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Libras Unidade1 O mundo do silencio

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Unidade 1 – Texto Base 1 
 
 
 
 
 
O mundo do silêncio 
 
 
 
 
“Todo dia ela faz tudo sempre igual 
Me sacode às seis horas da manhã 
Me sorri um sorriso pontual 
E me beija com a boca de hortelã.” 
 
(trecho da música “Cotidiano” 
Chico Buarque/1971) 
 
 
 
Todos os dias, as atividades que realizamos já se tornaram tão 
rotineiras que nem nos damos conta delas. Por exemplo, acordamos, 
tomamos banho, preparamos o café da manhã, saímos para trabalhar 
ou para ir à escola. 
 
Nestas atividades simples e corriqueiras estão presentes vários sons. 
Você já prestou atenção neles? 
 
• O som do despertador do relógio ou de alguém chamando nosso 
nome. 
 
• O som da água jorrando pela torneira, o som da escovação dos 
dentes, o barulho da válvula da privada ou do chuveiro 
funcionando. 
 
• Na cozinha, o som da chaleira apitando com a água fervendo, o 
barulho dos talheres à mesa e o som do abrir e fechar a 
geladeira, que aguça nosso apetite. 
 
 
E no caminho para a escola ou trabalho? Faça um exercício 
recordando os sons que você ouve normalmente, sem prestar atenção, 
mas que lhe orientam para uma série de comportamentos... 
 
Agora imagine se você não fosse mais capaz de ouvir estes sons! 
Unidade 1 – Texto Base 2 
 
 
 
 
 
Pois é, há um grupo de pessoas que lida com estas situações todos os 
dias e muitas outras que não ouvem nenhum dos sons que estamos 
acostumados a ouvir. Você já se perguntou como elas conseguem 
realizar as atividades que realizamos sem ouvir os sons? 
 
Segundo dados da Organização Mundial de Saúde, 10% da população 
mundial tem algum déficit auditivo. Já a chamada "surdez severa" 
incide em uma entre cada mil pessoas nos países desenvolvidos e em 
quatro entre cada mil nos países subdesenvolvidos. No Brasil, segundo 
dados do IBGE, o número de surdos é de 5,7 milhões (surdos 
profundos e deficientes auditivos). No estado de São Paulo há 480.000 
e na capital o número é de 150.000. 
 
Há pessoas surdas ou com alguma deficiência auditiva em toda a 
parte, mas no Brasil, muitos são invisíveis à sociedade, vivendo 
isoladamente em praças, parques, bares, escolas, universidades etc. 
 
Em décadas passadas, as famílias costumavam esconder as pessoas 
surdas, por vergonha de terem gerado filhos diferentes. Essas pessoas 
surdas nem saiam de casa e estavam sempre acompanhadas por 
familiares e a comunicação entre eles era muito complicada, pois 
geralmente a família rejeitava a mímica, os gestos, por considerarem 
isso “feio”. A falta de comunicação propiciava naturalmente o 
isolamento dos surdos e, muitas vezes, eles se tornavam nervosos e 
profundamente irritados, ou mesmo deprimidos. Vivendo esta situação, 
os próprios surdos não compreendiam a importância da comunicação 
por meio da Língua de Sinais para a comunicação e para o 
desenvolvimento da linguagem e cognição. 
 
A sociedade, por sua vez, também ignorava as comunidades surdas e 
as isolava e discriminava. Nos últimos anos, o olhar da sociedade tem 
mudado significativamente, buscando uma política de inclusão ao 
cidadão que é surdo. 
 
As pessoas surdas desenvolvem mais os outros sentidos, 
principalmente o sentido da visão. O corpo é um canal fundamental 
para chegar à vibração e é sentindo as vibrações pelo corpo, que as 
pessoas com um determinado nível de surdez chegam mais facilmente 
ao que chamamos de som. 
Unidade 1 – Texto Base 3 
 
 
 
 
 
Ele também facilita o processo de comunicação pelos gestos, mímicas, 
olhares firmes. Os surdos são muito mais visuais e perceptivos do que 
os ouvintes. Eles “falam com as mãos e ouvem com os olhos”. É 
possível por meio da língua dos sinais transcrever músicas. A “Língua 
de Sinais Poética” permite ao surdo cantar por meio da Língua de 
Sinais, usando todo um conjunto – o espaço visual, a expressão 
corporal e facial e os diversos parâmetros do idioma, bem como a 
ênfase nas mãos. Alguns sinais podem ser feitos com mais velocidade 
e expressividade, outros de forma mais lenta e suave. Dessa forma, a 
música toca profundamente o surdo. 
 
