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Questões.II.PDF Estudos Disciplinares VIII

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Questão 1 
Os problemas que enfrentamos na sociedade atual têm raízes no passado colonial, são problemas 
estruturais, que dizem respeito à forma como se consolidaram o Estado e a república no Brasil. O 
quadro sócio-histórico da sociedade capitalista atual evidencia fortes ataques aos interesses das 
classes subalternas, materializados nas regressividades dos contratos e das condições de trabalho 
impostas pela reestruturação produtiva e pelas contrarreformas na esfera estatal. Esses processos 
são acompanhados também pela regressividade das organizações e das lutas dos trabalhadores, seja 
no quadro sindical (marcado pela hegemonia de um sindicalismo colaborador nos processos de 
“gestão” da crise), seja no campo dos movimentos sociais (no qual se observa a acentuada presença 
de uma ideologia que orienta as ações na órbita do possibilismo, que muitas vezes se traveste de 
governismo). 
DURIGUETTO, M. L.; BALDI, L. A. P. Serviço Social, mobilização e organização popular: uma sistematização do debate contemporâneo. 
Revista Katálysis, Florianópolis, v. 15, n. 2, p. 193-202, jul./dez. 2012 (com adaptações). 
Com base no texto acima e considerando a herança colonial, patriarcal e escravista 
brasileira, elabore um texto dissertativo sobre a importância dos movimentos sociais no 
campo das lutas por direitos e sua relação com a atuação da/do profissional do Serviço 
Social na atualidade. 
1. Introdução teórica
Importância dos movimentos sociais na conquista de direitos 
Movimentos sociais remetem às ações dos homens na história que envolvem um fazer 
(por meio de um conjunto de práticas sociais) e um pensar (por meio de um conjunto de 
ideias motivacionais). Esses movimentos são ações coletivas de cunho sociopolítico, 
estruturadas por atores sociais pertencentes a diferentes classes e camadas sociais, que 
politizam suas demandas e constroem um campo político de força social na sociedade civil. A 
partir de interesses em comum, as ações desenvolvem um processo social, político e cultural 
responsável pela criação de uma identidade coletiva aos movimentos. Essa identidade é 
fruto da força do princípio da solidariedade e é construída a partir da base (GOHN, 2000). 
Para Gohn (2000), os movimentos sociais identificam os diagnósticos da realidade 
social e propõem ações coletivas para resolvê-los, com a atuação em redes. Por meio dessas 
ações, esses movimentos resultam no empowerment (empoderamento) de atores da 
sociedade civil organizada. Para a autora, tais movimentos geram diversas inovações nos 
campos público e privado, promovem a participação direta ou indireta da luta política de um 
país e contribuem para o desenvolvimento e a transformação da sociedade civil. 
A história do Brasil é marcada por movimentos sociais. A partir da década de 1970, 
em função da Ditadura Militar vigente à época, esses movimentos intensificaram-se no país, 
apesar da repressão estatal. O movimento social de oposição e contestação ao regime 
militar tinha como propósito a defesa dos valores do Estado democrático e a crítica a toda 
forma de autoritarismo (MEDEIROS, 2015). 
Gohn (2011) afirma que os movimentos sociais dos anos 1970 e 1980 contribuíram de 
maneira decisiva para a conquista de diversos direitos sociais que, posteriormente, foram 
inscritos em leis na Constituição Federal de 1988. E essa mesma Constituição abriu caminho 
para a participação social em todos os setores, tanto nas políticas públicas relativas à saúde 
e à assistência social quanto nas políticas urbanas e para o meio ambiente. 
Mota Júnior (s/d) afirma que a participação social nos processos decisórios instituída 
pela Constituição Federal promoveu o empoderamento do cidadão, traduzindo-se em lema 
de um Estado democrático de direito. 
Desde a década de 1990 até os dias atuais, novos movimentos sociais emergiram ou 
se ampliaram a partir de demandas sociais, como o movimento de mulheres, que luta contra 
a sociedade patriarcal e o autoritarismo do Estado; o Movimento de Lésbicas, Gays, 
Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros (LGBT ou LGBTTT), que luta pelos direitos 
dos homossexuais e dos bissexuais e contra a homofobia; o movimento negro, que 
reivindica os direitos da população negra que sofre racismo na sociedade; o movimento 
indígena, que reivindica os direitos de povos indígenas que são marginalizados pela 
sociedade; e o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), cujo objetivo é 
realizar a reforma agrária para a prática da produção de alimentos ecológicos e a melhoria 
das condições de vida no campo (MEDEIROS, 2015). 
De modo geral, os movimentos sociais brasileiros lutam contra aspectos opressores 
do sistema vigente e reivindicam que o Estado assegure os direitos da maioria da população. 
Desse modo, eles exigem a interferência do Estado para o reconhecimento e a legalização 
dos direitos e dos deveres dos sujeitos socais envolvidos (SOUSA e CASTRO, 2013). 
Assim como os movimentos sociais, o projeto ético-político do Serviço Social defende 
a ampliação e a consolidação dos direitos como dever social do Estado. Dessa forma, o 
compromisso histórico do Serviço Social com os movimentos sociais visa a contribuir com os 
grupos que lutam contra a opressão e o autoritarismo, articulando forças e construindo 
alianças estratégicas com os segmentos que sofrem opressões de ordem econômica, de 
classe, de gênero e de orientação sexual, dentre outras. Nesse sentido, o Serviço Social 
contribui para a ampliação e a consolidação de cidadania e para a defesa dos direitos 
humanos (SOUSA e CASTRO, 2013). 
Duriguetto (2013) afirma que a relação do Serviço Social com os movimentos sociais 
está explícita na Lei de Regulamentação da profissão, que determina como competência do 
profissional “prestar assessoria e apoio aos movimentos sociais em matéria relacionada às 
políticas sociais, no exercício e na defesa dos direitos civis, políticos e sociais da 
coletividade”, e no Código de Ética, que afirma como direito do profissional “apoiar e/ou 
participar dos movimentos sociais e organizações populares vinculados à luta pela 
consolidação e ampliação da democracia e dos direitos de cidadania”. 
Para Mioto e Nogueira (2013), o trabalho desenvolvido pelos profissionais do Serviço 
Social nos movimentos sociais é importante para o processo de institucionalização das 
políticas públicas direcionadas à garantia dos direitos sociais, assim como para a 
consolidação do projeto ético-político da profissão. 
2. Padrão de resposta INEP
A/o estudante deve elaborar um texto dissertativo que contemple os aspectos a seguir. 
 A importância dos movimentos sociais no campo das lutas por direitos no Brasil:
o a compreensão da importância histórica dos movimentos sociais para o
enfrentamento das desigualdades sociais originárias do sistema capitalista e para 
a conquista, consolidação e defesa dos direitos no Brasil;
o as lutas e resistências à exploração dos trabalhadores e às opressões de classe, 
etnia e gênero, expressas em movimentos sociais (movimento negro, feminista, 
estudantil, sindical, LGBT, MST etc.) e sua relação com elementos históricos da 
formação social brasileira (discriminação, preconceito, racismo, patriarcado, 
machismo, patrimonialismo e autoritarismo).
 A articulação dos temas acima com a atuação da/do profissional do Serviço Social na
atualidade, considerando os seguintes preceitos: 
o a defesa e promoção da cidadania com a ampliação do acesso às políticas sociais 
e garantia dos direitos conquistados pelos movimentos e lutas sociais; e/ou 
o a articulação do Serviço Social com os movimentos sociais através de assessoria, 
consultoria, capacitação e outras estratégias de organização e mobilização social, 
cultural e política para o fortalecimentode suas lutas.
Disponível em <http://download.inep.gov.br/educacao_superior/enade/padrao_resposta/2016/ 
servico_social_prp_ok.pdf>. Acesso em 17 ago. 2018. 
3. Indicações bibliográficas
 DURIGUETTO, M. L. Questão social, sociedade civil e lutas sociais: desafios ao Serviço
Social. Revista Conexão Gerais do Conselho Regional do Serviço Social de Minas Gerais 
(CRESS-MG) 2013. v. 4. Disponível em <http://cress-mg.org.br/publicacoes/Home/
PDF/32>. Acesso em 22 jun. 2018.
 DURIGUETTO, M. L.; BALDI, L. A. P. Serviço Social, mobilização e organização popular:
uma sistematização do debate contemporâneo. Revista Katálysis, 15(2): 193-202, 2012.
 GOHN, M. G. 500 anos de lutas sociais no Brasil: movimentos sociais, ONGs e terceiro
setor. Rev. Mediações, 2000; 5(1): 11-40.
 GOHN, M. G. Movimentos sociais na contemporaneidade. Revista Brasileira de Educação,
2011; 16(47): 333-513.
 MEDEIROS, A. M. Breve História dos Movimentos Sociais no Brasil. Sabedoria Política.
[página internet]. Postado em 2015. Disponível em 
<https://www.sabedoriapolitica.com.br/products/breve-historia-dos-movimentos-sociais-
no-brasil/>. Acesso em 22 jun. 2018.
 MIOTO, R. C. T.; NOGUEIRA, V. M. R. Política Social e Serviço Social: os desafios da
intervenção profissional. R. Katálysis. 2013; 16(esp.): 61-71.
 MOTA JÚNIOR, F. A Constituição cidadã e a participação social: além da cidadania uma
questão de efetivação de direitos. [internet]. SD. Disponível em
<http://www.publicadireito.com.br/artigos/?cod=eb484fced33f6d6d>. Acesso em 22 jun.
2018. 
 SOUSA, R. S.; CASTRO, A. G. Movimentos Sociais, Direitos Humanos e Serviço Social no
Brasil. Congresso Catarinense de Assistentes Sociais. Florianópolis, 2013. Disponível em
<http://cress-sc.org.br/wp-content/uploads/2014/03/Movimentos-Sociais-Direitos-Huma
nos-e-SS-no-Brasil2.pdf>. Acesso em 22 jun. 2018.
