Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
(~·-;- ... ,.._,,..,~ .......... u:.oo.~..o~...-.<.....:.....:....:..: ... :..:.. .. ~ ;_· .. :~ l·,:.:._.:~...:..: .. -~ •• ,' ·•~- _, ,. __ ._.,~ .•. , .., ..... , •• ~~ .·•• •!·J"'li·>:' .......... -lo'i-Vh•\.!J!p,.._,,~....i.;l-LA:,-c..::-:.rw-·:..;-cr~t:::-..!l:tto'~"i".,..-1!~~~-_..,-o.:~-.__ .-,.-_.-__,.._~,_...: .-.· ·. ,:__ _.,._._ · · .. - ,_ .• ·•. · , .~. _,_, (>~:.-... ,_._:;.c_L•'_.'.- -·-~ _~,·.~-~ • .._.:1.~/.~.--..... ·.~ ••• "o!,!.~~ .. ·.!,_•.•~i'-'"~v..·-~.-· .... , .... _ ..... _._.!._.,1 •,_ , , ___ . ..,_,_.,.:.;;~a:r.~:c.·· ;, -.-.,~ ... .:._...,..,_...,_._._.v-,..,..._.,~,...,..._ ... ,..,., .... ,.,_,_,.,. .. ~~..-...,~.····• .. •,-,-,.,-.•..-.. ~.-....-"'"'- i;j :... a OW ""· oa: = EZZZ. i Z L£ - £LIL5i ~--:-=~ -=. . ,,; --'"'" • : - c;,;;o~ 2 -- - :;.- : ~ f~ ':1 ~~ ; ~- i§ @- <:j ';1 @ : ~ . ,, ~ ;l ; ::l ,'ffi r~ ~;~ •'•(U I ; l \;:~:~ -~~- @) 'l -:. ~--~~ \;{:J ... f:~ @ ,, " 6%'> ;~ ,, ~!U ;f ~~ -~~ :-· ~::~l;. ~~ ::~ @ (ffi!J rg, ... ® @ ® @ t9 ® i.-~ ® ·:.:: 10 I :~~ @ 0'1 V'l ·:> :.;t -~}- (@ ...... ~} 0 I ~-;- ® ...... ~~: - ' I ~:; i'if0 Vl :-~- 00 ;:~ ~ l") @ :(l ,.· .. ~k fl) _,"l8) ...... Rebeldes ou conservadores, apaixonados ou deprimidos, indecisos ou determinados, alternativos ou integrados ... Nao, nao sao apenas esses os adolescentes. lmpossivel reduzi-los a tao pouco. A adolescemcia e urn universo bern mais amplo, rico em opc;oes e · · tendemcias·-. -cad a. uma faz a sua propria· · . · viagem. Levantar qu~st{)es e desve.ndar rnito_& podem ser os primeiros passos para uma compreensao maior qtesse universo. Mas pode ser tam bern o cami~ho para aproveitar melhor essr viagem. (<"~ 0'1 10 -...... 0 ...... 10 00 00 r- ~ Areas /de interesse: Psicolqgia, EducaQao I i I I I ' ·----- ---- -- 4 Q5 ~"c «S 0 ~ ~· <( ~ ·z· ' . 159.922.8 $3'95q 13 ••. -- _,.,..,...._ , OQUEE mj':~ . ADOLESCENCIA ;~ ' l · editora brasiliense ..r·' [ A • - • ·- " 0 Q) · (/) (/) 0 (/) (') . Q: - CD 0 ro ~ 0 • •• "0 ~ - · 3 CD -· ~ - 0 (/) < . . . . . . . . u m ~~ z en 1-4 c ~ ~(~ ~ = · - ~ -· - c::Q ~~ j - ~ · -; 0 ~ Q 0 ~ I! .. .C 0 .t= -= Q = < . " - . . ~>····~···";:.~··~~~"~"-····~·. •··-'·•·~~·:·"·''-'-"·-~'"'""""·•·<.·~•·•···<L,.,~....,.,~~"··~~,.=~c.'~•~<.-~<n>.<n'-"-•<'-"•'•'''···.·,.·.·--~'•··"''.·.••; ···· '' >c··· . ~:......:.., ·--~ t{.;~·. ,:.:-_.!"'~·-·.i"r:!:rl:'--"h~-":L'~:'·,.>,"':~:.;<-2!?,'..-~"''"''!l..'ri".A' .. ":."'c\!;IA.t.'.~ .. ._,._:~";l.~ ••. .; .... .v::.: ~-~.....-..~ ..... • >:..: ... ~ ;.~_,: •• ...:•.:....Ll.~--·- .c· .. ·. ; • ·.: , • ~~, ~ :, "'·' . ·.! ... ~ ·;-~s_, _ • ·~• ·.~ ·! t~·!.i·~:o.~ .... ~~."·· · ...::...~ . ..,-~ .. ~ .;] @ -~==__,....,..,...,.,.......,...,..,..,.,,...,....,.=;·::;T'C:o::::--,.--~~-:::==-___,.-=----::---:----t~ !f" JS Cj. <j:?,, ~ ..... ·. .. . - :jl~ :(· · .· . . ' c- ~. i;~ ~ t:3i i(?,> -~ ~ C~ight ©by Da~iel !lecker, 1985 ~~~ ~dJ! · · Nenhuma parte desta publzcm;ao pode ser gravada, 1)~ @11 armazenada em sistemas eletrimicos, fotocopiada, il1 @j reproduzida por meios mecanicos ou outros quaisquer sem Jill ··~:- autorizac;iio previa do editor. ' !~; ., ... 1 "'•'>) :: : ~ .: ~ ' 1, •: •: I ' )}~ <i: f@· ~~~ ~~ f!l '~ '(l~ ~-· ,,., OTh ';~} (-;_u :;1!. @·· ;:~~ ~1W (dSBNi 85-11-01159-5 , ., ~· fr-ini~ira edil;iio, /985 ·· l3"·edil;O.o, 1994 ·, . _j• reimpressii.o, 2003 Revisii.o: Jose W. S. Moraes e Elvira da Rocha llustrar;oes: Lino H. Capa: Marco Mariutti e Clovis Franf;a Dados Intemacionais de Cataloga~Yao na Publica~YaO (CIP) (Camara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Becker, Daniel . • _ . . . 0 que e adolescencia I Damel Becker. - Sao Paulo . Brasthense, 2003. - (Cole9io primeiros passos; 15 niversidade Cat6lic ·( :':f.. ill @. ·'' . ) ~..:_·.' <~· ;;l@ 5• reimpr. da 13. ed. de 1994. SISTEMA B!BLIOTECA DA UCG ISBN 85-11-01159-5 I Regis~ro no •• J .. 9.!::/...9. .. 6.~ ......... . :_ij ~ :~:~ \~l.t: )j (:[:), ;;i:l {LJ• ~ : ·:•:l@ ::;·:l ~:jj:fy :::1 o'l' •H ,, ~ ;.{;~~ ,:(>Y .,. ~:; .. :.~ ~~! '-•' ~:.: ~ ~ 1'21, ;:.t~ i~{-~> "I ~:~~ (JW m @ .,, :~ll ~ :':j@ :~l ,'§>. ·,::l {3!~?1 l) : 1. A dol"""'" I. Titulo. II. serio., Data: .•. Q.F.: ... J.!:2.:i.. ..9.:£. .... . 03-1330 CDD-155.5 indices para catalogo sistematico: 1. Adolescencia: Psicologia 155.5 editora brasiliense . Rua Airi, 22- Tatuape- CEP 03310-010-SaoPaulo -SP Fone!Ftix: (Oxxll) 6/98-1488 E-mail: brasilienseedit@uol.com.br www.editorabrasiliense.com.br livraria brasiliense · Rua Emilia Marengo, 216- Tatuape CEP 03336-000- Sao Paulo- SP- Fone/Fax (Oxxl 1) 6675-0/88 :1(rl'.il;lP.: :JL 1~~ ~~~~l~ <~~; B'895tf'' ~hi~ ~. L 1. vi: :· : :. ·~: iHtP ~if _ .. _ ... ... IIIIUII ·~~~· 13 ed. I 1 ............. ---INDICE ..... Na tua idade eu tambem queria mudar o mu ndo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7 A metamorfose . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14 . Radiografia de uma visao: 0 lado avesso . . 51 Adolescencia: quando, com·o e onde . . . . . 57 Mudando o referencial . . . . . . . . . . . . . . . . 65 Adolescencia - aqui e agora . . . . . . . . . . . . 76 Por que adolescencia? . . . . . . . . . . . . . . . . . 93 I ndicac;:oes para leitura . . . . . . . . . . . . . . . . 97 r · . . _ 1 l CAlRO LEITOR N.A.O I I . IfiSfiUE'O LIVROI 1: L__ r:--.. ·----.. -·- --- .. -.. . ... ; ·":':.f.""'\~ _: ' ' .'"\ ..... f ~ :--..... ~:; r·.;, · l · ~ . ' ~ •. ~ • .,. . ~"'. I ·.,·, .,.., , \ ... • • • •. ~D·~·H ~.r"<""':;", .. , ... , f Ill ~ : - --· :-- ,. :,-: ~. ,• ... or . ';~},~f::{~ ~>,: ' ' . · ~-' Agradecimentos a Valeria Santiago, Gilberta Velho, Edson Saggese, Marcos Gleizer, Caio Graco Prado e Simone Becker. ~-- . A lzabel, por tudo que esta ~scrito, e por tudo que nao da para escrever. ~A 'i NA TUA IDADE EU TAMBEM QUERIA MUDAR 0 MUNDO ... .... UNuma sociedade em que nao ha diver- gencia, ou na qual a divergencia nao e permitida, a palavra ~ adolescente perde osentido.u E. Z. Friedenberg Uma cena muito comum em filmes epicos ameri- canos, daqueles antigos: urn pai enla~a o filho pelo ombro, leva-o ate a varanda do casarao, e com 0 bra~o estendido, aponta para a grande vastidao da plan(cie que se descortina aos seus olhos, e diz: - Meu filho, urn ~ia, tudo isso sera seu. Parto dessa lembran~a para imagiriar uma outra cena ·que talvez· a jude a come~ar esta breve discus- sao sobre adolesqencia: urn pai enla~a o filho pelo ombro e 0 traz ate a janela do conjugado no decimo ""'' 2~ . J\,';~~;1 .. ~ .-;'1..1. ~y @ flliii 11il' @4 ® @} . /~~~-~) . &ll0 ~ .,-.~ ill>' ® I @i @ @ ~;@: " @) .L ~ ~ ttL~ 'qli I ~~) .l;. ,l ., ; [~ i{ilil i·'.' ~0 Wi ~iii' : ~~ )::~, !:;:;;: w [iL: ~ f\\:: r iiW ·~ ~.;; -1<1 ...... ~>M." .. '..7~""''f"..ro'-....-~--~~ ....... --.... •":'~,_,-..-.---~ .• ~~,_.........~~:•-:-•..-,"':.....-..,lo;a:"':'r""T;o-;.-,T_,_._L= . ..-~,-.•c,-.rr-r iII I £ fLC Cjj i F ft i"'">."o'---'i"c'•:~~-_,._.~-~'.-'' •.•. "'·' -~--•.00'.'"-~'-' .o_L•.70""" . .r.-.o-.o.' '• ',T>",'I •• ...._,~_.._..- •• ~_,_.,..,.. OT"":....-.•,-.--.--<'>--~..-,-·o~r .... r•--;~...,,.-,-.,- •,..-..,_-, ·--c~~.......----..,___,....._..,......._..._,.,r-,-_,.,,.,_..,_.,._,~- .. -,.--.,.-,~~...,.,.-,.-~~..,.._-.-.. ..... ~----..-.-.....-. ... - ....... -~-~~o-_o- :!•~1 '''''''"'~~M'<<J'"W"~>~N<.P>-'o'"'-"'•<.-..<•'''·''""-'' "''''> _,,;_,. -~~ ~-c-.• C>~W.,!LU"'"'''"'''"'. _,,.,.,~.<'+ko><>U<,..,_,,""''''·<U~>C'~'O~O~.'"~" Cn-"-'"'"'·'"'·""',M>o ooUO'o''''''"'·''-0> >•o<o'-.' ';'"•'' >oC•' >o>' h.-.><>O>">O<~\_,UC.,.. .... o ""-'~· >o ,.co~~.C.w ,,,_.•,-,_.,'" Co'oo'•'-'• oc'• ,•,oc oU••u W;·~"'"'==.;<c=·~~"-noJo'".-''~""'= ~ ~ l wl J;;. ~- ------ -· ;::~ .. ;;,·- ; _... .....c~S' ·? );~ ~ ~A ··>:-:.. ;1~ ' ·.::J:' i~l @ ~~~ m ~ pavimento de urn predio de vinte e cinco aparta-\~ ,:]~l mentos por andar. De Ia, se descortina aos seus i~j f:Dl. olhos uma cidade polu fda e superpopulada, onde l~ @: grassam a fome, a miseria, as favelas, onde dezenas :[~ ill> de pessoas morrem diariamente em acidentes e {l (jB homic(dios, onde indiv(duos-automatos correm, ~tj s~ consomem e competem por dinheiro e exito 1;i ~; pessoal; num pa(s aviltado durante vinte anos ·pela \\] :~. ditadura e pel a corrup~ao, mass~crado pela domi- ;a ;;; na~ao cultural e economica; num mundo constan- c·1 "··Y~o )~ : temente em guerra e amea~ado pel a destru i~a<? H1 dl: nuclear .. Eie aponta para tudo isso e diz: · · · · .. ill :SliD - Meu filho, urn dia .. ·:· 111 film Nao tenho duvidas de que muitos dos nossos )~ ® pais nao vaci lariam em oferecer essa heran<;a a seus :!\ ·iffi: filhos. Afinal, foi esse o mundo que eles e seus )ij 1TIY pr6prios pais ajudaram a construir, mesmo que ~~1 @ ··· involuntariamente, e ~ ·o unico ~ue conhecem. jp ~ --·- Mas· me pergunto se o jovem de hoJe pode ou deve ~~~_l @_,_ . .~ se co~for~ar em aceita~_lo aprendendo a acredit/tr 1 - )j'j '~: que nao ex1stem al~ernat1vas. .. . . 