O mundo do surdo é especial e diferente. É um mundo cercado de luz, 
cores, movimentos, expressões de tristeza e alegria e tudo o que se 
pode captar com os olhos ou com a vibração do corpo. O impacto da 
imagem para alguém que não ouve é muito maior, por isso a relação 
com uma pessoa surda deve ser sempre cuidadosa e atenta. 
 
Vamos imaginar, por exemplo, que estamos tentando nos comunicar 
com um surdo. Se nesta tentativa de comunicação, por distração, nos 
viramos sem encará-lo, ele poderá interpretar como uma atitude de 
indiferença ou descaso. Além disso, se ele estiver tentando ler nossos 
lábios, para entender o que falamos, como conseguirá fazer isso se 
não estivermos de frente para ele? 
 
Há muitos problemas gerados a partir da falta de comunicação entre o 
surdo e o ouvinte. Problemas de interpretação e tradução, ou então 
educacionais que comprometem o desenvolvimento na comunicação. 
A dificuldade em entender e ser entendido provoca efeitos, muitas 
vezes irreversíveis, na interação do profissional (professor e/ou 
intérprete) com o surdo. Nas comunidades surdas pode-se observar 
que estes problemas prejudicam o trabalho desenvolvido por 
educadores e intérpretes que muitas vezes são rejeitados e mesmo 
excluídos. Tanto os surdos como os ouvintes precisam ser sensíveis e 
compreender o grau de dificuldade que envolve a tradução de uma 
língua numa modalidade oral-auditiva (Língua Oral) para uma língua 
visual-espacial (Língua de Sinais) e considerar as diferentes formas de 
cada uma para determinar o significado da mensagem. 
 
Os hábitos da comunidade surda são pouco divulgados ou de forma 
pouco eficaz. 
Unidade 1 – Texto Base 4 
 
 
 
 
 
Os próprios integrantes dessa comunidade, às vezes, não têm 
consciência de suas especificidades, o que pode gerar problemas de 
comunicação. 
A dificuldade de comunicação, que algumas pessoas surdas vivem, 
pode gerar atitudes que são interpretadas como isolamento, timidez, 
agressividade, falta de educação, egocentrismo. É necessário levar em 
conta que uma pessoa que não entende o que o outro diz e que não é 
capaz de se fazer entender pode desenvolver atitudes que, nem 
sempre, são compreendidas pela comunidade em que vive e até 
mesmo pela própria família. Nessas circunstâncias uma pessoa surda 
perde o referencial familiar e social e consequentemente a noção de 
seu espaço e da sua função no mundo, diminui sua autoestima, sente-
se inútil como um fardo a ser carregado. 
 
Há muitas crenças sem fundamento em relação às pessoas surdas. 
Alguns acreditam, por exemplo, que porque uma pessoa é surda, ela 
também é muda. As pessoas surdas possuem, no geral, condições 
físicas e fisiológicas para poder falar. Algumas, se não falam é porque 
não aprenderam ou porque acham que os gestos favorecem a 
agilidade na comunicação, e outras ainda por opção. 
 
Os surdos são tão capazes quanto os ouvintes para desenvolver 
competências. A surdez não compromete a intelectualidade do surdo. 
Há muitos surdos que são advogados, arquitetos, engenheiros e 
profissionais de diversas áreas. Tudo o que não depende da audição, o 
surdo pode fazer e mostrar o quanto é capaz. 
 
