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Unid II - Teoria Geral das Obriga��es (atualizada em 25-02-15).pdf

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1 
DIREITO CIVIL II – DIREITO DAS OBRIGAÇÕES 
PROF. DANIEL PAIVA 
 
UNIDADE II – TEORIA GERAL DAS OBRIGAÇÕES 
 
1. CONCEITO DE OBRIGAÇÃO: 
 
O vocábulo obrigação comporta vários sentidos. 
 
Na sua mais larga acepção, exprime qualquer espécie de vínculo ou de sujeição da 
pessoa, seja no campo religioso, moral ou jurídico. Em todos eles, o conceito de obrigação é, na 
essência, o mesmo: a submissão a uma regra de conduta, cuja autoridade é reconhecida ou forçosamente se impõe. 
 
Já no Direito das obrigações, emprega-se o vocábulo obrigação em sentido mais 
restrito, compreendendo apenas: “aquele vínculo de conteúdo patrimonial que se estabelece de 
pessoa a pessoa, colocando-as, uma em relação a outra, como credora e devedora, de tal 
modo que uma esteja na situação de poder exigir a prestação, e a outra, na contingência de 
cumpri-la.” 
 
Isto é, temos a obrigação como vínculo jurídico que confere ao credor (sujeito ativo) o 
direito de exigir do devedor (sujeito passivo) o cumprimento de determinada prestação. 
 
Corresponde justamente a uma relação de natureza pessoal, de crédito e débito, de 
caráter transitório (extingue-se pelo cumprimento ou pelo decurso do tempo), cujo objeto consiste numa 
prestação economicamente aferível. 
 
2. ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DA OBRIGAÇÃO: 
 
A obrigação compõe-se de três elementos essenciais: a) O subjetivo, relativo aos 
sujeitos ativo e passivo (credor e devedor); b) O objetivo (ou material), atinente ao objeto da relação 
jurídica; e c) O vínculo jurídico existente entre eles; 
 
2.1. SUJEITOS DA RELAÇÃO OBRIGACIONAL (elemento subjetivo): 
 
Os sujeitos da obrigação, tanto o ativo como o passivo, podem ser pessoa natural 
ou jurídica, de qualquer natureza, bem como as sociedades de fato. 
 
Onde o Credor é aquele que tem o interesse de que a obrigação seja cumprida, 
podendo exigir o cumprimento, executar, dispor do crédito, ceder o direito de crédito. Já o Devedor 
é aquele que deve praticar a atividade; conduta em prol do credor ou de quem ele determinar. 
 
Tanto o credor como devedor devem ser individualizados para que se saiba a quem o 
devedor há de cumprir a prestação (de dar, fazer ou não fazer) ou de quem o credor há de receber. 
Contudo, estes sujeitos da relação podem ser determinados (Por exemplo, a compra e venda de um veículo, 
onde se reconhecem o vendedor e o comprador) ou, ao menos, determináveis (como por exemplo, quando o 
devedor assina um cheque ao portador, não sabendo quem irá recebê-lo no Banco). 
 
 
 
 
 2 
Importante destacar que, em relação ao papel de credor ou de devedor, qualquer 
pessoa, maior ou menor, capaz ou incapaz, casada ou solteira, tem a qualidade necessária para figurar 
no pólo ativo ou passivo da relação obrigacional, INEXISTINDO, de um modo geral, restrição a 
esse respeito. Porém, se o credor e/ou o devedor não forem capazes, serão representados ou 
assistidos por seus representantes legais, dependendo ainda, em alguns casos, de autorização judicial. 
 
2.2. OBJETO DA RELAÇÃO OBRIGACIONAL (elemento objetivo): 
 
Inicialmente, devemos salientar que a obrigação possui 2 tipos de objeto: 
 
• Objeto Direto (ou Imediato); 
• Objeto Indireto (ou Mediato); 
 
O Objeto Direto (ou Imediato) da obrigação é a “atividade” positiva (ação) ou 
negativa (omissão) realizada pelo devedor, satisfativa do interesse do credor. Esta atividade do devedor 
denomina-se PRESTAÇÃO. 
 
Qualquer que seja a obrigação assumida pelo devedor, ela se resumirá sempre a um 
ato de prestação: a) de dar (que pode ser de dar coisa certa ou incerta); b) de fazer (que pode ser fungível ou 
infungível ou de emitir declaração de vontade); ou, ainda, c) de não fazer. 
 
Objeto IMEDIATO da obrigação = ato da Prestação (atividade) 
 
Já o Objeto Indireto (ou Mediato) da obrigação trata-se da própria “COISA”, em 
si considerada, de interesse do credor. Ocorre que, podemos verificar a existência do objeto indireto 
da prestação indagando-se: dar, fazer ou não fazer o quê? 
 
Objeto MEDIATO da obrigação = objeto material da prestação (coisa) 
 
Assim, não se confunde o ato da prestação, atividade que o devedor se encontra 
vinculado, com a coisa material (objeto mediato), sobre o qual o ato incide. 
 
