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Apostila de Extensão rural Agronomia

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CURSO DE AGRONOMIA 
 
 
DISCIPLINA: 
 
SOCIOLOGIA 
E 
EXTENSÃO RURAL 
 
Apostila elaborado pelo 
PROFESSOR: TAKAO ENARDO FUJIMOTO 
 
Patos de Minas / 2018 
 
 2 
APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA 
 
 
SOCIOLOGIA 
E 
EXTENSÃO RURAL 
 
 
EMENTA 
 
História da extensão rural no Brasil. Fundamentos da extensão. Funções do extensionista 
Comunicação Rural. . Meios e Mensagens na Comunicação Rural. Políticas Públicas de 
Desenvolvimento Rural. Políticas agrícolas atuais. Métodos de extensão rural. Diagnóstico 
dos Sistemas de Produção. Modernização seletiva da Agricultura. Desenvolvimento Agrícola 
e Desenvolvimento Rural. Conhecimentos e as experiências dos Agricultores. Adoção de 
Inovações. Estratégias para Mudanças no Meio Rural 
 
OBJETIVOS 
 
 Fornecer uma formação básica que possibilite uma análise do processo de 
desenvolvimento da agricultura brasileira e das diferentes estratégias de transformação da 
realidade; 
 Capacitar para a compreensão e elaboração de estratégias de comunicação, de ensino 
aprendizagem e de difusão de inovações junto às populações rurais; 
 Dotar o técnico de meios para difundir tecnologia no campo com o intuito de favorecer a 
construção de uma sociedade com melhor qualidade de vida 
 
 
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO 
 
 
CAPÍTULO 1 – SOCIOLOGIA - ORIGEM, HISTÓRIA E DESENVOLVIMENTO DA 
EXTENSÃO RURAL 
 
1 Extensão Rural e Desenvolvimento na Agricultura Brasileira 
2 O papel da Extensão 
3 A História - Origem da Extensão Rural / Evolução / Generalização 
4 Origem da Extensão Rural no Brasil / Principais Iniciativas 
5 Conceitos de Extensão Rural / Objetivos 
6 Princípios Educativos da Extensão Rural 
7 Funções do Extensionista 
8 Fases no trabalho de Extensão Rural 
9 A controvérsia histórica sobre o processo educativo da Extensão Rural 
 
 3 
CAPÍTULO 2 – COMUNICAÇÃO RURAL 
 
1 O conceito de Comunicação Rural 
2 Comunicação e Agricultura 
3 A Informação Agrícola 
4 Comunicação e Desenvolvimento Rural 
5 Meios e Mensagens na Comunicação Rural / Escrita / Visual e auditivas / Interpretação 
literal 
 
CAPÍTULO 3 - INOVAÇÕES TECNOLÓGICAS E CONHECIMENTO DOS 
AGRICULTORES 
 
1 Conhecimento e experiências dos agricultores 
2 Diagnóstico dos Sistemas de Produção / Amostragem / Conceitos e Características 
Estruturais / Sistemas de produção / 
3 Relação entre Sistema e Gestão e Sistema Técnico de Produção 
4 Diversidade, Tipologia, Dinâmica dos Sistemas de Produção 
5 A Modernização seletiva da Agricultura 
6 A Agricultura Familiar: especificidades 
7 Adoção de Inovações / Modernização da Agricultura / Inovações na Agricultura Familiar 
8 Características das Inovações Tecnológicas / Novas Tecnologias no Meio Rural 
 
CAPÍTULO 4 - ESTRATÉGIAS PARA MUDANÇAS NO MEIO RURAL 
 
1 Análise da Paisagem no Meio Rural (FAO/INCRA) 
2 Estratégias para Mudanças no Meio Rural 
3 Estratégias Participativas 
4 Estratégias Facilitadoras 
5 Estratégias Persuasivas 
6 Estratégias de Força 
7 Planejamento no Segmento Rural 
 
CAPÍTULO 5 – POLÍTICAS PÚBLICAS DE DESENVOLVIMENTO RURAL 
 
1 Desenvolvimento agrícola e desenvolvimento rural 
2 Estado, políticas públicas e desenvolvimento agrícola 
3 Instituições de ciência e tecnologia, padrão tecnológico e desenvolvimento agrícola 
4 Políticas públicas, instituições e padrões tecnológicos e desenvolvimento rural 
 
METODOLOGIA 
 
 Aulas expositivas, trabalhos em grupo, apresentação de trabalhos, palestras, 
depoimentos, estudos de caso e debates, práticas de campo, seminários 
 
AVALIAÇÃO 
 
Serão distribuídos 60 pontos no decorrer do semestre letivo, sendo o primeiro bimestre 20 
pontos, segundo bimestre 20 pontos, colegiada 20 pontos. As avaliações se darão a partir dos 
trabalhos em sala de aula, execução de projetos, provas escritas, práticas, seminários, 
trabalhos individuais e em grupo. 
 4 
BIBLIOGRAFIA 
Apostila elaborada pelo Professor Takao Enardo Fujimoto do UNIPAM 
 
BIBLIOGRAFIA BÁSICA: 
 
ARAÚJO, J. G. F. de; BRAGGA, G. M; SANTOS, M. M. dos. Extensão rural no 
desenvolvimento da agricultura brasileira. Viçosa: UFV, 1981. 60p. 
BORDENAVE, J. Comunicação Rural. São Paulo: Brasiliense, 1983 
 
BRAGA, G.M. Metodologias de Extensão Rural. Viçosa, UFV, 1986. 
 
DÍAZ BORDENAVE, J.E.. O que é comunicação?. São Paulo, Brasiliense, 1983. (Coleção 
Primeiros Passos). 
 
ECHEVERRIA, Thais Martins. Modelos de Extensão Rural. Revista Casa da Agricultura, 
Ano 3, nº2,1981. CATI, Campinas. 
 
 
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR: 
 
 
ALMEIDA, L. Comunicação Rural.Curitiba. UFPR .1995. 
 
ALMEIDA, L. Modelos de Comunicação.Curitiba. UFPR, 1996 
 
ALMEIDA, Luciano. Adoção de Inovações: comece pelos conhecimentos e as 
experiências dos agricultores. Curitiba. UFPR. 2004. 
 
DEMO, P. Política Social, Educação e Cidadania. Campinas, São Paulo. Papirus, 1994 - 
125p. 
 
ECHEVERRIA, Thais Martins. Modelos de Extensão Rural. Revista Casa da Agricultura, 
Ano 3, nº2,1981. CATI, Campinas. 
 
FONSECA, M.T. Louza. A Extensão Rural no Brasil: um projeto educativo para o 
capital. São Paulo, Ed. Loyola, 1985, 191p. 
 
FREIRE, P. Extensão ou Comunicação? Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1971, 93p. 
 
FRIEDRICH, O.A. Comunicação Rural: Proposição crítica de uma nova concepção. 2ª 
edição, Brasília, EMBRATER, 1988. 64 p 
 
OLIVEIRA, M. M. Conciliação e Conflito na Extensão Rural Brasileira. Brasília, 1998 - 
80p. 
 
PINHEIRO, Sérgio L. G.. Pesquisa, Extensão e Desenvolvimento Rural: Uma abordagem 
construtivista. Anais da Saber. Vol. II, Curitiba, 1995. 
 
PORTELA, J.F.G. Extensão Agrária - Conceitos básicos, IUTAB, Portugal, Jan. 1984. 
 5 
CAPÍTULO 1 
 