1 ~!,1 ·-· . ~ Apesar do conce1to de adolescenc1a (do I at 1m a , 1 ;\1 @ \ para + olescere, crescer: crescer para) como ele e :1~ ®• jthoje conhecido ter surgido em torno do inl'cio J:_1 8S· · 1 \de~te sec~lo, ~ questao do jovem como ''problema" ·i~ .;z, < ex1ste ha mu 1to tempo e acompanha toda a evo- i_i_~J @1 ··~- Uu~ao d~ civiliza~ao ocidentaL ;odem~s ~ncontrar i\] :st; i em escntos de 4 000 a nos atras referenc1as a que \ll ~ \ __ "os filho~ de. hoj~' ja nao respeitam rna is os pais J ""' como ant1gamente. . ·_·_·l (•'•' tr <~!:-" :(! ® ·;~ ~ ,.,, .; 8 Daniel Becker / "\ '..! ~ 0 que e Adolescencia Do ponto de vista do mundo adulto, isto e, o oq;istema ideol6gico domina'nte,(g ado_lescente e urn ~ em desenvolvimento e em co~flit~Atravessa 1/ ?rna crise que se origina basicamen e em mudan~as ;corporais, outros fatores pessoais e conflitos fami- / liares. E, finalmente, e considerado "maduro" ou "adultG" quando bern adaptado a estrutura da soc_iedade, ou seja, quando ele se torna mais uma "engrenagem da rriaquina". E assim que encaram a adolescencia muitas das teorias que pretendem estuda-la. E assim ~~e se dirige ao ado1escente a maioria dos manuais do tipo que e tradicionalmente presenteado aos jovens que entram na faixa da puberdade, para que sejam ensinados a comportar-se de acordo com o que a §.OCiedade espera deJes. • Essas teorias e manuais sao instrumentos bas- tante uteis. Defendem a preserva<;ao do sistema do qual eles pr6prios se originam. Afinal de contas, o novo, o questionamento e o conflito que mu itas ezes explodem no adolescente sao muito perigo- sos ... en tao, nada melhor que enclausurar todas essas amea~as em urn perlodo da vida do indiv(duo, aplicar-lhes urn r6tulo de "crise normal" e definir a adapta~ao as regras vi gentes como "cu ra" ou '--esolu~ao" da crise. xistem, porem, muitas outras formas de abor- dar a adolescencia. Primeiramente, parece haver uma clara distor<;ao nas teorias que buscam expli- .. ca-la em termos unicamente ps(quicos e somaticos 9 10 : . ~,. ... -,~-:~~~~;~-~-~~--;-.. ·-~:: ·--,.... ---- .... -:· .. : ~._::':::-,...--=-=--":...:...:;;:,.-:_--:;;-:.::;;::...:=,:::::::-:.:--:o-~.:=_:._-.._ era ._ .. _. ,.· Daniel Becker .(corpora is). Seria poss{vel, hoje, quando a nossa sociedade atravessa a rna is grave crise de sua hist6- · ria, ignorar a importancia fundamental dos fatores sociais, economicos e culturais que inCidem na crise do adolescente? ~Ora, digamos que o jovem, que ainda nao foi containinaao ou molct~doginas e-oonceiffis conSiderados"(:ielofliUrldo "'adlirto ~conic' -vefda"des _jnabaf~vef~;_je" rebelaconfra-aete"r'mfnaaoivalofes~ estigmas, . precon~.tos e lCOrlTtradi<;oes .. que 'lhe . tentaril"-'lmpo-r. fsso significa que ele esta doente, ou atravessando um.a 11Crise psicologica normal"? Tal\1ez po5samos, em vez disso, explicar esse fen~"'- __ meno como a passagem de uma atitude de simples espectador para u rna outra at iva, questionadora Oue inclusive vai _gerar revisao, autocrftica, trans- · forma<;ao. E que sera, portanto, fundamental tanto para o desenvolvimento da sua propria personali- dade quanta para o aperfei<;oamento .da sociedade ern,que ele vive. 11Esse inconformismo e tlpico de voces, jovens. Na tua idade eu tambem queria mudar o mundo. Oueria brigar; protestar, transformar o que achava errado. Mas o tempo me mostrou que a realidade nao e bern essa. A gente yai ficando mais velho, surgem as responsabilidades, a necessidade de sobrevivencia, a gente vai se conformando. A f come<;a a trabalhar, casa, tern · fi lhos... a vida e assim mesmo. Mais tarde voce vai compreender." Essas palavras sao muito familiares (nos dois .. .!: [. ~=_ .. _..._-.J>_.,_,_.....,..,.,.-_.,..~._._.,...,n•,.rr--r~-.,....,.....,.,. .. - ...... ~~~ .. ..,..-~--,..~.,_,_,._-_ .. ...,~ .. w:;~-'w;"';'''= .. -~--.- • ...,.--.-.,....,..,..,. • ..,. ... _..., .... --.~~~""F'r-'""..-,-~ .... - ................ ._.,_ .• -~-.-~-----~·~-~-~...-: .... -_~ ... --. ~ que e Adolescencia sentidos) a quase todos nos. Sao tradicionais, coerentes, e ate seria possl'vel dizer, verdadeiras. Porem, apenas por urn lado. - Sera que o jovem sempre se acomoda, depois de uma certa idade? Sera que e seu "dever. social" fazer isto? E o a<:Julto, por acaso lhe e vedad.o prot~star, tentar transformar o que acha errado~ . Nao e difl'cil perceber que aquelas palavras sao · verdadeiras apenas se partirmos do ponto de vista do sistema socio-cultural que elas representam. Esse sistema vive numa CfOntl'nua busca de preser- ·va<;ao e auto-reprodu<;ao. Ele precisa ·se· perpetuar, Jllesmo afogado em suas proprias contradi<;oes." f E o faz incentivando o conformismo, fazendo-nos acreditar que os padroes.-de vida por ele estabele- cidos sao unicos e imutaveis. 1:.[) . ~ _ffil.}' ([J 11© illl,:.: s· &ill> ® @; @ ~·· ® 1D JE':o ~I @ ~B~ ® illi;. © @; ui vamos tentar descobrir que esta talvez nao @) seja a unica verdade. Nem a melhor, nern a mais @~: coerente. Para tentar entender o adolescente, e 1iib pre.ciso que se olhe para ele de perspectivas bern ~ .... _L_~_:-·1~' mais amplas que as tradicionais. @ · Antes de com~<;armos, pore~, e preciso escla-;1 . 8 , recer urn ponto 1mportante. ex1ste uma ado-, ·?: . \h.·,· Jescencia, e sim varias. 0 proprio conceito de que : eta e urn fenomeno universal e muito duvidoso. G;.l . I Existem sociedades nas quais a passagem da vi infantil para a adulta se faz gradativamente; a crian<;a vai recebendo fun<;oes e direitos ate que atinja plenamente a condi<;ao de adulto, o que faz desaparecer as caracterfsticas QQ_g_y.e..cbamamos de ~ - () ® r:·~:~, w @ w &:;\ ~ 6':::.. w !~;;><'•'''[y;):•~-''~'l••'-'><-' ,, 'h·''-'""'"""'''""""'•''·"•'·'""'''-"-''~'•~••~·'-0-!W'-'-'-'-~' ~-~«L~--'-"-•"'--""-'~'""""'\.~~'-''--"•· ·''''"'~""'~••~---·-~•<>· ~~··•-u-·.-~u •. <--•~" '"' -~- "'" .... ---~-~~~----~-·- --•- '- --~------ -----·-• -- '' f:ITr a -- - - .. ··; 0 ~-i J 0 ' 'l ~ - b; ; \:.J; r' i8. d 12 ll O.<t J(l Daniel Becker 0 que e Adolescencia 13 ·;j "I Jfl' :j Q;!-, 1 ; ~ .~j' ~ 11Crise da adolescencia". Em outras socieda'des, existe urn ritual de passagem (geralmente quando comec;:am as transformac;:oes Hsicas da puberdade') ap6s o qual se confere ao indivlduo to s direitos e responsabilidades do adulto. Esses rituai envolvem muitas vezes intenso sofrimento psi uic · \ e Hsico !.- as eles pod em fac1 1tar o processo de integrac;:ao· a sociedade adulta e favorecer 0 desen vol~imento da auto-estima, identidade e segu~ no JOVem. _ D ~-~ ' { .-.'.~ lij -.,;.~· ~- ~J t11 ~: ~t '3} :~~ '~ (ill} ~~ ... " ~J r7t'. ;; \:. ;~ ~~· " ~l ; ~ .. ; .. 51;7 Ur <811' •j il ® ;; 6)) lfl ~ '·j "''-' ~~:. ~ t) r£l' \jl (ID ,, ~ ll~ ®; :~; @; ~~~ <-~ @ •,· ,,., :~:~ ·- ~:~{ <TI0 ·~\ ~"- ~ ·~ ~ ·2® .}; :~:-> ::~~- ® /' ~~;- - ,, @ ., ;. rj -~m;~ it @~ K w 8D --~ ~~-: ~rrm) !~- ~~- H,i ~liT> ~~11 ·-:01~ ~~~~:> >"I ~ill{} (~·; ;-.., Ja em nossa sociedade, no entanto, a adolescen--t' cia vern se tornando urn per(odo ·cadp. vez mais · Iongo ~ mais -complexo. Por ·urn Jado, muitos a o escentes atravessam esse perlodo absoluta- mente imunes a qualquer tipo de crise. Simples- mente vivem, adquirem ou nao determinados valores, ideias e comportamentos, e chegam 11 inc6- lumes" a idade adulta. Por outro lado, a propria definic;:ao do 11Ser adulto" fica cada vez mais fragmentada e confusa. As contradic;:oes sao incontaveis. Sao exigidas do (' jovem atitudes que ele muitas vezes nao J!..o.de_aj.n<jq \ -tamar,· como, por exem~lo, deJinir-aos .. dez.esseis...-\. , ...•. _.,,.. _ _,_ .... .....,__ _______ ~----------------------~·- ~----. "" ' \ ano_~ a Cq[f~ir!!_que _gi!~r~_.Jpdaa .. ~y_g"_yi~aprofissig l n~l. Ao mesmo _!efT!f:!Qt.J.bgjao negados direitos,..e· llberd()des que ele quer, pode e precisa exercer. Enquanto lida com seus conflitos interiores e mudanc;:as corporais, o adolescl:mte se encontra e uma sociedade· corit(a.dj!oli~_, e cuja complexid gera muita confusao na sua cabec;:a!Eie se defronta ./• hoje com uma cultura em intensa muta~ao, valores velhos e decadentes se contrapondo a novas ideias ~ conceitos, sem que haja sequer tempo para sua assimilac;:!_o.:.. • . r ~tudo isso, a sociedade ocidental nao cola- 1~ bora em nada para facilitar a l'crise" do adoles- cente, enquanto, por outro Jado, tenta' atenua-Ja ou abafa-la. E e preciso Jembrar tambem que, mesmo dentro dessa sociedade, a adolescencia pode a~mir formas muito diversas. Uma. crian~a obre, por exemplo, sera empurrada para a vida adulta muito mais prec·oce e ·abru"ptami:m"te .do que urn jovem de uma classe mais privHegiada, que bde prolongar sua adolescencia indefinidamente. ·- xiste ainda urn. outro tipo de _d.LY~r-~I.c:f~9~ .. -no ---·,;,... __ ..........,_ __ .......,,_,....,, _____ ., _ ....................... --- . . ......... ___ ~--~ uadole_$cer": num cont~~Q- em gue a~m fatores · sociai~ culturaisr familiares e Ressoais, o-s jo\ieiis-~ ,...-- ' - -- assumem ideias e comportamentos corilplelamenfe·-o di~ntes. Ha OS que querem reproduzir a vida e os valores da familia e da sociedade, ha os que contestam, rejeitam e querem mudar; os que fogem, os que Jutam, os que assistem, os que atuam .. ~ enfim, existem inCJmeras escolhas. 0 assunto e·~mu.ito amplo; cada tema abordado agui daria para, urn ou mais livros. Portanto, em Emhum momenta este livro se propoe..aapresentar definic;:oes ou aRrofundar teorias. PeJo contrario, a ideia e apresen-:tar questoes e tentar motivar no leitor a procura das pr6prias respostas. •• .• ·- • -, ~ A METAMORFOSE "0 primeiro grande sa/to para a vida e 0 nascimento. 