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AT 1 2 3 S U M Á R IO 2 3 UNIDADE 1 - Introdução 4 UNIDADE 2 - Primeiros socorros 4 2.1 Surgimento e evolução 4 2.2 Conceitos básicos 6 2.3 O serviços de atendimento pré-hospitalar (APH) 7 2.4 O socorrista e os protocolos 15 UNIDADE 3 - A enfermagem no contexto dos primeiros socorros 18 UNIDADE 4 - Primeiros socorros 18 4.1 DESMAIO 18 4.2 ASFIXIA 19 4.3 HEMORRAGIA 20 4.4 EPISTAXIS – perda de sangue pelo nariz 21 4.5 EPLEPSIA 21 4.6 PEQUENOS FERIMENTOS 22 4.7 ESMAGAMENTO 23 4.8 AMPUTAÇÕES TRAUMÁTICAS 23 4.9 FRATURAS 24 4.10 QUEIMADURAS 25 4.11 CHOQUE ELÉTRICO 25 4.12 INTOXICAÇÃO 27 4.13 TRANSTORNO DELIRANTE 27 4.14 SENSAÇÃO DE DESMAIO OU DESMAIO 28 4.15 AFOGAMENTO 28 4.16 ACIDENTES COM ANIMAIS 30 4.17 PARTO DE EMERGÊNCIA 32 4.18 KIT DE PRIMEIROS SOCORROS BÁSICO 32 4.19 URGÊNCIAS CLÍNICAS E CIRÚRGICAS 33 UNIDADE 5 - Temas especiais 33 5.1 O abuso de álcool em pacientes que chegam ao OS 37 5.2 A dor como fenômeno subjetivo 39 REFERÊNCIAS 2 3 UNIDADE 1 - Introdução 3 Prestar os primeiros socorros não significa somente fazer respiração artificial, colocar um curativo num ferimento ou levar uma pessoa feri- da para o hospital. Significa também pegar na mão de alguém que está ferido, tranquilizar os que estão as- sustados ou em pânico, dar um pou- co de si. (Comitê Internacional da Cruz Ver- melha, 2006) Por acreditarmos serem verdadeiras as palavras acima, iniciamos nosso módu- lo sobre ‘Primeiros Socorros’ justamen- te evidenciando que esses cuidados vão muito além de cuidar do ‘corpo’. É preciso cuidar da ‘alma’ e tanto por isso, o socor- rista não é um mero ator em cena, sua ação muitas vezes faz a diferença entre a vida e a morte, passa por sentimentos que vão da frieza à solidariedade, buscam evitar complicações, levam conforto ao acidentado. Precisam ser rápidos e ágeis, conhecer protocolos, rotinas, deveres e direitos. Mas o que são “primeiros socorros”? Os primeiros socorros referem-se ao Atendimento temporário e imediato de uma pessoa que está ferida ou que ado- ece repentinamente. Também podem en- volver o atendimento em casa quando não se pode ter acesso a uma equipe de resga- te ou enquanto os técnicos em emergên- cia médica não chegam. Os primeiros so- corros incluem reconhecer condições que põem a vida em risco e tomar as atitudes necessárias para manter a vítima viva e na melhor condição possível até que se obte- nha atendimento médico (HAFEN; KAR- REN; FRADSEN, 2002). Ressaltamos em primeiro lugar que em- bora a escrita acadêmica tenha como pre- missa ser científica, baseada em normas e padrões da academia, fugiremos um pouco às regras para nos aproximarmos de vocês e para que os temas abordados cheguem de maneira clara e objetiva, mas não menos científicos. Em segundo lugar, deixamos claro que este módulo é uma compilação das ideias de vários autores, incluindo aqueles que consideramos clás- sicos, não se tratando, portanto, de uma redação original e tendo em vista o cará- ter didático da obra, não serão expressas opiniões pessoais. Ao final do módulo, além da lista de referências básicas, encontram-se ou- tras que foram ora utilizadas, ora somen- te consultadas, mas que, de todo modo, podem servir para sanar lacunas que por ventura venham a surgir ao longo dos es- tudos. 4 5 UNIDADE 2 - Primeiros socorros 4 2.1 Surgimento e evolução Por volta de 1099, os Cavaleiros religio- sos já eram treinados para ajudar os de- mais companheiros abatidos nas guerras santas e sangrentas daqueles tempos, o que podemos dizer foram os primeiros es- forços para ensinar e utilizar os primeiros socorros. A ressuscitação por boca-a-boca tam- bém pode ser considerada uma das formas mais antigas de Respiração Cardiopulmo- nar (RCP), estabelecendo-se pela primeira vez, em 1740, pela Academia de Ciências de Paris. As informações de como ressus- citar pessoas tornaram-se mais comple- tas durante as próximas duas décadas, com o estabelecimento da Sociedade para Recuperação de Vítimas de Afogamento. Segundo Novaes e Novaes (1994), os procedimentos adotados nos primeiros socorros surgiram com o suíço Jean Henry Dumant, no ano de 1859, projeto apoiado pelo imperador francês Napoleão III, e ti- nha o intuito de instruir pessoas das co- munidades locais, principalmente aquelas que viviam em estado de guerra. Como resultado desse trabalho, em 1863, Dumant, juntamente com outros in- teressados, formaram o chamado comitê dos cinco, que criou o que fora inicialmen- te chamado “Comité Internacional de se- cours aux blessés” (Comitê internacional de socorro aos feridos) o qual, no ano se- guinte (1864), fora reconhecido pela Con- venção de Genebra, e que posteriormente teve seu nome mudado para o Comitê In- ternacional da Cruz Vermelha, ou simples- mente, a conhecida mundialmente Cruz Vermelha. As ações de Dumant lhe rende- ram, em 1901, o Prêmio Nobel da Paz. Desde a sua criação até os nossos dias, as técnicas de primeiros socorros são ti- das como de fundamental importância para a vida humana, principalmente por- que, estatisticamente, muitas pessoas feridas e/ou acidentadas acabam vindo a óbito antes de chegar a uma unidade de saúde, devido à falta de um atendimento adequado nos primeiros socorros, atendi- mento esse que poderia ser realizado por qualquer tipo de pessoa devidamente e previamente instruída. 2.2 Conceitos básicos Segundo Bruno e Bartman (1996), pri- meiros socorros é aquele auxílio imediato e provisório prestado enquanto se aguar- da atendimento médico. IMPORTANTE... Urgência – situação onde não há risco à vida. Emergência – situação onde há risco à vida. Os primeiros socorros são primordiais à manutenção da vida. Segundo Oliveira, Parolin e Teixeira Jr. (2004), o estudo re- alizado pelo médico norte americano D. Trunkey; M. D., em 1982, mostra que há uma redução de 20% a 50% no número 4 55 de óbitos, quando realizado um atendi- mento pré-hospitalar adequado. Usa-se a expressão primeiros socorros para caracterizar uma série de procedi- mentos adotados com o fim de preservar vidas sob risco iminente e em condições de urgência e/ou emergência. Esses pro- cedimentos são realizados geralmente por pessoas comuns, com conhecimentos teóricos e práticos acerca das técnicas utilizadas. Identifica-se a necessidade de aplica- ção dos primeiros socorros em diversas situações, sendo as mais comuns em aci- dentes automobilísticos, atropelamento, acidentes domésticos, tumultos, incên- dios, catástrofes da natureza, acidentes de trabalho e na indústria, guerras e con- flitos, ou mesmo causas fisiológicas em pessoas que sofrem de algum mal, como, por exemplo, um ataque cardíaco (apople- xia). Os primeiros socorros, como a própria expressão nos remete, são procedimen- tos utilizados primariamente apenas para se preservar a condição de vida de um in- divíduo até a chegada de um médico pro- fissional, ou uma equipe médica, para que sejam adotadas as medidas que a situação requer, conforme avaliação profissional e especializada. Os primeiros socorros são conceituados como todo e qualquer auxílio prestado a uma vítima de trauma ou mal súbito, quer seja em ambiente pré-hospitalar ou hos- pitalar, utilizando-se de técnicas próprias a cada situação até a chegada de um pro- fissional habilitado. O objetivo desse so- corro urgente é o de manter a vida e isen- tar o agravamento de lesões existentes até a chegada de ambulância ou durante o transporte até a instituição hospitalar (OLIVEIRA, 2002). Em se tratando de acidentes, o tempo é o instrumento balizador da correlação vida-morte, pois a evolução dos aconteci- mentos depende da rapidez ou da moro- sidade com que a assistênciaé prestada à vítima. Outros aspectos fundamentais nesse tipo de assistência são a compe- tência e a habilidade com que o socorrista consegue controlar o tumulto, as ordens e contraordens das pessoas desinformadas e o tirocínio do socorrista em delimitar, acertadamente, sobre o que fazer, como fazer e o que não deve ser feito durante o atendimento (GUERRA, 2001). O conhecimento sobre os procedimen- tos de primeiros socorros deveria ser de domínio público, pois os acidentes acon- tecem em todos os lugares: em casa, na escola, no trânsito, no trabalho, nas ruas, ou no lazer. E acontecem com as mais va- riadas situações exigindo assistência ime- diata e qualificada (PIRES, 2002), por isso já justificamos que quando entrarmos nos primeiros socorros propriamente ditos, seremos claros e bastante didáticos. O pronto-socorro é uma unidade do hospital destinada à assistência a pacien- tes externos com ou sem risco de mor- te, cujos agravos à saúde necessitam de atendimento imediato; funciona nas 24 horas do dia e dispõe de leitos de obser- vação (FUGULIN; GAIDZINSKI; KURCGANT, 2005). As unidades de pronto-socorro devem estar estruturadas para prestar assistên- cia adequada em situações de urgência, caracterizada por casos que necessitam 6 7 de atendimento rápido, porém sem risco de morte imediato e, emergência, onde o risco de morte é iminente. Além de assegurar as manobras de sus- tentação de vida em casos de urgência e emergência, essas unidades têm repre- sentado a porta de entrada para os usu- ários com queixas crônicas e sociais, que procuram esses serviços e sobrecarregam as equipes multiprofissionais, inclusive a equipe de enfermagem, buscando resolu- bilidade para demandas que deveriam ser atendidas em outros níveis de atenção à saúde (OHARA; MELO; LAUS, 2009). A unidade de pronto-socorro possui uma demanda espontânea, muitas ve- zes maior que a prevista, resultando em condições de trabalho nem sempre ade- quadas, decorrentes de uma dinâmica in- tensa de atendimentos (FUGULIN, 2002), necessitando obrigatoriamente de uma equipe de enfermagem estruturada e ca- pacitada, tanto quantitativamente quan- to qualitativamente. No Brasil, o fluxo invertido de pacien- tes, entre os serviços de saúde da rede básica e os serviços da alta complexidade, resulta frequentemente em situações de superlotação dos prontos-socorros que passaram a ser o principal local de triagem dos serviços de saúde, sobrecarregando a equipe multidisciplinar desses serviços (FUGULIN, 2012). Dessa forma, a imprevisibilidade da de- manda aliada à gravidade e à complexida- de torna esse cenário um verdadeiro de- safio e um dos setores mais importantes de um hospital, onde a assistência pres- tada deve primar por uma qualidade de nível elevado e ser qualificada para todas as adversidades possíveis para responder às expectativas dos usuários (OHARA; MELO; LAUS, 2009). 