ORIGEM, HISTÓRIA E 
DESENVOLVIMENTO DA 
EXTENSÃO RURAL 
 
1 EXTENSÃO RURAL E DESENVOLVIMENTO NA AGRICULTURA BRASILEIRA 
 
 
“O homem que trabalha a terra, à maneira de seus antepassados, não pode produzir 
muitos alimentos, apesar da riqueza da terra, Se ele tiver acesso ao que a ciência sabe sobre 
plantas, animais, solos e máquinas, não precisará trabalhar muito para obter grande 
produção”. 
Estas palavras de Schultz falam "bem profundamente da importância da Extensão 
Rural, para o desenvolvimento da agricultura "brasileira. 
Terra e trabalho foram fatores abundantes, durante muitos séculos, no Brasil. 
Inicialmente, desenvolveu-se a agricultura, por meio de uma ocupação ampla da zona 
litorânea, iniciando-se pelo Nordeste, e chegando até ao Sul do País. Nesta ocupação, 
minimizaram-se os investimentos em estradas e outros aspectos de infra-estrutura, 
redundando em um processo relativamente "barato de produção, onde as áreas produtivas 
tendiam a localizar-se próximas aos pontos de escoamento. A penetração da agricultura em 
zonas mais longínquas como Goiás e Mato Grosso, a ocupação da Amazônia e toda a região 
constituem, na verdade, fatos bastante recentes da historia da agricultura "brasileira. Ainda 
assim, há características comuns com os períodos iniciais, ou seja, a busca de um aumento da 
produção, por meio da expansão de área, como recurso disponível e, portanto, "barato. 
Essa tendência perdurou no Brasil como um todo, durante muito tempo, e até 
recentemente. Em rigor, pode-se dizer que, até 1960, a maior parte do crescimento da 
produção agrícola no Brasil se deveu basicamente à expansão da área cultivada e do trabalho. 
A colonização das terras que hoje compõem o Brasil começou por volta da metade 
do século XVI. Diferente do padrão que se desenvolveu nas colônias espanholas, no Peru e 
no México, ela não se "baseou numa economia de mineração,destinada a render lucros 
máximos e a explorar os recursos múltiplos da mão-de-obra. Não tinha também intenções 
políticas ou religiosas, como foi o caso das colonizações primitivas da Nova Inglaterra. Ao 
contrário, a ocupação do território brasileiro foi, em primeira análise, um empreendimento 
agrícola - exportador. O seu sucesso não era tanto uma questão de boa organização no nível 
do produtor, mas na habilidade comercial para formação de um mercado crescente, para um 
produto praticamente novo. Os portugueses, que haviam tentado a produção de açúcar nas 
ilhas da Madeira e São Tomé, viram a produção 'brasileira superar em muito a das ilhas. Os 
holandeses, por sua vez, refinaram o açúcar " brasileiro, e o tornaram conheci do em toda a 
Europa. 
 6 
Da metade do século XVI até a metade do XVII, foi grande a expansão da 
economia açucareira no Brasil, que era onde se encontrava a maior produção mundial. Apôs 
longos anos de sucesso econômico desta exploração, aconteceu a grande depressão desse 
ciclo, ocasionada pela concorrência do açúcar produzido nas Índias Britânica e Francesa 
Ocidental . 
Este período de depressão foi interrompido pela descoberta do ouro no Centro-Sul 
do País, cuja exploração intensa se estendeu até a penúltima década do século XVIII, quando 
ocorreu outra depressão. A produção do ouro diminuiu rapidamente, deixando as populações 
que se ocupavam de sua extração sem emprego alternativo, salvo as atividades de 
subsistência. 
Os primeiros 25 anos do século XIX foram marcados por importantes eventos 
políticos. A invasão de Portugal por Napoleão fez com que o Brasil se tomasse o quartel 
general da monarquia e do Império Português. Em 1822, aconteceu a independência política. 
Na primeira metade do século, o Brasil enfrentou sérios problemas econômicos 
com a exportação do açúcar e de algodão.Somente por volta de 1850 é que a economia 
começou a equilibrar-se com a exportação do café, que veio aproveitar a mão-de-obra deixada 
ociosa, desde o declínio da exploração do ouro. 
A cafeicultura enfrentou também sérios problemas,como o da mão-de-obra, 
especialmente quando cessou a importação de escravos, de desequilíbrio de oferta e procura, 
em virtude de grandes produções, e muitos outros. No início do século XX, o País enfrentou 
uma séria crise do café, seu principal produto, que refletiu em toda sua economia. 
Durante a grande depressão, experimentou um desenvolvimento industrial 
relativamente rápido. De 1929 a 1937, a produção industrial expandiu-se em 50% e a agrícola 
em 40%. Este crescimento já foi atribuído, principalmente ao financiamento deficitário do 
Governo,que comprou o café na tentativa de auxiliar o setor. 
A agricultura, em 1950, empregando 64,4% da população ativa, contribuiu 
somente com 28,9% do nosso produto liquido, enquanto, no setor secundário, o produto por 
pessoa era de 3,5 vezes mais e, no setor terciário, de 5 vezes mais. 
Estudos realizados com o objetivo de analisar o desempenho da economia 
'brasileira mostram também a existência de uma grande disparidade entre os setores. No 
período de 1920 a 1967, a produção expandiu-se a uma taxa anual de 4,8%, tendo a 
agricultura crescido apenas 4,1% ao ano, enquanto a indústria cresceu a uma taxa anual de 
6,1% o comércio 5% os transportes e comunicações 7,2%, ao ano. 
Nos últimos 12 anos, o produto real do Brasil cresceu a "uma taxa média anual de 
6,9%, com a industria apresentando 8,2% e a agricultura, 4,6% 
Considerando-se apenas os anos 1970-73, as posições relativas às taxas de 
crescimento foram semelhantes, ou seja, 10,6% para o total e 12,8% para a industria. 
Embora as diferenças nas elasticidades-renda da demanda por produtos agrícolas e 
industriais justifiquem, em parte, os números apresentados, deve-se notar que a conseqüência 
lógica das menores taxas de crescimento da agricultura foi a redução na participação do pró 
duto agrícola sobre o total, de 22,6%, em 1960, para 17,4% em 1968/69, e 14,8%, em 1973. 
 Como a parcela da população economicamente ativa empregada nas atividades 
agrícolas era de 53,7% em 1960, e de 44,3% em 1970, pode-se calcular que o produto por 
homem, no setor primário, corresponderia a 42% do produto médio global, em 1960, e passou 
para 38%, em 1970, com relativo decréscimo, que tende a ser mais acentuado nesta década. 
Recentes estudos especializados concluem que a agricultura nacional terá de 
crescer a uma taxa mínima entre 6 e 7% por ano, afim de garantir um acelerado processo de 
expansão da economia global,com um mínimo aceitável de inflação. Além deste crescimento 
quantitativo, terá que apresentar substanciais modificações na sua estrutura produtiva, dadas 
as tendências da demanda. 
 7 
É importante considerar fatos que estão ocorrendo na atualidade, tais como o 
rápido aumento nos preços da terra, a elevação dos salários rurais e o custo do petróleo que 
poderão causar modificações difíceis de serem previstas, ocasionando o entrave ao progresso 
esperado da agricultura. 
Ela, responsável pela alimentação, exercendo, portanto, papel fundamental e 
insubstituível na economia, precisa ser tratada de modo especial. Evitar-se-á, deste modo, o 
maior problema, ou seja, a grande defasagem deste setor da economia com os demais, o que 
certamente seria desastroso. 
O Brasil é hoje um dos maiores produtores agropecuários de todo o mundo. Em 
muitos produtos, ocupa lugar de realce, e, tornando-se a produção global, o seu valor é de 
fato significativo. 
Ha quem fale que o Brasil será o celeiro do mundo, na década de 80, e que o 
crescimento de nossa produção, se deixarmos de lado o café, é sem duvida encorajador. 
A produção "brasileira é ainda muito pequena, em comparação com a sua 
potencialidade, pois ela poderá expandir-se, em grande escala. Há muita terra inexplorada e 
terra mal explorada onde são baixos os rendimentos. São usadas espécies pouco produtivas, 
pouco fertilizantes, alem de ser o uso de defensivos ainda pequeno e, as vezes, indevido. 
 A modernização da agricultura, necessária, para que possa responder 
positivamente ao que dela se espera, implica um crescimento significativo da produtividade 
dos f atores de produção. Deverá fundamentar-se na ciência e na tecnologia, e não apenas na 
possibilidade de mobilizar maiores quantidades dos f afores tradicionais. 
A preconizada modernização apenas será viável, com investimentos em ciências 
agrárias, serviços de assistência aos produtores e investigações agropecuárias, sem o que não 
se conseguirá importar tecnologia, quando aconselhável, adaptar tecnologia alienígena,quando 
necessário, e gerar tecnologia compatível - com as condições ecológicas e socioeconômicas, 
O processo de desenvolvimento consiste, fundamentalmente, numa série de 
mudanças na forma e na proporção, relativamente ao modo pelo qual se combinam os fatores 
de produção, visando a alcançar combinações racionais, ao nível da técnica existente com o 
objetivo de aumentar a produtividade do trabalho. 
 
 
1.1 Iniciativas Brasileiras 
 
Historicamente, a linha mestra da política agrícola no Brasil foi constituída de um 
conjunto de medidas que estimulou o crescimento da produção, expandindo a fronteira 
agrícola. A terra é abundante no Brasil, e o trabalho poderia ser escasso, mas a escravidão evi-
tou este problema, enquanto durou. 
Houve problemas no auge dos ciclos econômicos, localizados em determinados 
pontos do País, todavia, o deslocamento de mão-de-obra de regiões onde havia excedentes, 
evitou escassez prolongada. 
Não se pode condenar esta política, porque os recursos terra e trabalho eram 
abundantes. 
Ao lado desta linha mestra, desde o início de sua Historia, os Governos Brasileirostomaram algumas medidas para aumentar a produtividade dos fatores terra e trabalho. Foi 
limitado o desenvolvimento das instituições de ensino e pesquisa, em ciências agrárias, 
contudo alguma coisa foi feita para assegurar um reservatório de conhecimento para ser 
usado, quando o desenvolvimento o exigisse. 
Datam do Império as primeiras iniciativas neste sentido. Em 1887, foi criado o 
Instituto Agronômico de Campinas. Em l8l2, D. João VI recomendava a criação de um curso 
de agricultura na Bahia. Em l8l4, foi criado um curso de agricultura no Rio. Entre l859 e l86l, 
 8 
foram criados vários institutos de agricultura nas províncias da Bahia, Pernambuco, Sergipe e 
outras. O objetivo era o fomento e o ensino prático de agricultura. Em l875 foi criada a 
Imperial Escola Agrícola da Bahia que diplomou a primeira turma em 1880. A Escola Elizeu 
Maciel entrou em funcionamento em 1883. A Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz 
foi inaugurada em 1901 e a Escola Superior de Agricultura de Lavras em 1908. Em 1922, foi 
criada a Escola Superior de Agricultura e Veterinária de Viçosa. 
 A seguir, várias instituições foram criadas, e, na década de 60, obteve-se outro 
fato notável que foi a criação de pós-graduação. 
Em períodos mais recentes, as condições favoráveis do mercado internacional e o 
elevado crescimento da demanda interna passaram a exigir um incremento de oferta que 
excedesse as possibilidades de expansão da fronteira agrícola. Compreendeu-se que a política 
precisava ser mudada. A política deve continuar a favorecer a expansão da fronteira agrícola, 
mas os aspectos ligados à modernização surgem como prioritários. 
A resultante desta nova fase foi o redirecionamento da política agrícola, agora com 
dois objetivos: expansão da fronteira agrícola e aumento da produtividade dos fatores terra e 
trabalho. 
Visando ao aumento da produtividade, vários mecanismos foram criados. Dentre 
outros, citam-se a política de preços mínimos, a experimentação e pesquisa, o ensino agrícola 
e veterinários, as centrais de abastecimento e melhoria da rede viária, o sistema de crédito 
rural, os subsídios ao uso de alguns fatores de produção, o armazenamento e a assistência 
técnica aos agricultores. 
Cada um desses instrumentos desempenha papel de máxima importância, e todos 
juntos e que formam um todo, que, acionado convenientemente, poderá dar o necessário 
suporte à agricultura. 
Hoje, é consenso unânime que ela não tem condições de crescer a taxas esperadas, 
sem o devido suporte de capital, obtido do crédito rural. Toma-se necessário preparar técnicos 
competentes nos assuntos agrícolas e correlacionados. Boas e objetivas pesquisas no campo 
de sementes, novas linhagens e raças, fertilizantes, defensivos e máquinas são necessários. As 
fabricas de insumos precisam aumentar sua, produção. A rede de transporte deve ser 
melhorada. A comercialização precisa ser assegurada, por uma eficiente rede de distribuição, 
os armazéns devem ser acrescidos e melhorados. Enfim, todo um complexo de instrumentos 
deve funcionar harmonicamente, com um só objetivo, todavia, se não houver um veículo 
constante e eficiente para levar ao produtor as informações da nova tecnologia, das 
possibilidades que eles têm, do que devem saber para que tomem decisões acertadas na 
administração de suas empresas, certamente a eficiência do sistema, como um todo, ficará 
seriamente comprometida, no entanto, como afirma Shultz, se o homem tiver acesso ao que a 
ciência sabe sobre agricultura, não precisará trabalhar muito para obter grande produção. 
 Para executar esta tarefa de levar as informações aos agricultores, foram criadas, 
no Brasil, várias instituições e dentre elas a Extensão Rural. 
Pretende-se fazer um estudo sobre o Sistema Brasileiro de Extensão Rural, sua 
filosofia de ação e as implicações no desenvolvimento socioeconômico. Para tanto, foram 
ventilados aspectos históricos da Extensão Rural, em outros países, até a origem, a expansão e 
a consolidação do Sistema no Brasil. A seguir, serão feitas considerações sobre a Empresa 
Brasileira de Assistência Técnica e Extensão Rural (EMBRATER), recentemente instituída, 
"buscando informar sobre as circunstâncias que motivaram a transformação do sistema em 
empresa e seus reflexos no desenvolvimento nacional”. 
 