0 segundo e a adolescencia., Eduardo Kalina . Entao, urn belo dia, a lagarta inicia a constru~ao do seu casulo. Este ser que vivia em contato l'ntimo com a natureza e a vida exterior, se fecha dentro de uma "casca", dentro de si mesmo. E da in{cio a transforma~ao que o levara a urn outro ser, mais livre, mais bonito (segundo algumas esteticas) e dotado de asas que I he permitirao voar. "· \: Se a lagarta pensa e sente, tamoom o seu pensa- mento e o seu sentime~to se transformarao. Sera~/ agora o pensar e o sent1r de uma borboleta. ·EJa va1 ter urn outro corpo, outro astral, outro tipo d rela~ao como mundo. ,. ~ ·' \ ,, •.• ;~~o;t·•:..-;-.;":"--->:;-;,:o;:•p,~,.~'i~i!i'~~!~f'('~.!,":I;"Uo;~~::.:•·o:.P.'<;.-.-..-;~_;;~:.-;:.-;J.~~~~'-:r.;r.;-.~~·.:~o~.~:l":;<':"i"'l···.-•·~~ . ..,-,..,._._,'<""-...-~~--.,..........., .... ~-·..._., , .••• ,.~. -. • ~~~· .... -.• -.. -..... -~.--..-. ,-,-.• ,-., ''"" ~· ·· ,, •- ,, 0 que e Adolescencia · No adolescente, corpo, uteias, emofoes e comportamento so [rem as conseqiiencias. do processo d~ transformafiio. 15 ~-- lil! tiiJ :[; $; @;: ~~ ®;:' @8. m~· 'i:d· /~>~;., ® @ ® @ ©> .@ lillJ ©: ~t& 0 @) © t-z:,, ~ ~~ ~-· .~/(j ·. ~tC l(i!'· '-&/ ® @: J.?\• ~ ® ® ~ G G 1;.\"""'st~r""'""'"'·"=~,,_,,-N""'""""''''·····'··"''·"··''"'"--w···'-····<""""-·'··"''·"""''"'""·-"'-.. ''""·-·-~'""·' -·"<·~·~-"-···-·~ ...... ,..,._._. ___ ... _,,~~ ... ~_ .. w,~'---'"~--· .. -- .. --,·~----~~-·--·-·-·. ·•·-~- ..... ~~~_.-.~ coo·.c.-,...:..-.~~!..:•o'-~'•"•<•'e•.·..VV._"J•·•'k'•····'J''· "_...~.,..-r-'·--''"-.._.·-·•~--•----'-'--'----'---'-'--...0:~.._.__, ~......_..........___.~- . ..... . ·--- F$ i(l -::mr h~ ~:~£- ;~ : I~ @] ill ® .,. ~-- "· ., -~--~- ~~ ~-~ ~::~~-~' ~: ~ @ {·' ~ : i!i 01)) <@ ;\l: ~;l ., i< ~ ~~ \'<·li( ~ ~ ,,,J ...,.1 \~jl ~ ,., ·•.',\:j ~. ·~ J .~ ;~; ~~~l ~ :I ®: ~~· @: ,,,, ~:·: <~ i ;1 y ®;,\ 16 ~ Daniel Becker . E entao, devagar e gradativamente, a crian<;a inicia a constrU<;ao do que sera a suaadolescencia, dentro e atraves da qual se transformara. Para IS ela muitas vezes precisa deixa:r de se "relaciona tanto com o mundo que a cerca para se fechar um' pouco em seu casulo, e se relacionar agora mai consigo mesma, com sua propria met.amorfose E ela inicia a transforma<;ao que a levani a urn ser adulto, mais maduro_ {segundo algumas este- ticas) cuja rela<;ao com a vida e diferente. E acres- . cida da capacidade de reprodu<;ao da propria vida, pais eta desenvolv.eu . dl! rant~. ~ tra~storma<;ao as asas necessarias para esse voo. . . ::. Este ser vivo, obviamente dotado de pensamento e sentimento, tera tambem essas caracterlsticas profundamente afetadas pela metamorfose. Urn ser que pensa e sente como crian<;a pensara e sentira _ de modo bern diverso como adulto. Ele tern outro corpo, outro astral. lnterage com o mtindo de outra maneira, passa a receber exigencias diferentes do ambiente que o cerca. Mas como serao o corpo, o pensamento e o sentimento desse ser que esta agora em transfor- ma<;ao? Nao o antes ou o depois, mas o durante? que acontece com esse adolescente no decorrer des~ viagem? uitas vezes ele sera mais dinamico, mutavel, previslvel ser am em um tanto ais\ con uso: as partes_do corpo de hoje nao sao mais as de_ ontem; as ide~a~ ja mudaram, as emoc;:oes nao 1 ·I ,J.i, 'l. i f 0 que ~ Adolescencia ff sao as mesmas, o comportamento surpreende ate . \a ele proprio. - Vejamos entao como se da essa transforma<;ao. , Mas antes, ll_~ esclarecim~nto muito importante. Ouanto as mudan<;as no ni'vel Hsico, corporaldo adole~cente, ate onde sabemos, elas sao universais (com .algumas e importantes varia<;oes). Ma;d smo m1o acontece no n (vel psicol6gico e d rela<;oes do indiv(duo com 0 ambient~os que os padroes de comportamento sao muito varia- veis: de cultura para cultura, de grupo para grupo . numa 1)1esma cultura, e de indivlduos para indivl- · duo num mesmo grupo.' Muitos ja tentaram .oompreender e explicar a viagem do adolescente pelo rflundo da sua meta- morfose. Alguns acreditam tanto nas suas expli- · ca<;oes que chegam a considera-las verdades abso- lutas e universalmente validas. No entanto, elas sao' apenas teorias, teses, hipoteses ... pontos de vista ( mesmo porque, em se tratando em grande parte de uma viagem por dentro de si mesmo, cada uma delas e especial, particular). Tudo que ja se formulou sabre ela pode ajudar-nos a compreen- de-la melhor, utiliza-la para nosso crescimento. Mas nada e absoluto, ou aplicavel a todos os casas. 0 que faremos agora e apenas dar uma visao geral, uma das descric;:oes posslveis da adolescencia·. E, ao falarmos dos seus aspectos emocionais, utili- zarem_9.S--basicamente os pontos de vista e as teorias da ~ca_n_a~so porque, alem de ser muito bern 17 i j \ 1 ( l il ~ ,, II ,, l 18 Daniel Becker elaborada, ela e a b e da visao '-com a qual a nossa · sociedade encara hoje 0 adolescente. lsso nao signi- fica, no entanto, que ela nao esteja sujeita a cr(ti- cas. Pelo contnirio: rna is adiante abordaremos outros pontos de vista muito diferentes, especial- mente no que se refere a rela<;ao do adolescente com a sociedade. Urn novo corpo . A ciencia. ainda. nao descobriu quais sao OS fato- res que desencadeiam o in (cia das· transforma<;oes da puberdade. Alias seria born, antes de mais nada, entender o que ' puberda : ela e apenas urn feno- meno que ocorre rante a adolescenCia e tern,_ ·iimites bern mais precisos e estreitos. E o perlodo"' ·a vida em que o indivlduo se torna apto para a p'rocria<;ao, isto e, adquire a capacidade Hsica de exercer a fun<;ao sexual madura. Mas, como ia dizendo, o aesencadeamento das transfqrma<;oes corporais no adolescente e urn pro- cesso bastante com'plexo. A faixa de idade em que o fenomeno come<;a e extremamente ampla. Por exemplo, uma menina de treze anos, com seios desenvolvidos, pelos pubianos e ciclos menstruais regulares e tao normal quanta outra da mesma idade, sem nenhuma dessas caracterlsticas. A ten- dencia hoje e acreditar que a puberdade seja alcan- <;ada gradualmente, sem que haja necessariamente " ~- ~ 0 que e Adolescencia urn fator precipitante. . S lmente que a coisa toda tern inl'ciQ . no hipota amo uma pequena regiao do cerebra, que · meras conexoes como cortex (camada cinzenta) e o sistema llmbico. Traduzindo: com fatores externos, estl'mulos ambientais, com o pensamento e a emo<;ao. Simplificando a hist6ria: o hipotalamo, num qeterminado momenta· do seu desenvolvimento, ·~ come<;a a fabricar substancias que chegam a hip6- X fise (glandula que controla a fun<;ao das outras .. , ~ . ·. glandu_las do organismo), C~tiyando.-a. Esta, por sua · ~ez, imvia hormonios estimulantes· aos ovarios, na \ • I mulher, e aos testl'culos, no ~homem, que iniciam entao a produ<;ao e libera<;ao dos 6vulos e esper- matozoides (os gametas que permitirao a reprodu-. <;ao), e tambem dos seus pr6prios hormonios. Essas substancias, levadas pela corrente sangiHnea a todas as partes do corpo, desencadeiam as trans- forma<;oes que caracterizam esse perlodo. Urn dos primeiros eventos a se manifestarem eo crescimento em altura: o c amado "estirao da ado- t..... lescencia". Ele aparece primeiro nas meninas - o seu cniscimento maximo ocorre geralmente em torno dos onze-.doze anos, e em torno dos doze- quatorze anos para os meninos (deixando clara: nem sem~re · od ·ar muito . crian<;a, ntes pequena, as vezes flacida e gordinha, cresce !!lSUstadoramente. Num processo paralelo, a mus- culatura se desenvolve com rapidez, enquanto o -~~~ i!.:;: ~-·~ ~~~· ~ ti· 19 w [,:;: : I! • 0 ; ~I w f.~ : !,j ® t ,, it, ·,). t@) m· tW 1 r~l ~ [!:'; . . ~H ~ t}ti ® ~~:: i I ~ W' ® t~::i ~t ; 1:! w Lr: . (;~,~ 8~~{; ~;..~ \.:~ l~j~ G ·~:: . M!i iljiQIIIil!ljliN4C"" .. ~ .. -... -..-.,..~,':'"t':~-.,:-o.-JT.'r.IT.I:r~.~-·~··-:•.;;..-;:::r,r.-;T,.r.•o-;'-';".zy,.,.- .• .,.._-.-.~~~---·r:• . ~;: ; -::,-,T:~:-r,--: -.·.-:-.-.-.~.,_~.,r-·'l"",--.-.-.. -.':--···,.,...,.r...-~,r,.-~,.-,, .... ~ ... ,-_ •. ,.,,-, .. ,,~-• .,.,..,..... .. .....,,._.,.,,, •. -.-•• , •.• -... ~ . ..,,..., .. ~- --~_,.......,._-~----·- ..... ,.,.-;-:"..,.-:-:-.~ . .,.~..-~....,.--~ ... ~-~ ....... ---~--... ... - ... ----~-----~~-~~----~-- ---··--·- .t~r;; . _ ___,___~--~-----------------~----=~~ ................. 9----- ..:.:..;._. ,.___._,.___.: _ _,.- .. ...._.,,,.>'• .. ~~' •"•'•'•' ,.,.~ '• v•.•,•-"~ ,•,>,.,0 ,'•'-~-'· ,,_ _ _L..:..:>..~---··L•·"-'"-,_;.'_L_.,·_.-~'-'"U~ ......... L•~·~._·-~."-L•-'-.'--~- 0 r·;··~:-·-- _,_ ....... ---·--·-···-·--'-"' Daniel Becker . . H~ ·"'-, ,v ~,--~·~ ~}jj§ ;r! ,.-, ~-~.'