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GOLBERY REVISITADO: DA ABERTURA CONTROLADA À DEMOCRACIA TUTELADA
Leonel Itaussu Almeida Mello
Considerações Iniciais
	O regime autoritário brasileiro sempre enfrentou um sério problema, a crise da legitimidade, sendo que segundo Bolivar Lamounier até 1974 o regime tentou se legitimar pelas vias autoritárias, através da legitimidade negativa com uso da força e da legitimidade positiva apoiada no “milagre econômico”(LAMOUNIER, apud. MELLO p. 202), porém aos poucos com a crise do “milagre econômico” e o excesso de repressão ia se perdendo a eficácia da legitimação pelas vias autoritárias.
	Buscaremos demonstrar segundo o general Golbery, como ocorreu a crise do regime autoritário durante o governo Geisel o qual não pode utilizar-se da legitimidade positiva nem da negativa para se fortalece e como ele utilizou-se da abertura política (liberalização) como estratégia para se legitimar, mesmo enfrentando oposição, abertura política essa que levaria a uma “democracia tutelar”.
	Também discutiremos os problemas enfrentados pelo governo Figueiredo, como o crescimento da oposição democrática, tendo ele tomado como medidas a lei da anistia recíproca e a reforma partidária que substituiu o bipartidarismo pelo multipartidarismo, gerando maior espaço de manobra a seu governo. Bem como analisaremos o fortalecimento das relações entre sociedade civil e política nos anos 80 o qual favoreceu a transformação da liberalização em democratização.	
O autoritarismo e a questão da legitimidade.
Segundo o Leonel Itaussu Almeida Mello, o período que se estendeu o regime autoritário brasileiro foi marcado pela problemática da legitimidade, resultado de um fracassado autoritarismo no quesito de manter um consenso dentro das suas idealizações ou pela falta destas, fazendo uso da coerção física, política e de expressão para controlar ou tentar manter sob controle a sociedade civil. Entendo que a legitimidade de um poder político esta em obter o consentimento dos governados, conquistando uma maioria, e garantindo uma obediência sem precisar fazer uso da força para isso.
No caso brasileiro, se evidencia uma crise na legitimidade do autoritarismo, definido por Norbert Bobbio dessa forma:
Na tipologia dos sistemas políticos, são chamados de autoritários os regimes que privilegiam a autoridade governamental e diminuem de forma mais ou menos radical o consenso, concentrando o poder político nas mãos de uma só pessoa ou de um só órgão e colocando uma função secundária as instituições representativas” (BOBBIO, p.94, 1990)
 Em primeiro lugar, o objetivo do regime autoritário nunca foi uma revolução, trocar um tipo de Estado por outro. Em segundo lugar, o poder autoritário não vinha apenas de uma pessoa ou grupo específico que tinha por objetivo o controle do poder, e sim vinha do conjunto de instituições que regulavam o poder.
Para Juan Linz, existem três tipos de sistemas políticos. O democrático, com suas características básicas, de livre expressão e livre concorrência política. O totalitário, que consiste em terrorismo policial e um único partido controlando as massas e impondo sua ideologia através da força. E o autoritário, de pluralismo político bastante limitado, com a censura da imprensa e da livre expressão e de escassez de ideologias bem definidas.
O Brasil pós 64 preenche os requisitos do regime autoritário e a legitimação seria plausível e possível, se houvesse uma coesão entre as classes dominantes, em ideais hegemônicos, de interesses em comum, tornando-se assim uma elite dominante forte, capaz de conquistar posteriormente as parcelas mais populares do país, e um jogo de interesses com ações que neutralizassem todas as camadas da população, evitando e administrando os conflitos de modo ideológico e sem o uso da força.
Porém, como apontou Bolivar Lamounier, o regime autoritário se dividiu em duas fases: A legitimidade negativa; onde a ordem foi mantida pelo uso da força (período de 1964-1967). E a legitimidade positiva; onde a aceitação do regime e a manutenção da ordem foram estabelecidas pelo crescimento econômico do país. O regime autoritário foi justificado pelo “milagre econômico”, onde a propaganda do governo estabelecia a relação direta de desenvolvimento e autoritarismo, ou seja, o fato do país crescer economicamente era resultado do regime autoritário existente. Porém, a decadência do “milagre econômico” e o excesso de repressão do regime, demonstraram que essa legitimidade positiva não apresentava a coerência que tanto o governo tentou impor.