2.3 O serviços de atendi- mento pré-hospitalar (APH) O Serviço de Atendimento Pré-Hospi- talar (APH) oferece atendimento imedia- to às pessoas em risco iminente de morte, principalmente nos acidentes traumáti- cos, com o objetivo de reduzir o impacto do trauma na morbidade e mortalidade da população acometida. O Serviço de Atendimento Móvel às Ur- gências (SAMU) se caracteriza por ofere- cer atendimento às pessoas em situações de urgência ou emergência, no próprio local de ocorrência do evento, garantin- do um atendimento precoce. Tais serviços são acionados por telefonia de discagem rápida por meio do número 192, padroni- zado em todo o território brasileiro (BRA- SIL, 2008). As primeiras equipes móveis de reani- mação, com a característica específica de atendimento médico, surgiram na Fran- ça somente em 1955. A partir de 1960 constatou-se a necessidade de treinar equipes de socorristas com a participação médica, visando aumentar as chances de sobrevida das pessoas atendidas. O Ser- vice Mobile d’Urgence et de Réanimation (SMUR) foi instituído oficialmente em 1965 e em 1968 surgiu o Service d A´ide Medicale d´Urgence (SAMU) para coorde- nar as atividades do SMUR, quando então foram definidos critérios e normas sobre seu funcionamento (LOPES; FERNANDES, 1999). 6 7 O APH no Brasil teve influência de dois modelos internacionais (MARTINS; PRA- DO, 2003), o francês e o americano. No serviço norte-americano, denominado Emergency Medical Services as equipes são compostas por Emergency Medical Technician (EMT) ou paramédicos, habili- tados em Suporte Básico de Vida (SBV) e Suporte Avançado de Vida (SAV), respec- tivamente. Inicialmente, o modelo norte-america- no foi o de maior predominância no Brasil para realizar somente medidas de SBV, pelo Corpo de Bombeiros (CB), pioneiros no APH. A influência do serviço francês, cujas equipes são compostas exclusiva- mente por profissionais de saúde, é ob- servada posteriormente em algumas ci- dades brasileiras para realizar, também, o SAV no local do evento. Neste tipo de suporte é incluída a realização de procedi- mentos invasivos e o uso de equipamen- tos e materiais específicos destinados à assistência dos casos de maior gravidade e complexidade, só podendo, portanto, ser realizado por médicos e enfermeiros. Já no SBV, a não realização de procedimentos invasivos permite a atuação de bombeiros ou técnicos de enfermagem, capacitados previamente (THOMAZ; LIMA, 2000). Atualmente, pode-se dizer que estru- turar e ampliar o serviço de APH é um dos focos principais da Política Nacional de Atenção às Urgências. Mas, tal estrutura- ção não tem acontecido de maneira uni- forme em todos os municípios brasileiros, sendo que em muitas localidades o seu funcionamento ainda não iniciou (BRASIL, 2008; FIGUEIREDO; COSTA, 2009). 2.4 O socorrista e os proto- colos Segundo consta no art. 135 do Código Penal brasileiro, deixar de prestar assis- tência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou extra- viada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente peri- go; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública, a pena pode ser de- tenção, de um a seis meses, ou multa. Parágrafo único - A pena é aumentada de metade, se da omissão resulta lesão corporal de natureza grave, e triplicada, se resulta a morte. A Lei n.º 12.653/2012 acrescenta o art. 135-A, a saber: Condicionamento de atendimento mé- dico-hospitalar emergencial Art. 135-A. Exigir cheque-caução, nota promissória ou qualquer garantia, bem como o preenchimento prévio de formulá- rios administrativos, como condição para o atendimento médico-hospitalar emer- gencial: Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa. Parágrafo único. A pena é aumentada até o dobro se da negativa de atendimen- to resulta lesão corporal de natureza gra- ve, e até o triplo se resulta a morte. Art. 2º O estabelecimento de saúde que realize atendimento médico-hospita- lar emergencial fica obrigado a afixar, em local visível, cartaz ou equivalente, com a seguinte informação: “Constitui crime a exigência de cheque-caução, de nota promissória ou de qualquer garantia, bem 8 9 como do preenchimento prévio de for- mulários administrativos, como condição para o atendimento médico-hospitalar emergencial, nos termos do art. 135-A do Decreto-Lei n.º 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal”. O socorrista deve ser um bom observa- dor na cena do acidente, extrair as infor- mações que a cena mostra e complemen- tar com a parte subjetiva de perguntas aos que presenciaram o trauma, quando for esta a situação. Podemos definir claramente que há dois tipos de lesões segundo os seus si- nais: as visíveis e as não visíveis ou trau- mas fechados. Para que a equipe de resga- te não cometao erro de deixar de atender uma vítima analisando apenas os sinais, é importante a aplicação da cinemática do trauma. É o início do atendimento antes mesmo de realizar o ABCDE. Existem vá- rios casos em que equipes de resgate per- deram vítimas ainda no local do acidente por não aplicar a cinemática do trauma. Uma vez ciente da cinemática, o socorris- ta deve levar em conta esta análise e os erros serão drasticamente diminuídos. Dentre as perguntas para conhecer a cena do acidente, em vários manuais do Corpo de Bombeiros Militar (CBM) encon- tramos: Para acidentes de trânsito Que tipo de impado ocorreu – fron- tal, lateral, traseiro, angular, capotamen- to ou ejeção? Qual a velocidade em que ocorreu o acidente? A vítima estava usando dispositi- vos de segurança? Onde supostamente estão as le- sões mais graves? Que forças estão envolvidas? Qual o caminho seguido pela ener- gia? Quais órgãos podem ter sido lesa- dos nesse caminho? A vítima é uma criança ou um adul- to? Para quedas Qual a altura? Qual a distância de parada? Que parte do corpo foi primeira- mente atingida? Para explosões Qual a distância entre a explosão e o paciente? Quais as lesões primárias, secun- dárias e terciárias que na explosão podem existir? Se acidente penetrante Onde está o agressor? Que arma foi usada? Se uma arma de fogo, qual o calibre e munição utilizada? A que distância e ângulo foi dispa- rado? Quanto ao socorrista, este tem deveres e direitos. Vamos a alguns deles tomando por base o Comitê Internacional da Cruz Vermelha: 8 9 O Colégio Americano de Cirurgiões es- tabeleceu um protocolo que é ministrado em um curso denominado Advanced Trau- ma life Support – ATLS –, cujo objetivo é estabelecer as prioridades no atendimen- to à vítima de traumas (TLS, 1996). De forma simples e objetiva recomenda uma sequência sistematizada já adotada inter- nacionalmente, definida como ABCDE, ou seja, é uma sistemática que uniformiza as condutas para o paciente e já foi compro- vado que, no caso de um trauma, ele mata seguindo uma cronologia previsível. O AB- CDE significa: Vamos explicar cada fase da sequência ABCDE, mas gostaríamos de deixar claro que os primeiros socorros não substituem o médico, a enfermeira ou os TEMs. Na verdade, um dos principais fundamentos dos primeiros socorros é a obtenção de assistência médica em todos os casos de lesão grave. Os principais objetivos dos primeiros socorros são: reconhecer situações que ponham a vida em risco; aplicar respiração e circulação arti- ficiais quando necessário; controlar o sangramento; tratar de outras condições que po- nham a vida em risco; Deveres: ajudar a proteger e salvar vidas, e ajudar outras pessoas a fazê-lo; não causar o mal; respeitar e preservar a dignidade das vítimas; participar no controle de doenças; contribuir na educação sanitária do pú- blico em geral e em outros programas de prevenção, evitando assim a ocorrência de ferimentos e a difusão de doenças; ser suficientemente flexível e versátil para responder a muitas tarefas diferen- tes (logística, administração, etc.), além de cuidar das vítimas. Direitos: ser respeitado; ter acesso aos locais para prestar o devi- do socorro; ter permissão para cuidar dos doentes e feridos, retirá-los do local e levá-los para um local onde possam receber tratamen- to; fornecer assistência de acordo com o seu treinamento e os meios disponíveis; não ser forçado a fornecer serviços con- trários à ética profissional. A Airway vias aéreas B breathing respiração C circulation circulação D Disability estado neurológico E exposure exposição 10 11 minimizar o risco de outras