Buscar

aps- erro de tipo

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 22 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 22 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 22 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP
CURSO SUPERIOR DE GRADUAÇÃO
BACHARELADO EM DIREITO
FRANCIELLE FERREIRA ZOLETTI
 RA: A74AFH-9
ERRO DE TIPO
CAMPINAS
2020
 
UNIVERSIDADE PAULISTRA - UNIP
FRANCIELLE FERREIRA ZOLETTI RA A74AFH-9
ERRO DE TIPO
Trabalho referente à disciplina de Direito Geral do Direito Penal, apresentado ao Centro Universitário UNIP – Campus Unip-Vitale, como exigência parcial para nota da APS do curso Superior de Graduação em Direito.
Orientador: Profª. 
CAMPINAS
2020
RESUMO
O presente artigo trata-se de uma pesquisa analítica, doutrinas e fundamentos sobre o erro de tipo no direito penal. Sabemos que a teoria do erro no Código Penal Brasileiro se divide em duas espécies: erro de tipo e erro de proibição. O erro de tipo está no art.20 do Código Penal, que se refere ao erro que recai sobre os elementos consecutivos do tipo normativo, que são aqueles sem o quais o crime deixa de existir.
 O presente estudo visa antes de tudo, lembrar que o erro de tipo, pode ser classificado em essencial ou acidental, incide sobre o fato típico, excluindo o dolo, em algumas circunstâncias.
 Por fim, analisou-se a figura das descriminantes putativas. 
Para a feitura deste artigo científico, foram empregados diversos métodos: o método de abordagem utilizado foi o dedutivo, com uma análise crítica dos institutos jurídicos; como métodos de procedimento, foram dois, quais sejam: o comparativo, com a apresentação do conceito e opinião de vários escritores sobre o tema estudado, e o hermenêutico, com uma interpretação dos dispositivos legais e da doutrina, que tratam sobre o assunto.
Palavra – Chave: Erro de Tipo, Essencial, Acidental, Fato Típico.
 
INTRODUÇÃO
Antes de tudo é importante lembrar que o crime de forma objetiva se constitui de fato típico e antijurídico, na letra da lei, a norma penal, descreve em palavras a conduta proibida, e enseja uma pena atribuída a cada uma delas.
Entendido o conceito de crime, e analisando o os constituintes do fato típico, a conduta humana, nexo causal (entre a conduta e o resultado), resultado (exceto nos crimes de mera conduta), e a tipicidade (enquadramento perfeito entre a conduta e a norma penal); e a antijuridicidade, que trata-se de fato contrário a norma jurídica.
A culpabilidade funciona como uma condição para aplicação da pena ao agente, e compõe-se dos seguintes elementos: imputabilidade, exigibilidade de conduta diversa, potencial consciência de ilicitude.
Sendo assim, para que seja imputado para qualquer indivíduo um crime, faz se necessário o fato típico e antijurídico. Além de culpabilidade, para que sob este recaia a uma pena.
No presente artigo vamos trabalhar sobre denominação “erro de tipo” que se refere a uma falsa noção, ou percepção de uma determinada realidade, ou um objeto, encontrado durante a fase de execução do agente, em uma conduta tipificada pelo ordenamento jurídico do Direito Penal.
Contudo, que no erro de tipo ocorre quando o agente tem falsa percepção da realidade que o cerca, se confundindo no momento da ação (não sabe o que faz), ele pode ser essencial ou acidental.
O erro de tipo essencial trata sobre elemento constitutivo da conduta tipificada pelo ordenamento jurídico exclui o dolo (se o erro essencial for vencível ou inescusável, art. 20, caput, 2ª parte e § 1º, 2ª parte, CP), e permite uma punição por crime culposo se houver previsão na lei, ou exclui o dolo e a culpa (se o erro essencial for invencível ou escusável - art. 20, caput, 1ª parte, e § 1º, 1ª parte, CP). Já o erro de tipo acidental é aquele que recai sobre os dados secundários (irrelevantes) do tipo. Nesse caso, a responsabilidade criminal não será afastada, pois o agente apresenta intenção criminosa.
