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Indaial – 2022 RuRal Prof. Antônio Moreira Barroso Neto Prof.ª Nathalia Thayna Farias Cavalcanti 1a Edição ExtEnsão E ComuniCação Impresso por: Copyright © UNIASSELVI 2022 Elaboração: Prof. Antônio Moreira Barroso Neto Prof.ª Nathalia Thayna Farias Cavalcanti Revisão, Diagramação e Produção: Equipe Desenvolvimento de Conteúdos EdTech Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada pela equipe Conteúdos EdTech UNIASSELVI N469e Neto, Antônio Moreira Barroso Extensão e comunicação rural. / Antônio Moreira Barroso Neto; Nathalia Thayna Farias Cavalcanti. – Indaial: UNIASSELVI, 2022. 137 p.; il. ISBN 978-85-515-0499-4 1. Extensão rural. – Brasil I. Cavalcanti, Nathalia Thayna Farias. II. Centro Universitário Leonardo Da Vinci. CDD 630 Olá, acadêmico! Seja bem-vindo ao Livro Didático Extensão e comunicação rural. Sabemos a importância do agronegócio para o nosso país, no âmbito da agricultura patronal ou familiar. Vemos que esse setor é responsável pela geração de riquezas para o Brasil e, sem dúvida, para cada família que compõe a atividade agropecuária. Nesse contexto, levar informações para o campo de forma assertiva é papel fundamental do técnico, sendo ele o facilitador do processo de aprendizagem no campo. Dessa forma, a extensão rural é o elo entre a pesquisa científica e o agricultor. Nesse processo – por vivermos em uma sociedade da informação, em meio a constantes mudanças e avanços na ciência e tecnologia –, a comunicação ocupa um espaço de crescimento contínuo e ajuda a disseminar a informação, pelo uso de ferramentas que auxiliam no processo participativo de mudança no campo. Como veremos, os conceitos práticos da comunicação no Brasil estão vinculados ao processo evolutivo da extensão rural no país. O desenvolvimento rural e a comunicação estão, portanto, interligados, tendo em vista que a comunicação é utilizada pelos agricultores para tomada de decisão sobre como produzir; pelo Estado para definição das políticas agrárias; e pelas empresas para basear suas decisões e fluxos para compra de determinado insumo ou equipamento. Então, a comunicação é o processo norteador para uma extensão rural efetiva e participativa. Por meio de leitura, mediação, dialogicidade e dicas práticas em relação ao assunto, será possível aproximá-lo mais do que vem a ser a extensão e comunicação rural. Para que isso se torne possível, os conteúdos estão distribuídos em três unidades, subdivididas em tópicos e subtópicos. Cada tópico abordará algumas questões fundamentais para a compreensão do nosso tema: extensão e comunicação rural. Ao final de cada tópico haverá um resumo, que o auxiliará na aquisição do conhecimento, e a autoatividade, elaborada a fim de que você possa verificar o seu aprendizado. Na Unidade 1, apresentaremos o conceito e o valor da comunicação na extensão rural do Brasil. Traremos para discussão a contextualização da realidade rural brasileira, mostrando como a extensão rural tem papel fundamental no desenvolvimento do setor agropecuário. Serão apresentadas as principais fases históricas da extensão e comunicação rural no Brasil e sua organização durante os anos como política pública para o desenvolvimento da agropecuária brasileira. Na Unidade 2, continuaremos focando o tema nos princípios da comunicação e difusão de inovações no meio rural. Apresentaremos a comunicação no processo de transformação rural, com as diferentes fases do processo de comunicação que auxiliam na formação da comunicação para difusão de novas tecnologias. Aprenderemos os diferentes métodos de extensão para comunicação participativa e aprendizado dialógico. APRESENTAÇÃO GIO Você lembra dos UNIs? Os UNIs eram blocos com informações adicionais – muitas vezes essenciais para o seu entendimento acadêmico como um todo. Agora, você conhecerá a GIO, que ajudará você a entender melhor o que são essas informações adicionais e por que poderá se beneficiar ao fazer a leitura dessas informações durante o estudo do livro. Ela trará informações adicionais e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto estudado em questão. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material-base da disciplina. A partir de 2021, além de nossos livros estarem com um novo visual – com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura –, prepare-se para uma jornada também digital, em que você pode acompanhar os recursos adicionais disponibilizados através dos QR Codes ao longo deste livro. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com uma nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página – o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de ações sobre o meio ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Portanto, acadêmico, agora você tem a possibilidade de estudar com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Junto à chegada da GIO, preparamos também um novo layout. Diante disso, você verá frequentemente o novo visual adquirido. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar os seus estudos com um material atualizado e de qualidade. E, para finalizar, na Unidade 3, abordaremos as principais metodologias participativas e os processos de mobilização da comunidade rural, com foco nas ações dinamizadoras e nas tecnologias que auxiliam no processo de comunicação. Bons estudos! Prof. Antônio Moreira Barroso Neto. Prof.ª Nathalia Thayna Farias Cavalcanti Olá, acadêmico! Para melhorar a qualidade dos materiais ofertados a você – e dinamizar, ainda mais, os seus estudos –, a UNIASSELVI disponibiliza materiais que possuem o código QR Code, um código que permite que você acesse um conteúdo interativo relacionado ao tema que está estudando. Para utilizar essa ferramenta, acesse as lojas de aplicativos e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só aproveitar essa facilidade para aprimorar os seus estudos. QR CODE ENADE LEMBRETE Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela um novo conhecimento. Com o objetivo de enriquecer seu conheci- mento, construímos, além do livro que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você terá contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complementa- res, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento. Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo. Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada! Acadêmico, você sabe o que é o ENADE? O Enade é um dos meios avaliativos dos cursos superiores no sistema federal de educação superior. Todos os estudantes estão habilitados a participar do ENADE (ingressantes e concluintes das áreas e cursos a serem avaliados). Diante disso, preparamos um conteúdo simples e objetivo para complementar a sua compreensão acerca do ENADE. Confira, acessando o QR Code a seguir. Boa leitura! SUMÁRIO UNIDADE 1 - COMUNICAÇÃO, CAPACITAÇÃO E MOBILIZAÇÃO NO DESENVOLVIMENTO RURAL ........................................................................... 1 TÓPICO 1 - IMPORTÂNCIA DA COMUNICAÇÃO E EXTENSÃO RURAL NA FORMAÇÃO PROFISSIONAL ...............................................................................3 1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................3 2 CONTEXTUALIZAÇÃO DA REALIDADE RURAL BRASILEIRA ...........................................4 3 IMPORTÂNCIA DA EXTENSÃO RURAL ...............................................................................9 4 POLÍTICA NACIONAL DE ASSISTÊNCIATÉCNICA E EXTENSÃO RURAL (PNATER) ......11 RESUMO DO TÓPICO 1 ......................................................................................................... 15 AUTOATIVIDADE .................................................................................................................. 16 TÓPICO 2 - ORIGEM DA EXTENSÃO RURAL NO BRASIL .................................................... 19 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 19 2 COMUNICAÇÃO RURAL NO BRASIL: HISTÓRIA E DESENVOLVIMENTO ....................... 20 3 FASES DA EXTENSÃO RURAL NO BRASIL...................................................................... 22 4 ORGANIZAÇÕES DE ASSISTÊNCIA TÉCNICA E EXTENSÃO RURAL ..............................27 RESUMO DO TÓPICO 2 ........................................................................................................ 30 AUTOATIVIDADE .................................................................................................................. 31 TÓPICO 3 - O VALOR DA COMUNICAÇÃO NA EXTENSÃO RURAL .................................... 33 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 33 2 SURGIMENTO DOS ESTUDOS DA COMUNICAÇÃO RURAL NO BRASIL ........................ 33 3 COMUNICAÇÃO E O PROBLEMA DE DIFUSÃO DE TECNOLOGIA .................................. 34 4 COMUNICAÇÃO E OS DIFERENTES ENFOQUES DA EXTENSÃO RURAL ...................... 35 LEITURA COMPLEMENTAR .................................................................................................37 RESUMO DO TÓPICO 3 ........................................................................................................ 39 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................. 40 REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 42 UNIDADE 2 — PRINCÍPIOS DA COMUNICAÇÃO E DIFUSÃO DE INOVAÇÕES ................... 45 TÓPICO 1 — ABORDAGENS TEÓRICAS SOBRE O PROCESSO DE COMUNICAÇÃO ...........47 1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................47 2 FUNÇÕES DA COMUNICAÇÃO ..........................................................................................47 3 FORMAS DA COMUNICAÇÃO ........................................................................................... 