Didaticamente, podemos observar o exemplo de um contrato de compra e venda de 
veículo, onde será o Objeto Direto da obrigação (Imediato) = obrigação de entregar (de dar coisa certa). 
Já o objeto Indireto (Mediato) = o próprio veículo (coisa). 
 
Importante ainda destacar que a Prestação Debitória é a conduta ou 
comportamento do devedor. Isto é, atividade ou abstenção de atividade que é essencial para 
a realização do interesse do credor. 
 
O credor, todavia, não está interessado propriamente na mencionada ação ou 
omissão do devedor (chamada de prestação), mas sim no resultado dessa conduta. É a partir 
desta pontuação do interesse do credor que se distinguem o objeto imediato (ou direto) e o 
objeto mediato (ou indireto) da obrigação. 
 
 
 
 
 3 
Noutro aspecto, independentemente se é direto ou indireto, o objeto da obrigação 
(em seu sentido mais amplo) deve obedecer a certos requisitos: 
 
Lícito - Objeto lícito é o que não contraria a lei, a moral e os bons costumes. 
 
Possível - O objeto da obrigação deve ser algo realizável, executável. A impossibilidade do objeto 
pode ser física (que emana das leis físicas ou naturais) ou jurídica (quando as normas jurídicas proíbem 
expressamente o negócio a respeito de determinado bem). 
 
Determinado ou Determinável - Igualmente o objeto da obrigação deve ser determinado (capaz de 
ser individualizado) ou suscetível de determinação (determinável), contando com elementos capazes de 
indicar, pelo menos, gênero e quantidade, para que se possa determinar o seu objeto, de modo que a 
obrigação do devedor tenha sobre o que incidir (art.243). 
 
Suscetível de apreciação econômica - Exige-se, também, que o objeto da prestação seja 
economicamente apreciável. Obrigações jurídicas, mas sem conteúdo patrimonial (como o dever de 
fidelidade entre os cônjuges e outros do direito de família), são excluídas do direito das obrigações. 
 
2.3. VÍNCULO JURÍDICO DA RELAÇÃO OBRIGACIONAL: 
 
O vínculo jurídico da relação obrigacional (elemento abstrato) é o liame existente entre 
sujeito ativo e passivo, conferindo ao primeiro o direito de exigir do segundo o cumprimento da 
prestação. 
 
Tem origem em diversas fontes (contratos, declarações unilaterais de vontade e os atos ilícitos). 
 
A doutrina majoritária defende a Teoria Dualista (ou Binária), segundo a qual a 
relação obrigacional contém 2 vínculos: Um atinente ao dever do sujeito passivo de satisfazer a 
prestação positiva ou negativa em benefício credor (debitum); E o outro relativo à autorização, dada 
pela lei ao credor que não foi satisfeito, de acionar judicialmente o devedor, alcançando seu 
patrimônio, que responderá pelo inadimplemento da prestação (obligatio) – ver art. 391 CC/2002. 
 
Didaticamente, podemos resumir este duplo vínculo jurídico da obrigação em: 
 
Débito (Debitum ou Schuld) - É o dever de prestar, de realizar uma atividade em benefício do 
credor. Também chamado de vínculo pessoal, une o devedor ao credor e exige que aquele cumpra 
pontual e espontaneamente a obrigação. Tendo em vista o comportamento que a lei exige do 
devedor, como um dever ínsito em sua consciência, no sentido de satisfazer espontaneamente a 
obrigação, honrando com seus compromissos. 
 
Responsabilidade (Obligatio ou Haftung) - Também chamado de vínculo material, confere ao 
credor, não satisfeito em seu crédito, o direito de exigir judicialmente o cumprimento da obrigação, 
submetendo os bens do devedor à satisfação forçada da dívida. É a sujeição do patrimônio do 
devedor ao credor para garantia do débito(art.391 CC/2002). A responsabilidade é “estado 
potencial” que coage preventivamente, pressionando o devedor a adimplir a prestação, e garante 
repressivamente o seu cumprimento, se inadimplida a prestação. 
 
Enquanto a dívida (débito) é vínculo pessoal. A responsabilidade é um vínculo 
patrimonial. O devedor obriga-se pesssoalmente, mas é seu patrimônio que responde. 
 
Ver: Arts. 389 e 391 do CC/2002 
 
 
 4 
A responsabilidade, vista pelo lado do devedor, indica a sujeição de seus bens para 
responder pelo cumprimento da prestação, e, vista pelo lado do credor, revela a garantia legal que o 
arma com medidas processuais idôneas para a obtenção da satisfação de seu interesse. 
 
Há, portanto, de um lado o dever da pessoa obrigada (debitum), e de outro a 
responsabilidade (obligatio), em caso de seu inadimplemento. O sujeito passivo deve e também 
responde, de forma coercitiva, pelo cumprimento da obrigação. Assim, para satisfazer o crédito não 
basta o debitum, consistente no dever de prestar; é indispensável a obligatio, que possibilita ao sujeito 
ativo (credor) meios de efetivar a realização da prestação devida, independentemente da vontade e de 
qualquer ato do devedor. 
 