Contudo, o presente artigo se estende em entender aonde os erros incidem, ou seja, em qual requisito do crime que os erros estão sob o manto escusável ou não.
Assim sendo, este artigo abordou-se também a figura das descriminantes putativas, tendo sido feita a conceituação e exposição de suas espécies e da natureza jurídica.
Desta forma, a partir de um estudo que aloca os referidos conceitos no mapa dogmático, visa-se um entendimento holístico e consolidado sobre o tema proposto.
ERRO DE TIPO
CONCEITO
Dispõe o art.20 do Código Penal: 
“Art. 20 – O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se previsto em lei.”
Nas palavras de Damásio:
 “Erro de tipo é o que incide sobre os elementares ou circunstancias da figura típica, sobre os pressupostos de fato de uma causa de justificação ou dados secundários da norma penal incriminadora” (DAMASIO, 1993, p. 265)[footnoteRef:1]. [1: . Direito penal, cit., 23. ed., v. 1, p. 305.] 
Para Luiz Flávio Gomes, invocando os ensinamentos de Teresa Serra, “estamos perante um erro de tipo, quando o agente erra (por desconhecimento ou falso conhecimento) sobre os elementos objetivos — sejam eles descritivos ou normativos — do tipo, ou seja, o agente não conhece todos os elementos a que, de acordo com o respectivo tipo legal de crime, se deveria estender o dolo”[footnoteRef:2] [2: . Erro de tipo, cit., p. 96.] 
Erro de tipo é o que ocorre sobre certos elementos do tipo pena. Pode incidir sobre as elementares ou circunstâncias da figura típica, sobre os pressupostos de fato de uma causa de justificação ou sobre dados secundários da norma penal incriminadora. Não há dolo, porque o agente não sabe que está desempenhando um tipo penal.
Capez citava um exemplo que elucidava: “Um advogado pega o guarda-chuva de um colega pensando ser seu. Como podemos ver a ação do advogado em questão é um tipo penal (furto) e o mínimo que se espera é que este advogado conheça os elementos do crime de furto (afinal é um advogado). Portanto não se desconhece a lei, mas se confunde a realidade de modo que não saiba estar transgredindo o código. Isso é erro de tipo”.
Outro exemplo comum de erro de tipo do agente que, no abolido crime de sedução, aproveitando-se da inexperiência da mulher virgem, a seduzia, com ela mantendo conjunção carnal, supondo ter a mulher mais de 18 anos, quando, na verdade, contava ela 17 anos de idade. Neste exemplo, a falsa percepção da realidade recaiu também sobre um elemento do tipo penal do abolido crime de sedução (art. 217 do CP), qual seja, a idade da vítima. Em relação as teorias surgiram duas vertentes sobre o Erro: 
I. Teoria Causal ou Teoria do Dolo, nesta, o conhecimento da ilicitude é o conhecimento do dolo, situa-se na culpabilidade. Desta forma o erro de tipo e de proibição. Excluem o dolo, chama-se solução unitária. Esta solução gerou três consequências: 
-Teoria Estrita ou Extrema do dolo, sempre elide o crime. Equipara-se ao erro de proibição. 
-Teoria Limitada do dolo exclui-se o dolo, mas matem-se a culpa. 
-Teoria Modificante do Dolo- consiste na consciência da ilicitude, é integrante do dolo. Mas o erro de proibição, pode permitir a condenação pela culpa. 
II. Teoria Finalista ou da Culpabilidade, ao contrário o dolo nesta é mera consciência e vontade de realização do tipo. O dolo não faz exigência do conhecimento normativo(tipo). O conhecimento associa a culpa. A consciência do injusto está na culpabilidade, sendo o dolo mera consciência e vontade do tipo objetivo. Aparecem duas subteorias: 
-Teoria Estrita da Culpabilidade-erro de ilicitude, nesta, fato é erro de proibição, todo sempre.
