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2015 PITADAS DE DIREITO - ERRO DE TIPO1 semestre

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Prévia do material em texto

PITADAS DE DIREITO PENAL 
Prof. Ms. Rafael de Paiva 
 
 
SUMÁRIO 
INTRODUÇÃO 
DO ERRO NO DIREITO PENAL 
ERRO DE TIPO 
ERRO DE PROIBIÇÃO 
DELITO PUTATIVO POR ERRO DE TIPO 
DELITO PUTATIVO POR ERRO DE PROIBIÇÃO 
ERRO DE TIPO ESSENCIAL 
ERRO DE TIPO ACIDENTAL 
ERRO DE TIPO INCRIMINADOR 
ERRO DE TIPO PERMISSIVO 
DESCRIMINANTES PUTATIVAS POR ERRO DE TIPO 
DESCRIMINANTES PUTATIVAS POR ERRO DE PROIBIÇÃO 
DELITO PUTATIVO POR OBRA DE AGENTE PROVOCADOR 
CONCLUSÃO 
 
Olá amigos! 
 
A minha experiência como docente de disciplinas de Direito Penal me mostrou a dificuldade 
da maior parte dos alunos em compreender a complexidade que envolve o tema do erro de 
tipo (e de proibição, por que não) no Direito Penal. 
 
Não os culpo. Eu mesmo terminei os meus estudos na faculdade sem entender corretamente 
o que era erro de tipo e o que era erro de proibição. Diferenciar então erro de tipo permissivo 
de erro de tipo incriminador era para mim tarefa impossível. 
 
Apenas consegui aprender o tema depois de muita leitura e muitos exercícios. Confesso que 
não é matéria simples, mas é muito importante, pois não há prova da OAB ou de concurso 
público (que envolva direito penal, por óbvio) em que não são cobradas questões 
envolvendo erro de tipo e suas respectivas derivações. 
 
Como docente, fico preocupado com a dificuldade da maior parte dos alunos em 
compreender definitivamente a matéria e é por isso que decidi elaborar este resumo 
simplificado envolvendo tudo aquilo que eu (e as bancas examinadoras de concursos públicos 
/ OAB) acredito ser relevante sobre o tema. 
 
O texto foi pensado de forma a ser dinâmico e simplificado, como uma aula mesmo que 
ministramos com carinho em sala. Espero que você goste do conteúdo e definitivamente 
compreenda de uma vez por todas o que é a questão do erro no direito penal brasileiro. 
 
Bons estudos! 
Prof. Rafael de Paiva 
 
 
 
** DO ERRO NO DIREITO PENAL ** 
 
Antes de começarmos a falar de erro de tipo e de erro de 
proibição é importante entendermos o que genericamente significa 
o erro. 
 
ERRO é a falsa percepção da realidade. 
 
Pois bem, feita esta primeira consideração, devemos saber que o 
Direito Penal Brasileiro prevê basicamente dois tipos distintos 
de erro: 
 
a) Erro de Tipo - Está previsto no Artigo 20 do Código 
Penal; 
b) Erro de Proibição - Está previsto no Artigo 21 do Código 
Penal. 
 
E quais são as principais diferenças entre erro de tipo e erro 
de proibição? É o que vamos ver a seguir: 
 
** ERRO DE TIPO X ERRO DE PROIBIÇÃO ** 
 
 
Erro de tipo: é a falsa percepção do agente no que tange à 
realidade que o circunda. Para se lembrar, imagine que no erro 
de tipo o agente não enxergue a realidade de forma que necessite 
de óculos para que possa enxergar com exatidão a realidade que o 
cerca. 
 
A falsa percepção da realidade deve recair sobre os elementos 
constitutivos do tipo legal. Por exemplo, o elemento 
constitutivo do tipo penal de furto é a coisa alheia móvel. 
 
Quer um exemplo? Imagine a situação do agente que está saindo 
cheio de compras de um Shopping Center movimentado e entra em um 
carro de terceiro de mesma cor e modelo, acreditando 
veementemente se tratar de seu próprio carro. 
 