3. DISTINÇÃO ENTRE OBRIGAÇÃO E RESPONSABILIDADE: 
 
O estudo da responsabilidade patrimonial deve-se à teoria formulada pelo alemão 
Alois Brinz (que divide a obrigação em “Schuld e Haftung”). Dela nasce uma visão dualista do vínculo 
obrigacional, decomposto em dois elementos: o Débito (Schuld) e a Responsabilidade (Haftung). 
 
Os adeptos dessa doutrina defendem que o débito (Schuld) e a 
responsabilidade/garantia (Haftung) coexistem na relação obrigacional, mas a responsabilidade 
(Haftung) só emerge com o inadimplemento. 
 
Assim, a RELAÇÃO OBRIGACIONAL abrangeria o dever jurídico principal (débito) 
e a responsabilidade, sendo etapas do seu itinerário. Descumprido o dever (débito), e configurado o 
inadimplemento, surge a responsabilidade, que é o estado de sujeição do patrimônio do 
devedor/terceiro, ou, eventualmente, de sua vontade/liberdade, ao cumprimento da prestação. 
 
Daí pergunta-se: “obrigação” e “responsabilidade” são sinônimos ? 
 
A resposta é simples: NÃO ! 
 
Na verdade, a responsabilidade é a consequência jurídica patrimonial do 
descumprimento do débito na relação obrigacional. É etapa do itinerário da relação obrigacional. Isto 
é, seria a responsabilidade eminentemente dinâmica, pois viria a instrumentalizar a efetivação do 
débito, determinando quais os bens (do devedor ou de terceiro) que responderão pelo inadimplemento. 
 
Noutro aspecto, também seria importante perguntar: Seria possível existir débito 
sem responsabilidade e vice-versa ? 
 
Malgrado a correlação entre ambos, um pode existir sem a outro. Senão vejamos: 
 
Débito sem responsabilidade – Situação onde o devedor não pode ser condenado a cumprir a 
prestação, isto é, ser responsabilizado, embora continue como devedor. 
� Exemplo: dívidas prescritas e dívidas de jogo; 
 
Responsabilidade sem débito – Na hipótese de ser responsável pelo pagamento do débito que 
originalmente não era obrigado. 
� Exemplo: responsabilidade do fiador na fiança locatícia; 
 
 
 
 
 5 
4. FONTES DAS OBRIGAÇÕES: 
 
Fonte de uma obrigação é o seu fato gerador, o fato que lhe dá origem, de acordo 
com a norma jurídica. 
 
Indagar quais as fontes da obrigação é buscar as razões pelas quais alguém se torna 
credor ou devedor de outrem. 
 
O Código Civil brasileiro considera fontes de obrigações: 
 
• Os contratos (negócios jurídicos); 
• As declarações unilaterais da vontade; e 
• Os atos ilícitos, dolosos e culposos. 
 
Por fim, destaque-se o dissenso doutrinário acerca da consideração da lei como 
fonte das obrigações. Em breve análise, pode-se dizer que todas as obrigações se balizam pela lei, 
não podendo confrontá-la, mas não necessariamente as obrigações surgiriam diretamente dela. 
 
A necessidade da prática de certos atos que surge por força da lei não é suficiente 
para classificá-la como fonte, mesmo porque, em regra, esses atos são deveres jurídicos e não 
propriamente obrigações. Isto é, sustenta-se que a lei deveria vir acompanhada de um fato jurídico 
para que fosse tida como fonte obrigacional 
 
Em tese contrária, alguns doutrinadores (entre eles, Carlos Roberto Gonçalves) afirmam 
que a obrigação resulta da vontade do Estado (por intermédio da lei), ou da vontade humana (manifestada 
no contrato, na declaração unilateral ou na prática de um ato ilícito). 
 
 
QUESTÕES PARA REVISÃO DA UNIDADE 
 
 
01. Sobre a decomposição da relação obrigacional em débito (schuld) e responsabilidade (haftung) é 
possível afirmar: 
a) Responsabilidade é sinônimo de obrigação, enquanto o débito consiste na prestação, no comportamento a ser efetuado pelo devedor 
em favor do credor; 
b) A responsabilidade se mantém em potencial e, por isso, em caso de cumprimento espontâneo e integral da obrigação desaparece 
qualquer responsabilidade; 
c) As obrigações naturais e as obrigações prescritas são hipóteses de existência de responsabilidade sem débito; 
d) As obrigações decorrentes de fiança são hipóteses de existência de débito sem responsabilidade 
 
02. Quanto às fontes das obrigações, é CORRETO afirmar: 
a) O ato ilícito, por sua própria natureza, não pode ser fonte de uma relação obrigacional válida; 
b) A lei não pode impor diretamente obrigações sem o consentimento das partes; 
c) Todo contrato é fonte de obrigação, mas nem toda obrigação decorre de contrato; 
d) A obrigação é fonte do contrato. 
 
03. Quais os elementos constitutivos das obrigações ? 
 
04. Explique, em poucas palavras, a característica da patrimonialidade do objeto nas obrigações 
pessoais. 
 
05. Diferencie “objeto direto” e “objeto indireto” de uma relação obrigacional.

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