lesões e complicações; evitar infecções; deixar a vítima o mais confortável possível; providenciar assistência médica e transporte. Um treinamento em primeiros socorros trará benefícios óbvios para as pessoas que quem atender — de amigos e fami- liares a colegas de trabalho e estranhos — além de ter um valor especial quando as técnicas forem empregadas naqueles que não podem receber atendimento mé- dico por um longo período — como alguém acampando em um local selvagem ou trabalhando em uma fazenda afastada. O treinamento também trará muitos be- nefícios pessoais, já que você será capaz, de cuidar de doenças e lesões repentinas que venham a ocorrer com você. Como dizem Hafen, Karren e Fradsen (2002), enquanto socorrista, você precisa ser capaz de assumir a liderança em uma situação, manter a calma enquanto esti- ver trabalhando sob pressão e orientar as outras pessoas para fazerem o mesmo. Ao demonstrar competência e escolher bem as palavras de incentivo, os Socorristas conseguem ganhar a confiança das outras pessoas presentes para que elas possam fazer tudo o que for possível para acalmar a vítima. Vamos ao ABCDE?! A) Vias aéreas com controle da co- luna cervical: A avaliação das vias aéreas e as condu- tas que garantem a sua permeabilização é prioritária no trauma: Principais causas de obstrução de vias aéreas: queda da língua em paciente in- conscientes; presença de corpos estranhos, san- gue e restos alimentares; fraturas de face; traumas cervicais – ruptura da la- ringe e traqueia. A maneira mais simples de diagnosticar problemas com as vias aéreas é através da resposta verbal da vítima, pois esta, res- pondendo, evidencia-se a permeabilidade das vias. Sinais como agitação, cianose ou respiração ruidosa podem significar obs- trução das vias aéreas. Outra questão importante neste item refere-se à colocação do colar cervical na vítima, pois o politraumatizado, até prova ao contrário, é portador de lesões de colu- na cervical. O que fazer? Se notar obstrução de passagem de ar, aja imediatamente: abra a boca da vítima e, com os de- dos, remova dentaduras (próteses), res- tos de alimentos, sangue, líquidos e ou- tros objetos que possam estar impedindo a perfeita respiração; posicione corretamente a cabeça, com o queixo levemente erguido, facilita a respiração; deve-se tomar muito cuidado com a possibilidade de fratura de coluna cervical (pescoço quebrado); 10 11 se a vítima estiver inconsciente, deve-se colocá-la de lado, para evitar as- fixia e afogamento. B) Respiração e ventilação A primeira etapa do atendimento inicial apenas garante ao paciente a permeabi- lidade de suas vias aéreas, mas isto não significa que este esteja com ventilação adequada. Sendo assim, torna-se funda- mental a avaliação das condições ventila- tórias do paciente. A ventilação pode estar prejudicada tanto por obstrução das vias aéreas, como por alterações da mecânica ventilató- ria ou por depressão do sistema nervoso central. Formas de diagnosticar problemas de ventilação: observe as incursões torácicas pro- curando movimentos simétricos de ins- piração e expiração. A assimetria sugere fraturas ou tórax flácido; ausculte ambos os hemitórax. Mur- múrio vesicular diminuído ou ausente deve alertar para a possibilidade de existir lesão torácica; frequência respiratória elevada pode indicar falta de ar; oxímetro de pulso pode ser um bom aliado, apesar de não garantir que a venti- lação seja adequada; após o diagnóstico de problemas ventilatórios no paciente medidas corre- tivas devem ser imediatamente tomadas. ATENÇÃO! Existem variações da respi- ração boca-a-boca: 1 - Nos casos em que há fratura da mandíbula, ou lesões na boca, a ventilação deverá ser boca-nariz, pois podem inviabilizar a respiração arti- ficial pelo método boca a boca. Nes- te caso, o socorrista deve optar pela manobra conhecida como boca-na- riz, que consiste em: manter as vias aéreasda vítima abertas, exercendo pressão na testa da vítima com uma das mãos, e, com a outra, pressionando o seu maxilar inferior, de forma a fechar-lhe a boca; cobrir com a boca o nariz da vítima; ventilar durante um a um segundo e meio; abrir a boca da vítima para auxiliar na exalação. 2 - Quando a vítima for um bebê, a respiração boca-a-boca deverá ser feita de forma que a boca do socor- rista cubra o nariz e boca da vítima. A utilização de máscara na respiração artificial é recente e visa, principalmen- te, preservar o socorrista profissional de contaminação com doenças infecto-con- tagiosas que a vítima pode ser portadora. Na respiração artificial boca-máscara, os procedimentos são os mesmos, a úni- ca diferença é que a boca de quem está socorrendo não toca diretamente sobre a boca da vítima, e sim em uma máscara especial, que cobre a boca e o nariz da ví- tima. A técnica da respiração boca-a-boca é atualmente, o mais eficiente método de prover respiração artificial e pode ser rea- lizada por qualquer pessoa, sem qualquer 12 13 equipamento especial. Para prover a respiração artificial o so- corrista deve: deitar a vítima de costas; retirar da boca da vítima: dentadu- ras, pontes, restos de alimentos, etc. (cor- po estranho) desobstruindo a passagem de ar (já dito); levantar a nuca da vítima e inclinar a cabeça para trás; tampar as narinas com polegar e o indicador e abrir a boca da vítima comple- tamente; respirar fundo, colocar sua boca sobre a da vítima, sem deixar nenhuma abertura até encher de ar os pulmões da vítima; afastar sua boca da boca da vítima, observar a exalação do ar, repitir a opera- ção de 12 a 18 vezes por minuto, unifor- memente e sem interrupção; ventilar uma vez a cada 5 segun- dos, se a vítima for adulta; ventilar uma vez a cada 4 segun- dos, se a vítima for criança com idade en- tre 1 a 8 anos; ventilar uma vez a cada 3 segundos, se a vítima for bebê, com idade variando entre 0 a 1 ano (Boca-nariz); se a vítima for removida para hospi- tal e pronto socorro, continuar com o pro- cedimento durante o percurso; se a vítima não iniciar a ventilação espontânea, checar o pulso carotídeo para ver se não será necessário iniciar a RCP (Respiração Cárdio-Pulmonar). c) Circulação com controle de he- morragia A hipovolemia com consequente cho- que hemorrágico é a primeira causa de morte nas primeiras horas após o trauma. Hipotensão arterial em vítimas de trauma deve ser sempre considerada como con- sequência de hipovolemia. Alguns parâmetros são de fundamen- tal importância na avaliação inicial e de- terminação da hipovolemia: nível de consciência; coloração da pele; frequência e amplitude de pulso; perfusão periférica – enchimento capilar menor que 2 segundos é sinal de hipovolemia; pressão arterial; pressão de pulso; sudorese. Tão importante quanto o diagnóstico do choque hipovolêmico é a determinação do ponto de sangramento. Após a localiza- ção da hemorragia, medidas de contenção devem ser tomadas a fim de evitar lesões irreversíveis no paciente e até seu óbito. d) Exame neurológico: Uma rápida avaliação do estado neu- rológico deve determinar o nível de cons- ciência e a reatividade pupilar do trau- matizado. O rebaixamento do nível de consciência é indicativo de diminuição da oxigenação, lesão direta do encéfalo ou uso de drogas e/ou álcool. Na avaliação inicial, utiliza-se o método 12 13 AVDI: A – Alerta; V – Resposta ao estímulo verbal; D – Resposta ao estímulo doloroso; I – Irresponsivo aos estímulos. Inconsciência, resposta motora latera- lizada, alteração da função pupilar, estão, frequentemente, relacionadas ao aumen- to da pressão intracraniana e implicam na necessidade de canulação da via aérea e hiperventilação. O exame neurológico mais detalhado do paciente deve ser realizado posterior- mente e o mesmo deve ser classificado de acordo com a Escala de Coma de Glasgow que irá melhor definir qual o estado neu- rológico do paciente. e) Exposição do paciente com con- trole da hipotermia: O paciente traumatizado deve ser com- pletamente despido para facilitar o exa- me completo e a determinação de lesões que podem comprometer a sua vida. Para se evitar movimentos e eventual mobili- zação de fraturas ou luxações, as vestes devem ser cortadas antes da remoção. A proteção do paciente contra hipo- termia é de suma importância, pois cer- ca de 43% dos pacientes desenvolvem este tipo de alteração durante a fase de atendimento inicial. A hipotermia exerce efeitos deletérios sobre o organismo do traumatizado, portanto, deve ser prote- gido contra o frio através de cobertores aquecidos e infusão de líquidos também aquecidos. Guarde... Os Primeiros Socorros ou Socorro Básico de Urgência são as medidas ini- ciais e imediatas dedicadas à vítima, fora do ambiente hospitalar, executadas por “qualquer pessoa”, treinada, para garan- tir a vida, proporcionar bem-estar e evi- tar agravamento das lesões existentes. A prestação dos cuidados dependem de co- nhecimentos Básicos, Teóricos e Práticos por parte de quem os está aplicando. O restabelecimento da vítima de um acidente, seja qual for sua natureza, dependerá muito do Preparo Psicológico e Técnico da pessoa que prestar o atendi- mento. O Socorrista deve agir com bom senso, tolerância e calma. O primeiro atendimento mal suce- dido pode levar vítimas de acidentes a se- quelas irreversíveis. Para Reanimação Cardíaca identi- ficando a inconsciência, ausência de res- piração, ausência de circulação, teremos como técnicas básicas: colocar a vítima deitada de costas em uma superfície