 -Teoria Limitada da Culpabilidade- Há uma divisão de erro de proibição, este, podendo ser direto e indireto. No Erro Direto exclui-se o dolo, porém resta a culpa. No Erro Indireto, (limite legal, âmbito ou existência de uma causa excludente do crime), podendo ser evitável (atenua a pena) ou inevitável (atenua a pena) ou inevitável, exclui a culpabilidade).
FORMAS DE ERRO DE TIPO
Há duas espécies de erro de tipo:
Erro de tipo essencial 
Ocorre o erro de tipo essencial quando a fingida percepção da realidade faz com que o agente ignore a natureza criminosa do fato. Exemplo: o agente mata uma pessoa supondotratar-se de animal indomesticado.
Característica do erro essencial, impede o agente de compreender o caráter criminoso do fato ou de conhecer a circunstância.
 Este tipo de erro essencial pode ser considerado de duas formas: 
a) Erro de tipo essencial escusável (ou invencível): quando não pode ser impedido pelo cuidado objetivo do agente, isto quer dizer, que qualquer pessoa, na circunstância em que se achava o agente, adviria em erro. Exemplo clássico: caçador que, em selva densa, à noite, adverte figura vindo em sua direção e dispara sua arma em contra ao que desconfiava ser um animal bravo, matando outro caçador que atravessava pelo local.
 b) Erro de tipo essencial inescusável (ou vencível): Ocorre quando pela observância do cuidado objetivo pelo agente, acontecer por imprudência ou negligência. Exemplo: caçador que, ao se move atrás dele, dispara sua arma de fogo sem qualquer cautela, não examinando se era um homem ou um animal matando outro caçador que lá se estava. Nesse caso, caso observasse a agente empregada ordinária diligência, teria prontamente averiguado que, em vez de animal bravo, havia um homem atrás deste. O erro de tipo essencial escusável afasta o dolo e a culpa do agente. Mas, o erro de tipo essencial inescusável exclui apenas o dolo, rebatendo o agente por crime culposo, se previsto em lei. 
 Erro de tipo acidental
 É aquele que incide sobre elementos acidentais do delito ou sobre a conduta de sua execução. O agente age com a consciência do fato, errando a respeito de um dado não essencial de delito ou quanto à forma de execução.
São espécies do erro acidental:
Erro sobre o objeto - “error in objeto” Ocorre o erro sobre o objeto quando o agente conjetura que sua conduta recai sobre determinada coisa e no real, recai sobre outra. Perante o Direito Penal, o erro sobre o objeto é irrelevante, pois de qualquer forma o agente responde pelo crime. Exemplos: agente que furta o carro de “A” supondo que pertence a “B”: agente que furta uma jóia sem muito valor pensando tratar-se de um diamante raro, entre outros. 
 Erro sobre a pessoa - “error in persona” O erro sobre a pessoa vem previsto no art.20, § 3°, do Código Penal, que dispõe: Art.20. (...). § 3° O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não isenta de pena. Não se incluem, neste caso, as condições ou qualidades da vítima, senão a da contra quem o agente desejava praticar o crime. Ocorre quando há erro de representação. O agente, agindo de maneira errada, atinge uma pessoa supondo tratar-se da qual ansiava ofender. Exemplo: o agente atira em “A” pensando tratar-se de “B”.
Contudo, o erro sobre a pessoa não exclui o crime, pois a norma penal não tutela indivíduo determinado, mas todas as pessoas. O agente responderá penalmente como se tivesse praticado o crime contra a pessoa pretendida, ainda que a vítima efetiva seja outra. Assim, não devem ser considerados os dados subjetivos da vítima efetiva, mas sim esses dados com relação à vítima virtual, que o agente pretendia atingir. Exemplo: o agente, pretendendo matar “A”, atira e mata o próprio irmão. Não sobrevirá sobre o fato a agravante genérica do art. 61, II, alínea “e”, do Código Penal. Nas conjecturas inversas, almejando o agente matar o próprio irmão e, por erro de representação, eliminando um terceiro, será contestado criminalmente como se tivesse matado o próprio irmão, incidindo sobre o fato, nesse caso, a agravante genérica citada.