50 4 COMUNICAÇÃO NO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO ............................................. 53 RESUMO DO TÓPICO 1 .........................................................................................................57 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................. 58 TÓPICO 2 - A COMUNICAÇÃO E A REALIDADE RURAL ...................................................... 61 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 61 2 O PAPEL DO COMUNICADOR RURAL ............................................................................... 61 3 PROCESSOS DE COMUNICAÇÃO RURAL........................................................................ 64 4 O FUTURO DA COMUNICAÇÃO RURAL ............................................................................67 RESUMO DO TÓPICO 2 ........................................................................................................ 69 AUTOATIVIDADE ..................................................................................................................70 TÓPICO 3 - COMUNICAÇÃO E DIFUSÃO DE INOVAÇÕES ...................................................73 1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................73 2 A TEORIA DA DIFUSÃO E ADOÇÃO DE INOVAÇÕES E SUA APLICAÇÃO ........................73 3 MÉTODOS DE EXTENSÃO RURAL E COMUNICAÇÃO RURAL .........................................76 3.1 INDIVIDUAIS ......................................................................................................................................... 76 3.2 GRUPAIS .............................................................................................................................................. 77 3.3 MASSAIS ..............................................................................................................................................78 4 POTENCIALIDADES E LIMITES DA AÇÃO DIFUSIONISTA NA PROMOÇÃO DO DESENVOLVIMENTO RURAL.......................................................................................79 LEITURA COMPLEMENTAR .................................................................................................81 RESUMO DO TÓPICO 3 ........................................................................................................ 84 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................. 85 REFERÊNCIAS ......................................................................................................................87 UNIDADE 3 — METODOLOGIAS PARTICIPATIVAS DE CAPACITAÇÃO E MOBILIZAÇÃO DA COMUNIDADE RURAL .................................................... 91 TÓPICO 1 — O PAPEL DOS MÉTODOS PARTICIPATIVOS NO PROCESSO DE PARTICIPAÇÃO POPULAR ........................................................................ 93 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 93 2 MODELO DIFUSIONISTA E PARTICIPATIVO: POTENCIALIDADES E LIMITES ............... 93 3 PRINCÍPIO METODOLÓGICO DO ENFOQUE PARTICIPATIVO ..........................................96 4 OS NÍVEIS DE PARTICIPAÇÃO POPULAR ....................................................................... 98 RESUMO DO TÓPICO 1 ....................................................................................................... 101 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................102 TÓPICO 2 - AÇÕES DINAMIZADORAS NO ENFOQUE PARTICIPATIVO ............................105 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................105 2 TÉCNICAS DE MODERAÇÃO PARA TRABALHO COM GRUPOS ....................................105 3 TÉCNICAS DE DIAGNÓSTICO PARTICIPATIVO..............................................................107 4 TÉCNICAS DE PLANEJAMENTO, MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO PARTICIPATIVA .......... 115 RESUMO DO TÓPICO 2 ....................................................................................................... 118 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................ 119 TÓPICO 3 - NOVAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO APLICADAS À EXTENSÃO RURAL ....... 121 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 121 2 EVOLUÇÃO RECENTE DAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO ...................................... 121 3 TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO PARA UMA COMUNICAÇÃO PARTICIPATIVA ..............................................................................................................123 4 NOVAS TECNOLOGIAS DE COMUNICAÇÃO: EVOLUÇÃO X POTENCIALIDADES .........126 LEITURA COMPLEMENTAR ...............................................................................................128 RESUMO DO TÓPICO 3 .......................................................................................................130 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................131 REFERÊNCIAS ....................................................................................................................133 1 UNIDADE 1 - COMUNICAÇÃO, CAPACITAÇÃO E MOBILIZAÇÃO NO DESENVOLVIMENTO RURAL OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de: • compreender os fundamentos teóricos da extensão rural; • familiarizar-se com o propósito essencial do processo educativo para a extensão rural; • entender como surgiu a extensão rural no Brasil; • compreender a evolução da Ater desde o seu início; • identificar a filosofia que orienta a Ater. Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer dela, você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. TÓPICO 1 – IMPORTÂNCIA DA COMUNICAÇÃO E EXTENSÃO RURAL NA FORMAÇÃO PROFISSIONAL TÓPICO 2 – ORIGEM DA EXTENSÃO RURAL NO BRASIL TÓPICO 3 – O VALOR DA COMUNICAÇÃO NA EXTENSÃO RURAL Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações. CHAMADA 2 CONFIRA A TRILHA DA UNIDADE 1! Acesse o QR Code abaixo: 3 IMPORTÂNCIA DA COMUNICAÇÃO E EXTENSÃO RURAL NA FORMAÇÃO PROFISSIONAL 1 INTRODUÇÃO Para iniciar nosso estudo, alguns questionamentos são pertinentes. Qual é a realidade rural brasileira? O que é a extensão rural? Qual é a sua importância para o país? Como a comunicação está vinculada a esse processo “rural”? Para que possamos compreender e refletir sobre essas questões e todos os aspectos inerentes à comunicação e extensão rural, é necessário conhecer a realidade brasileira com base nas questões sociais e econômicas que permeiam o meio rural. Sabemos que o Brasil é um país de muitos contrastes quando nos referimos ao meio rural, com concentração de renda nas mãos de poucos grandes produtores que compõem esse cenário. Além disso, verificamos que o emprego tecnológico nas propriedades rurais brasileiras é diferente em todos os aspectos quando comparamos pequenos e grandes produtores. Essa realidade se deve às diferentes formas de acesso à informação que garantem a aplicação de técnicas mais sofisticadas. Nesse processo de acesso à informação, a comunicação é um fator fundamental para alcançar o desenvolvimento na produção agropecuária, sendo a extensão rural um elo importante para a inovação no meio rural. Sua função é conectar os resultados das pesquisas com a aplicação dos novos conhecimentos e tecnologias por parte dos produtores rurais. Dessa forma, a extensão rural, disponibiliza conhecimentos para que os agricultores sejam capazes de aprimorar suas práticas de produção. Nesse processo de aprimoramento da produção, o desenvolvimento rural e a comunicação estão interligados, dentro dos diferentes modelos de comunicação. Assim, a comunicação pode ser utilizada como veículo de mudança social, superando as contradições presentes na estrutura social. Assim, como um processo social, a comunicação implica na transferência de tecnologia e de conhecimento técnico entre instituições e unidades produtivas. Acadêmico, buscando responder a esses questionamentos, no Tópico 1, abordaremos a Contextualização da realidade rural brasileira; a Importância da extensão rural e a Política Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural (PNATER). TÓPICO 1 - UNIDADE 1 4 2 CONTEXTUALIZAÇÃO DA REALIDADE RURAL BRASILEIRA A fim de compreendermos a importância da extensão rural e do processo de comu- nicação para mudanças no campo, precisamos entender o cenário do meio rural brasileiro. Segundo dados do Censo agropecuário de 2017, o meio rural brasileiro é composto por 5.073.324 estabelecimentos, perfazendo uma área total de 351.289.816 hectares. Quanto à utilização das terras, 45% da área total dos estabelecimentos rurais são compostos por pastagem, 29% por floresta, 18% por lavoura e 8% por outras finalidades. Isso demonstra a diversidade de produtores e de culturas agropecuárias exploradas no extenso território brasileiro, um grande desafio para a extensão rural (IBGE, 2019). De acordo com dados do Censo demográfico de 2010 (IBGE, 2010, [s. p.]), a maior parte da população brasileira, 84,36%, vive em áreas urbanas. Já 15,64% dos brasileiros vivem em áreas rurais; as regiões com maiores percentagens de pessoas habitando a zona rural são a Região Nordeste (26,87%) e a Região Norte (26,47%), como apresentado na Tabela 1. TABELA 1 – CENSO DEMOGRÁFICO 2010 – POPULAÇÃO URBANA E RURAL FONTE: Adaptada de IBGE (2010, [s. p.]). Censo Demográfico 2010 - População urbana e rural Urbana % Rural % Total BRASIL 160.925.792 84,36 29.830.007 15,64 190.755.799 Região Norte 11.664.509 73,53 4.199.945 26,47 15.864.454 Região Nordeste 38.821.246 73,13 14.260.704 26,87 53.081.950 Região Sudeste 74.696.178 92,95 5.668.232 7,05 80.364.410 Região Sul 23.260.896 84,93 4.125.995 15,07 27.386.891 Região Centro - Oeste 12.482.963 88,80 1.575.131 11,2 14.058.094 A redução da população rural no Brasil se deu historicamente a partir das décadas de 1970 e 1980 com o intenso processo de êxodo rural, como apresentado na figura 1. Entre os principais motivos dessa redução está a mecanização da produção agrícola (devido ao momento de investimento e crescimento na agricultura patronal na região Centro-Oeste), que ocasionou o deslocamento de trabalhadores do campo para as cidades em busca de oportunidades de trabalho. Isso gerou um intenso processo de metropolização (população urbana ultrapassando os limites das cidades) e, consequentemente, um intenso processo de urbanização e desenvolvimento de grandes centros urbanos. Essa situação resultou em grandes impactos no meio rural, devido à redução de mão de obra e à perda da identidade rural brasileira. 