Questão 2 
TEXTO I 
Cada vez que nos negamos ao atendimento de longas filas de usuárias/os sem propor-lhes 
alternativas, tomamos uma decisão política. A cada silêncio diante de violações de direitos, de 
torturas e violência à ausência de espaços de efetiva participação de usuárias/os na definição das 
políticas, essas violações se cristalizam. A cada discurso fatalista que assumimos (“não há o que 
fazer”; “as condições de trabalho me impedem de agir”; “se disser o que penso serei transferido”; 
“corro o risco de perder o meu emprego” etc.), sem acionar saídas para ações alternativas 
(movimentos sociais; movimento sindical; sistema nacional e internacional de proteção de direitos 
humanos etc.), também violamos direitos. Deixamos de responder, com a qualidade que nossa 
graduação nos possibilita, a demandas legítimas. 
RUIZ, J. L. S. A defesa intransigente dos direitos humanos e a recusa do arbítrio e do autoritarismo. In. Projeto ético-político e exercício 
profissional em Serviço Social: os princípios do código de ética articulados à atuação crítica de assistentes sociais. Conselho Regional de 
Serviço Social do Rio de Janeiro Rio de Janeiro: Ediouro, 2013 (com adaptações). 
TEXTO II 
A partir dos anos 1980, o Serviço Social brasileiro buscou romper com as amarras 
conservadoras presentes desde a gênese da profissão, sobre as quais se assentavam 
formação e trabalho profissional, e passou a constituir bases profissionais alicerçadas nos 
novos tempos. Tal mudança não é apenas teórico-metodológica: é conceitual, é formativa, é 
ético-política e é técnico-operativa, pois infunde na apreensão da/do assistente social como 
trabalhador/a assalariada/o que, ao mesmo tempo em que trabalha diretamente com as 
expressões da questão social, sofre os rebatimentos que são fruto da condição de 
vendedor/a da sua força de trabalho. É dizer: a intenção de ruptura com as acepções 
conservadoras exige que formação e trabalho profissional estejam atrelados ao tempo 
presente e aos desafios por ele apresentados, para não perder de vista o horizonte ético-
político profissional. 
Tendo os textos acima como referência, redija um texto dissertativo sobre a questão social 
como objeto de trabalho do Serviço Social e estabeleça a relação entre as dimensões 
teórico-metodológica, ético-política e técnico-operativa no trabalho profissional da/do 
assistente social. 
1. Introdução teórica
A atuação do/a assistente social 
A Assistência Social foi instituída como política social não contributiva pela 
Constituição Federal de 1988, sendo desenvolvida no âmbito da proteção social. A política 
de assistência social tem sido um importante campo de trabalho dos/as assistentes sociais 
(CFESS, 2011). 
As atribuições e as competências dos/as profissionais de Serviço Social, que podem 
ser realizadas na política de Assistência Social ou em outro espaço sócio-ocupacional, devem 
ser orientadas e norteadas pelos direitos e pelos deveres constantes no Código de Ética 
Profissional e na Lei de Regulamentação da Profissão (CFESS, 2011). 
Nessa perspectiva, as competências e as atribuições dos/as assistentes sociais 
requerem a compreensão do contexto sócio-histórico em que se situa sua ação, 
considerando (CFESS, 2011): 
• a apreensão crítica dos processos sociais de produção e reprodução
das relações sociais numa perspectiva de totalidade; 
• a análise do movimento histórico da sociedade brasileira,
apreendendo as particularidades do desenvolvimento do Capitalismo 
no país e as particularidades regionais; 
• a compreensão do significado social da profissão e de seu 
desenvolvimento sócio-histórico, nos cenários internacional e nacional, 
desvelando as possibilidades de ação contidas na realidade; 
• a identificação das demandas presentes na sociedade, visando a 
formular respostas profissionais para o enfrentamento da questão 
social, considerando as novas articulações entre o público e o privado. 
De acordo com o Conselho Federal de Serviço Social (CFESS, 2011), são essas 
competências que permitem ao/à profissional realizar a análise crítica da realidade e, então, 
estruturar seu trabalho e estabelecer as competências e as atribuições específicas para o 
enfrentamento das situações e das demandas sociais que se apresentam em seu cotidiano. 
O trabalho do/a assistente social resulta da interação de ações e procedimentos de 
três dimensões: teórico-metodológica, ético-política e técnico-operativa. A primeira engloba 
os conhecimentos que embasam a interpretação que o/a profissional faz da realidade. A 
segunda compreende os valores e princípios que direcionam e orientam todas as condutas 
do/a assistente social. Por fim, a terceira é composta pelas ferramentas, pelos instrumentos 
e pelas estratégias e táticas adotadas. 
Para o CFESS (2011), as competências específicas dos/as assistentes sociais 
abrangem diversas dimensões interventivas, complementares e indissociáveis, conforme 
descrito a seguir. 
1. Dimensão que engloba as abordagens individuais, familiares ou grupais na perspectiva de
atendimento às necessidades básicas e de acesso aos direitos, bens e equipamentos 
públicos. Essa dimensão não deve se orientar pelo atendimento psicoterapêutico a 
indivíduos e a famílias, mas à potencialização da orientação social, com vistas à ampliação 
do acesso dos indivíduos e da coletividade aos direitos sociais. 
2. Dimensão de intervenção coletiva junto a movimentos sociais, na perspectiva da
socialização da informação, da mobilização e da organização popular, que tem como 
fundamentos o reconhecimento e o fortalecimento da classe trabalhadora como sujeito 
coletivo na luta pela ampliação dos direitos e pela responsabilização estatal. 
3. Dimensão de intervenção profissional voltada para a inserção nos espaços democráticos
de controle social e para a construção de estratégias para fomentar a participação, 
reivindicação e defesados direitos pelos/as usuários/as e trabalhadores/as nos Conselhos, 
Conferências e Fóruns da Assistência Social e de outras políticas públicas. 
4. Dimensão de gerenciamento, planejamento e execução direta de bens e serviços aos
indivíduos, às famílias, aos grupos e à coletividade, na perspectiva de fortalecimento da 
gestão democrática e participativa, capaz de produzir, intersetorial e interdisciplinarmente, 
propostas que viabilizem e potencializem a gestão em favor dos/as cidadãos/ãs. 
5. Dimensão que se materializa na realização sistemática de estudos e pesquisas que
revelem as reais condições de vida e as demandas da classe trabalhadora, a fim de que se 
possa alimentar o processo de formulação, implementação e monitoramento da política de 
Assistência Social. 
6. Dimensão pedagógico-interpretativa e socializadora de informações e saberes no campo
dos direitos, da legislação social e das políticas públicas, dirigida aos/às diversos/as 
atores/atrizes e sujeitos da política: os/as gestores/as públicos/as, os/as dirigentes de 
entidades prestadoras de serviços, os/as trabalhadores/as, os/as conselheiros/as e os/as 
usuários/as. 
É importante mencionar que o compromisso ético, político e profissional dos/as 
assistentes sociais brasileiros/as, do CFESS e dos Conselhos Regionais de Serviço Social 
(CRESS) na luta pela Assistência Social está fundamentado (CFESS, 2011): 
 no reconhecimento da liberdade, autonomia, emancipação e na plena 
expansão dos indivíduos sociais; 
 na defesa intransigente dos direitos humanos e na recusa do arbítrio 
e do autoritarismo; 
 na ampliação e consolidação da cidadania, com vistas à garantia dos 
direitos das classes trabalhadoras; 
 na defesa da radicalização da democracia, enquanto socialização da 
participação política e da riqueza socialmente produzida; 
 no posicionamento em favor da equidade e da justiça social, que 
assegurem universalidade de acesso aos bens e serviços, 
 na gestão democrática e no empenho para a eliminação de todas as 
formas de preconceito. 
2. Padrão de resposta INEP
O/A estudante do curso de Serviço Social deve elaborar um texto dissertativo em que 
demonstre o que segue. 
 Compreensão sobre a questão social como objeto de trabalho do Serviço Social. Deve 
abordar as múltiplas expressões da questão social no capitalismo, traduzidas em demandas 
concretas, como sendo objetos de intervenção do/a assistente social, mediada pelas políticas 
sociais e voltada para a garantia dos direitos. 
 Entendimento da relação entre as dimensões teórico-metodológica, ético-política e técnico-
operativa no trabalho profissional da/do assistente social. Deve abordar a referida relação 
tendo por base a finalidade (dimensão teleológica) da intervenção profissional sobre as 
expressões da questão social, que requer a articulação indissociável entre os aspectos 
abaixo relacionados: 
 dimensão teórico-metodológica – o conjunto de conhecimentos que embasam a
interpretação e a intervenção do/a assistente social sobre a realidade;
 dimensão ético-política – os valores e princípios que conferem uma direção social e
política à intervenção do/a assistente social sobre a realidade e;
 dimensão técnico-operativa – o arsenal de instrumentos, estratégias e meios 
acionados pelo/a assistente social na intervenção sobre a realidade.
Disponível em <http://download.inep.gov.br/educacao_superior/enade/padrao_resposta/2016/ 
servico_social_prp_ok.pdf>. Acesso em 17 ago. 2018. 
3. Indicação bibliográfica
 CONSELHO FEDERAL DE SERVIÇO SOCIAL (CFESS). Parâmetros para Atuação de
Assistentes Sociais na Política de Assistência Social. Série Trabalho e Projeto Profissional
nas Políticas Sociais. Brasília: CFESS, 2011.
Questão 3 
A partir da análise da relação Estado / sociedade civil em Gramsci, pode-se afirmar que o 
controle social [...] é contraditório. 