~: ~tl~~ 1~ tlli5 :t @ :;\~ ! :~ ® :t\ r~;; \l : :\) @ -~~ \\ ·-1» \1. ([@ ~~ ~~ ® 1~ r@ ,,"~, \:1® ;~ ·% ,: \\: !i ':W mesmo nao acontece com o tecido gorduroso. Com isso o corpo torna-se menos flacido e mais musculoso. Nos homens- o crescimento muscular e mais intenso que nas mulheres, enquanto que nestas se conservam alguns depositos de -gordura. Os ossos crescem, se espessam, tornam-se mals robus.tos. Os ombros se alargam nos meninos, enquanto que nas meninas e o quadril que se amplia mais, preparando-se para receber urn futuro bebe. ._ Porem o mais curiosa, e talvez o mais dramatico, e que esse crescimento nao se da por igual. Quem nao. te~e. (ou .tern) uma certa sensacao de desa.: ·jeitamento, talvez Ia pelos ·treze, qu.atorze anos? · Alem de ser diflcil lidar com o proprio corpo em mutacao, o alongamento dos bracos, das pernas, do pesco<;o, aparece primeiro que o do tronco. lsso traz uma sensacao estranha e ~ gradavel, piorada pelo fato de que muitas veze urn lado do corpo cresce antes que o outro( T odos esses efeitos cessam a medi"a"a que vai diminuindo a velocidade de crescimento e o corpo vai tendendo ao equil !brio e a harmonia de formas. '"raralelamente ao crescimento, outros fen6- menos vao surgindo, chamados 11Caracteres se- xuais". Alguns e _ aparecem juntamente com o estirao em altura. Na menina, comeca o deseri-' volvimento dos seios. No mehino crescem OS testt'culos-,-- que tin ham praticamente o mesmo \\\ ~) ll ·~~------------------------------------------------------------------------------------~ l~ ;: -- ------- .t. 0 que e Adolescencia tamanho dos do bebe. Ele pode tambem experi- mentar urn certo aumento dos mamilos, o que e perfeitamente normal e tende a re.gredir. Alias ' I isso nao tern nada a ver com a masturbacao, como e da crenca de muitos. · Logo em seguida comecam a aparecer os pelos das regioes genital (pubianos) e axilar em ambos, e rna is tarde em outras regioes do corpo. E enquan- to na menina acontece a menarca (primeira mens- trua<;ao), no me nino au menta o tamanho do pen, is e come<;a a producao de. espermatozoides. . Os prir:neiros ciclos menstruais podem acontecer a- intervalos irregulares, que depois se estabilizam em torno de vinte e oito a trinta dias. Esses pri- iros ciclos sao muitas vezes acompanhados por sintomas desagradaveis. C61icas, nervosismo, incha<;ao, dor de cabe<;a, problemas de pele e ate depressao sao alguns desses fenomenos,que podem inclusive durar muito tempo. Eles depen- dem nao s6 de fatores flsicos, mas tambem de como a adolescente se relaciona com a propria menstrua<;ao. lsso e determinado em grande parte pela ideia cultural sobre a menstruacao do grupo social em que vive a adolescente. S6 para dar ·alguns exemplos interessantes: entre os Indios do norte da California, as mo~as menstruadas eram consi- deradas perigosas, pois podiam secar as fontes e espantar a caca. Para os Indios apaches a primei- ra menstrua<;ao · era um?c1~~~iY1--;-~~ratural, t \;:..·,_~:a-! ~ ~.~ .. t.~.t-:. t _ _., ""' 21 ,I I I : l ;. " . i I 1 1. 11\i • \I . I Ill . ~· 22 ' ." Daniel Becker e o proprio sacerdote ajoelhava-se diante da jovem para que ela o aben~oasse. Em Samoa, no Pacl'fico Sui, nao se da nenhuma bola para a menstrua~ao, nao existe qualquer ritual ou tabu a ela relaciona- do. Ja entre os caras-palidas ocidentais, a mens- tru~ao ainda esta rodeada de tabus e de cren~as muito mais loucas do que essas a!'. Para muita gente, muita mesmo, menstrua~ao e castigo de Deus, doen~a ou co is a suja. Ou entao e o sangue "podre" que tern que sair, pois se nao sair, vai para· a cabe~a e a pessoa enlouquece. Rela~oes sexuais durante. a menstrua~ao sao proibidas, · pais no nilnimo podem deixar o homem (pobre vt'tima) impotente. Adolescentes menstruadas sao proibidas de . chegar perto de Ieite, porque, e claro, ele azeda. E por a ( vai. ,--.. Some-se a isso que muitas adolescentes chegam a idade da menarca sem sequer saber que ela existe, por que, para que e o que significa. Afinal, na a tradi~ao, corpo e igual a sexo, e sexo e sujo. E claro que diante de tudo isso, a adoles- cente pode se envergonhar, temer e ate rejeitar um _ fenom~no bio16gico total mente saudavel e normal (e muitas vezes "somatizar" esses senti- mentes sob a forma de sintomas). Mas se ela for bern informada e · esclarecida a respeito da . sua menstrua~ao, aceitando-a como parte de urn processo positivo de crescimento, ela pode apren- der a trimsa-la melhor e se relacionar melhor consigo mesma. .... 0 que e Adolescencia (Neste livro nao vamos entrar em detalhes sobre · o" funcionamento do aparelho genital; quem quiser faze-lo pode encontrar algum material nas indica~oes de leitura, no final do livro.) Tambem no menino, alguns fEmomenos podem despertar sensa~oes desagradaveis. Ac.ordar apos uma ejacula~ao noturna, as vezes sem ter tido ao menos TinY sonJio-l>om para compensar, pode ser urn bocado estranho. Essa, porem, e apenas uma maneira que o organismo encontra para "aliviar a pressao" no sistema reprodutor. Tam- .. bern pode ser uma experiencia ·um tantp desagra- davef ·· voltar de onibus da praia, so de cah;ao, em pe, e ter uma inexplicavel e incontrolavef ere~ao em pleno coletivo, quando, e claro, totlos os olhares lhe estarao sendo dirigidos. Continuando nosso ciclo de mudan~as tsem respeitar completamente a cronologia): na ·mu- lher, a vagina, o clitoris e a vulva se desenvolvem e se transformam. No homem, surge a barba, ou o projeto del a; a voz engrossa, no in !'cia inse- gura e cheia de falsetes. E, para completar o quadro, at' estao os dois, horas em frente ao espe- lho, espremendo os terr(veis cravos e espinhas. E observando atentamente a ·sua nova imagem, meio sem saber o que fazer com ela. E nessa epoca que a varia<;ao normal no tempo de surgimento das ~udan~as traz os maiores problemas para o adolescente. Especialmente para os meninos, entre os quais qualidades como -· ++ __ , ,:.-..,_•==~....,.,....,.._-..,.,.~~~~-_,.,......-.-,.....,......-.·~-......,.,.~.,...., ............ ........-.......... ,......--,..T~-~..-.-........---.. ....... -.•,~o••"-'·'=-'-"-='"~'-~-=--,-=-<--..-.~·, '' ... ,,-, r-.. •-•·-·••~·• ••-•• •••-·• r·-•T-~~•~••--~ ~?~-..,-,~.--,.,.._,.~_,.., .. .,._ 23 -~~ :~ i.{,;;~. ~ '1.\~/~~ W:1 @ I f:;B'j!l ~l B~:ll, ~~~ @:: ®! I @~i ®I I ®i @~ ®~I l ~ @I ®· _j ~~-~;:l ' ' "'.1 • t~ e~~ '4' I' Ei( ~ ! ~· ~~ ~ trA\ ~ iW I @ t : •,~~ _.,_,._~1~J;--~ ... ~........, ... __ ........... ,,.. •"'- ... '""-.!..~~· ·-• __ .._ __ ....___..~._____...L_.i.~ -~.L...,.....,~~~ ...... ~~~ .. ...;-~ti"'-rt'~~·n..o."'-'~.> • ..,.~ H~~.-t 10:.,.(.U..0~\f.-~••J..;.r~l.I.J-,.' ·-·'-~ ' · . '.1_ ; ~ ··'·' ~-'--· \ I .•• .'.J •.-'-..i ~•-~·_.._..,_.._,LL::.c·,·~-:...<.,·~-.:.~.~~·,-..,o:._~_.:~ ~~_..-_.•t.• . .".I.._~~'PU.">--lP~ ..... ~, ....... .._~_.,, . .._ •• -.;~...;..<_.. ... ,.,..__~~-~--. ,·,_.-~'L.!:..:\.•:•~•~t:•.! , ·' ! . o ,•,. • •,. •. • _/•. _:_; ,_!,~_.:_' • .!_",~...!.!...·~:.:.,.~ .·..:;.._:.:;.·.,:_,_:.._ t;..:_.,. ... _~;,o ;,:j ~·- • <,) • ''< r:mr- --------- . -m~ ~+ -~d ~ ;··.'] -._v· :f;il'l ~ 'ti~ : ~:; tt;;:;;J :yl ~ ~: •<'·l :?~ ~ ~H~ ,~, --.;fl •'Ni, (..:~1 l-6~· ~~~:1 ;.'}Y? ::f> ~8.!:}.'- ·i'l,• B.\ ® !iii (f~ 11~1 -~, ,_,l. ''w'' ~:if ~-1'<. ,,, ® ~{~.: \!i~t? ~-J }, ~-~~·~ @.'i iiljll i~ r)J· !;~ ® :::~l t1J>.. ~-~T ~~:~ .~11 (,~· ·····j ~ !i~ -~ •ii:j ®· :.~;i,·:_·l :~. :~~~1 -~~- i!~,l ® :$!· ® :~~t- ~~. l\ ~% ~~ ; {t @ !l. @ ~: :;~ """' :<1 ~.;<,>;\ ::;:1 ·.:.!-' i\i 'Wl tl~ ;; 24 Daniel Becker altura, forc;:a e tamanho dos 6rgaos genitais tern grande importancia. para a sua autoconfianc;:a e para_ a a!i~~ac;:ao da sua _masculin~ ser mu1to d1f1c1l para urn memno de treze-quatorze anos, que ainda nao evidenciou seu desenvolvi- mento puberal (o que, como foi visto, e apenas uma variac;:ao da media), trocar de roupa no ves- tiario na frente de colegas ja plenamente desen- volvidos. 0 mesmo pode acontecer para uma menina que ainda nao iniciou suas transformac;:oes corporals. Adolescentes de .ambos os sexos podem ser marginalizaaos em · atividades esportivas; pois ainda nao atingiram o mesmo grau de desenvol- vimento em altura e forc;:a muscular que seus cole- .... gas. Da mesma forma, podem ser exclu ldos de atividades que envolvam relacionamento com o sexo oposto, por nao terem ainda o mesmo rau de maturidade sexual. sses prob emas sao refor- c;:ados por atitudes de chacota dos adolescentes rna is precocemente desenvolvidos, que frequen- temente assumem posic;:ao de lideranc;:a nos grupos, ou ·ate por adultos, como, por exemplo,_ urn pro- fessor de educac;:ao flsica mal orientado. Se o jovem menos desenvolvido for exigido da mesma maneira, ele certamente vai se sentir fracassado. .• Na grande maioria das vezes esses problenici sao transit6rios, pois com o tempo os adolescen- tes entram no seu processo acelerado de desenvol vimento e atingem as mesmas proporc;:oes e ·matu- f 0 que e Adolescencia 25 /" ridade sexual que os seus companheiros (frequen- temente os menos precoces ficam ate mais altos). Porem, enquanto dura essa fase, cria-se urn serio problema para o adolescente. Muitas: vezes ele se afasta do convlvio grupal. Q fato de 'ver seu corpo diferente dos outros pode gerar angustia e preo- cupac;:ao. 0 . adolescente e, em geral, muito sens(vel a sua imagem corporal. Problemas como obesidade, uso de 6culos, acne, excesso de pelos, aumento passageiro dos mamilos (nos homens), seios muito grandes ou -rn~ito pequenos (f1~S mulheres), etc., . podem faze-lo sentir-se desvalorizado e leva-lo a inibic;:ao e ate a depressao. Nesses casos e preciso ajuda-lo e orienta-to, mostrando tambem que a maioria desses problemas e -transit6ria ou solucio- navel. 16..J~ma nova cabe~a .?2$' Urn adolescente pensa muito diferente de uma crianc;:a. E;ssa_ diferenc;:a e urn a consequenda__ .das _ ! ____ ~ ...... ,___ __ _______ ....,._____ ..... -------- .. ·---.,.. . .... • •. transformac;:oes ·corporais-~- dos 'novos ··· esflmulos ' ·' __ _,_ _ _..... .