A abertura política segundo o general Golbery
O governo Geisel ao assumir o poder em 15 de março de 1974 enfrentou dificuldades econômicas e políticas, devido à crise do “milagre econômico”, sendo assim não tinha como utilizar o sucesso econômico como forma de legitimar seu governo num regime autoritário, além dos problemas herdados de outras gerações. Contudo recorrer à repressão continha o risco de reduzir ainda mais suas bases de apoio, pois diversos sujeitos coletivos da sociedade civil começaram a manifestar repúdio aos desmandos do aparelho repressivo. O novo governo estava sofrendo com os custos de legitimidade negativa e não podia se beneficiar da legitimidade positiva devido à crise econômica.
Contudo só restava ao governo Geisel forjar uma legitimidade duradoura, inaugurando uma nova fase do autoritarismo, de liberalização política, como forma de enfrentar os problemas econômicos e controlar as manifestações de insatisfação, sem recorrer à intensificação da coerção.
Porém o autor nos coloca que tem havido uma confusão com o emprego das noções de liberalização e democratização, que muitas vezes são utilizados como termos equivalentes para designar o processo de abertura política ocorrido no governo Geisel, mas no texto Albert Stepan faz a distinção desses dois termos: liberalização num contexto autoritário pode significar abrandamento da censura dos meios de comunicação, a reintrodução de salvaguardas legais para os indivíduos, libertação de quase todos os prisioneiros políticos, tolerância em relação à oposição política, já a democratização acarreta uma liberalização, apesar de ser um conceito mais amplo e especificamente político, requer eleições livres, cujo resultado determine quem irá governar. Em resumo a liberalização diz respeito à sociedade civil, já a democratização a sociedade política, podendo haver liberalização sem democracia.
Para Przeworski, a democratização e a liberalização são processos distintos, sendo a liberalização um processo de instituição de liberdades civis, cujo desfecho pode ser a instauração do que ele chama de democracia tutelar, “[...] um regime com instituições competitivas, formalmente democráticas, mas no qual o aparato do poder, neste momento reduzido às forças armadas, detém a capacidade de intervir numa situação indesejável” (PRZEWORSKI, apud. MELLO, p. 205-206).
Em julho de 1980, em uma conferência proferida por Golbery do Couto e Silva, esse analisou a política de liberalização implementada no governo Geisel e sua continuidade no recém-iniciado governo Figueiredo. Ele traçou um panorama da evolução política do Brasil, colocando em destaque o processo de oscilação entre centralização e descentralização, que se estendeu até 64, ano no qual se inaugura uma nova fase de centralização marcada pelo fortalecimento dos poderes da União, em detrimento da autonomia federativa. Segundo ele em meados dos anos 70 se atingiu o máximo de centralização político-administrativa, mas aos poucos as tensões começaram a contagiar a população despertando protestos em favor de uma descentralização que ia se afirmando.
O que era para ser apenas uma liberalização política controlada acaba extrapolando para outros níveis, e Golbery coloca que: “Não é de se admirar, pois, que o esforço descentralizador, conscientizado do Governo viesse a assumir o figurino de uma abertura democratizante, desencadeada justamente através da liberação progressiva dos controles da censura [...]” (GOLBERY, apud.MELLO, p. 207).
A implementação de uma política liberalizante por parte do governo Geisel, fez com que ele enfrentasse oposições. À direita estavam “os ternos puros, a linha dura”, que se empenhavam em assegurar a permanência do autoritarismo através da coerção. À esquerda situava-se os insatisfeitos, que viam a liberalização como uma estratégia política para assegurar a continuidade do regime, bloqueando a possibilidade da oposição chegar ao poder
As estratégias do governo Geisel eram, por um lado não deixar o autoritarismo regredir e por outro barrar o acesso da oposição ao poder, mas buscava deixar a incerteza da possibilidade de uma competição pelo poder e não garantia que o resultado da competição não seria adulterado. A política de distensão (liberalização) não poderia existir frente às “regras do jogo”, que independente dos resultados devem ser acatadas por todos, o que constitui a legitimidade dos regimes democráticos.
O governo Geisel era por um lado pressionado pelos autoritários “linha dura’ e por outro pela diversidade do MDB, diante disso seu projeto liberalizante só poderia dar certo se conseguisse neutralizar a direita e a esquerda, para isso a política da distensão passou a ser planejada como uma operação de estado-maior, buscando manter os dois grupos separados e alternar ações de contra-ataque entre um e outro, garantindo um espaço de manobra cada vez maior ao governo. 