5 Que tal conhecer de forma mais aprofundada todos os problemas que permeiam o êxodo rural no Brasil? Ao estudar a importância da extensão rural no cenário do agronegócio brasileiro é interessante sabermos quais motivos contribuem para o êxodo rural. Alguns questionamentos precisam ser respondidos. Qual é o efeito da concentração da produção no êxodo rural? Qual é a influência do êxodo no crescimento das cidades? Para isso, recomendamos o artigo da Revista de Política Agrícola intitulado “Êxodo e sua Contribuição à Urbanização de 1950 a 2010”: https://bit.ly/3D8Eilr. DICA FIGURA 1 – DESENVOLVIMENTO DA POPULAÇÃO RURAL E URBANA FONTE: O autor, baseado em IBGE (2010). Segundo Alves, Souza e Marra (2011), a contribuição do êxodo rural foi expressiva de 1960 a 1980. No entanto, nos anos de 2000 a 2010, foi responsável por apenas 3,5% de toda a urbanização. Uma das principais causas apontadas para o êxodo rural é a concentração de produção. Em torno de 9,7% do total dos estabelecimentos contribuiu com 86,4% do valor bruto da produção. E 70,7% de todos os estabelecimentos foram responsáveis por apenas 3,4% daquele valor. Estima-se que 11 milhões de pessoas vivem em situação de pobreza, de acordo com o IBGE (2010). Quanto à administração dos estabelecimentos no espaço rural brasileiro, este é formado por 81% de homens na administração e 18,7% de mulheres, o que mostra a baixa participação feminina no cenário rural brasileiro, como apresentado na Figura 2. 6 FIGURA 2 – SEXO NA ADMINISTRAÇÃO DOS ESTABELECIMENTOS RURAIS (2017) FIGURA 3 – CLASSES DE IDADE DO PRODUTOR (2017) FONTE: IBGE (2019, [s. p..]). FONTE: IBGE (2019, [s. p.]). Quando nos referimos à idade dos produtores, percebemos que a maior parte dos produtores estão entre 35 e 64 anos, tanto do sexo masculino como feminino, como apresentado na Figura 3. Quanto à renda bruta per capita do meio rural brasileiro, percebemos que o Brasil é um país de contrastes, apresentando uma renda bruta per capita muito variada, com concentração de renda nas mãos de poucos produtores que têm acesso à informação e à tecnologia. Isso pode ser constatado pelas informações de escolaridade da comunidaderural. 7 FIGURA 4 – NÍVEL DE INSTRUÇÃO DO PRODUTOR (2017) FONTE: IBGE (2019 [s. p.]). Você conhece a sigla IBGE? Sabe seu significado? Precisamos conhecê-la para entender melhor o nosso conteúdo. IBGE é o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, uma instituição pública da administração federal brasileira criada em 1934 e instalada em 1936 com o nome de Instituto Nacional de Estatística. Seu fundador e grande incentivador foi o estatístico Mário Augusto Teixeira de Freitas. O nome atual data de 1938 e a sede do IBGE está localizada na cidade do Rio de Janeiro. NOTA Ao falarmos em desenvolvimento no campo, um dos principais entraves é a baixa escolaridade. Segundo dados do Censo agropecuário de 2017 (IBGE, 2019), cerca de 66% frequentaram até o ensino fundamental e apenas 2% têm ensino superior. No entanto, esse fator tem sofrido mudanças nos últimos anos: a baixa escolaridade vem caindo de 75% para 70% para produtores rurais com apenas ensino fundamental incompleto. Há também melhorias nos percentuais de produtores com fundamental completo, ensino médio completo e com curso superior, como mostra a Figura 4. Os resultados mostram que os produtores estão tendo mais acesso à informação, o que pode auxiliar no desenvolvimento do meio rural. Percebemos que diversos fatores contribuem para uma redução da população rural e queda nos índices de produção no campo, inviabilizando a atividade. Dentre esses fatores, a falta de informação para um desenvolvimento econômico e social é o principal. A pouca renda gerada, a vida nada fácil no campo e o pouco lazer são fatores que levam ao desestímulo do produtor rural pelo campo. Devido à falta de informações 8 técnicas e de novas tecnologias, os resultados econômicos ficam escassos, o que acaba por competir com os atrativos das zonas urbanas. De acordo com o Censo agropecuário de 2017, 82,6% dos produtores rurais possuem remuneração menor do que 2,0 salários- mínimos mensais; 12% entre 2,0 e 5,0 salários e somente 5% conseguem obter renda superior a 5,0 salários-mínimos mensais (IBGE, 2019). Você sabe o que é o Censo Agropecuário? O censo agropecuário é uma das variedades de censos realizados no Brasil e que, de modo específico, investiga as informações sobre os estabelecimentos agropecuários brasileiros e as atividades agropecuárias neles desenvolvidas. O primeiro Censo Agropecuário foi realizado no ano de 1920, como parte do recenseamento geral. Na década de 1930, no entanto, o censo não ocorreu devido à instabilidade política do país. Nas décadas seguintes, até 1970, foi realizado em intervalos de dez anos, posteriormente sendo realizado em intervalos de cinco anos. Para saber mais e verificar os resultados do último censo, recomendamos o site oficial: https://bit.ly/3NflghY. DICA Para que possamos entender o ambiente rural brasileiro, é interessante compreendermos como as novas tecnologias da informação estão entrando nas casas dos produtores. Dentre as principais tecnologias que podemos citar, temos a internet. O crescimento mais acelerado da utilização da internet nos domicílios da área rural contribuiu para reduzir a grande diferença em relação à área urbana. De 2018 para 2019, o percentual de domicílios em que a internet era utilizada passou de 83,8% para 86,7%, em área urbana; e aumentou de 49,2% para 55,6%, em área rural (IBGE, 2019). Milanez et al. (2020) afirmam que a conectividade à internet é um fator fundamental para o desenvolvimento da atividade agropecuária, pois possibilita elevação da produtividade, redução de custos e consequente incremento de competitividade devido ao acesso a informações que ajudam nas atividades diárias no campo. Dessa forma, o negócio rural poderá ir além da porteira. 9 FIGURA 5 – DOMICÍLIOS COM ACESSO À INTERNET (2019) FONTE: IBGE (2019, p. 6). Todas as situações apresentadas são alavancadas devido à falta de ações fortes para o desenvolvimento do produtor rural e promoção social da família, o que leva ao empobrecimento do produtor, mostrando que se faz necessária uma assistência técnica especializada que possa levar informações e mudança nos aspectos socioeconômicos. 3 IMPORTÂNCIA DA EXTENSÃO RURAL Como vimos no tópico anterior, a realidade rural brasileira apresenta uma série de entraves que podem comprometer o progresso do setor agropecuário. Dos principais pontos observados, temos a redução da população rural e a baixa escolaridade no campo. Ao associar tais pontos com a pouca tecnologia e o baixo acesso à informação, temos um cenário caótico no que tange à aplicação de práticas mais avançadas e sustentáveis de produção. Dessa forma, faz-se necessário um ambiente que proporcione o fornecimento de comunicação de forma assertiva para melhoria do ambiente rural. Para essa mudança no campo, a extensão rural é um fator fundamental como elo entre o produtor rural e as novas tecnologias que lhe proporcionem melhores rendimentos, maiores lucros e melhoria nas condições sociais. Antes de falarmos como a extensão rural se aplica nesse panorama, é preciso sabermos o que é a extensão rural. Primeiro, devemos compreender que o termo extensão rural não é autoexplicativo, apresentando diferentes definições a depender da óptica do leitor. Assim, o termo extensão rural pode ser conceituado de três formas diferentes: como processo, como instituição e como política. 10 Segundo Peixoto (2008), a extensão rural pode ser compreendida como processo, em sentido literal, o ato de estender, levando conhecimentos de uma fonte geradora para o receptor final, o produtor rural. Contudo, como processo, em um sentido amplo, atualmente, extensão rural pode ser entendida como um processo educativo de comunicação de qualquer natureza, técnica ou não. Segundo Peixoto (2008), a extensão ainda pode ter uma definição como instituição, quando ela desempenha um papel nos estados para o processo de desenvolvimento de pequenos produtores. Dessa forma, há a referência às instituições estaduais que prestam o serviço de Ater, instituições, as quais veremos no próximo tópico. Por último, a extensão rural pode ter uma definição como política pública, nesse caso, referimo-nos às políticas de extensão rural, traçadas pelos governos (fede- ral, estaduais ou municipais) ao longo do tempo, que podem ser executadas por institui- ções públicas e privadas. Essa definição será apresentada no subtópico adiante sobre a Política Nacional de Assistência Técnica. Você conhece a diferença entre extensão rural e assistência técnica? Nos últimos anos, a sigla Ater – Assistência Técnica e Extensão Rural – vem sendo usada de forma ampla pelas organizações públicas e privadas como um termo genérico, dando a falsa impressão de que tais noções são sinônimas e intercambiáveis entre si. De forma muito clara, poder-se-ia dizer que o trabalho da extensão rural suplanta os limites da assistência técnica. Assim, enquanto a assistência