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1 Esther de Oliveira Costa – RA: N279036 Lorraine Lima Camargo de Carvalho – RA: N3466B0 Nathália Assis de Almeida – RA: N3274H0 Raquel Vieira de Sousa – RA: N3574J2 Wanessa Pontes da Silva – RA: D806157 Justiça Terapêutica Ética Profissional Trabalho apresentado como parte integrante da disciplina: Ética Profissional Professor(a): Roberdam Ferreira de Oliveira Goiânia- GO OUTUBRO 2018 2 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO …………………………………………………………….…. 3 2 JUSTIÇA TERAPÊUTICA …………………………………………………... 4 2.1 A ORIGEM DA JUSTIÇA TERAPÊUTICA ………………………...…….... 4 2.2 COMO FUNCIONA …………………………………………………….… 5 e 6 2.3 QUAIS OS BENEFÍCIOS ……………………………………………………... 7 3 CRIMES CONSIDERADOS DE MENOR PODER OFENSIVO ……….…. 8 4 JUSTIÇA TERAPÊUTICA EM OUTROS PAÍSES ………………...…... 8 e 9 5 JUSTIÇA TERAPÊUTICA NO BRASIL ………………………….…...... 9 e 10 6 JUSTIÇA TERAPÊUTICA EM GOIÂNIA ……………………...……. 10 e 11 7 PAPEL DO PSICÓLOGO …………………………………….……....……… 11 8 CONCLUSÃO ………………….……………………………………………… 12 9 REFERÊNCIAS ………………………………………………………………. 13 3 1 INTRODUÇÃO A Justiça Terapêutica, uma proposta de cumprimento da legislação penal, nascida nos Estados Unidos da América e já adotada em diversos países e em alguns Estados brasileiros. Consiste em um conjunto de medidas sociais voltadas para que o criminoso envolvido com a utilização de drogas, receba tratamento ou outro tipo de terapia, buscando-se desta forma, evitar a aplicação de pena privativa de liberdade e possibilitar a melhor reeducação e reintegração deste infrator. Representa o trabalho dos operadores do Direito e dos profissionais de saúde que, de forma integrada, trabalham para oferecer uma perspectiva de vida e de cidadania justa a infratores que estejam envolvidos com drogas. A proposta do Programa Justiça Terapêutica é desenvolver um conjunto de medidas e ações visando aumentar a possibilidade dos usuários e dependentes de drogas compreenderem e modificarem sua realidade, promovendo ainda, ações que objetivem a reinserção social de seus participantes. 4 2 JUSTIÇA TERAPÊUTICA 2.1 A ORIGEM DA JUSTIÇA TERAPÊUTICA A Justiça Terapêutica é inspirada nas “Drug Courts”, os chamados tribunais das drogas. Isso ocorreu por volta dos anos 70 em Miami, Estados Unidos em um momento em que o uso de drogas e o aumento da criminalidade apresentavam-se em níveis altíssimos, onde surgiu o primeiro programa que previa tratamento supervisionado aos usuários de drogas. Foram implantadas varas para atender os crimes cometidos por usuários de drogas que gostariam de participar de um programa de reabilitação em vez de responder a um processo criminal tradicional. Os bons resultados atingidos pelo programa fizeram com que ele fosse adotado por várias outras jurisdições americanas, expandindo para diversos outros países, dentre ele o Brasil. 5 2.3 COMO FUNCIONA O programa Justiça Terapêutica compreende em um conjunto de medidas voltadas para a possibilidade de se permitir que infratores usuários, em uso indevido, ou dependentes químicos, tenham a possibilidade de obter tratamento médico ou receber outro tipo de medida terapêutica, em substituição ao andamento de processo criminal ou à aplicação de pena privativa de liberdade, quando a prática destes delitos esteja relacionado ao consumo de drogas ou álcool. A inicialização desse programa conta com a integração multidisciplinar de profissionais do Poder Judiciário através da atuação conjunta dos Juizes de Direito, dos Promotores de Justiça, dos Advogados, dos Defensores Públicos, bem como dos profissionais da área da saúde e de outras áreas, objetivando promover o bem-estar físico e mental do infrator, através de acompanhamento e tratamento biopsicossocial mediante sua aceitação, bem como conscientizar a sociedade em geral para o direito à cidadania. Essa medida representa um significativo avanço na possibilidade de minimização da atual criminalidade, pois, além de oferecer ao usuário de drogas uma intervenção específica para o seu problema de saúde, evita, igualmente, que o mesmo seja exposto à pena de encarceramento quando a lei assim o prevê. Nesses casos, o papel do tratamento é uma significativa contribuição na redução do crime. O processo de tratamento pode ser dividido em três momentos: A primeira etapa do