Observe que no exemplo dado o agente não enxerga que está 
subtraindo um carro de outrem. Objetivamente, pratica o tipo 
penal do furto, porém não se dá conta disso, pois acredita que 
está apenas conduzindo o seu próprio veículo. 
 
Importante você saber que o erro de tipo está previsto no Artigo 
20 do Código Penal, cuja leitura é muito recomendada, haja vista 
ser este um tema que despenca em concursos públicos e no exame 
da OAB. 
 
Erro de proibição: neste caso o agente enxerga perfeitamente a 
realidade a seu redor, porém o seu erro incide sobre a 
compreensão a respeito de uma regra de conduta. 
 
O exemplo clássico de todos os livros é o do marido que sabe que 
constranger uma mulher a fazer sexo com ele é crime de estupro, 
mas acredita veementemente que se fizer isso com sua esposa não 
estará praticando nenhum crime, haja vista que na sua cabeça 
estaria no exercício de um direito de marido sobre a mulher. 
 
 
Feitos estes esclarecimentos iniciais, vamos estudar as 
situações de delito putativo por erro de tipo e delito putativo 
por erro de proibição. 
 
Antes de ficar desesperado, lembre-se das aulas de excludentes 
de ilicitude! 
 
Sempre que eu falar a palavra putativo você deve ser lembrar da 
fantasia, ou seja, quando o agente age putativamente ele 
fantasia uma situação de fato que na verdade não existe. 
 
Podemos dizer que o Papai-Noel, o Coelhinho da Páscoa e o Saci-
Pererê são personagens putativas? SIM, pois são apenas 
imaginadas! Não existem de fato (Sorry!). 
 
Inicialmente vamos entender a diferença entre erro de tipo e 
delito putativo por erro de tipo: 
Erro de tipo X Delito putativo por erro de tipo: 
No erro de tipo, como você já sabe, o agente, por ter 
captado mal a realidade que o circunda, realiza uma conduta 
criminosa sem se dar conta disso. Exemplo disso é o do 
agente que carrega uma arma verdadeira acreditando ser uma 
réplica inofensiva. Observe que neste caso o agente 
acredita que não está cometendo crime algum, mas na verdade 
está cometendo um crime gravíssimo. 
Já no delito putativo por erro de tipo o crime existe só na 
cabeça do agente, sem que configure qualquer tipo penal. 
Observe que neste caso o agente acredita que está 
praticando um crime, mas na verdade não está cometendo 
crime algum! Para não esquecer, lembre do exemplo do agente 
que carrega consigo uma arma de brinquedo acreditando ser 
uma arma de fogo verdadeira. Em que pese ele acreditar 
veementemente que está cometendo crime, na verdade se trata 
de hipótese de crime impossível previsto no Artigo 17 do 
Código Penal. Já leu o Artigo 17? Não? Está esperando o 
que? 
 
Erro de proibição X Delito putativo por erro de proibição: 
No erro de proibição o agente conscientemente pratica uma 
conduta que sabe ser criminosa, acreditando entretanto ser 
ela no seu caso específico autorizada pelo Direito. 
Para lembrar, volte no exemplo do homem que constrange a 
sua esposa a praticar com ele sexo. Ele sabe que estupro é 
crime, mas acredita que por ser casado com a vítima pode 
forçá-la a com ele fazer sexo. 
Já no delito putativo por erro de proibição o agente 
pratica conscientemente um fato que para ele é criminoso, 
mas que na verdade não caracteriza crime algum. Um exemplo 
disso é o do agente que faz sexo consentido com sua filha 
maior de 18 anos. Ele acredita que está cometendo um crime 
gravíssimo e mesmo assim pratica a conduta. Ocorre que 
apesar o incesto ser uma conduta muito censurada pela 
sociedade (imoral mesmo, não é?), não representa crime 
algum. 
 