Erro na execução - “aberratio ictus” O erro na execução, também conhecido pela expressão latino aberratio ictus (que significa aberração no ataque), ou crime aberrante, ocorre no mecanismo da ação, ou seja, na fase de execução do delito, quando o agente, pretende atingir uma pessoa, por desvio no golpe, atinge outra não pretendida, ou mesmo ambas. A aberratio ictus é uma modalidade de erro acidental, não excluindo a tipicidade do fato. Vêm previstas no art.73 do Código Penal. Como o próprio nome indica, o erro na execução do crime pode derivar de vários fatores resultantes da inabilidade do agente em executar o delito ou de outro caso fortuito. Exemplos: erro de pontaria no disparo de arma de fogo, movimento da vítima no momento do tiro, defeito apresentado pela arma de fogo no momento do disparo etc.
Neste tipo de erro de execução ocorrem duas formas:
Aberratio ictus com unidade simples, ou com resultado único, quando outra pessoa que não a mirada pelo agente venha a sofrer o resultado morte ou lesão corporal. Exemplo: o agente desfecha um tiro contra “A” e comete um erro, acertando “B”, que vem a morrer ou sofrer lesão corporal. De acordo com o disposto no art.73 do Código Penal, existe um só delito, doloso, pois a tentativa contra a vítima virtual resta absorvida pelo crime consumado contra a vítima efetiva;
 Aberratio ictus com unidade complexa, ou resultado duplo, que ocorre quando o agente vem a atingir a vítima virtual e também a vítima efetiva.
Na realidade, nesses casos, existem dois crimes: um homicídio doloso (tentando ou consumado) em relação à vítima que pretendia atingir e um homicídio culposo ou lesão corporal culposa em relação ao terceiro. Nessa hipótese, o Código Penal adota a unidade de conduta criminosa, aplicando a regra do concurso formal – art.70 do Código Penal Brasileiro. Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, comete dois ou mais crimes, análogos ou não, aplicasse-lhe a mais grave das penas das penas cabíveis ou, se iguais, apenas uma delas, mas aumentada, em qualquer caso de 1 ∕ 6 (um sexto) até 1∕ 2 (metade). As penas são aplicadas de modo cumulativo, se ação ou omissão é dolosa e os crimes antagônicos resultam de fins autônomos, consoante o disposto no artigo anterior. Temos algumas hipóteses a seguir as hipóteses que podem acontecer à vista de um caso concreto. Por conseguinte, se o agente, almejar matar o indivíduo “A”, apreende também a pessoa de “B”, termos o subsequente quadro: a) o agente mata “A” e fere “B”: na realidade, há um crime de homicídio doloso em relação à “A” e um crime de homicídio culposo em relação à “B”. O agente, desta forma, de acordo com a regra do concurso formal, responde por homicídio doloso (pena mais grave), aumentando a pena de um sexto até metade; b) o agente mata “A” e fere “B”: na realidade, há dois crimes, quais sejam, um homicídio doloso em relação a “A” a e uma lesão corporal culposa em relação a “B”. O agente, entretanto, segundo a regra do concurso formal, responde por homicídio doloso, aumentando a pena de um sexto até metade; c) o agente fere “A” e “B”: há temos aqui dois crimes, ou seja, uma tentativa de homicídio em relação a “A” e uma lesão corporal em relação a “B”. O agente, portanto, responde por tentativa de homicídio, aumentada a pena de um sexto até metade, por força do disposto na art.70 do Código Penal; d) o agente mata “B” e fere “A”: na realidade, também há dois crimes, sendo uma tentativa de homicídio em relação a “A” e um homicídio culposo em relação a “B”. Mas se, matou “B” (vítima afetiva) como se tivesse matado “A” (vítima virtual), respondendo, nesse caso, por homicídio doloso. Caso haja duplicidade de resultado, a pena será a do homicídio doloso, acrescentado a um sexto até metade pelo concurso formal.