técnica se volta a questões de ordem prática, como oferecer soluções e orientações pontuais, restritas à esfera tecnológica do estabelecimento rural, a extensão rural contempla objetivos de caráter social, espacial, ambiental e de longo prazo (CALDAS; ANJOS, 2021). NOTA Tomando por base os diversos aspectos da definição do que é extensão rural, podemos compreender a importância desta para o desenvolvimento do meio rural brasileiro. A extensão rural é um elo importante da cadeia de inovação na agropecuária. Segundo Alves, Santana e Contini (2016), a extensão rural tem sua importância por disponibilizar conhecimentos para que os agricultores constituam sua tecnologia de produção. No entanto, alguns questionamentos sobre a extensão rural precisam ser feitos dentro da definição da palavra extensão. Se extensão deriva do verbo estender que significa abranger ou levar, o que devemos levar? Para quem iremos levar? Por que vamos fazer isso? Caldas e Anjos (2021) afirmam que esses questionamentos refletem a própria natureza de uma prática diretamenterelacionada às ciências agrárias, ambientais, humanas e sociais. Na perspectiva social e humana, se a extensão é somente levar alguma informação, tecnologia ou conhecimento a algum produtor, seguida de uma metodologia, outros questionamentos podem ser feitos. Esse produtor pediu essa nova 11 tecnologia? A quem serve essa nova tecnologia? Como ela será disponibilizada? Quais são os benefícios? Será que a nova tecnologia é melhor que a situação atual? Há uma comunicação entre o produtor e o portador da nova tecnologia? Esses questionamentos são norteadores no processo de comunicação e extensão rural, pois darão uma visão ao futuro extensionista sobre como se comunicar com o produtor para que haja um intercâmbio de mão dupla entre os agentes da comunicação. Veremos mais sobre esses questionamentos nos próximos tópicos, compreendendo o fator comunicação no âmbito de uma extensão rural participativa para o processo de desenvolvimento rural. 4 POLÍTICA NACIONAL DE ASSISTÊNCIA TÉCNICA E EXTENSÃO RURAL (PNATER) Nesse subtópico, veremos a Política Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural (PNATER), assim, será possível avaliarmos de forma mais detalhada a importância dessa política no que tange a extensão rural no Brasil e compreendermos como a extensão rural vista como política pública se aplica em prol de um desenvolvimento sustentável do meio rural. Antes de explicarmos a PNATER propriamente dita, devemos entender como a extensão rural como política pública se estabelece no Brasil, até que percebamos a importância de cada agente nessa política pública que busca levar desenvolvimento ao meio rural brasileiro. Para isso, precisamos nos situar nos principais instrumentos legais que definem os responsáveis pela assistência técnica e extensão rural. O principal instrumento legal que descreve a base para uma política agrícola no país é a Constituição de 1988 (BRASIL, 1988). Por meio dela é estabelecido que a política agrícola do país será construída de forma participativa entre os diferentes atores do meio “rural” brasileiro. De acordo com o artigo 187, da Constituição Federal: Art. 187. A política agrícola será planejada e executada na forma da lei, com a participação efetiva do setor de produção, envolvendo produtores e trabalhadores rurais, bem como dos setores de comercialização, de armazenamento e de transportes, levando em conta, especialmente: I – os instrumentos creditícios e fiscais; II – os preços compatíveis com os custos de produção e a garantia de comercialização; III – o incentivo à pesquisa e à tecnologia; IV – a assistência técnica e extensão rural; V – o seguro agrícola; VI – o cooperativismo; VII – a eletrificação rural e irrigação; VIII – a habitação para o trabalhador rural (BRASIL, 1988, grifo nosso). 12 Dessa forma, a Constituição já estabelece como será construída a política agrícola do país, levando em consideração a assistência técnica e extensão rural como uma de suas premissas-base. Percebemos, então, que, na Constituição brasileira, a extensão rural é um fator-chave para o desenvolvimento rural brasileiro. Outro instrumento legal, anterior à PNATER, que estabelece a construção de uma política agrícola com bases na assistência técnica e extensão rural é a Lei n. 8.171/1991 (BRASIL, 1991), que dispõe sobre a política agrícola. Essa lei estabelece, em seu artigo 4º, as ações e os instrumentos da política agrícola, em que estão contempladas as seguintes ações: I – planejamento agrícola; II – pesquisa agrícola tecnológica; III – assistência técnica e extensão rural; IV – proteção do meio ambiente, conservação e recuperação dos recursos naturais; V – defesa da agropecuária; VI – informação agrícola; VII – produção, comercialização, abastecimento e armazenagem; VIII – associativismo e cooperativismo; IX – formação profissional e educação rural; X – investimentos públicos e privados; XI – crédito rural; XII – garantia da atividade agropecuária; XIII – seguro agrícola; XIV – tributação e incentivos fiscais; XV – irrigação e drenagem; XVI – habitação rural; XVII – eletrificação rural; XVIII – mecanização agrícola; XIX – crédito fundiário (BRASIL, 1991, grifo nosso). Após, compreendermos os dois instrumentos legais anteriores à PNATER e como eles estabeleceram as bases para sua estruturação, é o momento de nos aprofundarmos no principal instrumento legal que estabelece as políticas públicas para a assistência técnica e extensão rural. A Política Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural (PNATER) foi instituída em 2010 pela Lei n. 12.188/2010 (BRASIL, 2010), sob a orientação do Programa Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural (PRONATER), alicerçada nos princípios do desenvolvimento sustentável, com a inclusão da diversidade de categorias e atividades da agricultura familiar. A Lei n. 12.188, de 11 de janeiro de 2010, institui a Política Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural (PNATER), estabelecendo os princípios e objetivos dos serviços de Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater) além de criar o Programa Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural na Agricultura Familiar e na Reforma Agrária (PRONATER). IMPORTANTE 13 A PNATER é um marco na extensão rural brasileira, pois estabelece as finalidades e ações de Assistência Técnica (Ater). A PNATER embasa sua finalidade na construção de processos capazes de contribuir para criação e execução de estratégias para o desenvolvimento sustentável. Seu princípio está centrado na expansão e no fortalecimento da agricultura familiar, por meio de metodologias educativas e participativas voltadas para soluções locais, que viabilizam condições para o exercício da cidadania e melhoria da qualidade de vida. Para isso, a PNATER deve seguir os seguintes princípios de acordo com a Lei n. 12.188, de 11 de janeiro de 2010, em seu artigo 3º: I – desenvolvimento rural sustentável, compatível com a utilização ade- quada dos recursos naturais e com a preservação do meio ambiente; II – gratuidade, qualidade e acessibilidade aos serviços de assistência técnica e extensão rural; III – adoção de metodologia participativa, com enfoque multidisci- plinar, interdisciplinar e intercultural, buscando a construção da cidadania e a democratização da gestão da política pública; IV – adoção dos princípios da agricultura de base ecológica como enfoque preferencial para o desenvolvimento de sistemas de produção sustentáveis; V – equidade nas relações de gênero, geração, raça e etnia; e VI – contribuição para a segurança e soberania alimentar e nutricional. (BRASIL, 2010) Na Lei n. 12.188, de 11 de janeiro de 2010, que cria a PNATER, a Assistência Técnica e Extensão Rural – ATER é definida como um serviço de educação não formal, de caráter continuado, que promove processos de gestão da produção, beneficiamento e comercialização das atividades e serviços agropecuários e não agropecuários, incluindo as atividades agroextrativistas, florestais e artesanais. NOTA Pela PNATER, houve um processo que vem revigorando a Ater, por meio de um trabalho em rede, com participação de instituições estaduais de Ater, movimentos sociais, organizações não governamentais, prefeituras, sindicatos, universidades e escolas técnicas, com uma visão local dos processos educacionais com efetivo controle da sociedade beneficiária. Dessa forma, organismos governamentais e não governamentais devem trabalhar de forma conjunta para o estabelecimento de visão holística do processo, englobando a segurança alimentar, unidades familiares e a busca por uma visão mais sustentável do desenvolvimento rural. 14 Você sabe o que é a DAP? A Declaração de Aptidão ao Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (DAP) é um cadastro utilizado para identificar e qualificar as Unidades Familiares de Produção Agrária (UFPA) da agricultura familiar e suas formas associativas organizadas em pessoas jurídicas. A DAP é um cadastro que permite o acesso doagricultor familiar às políticas públicas de incentivo à produção e à geração de renda. O documento consta de dados pessoais do proprietário ou posseiro da terra, além de produtivos do imóvel rural e da renda da família. A DAP é um instrumento que permite ao agriculto acessar uma linha de crédito do Pronaf, auxiliando no custeio ou investimento de um empreendimento de cunho familiar (DECLARAÇÃO, 2019). INTERESSANTE Assim, a PNATER se estabelece como uma “ponte” entre uma matriz tecnológica e um novo processo para o desenvolvimento de estilos de agricultura mais sustentáveis, buscando uma transição progressiva para processos ecologicamente mais equilibrados com as relações naturais. Nesse sistema mais sustentável, busca-se um investimento sério e comprometido com a pesquisa, uma vez que o conhecimento deve ser mais dinamizado nos processos mais sustentáveis de produção. Esse processo relaciona-se com o resgate dos conhecimentos populares para uma inserção e aplicação de técnicas que pensem o local (WAGNER; SANTOS; VELA, 2011). 