Pois bem! Você já sabe a diferença entre erro de tipo e erro de 
proibição. Também já sabe a diferença entre erro de tipo e 
delito putativo por erro de tipo e a diferença entre erro de 
proibição e o delito putativo por erro de proibição. 
Vamos agora nos ater ao ERRO DE TIPO! Aprenderemos a seguir a 
diferenciar as espécies de erro de tipo e isso vai ser muito 
importante para que você possa entender como o agente vai ser ou 
não punido pela sua conduta: 
Espécies de erro de tipo 
O erro de tipo pode ser: 
a) Essencial: exclui sempre o dolo, tornando a conduta 
atípica, pois tem-se que o agente não tem a capacidade de 
perceber que comete um crime; 
b) Acidental: não beneficia o agente, pois o agente neste 
caso tem capacidade de perceber que comete um crime. 
Por enquanto vamos deixar de ladoo erro de tipo acidental e 
vamos nos debruçar com maior carinho no erro de tipo essencial, 
que é aquele que SEMPRE exclui o dolo e às vezes exclui também a 
culpa. 
Para sabermos, portanto, quando o erro de tipo essencial vai 
excluir, além do dolo (SEMPRE exclui, lembra), também a culpa, 
temos que definir se esse erro de tipo essencial foi inevitável 
ou evitável. 
- Espécies de Erro de Tipo Essencial: Lembre-se, o erro de tipo 
essencial, seja ele inevitável ou evitável, SEMPRE exclui o 
dolo. A diferença é a possibilidade de punição a título de 
culpa. 
1) Inevitável: É o erro de tipo 
desculpável, cuja falsa 
percepção da realidade não 
2) Evitável: É o erro de tipo 
indesculpável, cuja falsa 
percepção da realidade provém 
advém da culpa do agente mesmo 
se considerarmos a cautela do 
homem médio. 
da culpa do agente, que deixa 
de empregar a cautela do homem 
médio. 
 
Tá bom, você já sabe agora que o erro de tipo inevitável SEMPRE 
exclui o dolo e a culpa, e que o erro de tipo evitável SEMPRE 
exclui o dolo, mas mantém a punição por CULPA caso haja previsão 
em lei (lembre-se, nem todos os crimes possuem a previsão por 
crime culposo. É o caso do roubo, por exemplo, que não admite a 
modalidade culposa, mas sim apenas dolosa). 
Agora eu imagino que ficou a seguinte dúvida: Como aferir se o 
erro praticado pelo agente era evitável ou inevitável? Já sei 
que no erro inevitável o agente permaneceria em erro mesmo se 
tomasse as cautelas do homem médio e que no erro evitável o 
agente apenas recai no erro porque deixou de empregar as 
cautelas do homem médio. Mas o que vem a ser essa cautela do 
homem médio? 
São duas as correntes que tratam deste assunto. Eu já adianto 
que acho melhor você adotar a segunda corrente, pois ela é a 
mais moderna e, convenhamos, mais racional. 
Questão Relevante! 
Como aferir se o erro era inevitável ou evitável? 
1ª Corrente – A primeira 
corrente vai aferir a 
previsibilidade da culpa 
através da analise do 
comportamento do homem médio. 
Trata-se da corrente que 
predomina entre os 
doutrinadores clássicos. 
 
 
2ª Corrente – Os doutrinadores 
mais modernos do Direito Penal 
não aceitam esta imposição do 
padrão do homem médio. Para 
eles a conceituação do que 
viria a ser este homem médio é 
muito subjetiva e falha, pois 
são diversos os fatores 
sociais, culturais e econômicos 
que interferem no ideal de 
homem médio. 
Esta teoria é a mais adequada, 
pois vai considerar o agente no 
momento da conduta a fim de 
aferir se ele podia ou não 
evitar a situação de erro. 
 
 
 
Vamos agora analisar outras duas espécies de erro de tipo: o 
erro de tipo incriminador e o erro de tipo permissivo. 
 