-.--...---~-·--·-·-..;--.-..-. ........ -,_ _______ . ..,.. ~ ··-· -.,_., .. ____ ~-~-~----··· ----------.- amt1ientais_ e tambem _Q_~,_uma-muit~m;;~--.9!!~Ha-·· tiva na __ sua·· ·ati~~~i-"'~f29!!l!Lv'!_,..Jp_~n~a-'!l~ento, interigencia}~-~~segundo Piaget, urn estudioso~--ao -assa-nto, ela- seria o surgimento da capacida~e de "raciocinar sobre o racioclnio" - a repre- ~ ' ,. __ ,_-=--.,.-===o-=--=-=---,-·:---::-.:~.--.- 26 Daniel Becker se unda dem. · Essa caracterls- dois tipos basi cos de pensamento: as opera«;oes mentais concretas e as formais. As primeiras tornam como foco apenas a rea-- lidade concreta. As opera«;oes formais tern como centro o racioclnio abstrato e surgem na ado-_ lescencia. 0 A capacidade de engendrar possibilidades, formular hip6teses e pensar a respeito de slmbo- los sem base na realidade permite ao adolescente ~ { . pass_ ar __ a especular, abstrair, analisar,_. criticar. \ . Essa tr~f1_sfo_rma«;ao . na ·ir~el_igencia afeta todos Y ::.os.aspectos .da sua vida, pais ele· utiliza as--novas capacidades para pensar a respeito de si mesmo e do mundo que o cerca. _ Uma nova emo~ao As primeiras sensa«;oes de excita<;ao sexual sao muito estranhas ao adolescente e e diflcil lidar com elas. Alem de seritir prazer, ao olhar ou tocar algu~m, ·' ele pode sentir medo, ansiedade e ate culpa. Para entEmder melhor a razao desses estranhos sentimentos, ppde-se partir do ponto de vista da teoria psicanal!'tica do desenvolvimento da crian«;a e do adolescente. De acordo com a Psicamilise, OS estagios de . desenvolvimento psicol6gi~O sao ~ .. •I . . 0 que e Adolescencia / determinados geneticamente, isto e, sao intr!'n- secos ao individ1,.1o e relativamente independentes das influencias do meio s6cio-cultural. Seriam, portanto, vcilidas universalm_ente, para qualquer indiv!'duo em qualquer cultura.- 0 principal deter- minante do desenvolvimento e a sexualidade, que seria uma "fun«;ao" muito ampla.- Sua finalidade e 0 prazer, por urn lado, e a procria«;ao, por . outro. Ela incluiria toda atividade que busque o prazer ou a satisfa«;§o de uma necessidade do organismo. Assim, a crian«;a nos primeiros meses de Vida consegue · sensa~oos agradciveis · na estimulac;:ao da zona oral- suc«;ao, satisfa«;ao da tome, masti- ga«;§o, etc. (fase oral). A crian«;a entre dois e tres anos obteria prazer em poder controlar partes_ de seu corpo; ela "retem" ou "liberta" as fezes (fase anal) e assim estaria exercendo tambem o controle da sua vontade e come«;ando a tomar decisoes. Mais tarde, come«;a a interessar-se pelo proprio corpo e a manipular os seus 6rgaos geni- tais (fase falica). Neste per!'odo, a crian«;a deseja manter urn contato mais vivo com o genitor do sexo oposto. Ela perceberia, entao, que faz parte de uma rela«;ao a tres. 0 menino sente urn amor intenso pela mae; identifica-se com o pai, mas o desejo de ocupar o Iugar dele junto a mae faz com que sinta raiva, medo e culpa. Surge a fan- tasia assustadora de que o -pai corte seu penis - o tal do complexo de castra«;ao. A men ina 27 ~- % ~~ ~ w !R ~·,},, c·· ~ ~ ~ r . ~ ~ 4 e r ® ffi ~ ® ~ ® ~ . ~ @ I ~ m : ~~ : ~~ t~r{ t:n-, IJ; ~ ~~·; : I~ t'11c<) r'~: ~ ~~l t::A :·~) %.1 ,;< i I ~!'II! lt.lif , ~ ~- @ iii~ :!iii ® ~'<· ; ~II (ll~ fi' @,if~ p~~~~O$·~b."'.~o!-:O.-..~ ... ~~..._:,Lin.:.! .. a.:.::.l.:~ill_;;;:..v..y_;:~L'< •"- : -'· '. ,_:.,_-c, > .' _ ... ~.~~- ~~ -_:~. ~~'-·~.:.:.~-~~~·J.~l-l:t~.t.) .. i..ll;;u;,.,:~..:....;ll.,;..;.._l~ ... ut....o.:• .. : ... ;.Lt.:..::...:....._~ ·-> -~.c .. -..:..o.~:L:.-·-·-··~~· ·~· ._. ...... ._._,,.,~_., ...... ...,.~ ... ~-"'"-"'-'-'-""--'_.."-~-"~ ._,__.L.....,_.__..u...:...._,_,._~, ·--""'-'"",.._,_,._...,. .. ~·-.....,--~,-............ ..... _,_~~----·--....__,_.. _ __. • -- • ~J_-~ 4tl~ :.'( .. j f'' . .. :~i ·~~ Ho 1~ ~ 28 Daniel Becker ~~. ~ ~ ~(~ ;fl ~ 1i~ ,l.;, ~~- ~-or :•=>. r'-d. :~fi -l~lJ ni ~ )I~ _.\_C-Y l!i@ H rilll ;~ H~ ~ : ~l ;_~~ '~ :J .,i;· i1 ~i]Jf t: Jl @ ~~1 ® ,':.'! ~f, :~, c<:J .,v5; :~:~~ '--01- 1)11 ~ .,.! eTh ~ ,: ~~-- ® ~j- . g~ ® '\• ::;:,. ~~ ;;; ~1-~~~ @ ~-( 1 11 : :i~; ~ vive uma situa~o semelhante, na qual o homo- logo do complexo de castrac;ao e a "inveja do penis". Essa situac;ao triangular entre pais e filhos, que geraria na criam;a sentimentos de amor e 6dio, e o famoso conflito edipiano. Ele e considerado pel-a Psicammse urn perlodo fundamental na estruturac;ao da personalidade e a base da iden- tidade sexual do indivlduo. Dos seis aos dez anos a sexualidade estaria em parte reprimida e a energia deslocada para ativi- dades e ·ap.rendizades. -intelectuais e sociais. E a.,. · chamada fase de latencia." ··A universalidade de ideias como o "complexo" de Edipo e a fase de latencia sao muito questiomlveis e ja se demons- . trou que elas nao existem em determinadas socie.;d d~des. ··· Com a chegada da puberdade, todo o organismo e invadido pela forc;a das transformac;oes biol6gi- cas e tornado por impulsos sexuais (e tambem agressivos). Nesse novo perlodo- a adolescencia" (fase genital) - reapareceria o confli_to edipianp, s6 que agora muito rna is perigoso.--Agorao- desejo incestuoso pelo pai ou pela mae pode ser realizado, pois houve o surgimento da sexualidade genital. Se uma crianc;a de cinco anos diz que quando crescer vai casar com a mamae, isso e motivo de beijinhos e festa. Se urn rapaz de treze a nos diz o mesmo, no minima e motivo para estranheza. E no entan- to, e agora que ele pode realmente casar com a .l ------- ------------- 0 que e Adolescencia mae, e a men ina ter filhos com o pai. Acontece que, segundo a Psicanalise, durante a fase de latencia se organiza o superego, que repre- senta os princlpios da moral e a censura, agindo sabre o ego. Este, por sua v~z, e a entidade psl'qui- ca que regula e controla os instintos - represen- tados pelo id-e os articula com as exigendas do superego e da realidade ·externa, funcionando como mediadora e executora de ac;oes. 0 superego, portarito, cria uma barreira ao incesto que reprime . esses sentimentos "perigosos". \ Por outro lado, os impulsos sexuais necessit~rn de satisfac;ao, e a mudanc;a do objeto de "desejo de dentro para fora da familia seria diflcil e dolo- rosa~ Essa seria uma das origens para a ansiedade e a culpa que surgem com as primeiras sensac;oes de excitac;ao sexual. Para Freud, o criador da Psi- canalise, a medida que 0 adolescents superasse as fantasias incestuosas e transferisse o desejo sexual para fora do nucleo familiar, ele estaria --~ 29 ao mesmo tempo se desligando da autoridade l dos pais. Essa necessidade de separac;ao e o afas- · ./ tamento em si levariam a rejeic;ao, ressentimento- I) e hostilidade contra os pais e outras autoridades. Para dife_renciar-se da fam flia, o adolescents ten- deria a escolher padroes de vida e ideais bern diferentes dos paternos. Essa seria a explicac;ao .freudiana para o '_'conflito de gerac;oes". Anna Freud, filha de Sigmund Freud, dedicou grande parte dos seus estudos a adolescencia, r . . ----=~occcoc=c:~ .. _: -~,. q. -- . --· ----- ···~- ·-- ------~-,- -· --~~-- =~~:- 1}: .,_;:;,;~_.·' li ~ill ~; 30 / / Daniel Becker conceituando-a como urn conflito de forc;:as internas; do indiv(duo, sem participac;:ao do meio ambiente) Ela dizia que com a chegada da puberdade haveria uma grande intensificac;:aodos irnpulsos instin- tivos do id, o que levari a a urn desequil (brio. Para lidar com isso, o ego do adolescente utilizaria mecanismos de defesa (usados para "exciuir" da consciencia impulses que ele nao pode con-.· trolar). Urn dos mecanismos mais importantes seria a "intelectualizac;:ao'': o uso da reflexao e do interesse intelectual para encobrir e controlar a vida instintiva. """ Assim, as preocupac;:oes do adolescente com problemas sociais ou pol lticos, por exemplo, seriam nada mais do que tentativas de transferir para o mundo externo conflitos incontrolaveis da vida interior e n§o · preocupac;:oes au'tenticas. Eia chegou a 'lamentar que exigencias tao serias como escolha da carreira, rendimento academico e. a responsabilidade economica e social coincidi$sem com urn perlodo em que todas as energias estao absorvidas na resoluc;:ao dos problemas do desen- volvimentQt·.sexual. -- Por essa teoria, entao, a adolescencia e consi- \ derada basicamente urn fenomeno bio-psicol6gico- ) sexual, onde os aspectos culturais e sociais entram I s6 para atrapalhar, como se fossem elementos (_ estranhos. Os interesses e as rnotivac;:oes dos adoles- j_ -centes seriam simplesmente urn resultado da subli-) mac;:ao e- fl!pressao dos instintos sexuais. Parece. ~ -r ~ ~~·~ ... _l!.lf"f~,...,...Y.;>~;r;>-.•;'\"t"~'l';'7"""r•,·,~:;,~-.-,-,·,~;--;-;.•; ,-, '• o'.;··· •:•·;•:·,-,~.~~'";-."'·;••,•-:-,-"-;">"•~.Y..,·~·-~-·1-"r'...-C•~,,....-.,.,.'>--;~~---·~~'f"Y"Y'i''"'<-;=~~-";;7.=.~;:-"T-~~;--•"··-·or>:::~:r:.::-.~u.::-:-'~:O~.•o·.-.