15 Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como: • A redução da população rural no Brasil se deu historicamente a partir das décadas de 1970 e 1980 com o intenso processo de êxodo rural. Entre os principais motivos que levaram à redução da população rural está a mecanização da produção agrícola que expulsou trabalhadores do campo para as cidades em busca de oportunidades de trabalho. • O êxodo rural gerou um intenso processo de metropolização (população urbana ultrapassando os limites das cidades), intenso processo de urbanização e desenvolvimento de grandes centros urbanos e grandes impactos no meio rural, devido à redução de mão de obra e à perda da identidade rural brasileira. • A extensão rural pode ser compreendida como processo – ato de estender, levar ou transmitir conhecimentos de uma fonte geradora ao receptor final, o público rural; como instituição – quando desempenha um papel nos estados para o processo de desenvolvimento de pequenos produtores –; e, como política pública – isto é, as políticas de extensão rural traçadas pelos governos (federal, estaduais ou municipais). • Os princípios da PNATER são: I – desenvolvimento rural sustentável, compatível com a utilização adequada dos recursos naturais e com a preservação do meio ambiente; II – gratuidade, qualidade e acessibilidade aos serviços de assistência técnica e extensão rural; III – adoção de metodologia participativa, com enfoque multidisciplinar, interdisciplinar e intercultural, buscando a construção da cidadania e a democratização da gestão da política pública; IV – adoção dos princípios da agricultura de base ecológica como enfoque preferencial para o desenvolvimento de sistemas de produção sustentáveis; V – equidade nas relações de gênero, geração, raça e etnia; e VI – contribuição para a segurança e soberania alimentar e nutricional. RESUMO DO TÓPICO 1 16 1 Segundo dados do Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2010), a partir de 1970 observou-se um grande movimento migratório das populações da zona rural em direção aos centros urbanos. Sobre as razões desse êxodo rural tão elevado, assinale a alternativa CORRETA: FONTE: IBGE - INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (Brasil). Sinopse do Censo Demo- gráfico 2010. Rio de Janeiro: IBGE, 2010. Disponível em: https://bit.ly/3qy1VPw. Acesso em: 18 dez. 2021. a) ( ) Condições como incentivo à migração por parte dos governantes dos grandes centros urbanos. b) ( ) Condições de infraestrutura, como estradas, comunicação, saúde e educação. c) ( ) Características relativas ao solo, relevo, clima, intensidade de chuvas e temperatura da região. d) ( ) Condições de produção, como alta produtividade, mão de obra barata e acessível e boa gestão técnica. 2 As ações extensionistas estão registradas na história da Antiguidade, o termo teve origem na extensão praticada em universidades inglesas e se consolidou como uma forma ins- titucionalizada com a participação de universidades americanas. Contemporaneamente, o termo extensão rural pode ser entendido de três formas diferentes: como processo, como instituição e como política. Com base no exposto, analise as sentenças a seguir: I- A extensão rural pode ser definida como organização, uma vez que há diversas atividades realizadas por instituições federais como a Ater. II- A extensão rural significa instituição e pode ser definida como o ato de intervenção público como meio de redistribuição de renda. III- A extensão rural, como processo, significa, em sentido literal, o ato de estender, levar ou transmitir conhecimentos da fonte geradora ao receptor final, o público rural. Assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) As sentenças I e II estão corretas. b) ( ) Somente a sentença II está correta. c) ( ) As sentenças I e III estão corretas. d) ( ) Somente a sentença III está correta. 3 A Política Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural para a Agricultura Familiar e Reforma Agrária (PNATER) é uma política pública voltada para a melhoria das condições de vida da população rural. Com base nos objetivos da PNATER, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas: AUTOATIVIDADE 17 ( ) Adoção de metodologia participativa, com enfoque multidisciplinar, interdisciplinar e intercultural, buscando a construção da cidadania e a democratização da gestão da política pública. ( ) Assessorar as diversas fases das atividades econômicas, a gestão de negócios, sua organização, produção, inserção no mercado e abastecimento, observando as peculiaridades das diferentes cadeias produtivas. ( ) Desenvolvimento rural sustentável, compatível com a utilização adequada dos recursos naturais e com a preservação do meio ambiente. Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA: a) ( ) V – F – F. b) ( ) V – F – V. c) ( ) F – V – F. d) ( ) F – F – V. 4 As práticas extensionistas no meio rural foram institucionalizadas no país há mais de 50 anos. Atualmente, o tema da extensão rural está em constante discussão, no meio acadêmico, entre os formuladores de políticas públicas, e entre extensionistas. Há diversos estudos, no Brasil e no exterior, relacionados aos aspectos históricos, modelos e sistemas, metodologia de ação, formas de organização e casos diversos. Entretanto, aparentemente há carência de estudos sobre a regulação dessa atividade. Disserte sobre a importância da extensão rural no Brasil. 5 A Lei n. 12.188, de 11 de janeiro de 2010, instituiu a Política Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural para a Agricultura Familiar e Reforma Agrária – PNATER e o Programa Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural na Agricultura Familiar e na Reforma Agrária – PRONATER. Nessa proposta, ficou estabelecida a prioridade na destinação dos recursos financeiros da PNATER para o apoio às entidades e aos órgãos públicos e oficiais de Assistência Técnica e Extensão Rural – Ater. Nesse contexto, disserte sobre os princípios que fundamentam essa lei. 18 19 ORIGEM DA EXTENSÃO RURAL NO BRASIL 1 INTRODUÇÃO Como vimos no tópico anterior, a extensão rural é a base para o desenvolvimento do meio rural. A Constituição de 1988 definiu que a extensão rural deve ser levada em consideração na construção da política agrícola do Brasil. Percebemos que o agronegócio brasileiro tem se estabelecido cada vez mais como líder no contexto internacional graças ao arsenal tecnológico e à gestão competente de seus agricultores. Isso tem levado ao surgimento de grandes empresas agrícolas, altamente tecnificadas. Por outro lado, esse crescimento não foi estabelecido no agronegócio brasileiro de forma igualitária pela grande maioria dos produtores rurais, os quais ficaram à mercê desse processo tecnológico para sua inserção no mercado. Nos últimos anos, o meio rural brasileiro foi marcado por grandes mudanças e trans- formações, pois o produtor teve que se adequarem curto espaço de tempo a uma nova rea- lidade, na qual a agricultura de subsistência deu lugar a uma agricultura tecnificada e conec- tada com as metodologias de gestão. Dessa forma, o conhecimento se tornou uma “arma” fundamental para a continuidade da atividade agropecuária em seu pleno desenvolvimento. Esse avanço tornou-se mais relevante a partir da criação da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), em 26 de abril de 1973. Mas, antes deste marco, a extensão rural já criava raízes em suas diferentes modalidades pelo Brasil, na busca da transformação da condição brasileira de importador para exportador de alimentos. Nesses diferentes processos, a extensão rural estruturou-se em diferentes aspectos socioeconômicos que foram sendo moldados até chegarmos ao modelo atual. Tendo em vista esses aspectos, as empresas rurais brasileiras estão buscando a profissionalização por meio da implementação dos processos de gestão. Em virtude dessa realidade, a comunicação tem ocupado um espaço cada vez mais decisório para o pleno desenvolvimento do ambiente rural brasileiro, tendo em vista as mudanças enfrentadas em um mundo cada vez mais tecnológico e pautado na informação. Assim, alguns questionamentos norteadores serão feitos neste tópico para uma melhor compreensão do estado atual da comunicação rural. Quais foram os precursores dessa comunicação no meio rural? Como ela foi estabelecida? Qual era e é sua finalidade? Como as relações entre difusor e receptor se estabelecem? Essas e outras questões nos permitirão compreender o desenvolvimento e as transformações da comunicação e extensão rural no Brasil. UNIDADE 1 TÓPICO 2 - 20 2 COMUNICAÇÃO RURAL NO BRASIL: HISTÓRIA E DESENVOLVIMENTO Em uma perspectiva ampla, a comunicação pode ser vista como intercâmbio de mensagens para superar barreiras, por meio de uma influência mútua que supere contradições presentes na estrutura social. Dessa forma, a comunicação é o elo e, quando bem utilizada, poderá proporcionar mudanças no contexto social, levando ao desenvolvimento. Assim, a comunicação pode ser considerada um processo social e tem larga importância como uma ferramenta fundamental para o processo de extensão rural. Isso se deve ao fato de que a comunicação rural está interligada ao desenvolvimento rural, sendo utilizada pelos agricultores para tomada de decisões sobre a forma de produção. Tendo em vista sua importância, como a comunicação rural chegou ao Brasil? Como se fez como processo para o desenvolvimento rural? Quais são as fases da comunicação rural? A