 DISÍGNIOS AUTÔNOMOS 
 A suposição de concurso formal com intuitos autônomos, que será observada em capitulo próprio, presumida no art.70 caputs, segunda parte, do Código Penal, tem aplicação também nas hipóteses de aberratio ictus. Se o agente, ao almejar atingir a vítima virtual, afrontar a vítima efetiva, atuando com intenções autônomas, as penas devem ser somadas, ou seja, aplicadas cumulativamente. Podemos ter nesses casos de desígnios autônomos, proporciono o seguinte quadro, tendo como exemplificação a figura de A e B: a) se o agente mata “A” e “B”: responde por dois crimes de homicídio doloso, aplicando-se a pena cumulativamente; b) se o agente mata “A” e fere “B”: responde por um crime de homicídio doloso consumado e por uma tentativa de homicídio, cumulativamente; c) se o agente fere “A” e “B”: respondepor duas tentativas de homicídio; d) se o agente fere “A” e mata “B”: responde por um crime de homicídio doloso consumando e por uma tentativa de homicídio, cumulativamente.
 Resultado diverso do pretendido ''aberratio criminis (delicti)'' 
O resultado diverso do pretendido, versado como aberratio criminis ou aberratio delictio, espécie de crime aberrante, também vemos em mecanismo de ação, na fase de execução do delito, quando o agente, pretendendo atingir um bem jurídico, adeje outro diverso. A Aberratio criminis é também reconhecida como uma modalidade de erro acidental e não abandona a tipicidade do fato. Está prevista no art.74 do Código Penal.
 Já na aberratio ictus o desvio incide sobre a pessoa vítima do crime, na aberratio criminoso o desvio recai sobre o objeto jurídico do crime, portanto, na primeira, muito embora cometendo erro no golpe, a ofensa permanece a mesma, modificando apenas a gravidade da lesão; na segunda, dura um resultado de natureza diversa do pretendido, com a consequente mutação de título do crime. 
A solução para tal fato: se sobrevir o resultado diferente do que foi querido pelo agente, contestará este por culpa, se o fato for previsto como crime culposo. Se caso acontecer também o resultado previsto pelo agente, aproveito a regra do concurso formal. Nesse caso específico, o Código Penal aceita que se puna com o resultado diferente do pretendido a título de culpa.
 Podem, então, ocorrer às seguintes hipóteses exemplificativas: 
a) o agente quer atingir uma coisa e atinge uma pessoa: contestará pelo resultado homicídio ou lesão corporal a título de culpa, porquanto essa modalidade de elemento subjetivo é conjeturada para esses delitos. 
b) o agente quer atingir uma pessoa e atinge uma coisa: não permanece crime de dano culposo, por causa do princípio da excepcionalidade do delito culposo, por isso que o agente só responde por tentativa de homicídio ou tentativa de lesão corporal, se cabível.
c) o agente quer atingir uma pessoa, vindo atingir esta e também uma coisa: contesta somente pela decorrência determinada na pessoa, pois não existe dano culposo devido ao princípio da excepcionalidade do delito culposo;
 d) o agente quer atingir uma coisa, vindo a atingir esta e também uma pessoa: contrapõe pelos crimes de dano (doloso) e homicídio ou lesão corporal culposa em concurso formal (art. 70 do CP). Dá-se a pena do crime mais grave com o acréscimo de um sexto até metade.
 Erro determinado por terceiro 
Conforme a regra expressa do art.20,2°, do Código Penal, “responde pelo crime o terceiro que determina o erro”. Essa afirmação pode ser: 
a) Dolosa, quando o terceiro desvirtua o agente a incidir em erro. Exemplo clássico da doutrina é o terceiro que entrega arma municiada ao agente, fazendo-o crer que se encontrava desmuni ciada, induzindo-o a dispará-la em direção á vítima, matando-a. Nesse caso, o agente induzido não responderá por homicídio culposo. O terceiro provocador do erro responderá criminalmente por homicídio doloso. 
b) Culposa, quando o terceiro age com culpa, induzindo o agente a incidir em erro por imprudência, negligência ou imperícia. Outro exemplo largamente difundido na doutrina é o do terceiro que, imprudentemente, sem verificar se a arma se encontrava induzindo-o a dispará-la em direção á vítima, matando-a. Sendo nesta situação, o agente não responde de por crime algum, se o erro for escusável. Se o erro for inescusável, o agente induzido objetará por homicídio culposo. O terceiro provocador do essencial homicídio culposo. 
