qua non para garantir a sobrevivência da organização no segmento de mercado que atua. Vista sob esta ótica, não gera estranheza que a implantação de ferramentas de qualidade tenha alcançado a todos os níveis hierárquicos das organizações, o que exige o comprometimento de todos os profissionais que ali atuam.
Nas últimas décadas foram desenvolvidas inúmeras abordagens e ferramentas de qualidade tendo em vista auxiliar os profissionais que atuam nas organizações a identificar, compreender e encontrar soluções adequadas aos problemas surgidos no dia-a-dia. No presente estudo, procura-se direcionar o holofote de atenção para as ferramentas básicas de qualidade, dentre as quais: o fluxograma, a folha de verificação, o gráfico de Pareto, o diagrama de causa e efeito, o gráfico de tendência, o histograma, a carta de controle e o gráfico de dispersão. Concebidas como um conjunto de ferramentas empregadas com o intuito de definir, mensurar, analisar e propor soluções aos problemas identificados que interferem no desempenho dos processos organizacionais, sua correta aplicação contribui inestimavelmente para melhorias de qualidade nos processos produtivos.
Ante o exposto, o objetivo do presente estudo consiste em analisar os benefícios advindos da aplicação das ferramentas básicas da qualidade no processo produtivo de uma indústria de fixadores. Dito de outra maneira, busca-se aqui identificar quais ferramentas básicas de qualidade são implementadas efetivamente na empresa participante do estudo e, a partir disso, quais os benefícios decorrentes.
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 PROCESSO PRODUTIVO E QUALIDADE
As noções de processo produtivo e qualidade encontram-se intimamente relacionadas, especialmente a partir do momento em que as organizações perceberam que a busca de excelência no processo produtivo é fator determinante para o sucesso do empreendimento. Neste momento, o investimento na melhoria contínua da qualidade no processo produtivo deixou de ser mero diferencial competitivo para se tornar um valor permanente da cultura organizacional (DEMING, 1990).
Com efeito, o conceito de processo produtivo refere-se a todas as etapas envolvidas na elaboração de um produto ou serviço. Conforme Goulart e Bernegozzi (2010, p. 6), “Por processo produtivo pode-se entender toda e qualquer atividade relacionada à elaboração do produto ou de um serviço, que a partir da transformação de insumos, matérias primas, recursos produtivos entre outros, agregam valor a cada etapa e ao produto final. ”
Ainda conforme Goulart e Bernegozzi (2010, p. 4), a busca pela qualidade nos processor produtivos consiste em: 
 
[...] excelência na utilização dos diversos recursos e meios disponíveis em uma organização, para a obtenção de um produto adequado as expectativas do consumidor e das possibilidades de fabricação, levando em consideração a transformação constante da cultura da organização focando a busca da melhoria continua e do domínio de seus processos e controles.
Ante o exposto na passagem anterior, tem-se que a gestão da qualidade tem por finalidade última o planejamento, controle e o aprimoramento de processos numa organização tendo em vista a qualidade de produtos e serviços de modo que estes atendam as expectativas dos consumidores.
A qualidade, por conseguinte, pode ser concebida como uma função em que se busca a adequação “[...] aos requisitos dos clientes, atendimento das necessidades dos stakeholders e prevenção e gerenciamento de não conformidades, incluindo as ações para suas correções.” (OLIVEIRA at al., 2017, p. 2).
Para a implementação da qualidade nos processos produtivos, foram desenvolvidas ao longo dos tempos inúmeros programas ou ferramentas de qualidade – os quais serão abordados na próxima seção.
2.2 FERRAMENTAS DE QUALIDADE
As ferramentas de qualidade designam um conjunto de técnicas cujo objetivo consiste em medir, analisar e propor soluções para os eventuais problemas que venham surgir e interferir ao longo do processo produtivo de um produto ou serviço (LEITE, 2013).