tratamento é a chamada fase pré-judicial, onde será apurado se a infração tem relação com o consumo de drogas, de maneira que, em fase posterior, possam ser aplicadas, ou não, as medidas da Justiça Terapêutica. É a fase referente ao delito, relacionada ao consumo de drogas, que, via de regra, vai desencadear a ação penal. É uma fase prévia, pois o programa não é aplicado nesse momento, embora seja importante devido à necessidade de apuração dos fatos ocorridos. A segunda etapa é chamada de fase judicial, porque é nela que se decidirá pela aplicação ou não do programa. É o momento em que o programa é proposto para o infrator, de acordo com os requisitos e formalidades legais e sempre terá como decisão final do juiz. Após a aplicação de uma das medidas e da consequente decisão judicial, inicia-se a última fase, chamada a fase terapêutica. É na fase terapêutica que o tratamento efetivamente se realiza, sempre de maneira individual, levando-se em conta as 6 necessidades de cada uma das pessoas encaminhadas. É nessa fase que acontece o encaminhamento do usuário, pelo juiz, à instituição na qual será realizada a medida de tratamento, com o envolvimento de médicos, psicólogos, ONG´s e uma série de outros profissionais, além do juiz que deve acompanhar o desenvolvimento, por meio de relatórios. Ao aceitar o tratamento, o infrator será entrevistado por uma equipe interdisciplinar, composta por integrantes de diversas áreas profissionais, que tem como objetivo inicial compor um diagnóstico global do paciente, bem como constituir um plano de atendimento. O tratamento é realizado com o auxílio da rede pública e/ou da rede privada de saúde, além de diversos grupos de apoio, como Associações, em convênio com a Administração Pública e o Poder Judiciário. A adesão ao Programa NÃO É OBRIGATÓRIA; Depois de receber todas as informações e orientações, o infrator pode optar pela adesão ao programa ou seguir respondendo às medidas cabíveis legais. Após o término do atendimento determinado, o promotor de justiça se manifesta quanto à extinção de punibilidade e o juiz providencia a anotação do encerramento do caso no sistema 7 2.3 QUAIS OS BENEFÍCIOS Podemos considerar que o simples afastamento do usuário de drogas e álcool do sistema carcerário já é um ponto positivo suficiente para mostrar um dos principais benefícios da incorporação da justiça terapêutica ao usuário de drogas. Pode se somar a isso a redução da superpopulação carcerária no Brasil, bem como a redução dos custos envolvidos no processo, sob uma ótica prática. Podemos enumerar especificamente pontos que mostram as vantagens e benefícios do programa justiça terapêutica: Permite a solução do problema legal, ou seja, da infração cometida, bem como a do problema de saúde que envolve o uso de drogas; Evita a prisão e oferece ao infrator a possibilidadede receber atendimento profissional especializado; Aumenta a probabilidade de se romper o binômio droga-crime; Diminui a reincidência da conduta infracional e o comportamento recorrente do uso de drogas com consequente redução na criminalidade; Reduz o custo social, por ser a atenção à saúde menos cara e mais efetiva que o simples encarceramento; O infrator tem seus processos arquivados, não constando ao final, antecedentes criminais. Dessa forma, o grande diferencial do tratamento oferecido pelo programa é a sua eficácia na reeducação e reinserção do infrator usuário na sociedade, além de apresentar para o Estado um custo financeiro reduzido. 8 3 CRIMES CONSIDERADOS DE MENOR PODER OFENSIVO Infração ou crime de menor potencial ofensivo é um conceito jurídico concebido para designar os crimes de menor relevância, com ações julgadas e processadas pelos Juizados Especiais Criminais. Conforme a Lei n.º 9.099/95, em sua redação original, seriam consideradas infrações de menor potencial ofensivo os crimes e contravenções com pena cominada em até um ano. Mas, para estender o carácter de agilidade, desafogando os sobrecarregados Juizados Criminais Comuns, a Lei n.º 10.259/01, combinada com a Lei n.º 11.313/06, ampliou o leque da competência dos Juizados Especiais, para a apreciação de processos penais de crimes com penas cominadas em até dois anos. Portanto, menor potencial de ofensividade no Brasil, seja para os crimes de competência da Justiça Federal, seja para os da justiça comum, está delimitada nos moldes da lei 10.259. 