Descriminantes putativas 
Prescreve o art. 20:
 §1. º, do Código Penal: Art. 20. (...). § 1. º É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias, supõe situação de fato que, se existisse, revolveria a ação legítima. Não há dispensa de pena quando o erro procede de culpa e o fato é punível como crime culposo. Esse dispositivo trata das chamadas descriminantes putativas, estas manifestas por exigentes putativas ou causas putativas de exclusão da antijuridicidade.
 Descriminar expressa absolver, inocentar, isentar, exculpar. Putativo é um adjetivo aplicável àquilo que aparenta ser verdadeiro, legal certo, sem o ser. Desta forma, as descriminantes putativas são aquelas hipóteses que isentam o agente de pena, em razão da suposição de fato que, se presente, tornaria legítima a ação.
 Os arts. 20 § 1. º, e 21 do Código Penal, três modalidades de erro poderão ser apontadas nas descriminantes putativas: 
a) o agente supõe a existência de causa de exclusão da antijuridicidade que não existe – essa presunção é de erro de proibição e será contemplada em capítulo próprio; 
b) o agente incide em erro sobre os limites da causa de exclusão da antijuridicidade – essa hipótese também é de erro de proibição e será apreciada em capítulo próprio; 
Cada causa de exclusão da antijuridicidade aludida no art. 23 do Código Penal proporciona suas características próprias, impetrando requisitos específicos para sua ocorrência. Se o agente incide em erro sobre a situação de fato que autoriza a legítima defesa, o estado de necessidade, o exato cumprimento de dever legal e o exercício regular de direito, permanecerá isento de pena, pois se trata de descriminante putativa.
Segundo Capez, existem as espécies são:
“Descriminante putativa por erro de proibição: o agente tem perfeita noção de tudo o que está ocorrendo. Não há qualquer engano acerca da realidade. Não há erro sobre a situação de fato. Ele supõe que está diante da causa que exclui o crime, porque avalia equivocadamente a norma: pensa que esta permite, quando, na verdade, ela proíbe; imagina que age certo, quando está errado; supõe que o injusto é justo. Essa descriminante é considerada um erro de proibição indireto e leva às mesmas consequências do erro de proibição.
Descriminante putativa por erro de tipo: ocorre quando o agente imagina situação de fato totalmente divorciada da realidade na qual está configurada a hipótese em que ele pode agir acobertado por uma causa de exclusão da ilicitude. É um erro de tipo essencial incidente sobre elementares de um tipo permissivo. Os tipos permissivos são aqueles que permitem a realização de condutas inicialmente proibidas. Compreendem os que descrevem as causas de exclusão da ilicitude, ou tipos descriminantes. São espécies de tipo permissivo: legítima defesa, estado de necessidade, exercício regular do direito e estrito cumprimento do dever legal. Os tipos permissivos, do mesmo modo que os incriminadores (que descrevem crimes), são também compostos por elementos que, na verdade, são os seus requisitos. Assim, por exemplo, a legítima defesa possui os seguintes elementos: agressão injusta, atual ou iminente, a direito próprio ou alheio, moderação na repulsa e emprego dos meios necessários. Ocorrerá um erro de tipo permissivo quando o agente, erroneamente, imaginar uma situação de fato totalmente diversa da realidade, em que estão presentes os requisitos de uma causa de justificação.
Daí a conclusão de que a descriminante putativa por erro de tipo é uma espécie de erro de tipo essencial. As consequências estão expostas no art. 20, § 1º, do Código Penal, que, por engano, fala genericamente em descriminantes putativas, quando, na verdade, deveria especificar que só está tratando de uma de suas espécies: a descriminante putativa por erro de tipo.