Outra crença comum é julgar que todas as pessoas surdas não 
escutam absolutamente nada, ou que somente escutam quando 
querem. Há graus diferentes de surdez e, dependendo do grau, há um 
comprometimento maior ou menor da comunicação. Por exemplo, a 
maioria das pessoas surdas pode ouvir sons graves e intensos, como o 
som de um trovão, uma batida forte de uma porta ou então o som de 
um alarme de incêndio, pois a maioria destes sons possui níveis 
altíssimos de decibéis. Mas, é importante ressaltarque a altura que 
estae indivíduos ouvem não é igual a de uma pessoa ouvinte. Outros 
surdos chegam até ouvir a voz humana, mas não conseguem 
discriminar as palavras. As pessoas que apresentam problemas mais 
leves de audição costumam usar equipamentos que possibilitam a 
amplificação dos sons. 
Unidade 1 – Texto Base 5 
 
 
 
 
 
São chamados de Aparelhos de Amplificação Sonora Individual (AASI). 
O importante é identificar qual o tipo de surdez que uma pessoa tem 
para que se possa comunicar mais efetivamente com ela. 
 
Vamos, a seguir, entender melhor o que vem a ser a surdez e seus 
diversos graus. 
 
 
 
 
A surdez 
 
Ao olharmos uma pessoa que tem dificuldade de locomoção logo 
percebemos isso. Se olharmos para uma pessoa com Síndrome de 
Down, logo percebemos essa condição. Pois é, mas a surdez é um 
defeito invisível. Para detectar que uma pessoa é surda é necessário 
tentar comunicar-se com ela. Em geral, a audição não é muito 
valorizada a não ser quando se começa a perdê-la. Os seres humanos, 
a partir de uma certa idade, começam a perder a audição e torna-se 
difícil ouvir algumas palavras, campainha, telefone etc. A televisão e o 
rádio são ajustados num volume insuportável a qualquer ouvinte e, 
somente então, essas pessoas e os ouvintes que as rodeiam 
percebem que há algum problema. A audição tem grande importância 
para a comunicação. 
 
A deficiência auditiva é o problema sensorial de maior incidência na 
população. Em cada mil crianças nascidas no Brasil, de duas a sete 
apresentam problemas de surdez. O diagnóstico precoce até os seis 
meses de idade é crucial para o desenvolvimento do bebê, mas isso 
geralmente não ocorre. Um método de teste para diagnóstico de 
surdez de origem genética, adaptado pela doutora Edi Lúcia Sartorato, 
da Unicamp, conquistou o primeiro lugar no Prêmio Governador do 
Estado em 2001 e um projeto de lei está tramitando na Assembleia 
Legislativa para torná-lo obrigatório em unidades públicas de saúde 
paulistas. E, gratuitamente. 
 
O teste genético para surdez pode ser feito juntamente com o do 
“pezinho”, que atualmente permite apontar até 80 patologias em recém-
nascidos. 
Unidade 1 – Texto Base 6 
 
 
 
 
 
Mas, a maioria das ocorrências de surdez no Brasil, de acordo com 
Edi, tem causas não-genéticas, classificadas de ambientais, como 
rubéola, traumatismo de parto, complicações perinatais, meningite e 
uso de determinados medicamentos durante a gestação. Com o 
aumento da atenção à saúde materno-infantil, os casos ambientais 
tendem a diminuir e, os casos genéticos, a crescer progressivamente, o 
que torna o teste fundamental. 
 
No Brasil, a deficiência auditiva costuma ser percebida pelas mães 
quando a criança tem em média três anos de idade, pois elas 
começam a preocupar-se, porque o filho não fala. 
 
A história da educação do surdo iniciou há cerca de 300 anos, e nos 
seus primórdios havia pouca compreensão da psicologia do problema, 
e os indivíduos deficientes eram colocados em asilos. A surdez, e a 
consequente mudez, eram confundidas com deficiência mental. 
 
É verdade que a ausência da linguagem influi profundamente no 
desenvolvimento psicossocial do indivíduo, mas felizmente, o deficiente 
auditivo pode aprender a comunicar-se utilizando a língua dos sinais, 
ou a própria língua oral. E pode compreender a fala pela forma motora 
dos sons nos lábios. 
 
As perdas auditivas são divididas em grupos de acordo como a 
localização da lesão, encontram-se entre o ouvido externo e janela oval 
(ou seja, no ouvido médio) e ocasionam perdas de condução. Elas 
localizam-se entre a janela oval e as áreas medulares do cérebro, ou 
no interior destas áreas, ocasionam perdas de percepção. 
 