rígida; ajoelhar-se ao lado da vítima; com os braços esticados, apoiar uma das mãos sobre a outra, e as duas so- bre o peito do acidentado, sem apoiar os dedos; o local exato para fazer o apoio, é três dedos acima da ponta do osso exter- no que é o osso do centro do peito; utilizando o peso do seu corpo, faça compressões curtas e fortes, comprimin- 14 1514 do e aliviando regulamente; essas operações têm como função comprimir o músculo cardíaco, dentro do tórax, reanimando os batimentos natu- rais; repitir esta operação com uma fre- quência de 60 compressões por minuto, até que haja sinais de recuperação do ba- timento cardíaco. Nas crianças, o processo deve ser feito com uma das mãos, e nos bebês usa-se o polegar, fazendo duas compreensões por segundo, aproximadamente. Nos casos de parada respiratória e car- díaca simultânea, deve-se intercalar a respiração artificial com a massagem car- díaca, método conhecido como Reanima- ção Cardio-Pulmonar ou RCP, do seguinte modo: RCP - UM ou DOIS SOCORRISTA Quando o atendente estiver sozinho: fazer 15 compreensões cardíacas; em seguida, fazer 2 respirações boca a boca; repetir até que chegue auxílio ou a vítima reanime. Em algumas situações, a pessoa que está prestando socorro deverá repetir estes procedimentos por um tempo bas- tante longo. Existem casos relatados de pessoas que insistiram durante horas, chegando a bons resultados. Por ser uma tarefa cansativa, que re- quer muita energia e resistência, o aten- dente de emergência deverá estabelecer um ritmo que permita economizar suas próprias energias sem afobação, cuidan- do para manter sua própria respiração num ritmo adequado. Quando houver dois atendentes: um atendente faz 5 cinco compre- ensões cardíacas; em seguida após, o outro atenden- te faz uma respiração boca-a-boca; repete-se o ciclo, podendo os aten- dentes trocarem de posição em caso de cansaço. Estes procedimentos devem ser man- tidos, até que a vítima reaja, mesmo en- quanto está sendo transportadapara um pronto-socorro ou hospital, não interrom- pendo durante o trajeto. Adulto - 2 ventilações por 15 massa- gens de 80 a 100 vezes por minuto. Criança - 1 ventilação por 5 massagens, 100 vezes por minuto. Bebê - 1 ventilação por 5 massagens, 100 a 120 vezes por minuto. 14 15 UNIDADE 3 - A enfermagem no contexto dos primeiros socorros 15 Embora nosso foco sejam os primeiros socorros, achamos pertinente falar um pouco do trabalho da enfermagem, afinal de contas, é um serviço que se encontra de prontidão para cuidar daqueles que necessitam de cuidados e o enfermeiro(a) também pode ser participante ativo de uma equipe de socorristas. A enfermagem, enquanto profissão teve início na Inglaterra, no século XIX, com o trabalho de Florence Nightingale, recrutando e treinando um grupo de mu- lheres para colaborarem nos cuidados e na higiene dos soldados feridos durante a Guerra da Criméia (1854-1856). Nessa época, também com Florence Nightingale, surgiu a ideia de classificar os doentes de acordo com o grau de dependência, dis- pondo-os nas enfermarias, de tal manei- ra que os mais graves ficassem próximos à área de trabalho dos enfermeiros, para maior vigilância e melhor atendimento (CINTRA, NISHIDE, NUNES, 2005). A enfermagem, através da sistematiza- ção de sua assistência, com orientações pré e pós-procedimentos e cuidados bem planejados durante e após o procedimen- to, busca conseguir atender às expectati- vas, não só dos pacientes e dos familiares, mas também para uma boa trajetória do paciente para a alta hospitalar. O processo de enfermagem é um método de trabalho que possibilita que a enfermagem exerça sua função de forma planejada, funda- mentada e científica no atendimento às necessidades do paciente (FIGUEIREDO et al., 2003). Segundo Horta (1998, p. 40), a enfer- magem é uma ciência e arte de assistir o ser humano no atendimento de suas ne- cessidades básicas, de torná-lo indepen- dente desta assistência, quando possível, pelo ensino do autocuidado, de recuperar, manter e promover a saúde em colabora- ção com outros profissionais. Sistematiza seu processo de trabalho pelo “processo de enfermagem” compre- ende uma ordenação de atividades de enfermagem, que iniciam por um históri- co de enfermagem, levantamento de pro- blemas e um planejamento assistencial. A inter-relação e a igual importância destas fases no processo podem ser representa- das graficamente por um hexágono (veja ilustração abaixo), cujas faces são ve- tores bi-orientados, querendo-se assim mostrar também a reiteração eventual de procedimentos. No centro do Hexágono, situar-se-ia no indivíduo a família e a co- munidade (HORTA, 1998). 16 17 Em se tratando da hemodinâmica, uma intervenção precoce pelo enfermei- ro nessa área, identificando e avaliando possíveis complicações vasculares pode minimizar seus efeitos, reduzindo o des- conforto do paciente, auxiliando na redu- ção de custos hospitalares, e contribuindo para uma assistência eficaz, consolidando a integralidade do cuidado. No contexto hospitalar, o enfermeiro torna-se um profissional indispensável em exames de grande complexidade. Isto porque é justamente quando o paciente necessita de intenso cuidado, a fim de que sejam evitadas consequências desagra- dáveis aos procedimentos hospitalares (MEDEIROS, 2011). Vale ressaltar que o enfermeiro, dado seu papel de gestor do cuidado, leva em consideração a segurança do paciente como parte fundamental do planejamen- to, integra as boas práticas assistenciais e visa à minimização de eventos evitáveis multiprofissionais, gerando um ambien- te de segurança ao paciente, familiares e funcionários. No produto das instituições hospitala- res, é de fundamental importância a par- ticipação dos profissionais que são “gen- te que cuida de gente”. São responsáveis pelo resultado assistencial, seja qualita- tivo ou quantitativo e que está intrinse- camente ligado às condições ambientais onde se incluem o modelo de gestão e o clima organizacional. Permitem e ofere- cem um ambiente favorável ao desempe- nho das funções de cada um de maneira que integre todas as categorias profissio- nais com um objetivo comum a todos, que é assistir ao paciente com excelência ope- racional (NISHIO; FRANCO, 2011). Assim, o desenvolvimento de algumas competências é imprescindível e dentre elas temos a liderança, o planejamento, a organização, a criatividade, a habilidade para a negociação, a resolução de proble- mas, o conhecimento técnico-científico, a visão sistêmica, o relacionamento inter- pessoal, a motivação, a tomada de deci- são, o foco no paciente e no processo, a comunicação e a adaptabilidade. O Enfermeiro deve dominar e ter ha- bilidades de relacionamento terapêutico com o paciente. Administrar um grande número de pacientes requer planejamen- to, inclusive estabelecimento de priorida- des, julgamento seguro em situações de Figura 1 – Processo de enfermagem Fonte: HORTA (1998). 16 17 aplicação do cuidado e avaliação de sua eficiência. O que se espera na maioria das situa- ções que buscam um atendimento “óti- mo” nas instituições hospitalares é uma assistência humanizada e individualizada ao paciente, aumentando o grau de sa- tisfação do usuário, bem como melhorias nas relações entre enfermeiro, paciente e familiares. Quanto às unidades de pronto-socorro, é inquestionável o aumento do número de pacientes que procuram atendimento nos serviços de urgência e emergência. Este setor concentra o maior fluxo de atendi- mento dos serviços de saúde e, conse- quentemente, o maior número de proble- mas de logística e gerenciamento, o que torna imprescindível a organização, a har- monização do ambiente e o treinamento das equipes. Os países desenvolvidos também apre- sentam um aumento da demanda nos serviços de urgência e emergência e a desproporção entre a demanda e a ca- pacidade de atendimento gera um dese- quilíbrio nos recursos disponíveis. Dada a importância desse serviço, buscam-se estratégias para garantir um atendimen- to rápido e eficiente. Uma dessas estraté- gias é a triagem ou a classificação de risco, como veremos. 18 19 UNIDADE 4 - Primeiros socorros 18 4.1 DESMAIO Consiste na perda transitória de consci- ência e da força muscular, devido a dimi- nuição do sangue e oxigênio no cérebro, sem a parada da respiração. Sinais e Sintomas: tontura; sensação de mal-estar; pele fria, pálida e úmida; suor frio; perda da consciência. O que fazer: arejar o ambiente; desapertar as roupas. Se a vítima estiver consciente: fazê-la sentar-se com os joelhos pouco afastados e a cabeça entre os mes- mos. Se a vítima estiver inconsciente: colocá-la com a cabeça em nível mais baixo que o resto do corpo e virada para o lado durante o tempo necessário. 