A finalidade última das ferramentas de qualidade consiste, como pode-se depreender do parágrafo anterior, em contribuir para o processo de melhoria contínua (CARPINETTI, 2010). Significa dizer que sua função primeira é contribuir permitir “[...] a identificação de um problema, identificação das causas fundamentais desse problema, análise da situação visando a eliminação ou minimização dessa causa fundamental, implementação e verificação dos resultados. ” (LEITE, 2013, p. 16).
Atualmente, existem inúmeras ferramentas de qualidade disponíveis. Dentre estas, há o subconjunto das ferramentas básicas de qualidade, as quais são objeto deste estudo e serão explanadas a seguir.
2.2.1 As ferramentas básicas de qualidade
As ferramentas básicas da qualidade são assim denominadas por serem concebidas como ponto de partida para a melhoria no ambiente de trabalho e para a redução de custos operacionais (LINS, 2017).
Dentre as principais ferramentas básicas de qualidade, encontram-se: Fluxograma, Folha de Verificação, Gráfico de Pareto, Diagrama de Causa e Efeito, Histograma e o Diagrama de Dispersão. 
O Fluxograma é uma ferramenta de qualidade voltada à descrição de processos. Neste ínterim, afirma Lins (2017, p. 152-153) que “O fluxogramadescreve a sequência do trabalho envolvido no processo, passo a passo, e os pontos em que as decisões são tomadas. É uma ferramenta de análise e de apresentação gráfica do método ou procedimento envolvido no processo.”
A Folha de Verificação consiste num formulário planejado em que os dados obtidos sobre os itens a serem verificados podem ser registrados de forma fácil e concisa, possibilitando uma rápida apreensão e interpretação da realidade. 
Não há uma modelo padrão para esta a Folha de Verificação, podendo apresentar-se com diferentes finalidades: distribuição do processo de produção, verificação de itens defeituosos, localização de defeito e causas de defeitos.
Enquanto ferramenta de verificação de ocorrência de eventos e problemas, Lins (2017, p. 154) a define como segue:
[...] um quadro para o lançamento do número de ocorrências de um certo evento. A sua aplicação típica está relacionada com a observação de fenômenos. Observa-se o número de ocorrências de um problema ou de um evento e anota-se na folha, de forma simplificada, a sua frequência.
O Gráfico de Pareto ou Diagrama de Pareto, como também é denominado, encerra uma das ferramentas mais utilizadas no controle de qualidade (VASCONCELOS, 2009). 
Esta ferramenta parte do princípio segundo o qual, entre todas as causas de um problema, apenas algumas poucas são as principais responsáveis pelos efeitos indesejáveis do problema. Por conseguinte, se estas poucas causas forem rapidamente identificadas, o problema e suas consequências indesejadas serão neutralizadas mediante implementação de poucas ações (CARPINETTI, 2010).
Esta perspectiva é compartilhada por Leite (2013, p. 17) ao afirmar que o Gráfico de Pareto “[...] é útil para identificar e priorizar os problemas mais graves nas organizações. Ele é formado por um gráfico de barras que ordena as frequências das ocorrências da maior para a menor, priorizando os problemas mais graves. ”
O Diagrama de Causa e Efeito, também conhecido como Diagrama de Ishikawa, “[...] trata-se de uma ferramenta que permite a identificação e análise das potenciais causas de variação do processo ou da ocorrência de um fenômeno, bem assim como da forma como essas causas interagem entre si.” (LEITE, 2013, p. 17)
Concebido desta forma, o Diagrama de Ishikawa é uma fermenta que possibilita a representação das relações existentes entre um problema surgido no processo produtivo, por exemplo, e suas eventuais causas. Ao permitir esta representação, esta ferramenta atua como um guia para a identificação da causa fundamental de um problema e para a determinação das medidas corretivas que deverão ser adotadas (CARPINETTI, 2010).
