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ESTADO DE MATO GROSSO SECRETARIA DE ESTADO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO-UNEMAT CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE PONTES E LACERDA BACHARELADO EM DIREITO- 2018/1 JOSÉ ROBERTO NASCIMENTO BATISTA RESUMO: CAP. CRIME E DESVIO, GIDDENS PONTES E LACERDA, MT 2018 INTRODUÇÃO Giddens inicia o capítulo ressaltando a necessidade da existência das regras que delimitam as condutas a serem seguidas por uma sociedade, classificando-as como inadequadas ou adequadas e por fim, afirma que é impossível cumprir todas as regras, assim como se torna inviável descumprir. CRIME E DESVIO Neste tópico o autor traz os parâmetros usados nos estudos sociológicos, o poder social e a influência das classes nas configurações das normas de comportamento, e também, a diferenciação do que venha a ser crime, “uma conduta não conformista que infringe uma lei”, e desvio, “uma não conformidade com determinado conjunto de normas que são aceitas por um número significativo de pessoas em uma comunidade ou sociedade”. O autor traz duas teorias, ambas são de cunho positivista, e desse modo, acreditam que através de pesquisas empíricas é possível descobrir as causas de um crime e com isto, desenvolver meios para sua erradicação. Em regra, tais causas são reconhecidas como resultados de fatores alheios ao individuo. Tais teorias se dividem em: Explicação biológica, a qual tem como foco a ideia de que o individuo devido a fatores físicos o deixam pré disposto a cometer o crime; Explicação psicológica, onde concentra-se nos tipos de personalidade. A primeira é amplamente critica e até mesmo desacreditada pela falta de comprobabilidade, e a segunda, tem como crítica a variabilidade de tipos de crimes, tornando ao ponto de vista teórico, inadmissível supor que aqueles que o cometem possuem características psicológicas em comum. TEORIAS SOCIOLÓGICAS SOBRE CRIME E DESVIO As teorias, em sua grande parte, enfatiza o contexto social e cultural no qual ocorre o desvio. São elas: TEORIA FUNCIONALISTA: nesta linha, crime e desvio são resultados de tensões estruturais e de uma falta de regulação social dentro da comunidade; TEORIAS INTERACIONISTAS: O desvio é visto como fenômeno construído socialmente; através dela, questionam-se como alguns comportamentos são definidos como desviantes e por que certos grupos são rotulados de desviantes. TEORIA DA ROTULAÇÃO: A interpretação do desvio se dá como processo de interação entre desviantes e não desviantes. O rótulo de desviante como pressuposto para as práticas ditas desviantes. Tais rótulos que criam categorias de desvio expressam a estrutura de poder da sociedade. TEORIAS DE CONFLITO - “A NOVA CRIMINOLOGIA”: rejeita-se a ideia de que o desvio seja previamente determinado, alegando que o comportamento desviante é uma escolha ativa dos indivíduos em resposta às desigualdades do sistema capitalista (viés marxista) - The New Criminology (1973), de Taylor, Walton e Young. TEORIAS DE CONTROLE: Pressupõem que o crime é decorrente de um desequilíbrio entre os impulsos em direção à criminalidade e os controles sociais ou físicos que a detém; crime como resultado das decisões situacionais (“transgressores motivados” + “alvos convenientes”). AS ESTATÍSTICAS DE REDUÇÃO DO CRIME NA SOCIEDADE DE RISCO - REAÇÕES POLITICAS AO CRIME: Dado as estatísticas oficiais e ao papel de destaque adquirido pelos delitos criminais, às autoridades britânicas voltaram suas políticas publicas ao intuito de controlar a insegurança que até então era crescente, ou seja, foram instituídas sanções mais severas como meio de intimidar os criminosos, assim como a ampliação das forças policiais. - POLICIANDO A SOCIEDADE DE RISCO: O policiamento dedica-se menos a controlar o crime e mais a detectar e administrar os riscos, desse modo, a expansão do policiamento comunitário e de grupos de vigilância de bairros como uma incorporação central do policiamento à sociedade de risco. - POLICIAMENTO COMUNITÁRIO: O policiamento comunitário está intimamente ligado à reconstrução de comunidades unidas e fortes, ou seja, além da união entre população e policia, pressupõe um envolvimento de todos os grupos econômicos e étnicos. Essa estratégia de luta contra a criminalidade aumenta também o nível de satisfação da sociedade para com a justiça social. VITIMAS E PERPETRADORES DO CRIME Segundo especialistas, os índices de crime estão ligados às áreas onde as vitimas vivem, e os criminosos por sua vez, são caracterizados pela classe social, ou seja, há grupos e locais com maior propensão a criminalidade, a exemplo, uma periferia, por sua privação material, tem maior probabilidade