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Cadernos Atencao basica 34 saude mental

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10.1 As principais classes de medicamentos que agem sobre o sistema nervoso central ......................156
10.2 Neurolépticos ......................................................................................................................................157
10.3 Benzodiazepínicos ..............................................................................................................................161
10.4 “Antidepressivos” ...............................................................................................................................164
10.4.1 Os diferentes “antidepressivos” .....................................................................................................166
10.4.2 “Estabilizadores de humor” ............................................................................................................168
10.4.3 Algumas considerações ...................................................................................................................170
Cuidado da Pessoa em 
Sofrimento: Conceitos 
gerais e aplicações práticas
I
Parte
11
SAÚDE MENTAL
Apresentação
Caro leitor, este material foi escrito por profissionais que já desenvolveram trabalhos ligados à 
saúde mental e à abordagem do álcool e outras drogas no campo da Atenção Básica. Escrevemos 
este caderno com a expectativa de estimular e compartilhar o conhecimento acumulado no 
cuidado em saúde mental na Atenção Básica. Além de apresentar ferramentas e estratégias 
de intervenções terapêuticas, também almejamos que este caderno possa dialogar com a sua 
realidade de profissional de Saúde, trazendo cenas e questionamentos que acreditamos serem 
fundamentais ao exercício do trabalho com a saúde mental.
Para começar, entendemos que a saúde mental não está dissociada da saúde geral. E por isso 
faz-se necessário reconhecer que as demandas de saúde mental estão presentes em diversas 
queixas relatadas pelos pacientes que chegam aos serviços de Saúde, em especial da Atenção 
Básica. Cabe aos profissionais o desafio de perceber e intervir sobre estas questões. É por isso 
que neste caderno privilegiamos as práticas de saúde mental que possam ser realizadas por 
todos os trabalhadores na Atenção Básica, independentemente de suas formações específicas.
Ao atentar para ações de saúde mental que possam ser realizadas no próprio contexto do 
território das equipes, pretendemos chamar a atenção para o fato de que a saúde mental não 
exige necessariamente um trabalho para além daquele já demandado aos profissionais de 
Saúde. Trata-se, sobretudo, de que estes profissionais incorporem ou aprimorem competências 
de cuidado em saúde mental na sua prática diária, de tal modo que suas intervenções sejam 
capazes de considerar a subjetividade, a singularidade e a visão de mundo do usuário no 
processo de cuidado integral à saúde. No entanto, nem tudo aquilo que se realiza como prática 
em saúde mental ainda está para ser descoberto. Desse modo, um dos objetivos deste caderno 
é justamente conferir visibilidade a algumas intervenções terapêuticas que já são realizadas 
por diferentes profissionais no âmbito da Atenção Básica. Isto porque nem sempre o cuidado 
em saúde mental é entendido como tal pelos profissionais de Saúde que atuam nos serviços de 
Atenção Básica.
Dessa forma, a pretensão deste material é de colaborar com algumas sugestões e ferramentas 
de trabalho para ampliar a capacidade de cuidado dos profissionais da Atenção Básica. Também 
desejamos poder apoiar o leitor no reconhecimento de práticas em saúde mental que já são 
realizadas e no desenvolvimento de estratégias de manejo em saúde mental pertinentes ao seu 
próprio contexto e conectadas com o seu fazer cotidiano. Para isso, este caderno apresenta e 
discute: as principais demandas em saúde mental, os fatores de proteção e de risco em saúde 
mental, os planos de intervenção e os métodos de acompanhamento dos casos. Esses pontos 
buscam exemplificar possibilidades de atuação para as equipes e profissionais de Saúde da 
Atenção Básica. 
No Capítulo 1 do caderno faremos uma breve abordagem sobre a Política Nacional da Atenção 
Básica, e como ela está intrinsicamente envolvida com os cuidados em saúde mental. O Capítulo 
2 trata do pensamento estruturante deste caderno, abordando a definição dos conceitos de 
pessoa, sofrimento, cuidado e territórios existenciais. 