O Histograma é uma ferramenta que permite conhecer as características de um processo oportunizando uma visão geral da variação de um conjunto de dados. Trata-se, segundo Leite (2013, p. 18), de um gráfico que visa “[...] a comparação de dados resultantes de um processo, para uma característica de qualidade de interesse, organizados na forma de histograma com os limites de especificação estabelecidos para aquela característica [...]. ”
Visto sob esta perspectiva, corrobora Carpinetti (2010) que o Histograma possibilita responder possíveis questões surgidas durante a investigação de um determinado processo, tais como: o processo é capaz de atender as especificações? A média da distribuição das medidas da característica da qualidade está próxima do centro da faixa de especificação (valor nominal)? - É necessário adotar alguma medida para reduzir a variabilidade do processo? (LEITE, 2013).
O Diagrama de Dispersão consiste num gráfico ou diagrama que possibilita a identificação de correlações entre variáveis num determinado processo, bem como avaliar qual sua intensidade. 
Segundo Selene e Stadler (2008), nos casos em que há correlação entre variáveis (por exemplo, entre causa e efeito de um problema), esta pode apresentar-se de duas maneiras: positiva ou negativa. Ela é positiva quando os valores das variáveis oscilam no mesmo sentido; negativa nos casos em que o valor de uma variável varia no sentido oposto da outra.
Ainda segundo Selene e Stadler (2008), o Gráfico de Controle encerra uma ferramenta representada na forma de um gráfico em linha que permite vislumbrar os dados obtidos relativamente aos limites de controle (mínimo, máximo e médio), desta forma, o Gráfico de Controle possibilita apreender a performance do processo em relação aos padrões de qualidade estabelecidos pela organização ou empresa.
3 MATERIAIS E MÉTODOS
A consecução do presente estudo emprega como principais ferramentas a pesquisa bibliográfica e a pesquisa de campo.
A pesquisa bibliográfica orientou a primeira etapa da pesquisa, onde buscou-se na literatura especializada os recursos teóricos necessários ao tratamento da problemática do estudo, qual seja: as ferramentas da qualidade.
A pesquisa de campo, por outro lado, orientou a realização de uma pesquisa junto a uma empresa que atua no ramo de fixadores, a qual encontra-se localizada no município de Braço do Trombudo.
A coleta de dados seguiu a aplicação de um questionário de entrevista semiestruturado junto à gestora do empreendimento participante da pesquisa. Referido questionário é composto por 8 perguntas, as quais destinam-se a identificar as ferramentas de qualidade empregas na empresa e quais as vantagens advindas de sua implementação.
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
A primeira pergunta do questionário indagou quais ferramentas básicas de qualidade são utilizadas pela empresa participante. Dentre estas, a empresa utiliza: Fluxograma, Folha de Verificação, Gráfico de Pareto, Diagrama de Causa e Efeito e Histograma. A empresa não faz uso do Diagrama de Dispersão e do Gráfico de Controle.
A segunda pergunta indagou se a empresa utiliza alguma outra ferramenta além das supramencionadas, ou algum programa de qualidade. A este respeito, a resposta foi negativa.
A terceira questão perguntou se a utilização de programas e ferramentas da qualidade promove aumento da satisfação dos clientes. De acordo com a empresa, sim, pois “Com a utilização de ferramentas de qualidade o cliente tem maior clareza de como os assuntos de qualidade estão sendo tratados, ”
A quarta questão interpelou se a utilização de programas e ferramentas da qualidade promove melhoria na gestão de recursos utilizados. Segundo a empresa sim, haja vista que “ As ferramentas de qualidade nos proporcionam a visão de custos como as de não qualidade, que estão diretamente ligadas à gestão de recursos. ”
A quinta pergunta indagou se a utilização de programas e ferramentas da qualidade promove melhoria na medição e monitoramento do desempenho da qualidade? A resposta fornecida pela empresa foi afirmativa, afirmando que “As ferramentas de qualidade desempenham um papel importante no monitoramento de metas de qualidade e melhoria contínua. ”
A questão seis perguntou se a utilização de programas e ferramentas da qualidade promove melhoria da identificação e solução de problemas. Segundo os dados coletados, sim, pois as ferramentas de qualidade ajudam na identificação dos problemas e suas causas.