Para que isso fosse possível foi necessária à tomada de algumas medidas repressivas, como destituições, exoneramentos, afastamentos, cassação de mandatos, aprovação da Lei Falcão, que restringia a propaganda eleitoral, fechamento temporário do Congresso e o esvaziamento de candidaturas, foram medidas audaciosas que contiveram o assédio dos autoritários e oposicionistas.
Diante disso o governo Geisel foi se fortalecendo e ganhando autoridade para comandar com êxito o cronograma e o desfecho do processo sucessório. A estratégia de abertura controlada foi coroada no fim de 1977 com a indicação de Figueiredo à sucessão presidencial para continuar a política de distensão. Em 1978 Geisel promulgou a Emenda nº 11 que promoveu a reforma da legislação eleitoral e que revogou o Ato Institucional nº 5, substituindo-o pelas salvaguardas constitucionais.
Da abertura controlada à campanha das diretas 
Ocorrera na metade do segundo semestre de 1977 a disputa pela sequência ao cargo de presidente da República. 
Os militares da “linha dura” propunham o nome do general Sílvio Frota (ministro da Guerra), enquanto setores governamentais indicavam o chefe do SNI, general João Figueiredo. Após intensa luta nos bastidores do poder, Frota foi afastada do Ministério. Figueiredo tornou-se o candidato oficial, anunciado publicamente em 78 (MATOS, p.179, 2000).
Na continuidade do processo político
[...] ocorreram eleições para deputados e senadores. Privilegiada pelo Pacote de Abril, a Arena elegeu o maior número de congressistas – embora a soma dos votos dos deputados e senadores oposicionistas fosse muitas vezes superior à dos arenistas. Geisel, no entanto, antes de deixar o poder, assinou um decreto abolindo o AI-5 a partir de 1º de janeiro 1979. A 15 de março do mesmo ano, Figueiredo tomava posse da presidência (MATOS, p. 179, 2000).
	Em suas novas atribuições o presidente eleito acaba regulamentado a Lei que se tratava da Anistia, que abrangia todos os cidadãos que direta ou indiretamente, foram restringidos de seus direitos ou sua liberdade. A partir da Anistia todos que eram considerados exilados políticos retornariam ao Brasil, pois estes estavam permanecendo fora dos territórios nacionais desde 1964.	O que caracteriza o governo de João Baptista Figueiredo ao ser empossado no cargo de presidente do Brasil foi o término da era militar como presidentes no poder.
O governo de Figueiredo destaca-se pela tentativa de mudança democrática entre o regime já existente a uma liberdade democrática que estava enraizada em leis e participação do povo.
A intensificação da abertura política e as manifestações populares foram marcas que registraram o governo de Figueiredo para que este se voltasse para o final da ditadura. Ocorrera uma crise econômica que também dera ênfase ao seu governo e a reabertura política em nosso país. Ele resolvera abolir o sistema partidário e colocar em pratica a anistia política de militares que eram perseguidos. 
O projeto da anistia de certa forma não iria abranger todos aqueles que estariam envolvidos em crimes referidos a política ou mesmo perseguidos políticos, sendo que a lei inicial sofreu modificações, pois acabava beneficiando todos que estariam sendo acusados de serem responsáveis por praticar torturas e acabavam devolvendo os direitos todos os políticos dos exilados.
Contudo muitas reformas estabeleceram-se uma delas foram à criação de inúmeros partidos políticos. A ARENA dos militares tornou-se Partido Democrático Social (PDS) e acabava por abrigar todos os conservadores e seus beneficiários que eram da ditadura. O MDB era o que tinha uma tímida oposição durante a fase da linha dura, acaba por transformar-se em Partido Movimento Democrático Brasileiro (PMDB). Houve o surgimento de novos partidos como o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), Partido Democrático Trabalhista (PDT), Partido dos Trabalhadores e Partido Popular.
Os escalões autoritários haviam sido acalmados, porém não cessados, em 1981 durante a abertura política, houve uma série de atentados, o que se destaca o IBM do RIOCENTRO, que ocorreu na véspera em 1º de maio, no Centro Brasil Democrático, onde 18 mil jovens estavam assistindo uma apresentação musical em comemoração ao Dia do Trabalhador no momento onde bombas foram explodidas.O evento marcou o quanto a instituição militar estava se sentindo ameaçada com a nova abertura política.