 
 
 
 9 
2 O PAPEL DA EXTENSÃO 
 
No processo de desenvolvimento global ou dos diversos setores da economia, a 
função de transferência dos novos conhecimentos e idéias de progresso socioeconômico 
dependera cada vez mais da eficácia das instituições de Extensão. 
O desenvolvimento agrícola do século XX está intimamente ligado à Extensão 
Rural, que objetiva induzir o povo a interpretar e responder de maneira apropriada às 
mensagens de mudanças, em "benefício do meio rural, por meio da integração de forças 
atuantes da comunidade. 
Deduzimos, então, que o desenvolvimento agrícola não se traduz apenas em termos 
de aumento de renda monetária, embora esse aumento seja importante. Não se trata somente 
de aumentar a produção agrícola, embora substanciais aumentos dessa produção certamente 
sejam necessários, mas promover ou contribuir também para a promoção do bem-estar da 
população rural. Além disso, a agricultura precisa contribuir para o desenvolvimento 
econômico nacional, produzindo excedente de alimentos e fibras. Esse excedente será usado 
por outros setores da economia ou exportado, representando mais divisas para o País, e, 
finalmente, será transformado em receitas para que o Governo possa financiar os planos de 
desenvolvimento. O desenvolvimento agrícola é, portanto, uma peça do desenvolvimento 
global, e isto nunca deve ser esquecido. 
O êxito obtido pela Extensão Rural, desde seus primórdios, foi fruto 
principalmente da importância dedicada ao lado humano da agricultura. Com efeito, o fator 
humano apresenta-se como o mais importante dentre todos os outros envolvidos no processo 
de desenvolvimento, tendo em vista o objetivo de levar a agricultura a prosperidade. 
A Extensão Rural, com seu princípio fundamentalmente educativo, foi um dos 
mecanismos criados para solucionar os problemas do meio agrícola, integrando forças vivas 
da comunidade e objetivando minimizar as desigualdades, de modo que os frutos do 
progresso possam a madurecer para todos. 
 A Extensão Rural e, como trabalho educativo, é, em síntese, uma forma de 
investimento para criar novas formas de produção e de bem-estar. 
 
 
3 A HISTÓRIA - ORIGEM DA EXTENSÃO RURAL 
 
A extensão clássica surgiu nos Estados Unidos da América do Norte, como 
decorrência da necessidade de educar o elemento humano,que era o fator escasso, enquanto o 
segundo fator tradicional, a terra - era abundante. 
O objetivo era capacitar o homem para melhor aproveitamento da mão-de-obra, de 
modo a aumentar a produção e produtividade, com o uso simultâneo de credito e de novos 
insumos. Para isto, desde os últimos anos do século XVIII, foram organizadas associações 
agrícolas, para veicular informações junto aos agricultores sobre os novos métodos 
recomendados pelas universidades. 
Essas organizações multiplicaram-se por todo o País, levando à população rural as 
informações desenvolvimentistas. Tanto assim que, a partir da primeira metade do século 
XIX, já eram instituídos oficialmente, em várias regiões dos Estados Unidos, os Conselhos de 
Agricultura, que promoviam conferências públicas e cursos de curta duração, em trabalho 
conjunto com universidades e colégios. Assim, as atividades educativas foram intensificadas 
com a participação de técnicos dos governos federal e estadual, visandoa atingir o homem do 
campo e sua família. 
O sistema educativo continuou em expansão, tendo recebido grande impulso, na 
primeira década do século XX, motivado pelo aumento expressivo dos recursos financeiros 
 10 
federal e estaduais, destinados a esse fim. Com o uso de nova metodologia, expandiram-se os 
trabalhos de extensão agrícola, coordenados por uma associação a nível nacional e um serviço 
federal, que procuravam atingir sempre o maior número de famílias rurais. 
Duas leis básicas, a Lei Morrill de 1862, que deu origem aos Colégios de 
Agricultura estaduais e a Lei Morrill de 1890, que aumentou a ajuda financeira do governo a 
esses colégios, construíram o arcabouço desse sistema de educação informal, "pré-
extensionista". A primeira dessas leis, assinada pelo presidente Abraão Lincoln, preparou o 
advento da Extensão Rural ("Extension Service"). 
As instituições criadas, posteriormente, com o nome de "Land Grani College Act", 
correspondentes às faculdades de Agronomia e de Engenharia Mecânica, diante das 
necessidades de empreender pesquisas, foram criando suas próprias estações experimentais, 
como campo de ensino prático em bases científicas. Em 1887, os trabalhos de pesquisa e 
experimentação foram oficializados com a Lei Hatch, ficando sob a coordenação federal do 
Departamento de Agricultura. 
 Paralelamente, as instituições Land Grani exerciam atividades de extensão, 
visando a acelerar a aplicação prática dos novos conhecimentos agrícolas, utilizando 
metodologia apropriada:contatos pessoais, reuniões, conferências, demonstrações, 
distribuição de material informativo e educativo etc. Nesta ocasião, os governos estaduais e 
federal passaram a reforçar essas instituições com pessoal de seus próprios quadros, já 
chamados "agentes distritais", pois cada distrito rural queria contar com um "extensionista". 
Estes funcionários voltaram-se também para o trabalho com jovens rurais, procurando reuni-
los em clubes que, mais tarde, receberiam o nome de Clubes 4-H (Head, Heart, Hand, Health). 
 
3.1 A Consolidação 
 
As bases e diretrizes da Extensão Rural nos Estados Unidos foram formuladas pela 
Lei Smith-Lever, de 1914. Sentia-se a necessidade de serviços permanentes de orientação ao 
agricultor e sua família, razão pela qual foi instituída a Extensão Agrícola, em bases 
cooperativas, com a interveniência do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos e 
dos Colégios de Agricultura. Os principais trabalhos eram a difusão de informações úteis e 
práticas sobre agricultura e Economia Doméstica. 
 A Lei Smith - Lever foi emendada em 1953, mas os princípios e disposições 
básicas foram conservados, tais como: 
 
a) o caráter cooperativo dos trabalhos, entre os Colégios e o Departamento Federal de 
Agricultura; 
b) o campo de ação, abrangendo pessoas, sem distinção de idade, sexo, raça e condição 
econômica; 
c) o caráter educativo do trabalho, que devia veicular instruções em todos os aspectos de 
agricultura, Economia Doméstica e assuntos cor relatos; 
d) a ênfase ao ensino de caráter prático; 
e) a aplicação das dotações recebidas exclusivamente no trabalho de Extensão; 
f) a organização e a manutenção de um departamento próprio nos Colégios de 
Agricultura, para condução e manejo dos trabalhos "extensionistas" em cooperação com o 
Serviço de Extensão do Departamento de Agricultura. 
 
 O trabalho devia ser efetivado junto a toda população rural e seu conteúdo 
abrangeria práticas de comercialização, melhoramento dos lares e das construções rurais, 
planejamento da propriedade, melhoria dos níveis de nutrição e saúde, orientação ao 
 11 
agricultor, no sentido de ampliar suas alternativas para que pudesse conduzir seu trabalho 
com sucesso. 
Para cumprir sua tarefa, a Extensão foi organizada como um sistema nacional de 
educação informal, para jovens e adultos, levando-lhes instruções nos lares e nos campos, 
utilizando para isto recursos federais, estaduais, municipais e privados. 
 