Erro de tipo incriminador X Erro de tipo permissivo 
a) Erro de tipo incriminador: É previsto no Artigo 20, 
caput, do Código Penal. É a modalidade de erro de tipo que 
vimos até agora! Neste caso, a falsa percepção da realidade 
recai sobre uma elementar (requisitos sem os quais o crime 
deixa de existir) ou uma circunstância do tipo penal (dados 
acessórios que podem repercutir na quantidade da pena). 
OK! Já vimos bastante coisa sobre o erro de tipo 
incriminador, o que eu chamo de erro de tipo comum. Vamos 
ver agora o erro de tipo permissivo. 
b) erro de tipo permissivo: Previsto no Art. 20, §1º, CP. O 
que temos neste Artigo? As famosas descriminantes 
putativas, as quais acabamos vendo no início desta 
apostila. No erro de tipo permissivo o erro recai sobre um 
pressuposto que interfere ou não na incidência de uma 
excludente de ilicitude. São as chamadas descriminantes 
putativas por erro de tipo (Quais são elas? legítima defesa 
putativa, estado de defesa putativo, etc). Um exemplo de 
erro de tipo permissivo é o do agente que se depara com um 
sósia do seu inimigo, o qual põe sua mão na cintura. O 
agente, acreditando que está prestes a ser atingido por um 
tiro, dispara contra o sósia, matando-o. 
Agora eu quero que você se lembre da fórmula a seguir: 
Erro de Tipo 
Essencial 
Escusável Exclui o dolo e 
a culpa 
Inescusável Exclui o dolo, 
mas não a culpa 
ERRO DE TIPO PERMISSIVO = DESCRIMINANTES PUTATIVAS 
 
Partindo, portanto, do pressuposto que o erro de tipo permissivo 
corresponde às descriminantes putativas, devemos indicar quais 
são estas discriminantes fantasiadas pelo agente: 
- Espécies de descriminantes putativas: 
 
1) Erro relativo aos pressupostos de fato de uma causa de 
exclusão da ilicitude: Consiste no erro no qual o agente 
desconhece uma circunstância do fato que impede a 
existência de uma causa de exclusão da ilicitude. 
 
Exemplo clássico é o do agente que encontra seu inimigo na 
rua e, ao notar que ele coloca as mãos no bolso da 
jaqueta, acredita se tratar de um movimento de saque de uma 
arma de fogo e, para repelir a injusta agressão imaginada 
(putativa), saca seu revólver e dispara contra o inimigo, 
vindo a saber posteriormente que este encontra-se cego e 
que sequer o havia percebido enquanto caminhava pela rua. 
 
Esta primeira espécie de erro quanto às descriminantes 
(erro permissivo) possui natureza diferente dependendo da 
teoria da culpabilidade que se adote: 
 
a) Teoria limitada da culpabilidade: É capitaneada por 
Damásio de Jesus e Francisco de Assis Toledo. Para 
esta teoria o erro relativo aos pressupostos de fato 
de uma causa excludente de ilicitude corresponde ao 
erro de tipo permissivo (que significa o mesmo que 
descriminantes putativas). Esta teoria limitada da 
culpabilidade é a que é por nós adotada. 
 
Quais as consequências da adoção desta teoria? Isso 
vai depender (mais uma vez) da análise da 
inevitabilidade do erro (observem que são as mesmas 
regras que adotamos quanto ao erro de tipo 
incriminador essencial): 
 
i) Se o erro for inevitável, há exclusão do dolo 
e da culpa, tornando o fato atípico. 
ii) Se o erro for evitável, exclui-se apenas o 
dolo, persistindo a punição pela culpa caso haja 
expressa previsão legal, nos termos do §1º, do 
Artigo 20, CP. 
 
b) Teoria normativa pura da culpabilidade: É 
capitaneada por Cezar Roberto Bittencourt e Guilherme 
Nucci. Para eles, o erro relativo aos pressupostos de 
fato de uma causa de exclusão da ilicitude tem 
natureza jurídica de erro de proibição (e não de erro 
de tipo permissivo, como na teoria limitada da 
culpabilidade). A adoção desta corrente trás 
consequências drásticas para o agente, tudo a depender 
(novamente) da evitabilidade do erro (neste caso, erro 
de proibição): 
 
i) Se o erro for inevitável mantém-se o dolo e a 
culpa, mas pode haver a exclusão da culpabilidade 
do agente; 
ii) Se o erro for evitável persistirá, além do 
dolo e da culpa, também a culpabilidade, podendo 
a pena ser diminuída de 1/6 a 1/3, nos termos do 
Artigo 21, caput, CP. 
 
