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AP1 Revisão UNIDADE III Educação e Trabalho Cederj/Unirio

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REVISÃO & SÍNTESE DA UNIDADE III 
EDUCAÇÃO E TRABALHO – 2018.2 
 
 
 
Prof. Dr. Dalton Alves 
Coordenador de Educação e Trabalho 
LIPEAD/UNIRIO/CEDERJ 
 
 
 
 
UNIDADE III: TRABALHO, EDUCAÇÃO E ESCOLA NO BRASIL NO SÉCULO XX. 
 Da educação e escola “para” a classe trabalhadora no Brasil; 
 Intelectuais coletivos e o projeto nacional de educação “para” a classe trabalhadora a partir de 1940 no 
Brasil; 
 O papel do IDORT (Instituto de Organização Racional do Trabalho) na organização da formação 
profissional brasileira; 
 
Textos de Referência: 
TEXTO 10 = ALVES, Dalton.“Do modelo de organização da formação para o trabalhador no Brasil, no Século 
XX”–(p.07-15). In: ALVES, Dalton. Intelectuais coletivos e o projeto nacional de educação para a classe 
trabalhadora forjado nas décadas de 1930 e 1940 no Brasil. Atas do XII Colóquio Internacional Tradição e 
Modernidade no Mundo Ibero-Americano, Porto-Portugal, Universidade Católica Portuguesa, de 18 a 21 de 
julho de 2017. Rio de Janeiro: Rede Sirius, 2017. [ISBN: 978-85-5676-014-2]. 
TEXTO 12 = GOMES, Hélica. “Os modos de organização e produção do trabalho e a educação profissional no 
Brasil: uma história de dualismos e racionalidade técnica” – (p.59-80). In: BATISTA, Eraldo; MÜLLER, Meire 
(Orgs.). A educação profissional no Brasil: história, desafios e perspectivas para o Século XXI. Campinas, SP: 
Alínea, 2013. 
TEXTO 13 = BATISTA, Eraldo Leme. “O Instituto de Organização Racional do Trabalho – IDORT, como 
instituição educacional nas décadas de 1930 e 1940 no Brasil” – (p. 01-13).In: ANAIS da XI Jornada do 
HISTEDBR. Cascavel, PR: UNIOESTE, de 23 a 25 de outubro de 2013. 
 
A Unidade III, do Plano de Estudos da Disciplina, a qual tem como tema geral: “Trabalho, 
Educação e Escola no Brasil no Século XX”, visa relacionar à realidade brasileira a história e o 
conceito de trabalho, educação e escola desenvolvidos nas Unidade I e II, sobretudo, com ênfase ao 
período republicano da história nacional a partir das décadas de 1930 e 1940. Mais precisamente, tem-
se por objetivo específico compreender que a Revolução Industrial europeia e todas as consequências 
econômicas, políticas e sociais, dentre estas, as educacionais, se fazem sentir no Brasil com maior 
intensidade e força a partir da década de 1930, quando tem início, pode-se dizer, o período da 
industrialização brasileira. 
Aqui, tal como na Revolução Industrial europeia, irá se colocar também a necessidade da 
escolarização da mão-de-obra que deveria servir à indústria. Disto irá resultar na década de 1940 em 
todo um conjunto de leis e medidas visando a organização do trabalho fabril e a criação de um sistema 
de ensino profissional de qualificação da mão-de-obra para a indústria denominado “Sistema S”, que 
compreende a criação, inicial, de três tipos de itinerários formativos para atender às necessidades dos 
três ramos gerais e principais da economia nacional: Indústria, Comércio, Agricultura. Foram criados, 
imediatamente, na década de 1940: o SENAI, SENAC e SESI. Representantes da indústria e do 
comércio. Da agricultura, apenas em 1951 será criada a Confederação da Agricultura e Pecuária do 
Brasil (CNA), como representante do agronegócio brasileiro, ativa até os dias atuais. Mas, apenas em 
1992 será criado o SENAR – Serviço Nacional de Aprendizagem Rural nos moldes do SENAI e SENAC. 
Em relação ao Texto 10, em especial sobre a ideia do projeto nacional de educação para a classe 
trabalhadora forjado nas décadas de 1930 a 1950 no Brasil, o qual ainda guarda certo ar de atualidade, 
pode ser dito o seguinte: 
A ideia principal sobre o Projeto Nacional de Educação “para” os trabalhadores forjado nas 
décadas de 1930-1950 no Brasil, é o dualismo educacional que marca este processo, de uma educação 
intelectual, teórica e humanista de excelência para a classe média e alta, daqueles que não iriam atuar 
diretamente na produção nas indústrias e nos trabalhos “braçais” no comércio e uma educação de outro 
tipo para os trabalhadores que iriam atuar mais diretamente nestes setores para os quais se cria todo um 
sistema de educação focado apenas numa formação operacional e técnica dessa mão-de-obra com parcos 
ou nenhum elemento de formação geral, intelectual ou humanista. Daí se desenvolver a ideia, vista 
principalmente no Texto 10, de ALVES, que explica o sentido de se falar neste contexto de uma 
educação que é PARA os trabalhadores e não COM os trabalhadores, ou seja, 
Se diz “para a” classe trabalhadora pois se trata de uma formação pensada para os 
trabalhadores por quem não é trabalhador, mas dele precisa. Por isto, essa educação 
é planejada e oferecida aos trabalhadores, em sua forma e conteúdo, de acordo com as 
necessidades dos seus idealizadores. (ALVES, Texto 10, p. 15) 
O que está de acordo também com o que diz BATISTA, citado por ALVES, segundo o qual: 
(...) a burguesia industrial brasileira, no período analisado, tinha um projeto político 
pedagógico que visava a construção da hegemonia, sendo instrumentalizado através de 
uma proposta educacional focada no desenvolvimento nacional a partir da 
industrialização. A educação, então, deveria ser funcional às necessidades dos 
industriais, que buscava impor seu projeto de sociedade. Portanto, a defesa da educação 
profissional no país surge como um projeto para se organizar o espaço fabril, 
controlando, disciplinando e ‘domesticando’ os trabalhadores para ampliarem a 
acumulação de capital e a expansão da indústria no país. (BATISTA apud ALVES, 
Texto 10, p. 15, grifos nossos). 
Por outro lado, mas nesta mesma linha, GOMES (Texto 12) corrobora também com estas ideias. 
Em seu texto ela analisa o aspecto dualista que marca a organização da educação escolarizada nacional, 
em especial, a educação dos trabalhadores a qual deveria ser feita em estabelecimentos não oficiais com 
foco principal na formação técnica e operacional da mão-de-obra que se almejava formar a serviço da 
indústria, comércio e agricultura. O diferencial desta formação para a formação oficial era o de que não 
se oferecia elementos de formação geral, humanista e social, e sim, apenas o domínio operacional de 
conhecimentos técnico-profissionais para a atuação em determinado ramo, não habilitava para o 
prosseguimento dos estudos em nível superior, bem como eram oferecidos não pelo Estado, mas por um 
sistema de ensino paralelo criado pelas próprias empresas, conhecido como o Sistema S: SENAI, 
SENAC, SESI e outros. 
Os estudos realizados nos cursos mantidos pelo Sistema S, além disso, adotavam como modelo 
teórico-metodológico os modos de produção e racionalização do trabalho inspirados no Taylorismo-
Fordismo, como influência básica da concepção e do método da educação profissional brasileira deste 
período, fundada na lógica do tecnicismo pedagógico. 
Por isto BATISTA (Texto 13) irá afirmar, dentre outras coisas, que os industriais tinham a sua 
estratégia bem definida de difusão do taylorismo, pois, se de um lado propunham e “preocupavam-se” 
com a capacitação, formação da classe trabalhadora, de outro, buscavam formar quadros para 
gerenciarem as empresas e difundirem as ideias de organização racional do trabalho [...]. (BATISTA, 
Texto 13, p.12). 
Estas são algumas das ideias que podem ser trabalhadas em relação ao tema do texto para explicar 
qual é o teor ou o significado do referido Projeto Nacional de Educação “para” os trabalhadores 
brasileiros. 
 