4 JUSTIÇA TERAPÊUTICA EM OUTROS PAÍSES A Suécia é um país que rejeita o uso de todo e qualquer tipo de droga não medicamentosa no meio do convívio social, e a prática de uso desses tipos de drogas é considerada crime. A pena para o usuário, mesmo que dependente, é a prisão. Mas a lei viabiliza a possibilidade de o usuário condenado optar pelo tratamento de reabilitação, mas é preciso ser um ato voluntário. Na Suécia, se o usuário representa algo perigo a si mesmo ou a outras pessoas, pode ser forçado a fazer o tratamento de reabilitação por 06(seis) meses. Após o término desse período ele deve escolher entre continuar o tratamento ou ir para prisão. Nos Estados Unidos, os acusados por pequenos delitos têm a opção de participar de programas de reabilitação, que duram pelo menos um ano. Se o usuário for encontrado com drogas, primeiramente ele vai ir preso por uma noite, logo em seguida vai para o tribunal. Se não tiver ficha na polícia, o juiz manda escolher entre participar de um programa de reabilitação ou cumprir pena. Os usuários são acompanhados ao longo de todo período por uma equipe formada por médico, oficiais de justiça, policiais e psicólogos, sendo o juiz que revisa sempre o 9 processo. O dependente químico tem a obrigação de fazer exames de urina de sete em sete dias, para confirmar que ele não voltou a usar drogas. Caso o resultado der positivo, ele volta ao presídio. Se o programa for completado com sucesso, a maioria dos tribunais nos EUA opta por retirar as queixas contra o acusado, isso é visto como uma forma de motivação. 5 JUSTIÇA TERAPÊUTICA NO BRASIL A Justiça Terapêutica é ainda um tema recente no Brasil. Aos poucos o programa vem sendo instituído no país e ganhando aplicação prática. O sistema jurídico Brasileiro, especialmente o Ministério Público, sempre trabalhou com ênfase na repressão, nas questões relativas às drogas. O sistema jurídico necessitava de ajuda para solucionar o binômio droga-crime que somente fazia por crescer em todo o mundo. Foi assim que após a criação do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) em 1990 se cogitou a ideia de implantar um sistema que conciliasse Justiça e Saúde. Onde a justiça passou a olhar para o infrator e enxergar, além do conflito com a lei, o problema do uso, abuso e/ou dependência de drogas. A Justiça Terapêutica foi trazida para o Brasil por membros do Ministério Público do Rio Grande do Sul, que desde 1999 vem divulgando congressos, seminários e estudos, inclusive fundando a Associação Nacional da Justiça Terapêutica. Podemos dizer que o estado que atualmente se apresenta mais avançado em termos de aplicação do programa é Pernambuco. Lá funciona, desde 2001, o Centro de Justiça Terapêutica, pioneiro na América Latina, que abrange a região metropolitana de Recife, fazendo em média 240 atendimentos mensais. O Centro atua de maneira eficaz e já conta com resultados efetivos. No Rio de Janeiro, o programa foi instituído em 2002. Não tem a amplitude teórica estabelecida pelo programa, porque restringe à aplicação do programa aos dependentes iniciados e acusados pelo uso de substâncias entorpecentes; No estado de Minas Gerais o programa foi instituído em 2003 e recebeu o nome de Justiça Cidadã e, assim como no Rio de Janeiro, restringiu os destinatários do programa; 10 No Sergipe e no Paraná, existem programas de tratamento para usuários e dependentes químicos que tenham cometido infrações, mas são programas de acompanhamento que se aproximam mais do previsto na Lei de Tóxicos do que da Justiça Terapêutica e são marcados pela viabilidade sem a intervenção da tutela jurisdicional; Pode-se afirmar que a Justiça Terapêutica no Brasil vem avançando pelos estados, tomando formas inicialmente distintas em alguns aspectos, mas que tendem a convergir para o mesmo propósito. 