Os efeitos são os mesmos do erro de tipo, já que a descriminante putativa por erro de tipo não é outra coisa senão erro de tipo essencial incidente sobre tipo permissivo.
A redação do parágrafo, no entanto, é bastante confusa e dá margem a interpretações diversas. Em vez de dizer que, em caso de erro inevitável, não há crime, o legislador optou pela infeliz fórmula “o agente fica isento de pena”. Ora, ficar isento de pena significa cometer crime, mas por ele não responder. Então, se no erro inevitável ocorre isenção de pena, este não exclui o crime, mas tão somente a responsabilidade por sua prática.”[footnoteRef:3]. [3: Direito penal, cit.,p. 249 a 257.] 
Capez mencionaem seu livro a tese de Luiz Flávio Gomes, cit.,p. 251, que diz: “Argumenta que o erro de tipo permissivo não é erro de tipo, mas erro sui generis, situado entre este e o erro de proibição. Se inevitável, o agente comete crime, sem exclusão do dolo, mas não responde por ele, porque a lei fala em isenção de pena e não em exclusão do crime. Se evitável, o agente comete crime doloso, mas, por motivos de política criminal, aplicam-se lhe as penas do crime culposo. Caso contrário, “não haveria necessidade de uma disciplina especial para aquelas; em outras palavras, se o erro de tipo permissivo se da mesma natureza do erro de tipo incriminador, com as mesmas consequências jurídicas, concluir-se-ia pela desnecessidade do parágrafo primeiro: bastaria o caput”[footnoteRef:4]. [4: Erro de tipo, cit.,p. 251.] 
Da mesma forma, também tratando da culpabilidade, Magalhães de Noronha, no capítulo que trata da culpabilidade, ensinava:
"Não existe dolo no pseudodefendente e trata-se, portanto, dirimente. Distingue-se, então, a legítima defesa putativa da real. Esta é objetiva e repousa numa situação de fato: quem se defende está realmente sendo atacado ou ameaçado; ao passo que na outra não: quem se julga defender é que, de fato agride. Por agir de acordo com o direito e, portanto, sem consciência da antijuridicidade ou sem o dolo que o sujeito ativo fica isento de pena. Há erro essencial de fato, há falsa representação da realidade que elide a culpa (em sentido amplo), pois a pessoa julga agir no sentido do lícito, atua de boa-fé e esta é incompatível com o dolo".
DOUTRINA
Sobre o erro de tipo, diz o professor Mirabete:
“O dolo, deve abranger a consciência e a vontade a respeito dos elementos objetivos do tipo. Assim, estará ele excluído se o autor desconhece ou se engana a respeito de um dos componentes da descrição legal do crime (conduta, pessoa, coisa etc.), seja ele descritivo ou normativo. Exemplificando: um caçador, no meio da mata, dispara sua arma sobre um objeto escuro, supondo tratar-se de um animal, e atinge um fazendeiro.
Nesse exemplo, o erro incide sobre elementos do tipo, ou seja, sobre o fato que compõe um dos elementos do tipo.”
Segundo o renomado doutrinador Fernando Capez, em sua obra “Curso de Direito Penal:
“Trata-se de um erro incidente sobre situação de fato ou relação jurídica descritas: como elementares ou circunstâncias de tipo incriminador; como elementares de tipo permissivo; ou como dados acessórios irrelevantes para a figura típica. De acordo com a conceituação do Código Penal, “é o erro sobre elemento constitutivo do tipo legal” (CP, art. 20, caput). 
Conceito bem amplo é-nos dados por Damásio E. de Jesus, para quem erro de tipo “é o que incide sobre os elementares, circunstâncias da figura típica, sobre os pressupostos de fato de uma causa de justificação ou dados secundários da norma penal incriminadora.