 
3.2 A Evolução 
 
Na sociedade dinâmica em que vivemos, tudo que existe deve evoluir e se adaptar, 
sob pena de tornar-se obsoleto. Atendendo a essa evolução da sociedade, a fim de ajustar-se a 
uma agricultura em franco progresso tecnológico, a Extensão dos Estados Unidos passou 
por adaptações e transformações. 
No início do século XIX, 75% da população norte- americana era de agricultores 
que se encontravam na fase do arado, com tração animal. Na metade desse século, 66% dos 
trabalhadores do país estavam no campo, parcela que foi reduzida à metade, em 1875, e a 
quarta parte, em 1920. 
Cada trabalhador agrícola passou a produzir alimentos e matéria-prima para 
atender a um número sempre crescente de pessoas do setor não agrícola. Em 1930, um 
agricultor produzia para manter a si próprio e a sua família e alimentar quatro trabalhadores 
não agrícolas e suas famílias. Hoje, este agricultor já pode produzir para mais de 40 pessoas, 
portanto, verificaram-se mudanças profundas na agricultura e em todo o contexto 
socioeconômico do país, que exigiram mudanças radicais no Sistema de Extensão. Da 
orientação às atividades educativas, que visavam o aumento de produção, com conseqüente 
melhoria da renda e "bem estar do agricultor e sua família, a Extensão passou a objetivar o 
alcance da eficiência máxima, na década dos anos 50. O panorama mudou com a 
especialização das propriedades e a "busca da maximização do lucro, acompanhadas de perto 
pela orientação "extensionista". 
Assim, a idéia inicial de que o próprio agricultor poderia solucionar seus problemas 
perdeu sua substância, em função do progresso tecnológico e da característica empresarial dos 
negócios agrícolas, cuja demanda de novos conhecimentos não estava ao alcance dos 
agricultores. São alguns exemplos de fatores condicionadores da modernização das 
propriedades os novos mercados (externo e interno), os preços industriais de fertilizantes, 
máquinas, equipamentos, defensivos e outros insumos, as diretrizes da política 
governamental, a pesquisa e experimentação, as pressões múltiplas do processo de 
urbanização e te. Em suma, as decisões que antes eram próprias do agricultor passaram a fazer 
parte de uma reunião de entidades e pessoas, sempre com a finalidade de tomar as mais 
acertadas decisões sobre o negocio agrícola. 
A orientação dos programas de Extensão sofreu mudanças cujos reflexos estavam 
ligados ao comportamento da agricultura mais exigente em termos de mensagens 
"extensionistas". Com a transformação da propriedade em empresa, os problemas eram 
maiores e mais complexos, exigindo, muitos deles, soluções a nível urbano. Por isto, a 
Extensão se viu obrigada a incluir no seu trabalho o publico urbano, representado pelas 
autoridades governamentais, professores, economistas, industriais, jornalistas, enfim, toda 
sorte de liderança que, direta ou indiretamente, pudesse influenciar o setor agrícola. 
 A administração do lar ganhou importância, passando a constituir parte integrante 
da empresa agrícola que, em virtude da especialização, não produzia diversos alimentos para 
o consumo familiar, mas sua renda devia ser tal que permitisse a compra de alimentos, roupas 
e utensílios. A Extensão, em vista disso, passou a preocupar-se também em levar informações 
 12 
de economia domestica às donas de casa das cidades, para que pudesse contribuir e participar 
efetivamente de todos os serviços da ciência. 
 
3.3 A Generalização 
 
Mundialmente, era observada a experiência dos Estados Unidos da América, onde 
as universidades lecionavam disciplinas de caráter prático, novos conhecimentos eram obtidos 
pela pesquisa e levados aos agricultores de maneira viável. Eraa trilogia Ensino-Pesquisa-
Extensão. 
Outros países iniciaram a mesma experiência, adaptando às suas condições aquilo 
que era sucesso na América. A criação de Serviços de Extensão Rural se deu tanto em países 
desenvolvidos como naqueles mais atrasados e, apesar das adaptações, o caráter conceitual 
básico da Extensão Rural foi mantido e universalizado com sua incorpora cão ao patrimônio 
comum dos povos. 
Dos países que receberam, inicialmente, as idéias da Extensão e reagiram, dando 
ênfase ao trabalho "extensionista", podem ser citados os países "baixos, a Iugoslávia, o Japão, 
a Nova Zelândia, a Malásia, a Índia, o Sudão e Portugal, na totalidade destes países, os 
serviços tradicionais de fomento, defesa e inspeção agrícola, que ab sorviam número 
reduzido de técnicos disponíveis, aluavam sem entrosamento com os de Extensão, causando 
um paralelismo nocivo com dispersão das ações. Aos poucos, a aceitação da filosofia do 
trabalho "extensionista", em decorrência da atuação dos técnicos ligados a este serviço, foi 
modificando os aspectos de trabalho formal dos serviços agrícolas, culminando com a 
substituição pelo estilo de trabalho da Ex tensão. 
 Na América Latina, a Extensão atingiu todos os países, em alguns, como parte 
integrante do Ministério da Agricultura e, em outros, como órgãos independentes, mas 
integrados aos programas governa mentais. No entanto, o modelo original americano não 
apresentou resultados satisfatórios ao ser aplicado, em condições inteiramente diversas, com 
deficiências de cultura e de estrutura, tais como: reduzido número de "extensionistas", grande 
número de agricultores dispersos, em grandes distâncias, áreas servidas por estradas de baixa 
qualidade, muitas vezes intransitáveis, a tendência individualista do agricultor, sua 
heterogeneidade, quanto à estratificação socioeconômica, quanto as atividades e interesses, 
necessidades, aspirações e valores; tudo isso aliado às deficiências de estrutura e política 
agrária, precariedade de dados experimentais e informações de pesquisa agrícola aplicáveis às 
diversas regiões, os baixos níveis de renda, educação e saúde. 
Por causa de todos esses fatores, tornou-se necessária à adaptação do modelo a 
cada país, de acordo com a real idade. Alguns países deram ênfase ao trabalho de 
conscientização das populações rurais para que, alcançando o mínimo de desenvolvimento 
cultural, pudessem as similar e adotar melhor novas práticas e hábitos ao passo que, em outros 
casos, a existência de agricultura já em fase empresarial, permitiu o desenvolvimento de um 
trabalho mais especializado. Anteriormente, a assistência técnica ao produtor, na maioria dos 
países da América Latina, era realizada em função de programas específicos de expansão, 
considerados separadamente, tanto administrativa como funcionalmente, ou de programas de 
caráter geral, sem objetivos definidos. 
No Chile, há um Serviço de Extensão "Agrícola-Ganadera", para grandes e médios 
produtores, e um Instituto de Desenvolvimento Agropecuário, cuja clientela é composta de 
pequenos agricultores. 
No México, foi organizado um Centro Nacional de Produtividade, que desenvolve 
um programa com base no uso da comunicação de massa. 
 13 
No Peru, as Agências de Campo foram fortalecidas, aumentando-se o número de 
"extensionistas", por equipe, incluindo assistentes para Economia Domestica e para o 
programa de juventude, o que elevou substancialmente a capacidade de atendimento. 
Na Argentina, a evolução dos serviços agrícolas levou a uma estreita relação entre 
pesquisa e extensão, partes integrantes do INTA - Instituto Nacional de Tecnologia Agrícola, 
que promove a pesquisa e experimentação levando aos agricultores os novos conhecimentos. 
No Brasil, foram criados programas específicos para assistência técnica, conjugada 
com o Crédito Rural, para grandes e médios criadores, visando à Pecuária de Corte 
(CCTOEFE) e ã "extensão cacaueira", com área restrita à zona produtora de cacau, no Sul 
da Bahia (CEPLAC), depois que já funcionava um sistema geral de Extensão. 
Os agricultores da América Latina são ainda um grupo frágil, por falta de 
organização, motivo pelo qual o trabalho de extensão cuida, além desses aspectos de 
promoção e difusão, da reunião dos agricultores, com o fim de fortalecê-los e facilitar-lhes a 
assistência técnica e creditícia, por meio de cooperativas, sindicatos e outras formas de 
associonismo. Ao mesmo tempo, os serviços de Extensão procuram integrar-se com todos os 
serviços públicos e instituições diversas, numa tarefa comum, no sentido de criar e facilitar as 
condições básicas para que as idéias e técnicas difundidas possam ser utilizadas efetivamente. 
 
 
4 ORIGEM DA EXTENSÃO RURAL NO BRASIL 
 
 O processo histórico da agricultura brasileira mostra uma evolução gradativa do 
sistema de monocultura para o de explorações diversificadas, variando do nível mais 
primitivo até o de empresa com tecnologia moderna e métodos avançados de administração. 
A diversidade de condições ecológicas permite ao Brasil ampla variação de atividades 
agrícolas e pecuárias. 
Foi na década de 30 que autoridades e técnicos começaram a tomar consciência dos 
problemas gerados pelo desnível de crescimento entre a agricultura e os demais setores da 
economia nacional. 
Com o crescente processo de urbanização que o País sofria, cada vez mais, a 
implantação de uma nova política de ação era exigida. O Brasil necessitava de renovação na 
agricultura, pois o quadro geral se apresentava dominado pela agricultura tradicional, de baixa 
produtividade, com poucas regiões de agricultura comercial que procuravam atender às 
pressões crescentes da demanda. 
As atividades do Governo, em face dessas situações tão diversas, eram apenas o 
preparo de pessoal técnico, por meio do ensino formal de agricultura, a pesquisa e 
experimentação e o fomento da produção agropecuária. Sem levar em conta o agricultor como 
o beneficiário direto dessas atividades, que se limitavam ao seu campo natural, sem 
entrosamento com as demais, os conhecimentos técnicos não se trans feriam ao meio rural, 
nem os trabalhos de motivação para adoção de no vos métodos de ação e conquista de 
melhores níveis de bem-estar eram práticas desenvolvidas. 
De forma paternalista eram realizadas atividades de fomento, oferecendo a minoria 
privilegiada o acesso a uma tecnologia mais avançada na época, tais como sementes 
selecionadas, máquinas e implementos, reprodutores do planteis oficiais e insumos mais 
variado s. Era um sistema sem dinamismo, em que os agricultores de maior influência eram 
favorecidos pelo pronto atendimento, ao procurarem as sedes dos serviços localizados nas 
cidades. 
 