4.2 ASFIXIA Consiste na obstrução mecânica das vias aéreas. Sinais e Sintomas: incapacidade de falar; respiração difícil e barulhenta; gestos de sufocação. O que fazer: Vítima consciente: encoraje-a para tossir vigorosa- mente; se a vítima continua asfixiada, faça a Monobra de Heimlich – coloque ambos os braços em torno do abdome, logo acima do umbigo. Segure seu punho com a outra mão e dê quatro apertões rápidos e vigo- rosos (para dentro e para cima); verifique a boca para ver se expe- liu o corpo estranho, remova o objeto so- mente se visível; repetir o ciclo até passar a asfixia ou a vítima ficar inconsciente. Vítima inconsciente: ligar para o número local de emer- gências médicas (SAMU = 192); avaliar respiração, se a vítima não estiver respirando, aplicar 02 respirações (01 segundo por respiração), e verificar se o peito está se expandindo; iniciarreanimação cardiorrespira- tória (se está havendo expansão do pei- to), fazendo 05 ciclos de 30 compressões torácicas e duas respirações (02 a um rit- mo de 100 compressões por minuto, ava- liando a respiração a cada 05 ciclos); realizar uma segunda respiração, se não estiver havendo elevação do tórax, inclinando a cabeça para trás com eleva- 18 1919 ção do queixo; se não houver elevação do tórax após a segunda respiração, aplicar 05 ci- clos de 30 compressões torácicas, e pro- curar um objeto na boca, removendo-o se o encontrar, e aplicar 02 respirações. ATENÇÃO: esta manobra pode ser apli- cada em crianças acima de 01 ano e adul- tos. 4.3 HEMORRAGIA É a perda de sangue devido ao rompi- mento de um vaso sanguíneo, veia ou ar- téria. Hemostasia é o controle da hemor- ragia. Os mecanismos normais que o corpo possui para limitar as hemorragias são: 1) Contração da parede dos vasos san- guíneos (vasoconstricção). 2) Coagulação do sangue (plaquetas e fatores da coagulação). Um indivíduo com 70 Kg possui apro- ximadamente 4.900 ml de sangue. O vo- lume de sangue varia conforme a idade e pode ser estimado utilizando-se o valor médio de 80 ml / Kg de peso. Em crianças, o volume sanguíneo é maior, estando en- tre 8 e 9% do peso corporal. O que fazer: deitar a vítima imediatamente com a cabeça mais baixa que o corpo; cobrir o ferimento com compressa improvisada e comprimi-la com firmeza; colocar uma bolsa de gelo ou com- pressas frias; tranquilizar o acidentado se ele es- tiver consciente; suspender a ingestão de líquidos; elevar o segmento ferido a nível mais alto que o coração; caso não haja controle, pressionar diretamente as artérias que nutrem o lo- cal Afetado; observar rigorosamente a vítima para evitar parada cardíaca e respiratória e encaminhar para avaliação médica. CLASSIFICAÇÃO DAS HEMORRAGIAS 1 - Tipo de Vaso Sanguíneo - tipo de hemorragias: arterial – sangramento em jato. Geralmente, coloração vermelho-vivo – sangramento grave que pode levar a mor- te em poucos minutos; venosa – sangramento contínuo, geralmente de coloração escura – rara- mente fatal; capilar – sangramento contínuo discreto – pequena importância. 2 - Profundidade - tipo de hemorra- gias: externa – sangramento de estru- turas superficiais com exteriorização do sangramento. Podem geralmente ser controladas utilizando técnicas básicas de primeiros socorros; interna – sangramento de estru- turas profundas pode ser oculto ou se exteriorizar. As medidas pré-hospitalares básicas de hemostasia geralmente não funcionam. 20 21 3 – Velocidade: Quanto mais rápida a hemorragia me- nos o organismo tolera a perda de sangue e mais rápido deve ser o socorro à vítima para o hospital. CONSEQUÊNCIAS DA HEMORRAGIA: hemorragias não tratadas podem provo- car o desenvolvimento do Choque. QUADRO CLÍNICO: varia com o volume da perda de sangue RECONHECIMENTO DAS HEMORRA- GIAS: a hemorragia pode ser estimada grosseiramente através do sangue perdi- do no local. Pacientes com sinais de choque e le- sões externas pouco importantes devem apresentar hemorragia interna oculta. Al- gumas fraturas como as de bacia e fêmur podem produzir hemorragias internas graves e choque. Os locais mais frequentes de hemorra- gia interna são o tórax e abdome. Observe presença de lesões perfurantes, equimo- ses ou contusões na pele do tórax e abdo- me. CONDUTA PRÉ-HOSPITALAR para he- morragias: 1) Exame Primário – ABC da vida. 2) Controle de hemorragias externas: coloque suas luvas ou utilize um pano para manipular a vítima; coloque compressa limpa sobre o ferimento e efetue a compressão direta da lesão; caso a compressa fique encharcada de sangue, coloque outra compressa sem retirar a primeira; eleve se possível o local do sangra- mento acima do nível do coração com a ví- tima deitada; na persistência da hemorragia, ini- cie a compressão direta da artéria que irri- ga a região; os principais pontos arteriais são os braquiais, femorais e temporais super- ficiais. 3) Em caso de choque, posicione o pa- ciente com as extremidades inferiores elevada. 4) Imobilize as fraturas, exceto naque- les que apresentem sinais de choque. 5) Em caso de choque, transporte o pa- ciente imediatamente para o hospital. 4.4 EPISTAXIS – perda de sangue pelo nariz O que fazer: colocar a vítima com a cabeça direi- ta no alinhamento do corpo; fazer compressão com dedos pole- gar e indicador, em pinça, até a hemorra- gia cessar; aplicar gelo no nariz; aplicar algo frio na nuca e trazer para o exterior; caso a hemorragia não pare, deve- -se encaminhar a vítima para um hospital. 20 21 4.5 EPLEPSIA Epilepsia é a situação que resulta de uma tendência para breves interrupções na atividade elétrica do cérebro, que pro- vocam desde a perda momentânea da atenção (pequeno mal epiléptico) a es- pasmos musculares e convulsões (grande mal epiléptico). São características do grande mal epi- léptico: a vítima perde a consciência e cai; fica rígida podendo parar de respirar por segundos; fica cianosada; os músculos re- laxam e depois começam as convulsões; a respiração torna-se ruidosa e difícil e pode surgir espuma na boca; os músculos voltam a relaxar e o ataque passa, embo- ra a vítima possa manter-se inconsciente por alguns minutos. O que fazer: proteger a vítima; não restringir os movimentos à for- ça; afastar todos os objetos em redor; não deslocar a vítima; não tentar acordar a vítima; não dar nada de beber à vítima; evitar a queda da língua colocando uma caneta atravessada na boca; colocar em posição lateral de segu- rança quando as convulsões pararem; manter acompanhamento até a re- cuperação completa; encaminhar a vítima ao hospital. São características do pequeno mal epiléptico: a vítima pode ter um olhar distraído e/ou sonhador; poderão surgir comportamentos estranhos como mas- tigar ou apertar os lábios ou dizer frases sem sentido; a vítima poderá ter falhas de memória. O que fazer: proteger a vítima de perigos; afastá-la de curiosos; acompanhá-la até estar completa- mente recuperada; aconselhá-la a procurar um médico. 4.6 PEQUENOS FERIMENTOS Ferimento é toda lesão da pele ou de tecidos corporais (corte, perfuração, dila- ceração) produzidos por traumatismo em qualquer tipo de acidente. Os ferimentos podem ser: Ferida fechada – pele integra: Contusões A presença de lesões superficiais não ameaça a vida, porém alertam para lesões de órgãos internos. Ferida aberta - pele aberta: escoria- ções - lesões corto-contusas - Lacerações Escoriações: lesões superficiais da pele ou mucosas, que apresentam sangramen- to leve e costumam ser extremamente dolorosas. Não representam risco ao pa- ciente quando isoladas. O socorrista deve controlar o sangra- mento por compressão direta e aplicação de curativo e bandagens. Imobilize extre- midades com ferimentos profundos. 22 23 Em pacientes com PA (pressão arterial) normal efetue a limpeza das lesões de forma rápida. No trauma grave, este pro- cedimento é omitido para reduzir o tempo de chegada ao hospital. Ferimentos perfurantes: perfuração da pele e tecidos por um objeto. O orifício de entrada pode não corres- ponder à profundidade da lesão. Tratar as condições que causem risco iminente de vida – ABC e Hemorragias. O que fazer: lavar o local do ferimento com água e sabão (importante para prevenir infec- ção); cobrir o local da lesão com gaze ou um pano limpo, fazendo leve pressão so- bre o local, mas sem prender a circulação. ‘Observação: - não lavar o local do ferimento se hou- ver suspeitade fratura; - ferimentos profundos provocados por pregos, facas ou arma de fogo – não remo- ver o objeto, fazer compressão no local da lesão com pano limpo ou gaze, envolver com ataduras e transportar para receber assistência qualificada. 4.7 ESMAGAMENTO Geralmente os esmagamentos aconte- cem em acidentes automobilísticos, desa- bamentos e acidentes industriais. Pode resultar em ferimentos abertos ou fechados. O dano tecidual é extenso (músculos, tendões, ossos). Os esmaga- mentos de tórax e abdome causam graves distúrbios circulatórios e respiratórios, sendo muitas vezes incompatíveis com a vida. No caso de extremidade presa à maqui- naria industrial, desligar a energia da má- quina, e em seguida fazer a lenta reversão manual das engrenagens e retirada do membro. Caso não seja possível liberar a extremidade, a máquina deverá ser des- montada e transportada juntamente com a vítima ao hospital. As lesões quando decorrentes de ex- plosões geralmente são várias e com vá- rios fragmentos, devendo-se avaliar pro- fundidade de penetração e queimaduras. Como tratar as feridas: expor a ferida (retirar roupas); controlar a hemorragia; limpar a superfície da ferida (se houver tempo); curativo com gaze ou pano limpo; imobilizar o segmento ferido; estabilizar objetos empalados; segmentos amputados devem ter cuidados a parte; utilize sempre luvas. Diferenças entre curativos e banda- gens: o curativo cobre uma ferida pro- tegendo-a de contaminação e auxilia no controle de sangramento. O curativo deve ser feito de preferência com material es- téril ou limpo. A bandagem fixa um curativo sobre a ferida. Deve ser justa para reduzir sangra- mentos, mas deve permitir a circulação 22 23 sanguínea. Técnicas de aplicação da bandagem tipo atadura: cubra a ferida com o curativo e apli- que a atadura; desenrole pouco a pouco, manten- do pressão uniforme e sobrepondo 50% a cada volta; evite excesso de compressão que possa causar interrupção da circulação. 