2) Erro relativo à existência de uma causa de exclusão da 
ilicitude: Neste caso o agente imagina a incidência de uma 
causa de exclusão da ilicitude que na verdade não existe. 
Observe que neste caso, diferentemente do que acontece no 
erro relativo aos pressupostos de fato de uma causa 
excludente da ilicitude, o agente enxerga corretamente a 
realidade que o circunda, porém acredita estar autorizado a 
praticar o crime em uma determinada circunstância por achar 
que age em excludente de ilicitude. 
 
É a situação do indivíduo que, após encontrar sua mulher na 
cama com um amante, acreditando estar agindo em uma 
imaginada legítima defesa da honra, mata ambos. 
 
Neste ponto a doutrina é pacífica em compreender que o erro 
relativoà existência de uma causa de exclusão da ilicitude 
tem natureza de erro de proibição. Trata-se, neste caso, de 
descriminante putativa por erro de proibição. 
 
Como aconteceu na primeira hipótese, nesta segunda a 
punição do agente vai depender da análise da evitabilidade 
do erro: 
 
i) Se o erro for inevitável: subsiste o dolo e a 
culpa, havendo entretanto a exclusão da culpabilidade; 
ii) Se o erro for evitável, persistirá, além do dolo e 
da culpa, também a culpabilidade, podendo a pena ser 
diminuída de 1/6 a 1/3, nos termos do Artigo 21, 
caput, CP. 
 
3) Erro relativo aos limites de uma causa de exclusão da 
ilicitude: Está umbilicalmente ligado ao excesso no uso das 
causas de exclusão da ilicitude. É o exemplo do 
proprietário de fazenda que acredita poder matar todo e 
qualquer indivíduo que invada a sua propriedade. O erro 
relativo aos limites de uma causa de exclusão da ilicitude 
tem natureza de erro de proibição¸ ou seja, descriminante 
putativa por erro de proibição. 
 
Nesta terceira situação (do excesso, lembre-se) a punição 
do agente vai depender da análise da evitabilidade do erro 
cometido por ele: 
 
i) Se o erro for inevitável: subsiste o dolo e a 
culpa, havendo entretanto a exclusão da culpabilidade; 
ii) Se o erro for evitável, persistirá, além do dolo e 
da culpa, também a culpabilidade, podendo a pena ser 
diminuída de 1/6 a 1/3, nos termos do Artigo 21, 
caput, CP. 
 
Imagino que depois da análise destas três situações de 
descriminantes putativas você deve estar um pouco confuso. 
Para te ajudar, elaboramos uma tabela resumida a respeito 
da natureza das três hipóteses que levantamos acima: 
Tabela resumida - Descriminantes putativas 
Descriminante 
putativa 
Teoria limitada da 
culpabilidade 
Teoria normativa da 
culpabilidade 
Erro relativo aos 
pressupostos de fato 
de uma causa de 
exclusão da 
ilicitude 
Erro de Tipo. Erro de proibição. 
Erro relativo à 
existência de uma 
causa de exclusão da 
ilicitude 
Erro de proibição. Erro de proibição. 
Erro relativo aos 
limites de uma causa 
de exclusão da 
ilicitude 
Erro de proibição. Erro de proibição. 
 
Muito bem! Espero que você tenha chegado até aqui sabendo 
diferenciar erro de tipo de erro de proibição, delito putativo 
por erro de tipo e delito putativo por erro de proibição, erro 
de tipo permissivo e erro de tipo incriminador e por fim erro de 
tipo essencial. 
Faltou falarmos do erro de tipo acidental, lembram-se? É aquele 
que diverge do erro de tipo essencial (se por acaso você já se 
esqueceu do que é erro de tipo essencial, recomendo muito que 
volte até o início da apostila e relembre!). 
Vamos, portanto, falar de erro de tipo acidental. 
Erro de Tipo Acidental: 
Conceito: é aquele erro de tipo que não recai sobre algum 
elemento constitutivo do tipo, mas sim sobre circunstâncias 
qualificadoras, agravantes genéricas, causas de aumento de 
pena ou fatores irrelevantes da figura típica. 
 
Consequência jurídica: IMPORTANTE! Esse tipo de erro 
acidental (independentemente da modalidade em que for 
praticado) não afasta a responsabilidade penal (o que você 
já sabe que não acontece com o erro de tipo essencial). 
 