CORREIA, M. V. C. Controle Social na Saúde. In: MOTA, A. E. et al. (Orgs.). Serviço Social e Saúde: formação e trabalho profissional. São 
Paulo: Cortez, v. 1, p. 111- 138, 2006. 
A partir do fragmento do texto apresentado, avalie as asserções a seguir e a relação 
proposta entre elas. 
I. O controle social pode ocorrer via políticas públicas e, na perspectiva das classes 
subalternas, envolve sua capacidade de interferir na gestão pública, mediante disputa 
pela construção da hegemonia. 
PORQUE 
II. Segundo a perspectiva gramsciana, o controle social é balizado por uma correlação de
forças contraditórias e exercido, de um lado, pelo Estado e, por outro lado, pela
sociedade civil.
A respeito dessas asserções, assinale a opção correta. 
A. As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa correta da I. 
B. As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II não é uma justificativa correta da 
I. 
C. A asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição falsa. 
D. A asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira. 
E. As asserções I e II são proposições falsas. 
1. Introdução teórica
1.1. Conceito de controle social 
O conceito de controle social, em teoria política, depende das concepções que se 
adotam a respeito do Estado e da sociedade civil. De forma genérica, Bobbio et al (1998) 
definem controle social como o 
conjunto de meios de intervenção, quer positivos quer negativos, acionados 
por cada sociedade ou grupo social a fim de induzir os próprios membros a se 
conformarem às normas que a caracterizam, de impedir e desestimular os 
comportamentos contrários às mencionadas normas, de restabelecer 
condições de conformação, também em relação a uma mudança do sistema 
normativo. 
1.2. Relação entre Estado e sociedade civil para Gramsci e o controle social 
Antonio Gramsci foi um dos mais importantes pensadores marxistas do século XX. 
Sua obra Cadernos do cárcere foi produzida enquanto esteve na prisão do regime fascista. 
No seu pensamento, o conceito de hegemonia tem importância central nas relações 
sociais de dominação. O filósofo modifica a concepção marxista ao propor que a relação 
entre estrutura e superestrutura não se dá com a determinação da primeira sobre a 
segunda. De acordo com sua perspectiva, deve-se apontar a centralidade das 
superestruturas na análise das sociedades. 
Para Gramsci, a hegemonia consiste na construção de legitimidade dos dominadores 
por meio de valores culturais. Em outras palavras, a dominação não ocorre apenas pela 
coerção ou pelo poder econômico, mas também pela ideologia. Assim, é por meio da 
hegemonia que a sociedade entende como seus os interesses que são, de fato, da classe 
social dominante. 
De acordo com Gramsci, não existe distinção entre Estado e sociedade civil, que 
formam uma unidade orgânica. Para o autor, o Estado abrange a sociedade política e a 
sociedade civil, a fim de manter a hegemonia de determinada classe sobre outra. Assim, o 
Estado congrega a sociedade política e a civil e incorpora as demandas das classes 
subalternas para a manutenção de sua hegemonia (CORREA, 2006). 
A partir do referencial teórico de Gramsci, pode-se afirmar que o controle social não é 
do Estado ou da sociedade civil, mas das classes sociais, e, por isso, é contraditório, pois 
pode ser tanto de uma classe quanto de outra, visto que a sociedade civil é um espaço de 
luta entre as classes pelo poder (CORREA, 2006). 
Considerando as concepções de Gramsci de que não existe uma oposição entre 
Estado e sociedade civil, mas uma relação orgânica, o controle social acontece em meio à 
disputa entre classes pela hegemonia na sociedade civil e no Estado. Assim, o controle social 
é contraditório, pois está balizado na referida correlação de forças, que ora é de uma classe, 
ora é de outra (CORREA, 2006). 
Nessaconcepção, Correa (2006) afirma que o controle social pode acontecer via 
políticas públicas. Dessa forma, na perspectiva das classes subalternas, o controle social visa 
à atuação de setores organizados na sociedade civil que as representam na gestão das 
políticas públicas, para que atendam às suas demandas e aos seus interesses. 
Nesse sentido, o controle social envolve a capacidade que as classes subalternas, em 
luta na sociedade civil, têm de interferir na gestão pública, orientando as ações do Estado e 
os gastos estatais na direção dos seus interesses, tendo em vista a construção de sua 
hegemonia (CORREA, 2006). 
Correia (2006) conclui que o controle social das classes subalternas sobre as ações do 
Estado e sobre o destino dos recursos públicos é um desafio para a realidade brasileira. 
2. Análise das asserções
I – Asserção correta. 
JUSTIFICATIVA. O controle social pode ocorrer via políticas públicas e envolve a capacidade 
das classes subalternas de construírem sua hegemonia e interferirem nas ações do Estado 
na direção dos seus interesses. 
II – Asserção incorreta. 
JUSTIFICATIVA. De acordo com as concepções de Gramsci, não existe uma oposição entre 
Estado e sociedade civil, mas uma relação orgânica entre ambas. 
Alternativa correta: C. 
3. Indicações bibliográficas
 BOBBIO, N.; MATTEUCCi, N.; PASQUINO, G. Dicionário de Política. Brasília: UnB, 1998.
 CORREIA, M. V. C. Controle Social na Saúde. In: MOTA, A. E. et al. (Orgs.). Serviço 
Social e Saúde: formação e trabalho profissional. São Paulo: Cortez, 2006, v. 1.
Questões 4 e 5 
Texto para as questões 4 e 5. 
A formação histórico-social do Brasil revela posição periférica em relação ao desenvolvimento dos 
países de economia central, o que lhe atribui patamar desigual e, ao mesmo tempo, combinado das 
forças produtivas, porque o arcaico e o moderno convivem numa aliança de dominação burguesa 
para a (super) exploração e apropriação da riqueza socialmente produzida pela classe trabalhadora. 
FERNANDES, F. A Revolução Burguesa no Brasil: ensaio de interpretação sociológica. 5. ed. São Paulo: Globo, 2006 (com adaptações). 
Questão 4.4 
Considerando o texto acima, uma das particularidades do capitalismo brasileiro consiste 
A. na adesão ao modelo universal da democracia tipicamente burguesa. 
B. na transição do modelo urbano-industrial para o chamado agronegócio. 
C. na adoção do capitalismo como principal resultado dos movimentos populares. 
D. na dissociação entre o desenvolvimento capitalista e a adoção do regime democrático. 
E. no caráter revolucionário da burguesia brasileira em relação a outros países europeus. 
Questão 5.5 
De acordo com a linha de pensamento social brasileiro exposta no texto, assinale a 
alternativa correta. 
A. A modernização das estruturas arcaicas não interfere no desenvolvimento brasileiro 
frente à mundialização da economia. 
B. No âmbito do desenvolvimento desigual e combinado, a classe trabalhadora sustenta-se 
por relações de estabilidade e valorização crescente de sua força de trabalho. 
C. O desenvolvimento histórico característico dos países latino-americanos é uma fase 
constitutiva do padrão de desenvolvimento contemporâneo dos países centrais. 
D. A colonização e a dependência externa são características que marcaram a história do 
Brasil até os anos 1960, quando então, o país rompeu com o ciclo de exploração 
característico das velhas classes dominantes. 
E. No Brasil, o desenvolvimento desigual e combinado é um dos fatores da concentração de 
riqueza no país, por isso sua manutenção é funcional às classes dominantes, 
historicamente conservadoras e autocráticas. 
1. Introdução teórica
A revolução burguesa no Brasil e os princípios democráticos 
Florestan Fernandes foi um dos mais importantes sociólogos e intelectuais 
brasileiros. Sua obra A revolução burguesa no Brasil: ensaio de interpretação sociológica é 
considerada fundamental para a compreensão da nossa sociedade. 
Nesse livro, escrito nos primeiros anos da ditadura militar e publicado em 1974, com 
o acréscimo de uma terceira parte, o sociólogo aponta que, no Brasil, a revolução burguesa
– entendida como o conjunto de transformações políticas, econômicas, sociais e culturais
que consolidam o poder burguês – não seguiu os modelos das ocorridas na Europa. Nos 
países centrais, a consolidação do capitalismo exigiu a superação da ordem social anterior e 
a valorização dos ideais burgueses da democracia e da liberdade. No nosso país, a mudança 
no modo de produção continuou acompanhada de alguns padrões de dominação da “era 
senhorial”, também chamada pelo autor de “antigo regime”. Assim, neste país, a transição 
para a “era burguesa”, ou para a sociedade de classes, apresentou particularidades que 
devem ser observadas na compreensão da nossa formação socioeconômica e política. 
Para Florestan Fernandes (2006), a oligarquia, no contexto da instalação da 
República, não perdeu seu poder; ao contrário, ela “encontrou condições ideais para 
enfrentar a transição, modernizando-se, onde isso fosse inevitável, e irradiando-se pelo 
desdobramento das oportunidades novas, onde isso fosse possível”. Segundo o autor, 
nossas elites mantiveram o poder e a mentalidade autocrática, sem a aceitação, de fato, dos 
princípios democráticos. 
Dessa forma, velho e novo fundiram-se na consolidação capitalista, e a aristocracia 
rural ampliou seu poder político, tornando-se também um agente da expansão burguesa. A 
burguesia brasileira, diferentemente do que ocorreu nos países europeus, manteve múltiplas 
polarizações com as estruturas políticas sociais e econômicas já existentes. 
De acordo com Sereza (2014), Florestan Fernandes, nessa obra, mostra que a 
ascensão burguesa e da lógica capitalista nas relações sociais, de trabalho e 
de produção, o que politicamente resultou na abolição da escravatura e na 
Proclamação da República, não foi acompanhada por uma ruptura com os 
meios de dominação patriarcal. 