comunicação rural no Brasil está vinculada à extensão rural, a qual se divide em três ciclos de desenvolvimento: humanismo assistencialista, difusionismo produtivista e humanismo crítico. A primeira fase da comunicação rural está situada entre 1948 e 1962 e se caracteriza como a fase do humanismo assistencialista. No Brasil, esse modelo ganha proporções a partir da década de 1950, ocorrendo simultaneamente com a origem da prática da extensão rural. O principal objetivo era difundir pacotes tecnológicos que pudessem levar à modernização das áreas rurais. O tripé norteador foi pesquisa, ensino e extensão. O modelo foi adaptado pelo Sistema Brasileiro de Extensão Rural para incrementar a produtividade agrícola e, como consequência, proporcionar melhor qualidade de vida às comunidades e às famílias pobres, por meio de estratégias puramente assistencialistas. Esse processo é marcado pelo pós-Segunda Guerra Mundial, com o fortalecimento dos Estados Unidos como potência mundial, assim influenciando os países para um processo de modernização agrícola, como um dos braços da reconstrução das estruturas globais pós- guerra. Gonçalez (2007) afirma que nesse período surge a revolução verde, no âmbito da produção vegetal e animal, tendo como objetivo oferecer, aos países em desenvolvimento, avanços tecnológicos, como modernas técnicas de cultivo, utilização de fertilizantes químicos, defensivos agrícolas e pesquisas para seleção de sementes. Em todos esses aspectos, o objetivo era o aumento da produtividade para se fazer frente ao cenário de fome. De 1960 a 1980, surge a fase do difusionismo produtivista. Nessa fase, a comuni- cação rural brasileira estava baseada, integralmente, no extensionismo, no funcionalismo e no difusionismo de inovações, aos moldes dos Estados Unidos. Esse modelo, apesar de alguns sucessos, não gerou bons resultados no Brasil como ocorreu em seu país de origem (Estados Unidos). Algumas particularidades da agropecuária brasileira não foram levadas em conside- ração, pois careciam de uma comunicação mais participativa e dialógica. 21 Nesse período, surge a metodologia pedagógica para extensão rural proposta pelo professor Seaman Knapp, o pai da metodologia de extensão na América do Norte. Nesta metodologia, o agente de extensão rural tinha a missão de ajudar os agricultores e ajudar a si próprio. Segundo ele, isso se concretizava no princípio de que o homem pode duvidar do que ouve, pode duvidar do que vê, só não pode duvidar do que faz. Assim, origina-se o princípio pedagógico do “aprender a fazer, fazendo”. Dessa forma, sempre é recomendável usar técnicas de demonstração de métodos ou resultados quando se pretende introduzir uma tecnologia. Não basta ao técnico conhecer as tecnologias se não souber como “repassá-las” para os produtores. Você sabe o que é comunicação dialógica e difusionista? A comunicação dialógica é uma interação em que cada pessoa envolvida desempenha o papel de locutor e ouvinte. Em outras palavras, é uma comunicação onde todos têm a chance de se expressar. A compreensão mútua e a empatia são marcas da comunicação dialógica. Existe uma profunda preocupação e respeito pelo outro e pela relação entre eles nesse tipo de comunicação. A comunicação difusionista vem do termo difusionismo. Esse termo é empregado para designar várias linhas teórico-metodológicas, de orientação funcionalista, surgidas nos Estados Unidos. Essa forma de comunicação atende aos diversos segmentos sociais e às diversas modalidades de comunicação (administrativa, científica, governamental, mercadológica, social e para transferência de tecnologia). A comunicação difusionista pode ser agrupada em dois focos de atuação: a comunicação institucional e a comunicação mercadológica, ambas exercidas pelos profissionais de comunicação. Essa modalidade de comunicação tem como objetivo o apoio ao processo de transferência de tecnologias a toda a cadeia produtiva, coordenado pelos pesquisadores e técnicos (PEREIRA, 2013). INTERESSANTE A partir dos anos 1970, outro ponto chegou ao debate em torno da comunicação rural: começou-se a questionar o caráter unidirecional e persuasivo do modelo difusionista, colocando-se como alternativa uma comunicação com base no diálogo. Esse debate se estendeu até a década de 1980, com embates entre os apoiadores da comunicação difusionista e os da comunicação dialógica. É nesse momento que surge a fase do humanismo crítico. Segundo Rogers (1995), o modelo difusionista é o processo pelo qual uma inovação tecnológica é comunicada para vários membros de um sistema social de forma profissional. Esse método de comunicação visa apenas transmitir a informação de cima para baixo para a população rural, tornando-a uma mera receptora das políticas governamentais para o desenvolvimento rural. Esse processo trata-se de uma comunicação persuasiva, na qual o agricultor e sua família não fazem parte da transformação da sua realidade. 22 Para conhecer mais sobre a história do desenvolvimento da agropecuária brasileira e como houve a participação da extensão rural nesse processo, veja a plataforma da Embrapa: https://bit.ly/3qzLnXs. Explore o desenvolvimento do setor agropecuário brasileiro, sua história e perspectivas futuras. Além disso, aproveite para conhecer os novos desafios que o extensionista terá que enfrentar no campo. DICA A partir dos anos 1990, o modelo de comunicaçãodialógica começou a se estabelecer com metodologias comunicativas de abordagem que tornavam o agricultor um agente do processo de comunicação. Esse novo modelo de comunicação tornou- se mais forte na extensão rural prestada pelas ONGs em detrimento das organizações oficiais de assistência técnica e extensão rural, pois estas ainda estavam passando pelo processo de mudança dos meios de comunicação. Atualmente, o modelo empregado pelo governo federal para a comunicação e extensão rural no Brasil é embasado em ações educativas, com ênfase na pedagogia da prática, com apropriação coletiva do conhecimento. Essa comunicação participativa está destacada como princípio da PNATER, a qual estabelece que deve haver a adoção de metodologia participativa, com enfoque multidisciplinar, interdisciplinar e intercultural, buscando a construção da cidadania e a democratização da gestão da política pública. 3 FASES DA EXTENSÃO RURAL NO BRASIL No subtópico anterior, apresentamos o histórico da comunicação rural no Brasil, vimos que a comunicação rural se confunde com a extensão rural, logo alguns pontos serão comuns para compreender este subtópico. Aqui, apresentaremos as fases da extensão rural de forma a complementar a compreensão do histórico da comunicação rural no Brasil, com foco nas instituições que auxiliaram o processo de estruturação da extensão rural no Brasil. Antes dos principais marcos da extensão rural no Brasil no pós-Segunda Guerra, o Brasil já se colocava como pioneiro para o fomento ao desenvolvimento da agricultura e exploração das terras, principalmente com a grande chegada de imigrantes europeus. Em meados do século XIX, o governo imperial do Brasil, na figura do imperador D. Pedro II já propunha alguns decretos para o fomento da extensão rural e políticas agrícolas, mesmo que de forma rudimentar (se comparado com o período atual). Em 1859 e 1860 foram criados quatro institutos imperiais de agricultura que possuíam, principalmente, atribuições de pesquisa e ensino agropecuário, mas também de difusão de informações: • Decreto nº. 2.500 de 1/11/1859 – criou o Imperial Instituto Baiano de Agricultura. • Decreto nº. 2.516 de 22/12/1859 – criou o Imperial Instituto Pernambucano de Agricultura. 23 • Decreto nº. 2.521 de 20/1/1860 – criou o Imperial Instituto de Agricultura Sergipano. • Decreto nº. 2.607 de 30/6/1860 – criou o Imperial Instituto Fluminense de Agricultura. Os decretos que estabeleciam a criação dos institutos imperiais tinham como foco a realização de exposições, concursos e a publicação de periódicos com os resultados das pesquisas, estratégias essas que são métodos de extensão e meio de comunicação. Naquela época se estabelecia um serviço de extensão rural rudimentar, o qual tinha agricultores profissionais como modelo. Como exemplo, podemos citar o Decreto nº 2.681, de 3 de novembro de 1860: https://bit.ly/3D9Je9P, que criou Imperial Instituto Fluminense de Agricultura. INTERESSANTE Após o golpe militar republicano, as incipientes estruturas de políticas públicas e instituições de extensão rural que estavam se formando durante o Império do Brasil foram esvaziadas, sendo resgatadas apenas em 1906 pelo presidente Affonso Penna, com a re- criação do Ministério dos Negócios da Agricultura, Indústria e Comércio. A partir de 1910, o então presidente Nilo Peçanha regulamenta a criação do ensino agronômico que dá origem à Escola Superior de Agricultura e Medicina Veterinária, instalada no Distrito Federal (então no Rio de Janeiro). A partir desse momento são criadas as fazendas-modelo que eram apresen- tação de áreas demonstrativas para auxiliar os agricultores no processo de extensão rural. QUADRO 1 – DECRETOS PRESIDENCIAIS PARA CRIAÇÃO DE CAMPOS DE DEMONSTRAÇÃO E FAZENDAS MODELO Decreto presidencial Objeto do decreto Decreto n. 9.333 - de 17 de janeiro de 1912 Fazenda Modelo de Criação na fazenda de Santa Monica, município de Valença, estado do Rio de Janeiro Decreto n. 9.613 - de 13 de junho de 1912 Campos de Demonstração na fazenda Alta-Mi- ra, município da Villa do Conde, estado da Bahia Decreto n. 9.868 - de 13 de novembro de 1912 Fazenda Modelo de Criação no município de Uberaba, estado de Minas Gerais Decreto n. 10.075 - de 19 de fevereiro de 1913 Fazenda Modelo de Criação no município de Caxias, no estado do Maranhão Decreto n. 11.875 - de 12 de janeiro de 1916 Fazenda Modelo de Criação na ilha de Marajó, estado do Pará Decreto n. 11.876 - de 12 de janeiro de 1916 Fazenda Modelo de Criação no município de Ponta Grossa, estado do Paraná Decreto n. 11.882 - de 12 de janeiro de 1916 Fazenda Modelo de Criação, no estado de Pernambuco FONTE: Peixoto (2008, p. 15). 