 
 
 14 
4.1 Principais Iniciativas Extensionistas no Brasil 
 
O sentido educativo da Extensão surgiu pela primeira vez no País, em 1930, na 
então Escola Superior de Agricultura e Veterinária do Estado de Minas Gerais (Viçosa), 
inaugurada anos antes, na gestão do Presidente Arthur da Silva Bernardes, pelo professor 
norte-americano Peter H. Rolfs. 
Como principal organizador, o professor Rolfs reuniu um grupo de professores da 
Escola e vários líderes rurais para o planejamento da Primeira Semana do Fazendeiro, 
promoção que marcou época. Desde então, todos os anos, durante as férias de julho, a 
Instituição recebe um número cada vez maior de agricultores aos quais são oferecidos cursos, 
com aulas e demonstrações práticas. 
 Num esforço de associar o ensino e a pesquisa aos trabalhos de difusão educativa, 
baseados nos métodos dos Land Grani Colleges foi criado um Departamento de Extensão. 
Nesta época, a Escola de Viçosa, graças à sua importância de âmbitonacional para a 
agricultura, na década de 40, havia sido transformada em Universidade Rural do Estado de 
Minas Gerais, instituição que teve enorme importância na expansão do sistema 
"extensionista". 
A primeira experiência de extensão, embora em campo bem limitado, deu-se no 
município paulista de Santa Rita do Passa Quatro, a partir de 1948. O estudo prévio dos 
problemas da agricultura revelou que a necessidade prioritária era a provisão de forragem 
para o gado leiteiro, no período de estiagem. Sendo a solução aconselhada a fazer com que os 
criadores construíssem silos-trincheira, desenvolveu-se um processo de motivação, à base de 
demonstração, com "trabalhos cooperativos", como foi denominada a experiência, 
envolvendo recursos dos próprios agricultores, de firmas locais e da Prefeitura Municipal, 
com assistência técnica da Associação Internacional Americana (AIA) e a cooperação do 
Governo Estadual, por meio das Secretarias de Agricultura e de Saúde. Esses"trabalhos 
cooperativos" estenderam-se a outros setores, interessando não apenas os criadores, mas suas 
famílias e a comunidade. Os trabalhos abrangeram também o município de São José do Rio 
Pardo, e foram executados até 1956. 
 
 
4.2 A criação do Sistema 
 
A mesma entidade privada americana (AIA), encorajada pelo sucesso dos 
"trabalhos cooperativos", em Santa Rita do Passa Quatro e São José do Rio Pardo, propôs-se a 
colaborar na criação de um Serviço de Extensão Rural, em bases permanentes. Escolheu o 
Estado de Minas Gerais para o lançamento da idéia, já conhecida e desejada por sua 
Universidade Rural, que poderia constituir um centro importante de apoio à implantação e 
futura expansão daquele serviço. 
Os entendimentos com o Governo Mineiro e com líderes de mentalidade 
progressista conduziram a assinatura de um convênio, em 6 de dezembro de 1948, entre o 
Governo do Estado e a AIA, pelo qual se fundou a Associação de Crédito e Assistência Rural 
(ACAR), com a finalidade de "estabelecer una programa de assistência técnica e financeira 
que possibilitasse a intensificação da produção agropecuária e a melhoria das condições 
econômicas e sociais da vida rural". A ACAR foi instituída como entidade civil, sem fins 
lucrativos, característica mantida em todas as Associações congêneres, posteriormente 
criadas, e que vieram a constituir o Sistema Brasileiro de Extensão Rural. 
 As atividades da ACAR tiveram início em janeiro de 1949, com apoio técnico da 
AIA, que colocou à sua disposição vários espécialistas em extensão agrícola e Economia 
 15 
Doméstica, para treinar brasileiros e assessorar o processo de implantação do programa de 
extensão. 
 As atividades de extensão logo se integraram às de credito supervisionado, 
cabendo à Caixa Econômica do Estado de Minas Gerais financiar esse tipo de empréstimo. 
De início, as atividades da ACAR’s eram designadas como "ajuda técnica e 
financeira" aos agricultores e donas de casa, aparecendo, em 1952, o termo "extensão". 
A partir dai, vários acordos e convênios trouxeram à ACAR o suporte financeiro e 
técnico, sendo eles firmados com o Escritório Técnico de Agricultura Brasil-Estados Unidos 
(ETA), com o Banco do Brasil, Serviço Social e Ministérios da Agricultura e da Educação e 
Cultura. Formalizou-se o entrosamento com a Universidade Rural do Estado de Minas Gerais, 
mediante convênio pelo qual esta transferia à ACAR as atividades executivas de seu Serviço 
de Extensão. 
Vários fatos e circunstâncias contribuíram para o surgimento da idéia 
"extensionista" e implantação do Serviço de Extensão Rural no País. Entre elas, a introdução 
da idéia de Extensão Rural nas Escolas de Agronomia, na época de guerra, em 1940, quando 
o Brasil necessitava aumentar sua produção agropecuária, para prover a subsistência dos 
contingentes militares, especialmente em o Nordeste. Não havendo pessoal especializado 
para levar avante um trabalho educativo, visando ao aumento rápido de produção, a ACAR 
firmou acordo com o "Instituto of Inter-American Affairs", órgão misto americano-
brasileiro para assuntos de agricultura, que promoveu o treinamento em Extensão Rural de um 
grupo de professores de sete Escolas de Agronomia, durante um ano de curso e estágios nos 
Serviços de Extensão dos EUA.Mas o ensino da Extensão nas Escolas só se consolidaria mais 
tarde em todas as Escolas de Agronomia e algumas de Veterinária. 
Outras iniciativas que contribuíram para implantar e assegurar definitivamente a 
prática da Extensão no País foram a Experiência de Itaperuna, experiência-piloto de 
desenvolvimento de comunidade rural, a cooperação da FAO, cuja ajuda técnica muito 
contribuiu. Mas o sucesso da ACAR, com os resultados convincentes alcançados em Minas 
Gerais, foi a maior contribuição para estabelecer decisivamente a Ex tensão Rural no Brasil. 
A partir de então, a pesquisa agrícola, o crédito rural, a assistência técnica, 
tradicionalmente voltados para os grandes fazendeiros, começavam a entrar pela primeira vez 
nas pequenas propriedades, levados pêlos "extensionistas", em forma de orientação 
educativa. O homem do campo, retraído, insulado, receoso e individualista, motivado pelo 
serviço de Extensão, começou a almejar melhores condições de vida e progresso. De 
localidade em localidade, foi sendo programado o cunho educativo dos trabalhos da ACAR. 
 Reconhecido o mérito da Extensão, em alguns anos o novo ti pó de trabalho seria 
introduzido nos outros Estados, passando gradativamente a abranger todas as regiões do País. 
 
 
5 CONCEITOS DE EXTENSÃO RURAL 
(Bicca, 1994) 
 
 Processo educativo informal, cooperativo, que busca levar as pessoas a responder, 
de maneira mais efetiva, às mensagens de mudanças nos campos tecnológico, gerencial, 
econômico e social, com vistas ao desenvolvimento sócio-econômico do meio rural, através 
da integração das forças produtivas da comunidade. 
 A Extensão rural ensina o povo a identificar seus próprios problemas, ajudando-o 
a adquirir mais conhecimentos e habilidades e o estimulando a encontrar alternativas de 
solução para as dificuldades com que se defronta. 
 16 
 A Extensão rural visa difundir conhecimentos e tecnologias agropecuárias, 
colocando-os a serviço do desenvolvimento rural, na sua diversidade ecológica e social. 
O processo de transferência de tecnologia agropecuária pode ser entendido como o conjunto 
de atividades educativas, de apoio e de comunicação que permitem a adoção de novas 
técnicas pelos seus usuários. 
 A promoção da família rural é o marco da extensão rural e deve ter como 
referência o desenvolvimento da agropecuária, através de processos educativos. Assim, deve 
ser evitada a prática do paternalismo. 
 O extensionista deve ensinar a pescar, nunca dar o peixe. Não é função do 
extensionista resolver os problemas dos produtores rurais e sim ajudar a resolvê-los. 
 Muito falamos sobre a extensão rural sempre como método educativo. Levando 
por esse ângulo gramatical, poderíamos afirmar taxativamente que em nosso país pouco se 
prática a extensão rural. 
 Apenas para se ter uma idéia, num encontro de diretores de serviços de extensão 
rural de 26 países em 1981, o grupo conclui que tal evento intitulado inicialmente como 
"Reforçamento da extensão rural na América Latina", deveria ser chamado de "Introdução da 
extensão rural na América Latina", já que raros eram os países que praticavam a extensão 
rural. Limitados estavam, a exercitar apenas atividades de fomento à produção, sendo a 
extensão rural, como processo educativo, pouco conhecida e praticada. 
 
 
5.1 Objetivos da Extensão Rural 
 
5.1.1 Objetivo Geral (Bicca, 1992) 
 
Contribui para o momento da renda doprodutor rural e a melhoria da qualidade de vida deste 
e de sua família, através da transferência de tecnologia. 
 
5.1.2 Objetivos Específicos 
 
- Prestar assistência técnica e educativa às unidades de produção, visando aperfeiçoamento do 
nível de conhecimento dos produtores, através da difusão tecnológica agropecuária e 
gerencial, voltadas para o aumento da produtividade; 
 
- Incentivar a organização dos produtores e comunidades, identificada com os interesses e 
necessidades dos mesmos; 
 
- Gerar, em integração com pesquisa, e difundir tecnologia adequadas e ajustadas às 
condições locais e/ou regionais; 
 
- Empregar diversos métodos de extensão rural, garantindo maior abrangência e eficiência da 
difusão de tecnologias; 
 
- Manter os produtores rurais devidamente informados e atualizados quanto às políticas 
agrícolas (crédito, seguro, agrícola, etc.), além da comercialização de produtos. 
 
 
 
 
 
 17 
5.2 Princípios Educativos da Extensão Rural 
 
 A extensão rural baseia-se em alguns princípios pedagógicos imprescindíveis na 
elaboração e execução de programas de desenvolvimento rural. 
 