Segundo Florestan Fernandes, no Brasil, a introdução do trabalho assalariado e da 
nova ordem econômica não permitiram a consolidação plena das potencialidades da 
racionalidade burguesa, pois não eliminaram as relações anteriores. A sociedade híbrida, 
formada pela coexistência do novo e do arcaico, modelou-se no que o autor chama de 
“capitalismo dependente”. 
Desse modo, a revolução burguesa no Brasil conduziu o país a transformações 
econômicas, mas isso não implicou a revolução democrática. Sem romper com o passado, o 
país manteve o modelo autocrático, de democracia restrita, que marca a nossa história. 
Além disso, a burguesia local associou-se aos interesses da burguesia internacional, 
mantendo a submissão da economia nacional às necessidades externas. 
Esse modelo também perpetuou as desigualdades, pois não promoveu a ascensão 
social, tampouco visou a melhorar as condições de vida das classes menos privilegiadas. A 
ocorrência simultânea de aspectos modernos e arcaicos no processo de desenvolvimento 
brasileiro caracteriza “o desenvolvimento desigual e combinado”. 
Nas palavras de Oliveira e Vasquez (2010), 
de acordo com o Florestan, desse modo, a Revolução Burguesa no Brasil 
apresenta um alto grau de singularidade, pois a despeito de envolver agentes 
modernizadores, o seu raio de ação se limita a certas esferas da vida social, 
mostrando-se incapaz de contemplar o conjunto da sociedade. Embora 
acompanhe e ocorra em compasso com a formação da sociedade de classes, 
ela acaba eliminando os componentes políticos e socioculturais observados no 
modelo original, cuja resultante consistiu na feição autocrática e autoritária 
da dominação burguesa no Brasil, que concorreu para distanciá-la ainda mais 
de sua congênere europeia. 
2. Análisedas alternativas
Questão 4. 
A – Alternativa incorreta. 
JUSTIFICATIVA. O Brasil nunca adotou os moldes tradicionais da democracia burguesa. O 
capitalismo aqui apresentou características próprias, como o conservadorismo e a 
manutenção dos padrões da sociedade patriarcal. 
B – Alternativa incorreta. 
JUSTIFICATIVA. Não havia um modelo urbano industrial no final do século XIX, quando 
ocorrem as transformações de ordem política e econômica. 
C – Alternativa incorreta. 
JUSTIFICATIVA. O capitalismo brasileiro não se consolidou devido às pressões populares. 
D – Alternativa correta. 
JUSTIFICATIVA. De acordo com Florestan Fernandes, as elites brasileiras mantiveram a 
mentalidade autocrática, ou seja, nunca foram adeptas dos princípios democráticos da 
burguesia europeia. 
E – Alternativa incorreta. 
JUSTIFICATIVA. A burguesia brasileira não apresentou desejo revolucionário de 
transformação. Ao contrário, observou-se aqui a manutenção de estruturas arcaicas. 
Questão 5. 
A – Alternativa incorreta. 
JUSTIFICATIVA. A coexistência das estruturas arcaicas com aspectos modernizantes 
imprimiu singularidade ao processo brasileiro. 
B – Alternativa incorreta. 
JUSTIFICATIVA. O desenvolvimento desigual e combinado caracteriza-se pela presença do 
arcaico e do moderno. No Brasil, a classe trabalhadora, historicamente, não tem sua força 
de trabalho valorizada. 
C – Alternativa incorreta. 
JUSTIFICATIVA. O capitalismo dependente não se constitui uma etapa para se atingir o 
desenvolvimento dos países centrais. 
D – Alternativa incorreta. 
JUSTIFICATIVA. O Brasil não rompeu com as exportações, tampouco superou a dependência 
externa na década de 1960. O ímpeto modernizante observado nos meados do século XX, 
especialmente no governo de Juscelino Kubistchek, não alterou significativamente as 
estruturas sociais. 
E – Alternativa correta. 
JUSTIFICATIVA. O desenvolvimento econômico no Brasil manteve as desigualdades sociais e 
a concentração de renda nas mãos de poucos. A revolução burguesa não rompeu com o 
poder das classes dominantes da era senhorial. Dessa forma, prevaleceu a mentalidade 
conservadora e autoritária, apesar dos aspetos modernizantes na produção econômica. 
3. Indicações bibliográficas
 FERNANDES, F. A Revolução Burguesa no Brasil: ensaio de interpretação sociológica. 5.
ed. São Paulo: Globo, 2006.
 OLIVEIRA, G. C; VASQUEZ, D.A. Florestan Fernandes e o capitalismo dependente:
elementos para a interpretação do Brasil. Rio de Janeiro: Revista Oikos, v. 9, n. 1, 2010.
Disponível em <http://www.revistaoikos.org>. Acesso em 10 ago. 2018.
 SEREZA, H. C. Florestan Fernandes. IN PERICÁS, L. B.; SECCO, L. (orgs). Intérpretes do 
Brasil: clássicos, rebeldes e renegados. São Paulo: Boitempo, 2014.
Questão 6 
As políticas de ajuste neoliberal foram implementadas, no Brasil, a partir da entrada dos anos 1990 e 
implicaram o acirramento das desigualdades sociais, a desregulamentação dos direitos sociais e 
trabalhistas e o agravamento da questão social. Para garantir a instabilidade política dos países 
periféricos, uma das estratégias utilizadas foi a recomendação de desenvolvimento de políticas 
sociais focalizadas. 
DURIGUETTO, M. L. Ofensiva capitalista, despolitização e politização dos conflitos de classe. Revista Temporalis, Rio de Janeiro, ano I, 
n. 1, 2000 (com adaptações).
No que se refere ao desenvolvimento de políticas sociais focalizadas na perspectiva 
neoliberal, avalie as afirmativas a seguir. 
I. As políticas sociais focalizadas são consideradas as mais eficientes e adequadas para a 
concepção da política econômica neoliberal por terem como alvo as famílias e os 
indivíduos mais pobres. 
II. A focalização de políticas sociais é uma forma ideológica pela qual o sistema capitalista
vem desenvolvendo estratégias importantes na busca da universalização de direitos
sociais no campo da previdência social.
III. A focalização de políticas sociais divide os trabalhadores em diferentes categorias
(miseráveis, pobres) e estimula a disputa no âmbito interno da classe trabalhadora para
a entrada nos programas de transferência de renda.
IV. As políticas sociais focalizadas transformam o cidadão portador de direitos em cidadãos
carentes, pobres e tutelados, por meio da transferência direta de renda cujos critérios de
elegibilidade de seus beneficiários baseiam-se na carência.
É correto apenas o que se afirma em 
A. I e IV. B. II e III. C. II e IV. D. I, II e III. E. I, III e IV. 
1. Introdução teórica
1.1. O neoliberalismo 
Entende-se o neoliberalismo como o conjunto de ideias políticas e econômicas que se 
desenvolveram no final do século XX, na fase do capitalismo globalizado. Como o nome 
indica, trata-se da retomada de valores do liberalismo clássico, como a defesa do Estado 
mínimo e do livre mercado. Sob essa perspectiva, a participação do setor privado na 
economia deve ser incentivada, e os gastos públicos devem ser reduzidos. Dessa forma, os 
princípios neoliberais opõem-se às práticas do Welfare State e das ações sociais garantidoras 
de itens básicos aos cidadãos, como saúde e educação. 
Assim, no que diz respeito às políticas sociais, as propostas neoliberais pregam 
diminuição dos gastos sociais e redefinição das políticas públicas com redução dos direitos 
sociais. Sob a lógica focalista, descentralizada e privatista, o neoliberalismo defende o 
enxugamento do Estado na esfera das políticas sociais e a transferência de suas 
responsabilidades à sociedade (FECHINE, ROCHA e CUNHA, 2014). 
1.2. Políticas sociais focalizadas e universalistas 
Políticas sociais referem-se ao padrão de proteção social implementado pelo Estado, 
direcionadas para a redistribuição dos benefícios sociais, objetivando a redução das 
desigualdades estruturais produzidas pelo desenvolvimento socioeconômico (ALMEIDA, 
2011). Trata-se de um mecanismo utilizado pelo Estado para intervir no controle das 
contradições da relação capital-trabalho, com a intenção de assegurar condições mínimas de 
vida e de trabalho aos pobres e, consequentemente, promover a redução das desigualdades 
sociais (NASCIMENTO et al, 2013). 
No Brasil, existe crescente discussão acerca da polarização das políticas sociais em 
dois estilos: a focalizada e a universal (KERSTENETZKY, 2006). Enquanto as políticas 
universalistas direcionam os recursos públicos a todos os cidadãos, as focalizadas 
redirecionam esses recursos para a população mais pobre, por meio de instrumentos que os 
selecionem como beneficiários (ALMEIDA, 2011). 
As políticas sociais universais remetem à seguridade social e à educação e à saúde 
universais. Já as políticas focalizadas estão relacionadas à alocação redistributiva de recursos 
de geração de oportunidades sociais e econômicas para grupos sociais em relativa 
desvantagem (KERSTENETZKY, 2006). 
No Brasil, existe uma contradição imposta pela legislação constitucional, de cunho 
universalizante, e a adoção de políticas públicas sociais focalizadas, cujos princípios são 
influenciados por órgãos externos e orientados pela concepção neoliberal (ALMEIDA, 2011). 
Kerstenetzky (2006) indica que as políticas sociais focalizadas têm como objetivo 
principal atender aos excluídos dos processos econômicos. Para Barco (2010), esses 
objetivos são a redução do gasto social, a eficiente gestão dos recursos do Estado e a 
criação de uma rede de segurança social mínima para controlar a governabilidade do 
sistema, cujos destinatários são as pessoas e/ou os setores classificados como pobres 
estruturais. 
