Buscar

HISTÓRICO DO MELHORAMENTO GENÉTICO DE EUCALIPTO NO BRASIL

Prévia do material em texto

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GENÉTICA E MELHORAMENTO DE PLANTAS 
LGN 5799 – Seminários em Genética e Melhoramento de Plantas 
 
Departamento de Genética 
Avenida Pádua Dias, 11 - Caixa Postal 83, CEP: 13400-970 - Piracicaba - SP 
http://www.genetica.esalq.usp.br/semina.php 
 
 
HISTÓRICO DO MELHORAMENTO GENÉTICO DE EUCALIPTO NO 
BRASIL 
 
Agnaldo Donizete Ferreira de Carvalho 
Orientador: Isaias Olívio Geraldi 
 
 Os primeiros estudos científicos com eucalipto no Brasil foram realizados por 
Edmundo Navarro de Andrade na Antiga Companhia Paulista de Estradas de Ferro em 
1904. Sua implantação teve como objetivo atender à demanda de madeira para a 
construção de ferrovias. Esses trabalhos foram considerados avançados para a época, 
tanto que Navarro de Andrade encontrou espécies muito promissoras. No entanto, as 
plantações eram muito heterogêneas, resultando em baixas produtividades. Assim, em 
1941, ele convidou Carlos Arnaldo Krug do IAC (Campinas) para iniciar um programa 
de melhoramento genético. 
 Em 1964 o Instituto Florestal do Estado de São Paulo assumiu as atividades 
desenvolvidas pela Antiga Companhia Paulista de Estradas de Ferro. Nessa época havia 
um programa intensivo de melhoramento genético, através da seleção de árvores 
superiores e, além disso, criou-se um programa de certificação de sementes. 
Preocupadas em atender à demanda por sementes melhoradas e conhecer melhor as 
espécies/procedências, algumas empresas florestais privadas criaram o IPEF (Instituto 
de Pesquisas e Estudos Florestais), sediado na ESALQ/USP, em 1968. Todavia, as 
sementes produzidas e comercializadas possuíam baixa qualidade genética e fisiológica. 
Diante desse cenário, em 1969 as empresas Champion e Duratex trouxeram para o 
Brasil o Professor Lindsay Dixon Pryor da Austrália. Este pesquisador constatou que 
devido, principalmente, à falta de isolamento geográfico em que foram submetidas as 
introduções de Navarro de Andrade, houve intensa hibridização interespecífica, levando 
à descaracterização botânica e à perda de vigor na geração F2. Assim introduziram-se 
novas procedências da Austrália, do Zimbabwe e da África do Sul, visando formar 
novas populações para os programas de melhoramento genético. 
 No final da década de 1960, a eucaliptocultura expandiu-se para outras regiões. 
Nessa década surgiu o primeiro grande problema da cultura, o cancro, causado pelo 
fungo Cryphonectria cubensis Burner (Hodges). Nesta época também se descobriu o 
grande potencial de híbridos de E. grandis x E. urophylla, que associavam resistência 
 
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GENÉTICA E MELHORAMENTO DE PLANTAS 
LGN 5799 – Seminários em Genética e Melhoramento de Plantas 
 
Departamento de Genética 
Avenida Pádua Dias, 11 - Caixa Postal 83, CEP: 13400-970 - Piracicaba - SP 
http://www.genetica.esalq.usp.br/semina.php 
 
 
ao cancro e características agronômicas. Esse fato impulsionou os estudos de 
propagação vegetativa e em 1979 foi instalada a primeira plantação comercial via 
propagação vegetativa, de cerca de 1.000 ha, em Aracruz, ES. 
 O período de 1980 a 1995 caracterizou-se pelo abandono das estratégias de 
melhoramento genético, dando-se grande ênfase à propagação clonal. Os híbridos 
interespecíficos E. grandis x E. urophylla passaram a receber atenção especial. Neste 
período, em que todos os esforços foram dedicados à estaquia, as empresas buscaram 
adaptar seus genótipos às novas regiões geográficas. 
 Na última década houve a substituição da macro-propagação pela micro-
propagação, devido aos inconvenientes da primeira. As empresas perceberam também o 
equívoco do abandono dos programas de melhoramento genético e intensificaram os 
programas de seleção, com grande ênfase à seleção recorrente recíproca, visando 
melhorar as suas populações para a obtenção de híbridos interespecíficos superiores. As 
técnicas biotecnológicas também passaram a fazer parte dos programas de 
melhoramento, principalmente o uso de marcadores moleculares visando à identificação 
de QTL´s. Atualmente o Brasil possui mais de 3,5 milhões de ha de eucalipto, gerando 
milhões de empregos diretos e indiretos. Sua importância é tamanha que o ministério de 
Ciência e Tecnologia, junto com 12 empresas privadas, 7 universidades e a Embrapa, 
iniciaram o Genoma do Eucalipto, ou Genolyptus, projeto este que custará mais de 12 
milhões de reais aos cofres públicos. Além desse projeto, merece destaque o ForESTs, 
que é um consórcio entre a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo 
(FAPESP) e as empresas de papel e celulose, Votorantim, Suzano, Ripasa e Duratex , 
para o seqüenciamento do genoma e posterior análise funcional dos genes. 
 
 
 
 
 
 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GENÉTICA E MELHORAMENTO DE PLANTAS 
LGN 5799 – Seminários em Genética e Melhoramento de Plantas 
 
Departamento de Genética 
Avenida Pádua Dias, 11 - Caixa Postal 83, CEP: 13400-970 - Piracicaba - SP 
http://www.genetica.esalq.usp.br/semina.php 
 
 
 
FERREIRA, M.; SANTOS, P.E.T. Melhoramento genético florestal dos Eucalyptus no 
Brasil - Breve histórico e perspectivas. In: IUFRO Conference on Silviculture and 
Improvement of Eucalypts, Salvador. Proceedings. Colombo: Embrapa. Centro 
Nacional de Pesquisa de Florestas, 1997. v.1; p. 14-34. 
 
RESENDE, M. D. V. Métodos e estratégias de melhoramento de espécies perenes: 
estado-da-arte e perspectivas. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE 
MELHORAMENTO DE PLANTAS, 3, 2005. Gramado-RS. Anais... Gramado: CNPT., 
2005. 1 CD-ROM.

Continue navegando