O resultado deste incidente “foi o pedido de demissão do general Golbery do Couto e Silva na qual fazia parte do Ministério da Casa Civil, resultando na falta de punição de todos que foram envolvidos no atentado”(MATOS, p. 179, 2000).
Tudo indica que os responsáveis por todos estes atentados agressivos seriam policiais, alguns militares que eram os causadores de torturas, prisões e assassinatos de prisioneiros políticos que temiam vinganças resultantes das vantagens da redemocratização.
No que se trata da área econômica o governo do presidente Figueiredo sofrera diversas enfermidades na área econômica que resultadas pelo término do “milagre econômico”. Como ministro da Fazenda foi chamado Delfin Neto para dar andamento ao cargo. Tentando corrigir todos os problemas econômicos herdados, este teve a ideia de lançar o III Plano Nacional de Desenvolvimento, não teve muito êxito, pois neste período a estagnação econômica que permeava no mundo acaba impedindo futuros empréstimos que poderiam ser exigidos.
Durante a crise econômica que norteava os pais, muitos grupos políticos acabaram por se agruparem em favor da aprovação da emenda trazida por Dante de Oliveira. O intuito desta emenda acabava influenciando na realização de uma futura eleição presidencial que fosse direta para o ano de 1995. Mesmo assim esta nova emenda não fora posta em prática em meio disso veio a tona um novo plano de transição democrática que acabou vigorando.
No ano de 1985 as eleições foram disputadas por dois novos candidatos que eram civis. Quem acabou vencendo estas eleições foi Tancredo Neves, que era candidato que recebia apoio de grupos democráticos. Em termos gerais ele acabou não assumindo o cargo, pois teve problemas de saúde (câncer no intestino). Contudo seu vice-presidente José Sarney assume, sendo totalmente responsável por amenizar e reorganizar a crise econômica instaurada no país e acaba garantindo que as liberdades democráticas retornassem. Consequentemente inicia-se uma nova historia política estabelecida no Brasil que seria chamada de Nova República.
Figueiredo foi o último presidente militar e deixou o governo em 1984.
A ruptura pactada e a democracia tutelar
A Ementaconstitucional Dante de Oliveira foi apresentada pelo então deputado do PMDB do Mato Grasso Dante de Oliveira em 1983, que dava a possibilidade de eleições diretas para Presidente da República no Brasil. No dia da votação em Brasília ouve grandes protestos para impedir a aprovação, acabando por ser votada contra e a Ementa não foi aceita. No entanto teve dois fatores relevantes na transição política. 
O primeiro fator foi a separação interna do PDS, dando origem a desistência do poder que apoiava Paulo Maluf, a Frente Liberal, sendo esse o candidato a sucessão do então presidente Figueiredo. Forma-se um pacto entre lideres do PDS que não apoiavam a candidatura do Paulo Maluf com lideres do setor de confiança da oposição, oficializando a chapa Tancredo-Sarney formando a aliança democrática. Com isso ocorre uma mudança da política de alianças. No entanto para a oposição Democrática moderna foi preciso “o distanciamento dos setores oposicionistas “radicais”, a desmobilização do movimento popular, o esvaziamento da campanha das diretas e a exclusão das classes subalternas de qualquer participação no acordo funcional da Nova Republica.” ( MELLO, p. 219). Esse acordo entre os setores modernos e liberais do regime e os setores confiáveis da oposição, os radicais dos dois lados, das forças armadas especialmente o setor moderno, prove uma marcha para a nova oposição democrática dando a vitória a Tancredo Neves no colégio eleitoral em 1985. Esse pacto dirigiu a chegada Da Nova República, e possibilitou a substituição do regime autoritário por um governo democrático. Mas Tancredo vem a falecer antes mesmo de assumir a presidência, tomando posse o vice-presidente José Sarney concretizando a transição democrática no Brasil.
Já o segundo fator a oposição assumida pela Forças Armadas com relação ao rumo e ao desfecho do processo sucessório. Fazendo com que ocorresse varias negociações de gabinetes a portas fechadas, para estudar as futuras atribuições institucionais da corporação militar no novo regime e sobre as garantis em caso de revanche. Resultando no “[...] desengajamento das Forças Armadas de seu papel de avalistas do regime autoritário, a sua neutralidade frente á sucessão presidencial e a sua decisão de acatar o veredicto das urnas no Colégio eleitoral.” (MELLO, p. 220). Assim houve o distanciamento das Forças Armadas enquanto instituição e os militares enquanto governo.