24 Após a Segunda Guerra Mundial, um novo modelo de extensão se estabelece aos moldes e influências estadunidenses. O principal marco para extensão rural no Brasil se inicia em 1948 com a parceria entre o governo do estado de São Paulo (na gestão de Ademar de Barros) e o então vice-presidente dos Estados Unidos, Nelson Rockefeller, membro de uma das famílias mais ricas do mundo com influências no campo político, empresarial, filantrópico e financeiro. O então vice-presidente acabara de fundar a Associação Internacional Americana (American International Association) destinada a ajudar o desenvolvimento econômico e social da América Latina. A proposta chegou ao Brasil pelo estado de São Paulo, com o apoio financeiro para fundar o primeiro Serviço de Extensão Rural institucional no Brasil, com o objetivo de contribuir para “elevar o nível de vida das famílias rurais”, mediante o aumento da produtividade agropecuária. No entanto, a proposta não foi aceita pelo governador Ademar de Barros, tendo em vista que este não teria o poder de indicar o dirigente do programa de extensão rural que seria estruturado, cabendo à associação de Nelson Rockefeller indicar o dirigente que ficaria sob orientação de um nome americano. Por isso, o estado de São Paulo recusou ser o estado pioneiro de um serviço de extensão rural brasileiro. Com a recusa do estado de São Paulo, Nelson Rockefeller dirigiu-se ao estado de Minas Gerais na pessoa do então governador Milton Campos, o qual aceitou prontamente a proposta nas exigências americanas, e foi fundada a primeira instituição de extensão rural do Brasil. Nascia então a Associação de Crédito e Assistência Rural, a Acar, uma associação civil, sem fins lucrativos, de direito privado, incumbida de fundar e executar um Serviço de Extensão Rural destinado a “elevar o nível de vida das famílias rurais mineiras”. Esse período é marcado pelo processo de comunicação humanista assistencialista, pois as iniciativas lideradas pelos extensionistas rurais voltavam-se tanto a questões de ordem técnica (agronômica) quanto à esfera doméstica. Enquanto agrônomos orientavam produtores sobre o uso dos insumos modernos, as extensionistas mulheres, formadas especialmente em pedagogia, economia doméstica, enfermagem etc., voltavam-se a aspectos ligados à puericultura (cuidado das crianças), melhoria das condições dos lares (água, construção de fossa séptica etc.), proteção de nascentes e acesso à água potável, combate a verminoses e doenças. Após as influências de Nelson Rockefeller e dos interesses americanos, foram criadas várias Acars pelo país, como apresentado no quadro abaixo. Devido à aproximação do então presidente Juscelino Kubitschek de Nelson Rockefeller, em 1956 surge a Associação Brasileira de Assistência Técnica e Extensão Rural (ABCAR). QUADRO 2 – EVOLUÇÃO DO SISTEMA BRASILEIRO DE EXTENSÃO RURAL (1948-1974) 1948 ACAR-MG 1954 ANCAR (CE, PE, BA) 1955 ASCAR-RS, ANCAR (RN, PB) 25 FONTE: Peixoto (2008, p.19). 1956 ABCAR, ACARESC 1957 ACAR-ES 1958 ACAR-RJ 1959 ACAR-GO, ACARPA 1962 transformação dos programas estaduais da ANCAR em associações autônomas, a primeira em SE 1963 ANCARS: autonomia de RN, AL, MA E BA 1964 ANCARS: autonomia de PE, PB e CE 1965 ACAR-Pará, ACAR-MT 1966 ANCAR-PI, ACAR-AM 1967ACAR-DF 1968 ACAR-AC 1971 ACAR-RO 1972 ACAR-RR 1974 ACAR-AP Segundo Caldas e Anjos (2021), nesse período, as associações de extensão rural trabalhavam em prol do que veio a se chamar “crédito rural supervisionado”, por meio do qual o extensionista orientava o crédito de custeio e investimento em uma determinada atividade. Esse modelo encontrou algumas dificuldades na década de 1960, devido ao receio dos agentes financeiros em financiar pequenos e médios produtores, além da fraca capilaridade da rede bancária pelo país. Em meados da década de 1960, surge a fase difusionista produtivista, de 1964 a 1989, considerada o auge da extensão rural brasileira. Essa fase é marcada pela institucionalização do Sistema Nacional de Crédito Rural (SNCR), que acontece em 1965, em pleno regime militar. Nessa época, as práticas extensionistas são direcionadas ao aumento de produção, aos moldes da Revolução Verde. Alguns pontos marcaram essa fase, como a criação da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), em 1973, e a criação da Empresa Brasileira de Assistência Técnica e Extensão Rural (Embrater), em 1975. Esse foi o período da implementação dos chamados “pacotes tecnológicos”, os quais eram desenvolvidos pelas pesquisas da Embrapa e difundidos pela Embrater por meio das Empresas de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) espalhadas pelo Brasil. Essa fase durou até final da década de 1980, quando houve a desestruturação das Emater pelo país, após o fechamento da Embrater na década de 1990. Muitos estados ficaram responsáveis pela assistência técnica, não havendo mais a figura central do governo federal que era feita pela Embrater. Dessa forma, muitas instituições foram esvaziadas ou fechadas, havendo o sucateamento da estrutura de Ater pelo país. 26 FIGURA 6 – O SISTEMA DE PESQUISA, ASSISTÊNCIA TÉCNICA E EXTENSÃO RURAL FONTE: Caldas e Anjos (2021, p. 83). Após a década de 1990, a extensão rural entra na fase de colapso, não havendo uma estruturação do sistema nacional de assistência técnica por parte do governo federal, apesar de a Constituição de 1988 colocar a assistência técnica como base para formação da política agrícola do país. Mesmo com o sucateamento do sistema de Ater público, em 1994 é criado o Provap (Programa de Valorização da Pequena Propriedade Rural) e dois anos depois é criado o Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar), com objetivo de financiar o custeio e investimento de agricultores familiares. Você sabe o que foi a Revolução Verde? A Revolução Verde, coordenada pelo engenheiro-agrônomo Norman Borlaug, passou a ser muito difundida depois da II Grande Guerra Mundial (1939-1945). Tratava- se de um novo pacote tecnológico baseado em mecanização agrícola, agroquímicos (fertilizantes e defensivos) e sementes melhoradas. Essa inovação ficou conhecida por melhorar a produção agrícola e aumentar a produção de alimentos a partir das décadas de 1960 e 1970. Para saber mais, acesse: https://bit.ly/3usd1GO. DICA 27 Somente nos anos 2000 há um resgate da Ater como política pública, pela aprovação, em 2004, da Política Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural (PNATER), a qual estabelece que a extensão rural esteja voltada prioritariamente para agricultores familiares, assentados, quilombolas, pescadores artesanais e povos indígenas (como vimos no tópico anterior). Em 2014, por intermédio do Decreto n. 8.252 é instituída a Agência Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural (ANATER), com intuito de auxiliar na coordenação de ações a nível nacional. 4 ORGANIZAÇÕES DE ASSISTÊNCIA TÉCNICA E EXTENSÃO RURAL Como estudamos no subtópico anterior (Fases da extensão rural no Brasil), a primeira instituição a se estabelecer foi a Associação de Crédito e Assistência Rural (Acar), que deu bases para criação da Associação Brasileira de Assistência Técnica e Extensão Rural (Abcar). Em seguida (década de 1970), surgiam a Embrater e Ematers. Mas como estão as organizações que cuidam da assistência técnica hoje? Quais são os atores da Ater? Após a descentralização do serviço de extensão rural, com o fim da Embrater, muitos estados extinguiram suas organizações de assistência técnica ou as reformularam. No reestabelecimento das Ater no Brasil, temos a Agência Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural (ANATER). A Agência Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural (ANATER), pessoa jurídica de direito privado sem fins lucrativos, de interesse coletivo e de utilidade pública, foi instituída pelo Decreto n. 8.252, de 26 de maio de 2014 e estas são suas finalidades: • Promover, estimular, coordenar e implementar programas de assistência técnica e exten- são rural, com vistas à inovação tecnológica, com enfoque econômico, ambiental e social. • Promover a integração do sistema de pesquisa agropecuária e do sistema de assistência técnica e extensão rural, levando as novas tecnologias para o campo. • Apoiar a utilização de tecnologias sociais e os saberes tradicionais pelo público previsto no artigo 3° do Decreto n. 8.252, de 26 de maio de 2014. • Credenciar e acreditar prestadoras (pessoas físicas e jurídicas) de serviços de assistência técnica e extensão rural. • Promover capacitação continuada para a qualificação de profissionais de assistência técnica e extensão rural com foco no desenvolvimento rural sustentável. • Contratar serviços de assistência técnica e extensão. • Articular-se com os órgãos públicos e pessoas jurídicas de direito público e privado, para cumprimentos dos objetivos da extensão rural para o país. • Colaborar e contribuir com os estados e municípios em prol da implantação e operação de mecanismo com objetivos afins aos da ANATER. 