Conclui-se, portanto, que o erro de tipo é um equívoco do agente sobre uma realidade descrita no tipo penal incriminador como elementar, circunstância ou dado secundário ou sobre uma situação de fato descrita como elementar de tipo permissivo (pressuposto de uma causa de justificação).
A denominação “erro de tipo” deve-se ao fato de que o equívoco do agente incide sobre um dado da realidade que se encontra descrito em um tipo penal. Assim, mais adequado seria chamá-lo não de “erro de tipo”, mas de “erro sobre situação descrita no tipo”.
JURISPRUDENCIA 
PENAL E PROCESSUAL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. ESTUPRO. MENOR DE 14 ANOS. IDADE DA VÍTIMA. ERRO DE TIPO. OMISSÃO. EXISTÊNCIA. EXAME DO TEMA. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA Nº 07 DO STJ. APLICAÇÃO.
Nos termos do art. 619 do CPP, são admitidos embargos de declaração quando houver ambiguidade, obscuridade, contradição ou omissão no julgado e, por construção pretoriana integrativa, erro material.
Caso em que o julgado embargado, ao desprover agravo regimental de decisão que restabelecera decreto condenatório pela prática do crime de estupro de menor de 14 anos, deixou de se pronunciar acerca da ocorrência de erro sobre os elementos constitutivos do tipo penal, na conduta delitiva imputada ao embargante.
Afastar a adequação típica por erro de tipo acerca da real idade da vítima no momento do fato (se ela apresentava porte físico de quem detinha maioridade e, indagada, mentiu a esse respeito) impõe inevitável revolver fático-probatório, postura que esbarra no enunciado da Súmula nº 07 deste Superior Tribunal de Justiça.
CONCLUSÃO
O erro de tipo recai sob um fato em si, como citado alhures, ou conhecido como erro de fato, nele o agente não possui o dolo, animus dolandi, ou poderá recair em suas elementares ou circunstâncias do tipo penal que ocasionam o agravamento e o aumento de pena.
No Direito Penal subjetivo, o ius puniendi, é influenciado, pois traz consigo se objetivamente constatadas, exceções, onde o Estado, que detém o poder de ameaçar, coagir, aplicar e executar a pena, não a aplica, ou apenas a atenua.
Em suas espécies:
O essencial provisiona as elementares, qualificadoras, causas de aumento de pena e agravantes, portanto, aplicando-se a teoria do homem médio no Direito e na sociedade, constata-se a divisão em: escusável, não haverá punição, exclui a dolo e culpa, que formam a conduta, elemento indispensável ao fato típico; e, se for inescusável, atenta-se ao Princípio da Excepcionalidade, sendo assim, culposo, se previsto no ordenamento jurídico.
O acidental verifica-se as circunstâncias secundárias do crime. O agente sabe do caráter ilícito dos fatos, contudo, será responsabilizado, e responderá pelo crime cometido.
Dito isso, percebe-se a importância do estudo de tais institutos para que haja uma perfeita compreensão da figura das descriminantes putativas, pois, como visto, a depender das circunstâncias, ora ela se comporta como erro de tipo permissivo, ora como erro de proibição.
Conclui-se enfatizando a pertinência do presente artigo, na medida em que tratou de conceitos tão importantes para o Direito Penal pátrio e para a compreensão daqueles que se interessam pelo tema.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
MASSON, Cleber. Direito Penal Esquematizado: parte geral. São Paulo: Editora Método, 2015.
BRASIL. Código Penal, de 1940. In: VADE mecum. 16 ed. São Paulo: 16 ed. São Paulo: Saraiva, 2015.
JESUS, Damásio Evangelista de. Direito Penal: Parte Geral. 28. Ed. São Paulo: Saraiva, 2006. Vol. 1.
Acessado em 04 de março de 2020 : https://direito.legal/wikijus/erro-de-tipo/
CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal: Parte Geral. 15. Ed São Paulo: Saraiva, 201. Vol. 1.
GOMES, Luiz Flávio. Erro de tipo e erro de proibição. 2. ed. São Paulo, Revista dos Tribunais.

Outros materiais