Eis alguns deles: 
 
a) Fundamenta-se no planejamento participativo, o que significa que a atividade extensionista 
deve ser planejada, executada e avaliada com a participação do público; 
 
b) Desenvolve suas atividades em estreita articulação com as instituições de ensino e 
pesquisa, e em cooperação com outras instituições voltadas para o desenvolvimento rural; 
 
c) Tem como ponto de partida as condições locais existentes, iniciando com atividades de 
ensino simples e prático, fáceis de serem assimiladas a fim de possibilitar um elo de confiança 
com o produtor. Baseia-se em fatos conhecimentos concretos das situações, afim de permitir 
programações realísticas e viáveis; 
 
d) Variação do método conforme necessidades dos grupos. Utilizada para ações 
metodológicas próprias para distintos grupos, associada aos diferentes meios de 
comunicações; 
 
e) Incentiva o desenvolvimento e a participação da liderança voluntária; 
 
f) Precisa ser plenamente apoiada e legitimada pelo poder público; 
 
g) Seus programas, métodos e procedimentos devem passar por um processo contínuo de 
observação e avaliação; 
 
h) Contribui, decisivamente, para despertar o produtor quanto ao importante papel que ele 
representa no contexto geral de desenvolvimento, e para o fortalecimento das relações 
técnico-produtor; 
 
i) Seus objetivos devem ser claros e bem definidos, baseados na cultura, nas necessidades e 
nos interesses do público a que se destina. 
 
 
5.2 Funções do Extensionista (conforme Bicca, 1992) 
 
 As atividades da Extensão Rural são realizadas por agrônomos, médicos, 
veterinários, zootecnistas, técnicos agrícolas, assistentes sociais, etc., treinados e capacitados, 
denominados extensionistas. 
 O extensionista rural exerce papel imprescindível no contexto nacional, pois, além 
de ser um veículo capaz de propor tecnologia adequadas aos produtores rurais, ainda os 
deixam capacitados para a sua utilização de maneira a proporcionar aumento da produção, da 
produtividade e da renda líquida, melhorando as suas qualidades de vida. Porém, é preciso ter 
em mente que o extensionista rural isoladamente não é capaz de promover o desenvolvimento 
do meio rural, se não tiver apoio de outros serviços dos quais depende, em grande parte, o seu 
sucesso. 
 
 18 
 A seguir abordaremos algumas das funções exercidas pelo extensionista rural: 
 
- Estudar a situação existente na área de atuação, em relação aos recursos naturais e humanos, 
de modo que obtenha subsídios suficientes ao planejamento do programa de ação. Assim, 
organização da comunidade, família, valores culturais, crenças, costumes, relevo, clima, 
fontes de água, cultivos, etc., constituem-se em importantes dados. 
 
- Desenvolvimento as lideranças, com o fim de expandir o programa de ação. O líder tem 
seguidores para as suas idéias, para as suas atitudes, o que implica na incorporação à 
metodologia extensionista do trabalho com a liderança, visando promover mudanças entre as 
populações rurais. 
 
- Realizar demonstrações de métodos, técnicas ou práticas e de resultados em agropecuária. 
Deve-se Ter domínio da matéria e do método de ensino a ser aplicado. 
Estimular a organização de grupos, bem como envolver os já existentes, visando expandir 
programas educativos. 
 
- Ajudar os grupos formais e informais da comunidade a desenvolver programas. Deve-se 
conhecer a estrutura social e valores culturais da comunidade. 
Difundir informações entre as pessoas da comunidade, sobre práticas agrícolas, melhoramento 
do lar (saúde, higiene, alimentação, etc.), comércio, etc. 
 
- Manter as pessoas das comunidades informadas sobre as atividades e realizações do 
programa, por meio de reuniões, rádio, TV, jornais, publicações e contatos pessoais. 
 
- Manter boa relação entre todos os escritórios e organizações existentes. 
 
- Organizar excursões, com propósitos bem definidos. 
 
- Fazer ajustes necessários para que as visitas de especialistas sejam úteis a ele e às pessoas da 
comunidade. 
 
-Manter o escritório em boas condições de trabalho. 
 
- Ajudar na avaliação do programa, mediante a obtenção e análise de dados estatísticos, 
informes narrativos e outros. 
 
 Enfim, o extensionista aplica série de métodos que compõem o processo 
educativo. Se estes métodos forem empregados em concordância com o local de trabalho, de 
seu solo, clima e, sobretudo, com o nível cultural, social e econômico dos produtores, o 
extensionista feito seu papel com eficiência e eficácia, promovendo a família rural, com base 
no desenvolvimento da agropecuária. 
 O extensionista possuindo índices de criatividade e inteligência, pode superar em 
parte as deficiências estruturais. Na medida em que desenvolve sua capacidade de 
envolvimento, de percussão, ele estará se auto capacitando como "um agente de 
desenvolvimento". 
 
 Para ser extensionista, não basta apenas ser um tecnicista, mas também um 
humanista. Para o bom desempenho das suas funções o extensionista precisa ter amplos 
conhecimentos sobre determinadas disciplinas, matérias ou temas: 
 19 
 
a) História, filosofia, objetivos e organização do trabalho de extensão; 
 
b) Processo de aprendizagem e métodos de ensino; 
 
c) Preparo e execução dos programas de extensão; 
 
d) Sociologia rural aplicada ao trabalho de extensão. 
 
e) Antropologia cultural aplicada e psicologia educativa e social; 
 
f) Liderança Rural, Relações Públicas e Humanas; 
 
g) Organização e funcionamento de organizações, comunicações orais, visuais e escritas; 
 
h) Avaliação do trabalho de extensão 
 
 Resumindo-se, pode-se dizer que o extensionista deve ter conhecimentos básicos 
não somente sobre o que ensinar (agronomia, zootécnica, economia doméstica, etc.), também 
sobre como ensinar (métodos de ensino, comunicações orais e escritas, psicologia, etc.). 
 
* Necessidades e Como Determina-las (Bicca, 1992) 
 
 Um dos princípios da extensão é correlacionar os trabalhos as necessidades do 
público meta. 
 
 Dos problemas existentes surgem as necessidades para formularem programas, 
que se entende por necessidade? 
 
 Necessidade é uma condição que estimula o indivíduo a atuar e que o motiva. Esta 
condição pode ser de natureza: Biológica – sentir sede, fome, calor, frio, cansaço, etc.; Social 
– como medo de ladrões toma precauções, fechar a janela, ao adquirir um carro aprender a 
guiá-lo, etc. 
 
 Podemos afirmarque necessidade é uma preocupação, insatisfação ou 
inconformidade, as quais produzem no indivíduo uma tensão, desequilíbrio, que o faz atuar 
para procurar estabelecer o equilíbrio. 
 
Quando se sabe o que quer, luta-se com mais vigor e interesse. 
 
Por que é importante conhecer as necessidades? 
 
São as necessidades que motivam as pessoas a atuarem. Elas aprendem melhor quando estão 
motivadas. A aprendizagem é mais rápida quando o indivíduo está interessado a acha 
importante a recomendação apresentada. 
 
Como conhecer as necessidades? 
 
Por isso deve-se seguir métodos especiais: 
 20 
 
Entrevista Coletiva e Informal, através de reuniões. Rápido e útil para assuntos gerais da 
comunidade. Deve-se ter cuidado, pois poucas pessoas podem expressar problemas de toda a 
vizinhança. 
 
Entrevista Individual, formas com questionário utilizado para assuntos individuais. As 
pessoas podem não entender perguntas e dizerem que não têm problemas. Recomenda-se 
provar ou testar questionário com pequeno grupo para ver se entendem as perguntas e 
produzem o tipo de resposta que se está interessado. 
 
Observação Sistemática, Ideal utilizando roteiro. Prevê o uso de categoria para orientar as 
observações. Como é possível observar-se tudo o que ocorre numa situação especifica? 
É necessário planejar de antemão "o que vai observar" e, posteriormente, exercer controle 
sobre as observações. 
 
 
5.4 Fases no Trabalho de Extensão Rural (Bicca, 1992) 
 
 Em todo trabalho de extensão rural é interessante a observação de quatro fases 
distintas: 
 
01 – Levantamento; 
 
02 – Planejamento; 
 
03 – Execução; 
 
04 – Medidas de Resultados. 
 
A - Levantamento 
 
 Diz respeito à identificação abrangente de tudo que circunda a comunidade, 
permitindo, assim, a elaboração de um diagnóstico atualizado de sua presente situação, 
confrontando com as experiências dos produtores e da sociedade. 
 Neste levantamento, diferentes observações podem ser feitas e vários dados 
podem ser coletados. Os técnicos tornam-se conhecidos e conhecedores de todos os fatos e 
particularidades dentro da região de trabalho. 
 Assim sendo, os dados geográficos, recursos naturais, meios de comunicação, 
saúde e sócio culturais, demográficos, econômicos, administrativos e da agropecuária local, 
são componentes imprescindíveis quando da elaboração do diagnóstico da comunidade. 
 Nesta fase são identificados os problemas, as necessidades e os interesses da 
população rural envolvida. 
 
B - Planejamento 
 
 Trata-se da elaboração do programa propriamente dito a ser desenvolvido com a 
comunidade. Deve ser realizado de forma participativa, em todos os níveis, desde a 
comunidade rural, passando pelo município, estado, até à nível nacional. 
 21 
 O planejamento participativo constitui um processo político, um contínuo e 
dinâmico propósito coletivo, caracterizado pela presença ativa, consciente, deliberada e 
decisiva da comunidade, através de seus líderes mais autênticos. 
 Quando da realização do planejamento deverão ser levados em consideração os 
problemas inerentes aquela comunidade. Estabelecendo ordem de prioridade de acordo com a 
sua importância, estratégia, disponibilidade de recursos e capacidade executiva. No 
planejamento devem ser inseridos os objetivos bem como os recursos metodológicos a serem 
empregados quando da execução do programa. 
 
C - Execução 
 
 É a fase de realização ativa do trabalho, onde se executa o programa. A execução 
do programa deverá ser feita, coerentemente com a atuação por objetivos propostos, através 
da implementação das atividades afins. Um dos pontos importantes nesta fase é a participação 
dos produtores nos trabalhos da extensão programados. 
 Estes nunca devem ser feitos tendo em vista somente o interesse da organização 
responsável pela assistência técnica. Assim, os interesses devem ser conjugados. 
 A participação dos produtores é a revelação de que, realmente, estão integrados no 
problema ou no programa que se vai executar. 
 