As ideias concebidas pela política social focalizada vêm sendo criticadas no cenário 
nacional. Segundo Theodoro e Delgado (2003), a defesa de programas de transferência de 
rendapara os mais pobres como pilar central da política social nacional decorre da ideia de 
que a população-alvo dessa política subsiste em situação de extrema pobreza, sendo incapaz 
de suprir suas necessidades mínimas via inserção no mercado de trabalho. 
Para os autores, se apenas as pessoas mais pobres têm direito às políticas sociais, 
então a perpetuação da pobreza torna-se um pressuposto lógico, visto que somente a 
existência perene desse grupo como norma justifica a ação do Estado nesse âmbito. Assim, 
a política social de focalização consolidaria e engessaria a desigualdade social no país, o que 
significa o abandono do projeto efetivo de combate à pobreza e de construção de um 
sistema amplo de proteção social. Trata-se, portanto, da identificação da existência de 
privilégios de uma minoria protegida, que teria acesso a bens e/ou a serviços públicos que 
não estariam disponíveis para o conjunto da sociedade (THEODORO e DELGADO, 2003). 
Os autores acrescentam que a escolha dos grupos mais pobres em detrimento de 
outros menos pobres pode encobrir uma perversa troca de posições entre segmentos sociais 
menos protegidos. Assim, destituir de direitos os entendidos como “quase pobres” pode 
torná-los ainda mais pobres. Para os autores, essa escolha entre pobres e menos pobres é 
algo bastante perverso (THEODORO E DELGADO, 2003). 
Almeida (2011) acrescenta que as políticas sociais focalizadas no modelo neoliberal 
permitem melhor nível de eficiência e eficácia na distribuição de recursos. No entanto, tais 
políticas podem se tornar políticas de exclusão social, visto que muitas famílias que vivem 
em situação de severa precariedade poderiam não se adequar aos critérios propostos, cujo 
público-alvo são os muito pobres e os miseráveis. Ademais, há a necessidade da mobilização 
de recursos para mapear a população-alvo e para evitar que os recursos sejam destinados 
aos “não pobres”. 
Para Theodoro e Delgado (2003), o papel da política social não deve ser 
exclusivamente a efetiva redução da pobreza. Trata-se de uma tarefa mais ampla, que deve 
extrapolar os limites da política social, perpassando uma nova concertação social e 
envolvendo um novo projeto de país, uma nova e mais progressiva estrutura tributária, uma 
verdadeira reforma agrária e um novo pacto previdenciário. Nesse contexto, a política social 
torna-se um importante elemento da estratégia de redistribuição da riqueza em prol de uma 
sociedade mais justa e equânime. 
É importante mencionar que a Assistência Social como política de proteção social 
deve atuar de modo intersetorial com as demais políticas para garantir a inclusão nos 
serviços básicos e para promover ações e serviços que garantam a efetividade dos direitos 
para os cidadãos em situação de risco social e vulnerabilidade (COSTA, 2006). 
A expansão da política de assistência social demanda, cada vez mais, a inserção de 
assistentes sociais comprometidos/as com a consolidação do Estado democrático de direitos, 
com a universalização da seguridade social e das políticas públicas e, ainda, com o 
fortalecimento dos espaços de controle social democrático. Isso requer o fortalecimento de 
uma atuação profissional autônoma, crítica, ética e politicamente comprometida com a 
classe trabalhadora e com as organizações populares de defesa de direitos (CFESS, 2011). 
Nesse sentido, considera-se importante a análise crítica do profissional do Serviço 
Social acerca das políticas sociais adotadas no Brasil para que possa exercer sua profissão 
com vistas à defesa dos direitos humanos. 
2. Análise das afirmativas
I – Afirmativa correta. 
JUSTIFICATIVA. As políticas sociais focalizadas no contexto neoliberal permitem melhor nível 
de eficiência e eficácia na distribuição de recursos, tendo como alvo as famílias e os 
indivíduos mais pobres. 
II – Afirmativa incorreta. 
JUSTIFICATIVA. As políticas sociais focalizadas estão direcionadas às famílias e aos 
indivíduos mais pobres e contrapõem-se às políticas universais de direitos sociais, que 
direcionam os recursos públicos a todos os cidadãos (universalização). 
III – Afirmativa correta. 
JUSTIFICATIVA. A política social de focalização consolida a desigualdade social no país, o 
que divide a população em diferentes categorias e oferece privilégios a uma minoria 
protegida (muito pobres e miseráveis), que teria acesso a bens e/ou serviços públicos que 
não estariam disponíveis para o conjunto da sociedade (pobres e não pobres). Isso pode ser 
entendido como uma forma de exclusão social e culminar na disputa da população por esse 
privilégio. 
IV – Afirmativa correta. 
JUSTIFICATIVA. As políticas focalizadas redirecionam os recursos públicos para a população 
mais pobre por meio de instrumentos que os selecionem como beneficiários, classificando-os 
em carentes, pobres e tutelados. 
Alternativa correta: E. 
3. Indicações bibliográficas
 ALMEIDA, L. C. Políticas sociais: focalizadas ou universalistas. É esta a questão? Revista
Espaço Acadêmico, n. 123; 2011, ano XI.
 BARCO, S. N. Políticas focalizadas. In: OLIVEIRA, D. A.; DUARTE, A. M. C.; VIEIRA, L. M.
F. DICIONÁRIO: trabalho, profissão e condição docente. Belo Horizonte:
UFMG/Faculdade de Educação, 2010. CDROM.
 BEHRING, E. R. Brasil em contra-reforma: desestruturação do Estado e perda de direitos.
2 ed. São Paulo: Cortez, 2008.
 CONSELHO FEDERAL DE SERVIÇO SOCIAL (CFESS). Parâmetros para Atuação de
Assistentes Sociais na Política de Assistência Social. Série Trabalho e Projeto Profissional 
nas Políticas Sociais. Brasília: CFESS, 2011.
 COSTA, L. C. Questão Social e Políticas Sociais em Debate. Sociedade em Debate, 2006;
12(2): 61-76.
 FECHINE, A. K. F; ROCHA, M. M. S.; CUNHA, T. H. O neoliberalismo e a formatação das
políticas sociais: desafios contemporâneos. Socializando. Ano 1, nº2, dez,2014.
 KERSTENETZKY, C. L. Políticas Sociais: focalização ou universalização? Revista de 
Economia Política, 2006; 26(4 -104): 564-574.
 NASCIMENTO, A. L.; PEREIRA, A.; BARRETO, C. LIMA, F. A.; CAMPOS, J.; LEITE, M. J.
Políticas sociais e assistência social. Cadernos de Graduação - Ciências Humanas e 
Sociais, 2013; 1(16): 165-174.
 SILVA, F. R. B. G.; LIMA, A. J. LIMA. Desenvolvimento e políticas sociais focalizadas: da
concepção de estado à concepção de mercado. Holos, 2017; 33(01): 361-373.
 THEODORO, M.; DELGADO, G. Política social: universalização ou focalização: subsídios
para o debate. IPEA. Políticas sociais − acompanhamento e análise, 2003 (7): 122-126.
Questão 7 
Segundo dados do IBGE, a desigualdade de rendimento entre homens e mulheres no caso brasileiro 
é resultado, em grande medida, de uma inserção, no mercado de trabalho, diferenciada por sexo, 
com uma maior presença feminina em ocupações precárias, de baixa qualificação, pouco 
formalizadas e predominantemente no setor de serviços como, por exemplo, o trabalho doméstico. 
Além da desigualdade de gênero, verificam-se ainda discriminações associadas à raça. 
BRASIL. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. Informação Demográfica e 
Socioeconômica número 33. Disponível em <http://biblioteca.ibge.gov.br>. Acesso em 09 jul. 2016 (com adaptações). 
Incorporar as dimensões de gênero e raça à análise do mercado de trabalho implica assumir que a 
posição das mulheres e dos negros é desigual em relação aos homens e aos brancos e que questões 
como emprego e desemprego, trabalho precário e remuneração, entre outras, manifestam-se e são 
vividas de forma desigual entre esses trabalhadores e trabalhadoras. 
ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO – OIT. Igualdade de gênero e raça no trabalho: avanços e desafios. Brasília, 2010. 
Disponível em<http://www.oitbrasil.org.br>. Acessoem 09 jul. 2016 (com adaptações). 
Considerando a relação entre patriarcado, racismo e capitalismo, na perspectiva da 
sociedade brasileira, e os princípios fundamentais do Código de Ética das/dos Assistentes 
Sociais (1993), avalie as afirmativas a seguir. 
I. A relação capital/trabalho, como manifestação histórica concreta, mostra-se neutra em 
relação ao gênero/sexo e à raça. 
II. A formação do capitalismo no Brasil induziu a sociedade brasileira à superação do
patriarcado e do racismo.
III. Nas sociedades capitalistas, a preservação das relações desiguais de gênero e raça no
mundo do trabalho constitui mecanismo orgânico-estrutural da dominação multifacetada
do capital.
IV. A exploração, a dominação e a opressão de gênero/sexo e raça expressam-se como
relações desiguais, hierarquizadas e contraditórias, sustentadas historicamente na divisão
sexual e étnico-racial do trabalho.
V. A mulher brasileira contemporânea é uma trabalhadora assalariada, insere-se em novos 
espaços de trabalho profissional, compartilha o sustento da família e, além disso, 
permanece como a principal responsável pelas atividades domésticas. 
É correto apenas o que se afirma em 
A. I, II e III. B. I, II e IV. C. I, IV e V. D. II, III e V. E. III, IV e V. 
1. Introdução teórica
Relações de gênero e de etnia na sociedade capitalista 
Gênero é uma construção histórico-cultural que caracteriza os papéis e os 
comportamentos atribuídos a um indivíduo na sociedade em função de seu sexo. De modo 
geral, atribuem-se às mulheres as qualidades passivas, como a paciência, a fragilidade e a 
emoção, enquanto os homens são caracterizados pelas qualidades ativas, como a 
agressividade, a força e o dinamismo. Essas atribuições não são naturais e aleatórias: são 
socialmente construídas. 