Neste caso, inclusive, tanto faz se o erro for evitável ou 
inevitável. De qualquer forma o agente responderá pela 
conduta que praticou. 
 
O erro de tipo acidental pode ser de seis tipos diferentes: 
 
 
1) Erro de tipo acidental sobre a pessoa: Também é 
conhecido por error in persona. Consiste no erro 
quanto à vítima a ser atingida, que no final das 
contas é irrelevante, haja vista que não isenta o 
agente de pena. 
 
Além disso, conforme dispõe o Artigo 20, §3º, CP (esse 
artigo é muito importante! Não deixe de lê-lo muitas 
vezes!), deverão ser levadas em consideração as 
características da vítima virtual (aquele a quem o 
agente pretendia atingir) e não da vítima real (aquele 
que efetivamente, por erro quanto à pessoa, foi 
atingida pelo agente. 
 
Exemplo clássico é o do agente que pretende matar seu 
irmão e, em razão da baixa luminosidade no local em 
que se encontra, dispara contra uma terceira pessoa 
que fisicamente era muito parecida com seu irmão. 
Observem que neste caso a vítima real é um terceiro 
que apenas morreu porque era muito parecido com o 
irmão do agente. Neste caso irá incidir com toda a 
certeza a agravante genérica do Artigo 61, inciso II, 
alínea "e", do Código Penal (Não deixe de ler esse 
artigo também), pois deverão ser consideradas as 
características da vítima virtual (aquele que o agente 
queria atingir), e não da vítima real. 
 
2) Erro sobre o objeto: Neste caso o erro recai sobre 
objeto diverso daquele pretendido pelo agente, 
consistindo em erro irrelevante, haja vista não 
interferir na tipicidade penal. 
 
A doutrina majoritária defende que o agente deve 
responder pelo objeto efetivamente alvo da conduta, e 
não por aquele que o agente pretendia atingir. 
 
Um exemplo válido é o do agente que furta um relógio 
falso acreditando estar subtraindo um relógio muito 
valioso. Neste caso, o relógio subtraído, fabricado em 
latão, tem um valor infinitamente menor do que aquele 
desejando, podendo ser inclusive aplicado o princípio 
da insignificância. 
 
3) Erro sobre as qualificadoras: Neste caso o erro 
recai sobre uma qualificadora de um determinado tipo 
legal, onde o agente acredita estar cometendo um 
delito qualificado quando na verdade está cometendo o 
mesmo crime na sua modalidade comum. 
 
É o exemplo do Sujeito que, mediante fraude, consegue 
as chaves de um veículo e, acreditando estar usando 
uma chave falsa (qualificadora do crime de furto), 
subtrai um determinado veículo. Importante 
consignarmos que neste caso o agente deverá responder 
pelo crime de furto simples, e não pelo crime de furto 
qualificado. 
 
4) Erro sobre o nexo causal (aberratio causae): Também 
chamado de dolo geral por erro sucessivo. Neste caso o 
erro recai sobre o meio de execução do crime (erro 
sobre a relação de causalidade), onde o agente, 
acreditando ter consumado o crime com sua conduta 
inicial, pratica uma segunda conduta com finalidade 
diversa, constatando-se ao final que na verdade fora a 
sua segunda conduta a responsável pela consumação do 
delito. Trata-se de um erro irrelevante. 
 
O exemplo clássico dos livros é o do agente que, 
querendo causar a morte de seu inimigo, administra-lhe 
veneno. Uma vez vendo seu inimigo desmaiado, o agente, 
acreditando estar este morto e, com o objetivo de se 
desfazer do corpo, joga-o de uma ponte, vindo 
posteriormente a se descortinar que a morte não havia 
sido causado pelo veneno, mas sim pelo afogamento. 
 
Nesta situação, o agente deverá responder por 
homicídio qualificado pelo emprego de veneno, haja 
vista que era este o seu objetivo/conduta inicial. 
 
Para você não se esquecer da aberratio causae, lembre-
se que esta foi a tese da acusação no caso envolvendo 
a menina Isabella Nardoni! 
 
5) Erro na execução (aberratio ictus): Previsto no 
Artigo 73, CP. Nada mais é do que o erro no ataque em 
relação à pessoa a ser atingida. Nele, o agente quer 
atingir "A", mas por erro na execução do crime acaba 
por atingir "B". 
 