D - Medidas de Resultados 
 
 A medida de resultados ou avaliação corresponde à análise dos trabalhos em 
andamento e dos resultados alcançados, baseada no planejamento participativo. 
 Portanto, de igual feitio deve ser feita com a participação de todo o grupo 
envolvido. 
 Nesta o extensionista pode mensurar a eficiência dos trabalhos realizados 
 
 
6 A CONTROVÉRSIA HISTÓRICA SOBRE O PROCESSO EDUCATIVO 
DA EXTENSÃO RURAL 
 
 A extensão rural baseada no modelo norte americano se organizou no Brasil a 
partir de 1947/48. Como vimos, depois da experiência inicial ocorreu uma expansão rápida 
deste tipo de serviço, com a criação das ACAR, nos estados da federação. Este crescimento 
horizontal teve como pólo orientador a ACAR – MG, que contou com assessores norte-
americanos e treinou seu pessoal nos Estados Unidos. 
 É da ACAR – MG que saem os primeiros extensionistas-instrutores, aos quais 
caberá a tarefa de orientar a organização de outras entidades e ministrar cursos sobre extensão 
rural para os novos extensionistas que passam a ser contratados. Esta análise ficaria 
incompleta se não fosse mencionado o papel da Escola Superior de Agricultura e Medicina 
Veterinária de Viçosa – MG, que, fundada em 1928, sofreu desde o início a influência norte-
americana, e, por sua vez, influenciou na internalização da instituição extensão rural. 
 As influências externas vão mais longe, pois como relata Luppi (s.d.11), quando 
da criação da ACAR – MG, “Além da sua contribuição financeira; que no primeiro acordo era 
de 5%, a AIA forneceu os primeiros técnicos americanos que, com experiência trazida de seu 
país, ajudaram a implantar a ACAR nos moldes do Farm Home Administration e do 
Extension Service. Um destes técnicos foi Mr. Walter L. Crawford, que foi diretor da ACAR 
por alguns anos”. 
 22 
 É pois sob a influência daquilo que já fora instituído nos Estados Unidos, que, a 
partir de 1952, começam a ser realizados os treinamentos para extensionistas brasileiros, 
sendo os primeiros para os Supervisores, para logo em 1956, “a ABCAR fixar uma política 
de treinamento permanente... Nessa ocasião, nas instalações da Fazenda Ipanema, perto 
de Sorocaba (SP), pertence ao Ministério da Agricultura, eram ministrados cursos 
de treinamento em serviços de Engenharia Rural, de Extensão Rural e Economia 
Doméstica, esses dois últimos realizados por força de convênio com o ETA-Projeto n.º6, de 
1955. 
 Em 10 anos, foram aí treinados 400 técnicos para o sistema ABCAR”. (Araújo et 
elii; 1981, p. 18) Com o crescimento das filiadas do Sistema ABCAR, passaram a ser criados 
centros de treinamento regionais – CETREINO (Nordeste), CETREISUL (R.G.Sul), CEE 
(Viçosa – MG) e, logo em seguida surgem os Centros de Treinamento (CETRE), criado 
em Florianópolis (SC), onde foram treinados muitos dos extensionistas gaúchos e 
grande número de professores das áreas de Ciências Rurais das nossas Universidades.. Esta 
seqüência de informações tem por finalidade indicar o estreito vínculo que se estabelece, ao 
longo dos anos, com as orientações centrais destinadas à capacitação do pessoal, o que, de 
certa forma, viria a garantir uniformidade nos conhecimentos. Tanto isto é verdade, que em 
certa época, os formandos de Agronomia da UFSM eram dispensados do curso de “Pré-
Serviço” na ACAREC, ACARPA e ASCAR, posto que os professores haviam sido treinados 
pelo Sistema e o currículo da disciplina se adequava às necessidades do extensionista. 
 A capacitação dos extensionistas consistia, sobretudo, na reprodução de uma série 
de conhecimentos sobre ensino-aprendizagem, processos de adoção,liderança, 
comunidades, crédito rural. 
 O objetivo central, no entanto, era ensinar ao extensionista os métodos e 
estratégias que deveriam ser utilizados para fazer com que os agricultores e suas famílias 
passassem a adotar inovações tecnológicas na agricultura e no lar, bem como garantir a 
ideologia que deveria orientar a ação geral dos extensionistas. 
 De certa forma, a 1.ª Reunião de Especialistas em Treinamento (ABCAR; 1958) 
confirma esta generalização. O documento diz que “Considera-se como treinamento de 
Capacitação Inicial de Técnico o preparo e aperfeiçoamento teórico e prático a que são 
submetidos os técnicos antes de ingressarem no Serviço de Extensão Rural”. (p.11). E vai 
além, ao afirmar que “O treinamento tem sido um dos fatores fundamentais para o 
desenvolvimento da Extensão Rural no Brasil, não somente pela uniformização dos seus 
princípios doutrinários, mas também, pela oportunidade que tem dado a diversas pessoas de 
desenvolver suas potencialidades, capacitando-as à realização de um trabalho de educação 
extra-escolar”. (p. 5) 
 Os Especialistas em Treinamento, reunidos nesta ocasião (nominalmente citados 
nas pags. 30-31 do documento supra citado, são em grande número pertencentes ao AIA e 
ETA) decidem pelo estabelecimento de um currículo mínimo para os treinamentos 
iniciais, constituído por oito disciplinas básicas: Extensão Rural, Noções de Crédito 
Rural, Administração Rural e do Lar, Higiene Rural, Relações Públicas e Associativismo 
Rural. Extensão Rural, com 125 horas abrange o maior tempo curricular de um curso de 
oito semanas, enquanto Sociologia deverá ter uma carga mínima de dez horas. 
 A partir destes esforços a ABCAR passa a garantir a reprodução ideológica de 
seus princípios, dando “forma” aos extensionistas que ingressam no sistema, considerados 
como “agentes de mudanças”, aos quais são impostos deveres e responsabilidades. 
 Não requer este estudo que se entre em detalhes sobre os aspectos gerais dos 
treinamentos, é fundamental, no entanto, que sejam verificados alguns dos princípios teóricos 
brasileiros da prática extensionista, cujo detalhamento é oferecido nos documentos do sistema 
ABCAR – EMBRATER. 
 23 
 A visão de comunidade ensinada aos extensionistas, diz que “poder-se-ia conceber 
a comunidade como um grupo de pessoas que vivem em uma área definida e que 
reformam uma unidade cultural integrada, tal como um todo composto de partes 
independentes”. 
 CETREISUL (1964) esta visão funcionalista, implicará nos pressupostos teóricos 
que orientaram o “desenvolvimento das comunidades”. Vem daí o segmentos dos 
chamados “líderes” formais e informais que se tornaram auxiliares dos extensionistas. E 
também, a partir daí, que o desenvolvimento rural passa a ser visto, pelas organizações 
extensionistas, como um processo de sociedade rural. Logo, desenvolvimento é resultado de 
melhoramentos dos aspectos estruturais e culturais, o que implica em mudança social. Assim 
o extensionista passa a ser considerado um agente “cuja missão fundamental é produzir 
mudanças na agricultura, concebida como uma atividade na qual entra em jogo tanto o 
agricultor quanto a família”. 
 Dentro desta mesma perspectiva teórica, a extensão é considerada como 
uma “empresa educativa”, porque “A extensão promove educação. Seu objetivo é elevar o 
nível socioeconômico da família rural, levando-lhes novos conhecimentos, 
desenvolvendo habilidades e, acima de tudo, formando novas atitudes”. 
 Do mesmo modo, às teorias (e leis) da aprendizagem correspondiam, de uma 
forma clara, os métodos de trabalho utilizados, chamados de “métodos de extensão”. Assim, 
se o objetivo é informar sobre determinada prática, usa-se a reunião-palestra, se se pretende 
ensinar uma habilidade, deve-se adequar o método, usando uma demonstração, e assim por 
diante tratasse da reprodução do instituído no exercício da prática do extensionista. 
 Diversos autores, especialmente norte-americanos, desenvolveram pesquisas 
que passaram a servir de subsídio à extensão rural. Everett M. Rogers pode ser considerado 
o “papa” deste tema, tendo com ele realizado pesquisa, em países do terceiro 
mundo, inúmeros outros estudiosos do assunto. 
 Com acuidade científica foram estudados os mecanismos que levam os 
agricultores a adotar inovações, os processos de comunicações que favoreciam ou 
dificultavam a adoção, inclusive o papel do “líder” rural e dos efeitos da heterofilia e 
homofilia que poderiam ser resolvidos através dos líderes, bem como dos tipos de mudança 
social que poderiam ocorrer numa comunidade. 
 Rogers define estratégias de comunicações como um plano para mudar o 
comportamento humano em ampla escala através da transferência de novas idéias”. A 
constatação destas fundamentações da extensão rural, que, historicamente, se apresenta como 
um “processo educativo”, implicaria no surgimento da crítica ao extensionismo – 
difunsionista. 
 Paulo Freire, ao escrever Extensión o Comunicatión? centra sua análise no 
modelo de ação dos extensionistas. Segundo ele o agrônomo trabalha para a transferência de 
tecnologia, sem levar em conta o saber de seu público. Neste processo diz Freire (1983:67) 
não há comunicação, porque “o que caracteriza a comunicação enquanto este comunicar 
comunicando-se, é que ela é diálogo, assim como o diálogo é comunicativo. Desta forma, na 
comunicação não há sujeitos positivos. 
 Os sujeitos co-intensionados ao objeto de seu pensar se comunicam seu 
conteúdo”. É esta prática extensionista-difunsionista propostas por Rogers e seguida 
pela extensão rural no Brasil, que leva Freire (1983) a concluir que “parece claro o equívoco 
ao qual nos pode conduzir o conceito de extensão: o de estender um conhecimento técnico 
até os camponeses, em lugar de (plena comunicação eficiente) fazer do fato concreto ao qual 
se refira o conhecimento (expresso por signos lingüísticos) objeto de compreensão mútua 
dos camponeses e dos agrônomos”. (p.70) Desta forma, verifica-se que as bases teórica que 