·• " ~~,- i( ~llij ~~ 0 que e Adolescencia ,.,,,. II; 31 ~ili~ ,l; 0:·<>· • 1 ;; / clara que aqu_i existe alga questionavel. Mas vamos deixar isso para depois. Como surgimento da sexualidade, o adolescente, em geral, procura a pessoa mais acessfvel para transar seus impulses: ele mesmo. Com toda essa dificuldade em localizar uma outra pessoa como objeto· .de desejo, ele. recorre a masturba<;ao. Esta: ~~ alias, nao e apenas urn canal de descarga de impul- ses sexuais. Muito mais do que isso, e tamoom urn mecanisme importante e saudavel para o contato 'I do adolescente com seu proprio corpo, com sua .. nova .e descenh.ecida sexualidade, que· o ·aj-uda a controlar e inteffrar seus impulses, e a preparar-se · para rela<;oes sexuais ativas. Atraves da · mastur- ba<;ao o adolescente pode se explorar, amadurecer no seu proprio ritmo, conhecer a sensa<;ao do orgasmo. Segundo alguns psicanalistas, ela poderia servir tambem para descarregar impulses agressivos ou compensar frustrac;:oes ao proporcionar urn prazer imediato. A masturba<;ao, portanto, e uma atividade essen- cia! para o adolescente. Em nosso meio, no en- tanto, existe muita confusao em relac;:ao a esse tema, principalmente por influencia de valores marais antigos, mas arraigados em nossa cultura. A maioria dos pais reprime a masturbac;:ao da crian- <;a pequena, que e normal e necessaria, e isso e geralmente revivido . pelo adolescente. E comum ouvirmos historias de maes aterrorizadas por terem surpreendido seu filho.se mastumando ... n.o.-b1)nheiro Jiflh.:-; / U.GJ'~ l ! ~,..' .,, ' ,, ...... ,_,., .. -- " J ~·-·~ ! :'~•' -~ i' ~ .1 :. • "3 n " ?-:- ......-----.--... -.-~ ~, ~ - -··- .. ., ..... ~---~--.... - ... __,,___..,. ____ .,._.,...,..._.----.....-.-~~-~~~~~---~---~-~-~- ~fu:~~ ;; {am i:!! @ li: 6 ;i. L: 4iliJ ~:; 1:r}) r~ QUI [~~ !.::>1-~ ti:i ~ 1(\ ~ !~ (.j;.,, I··· ~ <:> ,. F L"-1(,)1 1,, t:/;~H}' <' 4~ ,,, ~ 1\f. <ilii! ~;: I~'; ® ~~: h: ® ~-· '('·' ~~; UJW 1i1i ® hi :-, F: ® ,,, ~~;, !!i ~ F:. {&8 ~-~;; -· ~:;~.-!~£:) p: .. ::< : [~ &'• k ~ t>~; (J.~ G !iff ~~ iijf ~ {: • :ji! · Y·l ·;:'t:~--.:)-:>'; '~~~ ~ :;~ :· ifi ~"' ··"-.; ·., %?' •'. ~:::~.;:, .;~ . i~ 9 :~~ ~ <j ··.lli' :: ~ i~l 'i.i;}~ ~~ ~~ ~ ~~j (_,::t;.f ~;j ~· m : ~)~ ~'0_~}l :·~) >(,, ~ ,,,~j !'W' :i;l .,,,J• ::ll ·® '.~~~ {1ffi) . .. ~I . ~-·-~ '!iJ •$), till ; H ~w: >') [;! ·~ t!j~ ,@:1 n ·'·:.~\ ~-:~ ~ i~ ~:~~ }'~ ~j f~i '{ ® ~t -~- ~~ 1)7® ~ : ·i1@ ,, ;! @ ~' ~:~ ~.;; .:. ~~~ @ l~ ~ ® > :~ ~ : \ ® ~ B ® I @ i.iJ' en ii. !119 ::~;l ::.[:) 32 \.. •-~-................ _ .• .-o. ...... .__.,..._ _ _._._=..~~"-::c""'"-=.o.~:.o<...<····-'·~"-'-'· ..... ~~-'.-'-.~--!..1.~4.....__<-,.,...,\.U,••,.,.._, •. ~-""-~&...~ •. ~k:•_:U,.,\~-~--:.:~l.~;c;:.;::.·.:l::::~c.--::;-_.~?"0':..'-"0.'-~r.L·•..o:..o ·, ,_:, .. ::.; .. ,•,: .... :. . ..:.~-~· _, _. ·- .:...'-· .• ~!..!L.~~-.~ .-.,.~ ........ _~ .• ,).4.::·•:1.\,P,>.~_;-3-Z9.•;·:~."'~•:o~·C:O!,.J'r....!~"i~·-~,--,";l-,_.;•:;:!._•.:.-:~.ol;...;,;<-.;o.;.,....,_,_.,.~ -~. ,:__:.:.....!..'....L~-'..!U':.O.".._!i!.!.l..: .. : ... ." ...... ...:::....:...:·_:......,:. ....... u:....;.w,.:,.t~ ... • : Daniel Becker (se fosse a filha, entao, ela provavetmente 'nao sobreviveria ao choque para contar). Existem cren~as de que a masturba~ao leva a fraqueza, doen~as e problemas mentais. Por tudo isso, a masturba~ao pode tornar-se ligada a sensa~oes de angustia, culpa e medo, e ser encarada como coisa doentia ou proibida. Essa repressao e o precon- ceito sao especialmente acentuados para as me- ninas; elas se masturbam menos que os homens por razoes basicamente culturais. A evolu~ao do jovem em dire~ao ao estabeleci- mento de sua sexualidade madura e cornpleta e urn processo complexo, ~s vezes diflcil, cheio de conflitos e crises, e tambem de momentos mara- vilhosos de paixao, descoberta e realiza~ao. Os conceitos de sexualidade "normal" ou "boa" sao muito discutlveis. A questao do homossexua- lismo, por exemplo. A grande maioria dos cientis- tas que a .estudam (psiquiatras, psic61ogos, soci6- logos) e uma boa parte da sociedade em geral ja nao consideram o homossexualismo como urn disturbio e sim uma op«;ao de vida. No entanto, urn grande numero de pessoas o encara como uma ; doenca grave. . Acontece que e muito comum, especialmente no in lcio da adolescencia, que o interesse sexual seja predominantemente homossexual. Meninos e meni- nas tern preferencia por amigos ·do mesmo sexo e nao e raro que aconte~am "jogos" sexuais entre eles. lsso nao significa qualquer tendencia ao ""' ./ __ ....,.. -f I I I I l .. 0 que e Adolescencia homossexualismo mais tarde. Mas como o pre- conceito e o medo de que o seu filho vire "viado" ou "lesbica" e enorme entre os pais, esses compor- tamentos geralmente sao reprimidos c~m violencia. Assim, proibe-se uma tendencia natJral do jovem e pode criar-se urn estigma que o perseguira por muito tempo. Por mais que exista uma "liberacao de costu\ mes" hoje em dia, os valores marais vigentes em ! nossa sociedade ainda restringem bastante a at~- J dade sexual do adolescente. Por outro lado, essa( mesma sociedade tern esti.mul~do cada. vez mais a1 0 • • \ sexualidade, usando-a em todo tipo de propaganda,\\ 33 como velculo e objeto de consumo. Basta ligar a ',) TV para perceber que sexo vende de tudo, desde // roupas e sabonetes ate espremedor de laranja./ Assim, ele e reprimido como pratica natural, boa, humana, e estimulado e propagandeado como instrumento comercfal ou pornografia. 0 conceito de sexualidade que resulta dessa ideologia pode prejudicar todo o desenvolvimento afetivo do indi- v(duo. Em meio a toda essa confusao, o adolescente se ve incentivado e ate pressionado - pela televisao, publicidade, filmes, revistas pornograficas ou nao, enfim, pela sociedade em geral - a uma atividade sexual deturpada, impregnada de preconceitos / · marais, de bloqueios afetivos, de urn carater comer-r cial, competitivo ou exibicionista. -~i Por outro lado, por conta justamente desses ,.r- 34 Daniel Becker ....... preconceitos, ele e pouco ou nada esclarecido em -(\ relaf;:ao a sexualidade e reproducao. A famnia, ainda hoje na maioria das vezes, e absolutamente omissa quanta a orienta-to. A educacao sexual nas escolas, quando existe, e Hmida, super.ficial, e nao ( ($e compromete. ~/ides mostram penis e vaginas, 1 ~ testlcu los e ova nos, mas raramente · aborda-se o } Llado pratico e humano da questao. . j Pode-se compreender entao que nao seja nada diHcil encontrar adolescentes em plena atividade sexual sem saber o que e por que o estao fazendo, sem saber o que e urn ciclo menstrual, ·sem poder . sequer. perceber 0 significado· ver~:hideiro d~ urn relaCionamento sexual. ·E, o que e pi.or, ignorando completamente as posslveis conseqi.iencias dele (uma gravidez, porexemplo) e os modos de evita-las. Metodos anticoncepcionais comrletamente inefi- cazes sao usados pelos adolescentes, na crenf;:a de que evitam a gravidez. 0 metoda da tabela (nao ter relaf;:oes nos dias pr6ximos a ovula\~ao), por exem- plo, e especialmente inseguro para 0 adolescente, pais nessa fase da vida OS ciclos falenstruais sao irreguJareS,, e a ovulaf;:aO pode OCOrrer antes OU depois do previsto. Alem disso, para muitos ado- lescentes, 0 dia que pode nao e 0 da tabelinha, mas o dia em que os pais nao estao em casa. Ou [ros metodos usados sao totalmente im1teis, como lavar-se bern ap6s a relaf;:ao, tamar uma pllula no "dia seguinte" ·au introduzi-la na vagina. Tudo isso por pura e. simples falta de orientaf;:ao. ~ ,---- ' : 0 que e Adolescencia _ 0 que resulta dessa situaf;:ao e uma grave ameaca para o adolescente e urn problema de saude publica em nosso pals: a gravidez na adolescencia. Uma menina de treze ou quinze anos na grande maioria das vezes nao tern condif;:oes Hsicas e emocionais de segurar a barra de uma gravidez. 0 problema e mais pesado ainda para a jovem de baixa renda, que tambem nao tern condif;:oes economicas adequadas, e muita$ vezes mal consegue se alimentar e se vestir. A salda geralmente e o aborto. No Brasil ele e ilegal, e no entanto estima-se que se praticam aqu·i tres milhoes de abortos por ano, muitos deles em adolescentes,. de ate onze anos de idade. E born lembrar tambem que ·a ·aborto implica urn serio risco de vida, especialmente para adolescentes de baixa renda. Ele e praticado geralmente por "curio- sas" ou em cl lnicas clandestinas sem qualquer condif;:ao tecnica ou higienica, e muitas vezes acaba levando a conseqi.iencias tragicas,. como histe- rectomias (retirada do utero po'r cirurgia) e mortes. 35 Muitos dos aspectos que envolvem o inlcio da J sexualidade adulta estao. marcados por precon- 1 ceitos e estigmas culturais. Mas eles sao sempre Ci mais n'gidos em relaf;:ao a mulher e vern muitas / vezes associados a ideias e valores machistas.-· A adolescente sofre uma repressao bern mais intensa, especialmente (mas nao exclusivamente) nas classes sociais menos privilegiadas, onde esses preconceitos sao mais arraigados. Alguns tipos de '~~--··n··-~~~~·•·.-..-.-..-~ ~~.,...._·-·--- .. ---~.,._..,_..._........, ... _. ·-- ---~-~~-~-------~~~----· .. ~·,_ (R~~ .(QS..I' @; ,{if; mi" 1 t@; ® ,Xfr-~- ® @;< . ® ® ® ® ® !i! I'' td It 1:;_. [; I·~) . ~~ l'',,_ iii ~~ ~~: i~l ;,: ~1:,;:: :;~: -:~~ ~:.-:: H~ ;,, " ~~~ (.' ,._. :1~ @ I·~; ® li ® ;j.j : ~l •T-• L p:·.~·;_;l ~~-~ "* f:; ~ l!i ® ~·\ ~. liJ, i I~ : ~' (JJ 1/:;i ~ ~: ; : liJ' f!l~~ ~i 'IIWI' ~~~- ~ll. n ,., _)t:;; r--=----------~-- ------------ ---'------------------~--... -~-----' -- --- ----- ----------- -------------m------.. -------,..