4.8 AMPUTAÇÕES TRAUMÁTICAS Lesões onde ocorre a separação de um membro e/ou seu segmento. Podem ser causadas por objetos cortantes, por es- magamentos ou por forças de tração. CONDUTA: abrir vias aéreas e prestar assistên- cia ventilatória, se necessário; controlar a hemorragia; controlar o estado de choque, caso presente, enquanto a vítima esteja sendo encaminhada para assistência qualificada com o segmento amputado. Cuidados com o segmento amputado, para o reimplante: - lavar a parte amputada o mais rapi- damente possível com sabão líquido pro- tegendo a face interna (cruenta) e em seguida irrigá-la com soro fisiológico em grande quantidade; - envolver o segmento numa compres- sa de gaze estéril ou tecido de algodão bem limpo, embebido com soro fisiológico (nunca mergulhar a peça em soro direta- mente); - envolver o material dentro de um saco plástico duplo bem limpo e fechá-lo; - acondicionar o saco plástico num re- cipiente de isopor ou similar com gelo, de forma que seja mantida uma temperatu- ra interna aproximada de 4°C, porém sem contato direto com o gelo. 4.9 FRATURAS Fraturas é a interrupção na continuida- de do osso. Elas podem ser: abertas – ferida na pele sobre a le- são que pode ser produzida pelo osso ou por objeto penetrante; fechadas - a pele sobre a fratura está intacta. As fraturas são encontradas em trau- mas. As fechadas são de pouca gravidade, mas em alguns casos causam choque he- morrágico, danos vasculares e neurológi- cos. Como detectar: dor local e deformidade anatômica; edema e hematoma; incapacidade funcional e mobilida- de anormal. Temos ainda: luxações – lesões em que a extre- midade de um dos ossos que compõe uma articulação é deslocada de seu lugar. A lesão dos tecidos pode ser muito grave, afetando vasos sanguíneos, nervos e a cápsula articular. Ocorre com maior frequ- ência em dedos e ombro; 24 25 entorses – são lesões nos ligamen- tos. Podem ser de grau mínimo ou com- plexo com ruptura completa do ligamento. Ocorre com maior frequência nos torno- zelos, joelhos e punhos; distensões – lesões aos músculos ou seus tendões. Geralmente são causa- das por hiperextensão ou por contrações violentas. Pode ocorrer ruptura do ten- dão. O que fazer: exame primário - ABC da vida; em pacientes com risco de vida imi- nente não imobilize as extremidades. São princípios básicos de imobilização: 1. Descubra a lesão cortando a roupa e inspecione o segmento afetado obser- vando feridas abertas, deformidades, edema e hematomas. Sempre compare uma extremidade com a outra. 2. Remova anéis e braceletes que po- dem comprometer a vascularização. Em extremidades edemaciadas (inchadas) é necessário cortá-los com instrumento apropriado. Em caso de lesões em mem- bros inferiores, deve-se retirar sapatos e meias. 3. Cubra lesões abertas com bandagens estéreis ou panos limpos antes de aplicar a tala. 4. Coloque as extremidades em posição anatômica e alinhada. Se houver resis- tência imobilize na posição encontrada. Aplique a tala imobilizando com as mãos o segmento lesado de modo a minimizar movimentos do membro, até que a tala esteja colocada. 5. Imobilize o membro cobrindo uma ar- ticulação acima e abaixo da lesão. A imo- bilização alivia a dor, produz hemostasia (controle da hemorragia) e diminui a lesão tecidual. 6. Se possível eleve a extremidade após o procedimento. 4.10 QUEIMADURAS São lesões produzidas nos tecidos pela ação de agentes: físicos (calor ou frio, ele- tricidade, radiação), químicos (produtos corrosivos: ácidos ou bases fortes) ou bio- lógicos (animais ou plantas). Prevenir: Dor e infecção – queimaduras de 1º e 2º Graus causam muita dor, sendo que nas queimaduras de 2º Grau há presença de bolhas. O que fazer quando forem por: agentes químicos – lavar a área queimada com bastante água, retirando a roupa se ainda contém alguma substância química; queimadura térmica – aplicar compressa umedecida com água com um pouco de sal ou soro fisiológico gelado (a área queimada perde a barreira isotônica); fogo – abafar com cobertor ou rolar a vítima no chão; verificar se a respiração, batimen- to cardíaco e o nível de consciência estão normais; aliviar ou reduzir a dor e prevenir a infecção; não romper as bolhas. Se houver bolhas grandes e o plasma estiver amare- 24 25 lado (é um meio de cultura), perfurar a bo- lha, mas manter a pele, fazendo curativo para evitar infecção; não arrancar tecido que estiver aderido à queimadura, apenas resfrie com água limpa ou soro fisiológico, deixando-o no local; não aplicar pomadas, líquidos, cre- mes ou outras substâncias sobre a quei- madura; proteger o local com gaze ou pano limpo umedecido com soro fisiológico; se a área lesada for os pés ou as mãos, separá-los com rolos de gaze ou pano limpo umedecidos e após enfaixá- -los; oferecer água lentamente e com cuidado, se a vítima estiver consciente e sentir sede; encaminhar para assistência quali- ficada. 4.11 CHOQUE ELÉTRICO Choque elétrico ocorre quando uma corrente elétrica passa diretamente atra- vés do corpo (contato). O corpo humano se comporta como um condutor elétrico – possibilita a passagem da corrente elétrica. Importante: Acidente com eletricidade oferece pe- rigo de vida também para o socorrista. São lesões causadas por acidentes com eletricidade: paralisação da respiração – por con- tração dos músculos – asfixia; parada cardíaca; queimaduras de 1º, 2º ou 3º Grau – com locais de limites bem definidos ou de grande extensão. O que fazer: antes de tocar a vítima, o socorrista deve desligar a corrente elétrica, casonão seja possível, separar a vítima do contato utilizando qualquer material que seja mau condutor de eletricidade como: um peda- ço de madeira, cinto de couro, borracha grossa, luvas; DESLIGAR A FONTE DE CORRENTE ou RETIRAR A VÍTIMA DO CONTATO; se a vítima apresentar parada res- piratória e parada cardíaca, aplique a téc- nica de reanimação cardiopulmonar; após avaliar o nível de consciência e pulsação, verificar se há queimaduras causadas na vítima; se a vítima tiver sede, molhe seus lábios e a língua com compressas úmidas; encaminhar a vítima para assistên- cia qualificada. 4.12 INTOXICAÇÃO Intoxicação ou envenenamento ocorre quando o indivíduo entra em contato, as- pira ou ingere, acidental ou não, substân- cias tóxicas de natureza diversa. A gravidade depende: idade; suscetibilidade do indivíduo; quantidade da substância; tipo e toxicidade da substância; 26 27 vias de penetração – ingerida, aspi- rada ou contato com a pele; tempo de exposição à mesma. Vias de penetração: vias digestivas – ingestão de qual- quer tipo de substância tóxica, química ou natural; pele – contato direto com plantas ou substâncias tóxicas; vias respiratórias – aspiração de vapores ou gases emanados de substân- cias tóxicas. Sinais e Sintomas: hálito com odor estranho; modificação na coloração dos lábios e interior da boca, dependendo do tipo de substância; dor, sensação de queimação na boca, garganta ou estômago; sonolência, confusão mental, tor- por ou outras alterações da consciência; estado de coma alterado com perí- odo de alucinações e delírios; lesões cutâneas, queimadura in- tensa com limites bem definidos ou bo- lhas; depressão da função respiratória; oligúria ou anúria (diminuição ou retenção do fluxo urinário); convulsões; distúrbios hemorrágicos manifes- tados por hematêmese, melena ou hema- túria; queda da temperatura, permane- cendo abaixo do normal. O que fazer: eliminação imediata do tóxico; tratamento sintomático – tratar os sintomas; levar o recipiente original do pro- duto tóxico para o médico, junto com a FISPQ – ficha de informação de segurança do produto químico. Procedimentos: intoxicação por contato (pele) – la- var abundantemente o local afetado com água corrente. No caso dos olhos serem afetados, lavar com água corrente duran- te 15 minutos e encaminhar ao oftalmolo- gista; intoxicação por inalação – remover a vítima para o ar fresco e manter a função respiratória; Iintoxicação por ingestão – provo- car vômito após a administração de: solu- ção emetizante aniônica (um copo de água + 1 colher de sopa de detergente líquido sem corante) – irritante tênue – provoca vômito após 5 minutos de ingestão, inge- rir antes da solução 1 copo de água ou es- timulação da úvula ou faringe com o cabo de uma colher ou lenço. Não induzir o vômito se a vítima: estiver inconsciente; tiver convulsões; tiver ingerido substância corrosiva que possa causar queimaduras de muco- sas; tiver ingerido um derivado de pe- 26 27 tróleo (querosene, tiner, fluído de isquei- ro, etc.). Nos casos de ingestão de substâncias corrosivas, cáusticas em geral e derivados de petróleo, diluir ou neutralizar essas substâncias pela ingestão de água. Se a vítima estiver inconsciente: verificar se respira e, se necessário, fazer respiração artificial; se a vítima respira, coloque-a em posição lateral de segurança; encaminhe com urgência para um local onde possa receber assistência qua- lificada. 