Nota-se que a construção do que é ser mulher ou do que é ser homem na sociedade 
está relacionada ao sistema patriarcal, caracterizado pela dominação masculina. Nesse 
modelo, o homem organiza e dirige, majoritariamente, a vida social (SANTOS e OLIVEIRA, 
2010). Desse modo, a dimensão de gênero remete à construção histórica das relações 
desiguais de poder entre o homem (dominador) e a mulher (submissa). 
Para Pierre Bourdieu (2002), a dominação masculina estabelece-se na sociedade 
porque há interiorização da dominação e as diferenças são naturalizadas de tal modo que 
não são percebidas como construção. Segundo ele, 
como estamos incluídos, como homem ou mulher, no próprio objeto que nos 
esforçamos por apreender, incorporamos, sob a forma de esquemas 
inconscientes de percepção e de apreciação, as estruturas históricas da 
ordem masculina; arriscamo-nos, pois, a recorrer, para pensar a dominação 
masculina, a modos de pensamento que são eles próprios produto da 
dominação. 
As relações desiguais de gênero, fundamentadas no patriarcado, estão presentes em 
todos os contextos da sociedade, como na cultura, na política e na economia. Nessa 
perspectiva, essas relações também estão presentes no capitalismo, que tem na divisão 
social do trabalho o núcleo motor das desigualdades (OLIVEIRA, 2011). 
Com o advento da industrialização, houve a separação entre o local de 
produção/trabalho e o domicílio, entendido como local de reprodução da vida. Ao separar 
esses mundos, o capitalismo passou a valorizar moralmente o universo da produção e a 
desvalorizar ideologicamente a reprodução, dividindo a classe trabalhadora entre homens e 
mulheres; competem à mulher as atividades relacionadas ao ambiente domiciliar (privado) 
e, aos homens, as atividades relacionadas à esfera pública, economicamente dominante 
(provedor da família), conforme Souza, 2015. 
 Desse modo, o capitalismo apoiou-se na hierarquia patriarcal, em que as funções de 
reprodução social (vida privada) se tornaram exclusividade das mulheres, ao mesmo tempo 
em que as tarefas da produção da vida (vida pública) se tornaram masculinas. Em função da 
simbiose capital-patriarcado, as mulheres foram expulsas do mercado de trabalho no início 
do século XIX e tornaram-se dependentes dos homens (SOUZA, 2015). 
Ilustra-se, assim, como o capitalismo articulou a exploração do trabalho com a 
dominação ideológica e se apropriou da lógica e dos valores do sistema patriarcal (SANTOS 
e OLIVEIRA, 2010). 
Contudo, no final do século XIX e no começo do século XX, as novas exigências do 
mercado de trabalho e a busca pelo lucro reduziram o valor salarial dos trabalhadores, 
tornando-o insuficiente para a sustentação da família. Consequentemente, a inserção das 
mulheres no mercado de trabalho foi imprescindível para garantir a sobrevivência da família 
e, desse modo, a força de trabalho das mulheres passou a ser exigida pelo capitalismo. No 
entanto, as mulheres que começaram a trabalhar fora do ambiente domiciliar acabaram 
recebendo salários inferiores aos salários dos homens (SOUZA, 2015). 
Como consequência, o capitalismo fomentou uma nova realidade social para as 
mulheres, representando, nas divisões sociais do trabalho, as relações desiguais de gênero, 
o que propiciou o surgimento de reivindicações e lutas pela sua emancipação (SOUZA,
2015). Ganharam fôlego, assim, os movimentos feministas para o enfrentamento às 
desigualdades de gênero, garantindo os direitos das mulheres e o respeito à sua cidadania. 
Nos dias atuais, a mulher desempenha diferentes papéis na sociedade, inserindo-se 
em novos espaços de trabalho profissional e compartilhando a responsabilidade pelo 
sustento da família. Além disso, a mulher assume, em um contexto geral, a responsabilidade 
pelas atividades domésticas, como esposa, mãe e dona de casa. 
Ao considerar a construção social dos gêneros como imbricada em um processo mais 
complexo, que compreende as diferentes dimensões de como a sociedade está estruturada 
e de como se altera a composição e a dinâmica da luta de classes, Santos e Oliveira (2010) 
a articulam com outras esferas, como a raça, a orientação sexual e a classe, que também se 
caracterizam pelas situações de subordinação e de opressão. 
Para as autoras, as dimensões da diversidade de gênero, raça, orientação sexual e 
outras estão relacionadas porque se inserem em um contexto de desigualdade, determinado 
pelas relações sociais historicamente construídas de opressão e de violação de direitos. 
Estudiosos de abordagem culturológica, que analisam a construção das identidades culturais 
na contemporaneidade, apontam que as desigualdades se somam na opressão. Assim, uma 
mulher negra homossexual sofre discriminações pela etnia, pelo gênero e pela orientação 
sexual. Ela tende a sofrer mais preconceito do que uma mulher branca heterossexual, por 
exemplo. 
Desse modo, a busca pela igualdade de gênero vai além da equidade entre o 
masculino e o feminino, envolvendo também a equidade na vida social, na qual mulheres e 
homens de diferentes raças/etnias, orientação sexual e identidade de gênero possam 
vivenciar sua diversidade sem opressão. 
2. Análise das afirmativas
I – Afirmativa incorreta. 
JUSTIFICATIVA. A relação capital/trabalho está fundamentada nas desigualdades entre o 
gênero masculino e feminino, como também nas questões raciais. 
II – Afirmativa incorreta. 
JUSTIFICATIVA. O capitalismo no Brasil apoiou-se na hierarquia patriarcal. Ademais, o 
patriarcado e o racismo não foram integralmente superados. 
III – Afirmativa correta. 
JUSTIFICATIVA. O capitalismo articula a exploração do trabalho e a dominação ideológica e 
apropria-se da lógica e dos valores do sistema patriarcal, caracterizado pela dominação 
masculina. Desse modo, representa a dominação multifacetada do capital na sociedade. 
IV – Afirmativa correta. 
JUSTIFICATIVA. As diversidades de gênero, raça e orientação sexual inserem-se emum 
contexto de desigualdade, determinado pelas relações sociais historicamente construídas de 
opressão e de violação de direitos, o que se articula com o capitalismo, que representa a 
força de trabalho. 
V – Afirmativa correta. 
JUSTIFICATIVA. Nos dias atuais, a mulher desempenha diferentes papéis na sociedade, 
inserindo-se no mercado de trabalho e assumindo a responsabilidade de sustento da família 
e de execução de atividades domésticas, como esposa, dona de casa e mãe. 
Alternativa correta: E. 
3. Indicações bibliográficas
 BOURDIEU, P. A dominação masculina. 2. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2002.
 OLIVEIRA, L. S. Relações sociais de gênero no capitalismo contemporâneo. V jornada 
Internacional de Políticas Públicas. São Luís: Campus Universitário de Macanga, 2011.
 SANTOS, S. M. M.; OLIVEIRA, L. Igualdade nas relações de gênero na sociedade do
capital: limites, contradições e avanços. Rev. Katálysis. Florianópolis, 2010; 13(1): 11-19.
 SOUZA, T. M. S. Patriarcado e capitalismo: uma relação simbiótica. Temporalis, 2015;
15(30): 475-494. Disponível em <http://periodicos.ufes.br/temporalis/article/view/
10969>. Acesso em 20 jul. 2018.
Questão 8 
A sociedade brasileira convive atualmente com uma situação polarizada no que se refere aos direitos 
humanos da população de lésbicas, gays, bissexuais, transexuais e travestis (LGBTT). Se, por um 
lado, conquistamos direitos historicamente reprimidos e aprofundamos o debate público sobre a 
existência de outras formas de ser e se relacionar, por outro, acompanhamos o contínuo quadro de 
violência e discriminação que a população LGBTT vive cotidianamente. 
BRASIL. Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos. Relatório de Violência Homofóbica no Brasil: ano 2013. 
Brasília, 2016 (com adaptações). 
Com base nesse contexto, avalie as asserções a seguir e a relação proposta entre elas. 
I. No conjunto das demandas sociais com as quais a/o assistente social lida 
cotidianamente, entre as quais se insere a violência contra a população LGBTT, esse 
profissional é desafiado/a a descortinar a trama do imediato e a reconstruir conexões 
explicativas a partir da relação entre universalidade, particularidade e singularidade. 
PORQUE 
II. A violência é objetivada sob determinadas condições sócio-históricas que não permitem
seu isolamento em si mesma, sendo necessária sua análise como manifestação emanada
da estrutura orgânica da sociedade de classes.
A respeito dessas asserções, assinale a opção correta. 
A. As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa correta da I. 
B. As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II não é uma justificativa correta da 
I. 
C. A asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição falsa. 
D. A asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira. 
E. As asserções I e II são proposições falsas. 
1. Introdução teórica
Violência contra a população de lésbicas, gays, bissexuais, transexuais e travestis 
A homofobia é entendida como preconceito ou discriminação e demais atos de 
violência contra indivíduos em função de sua orientação sexual e/ou de sua identidade de 
gênero. Ela está presente na sociedade brasileira e atinge qualquer pessoa cuja identidade 
de gênero seja percebida como diferente da heterossexual (BRASIL, 2016). 
Atualmente, o Brasil vivencia um movimento contraditório em relação aos direitos 
humanos da população de lésbicas, gays, bissexuais, transexuais e travestis (LGBT ou 
LGBTT). Se, por um lado, o país conquistou direitos historicamente defendidos e aprofundou 
o debate público sobre a existência de outras formas de ser e de se relacionar, por outro,
acompanha um quadro contínuo de violência e de discriminação vivenciado rotineiramente 
por essa população (BRASIL, 2016). 