-----~-------·~~-·---~----------------- - ---- ·>;~ .~. .. ,·;·.!.····~.!:·~!.'.L'-·.~..:."..::.. ... ·...:_.~,:,_ ... :.., ... ;.v:._y: . . ':'>l ~p ::~ m 36 :;:1' :':~ ... <~I ® WI' ,m;-. ·: r'h}~ m ;; ;;~ ''l ;0)>. ~! f>V/1 )-: •'-2J..."' r : _, : ;@ ® I : :~:~ ® i : ",1 ® ~~1 .. ' iti ~liD r~ ii:l ® :;j ® :!~ \( ~f ~ i~~·. ~~l~~· d n1 ~IIID '!il@ ;.~ ® :\) .,, •Y ~:i \ill!) ),.( ~··.!). , .• >'f ~.:: @) (~ ® ~ .~ ·.~ 'If@ ~ Daniel Becker comportamento permitidos e ate encorajados para OS homens sao terminantemente proibidos para as ·mulheres, que acabam sendo educadas a assumir urn papel submisso. . Por outro lado, muitos progresses vern aconte- cendo. A "iniciac;ao sexual" do menin9 com pros- titutas (geralmente por obra do pai, ansioso em afirmar sua masculinidade atraves do filho) e cada vez menos frequente. Conceitos como virgindade e algumas ideias machistas vao caindo progressi- vamente em desuso. A educac;ao sexual vern sendo mais debatida, profissiqnais· de s(lude e pedagogos estudam e se especializam na questao da sexuali- dade e na orientac;ao do adolescente. As discussoes em torno do tema tornam-se mais abertas e sao aprofundadas. Cada vez mais o adolescente se liberta da velha prisao da equac;ao que iguala corpo e sexo, e de papeis sexuais marcados e definidos por normas e limites rlgidos. Cada vez mais adoles- centes se encontram ·em relacionamentos amorosos livres e sadios, nos quais o sexo e parte inseparavel, naturale positiva. Matar, morrer, renascer Muito se fala por al em "depressao normal" da adoiescencia. Tudo bern, mas nao vamos genera- lizar. Tern muito adolescente agitando por al sem nunca ficar deprimido. Alias, em relac;ao a adoles- "'' 0 que e Adolescencia /" cencia, e costume se falar de diversos temas de mane ira mistificante. Chavoes do tipo "adolescente deprimido", "rebelde", "toxicomano", "agressivo" sao mu ito generalizantes e nao podem ser de forma afguma tornados como regra.' Os adol~scentes tern muito em comum, mas cada urn tern tambem urn comportamento proprio, determinado pelo meio em que ·vive e pelas suas experiencias interiores. Mas, continuando, ··muito se fala par a( que o adolescente tende a depressao, e alterna esse estado de humor com outro que se cara·cteriza par agressi- v.idade e intolerancia. Aml5os seriam importantes; a agressividade facilitaria 0 usa de recursos inter- nos, seria a expressao do lmpeto para a vida' e a criac;ao. A depressao seria importante como urn perlodo de recolhimento, de reflexao sabre as vivencias interiores. Uma das explicac;oes psicanal lticas para a de- pressao seriam os "lutos" do adolescente: reac;oes a uma serie de "perdas" que ele sofreria durante o seu desenvolvimento. Eles seriam, basicamente: 1) o luto pelo papel e identidade infantil: a perda dos privilegios da crianc;a, o temor das responsabi- lidades do adulto; 2) o luto pelo corpo infantil perdido, que ja era urn "velho conhecido": o jovem sentir-se-ia impo- tente diante das transformac;oes incontrolaveis que sofre; 3) o luto pelos pais da infancia - seria talvez o mais importante. A crianc;a e muito identificada 37 ..) "\ 38 ' . . Daniel Becker com seus pais, e conta com a prote~ao e o apoio deles em todos os mementos. Sua autonomia esta na dependencia direta da permissividade dos pais. ~ Porem, a medida que cresce, a crian<;a precis·a _afirmar seu ego e criar sua propria identidade, dife- 1 renciar-se de seus pais. Para isso, precisa afastar-se, I divergir deles. Esse processo e conhecido como i polariza~ao. A polariza<;ao e o desvio do interesse \ sexual para fora da faml'lia, de que ja falamos, e ' se soma ao fato de que o adolescente agora pode0 olhar seus pais com uma visao _mais cn~tica, analisar ( seus conce1tos, seu modo de, v1da. Ass1_m, o adoles- \ cente· entraria ·num ph>cesso de agressao e desva- }- loriza<;ao dos seus pais. -~ Os pais da infancia eram perfeitos, idealizados. De repente o jovem- entra em contato com seus erros, suas fraquezas, seus problemas, e tern grande dificuldade em aceita-los. A perda e enorme: ;'se eles na(J' 'sabem nada, como podem me ensinar alga? Se eles nao sao legais, como podem me pro- teger?". Discorda das ideias dos pais, e isso I he traz remorse e culpa; o.scila entre o desejo de indepen- dencia e autonomia, e a necessidade de "colo" e prote<;ao, e isso o confunde e angustia. Ele preci- saria dos pais tanto para contesta-los, quanta para sentir-se seguro enquanto conquista sua indepen- dencia. Essa ambiguidade confunde os pais. Eles estao sendo severamente criticados e ao mesmo tempo exigidos como provedores de seguran~a e prote~ao~ .. " 0 que e Adolescencia Pode nao ser nada facil ser pai de adolescentes. e. urn pen'odo de muitos "lutos" tambem: .seu filhinho querido mudou. Ja nao e mais a crian~a fragil, doce e carente, mas quase urn adulto, contes- tando sua visao de mundo e seus valores, pondo a prova sua autoridade, desafiando-o constante- mente. Ele ja nao tern mais o mesmo controle sabre seus filhos, percebe que estao adquirindo sua independencia e que ele nao e mais necessaria. Por outro lado, se ve obrigado a sustenta-los e pro- tege-los, e e .legalmente responsavel • por eles. Com as crlticas, os pais podem sentir-se velhos e ultrapassados."Veltios.conflitos esquecidos ressur~ ·. gem. Sentem inveja ·dos filhos. Afinal, ·eles estao come~ando a vida, tern todas as op~oes poss I've is, nao tern responsabilidades. ~Sao mais saudaveis e bonitos, e podem fazer tudo aquila que os pais ... deixaram de fazer. - A capacidade de abertura e reflexao _ desses pais, a maneira com que eles lidam com seus pr6prios conflitos, e a compreensao que tiverem co.m rela- ~ao aos conflitos dos filhos e que vao determinar c;~ sua rea~ao perante o adolescante. 0 uso da vio- h~ncia, da repressao e do autoritarismo, e por outro I ado, a falta total de limites e a satisfa~ao de todos os desejos e caprichos podem criar serias difi- culdades ao desenvolvimento da personalidade do adolescEmte. No ·entanto, se houver uma ati- tude equilibrada e sobretudo_.compreensiva por parte dos pais, e tambem dos filhos, pode surgir ~~..,.-. .....,...........-~ '' ~e:o~-o~---,-~-·--·-~- , .. -_.... .. ,.,,.-~...--- r I ,.,...,..,.....,-......-n"'l"~..-..-1·•--·, _,...,.,...... .. ,.,-,.,...~,_,,...., ... ..._..,.,..,.._.,,,__,......,.~~.--...,..._...----,.-~-- -------,-.- •~ ·-·••·-~-,-·•-• ,.,., •~- ... •-• ••~ •~-,.,..~, ~- •• •• , .. ,~- ,._-~-··• • -•••· . _, .• ,,, • - • ,,. ---.---.--------.·-r•-•r.....-.-o--r-.--r~·-~~·-•~---, ~ ·@ @.! 39 .};{:-. ® ® ~}lli; w) ® fill) ~ .-,:•-,...,_ ('_~·~·-· ~ ~ '(IT) {ili} :}·.:~:·:~:· ~ ® ® . '•@.; l::5~~-) l:i:) ~;;\ llli:,i ~@~ ® ® ®~ @ (ffi}) $Jllif ~£~ @) :illB: @· w ® ® ,.<>:"!"\\ ~ ~::., 'IW' r:-~··-~ c;~ ~ ,_.( e :11 m ':>.(1 ;li ~ .:.1 r1.:.:_~}'! nl ~.-.~~ ,-;J_i!3 ![J @ :~:j '~ ;:·:.;1 ·-,;,: ~i t~ : ''l ~I : ijl ® I "'··· /. ~ ~:~ . ~~) !~l ~ (;·.) ·J. ~-; . ; :!~ 'l\~ w ~~ ·')' \2." ill @} ;;J i'<>') !!:il {~~(~ ~~: \~ [q1 ; f: ~~~ ·$ . ·:I ::iij .. ~ ~-·~ ~~-·:· ~~ ® \.l.fj @ ... :;~' · .... ~.-~.'~; :!. ';~ ~:§! ~~ :;~ ® :~: ~ ~ ~ ~:}~ :<J "' ijj ~fui 40 Daniel Becker Jm.!re _ __e._l~s -~m _:_n<!'{9_ J:.~~men!~--r.~~~~J!Q~Q:_ e arnig~ ---Segundo algumas teorias,; a rebeldia do jovem para com a sociedade seria resultado da simples transferencia do conflito com os pais, ja que a sociedade, em ultima instancia, representaria o papel controlador exercido por eles. Parece haver aqui, como veremos mais tarde, uma certa subesti- ma~ao da importancia do meio social no conflito adolescente. . . A crise de identidade Urn importante RSicanalista, Erik Erikson, consi- derava gue a grincipal "tarefa" do adolescente seri'a aaquisic;:aq d~jde]ltidade dq_ ego. Alias, e de suas ·teorias que surge a famosa expressao 11Crise de iden- tidade". _Qjovem cumpr~r-ia.essa.tarei~Lpor mei_<:> (je vari_O~ proceSS0$1 .S.~I'lCh? OS rna is importantes as identificac;:oes. Atraves do repudio. de umas e da absorc;:'ao de outras, gradi.Jalmente se cristalizaria a identidade adulta . . Para OQ!~-Ia_,__ujgy_em precisaria de urn 11tempo" -urn pert'odode exp_er~Tase adiarnento de com:- pr()_ffiissos. No caso de esse---tempo ser mal aprovei- tado, surgiria a 11Confusao de identida~e", gerando angustia, passividade, dificuldades de relaciona- mento. Urn outro risco seria a aquisic;:ao de uma • 0 que e Adolescencia ' !l:ll~:iii:; \ I' f:\jjllllllljj\~~· A chamada "crise de identidade ", que aca"eta angilstia, passividade e dificuldades de relacionamento, surge a partir de conjlitos de valores e identificafoes dos adolescentes. 41 r . .. 42 Daniel Becker identidade negativa, baseada em identifica~oes ruins, mas apresentadas durante. a vida do jovem como as mais rears. 