4.13 TRANSTORNO DELI- RANTE É normalmente causada por reação exagerada a uma contrariedade emocio- nal. Tem como características: Perda de controle momentâneo do comportamento acompanhada de gritos, berros, choro e movimentos violentos dos membros; pode surgir respiração ofegan- te. O que fazer: acalme a vítima evitando mostrar compaixão e, gentilmente, mas firme- mente acompanhe-a a um lugar mais cal- mo; fique junto da vítima em observa- ção até a total recuperação; aconselhe a vítima a procurar um médico; não restringir os movimentos da vítima à força nem a esbofeteie, porque pode aumentar a violência da vítima e não acalmá-la. 4.14 SENSAÇÃO DE DES- MAIO OU DESMAIO São características da sensação de desmaio: palidez; suores frios; falta de for- ças; pulso fraco. O que fazer: sentar a vítima; colocar-lhe a cabeça entre as per- nas; molhar-lhe a testa com água fria; dar-lhe para beber água açucarada ou chá; manter-se próximo da vítima até esta estar recuperada. Se a vítima já estiver desmaiada: deitar a vítima com a cabeça de lado e mais baixa do que as pernas; desapertar suas roupas; mantê-la aquecida; logo que esta recupere, dar-lhe para beber água açucarada ou chá; encaminhá-la ao médico. 4.15 AFOGAMENTO É um tipo de asfixia por aspiração de lí- quido de qualquer natureza. É a segunda causa de morte em indiví- duos de 1 a 25 anos. Ocorre mais durante 28 29 o verão e devido à imprudência do banhis- ta, desconhecimento do local, traumatis- mo por mergulho em águas rasas ou com pedras no fundo, ingestão de bebidas al- coólicas ou alimentos antes de entrar na água e choque elétrico durante o banho na banheira. As fases de um afogamento se iniciam com um medo ou pânico de se afogar e uma luta para manter-se na superfície, seguido de parada respiratória na hora da submersão, cujo tempo dependerá da capacidade física de cada indivíduo. Ocor- re, nesta hora, maior ou menor aspiração de líquido, que provoca uma irritação nas vias aéreas, suficiente para promover, em alguns casos, um espasmo da glote tão forte a ponto de impedir uma nova entra- da de água, caracterizando um afogamen- to do tipo seco (10% dos casos), ou seja, sem água nos pulmões, mas com asfixia. Em 90% dos casos não ocorre espasmo glótico, havendo entrada de água em vias aéreas, inundando o pulmão. O que fazer se a vítima estiver desacor- dada: chame uma ambulância ou os bom- beiros; se necessário, iniciar a RCP; uma vez restituídas a respiração e a circulação, NÃO INCLINE A CABEÇA DA PESSOA PARA TRÁS; aqueça a vítima (cobertor, lona, jor- nal, etc.); colocar a vítima em posição de dre- nagem; não dar bebidas alcoólicas à vítima; se não estiver claro, informar ao médico o tipo de afogamento (água doce ou salgada). Nunca abandone uma pessoa que pa- reça “sem vida” após um afogamento em águas geladas. Temperaturas baixas re- duzem o metabolismo da pessoa e promo- vem uma sobrevida prolongada. O que fazer se a vítima estiver acorda- da: chamar a ambulância; manter a pessoa aquecida (retirar a roupa molhada e enrolá-la num cobertor); a vítima pode ficar sentada; não dar bebidas alcoólicas ou dei- xar a vítima fumar. 4.16 ACIDENTES COM ANIMAIS Dentre os acidentes com animais, te- mos a mordedura e também, mais comum, acidentes com animais peçonhentos, aquele que possui a peçonha (veneno) e tem como inoculá-la em outro ser. As mordeduras são na grande parte causadas por cães, sendo estimado que 80% das ocorrências são pequenos fe- rimentos, não havendo necessidade de atendimento de urgência Em relação ao local do acometimento, os adultos apresentam lesões nas ex- tremidades, principalmente mãos, já as crianças apresentam mais comumente le- sões na face. As feridas causadas por gatos (morde- duras e arranhões) infectam-se em mais de 50% das vezes; entretanto, as huma- nas são as que causam lesões mais graves e com maior ocorrência de infecção. 28 29 Nas mordeduras, os aeróbios variam em incidência de acordo com o animal cau- sador da mordida e com os fatores do aci- dente, jáos anaeróbios são isolados em até 76% dos casos. Os primeiros socorros em vítimas de mordedura de animais devem ser feitos de acordo com o tempo decorrido após o acidente. Antes de oito horas a vítima apresenta lesões necessitando hemos- tasia, limpeza, atendimentos médicos e profilaxia. Após decorrido as oito horas, normalmente, surgem complicações in- fecciosas, além do tratamento já está se dando tardiamente e/ou inadequadamen- te, existem outros fatores que aumentam o risco e elevam a gravidade da ferida, in- dependente do animal envolvido no aci- dente. O que fazer: a ferida deve ser bem lava- da com água e sabão, deixando-se que a água escorra por alguns minutos sobre o ferimento. O sabão deve ser totalmente removido após a lavagem, para que não neutralize os compostos de amônio qua- ternário a serem usados posteriormente pelo pessoal de atendimento especializa- do. Irrigar abundantemente com soro fi- siológico a 0,9%. Imobilização do membro afetado com elevação do mesmo. A conduta correta nos casos de mordi- das de animais é encaminhar a vítima para um serviço de saúde para receber a orien- tação específica, pois, deve-se avaliar: a espécie animal envolvida, as circunstân- cias da mordida, o status imunológico do animal e o histórico de zoonoses, princi- palmente raiva, na região. Quanto aos acidentes com animais pe- çonhentos: os acidentes causados por serpentes são os mais frequentes e estão principalmente relacionados à atividade humana no campo e a fatores climáticos. A maioria das serpentes é venenosa, mas a presença de dentes inoculadores de veneno é o que caracteriza a serpen- te peçonhenta e a diferencia da não pe- çonhenta. Também podemos considerar a presença da fosseta loreal (órgão ter- morreceptor) como uma característica das serpentes peçonhentas (exceção: as corais). Mas em caso de acidentes, sem- pre devemos considerar a serpente peço- nhenta. Os acidentes com Aranhas e Escorpiões também são comuns e ocorrem principal- mente dentro ou próximos das casas. Também temos acidentes com insetos e taturanas. No caso de insetos, manifes- tam-se por reações alérgicas, dependen- do da dose e da sensibilidade da pessoa, e reações tóxicas, quando a dose de veneno inoculado é grande. Já as taturanas provo- cam acidentes quando em contato com a pele. O que fazer: capturar os animais para identifica- ção; manter a pessoa em repouso e cal- ma; retirar anéis, relógios, pulseiras; lavar o local com água e sabão; procurar Serviço Médico o mais rá- pido possível; acidentes com múltiplas picadas, levar o acidentado rapidamente ao Servi- ço Médico; 30 31 remoção do ferrão com lâminas, evitando retirá-los com pinças; lavar o local com água e sabão. Tão importante como o que fazer é o que não fazer! Não usar torniquete ou garrote. Não cortar ou chupar o veneno. Não dar álcool, calmante. Não colocar substâncias colorantes no local da picada, nem folhas ou pó de café. 4.17 PARTO DE EMERGÊNCIA O trabalho de parto é um processo na- tural para o nascimento do bebê. Inicia-se com contrações do útero que irão dilatar o colo uterino e posterior- mente expulsar o bebê. Este processo é muito demorado, costuma levar aproxi- madamente 8 horas em mulheres que já tiveram outros filhos e até 12 horas em mulheres que terão seu primeiro filho. Portanto, o primeiro pensamento de um socorrista deve ser o de levar a parturien- te ao hospital e nunca se arriscar a fazer o parto, se esta situação não for inevitável. As contrações são sentidas pela mãe como dores intensamente fortes e estas podem ser sentidas pelo socorrista como enrijecimento da parede abdominal da parturiente. O trabalho de parto é iminen- te quando estas contrações tomam uma frequência de 3 contrações de aproxima- damente 30 a 40 segundos cada, num in- tervalo de dez minutos. Numa situação delicada como esta, é imprescindível que o socorrista mantenha a calma e passe o máximo de segurança possível para esta mãe, sem se esquecer de afastar sempre os curiosos, chamar so- corro adequado e, muito importante, pro- teger-se com luvas, saco plástico ou qual- quer material que possa evitar o contato com sangue ou secreções. Caso o parto tenha de ser realizado em condições de emergência, fora de ambien- te hospitalar, teremos que ter às mãos o seguinte material: - 5 toalhas limpas; - gaze; - fita ou cordão; - tesoura; - cobertor; - saco plástico; - absorvente; - luvas ou material para proteção pes- soal. O ideal seria que todos estes materiais estivessem todos esterilizados, mas con- siderando-se situação de emergência, eles devem estar o mais limpo possível e a tesoura, pelo menos lavada em água e sabão. A mãe deve ser colocada em uma su- perfície plana e dura, forrada com uma toalha, outra toalha deve ser colocada en- tre suas pernas, uma sobre a barriga e as outras cobrindo suas pernas, para evitar a exposição desta mulher, além de aquecê- -la, pois terá muito frio após o parto. O so- corrista deve estar protegido com luvas. O bebê, em posição adequada, tende a ser expulso primeiro com a cabeça volta- 30 31 da para ao chão, depois esta faz uma rota- ção lateral, e, então, haverá a expulsão do corpo do bebê. É importante que o socorrista se man- tenha calmo, e passe confiança para a mãe, orientando-a a aumentar a frequên- cia respiratória e fazer força sempre que sentir dor. É muito importante, também, o socor- rista ter consciência de que não pode, de forma alguma, tentar puxar o bebê para acelerar o trabalho de parto. Ele deve ape- nas espalmar o bebê e segurá-lo. Após o nascimento, o socorrista deve margear a boca do recém-nascido com uma gaze limpa e também limpar a narina, a fim de retirar as secreções existentes e evitar o engasgamento. O corte do cordão umbilical também é uma medida necessária, que deve ser fei- ta seguindo-se determinados padrões: a) Medir a distância de aproximadamen- te 4 dedos a partir do umbigo da criança e amarrar um cordão o mais firme e seguro possível (de preferência dar 2 nós). b) A partir deste primeiro nó, medir aproximadamente a distância de mais 2 dedos em direção à mãe e amarrar outro cordão, da mesma forma. c) Com uma tesoura muito bem limpa, cortar entre os dois nós. Após o corte do cordão, enrolar o bebê numa toalha ou cobertor para que este não perca calor. A placenta deve sair logo após o parto. É importante lembrar que não podemos puxá-la. Esta deve ser acondicionada em um saco plástico e levada para o hospital juntamente com a mãe e o bebê. É muito importante que o socorrista acompanhe a mãe e o bebê até o hospital e leve a placenta junto. Considerações importantes: 1) Nunca deixar a mãe ir ao banheiro antes do parto, por mais que ela insista. 