orientam a “educação”, na prática extensionista, exigem uma atitude autoritária. 
 24 
 Se a mudança deve ser “induzida”, se a percepção da necessidade de mudança é 
exógena, se é a entidade, o Estado ou o técnico que a percebem e se, por outro lado, também 
vem de fora da “comunidade” da tentativa de solução dos problemas detectados, normalmente 
pela transferência de tecnologia, cria-se um cenário próprio para uma educação autoritária de 
cima para baixo e, sobretudo, antidialógica, na medida em que o sujeito da relação é o 
extensionista, ao qual cabe a tarefa de transferir idéias para seu “público”. Esse público, no 
caso, será passivo, objeto receptor de informações. Diante da constatação desta prática, Freire 
(1983) vê o trabalho assim desenvolvido como uma espécie de “adestramento” técnico dos 
agricultores e suas famílias, que sequer se apropriam do saber mesmo porque segundo Freire 
(1983:27) “conhecer é tarefa de sujeitos, não de objetos”. Entretanto, na medida em que os 
extensionistas são orientados para a inculcação de novas idéias, para fazer com que seu 
conhecimento técnico seja prevalecer nas relações com o povo rural, de forma a garantir pela 
“modernização” as mudanças que possam fazer do setor “atrasado” um setor “moderno”, 
mediante a introdução de elementos que quebrem o equilíbrio de determinado “sistema 
social” para que este se reequilibre num patamar mais elevado após a “adoção das novas 
idéias”, fica claro que esta expressão “extensão educativa” só tem sentido se toma a educação 
como prática da “domesticação”. 
 Mas, “educar e educar-se, na prática da liberdade, segundo Freire (1983, p.25), 
não é estender algo desde a “sede do saber” até a “sede da ignorância” para “salvar, com este 
saber, os que habitam nesta”.Não obstante o debate crítico proposto para Paulo Freire, o difunsionismo 
prevaleceu como orientação maior da prática extensionista. 
 O processo educativo, presente em todas as definições sobre extensão rural, é 
encarado como meio para fazer com que a população rural “atrasada” compreenda a 
necessidade do progresso que passe a modernizar suas atividades. Este processo parte do 
princípio que “desenvolvimento” é um tipo de mudança social na qual se produziu novas 
idéias em um “sistema social”, e que a via para o desenvolvimento pode se dar pela 
modernização, ou seja. “o processo pelo qual os indivíduos mudam de forma de vida 
tradicional, para um mais complexo, tecnologicamente avançado e rapidamente mutável, 
estilo de vida”. 
 Era necessário, pois, educar o povo rural para torná-lo predisposto a mudanças, 
ou seja, para fazer com que as novas idéias introduzidas desde fora, fossem adotadas. Deve 
o extensionista, portanto, apoiar seu trabalho numa teoria sólida, que permita sucesso 
na tarefa educativa. 
 Esta teoria, de adoção de inovações, parte do pressuposto de que a adoção é uma 
ação que se dá numa determinada situação, ou como explicitam os autores Kaveus e Rogers 
(1972, p. 38) “A adoção de inovações é uma conduta que implica ação. Isto é, os indivíduos 
não existem no vazio. Estão comprometidos em uma situação social, atuando e orientando sua 
ação para algum fim”. Partindo daí, verifica-se porque o educador extensionista deverá 
influenciar para que a ação do povo rural, se movimente em uma direção desejada por ele - 
“educador” - e, no caso, para a adoção de processos técnicos capazes de modernizar as 
atividades agrícolas, aumentando a renda e propiciando seu ingresso no mercado, de forma a 
fazer dinâmico o processo de mudança. 
 Este modelo de educação para adoção, instituído, que via na modernização 
uma alternativa para as mudanças estruturais, como os próprios autores americanos 
ressaltam, encontra outros opositores, ao longo de sua história, no Brasil. 
 Cabe destacar um grupo de professores universitários que, reunidos por ocasião da 
XVI Reunião Anual da Associação Brasileira de Educação Agrícola Superior, em 1976, 
questionou o ensino da Extensão Rural nas Universidades brasileiras e passou a debater o 
tema em reuniões sucessivas, propondo um novo currículo para a disciplina. 
 25 
 A preocupação destes professores, segundo indicam os documentos, estava 
centrada na “tentativa de mudar a abordagem tecnicista tradicional de uma extensão rural 
importada de realidade econômica e social diversa da brasileira, para uma abordagem voltada 
para a compreensão dos problemas locais e a criação de alternativas e propostas de 
soluções adequadas aos mesmos”. 
 Apesar destes esforços o Sistema EMBRATER mantinha-se firme em suas 
bases teóricas, difusionistas, revelando, inclusive, sua tentativa de cooptar os professores 
que preconizavam mudanças na base teórica da extensão, ao co-patrocinar o II Encontro, no 
qual “Pretendia-se, em última análise, proporcionar uma oportunidade adicional para ampliar 
e aprofundar mais as reflexões já feitas, visando otimizar o “programa padrão” a 
ser implantado considerando, mais detidamente, os requisitos do SIBRATER“. 
 Os “requisitos”, no caso, diziam respeito ao tipo de profissional requerido pelo 
Sistema Brasileiro de Assistência Técnica e Extensão Rural, o qual deveria estar preparado 
para a transferência de tecnologia agropecuária, sendo um modo de ação baseado em 
processos educativos voltados para a mudança de mentalidade do povo rural de forma a 
introduzi-lo à modernização de suas atividades. 
 Sem dúvida, os extensionistas deveriam adequar-se às exigências da extensão 
rural oficial, para que pudessem agir pragmaticamente na realização dos seus programas. 
Deve-se considerar que a EMBRATER, já em seu Marco Geral de Referência (EMBRATER, 
1975), caracterizava como “altamente pragmático” o seu objetivo elaborado no sentido de 
“contribuir para o aumento da produção e produtividade da agricultura brasileira” (p.11), ao 
passo que, ao dizer necessário “explicar claramente sua ideologia de ação”, a empresa 
reafirma a sua “função básica” de “promover o aumento da produtividade na agricultura 
através do incremento, respectivamente, da produtividade da terra e do trabalho, sendo estes 
os pontos de convergência dos objetivos de desenvolvimento do setor e do produtor rural”. 
(p.17) 
 A educação, nesta perspectiva extensionista, passa a ser um instrumento através 
do qual o técnico desperta no povo rural, a necessidade de mudança, para, logo em 
seguida, propor o rumo, o caminho a ser seguido, quando indica as tecnologias agropecuárias 
e gerenciais que devem ser utilizadas para suprir as novas necessidades criadas. 
 Ao caráter de desequilibro introduzido pelo processo educativo, alia-se o caráter 
reequilibrador dado pelos processos e técnicas vindos de fora, ensinados pelo detentor do 
saber acadêmico, que proporcionará uma nova situação de equilíbrio, orientada pela mudança 
ocorrida, agora em um novo patamar. Ora, esta “educação” é, antes de tudo, um processo de 
persuasão, trabalhado pelo extensionista, consciente ou inconscientemente, a partir de 
mecanismos muito bem estudados. 
 Esta educação se dá mediante uma comunicação dirigida da fonte do 
receptor, num fluxo unilateral, portanto, autoritário e antidialógico, numa relação 
sujeito/objeto, sem sequer problematizar a inovação que estará sendo introduzida a partir 
deste processo educativo. 
 Há, como se pode observar, uma questão não resolvida na atuação extensionista 
no que diz respeito ao processo educativo. Assim, em diferentes momentos históricos, 
quando assumem destaque nos debates sobre extensão rural, coloca-se em “xeque” este 
processo educativo, partindo daí as principais propostas de alteração na atuação da extensão 
rural. 
 Neste sentido o ressurgimento dos movimentos sociais no campo e nas cidades, 
no final da década de 70, exige que a extensão assuma um discurso onde inclua a participação 
do público em suas atividades. 
 26 
 Desta forma, junto com a emergência dos conflitos no campo, quando se 
explicitam os desejos de mudança do povo rural, a extensão propõe o Planejamento 
Participativo, que será uma nova bandeira do extensionismo dos anos 80. 
 Do mesmo modo, passa-se a verificar, no discurso da extensão, propostas de 
mudanças na prática educativa. Ou seja, a extensão rural reconhece o equívoco da sua prática, 
embora não desenvolva mecanismos capazes de efetivamente transformá-la numa 
prática democrática. É assim que, mesmo quando incorpora a idéia do Planejamento 
Participativo (EMBRATER, 1981), imediatamente disseminada para as filiadas do Sistema 
(EMATER – RS; 1982), onde inclusive sugere-se a utilização das “linhas básicas da 
pedagogia de libertação, desenvolvidas por Paulo Freire” (p.3), a extensão rural o faz com os 
mesmo propósitos difusionistas, que baseiam sua ação nos moldes antes instituídos. 
 Certamente a mais forte e concreta atitude no sentido de mudanças, na 
questão educacional do extensionismo, viria a ocorrer depois de 1985. Em sua posse, em 15 
de maio de 1985, o Presidente da EMBRATER (EMBRATER; 1986) sinalizava para uma 
nova orientação, quando dizia que não priorizava “os pobres e os pequenos para mantê-los 
na pobreza e na dependência. Muito pelo contrário. A eles devemos servir com competência, 
a fim de que vençam a luta que travam, para que sejam menos penosos seus esforços, 
mais amplos os frutos de seus trabalhos e maiores as parcelas que deles consigam reter”. 
(p.8) 
 Para atuar junto a este público, o então Presidente propunha a construção de 
uma extensão rural democrática e popular e dizia que “Temos de tornar os nossos 
serviços acessíveis

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