 
Ainda sobre o conceito de dualidade educacional, pode ser lembrado o que diz no TEXTO 12, 
GOMES, Hélica. “Os modos de organização e produção do trabalho e a educação profissional no 
Brasil: uma história de dualismos e racionalidade técnica”. 
A autora trabalha neste seu texto, de modo central,o conceito de educação dualista, donde irá 
concluir que esta ainda existe no Brasil. 
A educação brasileira foi sempre dualista, tendo, de um lado, uma educação acadêmica 
para a camada dominante, atingindo uma minoria, que procurava conquistar ou manter 
seu status social. E, de outro lado, um ensino de baixo nível, insuficiente e precário para 
a grande camada da população desprivilegiada econômica e socialmente (GOMES, 
Texto 12, p. 60-62). 
Apesar dos discursos proclamados em defesa de uma escola única e de qualidade para todos, na 
prática os governos pouco ou nada fizeram para criar e manter um sistema único de escola, prevalecendo 
o sistema dual de ensino no qual as camadas médias e superiores procuravam o ensino secundário e 
superior enquanto as camadas populares recorriam às escolas de nível primário e profissional. 
Mantem-se assim o sistema dual de ensino porque não se rompe com o esquema de um tipo de escola 
de formação de excelência intelectual para os mais ricos e outro tipo de escola minimalista, com parca 
formação intelectual, voltada mais para capacitação técnica e operacional, com o mínimo de domínio 
teórico, bem ao estilo da “educação aos operários em doses homeopáticas” proposta por Adam Smith, 
que orientou o tipo de escola PARA os trabalhadores criado já na Primeira Revolução Industrial. 
Outro elemento importante é o fato de não terem sido consultados nem os trabalhadores e nem 
as suas organizações de classe, sendo completamente ignorados ao se pensar o tipo de escola profissional 
criada a partir da década de 1940 no Brasil e em que estas escolas deveriam atender às necessidades de 
formação profissional e de formação humana dos trabalhadores. Foram convocados para esta missão 
apenas os organismos de classe dos empresários, tais como, a CNI (Confederação Nacional da Indústria) 
e a FIESP (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) e a escola profissional nasce assim pensada 
para atender prioritária e unicamente àquilo que as indústrias e o mercado de trabalho precisavam, 
desprezando-se neste processo o que interessaria também aos trabalhadores. 
Exemplo: A manutenção, de um lado, de uma educação formal em escolas de formação geral, 
humanista e intelectual e, de outro lado, a criação de sistemas de ensino, não formais, isto é, não fazendo 
parte das políticas públicas oficiais do Governo, as chamadas escolas técnicas ou profissionalizantes, 
tais como os cursos criados e sustentados pelo Sistema S, que deram origem ao SENAI, SENAC, SESI, 
SENAR etc., voltados para uma educação técnica e operacional de preparação de uma mão-de-obra útil 
para a indústria e para o comércio. Enfim, o dualismo se dá, neste caso, na constatação da existência de 
dois sistemas distintos de educação, um para desenvolver os aspectos intelectuais voltado para as classes 
médias e ricas e outro para desenvolver os aspectos manuais, práticos e operacionais voltado para as 
classes trabalhadoras e pobres.

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