2) Não puxar o bebê. 3) No caso do cordão umbilical enrolar- -se no pescoço do bebê, devemos colocar dois dedos entre o pescoço do bebê e o cordão, para evitar sufocamento. 4) Não levantar o bebê acima do nível da mãe, enquanto o cordão umbilical não for cortado. 5) Não dar banho no bebê ou colocá-lo para mamar. 6) Gêmeos: mesma conduta para os dois, individualmente. 7) Posições anômalas: se o bebê iniciar o nascimento com qualquer outra parte de sue corpo que não seja a cabeça, a mãe deve ser imediatamente levada ao hospi- tal: é indicação de cesárea. 8) Se a placenta não sair em 20 minu- tos, levar a mãe e o bebê para o hospital assim mesmo. 9) Proteja-se. 4.18 KIT DE PRIMEIROS SO- CORROS BÁSICO 1 mascarilha descartável (másca- ra). 10 bandagens triangulares. 5 ataduras crepe tamanho 10 cm. 32 3332 10 ataduras crepe tamanho 20 cm. 1 rolo de esparadrapo ou fita adesi- va (crepe). 1 tesoura.10 talas moldáveis para imobiliza- ção vários tamanhos (para pernas, braços e dedos). 2 frascos soro fisiológico 1000 ml – ficar atento para validade. 1 pacote de gazes (pacote com 500 unidades). 8 pares de luvas descartáveis. 1 cobertor térmico. 4.19 URGÊNCIAS CLÍNICAS E CIRÚRGICAS São urgências clínicas: asma; infecções agudas do trato respiratório; trombose venosa dos membros inferiores; trombo- embolismo pulmonar; derrame pleural; oclusões arteriais agudas; arritmias cardí- acas; edema pulmonar agudo; crise hiper- tensiva; infarto agudo do miocárdio; insu- ficiência cardíaca congestiva; reanimação cardiopulmonar; litíase biliar; intoxicação alcóolica aguda; pancreatite aguda e crô- nica agutizada; cetoacidose diabética; in- fecções do trato urinário; cólica nefrética; comas; hipertensão intracraniana; crise convulsiva; meningite; acidentes vascu- lares cerebrais; acidentes por animais pe- çonhentos; distúrbios hidroeletrolíticos e ácidos-básicos; agentes antimicrobianos; urgências psiquiátricas. São urgências cirúrgicas: anestesia lo- cal e regional; feridas; pequenos procedi- mentos em cirurgia; queimaduras na fase aguda; tratamento inicial do politrauma- tizado; choque; insuficiência respiratória pós-traumática; traumatismo torácico; apendicite aguda; abdômen agudo; úlce- ras gastroduodenais pépticas perfuradas; obstrução intestinal; urgências otorrino- laringológicas; fraturas expostas; laparos- copia de emergência; doença inflamatória pélvica; gravidez ectópica; traumatismo da mão, raquimedulares, cranioencefálico na infância, arteriais periféricos, venosos periféricos, da genitália externa, uretras, bexiga, rim e ureter, do intestino grosso, intestino delgado, explênico, duodenal, abdominal, hepático e das vias biliares extra-hepáticas, toracoabdominal, cardí- acos, pancreático, hemotórax e pneumo- tórax. 32 33 UNIDADE 5 - Temas especiais 33 5.1 O abuso de álcool em pa- cientes que chegam ao OS O álcool é, sabidamente, um grave problema de saúde pública e o uso dessa substância psicotrópica tem sido medido em nosso país por intermédio de vários in- dicadores (GALDURÓZ et al., 2005; NERY FILHO et al., 1997). No entanto, não são muitos os estudos nacionais que avaliam a correlação desse consumo com aciden- tes fatais e não fatais, ainda que existam indícios da importância dessa associação. Exemplo disso é o índice de mortes de- correntes de trauma, que no Brasil é de aproximadamente 130.000/ano, sendo o álcool um dos maiores fatores de risco (GALLOTTI; MAHFUZ, 2003). De maneira semelhante, a frequência de situações de feridos e mortos decorrentes de aci- dentes de trânsito e eventos violentos no Brasil sugere outro relevante proble- ma (PINSKY; LARANJEIRA, 1998). Os da- dos do Subsistema de Informação sobre Mortalidade do Ministério da Saúde (SIM) nos permitem verificar o impacto desses acidentes especificamente em jovens: 72,1% das mortes de jovens brasileiros no ano de 2004 foram atribuídas às causas externas. Numa breve retrospectiva, alguns es- tudos científicos remetem o consumo de álcool ao período neolítico, por volta de 6.400 a.C., quando o homem consumia vi- nho obtido da fermentação de frutas ver- melhas e a partir do século XII com o des- cobrimento do processo de destilação foi possível produzir bebidas com teores mais elevados de álcool. No decorrer da história observa-se também que o álcool já foi difundido, acei- to, condenado e proibido, porém sem su- cesso. Segundo documento da Organização Mundial de Saúde – OMS – (2008), o con- sumo de álcool está ligado a diversas con- sequências para o indivíduo que o conso- me, para aqueles que estão à sua volta e para a sociedade como um todo. Con- sequências como acidentes de trânsito, problemas no trabalho e com a família e violência interpessoal têm sido o foco de interesse e de atenção pública e de estu- dos científicos nos últimos anos, indican- do um interesse crescente na elaboração de um conceito mais amplo do fenômeno. O impacto que o uso de álcool estabelece nas redes sociais como um todo é fruto tanto do prejuízo que essa temática cau- sa na produtividade econômica quanto da atenção e dos recursos gastos pela justiça criminal, pelo sistema de saúde e por ou- tras instituições sociais. Paralelamente à evolução do consumo de álcool, como ponderado pela OMS tem- -se, por conseguinte, a evolução das mor- tes, as quais se relacionam geralmente com doenças e acidentes, ou seja, dentre os fatores que levam aos acidentes, o uso abusivo do álcool e a imprudência no trân- sito são dois dos fatores mais alarmantes, principalmente no Brasil. A palavra álcool deriva do arábico al- -kuhul, que se refere a um fino pó de anti- mônio, produzido pela destilação do anti- 34 35 mônio, e usado como maquiagem para os olhos. Os alquimistas medievais amplia- ram o uso do termo para referir-se a todos os produtos da destilação e isto levou ao atual significado da palavra (CISA, 2008). O álcool pertence a uma família de subs- tâncias químicas orgânicas de proprieda- de comuns, como o etanol e o metanol. Os álcoois são um grupo grande de compos- tos orgânicos derivados dos hidrocarbo- netos e que contém uma ou mais hidroxi- las (-OH). Etanol (C2H3OH, álcool etílico) é exemplo de um composto dessa categoria e é o principal ingrediente psicoativo nas bebidas alcoólicas. É uma substância capaz de causar da- nos através de três mecanismos distintos: toxicidade, intoxicação aguda e depen- dência (EDWARDS et al., 1994 apud FRAN- ÇA, 2005). Tais danos podem ser agudos ou crônicos e dependem do padrão de consumo pessoal – que se caracteriza pela frequência e quantidade do uso do álcool – e também pelo contexto em que se bebe (às refeições, fora dela, etc.). Conceitua-se alcoolemia como o re- sultado da dosagem do álcool etílico na circulação sanguínea com seus resulta- dos traduzidos em gramas ou decigramas por litro de sangue examinado (FRANÇA, 2005). Esta taxa de concentração no sangue hoje é feita com maior segurança através do exame em cromatografia gasosa, e tem como elemento de maior credibilida- de metodológica o fato de seus resulta- dos serem de caráter específico. Essa Taxa de Álcool no Sangue (TAS) reflete a porcentagem de álcool na cor- rente sanguínea, e é o índice utilizado pe- las autoridades para determinar o quanto a pessoa está embriagada. Segundo a legislação, a pessoa é consi- derada alcoolizada se estiver com taxa a partir de 0,6 gramas de álcool por litro de sangue. A Organização Mundial da Saúde (OMS) define embriaguez como sendo toda for- ma de ingestão de álcool que excede ao consumo tradicional, aos hábitos sociais da comunidade considerada, quaisquer que sejam os fatores etiológicos respon- sáveis e qualquer que seja a origem des- ses fatores, como por exemplo, a here- ditariedade, a constituição física ou as alterações fisiopatológicas adquiridas. A Associação Britânica de Medicina, por sua vez, conceitua a embriaguez como a condição em que se encontra uma pes- soa de tal forma influenciada pelo álcool, que perde o governo de suas faculdades a ponto de tornar-se incapaz de executar com cautela e prudência o trabalho a que se dedica no momento. A embriaguez pode ser patológica, ocorrendo em indivíduos sensíveis ao ál- cool, que com a ingestão, ainda que em pequena quantidade, apresentam alte- rações em seu comportamento e estado mental. Não obstante pessoas normais apre- sentarem este quadro, geralmente a Em- briaguez Patológica está associada os predispostos, fascinados e filhos de al- coólatras. Os quatro tipos de embriaguez patológica são: a) Embriaguez agressiva e violen- ta. O alcoolista, abusando, sobretudo de bebidas destiladas,
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