Disposições Finais:
A principal dificuldade do governo Figueiredo foi a oposição democrática que crescia deliberadamente. O bipartidarismo ARENA e MDB, perdia forças e qualquer legitimidade em cada nova eleição. Era necessário descobrir ou elaborar uma estratégia de manutenção do poder, e era essa a dificuldade, já que o país passava por recessão econômica, uma insatisfação social e um fortalecimento do oposicionismo. 
A estratégia elaborada teve como primeira ação a lei da anistia, trazendo de volta ao país os exilados políticos e ainda punindo os responsáveis pelos excessos da repressão. A segunda ação, foi a reforma partidária, substituiu o bipartidarismo pelo multipartidarismo. Essas atitudes trariam algumas vantagens, tas como abrir espaço para novos partidos, se aliar aos mais fortes e isolar o partido inimigo.
Hoje, revisitando o General Golbery, identificamos o quanto seu diagnóstico futurista em relação ao cenário político estava correto, quando previa em seus cálculos estratégicos a fragmentação do partido emedebista e o surgimento de novos partidos. O que proporcionou nas eleições de 1982, para a oposição, o controle da maioria dos estados, a maioria em Congresso e Colégio Eleitoral, garantindo a eleição de um sucessor para Figueiredo.
Nos anos 80, se estreitaram e fortaleceram os laços entre sociedade política e civil. As reivindicações da sociedade civil surtiram efeito sobre a competição pelo poder público. Fator de suma importância para que a liberação se transforme em democratização. Em 1984, as reivindicações da sociedade civil, trazem ao cenário a campanha das Diretas-Já, que não teve resultados democráticos positivos, pois a Emenda Dante de Oliveira, que restabelecia as eleições diretas, foi rejeitada pela Câmara Federal. A bisca por uma explicação lógica sobre essa ruptura da democracia estaria no fato de que na verdade a estratégia de governo, não estava em tornar um país democrático de livre competição política e sim de manter o controle sob a população passando a impressão do suposto fim de um regime autoritário, porém na prática, o objetivo era a manutenção do poder e a continuidade do governo de modo legítimo.		
De um regime autoritário para uma democracia tutelada. O caminho foi longo. O poder de coerção das Forças Armadas teve um enfraquecimento, porém isto não se deu por consciência popular ou pelas reinvindicações políticas como um fator determinante. O fato é que o uso da força não seria justificável por muito tempo, sendo necessário uma estratégia política bem elaborada para manter-se no poder. Dar a impressão de que o autoritarismo estava se findando acalmaria as massas por um determinado tempo. E modelar o plano de governo para que o mesmo parecesse democrático foi um cálculo estratégico digno de sucesso. Porém, o fato de rejeitar uma Emenda que traria à tona o direito de todos elegerem um representante pode ter sido a gota d'água para que a sociedade civil tomasse consciência da manipulação sofrida, podendo ter sido o marco para a exigibilidade de uma transição política.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL.A Ditadura Militar - Governo Geisel. Última atualização em 03/01/2008 11h56min. Disponível em: http://www.passeiweb.com/saiba_mais/fatos_historicos/brasil_america/ditadura_militar_geisel. Acesso em: 13 de jun. de 2013.
CANCIAN, Renato. Governo Geisel (1974-1979): "Distensão", oposições e crise econômica. Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação 02/10/200614h50. Disponível em: http://educacao.uol.com.br/disciplinas/historia-brasil/governo-geisel-1974-1979-distensao-oposicoes-e-crise-economica.htm. Acesso em: 10 de jun. de 2013.
MELLO, Leonel Itaussu Almeida. Golbery revisitado: da abertura controlada à democracia tutelar. In MOISÉS, José Álvaro; ALBUQUERQUE, J.A. Guilhon. (orgs.). Dilemas da Consolidação da Democracia. Rio de Janeiro: Editora Paz e Terra. p. 199-222.
BOBBIO, Norberto, MATTEUCCI, Nicola e PASQUINO, Gianfranco. Dicionário de política. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1998.
PADRÓS, Enrique Serra; BARBOSA, Vânia M.; LOPES, Vanessa Albertinence; FERNANDES, Ananda Simões. A Ditadura de Segurança Nacional no Rio grande do Sul (1964-1985): história e memória. 2ed.rev. e ampl. – Porto Alegre: Corag 2010, v.1 p.272.
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