Esta modalidade de erro acidental é popularmente 
chamada de erro por falha na pontaria. Quero que você 
observe que neste caso também é aplicada a regra do 
Artigo 20, §3º, do Código Penal (erro sobre a pessoa), 
devendo ser consideradas as condições da vítima 
virtual (aquele a quem era dirigido o ataque), e nãoda vítima real (aquele que efetivamente, por erro na 
execução, foi atingida). 
 
Erro sobre a pessoa X erro na execução 
Não quero que você confunda o erro acidental sobre a 
pessoa com o erro acidental na execução. São situações 
BEM diferentes! Vamos entender? 
 
No erro sobre a pessoa o agente apenas confunde a 
vítima com terceiro (lembre-se daquela situação 
envolvendo baixa luminosidade no local do crime e 
pessoas bem parecidas fisicamente). Neste caso, a 
vítima real sequer sofre o risco de ser atingida com a 
conduta, pois ela (a conduta do agente) é dirigida 
diretamente, ainda que por erro, contra a vítima 
virtual (aquele que efetivamente é atingida). 
 
O mesmo não ocorre no caso do erro na execução, onde 
não há qualquer confusão quanto à pessoa que se deseja 
atingir. Neste caso, o agente sabe quem pretende 
atingir, porém, por uma aberração no ataque (má 
pontaria é o exemplo clássico), acaba por atingir 
pessoa diversa. 
 
Quero que você se lembre do seguinte: No erro na 
execução a vítima real também sofre o risco de ser 
atingida, apenas não o sendo por erro na execução por 
parte do agente criminoso. 
 
 
Não acaba por aqui! Quando falamos em erro na execução 
abrimos a possibilidade de outras pessoas (dentre elas 
a vítima virtual) serem atingidas pelo ataque do 
agente, certo? 
 
Essa aberração no ataque pode ser tão drástica a ponto 
de fazer com que o agente atinja não só a vítima 
virtual, mas também a vítima real! É o que veremos a 
seguir: 
 
 
Espécies de erro na execução 
a) Erro na execução com resultado único: Nesta 
modalidade de erro na execução a vítima real (aquela a 
quem efetivamente era dirigido o ataque) não suporta 
qualquer tipo de lesão. Aplica-se, neste caso, o 
disposto no §3º do art. 20, CP, ou seja, as 
circunstâncias especiais da vítima virtual são 
consideradas em detrimentos daquelas relacionadas à 
vítima real (aquela que efetivamente é atingida pelo 
ataque). Cuida da primeira parte do Art. 73, do Código 
Penal. 
b) Erro na execução com resultado duplo: Neste caso o 
ataque atinge tanto a vítima real (que inclusive pode 
ser mais de uma pessoa) como a vítima virtual. São 
ocasionados dois resultados: o pretendido e o 
involuntário. Aplica-se a esta situação a regra do 
concurso formal próprio previsto no Art. 70, caput, 
primeira parte, do Código Penal, devendo o magistrado 
aplicar a pena do crime mais grave, a qual deverá ser 
aumentada de 1/6 até 1/2 (de acordo com o número de 
crimes praticados a título de culpa). 
 
ATENÇÃO! 
 O erro na execução com resultado duplo apenas é 
admitido quando os demais crimes forem cometidos 
culposamente, sendo certo que, caso os demais crimes 
tenham sido cometidos em verdadeiro dolo eventual 
deverá ser aplicada a regra do concurso formal 
impróprio (sistema do cúmulo material) com a 
consequente somatória das penas - é a segunda parte do 
Artigo 70, do Código Penal. 
 
 
6) Resultado diverso do pretendido (aberratio 
delicti): Encontra previsão no Art. 74, do Código 
Penal. Neste caso o agente deseja praticar um crime, 
porém acaba praticando um diferente daquele 
inicialmente pretendido. 
 
Difere-se do erro na execução porque neste caso a 
relação é de crime X crime (e não pessoa x pessoa 
existente no erro na execução). 
 