A pergunta sete interpelou se a utilização de programas e ferramentas da qualidade promove aumento da produtividade. De acordo com os dados obtidos, “Com a redução de peças defeituosas durante o processo produtivo, temos diretamente um aumento da produtividade. ”
Por fim, a questão oito indagou se a utilização de programas e ferramentas da qualidade promove melhoria no ambiente de trabalho. Segundo a empresa participante, sim. Conforme informações obtidas, “Estas ferramentas promovem uma concorrência sadia, promovendo um melhor ambiente de trabalho. ”
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O objetivo do presente estudo consistia em analisar os benefícios advindos da aplicação das ferramentas básicas da qualidade no processo produtivo de uma indústria de fixadores. Ao final do estudo, pode-se afirmar que o estudo angariou sucesso em seu propósito. 
Aafirmação tecida no parágrafo anterior encontra sua razão no fato de ter evidenciado que a empresa participante emprega as seguintes ferramentas de qualidade: Fluxograma, Folha de Verificação, Gráfico de Pareto, Diagrama de Causa e Efeito e Histograma. Evidenciou ainda que a empresa não utiliza outras ferramentas de qualidade.
O estudo empreendido revelou ainda que a utilização de ferramentas de qualidade possui um importante papel no contexto da organização. Isto porque, conforme mostram os dados, a utilização de ferramentas básicas de qualidade contribui para a satisfação dos clientes, promove a melhoria na gestão de recursos utilizados, a melhoria na medição e monitoramento do desempenho da qualidade, a melhoria da identificação e solução de problemas, o aumento da produtividade e promove melhoria no ambiente de trabalho.
REFERÊNCIAS
CARPINETTI, Luiz Cesar Ribeiro. Gestão da Qualidade: Conceitos e Técnicas. São Paulo: Atlas, 2010.
DEMING, William Edwards. Qualidade: A Revolução da Administração. Rio de Janeiro: Saraiva 1990.
GOULART, Luiz Eduardo Takenouchi; BERNEGOZZI, Robson Peres. O uso das ferramentas da qualidade na melhoria de processos produtivos. XVI International Conference on Industrial. São Carlos, SP, Brazil, 12 to 15 October – 2010.
LAKATOS, Eva Maria; MARKONI, Marina de Andrade. Metodologia do trabalho científico. 7ª Edição. São Paulo: Editora Atlas, 2009.
LEITE, Helen Caroline Rodrigues. Ferramentas da qualidade: um estudo de caso em empresa do ramo têxtil. Capivari: FACECAP, 2013.
LINS, Bernardo F. E. Ferramentas básicas da qualidade. Disponível em: <revista.ibict.br/ciinf/article/view/502>. Acesso em: 15 ago. 2017.
OLIVEIRA, José Augusto de. NADAEB, Jeniffer de; OLIVEIRAC, Otávio José de; SALGADO, Manoel Henrique. Um estudo sobre a utilização de sistemas, programas e ferramentas da qualidade em empresas do interior de São Paulo. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/prod/2011nahead/aop_t6_0002_0302.pdf>. Acesso em: 16 jul. 2017.
SELEME, Robson; STADLER, Humberto. Controle da qualidade. 1ª ed. São Paulo: IBPEX, 2008. 
VASCONCELOS, Diogo Cesar de. A utilização das ferramentas da qualidade como suporte a melhoria do processo de produção: Estudo de caso na Indústria Têxtil, 2009. Disponível em: <http://www.abepro.org.br/biblioteca/enegep2009_TN_STP_091_621_14011.pdf>. Acesso em: 10 ago. 2019.

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