O Capítulo 3 trabalha na perspectiva da cartografia da pessoa, da família e da comunidade. 
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Ministério da Saúde | Secretaria de Atenção à Saúde | Departamento de Atenção Básica
Convida o leitor a refletir sobre o conceito de vínculo, a criação de redes de cuidado compartilhado, 
o trabalho em equipe e os processos de trabalho a partir dos múltiplos olhares para um caso-
problema que contextualiza e dialoga entre os conceitos e a prática cotidiana dos profissionais 
na Atenção Básica. 
O Capítulo 4 contextualiza a produção do cuidado em saúde mental na perspectiva 
multiprofissional, priorizando o Projeto Terapêutico Singular e a lógica da Redução de Danos.
O Capítulo 5 apresenta algumas ferramentas concretas que auxiliam no processo de cartografia 
em saúde mental: ferramentas de comunicação, exame psíquico/exame do estado mental, 
genograma, ecomapa e diagnóstico de recursos do território.
O Capítulo 6 aborda as situações de saúde mental mais comuns que ocorrem na Atenção 
Básica, com foco no sofrimento mental comum, transtornos mentais graves, suicídio, problemas 
do sono, demências, sofrimento decorrente do uso de álcool e outras drogas.
O Capítulo 7 destaca os instrumentos de intervenção psicossocial na Atenção Básica com 
ênfase nas seguintes tecnologias de cuidado: grupos na APS, rede de suporte social, intervenções 
psicossociais avançadas, entre outros.
O Capítulo 8 finaliza o Caderno com o tema do uso de psicofármacos no cuidado centrado 
na pessoa.
Observem que ao longo do Caderno, vocês encontrarão exemplos que remetem ao “Caso 
Roberta”. Esse caso foi elaborado pelos autores do Caderno.
“CASO ROBERTA”
A seguir apresentamos o “Caso Roberta”, médica de família de uma Unidade Básica de Saúde. Leia 
cuidadosamente o caso apresentado a seguir; ao longo deste Caderno alguns exemplos serão remetidos 
a partir das reflexões e vivências de Roberta. Boa leitura!
Roberta é médica. Nasceu em Votuporanga, onde mora sua família, e mudou-se para São 
Paulo quando entrou na faculdade. Passou os primeiros anos do curso de Medicina estudando 
anatomia, fisiologia, histologia e bioquímica, para então aprender como os processos patológicos 
alteravam os órgãos, os diversos aparelhos, os tecidos e as células. Quando estudou as diferentes 
doenças, guiou-se pelos tratados médicos, divididos por aparelhos circulatório, respiratório etc., 
e dentro dos capítulos, em epidemiologia, quadro clínico e tratamento. Teve alguns cursos de 
Bioética e Psicologia Médica, em que aprendeu que era importante escrever no prontuário com 
letra legível e que deveria olhar no olho de seus pacientes – o que achou uma orientação um 
pouco despropositada, pois tinha aprendido, desde pequena, que é assim que se conversa com as 
pessoas. Nos dois anos de internato, passou por vários departamentos do Hospital Universitário, 
em estágios que duravam raramente mais de um mês, e também na UBS ligada à faculdade, mas 
era raro que conseguisse ver mais de duas vezes o mesmo paciente, pois só ia lá um período por 
semana. Mesmo nos estágios de enfermaria, muitas vezes não pôde acompanhar o tratamento 
hospitalar de seus pacientes do início ao fim. Ficava cansada por causa do grande número de 
plantões, mas empolgava-se com os estágios de pronto-socorro, em que sentia que colocava 
13
SAÚDE MENTAL
em prática tudo aquilo que estudou por tantos anos – especialmente casos graves – e estava 
finalmente pegando a mão, sabendo pensar em diagnóstico
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