Dados obtidos pelo Grupo Gay da Bahia (GGB), que coleta informações estatísticas 
sobre os assassinatos de homossexuais e transgêneros no país há 38 anos, revelam que a 
cada 19 horas um LGBT morre vítima da violência contra essa população, o que faz do Brasil 
o campeão mundial desse tipo de crime. O que mais preocupa o Grupo é que tais mortes
cresceram exponencialmente nos últimos anos, passando de 130 homicídios em 2000 para 
445 em 2017 (GGB, 2017). 
Nesse contexto, estudo recente mostrou que a atuação do Serviço Social contribuiu 
no processo de empoderamento dos/das militantes e usuários/as LGBT na luta pela garantia 
de direitos e no combate ao preconceito e à discriminação. A ação desses profissionais foi 
considerada uma ferramenta fundamental para o fortalecimento dos indivíduos e para a 
promoção de mudanças sociais (MENEZES e SILVA, 2017). 
Os profissionais do Serviço Social são importantes por intervir na realidade desses 
sujeitos compreendendo suas ações, com vistas à efetivação do projeto de emancipação 
humana. Para isso, é necessário analisar o sujeito como um todo, considerando as 
dimensões econômicas, políticas e culturais envolvidas, e desconstruir todas as formas de 
exploração e opressão (MENEZES e SILVA, 2017). 
Para as autoras, é preciso entender que o profissional do Serviço Social está 
capacitado para atuar com o público LGBT, pois apresenta um arsenal de competências 
teórico-metodológicas, ético-políticas e técnico-operativas capaz de oferecer atendimento e 
acompanhamento adequados a esse público. Ademais, também é capaz de trabalhar com 
outros atores sociais que envolvem a população LGBT, como sua família e sua comunidade 
e, ainda, com a sociedade em geral, uma vez que a homofobia perpassa por todos esses 
sujeitos. 
O Conselho Federal de Serviço Social (CFESS) destaca que o Código de Ética do 
Assistente Social preconiza que os profissionais devem atuar sem discriminar as pessoas em 
função de classe social, gênero, etnia, religião, nacionalidade, orientação sexual, identidade 
de gênero, idade e condição física. Esse é um dos princípios que balizam o trabalho dos 
assistentes sociais no Brasil na defesa dos direitos humanos (CFESS, 2018). 
Além disso, o projeto ético-político do Serviço Social vincula-se a um projeto 
societário que propõe a construção de uma nova ordem social, sem dominação e/ou 
exploração de classe, etnia e gênero (CFESS, 2018). 
Para garantir os direitos sociais da população LGBT, é necessário que o profissional 
do Serviço Social compreenda que uma sociedade radicalmente democrática e livre não será 
construída sem que as pessoas possam expressar sua diversidade, inclusive de orientação 
sexual e de identidade de gênero (CFESS, 2018). 
Assim, o/a assistente social exerce um papel fundamental na luta da população LGBT 
para a construção de uma sociedade verdadeiramente libertária, com igualdade substantiva 
e emancipação humana, em que os indivíduos sociais possam desenvolver plenamente suas 
potencialidades, tendo seus direitos respeitados (CFESS, 2018). 
2. Análise das asserções
I – Asserção verdadeira. 
JUSTIFICATIVA. A/O assistente social do Brasil trabalha cotidianamente no atendimento à 
população LGBT e na garantia de serviços e direitos sociais. Nesse contexto, insere-se 
também a violência contra essa população, uma realidade em que esse profissional deve 
estar preparado para atuar. Assim, para atender a uma vítima de violência homofóbica, o 
profissional deve prezar o holismo e a qualidade de sua assistência, considerando a situação 
atual com suas particularidades, como também o contexto da sociedade em geral. 
II – Asserção verdadeira. 
JUSTIFICATIVA. A violência contra a população LGBT é uma expressão de uma sociedade 
fundamentada no patriarcado e nas desigualdades de gênero que foram historicamente 
construídas. Para entender essa violência, faz-se necessáriauma análise histórica, cultural, 
social e econômica da sociedade. 
Conclui-se que, o profissional do Serviço Social, ao atuar nas situações de violência contra a 
população LGBT, deve prezar o holismo, considerando a situação atual com suas 
particularidades, assim como a sociedade como um todo, visto que essa situação foi 
construída com base em relações sociais, culturais e econômicas. 
Relação entre as asserções. A asserção II é uma justificativa correta da asserção I. 
Alternativa correta: A. 
3. Indicações bibliográficas
 BRASIL. Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos. Relatório 
de Violência Homofóbica no Brasil: ano 2013. Brasília, 2016.
 CONSELHO FEDERAL DE SERVIÇO SOCIAL (CFESS). [página da internet]. Disponível em
<http://www.cfess.org.br/>. Acesso em 24 jul. 2018.
 GRUPO GAY DA BAHIA (GBB). Mortes violentas de LGBT no Brasil: relatório 2017.
Pessoas LGBT mortas no Brasil. Bahia: GBB, 2017. Disponível em
<https://homofobiamata.files.wordpress.com/2017/12/relatorio-2081.pdf>. Acesso em
24 jul. 2018.
 MENEZES, M. S.; SILVA, J. P. Serviço Social e homofobia: a construção de um debate
desafiador. R. Katálysis, 2017; 20(1): 122-129.
Questão 9 
A Lei N° 8.069, de 13 de julho de 1990, que dispõe sobre a proteção integral à criança e ao 
adolescente, considera adolescente a pessoa entre doze e dezoito anos de idade. 
Atualmente, várias propostas tramitam na Câmara dos Deputados com o objetivo de reduzir 
a idade penal do adolescente que comete ato infracional. A discussão sobre a redução da 
maioridade penal tem mobilizado várias instâncias decisórias, suscitando debates 
acalorados, porém sem que haja consenso a respeito da redução ou da não redução da 
idade de responsabilização de adolescentes que cometerem atos infracionais. Esse debate se 
acalora, sobretudo, a partir de crimes de grande repercussão pública, que motivam diversos 
setores sociais a influenciar parlamentares para que tomem a iniciativa de sugerir propostas 
de alteração da Constituição Federal de 1988. É certo que as propostas até então 
apresentadas se deparam com uma questão constitucional fundamental, as cláusulas 
pétreas. 
Disponível em <http://www.sul21.com.br>. Acesso em 31 jul. 2016. 
Considerando o texto e a imagem apresentados, bem como o Projeto Ético-Político do 
Serviço Social, assinale a opção correta. 
A. A aprovação da proposta de redução da maioridade penal inibirá o crescimento da 
violência e da impunidade. 
B. A Lei N° 8.069/1990 está desatualizada e, portanto, requer alteração no que se refere à 
maioridade penal. 
C. A proposta de redução da maioridade penal constitui um dos dilemas éticos 
contemporâneos da conjuntura societária e um desafio presente na atividade profissional 
da/do assistente social. 
D. A redução da maioridade penal não interferirá na caracterização do adolescente como 
pessoa em condição peculiar de desenvolvimento. 
E. A despeito da grande mobilização social gerada pelo debate sobre a redução da 
maioridade penal, esse assunto não integra as áreas de interesse do Serviço Social. 
1. Introdução teórica
Redução da maioridade penal e Serviço Social 
Em função do crescente aumento da criminalidade no Brasil, em que, por vezes, os 
adolescentes estão envolvidos, a sociedade brasileira procura uma solução para esse 
problema. Uma das propostas é a redução da maioridade penal, que defende uma forma de 
combater as diversas violências que assolam a sociedade pela punição dos adolescentes que 
cometem atos infracionais, com o intuito de promover a segurança pública nacional 
(MOURA, 2015). 
Para fundamentar essa estratégia, esteve em trâmite no Congresso Nacional 
Brasileiro uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC) Nº 33, de 2012, que propõe a 
redução da maioridade penal de 18 para 16 anos. A ideia central dessa proposta é a punição 
do adolescente infrator (MOURA, 2015). 
Entretanto, essa PEC desconsidera os direitos definidos pelo Estatuto da Criança e do 
Adolescente (ECA), que foi implementado no Brasil para assegurar a proteção integral a 
esses indivíduos. De acordo com esse estatuto, a criança (até 12 anos de idade incompletos) 
e o adolescente (de 12 a 18 anos de idade) gozam de todos os direitos fundamentais 
inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral, e são asseguradas a eles 
oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, 
espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade (BRASIL, 1990). 
Segundo o ECA, os adolescentes que cometerem ato infracional deverão ser 
submetidos, considerando a gravidade dos fatos, às medidas socioeducativas, que devem 
estar de acordo com o Artigo 112 dessa mesma legislação (BRASIL, 1990). No entanto, a 
PEC Nº 33 fragmenta o conceito de proteção integral ao adolescente e torna o aspecto 
punitivo o balizador da atenção aos adolescentes em conflito com a lei (MOURA, 2015). 
Desse modo, apesar dos avanços na construção de direitos das crianças e dos 
adolescentes, a PEC Nº 33 demonstra que o discurso e os olhos da sociedade estão voltados 
para a culpabilização e a punição do adolescente infrator (CABRAL et al, 2015). 
Para os autores (2015), o cenário de vulnerabilidades sociais vivido diariamente por 
diversos adolescentes brasileiros é um aspecto que deve ser inserido como pano de fundo 
na discussão sobre a redução da maioridade penal. A escassez de oportunidades, oriundas 
de um sistema desigual, direciona os adolescentes a um contexto de violência e 
criminalidade. Além disso, a não intervenção do Estado, por meio de políticas públicas e 
sociais voltadas aos adolescentes que estão inseridos nessa realidade, também contribui 
para elevar ainda mais o cenário de vulnerabilidades. Cabral et al (2015) acreditam que 
colocar o adolescente infrator em um sistema penitenciário sem qualquer tipo de 
acompanhamento corresponde a lançá-lo de vez à criminalidade, além de representar um 
retrocesso na ampliação da conquista de direitos. 