0 apaixonar-se, tao frequente na adolescencia, seria para Erikson de natureza menos sexual do que em idades posteriores. Seria antes uma tentativa de projetar e testar o proprio ego por meio de outra pessoa, identificando-se com ela e· clareando sua propria identidade. -~ Associada a no~ao de identidade estaria a de ideologia, que expressa as ideias do grupo social. Ela funcionaria positiva111~nte, confirmando a iden- tidade ao indivl'duo, reconhecendo-o como parte integrante da sociedade .. Assim, a aquisi~ao de uma ideologia. permitiria ao jovem resolver os seus prin- cipais conflitos, fugir da "confusao de val ores", e lhe daria acesso a vida social. Erikson afirmava que os sistemas totalitarios exercem atra~ao sobre o jovem, pois fornecem · identidades convincentes e rlgidas, e portanto, facilmente assimilaveis. A identidade democratica seria menos atraente, pois envolve a liberdade de escolha, em vez de fornecer uma identidade ime- diata. A busca do eu no outro Em meio a essa crise de identidade, o jovem vai partir ·em busca de novas identifica~oes, novos • .. I ... -~~Iii ~ l' 0 que e Adolescencia e::.:;;~ li,·; ·~·.·\ E 43 fu;; ,,, B~-=.:d,_fi_ cg__mgortamento, sempre que posslvel bern diferentes dos que seus pais representam. Dat', a identifica~ao com todo tipo de modelos, desde o Menudo ate Gandhi, passando por filo- sofos, cientistas, pol lticos, atletas, artistas, etc. Ha muito de tentativa e erro _nesse prc;>cesso, e e interessante que nessa busca de fortalecimento de sua personalidade haja momentos de tanta identifi- ca~ao que o adolescente praticamente perca sua propria identidade. Nesse momento ha tambem uma enorme necessi- dade de -pertencer a um g-ruP.Q. 0 jovem encontra-se .. a meio caminho entre irifancia e adolescencia, enfrentando a toda hora afirma~oes do tipo "voce e grande demais pra isso"' ou "voce e pequeno demais para aquilo". Fica meio marginalizado tanto do mundo adulto como do mundo infantil. ···o grupo, entao, ajuda o indiv!'duo a encontrar a propria identidade num contexto soc.ial. No grupo existe uma certa uniformidade de comportamento, de pensamento, de habitos. Nessa epoca em que a auto-imagem se modifica radicalmente, o adoles- cente procura conforto em sua roda de compa- nheiros, padronizanao suas ideias, suas atitudes. Ur:n ... serv~ _d_e ___IT1Qdelo .. [!aJ(J () .Q_IJ!r<?.._ .So{~errL . .:g_e· angustias ser11eU1e3ntes,. e._() _grupo ft,.~Qciona __ como protetor perante el~s (u.ma especie de substituto dos pais, segundo a psicanalise). Curtem as mes- mas experiencias e descobertas, e ~s vivenciam ·juntos. : ~ li1'8~ ~·~; t!.r? t~l ® !tl r..:x'":'• (.; 'iW t ,., '1{: 0i:·:· •,.; 1!01 r ; !,[, ~~ h·.; ~;~;(. fE~ ·~ ~~{} : ~ @} w f0 \i' ;1;-(\, ~. ~.~ ~~ ~:·~~· '.'·' ©~, r:;; e.·· ,; t:.· r::~:\ ~:: ""-"' r•, .C:: (ill; t::: @ 1> ; !l;) ~:·_If ...... ~.~:::·: t:}"'"''"'-1. ;,:~•- u..:.,~o.L.- '.r ·,. ,\-~_·, -• -.~:;:....!..'..-.:~~-'' ·. , -~ ~--- ,_,. •. '·h··"'·' . .. ·,-:-.••·-···• ~. --~,.:.1 ~-.:· .... ~~'.b}<t.~c,;:_,;-_c-._-~,-~.,_:-.o•.-~~-"""'-~---"':.-r..~~~~'"""'!:.~.r<_.,&,. ~!~.:. ··-!..'~·- ·.· :~ ~~:i.! -:_:~1 {~:(.;. •• Q, :11 "·'• i\: •) (. ~.$11 ::·t· ~~- HI ''j iil ~::l r::r?! 'j 6r l~ -~::1. :-:-j a :;;1 """·' ~:I~· @ •'>; 1%, ., <-k'\ :.:~· -::~.-... ~ I! .•. .J :;~t @, ;~~~ @ il : ) r,N ;;lj -~ ') !:~ ~ ~ : f:J:~ 6]} ~1 :~ \'~ r• (~ : ~:j -:::;{1 mj ~~~ i;~i @5 :~ ® }t GN! -> ~j) (~l Al i~ @ il~ '~ ,,J ~ffiil 44 Daniel Becker Uma nova viagem A adolescencia e uma fase de novas sensac;oes e experiencias antes completamente desconhecidas. E e geralmente nessa fase que se tern o primeiro contato com uma "tern'vel ameac;a": a droga. 0 terror dos pais, a destruidora de corpos e mentes, lares e carreiras. Ora, ha pouco falavamos em mitos da adoles- cencia. Esse talvez seja urn dos piores. Vejamos por que. . ........... . Podemos classificar as drogas psicoativas -em _quatro grandes grupos. 0 primeiro e 0 dos depres-- sores do sistema nervoso: o alcool e o mais usado entre eles, competindo com os tranquilizantes e remedios para dorrnir, consumidos em massa pela populac;ao, na tentativa ·de sobreviver a tensao do dia-a-dia. Esses remedios sao os rna is vendidos no mundo e dao Iueras enormes a industria farma- ceutica. 0 segundo grupo e 0 da morfina e deriva- dos, como a herolna (ainda pouco disponiveis no Brasil). Ao terceiro grupo pertencem os excitantes do sistema nervoso: a cocalna e as anfetaminas (bolinhas, remedios para emagrecer). No quarto grupo se incluem os alucin6genos: LSD, derivados de cogumelos e, afinal,· a conhecidlssima m·aconha - alucin6gena somente em altas doses. As drogas psicoativas podem levar a dois tipos de dependencia: psicol6gica e flsica. A primeira ,,_ .. ,_._,,,.,-L .• -~.n-c.-.·•·-·c,-.•~.-••.. ,,..~ ..... "'-~~--·.7-"-"'"--"-·'·'·"""-""-"~~........:..•_.__.·~·~------' -· .,_,,, 'I 0 que e Adolescencia / esta mais relacionada ao indivlduo; uma pessoa pode "depender" de. qualquer coisa, ate de refri- gerantes e televisao. Ja a dependencia flsica e grave e relaciona-se com o ·uso da droga.; Se a pessoa deixa de consumi-la, acorn~. a "slndr'ome de absti- nencia';: uma serie de distU"rbios que vao desde urn leve mal-estar ate a loucura e a morte. Interessante notar que as drogas que levam com- provadamente a dependencia fisica sao as dos dois primeiros grupos, sendo que alcool e tranquili- zantes sao de uso geral e grande consumo. Ouanto a COCa(na,. f1aO e comprovado que leve a depen- dencia flsica·, mas· induz frequentemente defi)en- denCia psico16gica severa, e seu uso repetido causa muitos prejulzos ao organismo. Por isso e consi- derada urn a droga pesada. 0 primeiro contato do adolescente com as drogas geralmente se faz atraves do alcool. Apesar de "proibido para menores", ele e social mente aceito; existe uma certa permissividade em relac;ao ao seu consumo. 0 mesmo nao · acontece com a maconha, qu.ase sempre a segunda alternativa. Por motivos varios, envolvendo fatores hist6ricos, culturais e econo- micos, ela e proibida na maioria dos palses, o nosso entre eles. Sabe-se, no entanto, que uma grande parte da. populac;ao adolescente ja experimentou a maconha. Efeitos prejudiciais importantes ainda nao foram comprovados. Acredita-se que eles· possam existir 45 ""' 46 / " Daniel Becker , quando se usa grande quantidade com muita fre- quencia. Esse ja nao e o caso do alcool. Conse- quencias danosas do seu uso excessivo sao conhe- cidlssirTlas. 0 alcoolismo e uma das rTlais graves e , frequentes doem;as da nossa sociedade. 0 mesmo se pode dizer do cigarro, causador de inumeras doenf;as fatais ou incapacitantes. Gastam-se fortu- nas para tratar pessoas doentes pelo uso de cigarro ou de alcool, -e fortunas equivalentes na propa- ganda de ambos. Enquanto isso, urn adolescente pego com urn pouco de maconha no bolso pode. ser preso e, ·as vezes; . ate· chantagea~ ou espancado. Talv~z ·. ·. porque ela ainda· nao _da Iuera ao Sistema. A marginalizaf;ao do usuario de maconha e o prin- cipal motivo dessa falsa ideia de que ela induza o indivlduo a criminalidade ou a vioh~ncia. Em alguns lugares do mundo o uso da macohha esta descriminalizado, sem que isso irijplique qual- quer reduf;ao na punif;ao e no combate ao trafico de drogas. Urn mito frequente em relaf;ao ao uso de drogas pelo ·adolescente e o. de que quem usa maconha e urn toxicom~no, urn viciado. Nao ha duvida de que 0 v(cio em qualquer droga e uma ameaf;a a integri- dade do indivlduo. Mas ora, nem todo mundo que bebe vodca ou cerveja e alco61atra. A maioria das pessoas faz isso "de vez em quando". 0 mesmo acontece em relaf;ao a maconha: a grande maioria dos adolescentes que a usam SaO OS "usuarios .1,. . ., -1 . 0 que e Adolescencia . . recreacionais", isto ~. nio sao viciados, nio a con- somem de forma compulsiva e sistematica.!J_ngra- cado que haja tanta prQocupacao com o uso ~da maconha, mas nio tanto com ~ do alcool. 0 alcoo- lismo ~ unl" problema serio tambem entre ado.les- centes. 0 problema da causalidade do v(cio em drogas e muito controverso. Nao nos cabe discuti-lo aqui. E evidente que a dependencia de.qualquer droga e urn problema grave. Mas tam~m e evidente que entre o uso eventual e o vicio vai uma grande distancia. Urn segundo mito que vale a pena ser colcicado e o de que a maconha seria uma porta de entrada· para outras _drogas mais pesadas. Nao e bern assim. Estatl'sticas demonstram que a grande maioria dos usuarios de maconha nio vai al~m dela. Se aquela afirmacao fosse verdadeira, teriamos a( urn enorme numero de adolescentes usando acido, coca ina· ou heror'na. Nao ha duvida de que essas drogas sao bern mais perigosas e que ·o risco de induzirem ao vl'ci.o ~ maior. 0 envolvimento com elas muitas vezes termina em consequencias tragicas. Mas -cr maconha nao lnduz ao seu uso. 0 que acontece ~ que alguns indivl'duos, com certas caracteristicas e em determinadas circunstancias, podem passar para essas drogas a partir da maconha, pois ela ~ a mais acessivel e portanto a primeira a ser usada. Logo, a ~lacao e temporal, e nao causal; e valida apenas para algumas pessoas. · Essas pessoas, que r-------·---·-----·- -- ···-~_,....Li; ···"\.l'"'.l \,.I '·"" ~ • \..- • ¥" • T·r-•· ., • ; 1 • G 1 . I • "' 1~ ..... ·:·. ~ r: ...... -.. .. -.......... - .. I -~-----~·~~-~......-~...._,._-,.L.z.o._.~.-.,.......,., . ....,..,.... • -- -,-c· -,,-,___,..,,-.-,-.,.;••·--·--··•'''-•'·'""~---...-¥--•~~-~-'-·~~..-~L·..--=~·-•·•· •-• •-~~• •~--,~- ·••' •. -,.~~~~-.,.-~ ,,, _ _,, __________ .,. __________ •-r·•·~- • .,_, •••• , ~ ~;--~~:: ~i~ fi:· 1;. {t~; t!.::: !.;. 47 @) [;; ~; ' @}) ~; I' ~~ ~:; ·b r; (:J::· rj ~ ::; ~-111 @y ~:~ tllii: m ~> ,>J ~;; ·' ~ :· r r/'t'r l.:~ : rli : ~~ ~ ~~ ,, If,:;) ;; ~ ,> 'iill~)
Compartilhar