28 • Monitorar e avaliar os resultados da aplicação dos projetos de assistência técnica e extensão rural dos seus prestadores de serviços e conveniados. • Contribuir para o fortalecimento e ampliação dos serviços de assistência técnica e extensão rural para o público previsto no artigo 3° do Decreto n. 8.252, de 26 de maio de 2014. • Articular com os órgãos públicos estaduais de extensão rural a compatibilização, a atuação em cada unidade da federação, ampliando a cobertura da prestação de serviços aos agricultores. Você conhece a história da ANATER e suas ações? Recomendamos este vídeo: https://bit.ly/3uomeA2. Além disso, recomendamos o site: https://www.anater. org/. No site e no vídeo, você conhecerá um pouco sobre as ações da ANATER e sua história, além de conhecer as principais notícias sobre Ater no Brasil. DICA Além da ANATER, temos a Asbraer, uma associação de entidades de Ater formada por um conjunto de organizações de Ater estaduais que buscam ações conjuntas para fortalecimento de políticas públicas em prol da Ater estadual e nacional. As organizações estaduais associadas à Associação Brasileira das Entidades Estaduais de Assistência Técnica e Extensão Rural (Asbraer) estão representadas na Figura 7. FIGURA 7 – ENTIDADES PARTICIPANTES DO SISTEMA NACIONAL DE ATER FONTE: ASBRAER ([2017]). 29 Na figura, percebemos a relevância da capilaridade dos sistemas de extensão rural estaduais que ainda estão presentes no país. Como apresentado na imagem, a maior parte das Emater foram fechadas ou mudaram de foco nos estados após a extinção da Embrater. Essa situação reflete a descentralização e a desestabilização do serviço de Ater no país na década de 1990. Você conhece a história da Asbraer e os principais dados estatísticos sobre Ater no Brasil e nos estados? Acesse a plataforma da Asbraer: https://bit. ly/3Ld3yKo, e se aprofunde sobre a Ater no Brasil e sua atuação. DICA Segundo dados da Asbraer (2017), há mais de 12 mil extensionistas atendendo 2.062.256 beneficiários espalhados nas cinco regiões brasileiras. Os estados com maior número de extensionistas são Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Paraná e Ceará. Assim, vemos que o desenvolvimento do agronegócio nacional está atrelado às diferentespolíticas públicas federais, estaduais ou municipais que levam a assistência técnica e extensão rural aos diferentes cantos do Brasil através dos profissionais da assistência técnica. O termo agronegócio – também chamado de agribusiness ou agrobusi- ness, foi idealizado por John Davis e Ray Goldberg em 1957. Para eles, setores que lidam com as atividades relacionadas à agricultura não podem ser considerados isoladamente, mas devem ser considerados correlacionados em um sistema econômico, o qual se denominou agronegócio. Dessa forma, agronegócio seria o conjunto de negócios relacionados à agricultura, estendendo-se à pecuária, dentro do ponto de vista das relações econômicas. Assim toda a cadeia produtiva e de suprimentos faz parte desse sistema que gera valor independentemente do tamanho do produtor. Portanto, o agronegócio pode ser compreendido como a soma total das operações de produção e distribuição de suprimentos agrícolas, das operações de produção na unidade de produção, do armazenamento, do processamento e da distribuição dos produtos agrícolas e dos itens produzidos por meio deles (DAVIS; GOLDBERG, 1957). INTERESSANTE 30 RESUMO DO TÓPICO 2 Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como: • A comunicação rural no Brasil está vinculada à extensão rural, a qual se divide em três ciclos de desenvolvimento: humanismo assistencialista, difusionismo produtivista e humanismo crítico. • A primeira fase da comunicação rural, de 1948 a 1962, caracteriza-se como a fase do humanismo assistencialista. Esse modelo de comunicação rural se inicia, no Brasil, no começo da década de 1950, ocorrendo simultaneamente com a origem da prática da extensão rural. O principal objetivo era difundir pacotes que pudessem levar à modernização tecnológica das áreas rurais. O tripé norteador foi pesquisa, ensino e extensão. O modelo foi adaptado pelo Sistema Brasileiro de Extensão Rural para incrementar a produtividade agrícola e, como consequência, proporcionar melhor qualidade de vida para comunidades e famílias pobres, por meio de um trabalho puramente assistencialista; • A primeira instituição de extensão rural do Brasil foi a Associação de Crédito e Assistência Rural, a Acar, nascida em Minas Gerais em 1948, devido à influência de Nelson Rockefeller. Tratava-se de uma associação civil, sem fins lucrativos, de direito privado, incumbida de fundar e executar um Serviço de Extensão Rural, destinado a “elevar o nível de vida das famílias rurais mineiras”. Em 1955, houve a aproximação do então presidente Juscelino Kubitschek de Nelson Rockefeller, que culminou, em 1956, com o surgimento da Associação Brasileira de Assistência Técnica e Extensão Rural (Abcar). • Após a descentralização do serviço de extensão rural, com o fim da Embrater, muitos estados extinguiram suas organizações de assistência técnica ou as reformularam. No reestabelecimento das Ater no Brasil, temos a Agência Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural (ANATER). 31 1 Segundo Olinger (1996), o desenvolvimento rural e a comunicação estão conectados. Isso ocorre porque a comunicação é usada pelos agricultores na tomada de decisões no que diz respeito à produção e à convivência. É também utilizada pelo Estado para definir suas medidas de política agrária e pelas empresas para basear suas decisões nas informações sobre necessidade de insumos e equipamentos e de disponibilidade de produtos para alimentação e agroindústria. De acordo com o modelo de comunicação sugerido por Bordenave (1983), assinale a alternativa CORRETA: FONTE: OLINGER, G. Ascenção e decadência da extensão rural no Brasil. Florianópolis: EPAGRI, 1996. a) ( ) Considera que a escolha de um modelo de comunicação em um país deve levar em consideração a evolução política, social e financeira do local do país a ser alcançado. b) ( ) Sugere que, com a introdução de tecnologias de informação no meio rural, a escolha de um modelo de comunicação depende de instrumentos políticos e ferramentas metodológicas. c) ( ) Considera que a escolha de um modelo de comunicação em detrimento de outro ocorre conforme as prioridades determinadas pelo modelo de desenvolvimento adotado pelo país. d) ( ) Sugere que as condições de organização dos agricultores, a política agrária e financeira são fundamentais para a adoção do modelo ideal de comunicação em um país. 2 A extensão rural no Brasil surgiu com o objetivo de superar o atraso na agricultura, servindo para que o homem rural entrasse em uma dinâmica de produzir mais, com melhor qualidade e maior rendimento. Tratava-se de um modelo com raízes “difusionistas”, que visava divulgar, impor ou estender um conceito, sem levar em conta as experiências e os objetivos das pessoas atendidas. Dentro desse processo difusionista, a extensão rural no brasil, passou por três fases de evolução. Considerando as características desse processo evolutivo, analise as sentenças a seguir: I- Humanismo assistencialista: pequenos agricultores; família rural; orientação pedagógica baseada em “ensinar a fazer, fazendo”; cria grupos de agricultores e jovens rurais; estimula a organização e o associativismo rural autônomos. II- Difusionismo crítico: pequenos e médios produtores; família rural; orientação pedagógica dialógica, problematizadora. III- Humanismo produtivista: pequenos, médios e grandes produtores; família rural; orientação dialógica baseada em diálogos produtivos; estimula a população a formar pequenos grupos de produtores. AUTOATIVIDADE 32 Assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) As sentenças I e II estão corretas. b) ( ) Somente a sentenças II está correta. c) ( ) As sentenças I e III estão corretas. d) ( ) Somente a sentença III está correta. 3 Dentro do sistema cooperativista, entende-se por Organizações Rurais os sindicatos (patronais e de trabalhadores) e as associações de produtores ou criadores. Pode-se citar como exemplo de serviço de Ater o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar). Esse serviço faz parte das organizações rurais sindicais, voltado à capacitação de mão de obra. De acordo com o estabelecido pela PNATER para as organizações prestadoras de serviço, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas: ( ) As organizações rurais contratam seu próprio staff de extensão e proveem serviços gratuitos aos membros. ( ) ONGs contratam staff técnico de serviços pagos financiados pelos agricultores. ( ) No setor privado, companhias privadas proveem alguns serviços de extensão com taxas gratuitas. Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA: a) ( ) V – F – F. b) ( ) V – F – V. c) ( ) F – V – F. d) ( ) F – F – V. 4 A trajetória do serviço de extensão rural no Brasil engloba três momentos distintos quanto à orientação filosófica e ao modelo operacional predominantes em cada um deles, que são coerentes com as formas de intervenção do Estado e as macrodefinições políticas dos seus planos de desenvolvimento. Disserte sobre estes períodos, destacando as peculiaridades de cada um deles. 5 Observa-se diversidade de modelos de provisão e financiamento dos serviços de Ater. Nessa proposta, a relação entre os produtores e os consumidores se torna mais próxima, pois há uma modificação na atitude e uma maior atenção no aspecto relativo à qualidade e na forma de produção. Nesse contexto, disserte a respeito das opções para a provisão e financiamento de serviços pluralísticos de extensão, ressaltando a fonte de financiamento do serviço e o provedor. 33 TÓPICO 3 - O VALOR DA COMUNICAÇÃO NA EXTENSÃO RURAL 1 INTRODUÇÃO No tópico anterior, estudamos o histórico da comunicação rural e como esta se desenvolveu no país, identificamos três fases da comunicação rural que se entrelaçam com a história da extensão rural no Brasil, as quais são humanismo assistencialista, difusionismo produtivista e humanismo crítico. Compreender o histórico da comunicação e como ela se desenvolveu no país é fator fundamental
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