Nesse sentido, a redução da maioridade penal vem sendo amplamente discutida no 
Brasil. Para parte de alguns membros da sociedade, essa redução significa a punição pelas 
“atrocidades” cometidas pelos adolescentes, enquanto para outros membros, essa estratégia 
fere a Legislação Brasileira (ECA), além de não implicar a diminuição da violência ou da 
criminalidade no país (CABRAL et al, 2015). 
É nesse contexto de reprodução de ideias e de valores socialmente construídos que 
os(as) assistentes sociais estão inseridos(as). Sabendo que o Serviço Social é uma profissão 
comprometida com a garantia dos direitos sociais, intervindo, assim, nas múltiplas 
expressões da questão social vivenciadas pelos diferentes sujeitos em seu cotidiano, essa 
categoria deve se posicionar diante desse cenário, considerando os princípios ético-políticos 
que regem a profissão. 
É importante mencionar que o reconhecimento da liberdade como valor central, a 
defesa intransigente dos direitos humanos e a ampliação e consolidação da cidadania são 
princípios do Código de Ética dos profissionais do Serviço Social e devem ser sempre 
respeitados pela categoria (BRASIL, 2012). 
Por isso, o Conselho Federal de Serviço Social posiciona-se contra a redução da 
maioridade penal e defende que é necessário um investimento em políticas públicas para a 
infância e a juventude e para a implementação do ECA em sua totalidade, além de haver 
respeito aos direitos conquistados e garantidos pela legislação nacional, a fim de que 
ocorram mudanças nos aspectos relacionados à violência no Brasil (CFESS, 2018). 
2. Análise das alternativas
A – Alternativa incorreta. 
JUSTIFICATIVA. Além de ferir a Legislação Brasileira (ECA),a redução da maioridade penal 
pode não implicar a diminuição da violência ou da criminalidade no país. 
B – Alternativa incorreta. 
JUSTIFICATIVA. O ECA foi publicado por meio da Lei N° 8.069, de 1990, para assegurar a 
proteção integral a crianças e a adolescentes, seguindo os preceitos da Constituição Federal 
do Brasil. Não se pode considerar essa lei desatualizada com relação a esse aspecto. 
C – Alternativa correta. 
JUSTIFICATIVA. A redução da maioridade penal vem sendo amplamente discutida no país, o 
que inclui a categoria do Serviço Social. Contudo, como o Código de Ética da profissão 
propõe a defesa intransigente dos direitos humanos, o CFESS defende que as crianças e os 
adolescentes devem ter seus direitos protegidos e assegurados, o que representa um papel 
do assistente social. 
D – Alternativa incorreta. 
JUSTIFICATIVA. A percepção de tempo para o adolescente é diferente daquela de um 
adulto. O adolescente vivencia cada instante com muita intensidade e aprende muito rápido. 
Desse modo, as consequências das experiências positivas ou negativas terão grandes 
proporções nessa fase da vida e estarão refletidas por toda a sua vida. Ao reduzir a 
maioridade penal, o adolescente (que está em fase de transformação) passa a ser punido 
pelo seu ato como um adulto, e isso poderá acarretar consequências negativas para o seu 
desenvolvimento por toda a sua vida (MOURA, 2015). 
E – Alternativa incorreta. 
JUSTIFICATIVA. O Serviço Social está inserido no contexto de reprodução de ideias e de 
valores que são construídos socialmente e, além disso, tem um compromisso ético-político 
com a sociedade em prol da defesa dos direitos humanos. Desse modo, a categoria está 
diretamente envolvida na questão da redução da maioridade penal. 
3. Indicações bibliográficas
 ALMEIDA, M. G. B. (Org.). A violência na sociedade contemporânea. [recurso eletrônico].
Dados eletrônicos. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2010. Disponível em 
<http://ebooks.pucrs.br/edipucrs/violencia.pdf>. Acesso em 27 jul. 2018.
 BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Lei Nº.
8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá 
outras providências. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/
L8069.htm>. Acesso em 27 jul. 2018.
 BRASIL. Código de Ética do/a Assistente Social. Lei N° 8.662/93 de regulamentação da 
profissão. 10ª. ed. rev. e atual. Brasília: Conselho Federal de Serviço Social, 2012.
 CABRAL, F. C.; CHIARELLO, L. M.; FALCÃO, M. F. G. Redução da maioridade penal: da
invisibilidade ao caminho da criminalização. I Congresso Internacional de Política Social e 
Serviço Social: desafios contemporâneos. Londrina: Universidade Estadual de Londrina;
2015. 
 CONSELHO FEDERAL DE SERVIÇO SOCIAL (CFESS). Assistente social diz não à redução 
da maioridade penal. [página da internet]. Disponível em <http://www.cfess.org.br/
visualizar/noticia/cod/1413>. Acesso em 27 jul. 2018.
 MOURA, I. H. F. S. A percepção das assistentes sociais que atuam junto às medidas
socioeducativas em Mossoró-RN sobre a redução da maioridade penal. VII Jornada 
Internacional de Políticas Públicas. São Luís: Universidade Federal do Maranhão, 2015.
Questão 10 
A garantia do pluralismo é resultado de um amplo e importante debate ocorrido no âmbito 
do Serviço Social brasileiro nos anos 1980. 
Em consonância com os princípios ético-políticos do Serviço Social, a defesa do pluralismo 
pressupõe 
A. a compreensão de que o diálogo democrático e a equivalência entre os diversos campos 
teórico-metodológicos são necessários para o fortalecimento do projeto ético-político. 
B. a presença do relativismo no debate da ética profissional, assegurado pela participação 
de vários segmentos profissionais oriundos de correntes teórico-metodológicas diversas 
durante o processo de constituição do código de ética vigente. 
C. o entendimento de que nem todas as posições teóricas e político-profissionais se 
equivalem e o reconhecimento de que o direito à expressão teórica e política garante as 
condições de debate. 
D. a conquista da homogeneidade do projeto ético-político junto à categoria profissional, 
comprometida com os interesses da classe trabalhadora. 
E. o reconhecimento de que as inúmeras perspectivas teórico-metodológicas presentes 
historicamente no Serviço Social podem contribuir de forma igualitária na análise dos 
processos sócio-históricos e sociais. 
1. Introdução teórica
Pluralismo no Serviço Social 
O sétimo princípio fundamental do Código de Ética do/a Assistente Social refere-se à 
garantia do pluralismo, por meio do respeito às correntes profissionais democráticas 
existentes e suas expressões teóricas e do compromisso com o constante aprimoramento 
intelectual (BRASIL, 2012). 
Citando Coutinho (1991), Forti (2017) refere que o pluralismo no terreno das ciências 
naturais ou sociais significa a abertura para o diferente, o respeito pela posição alheia, 
condição indispensável para o desenvolvimento de nosso próprio posicionamento. 
No processo de produção de conhecimento, Silva (2008) menciona que o pluralismo 
está na interlocução entre o uno e o múltiplo, entre as multiplicidades e as especificidades, 
entre o homogêneo e o heterogêneo, entre o real e o sentimental. Pluralismo significa 
assumir um posicionamento no qual a democracia é entendida como vital. 
As perspectivas de pluralismo e de democracia estão associadas, pois, somente no 
campo democrático, é possível o debate entre diferentes correntes: isso significa que, entre 
os participantes, deve haver o respeito à pluralidade de concepções. O pluralismo abarca a 
diversidade e também indica que as posições construídas são desiguais, ocorrendo 
conotações e vinculações divergentes com os processos sociais, o que produz ações e 
resultados distintos (CRESS-MG, 2018). 
A compreensão da realidade como síntese de múltiplas determinações, uma 
concepção recorrente na literatura crítica do Serviço Social, pressupõe captar a diversidade 
como categoria constitutiva da realidade, em detrimento da tentativa de homogeneizações 
e/ou hierarquizações ilógicas. O debate de diferentes posicionamentos e saberes é 
imprescindível para o enriquecimento intelectual, o que requer ultrapassar as ideias 
reducionistas e os preconceitos. Desse modo, o pluralismo pressupõe a capacidade 
profissional de não incorrer no relativismo, no ecletismo, na neutralidade e/ou no 
reducionismo típico das posturas doutrinárias e sectárias (FORTI, 2017). 
Do mesmo modo, pressupõe-se a competência do profissional para o enfrentamento 
dos posicionamentos e das requisições socioinstitucionais impertinentes (como as 
conservadoras que afrontam valores democráticos) que desconsideram a liberdade, os 
direitos humanos e o pluralismo como uma expressão da vida real (FORTI, 2017). 
Contudo, na atualidade, o Serviço Social no Brasil depara com a existência do 
pluralismo tão almejado pela profissão e, ao mesmo tempo, com a persistência do ecletismo 
como algo que sempre acompanhou o Serviço Social e que ainda encontra espaço na 
produção teórica e no trabalho profissional (TINTI, 2015). 
Nesse contexto, é importante lembrar que os profissionais do Serviço Social devem 
atuar respeitando os princípios do Código de Ética Profissional que incluem a ampliação e a 
consolidação da cidadania; a defesa da democracia; o posicionamento em favor da equidade 
e da justiça social; o empenho na eliminação de todas as formas de preconceito; e a 
construção de uma nova ordem societária, sem dominação, exploração de classe, etnia e 
gênero (BRASIL, 2012). Dessa forma, o pluralismo teórico não pode servir de pretexto para 
a livre manifestação de preconceitos

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