6 JUSTIÇA TERAPÊUTICA EM GOIÂNIA O Programa Justiça Terapêutica foi criado na comarca de Goiânia há pouco mais de seis anos e, desde então, atendeu quase 3 mil participantes e seus familiares; A adesão ao programa atual atinge entre 55% e 60% e as estatísticas apontam que 84% daqueles participantes que concluem regularmente as atividades propostas pelo programa não se envolvem em novas ações penais; Atualmente a equipe acompanha cerca de 500 participantes por mês e seus familiares, realizando uma média de 1,3 mil atendimentos por mês, entre grupos e atendimentos individuais. Atende participantes encaminhados por todas as Varas e Juizados Especiais Criminais e pelas equipes psicossociais do SIP e SAVID. Em 2016 e 2017, a equipe recebeu quase 100 participantes encaminhados pela 2ª Vara de Execuções Penais e 230 participantes pelas Audiências de Custódia. Os réus encaminhados ao programa pelos juizados, varas criminais e varas de violência doméstica estão cumprindo pena em regime aberto, domiciliar ou em liberdade provisória. Em torno de 84% das 2,7 mil pessoas que foram submetidas ao programa nos últimos seis anos não se envolveram em novas ações penais. O atendimento terapêutico é feito semanalmente com objetivo de resgate da autoestima e reinserção social deste grupo de presos que cometeram crime. 11 De acordo com a psicóloga Thayssa Moiana, coordenadora de equipe do programa Justiça Terapêutica do TJGO, o atendimento é feito entre etapas de acolhimento, acompanhamento e desenvolvimento social, com foco no autocuidado e na atenção ao réu e familiares em situação de vulnerabilidade social. 7 O PAPEL DO PSICÓLOGO Ao psicólogo, cabe uma avaliação mais específica e aprofundada sobre as motivações individuais que levaram o indivíduo à problemática em questão, procurando identificar o grau de comprometimento com o uso de drogas, a droga de escolha, o estágio de prontidão para mudança que ele se encontra, as comorbidades e/ou outros tipos de comprometimento psiquiátrico que, por ventura possam existir . O psicólogo inserido no programada Justiça Terapêutica se depara com questões éticas como o posicionamento perante o tratamento do consumo de substâncias ilícitas, tendo esse consumo como algo que a priori seja dado como patológico e, também, como uma conduta que o sujeito necessariamente queira suprimir. O Conselho Federal de Psicologia manifesta-se no sentido de que o Psicólogo não pode atuar como agente executor de penalidade a ser aplicada ao indivíduo. Diz que a saúde não pode ser encarada como um dever, ferindo, dessa forma, o Princípio VII do Código de Ética do Psicólogo, mas sim como um direito. 12 8 CONCLUSÃO A Justiça Terapêutica tem como proposta uma alternativa para quebrar a ligação existente entre as drogas e a criminalidade, deslocando o foco da punição estabelecida em lei, oferecendo ao usuário um tratamento de modo a oportunizar o resgate de sua própria identidade em respeito ao princípio da dignidade da pessoa humana. É o programa judicial que compreende um conjunto de medidas voltadas para a possibilidade de se permitir que infratores usuários, em uso indevido, ou dependentes químicos, em substituição ao andamento de processo criminal ou à aplicação de pena privativa de liberdade, quando da prática de delitos relacionados ao consumo de drogas, nos casos em que a lei possibilitar, possam entrar e permanecer em tratamento médico ou receber outro tipo de medida terapêutica. A Justiça Terapêutica encontra sustentação nos direitos fundamentais, principalmente nos direitos à vida e à saúde e no princípio da dignidade da pessoa humana, haja vista que as drogas são lesivas ao bem-estar individual, à saúde pública e à sadia qualidade de vida. 13 REFERÊNCIAS: http://www.abjt.org.br/ http://www.abjt.org.br/2018/05/29/a-justica-terapeutica-pede-espaco-no-brasil/ http://www.cnj.jus.br/noticias/cnj/84646-justica-terapeutica-goiana-recupera- reus-dependentes-de-drogas http://www.conteudojuridico.com.br/artigo,justica-terapeutica-um-novo- paradigma-para-a-justica-brasileira-no-combate-a-reincidencia-da- criminalidade-pel,590097.html www.tjgo.jus.br/index.php/comarcas/jij/jij-de-goiania/42-projetoseacoes/justica- terapeutica/42-justica-terapeutica https://veja.abril.com.br/blog/letra-de-medico/a-justica-terapeutica-pede-espaco- no-brasil/ http://www.cartaforense.com.br/m/conteudo/entrevistas/justica- terapeutica/18045 https://www.youtube.com/watch?v=XGVUhiVcKgw#action=share https://www.youtube.com/watch?v=l8POlVPWBa4 https://www.senado.gov.br/noticias/Jornal/emdiscussao/dependencia- quimica/tratamento-para-dependentes-quimicos/apesar-da-falta-de-vagas-lei-ja- prev-justica-terapeutica.aspx 14
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