de ser alvo de criminosos e assim, estar presente nas listas de risco. - GÊNERO E CRIME: Giddens trabalha nesse ponto a discrepância existente entre homens e mulheres. Entre eles, as mulheres representam a menor parcela entre os presos, assim como seus crimes também são de menor grau. Isso talvez ocorra pelo sistema não se atentar ao comportamento das mesmas, e entender que elas ofereçam um menor risco a população, mesmo o feminismo indo contra e defendendo uma igualdade nos tratamentos. - O CRIME E A “CRISE DA MASCULINIDADE” : Nesse trecho, o autor trabalha a formação de grupos criminosos, como a gangs, em geral, compostos por pessoas muitos jovens e em maioria, homens. Quando há a presença de mulheres nesses grupos, elas apresentam fortes traços da masculinidade. Ambos enfrentam problemas com a saída desse submundo, por que, uma vez com histórico criminal, a ficha torna-se suja, influindo diretamente na contratação e inserção no mercado de trabalho. - OS CRIMES CONTRA MULHERES: Estatísticas mostram que em algumas modalidades de crimes, o maior número de vitima é o publico feminino e os criminosos, em sua maioria, são homens. Elas apontam que 1/3 das mulheres sofrem algum tipo de violência durante a vida, contudo, a maior parte delas não registra queixa. - OS CRIMES CONTRA HOMOSSEXUAIS: Existe uma diferença entre as relações heterossexuais e homossexuais. Enquanto as relações heterossexuais são do domínio público, as relações homossexuais são mais limitadas ao domínio privado, e a exteriorização dessas relações são muitas vezes vistas como uma provocação. E tais provocações terminam quase sempre em agressões, sejam verbais ou físicas. - A JUVENTUDE E O CRIME: Alguns crimes são considerados crimes de rua, dentre eles estão os assaltos, agressões ou violações, e estes tem por característica em comum a autoria: jovens do sexo masculino. - O TRÁFICO DE DROGAS: Existem diversos fatores que facilitam o tráfico de drogas: Localização geográfica: Países fronteiriços tem uma maior facilidade para escoar a produção para os países vizinhos; Comércio: A existência de uma rede de abastecimento e produção; demanda e oferta; Globalização: Dentre as facilidades trazidas pela globalização, aqui está mais uma, afinal, os meios de transportes mais eficientes, as redes de telecomunicações mais ágeis, auxilia na produção, no transporte e na distribuição das mercadorias. Em regra, dada a mão de obra disponível e de baixo custo, e a baixa fiscalização, a produção é feita em países de terceiro mundo. - O CRIME DO COLARINHO BRANCO: Apesar de grande parte das estatísticas apresentarem jovens de classe baixa como responsáveis pelos crimes de maior incidência, existe também uma categoria que é pouco difundida, até mesmo pela dificuldade em encontrar osverdadeiros culpados. Os crimes do colarinho branco são assim chamados por serem realizados por pessoas influentes, ricas. Logo os crimes também são maiores, mais bem planejados, difíceis de identificar e punir. - O CRIME ORGANIZADO: O crime organizado caracteriza-se pelo alto nível de organização nas operações, e por sua transnacionalidade, ou seja, os grandes roubos, extorsões, prostituição, jogo ilegal, em regra, pertencem a uma teia de crimes, onde um abastece o outro e todos financiam algo maior, como o tráfico de órgãos e pessoas. - CIBERCRIME: Outra negatividade trazida pela globalização foi à expansão dos crimes cometidos pela internet. Os cibercrimes facilitaram a organização do crime organizado, aumentando ainda mais a dificuldade em quantificar e qualificar os mesmos. CONCLUSÃO: CRIME, DESVIO E ORDEM SOCIAL Chega-se a conclusão de que a variabilidade de atividades tidas como criminosas, impossibilita a elaboração de uma única linha de pensamento que explicasse todas elas. A teoria da rotulação nos faz refletir sobre a maneira como algumas atividades são definidas como crime, e como essa classificação, influência diretamente nas relações de poder. Durante os anos, uma crença tem-se difundido: penas mais duras e longas teriam o poder de corrigir o criminoso e até mesmo dissuadir o crime. Porém, na prática não é isso o que vemos, pessoas que permanecem mais tempo presas e em contato com criminosos de diversas patentes, tendem a se perderem ainda mais no mundo do crime. Quanto menor as liberdades individuais, maior a discrepância social, maior também será as taxas de violência, ou seja, em uma sociedade, o numero de ações será grande, assim como as influências e resultados, e cabe a nós, como policiamento comunitário de nossas próprias ações, achar um lugar para aqueles que não se conduzem como as regras sociais.
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