Exemplo interessante é o do agente que arremessa uma 
pedra na rua para quebrar a vidraça da casa de seu 
vizinho e, por erro, acaba atingindo terceiro 
desconhecido que caminhava tranquilamente pela rua. 
 
Este tipo de erro, conforme vimos também no erro na 
execução, comporta duas possibilidades distintas: 
 
Espécies de resultado diverso do pretendido 
a) Resultado diverso do pretendido com resultado 
único: É previsto na primeira parte do art. 74, CP. 
Nesta modalidade, o agente atinge apenas o bem 
jurídico diverso do pretendido, devendo apenas 
responder pelo crime cometido na modalidade culposa 
(desde que haja expressa previsão legal); 
b) Resultado diverso do pretendido com resultado 
duplo: É previsto na segunda parte do art. 74, CP. 
Neste caso o agente atinge o resultado pretendido a 
título de dolo e também o resultado secundário a 
título de culpa. Aplica-se, neste caso, a regra do 
concurso formal, devendo o magistrado utilizar a pena 
do crime mais grave, a qual deverá ser aumentada de 
1/6 até 1/2 (de acordo com o número de crimes 
praticados a título de culpa). 
 
 
ATENÇÃO! 
 A regra acima exposta apenas é aplicada caso o 
resultado previsto como crime culposo for mais grave 
que o doloso. Em caso negativo, ou caso não haja 
previsão para punição pelo crime culposo, não deverá 
ser aplicada esta regra. 
 
Por exemplo, se o agente, com o intuito de matar seu 
inimigo, dispara com uma arma de fogo em sua direção e 
acaba por atingir apenas a sua vidraça, deverá 
responder pela prática do homicídio tentado. 
 
A lógica é a seguinte: O crime de dano não suporta a 
modalidade culposa (e mesmo que aceitasse, o crime de 
dano é deveras menos grave que o de homicídio), razão 
pela qual deverá ser imputada ao agente a prática do 
homicídio doloso tentado. 
 
Pronto! Acabamos de ver o que havia de mais importante a ser 
observado quanto ao erro de tipo e ao erro de proibição. Faltou 
apenas falarmos do erro de tipo determinado por terceiro, que é 
previsto no Artigo 20, §2, do Código Penal. 
 
Erro de Tipo determinado por terceiro: 
 
Conceito: São as hipóteses em que o agente pratica 
determinada conduta com uma falsa percepção da realidade em 
razão da atuação de um terceiro denominado de agente 
provocador. 
 
Neste caso, temos que a falsa percepção da realidade que 
acomete o agente não é espontânea, mas sim provocada. 
 
Este erro pode ser provocado dolosamente ou culposamente pelo agente provocador. 
 
Se agir o agente provocador dolosamente, deverá responder a título de dolo pela 
conduta praticada pelo agente provocado. O agente provocado, por sua vez, ficará 
impune neste caso apenas se o seu erro for inevitável (desculpável, lembra-se?). Se por 
outro lado, o agente provocado agir por erro evitável (indesculpável, lembra?) poderá 
responder a título de culpa. 
 
Se, por outro lado, o agente provocador agir apenas com culpa, deverá responder 
apenas pela culpa se houver previsão legal e o erro for evitável. Se o erro por inevitável, 
deverá tanto o agente provocador quanto o agente provocado impunes. 
 
 
CONCLUSÃO / CONTATO DO PROFESSOR 
 
Espero que este resumo tenha te ajudado a entender a complexidade envolvendo 
ERRO DE TIPO e ERRO DE PROIBIÇÃO. 
 
Você deve ter notado (espero!) que o tema não é de difícil compreensão. 
 
O que dificulta o seu aprendizado é a quantidade de possibilidades e classificações. 
 
A possibilidade de engano nestes casos é enorme! Por isso, leia atentamente todos os 
artigos de lei citados e faça revisões regulares nesta matéria! 
 
Não deixe também de sempre fazer exercícios destes temas, pois eles auxiliam muito a 
fixação da matéria. Você encontrará questões sempre atualizadas e comentadas na 
minha página pessoal do Facebook. 
 
Bons estudos! Boa aprovação! 
Conte sempre comigo! 
Prof. Rafael Paiva 
 
Ainda tem dúvidas? 
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