As perdas de condução e de percepção são chamadas de perdas 
mistas. As implicações das perdas auditivas variam segundo as 
pessoas e as circunstâncias. Por isso, a relevância de se ressaltar 
diferentes graus de perdas, tendo em vista as perspectivas de 
intervenção. As perdas auditivas muitas vezes acontecem não só em 
termos de intensidade, mas também, em frequência (inteligibilidade e 
distorção auditiva). 
 
As perdas auditivas são classificadas também em relação ao seu grau 
(Devis e Silverman, 1986), em: 
Unidade 1 – Texto Base 7 
 
 
 
 
 
• audição normal ou com pequena perda - perda de até 25 dB; 
 
• perdas leves - perda de 25 a 40 dB; 
 
• perdas moderadas - perda de 41 a 70 dB; 
 
• perdas severas - perda de 71 a 90 dB; 
 
• perdas profundas - perda superiores a 91 dB. 
 
 
 
 
Mesmo com uma surdez apenas parcial, a fala costuma ser 
prejudicada e, é necessário auxílio de especialistas para corrigir os 
distúrbios decorrentes. As perdas leves e moderadas, por exemplo, 
provocam danos específicos na fala, tais como as trocas, omissões e 
distorções de fonemas. Já as perdas severas e profundas provocam 
uma grande dificuldade em todo o processo de aquisição da 
linguagem. 
 
A sensibilidade do ouvido recolhe do mundo à sua volta os sons e os 
conduzem aos centros medulares que os codificam em uma 
diversidade de representações neuronais. A audição é um sentido que 
funciona de forma ininterrupta, colocando o indivíduo em constante 
contato com o meio, sendo o principal canal para a aquisição da 
linguagem na modalidade oral. 
 
A aquisição da linguagem ajuda a criança a desenvolver seus 
conceitos sobre o mundo e está interligada ao desenvolvimento das 
capacidades mentais. Além disto, a educação auditiva depende das 
inter-relações sociais, culturais e emocionais da criança surda. 
 
 
 
 
Identificação da Surdez 
Há algumas observações que podem ajudar a identificar a surdez. 
Logo nas primeiras semanas após o nascimento, se o pediatra e os 
familiares estiverem atentos pode-se observar algumas reações como: 
Unidade 1 – Texto Base 8 
 
 
 
 
 
• o bebê não acorda ou não se assusta com um barulho forte e 
súbito; 
 
• o bebê não para de chorar, quando a mãe usa apenas a voz para 
acalmá-lo; 
 
• o bebê não procura a origem do barulho, virando a cabeça na 
direção da fonte sonora, isso já numa fase posterior do 
desenvolvimento; 
 
• o bebê é exageradamente quieto. 
 
 
 
 
Alguns sinais podem ser observados, quando a criança tem mais de 1 
ano de idade: 
 
• as primeiras palavras aparecem tardiamente (3 a 4 anos); 
 
• não responde ao ser chamada em voz normal; 
 
• quando de costas, não se volta para a pessoa que lhe dirige a 
palavra. 
 
 
 
 
Além disso, há outros aspectos que podem ser observados: 
 
• excesso de comunicação gestual e pouca emissão de palavras; 
 
• fala com voz muito alta ou muito baixa; 
 
• vira sempre a cabeça para ouvir melhor; 
 
• o olhar sempre está dirigido para os lábios de quem fala e não 
para os olhos; 
 
• troca e omissão de fonemas na fala e na escrita. 
 
 
 
 
É mais fácil descobrir uma perda de audição de nível severo ou 
profundo do que uma perda leve ou moderada. 
 
Há situações em que um professor, numa sala de aula, tem mais 
condições de identificar um problema auditivo do que a própria família. 
Unidade 1 – Texto Base 9 
 
 
Ao observar um aluno tímido, com dificuldade de comunicação, uma 
das hipóteses é que ele pode ter um problema auditivo. 
 
O jornalista Gilberto Dimenstein faz uma referência ao problema de 
surdez no site www.aprendiz.uol.com.br. Veja o que ele afirma : 
 
“Em 2001, um grupo de médicos saiu pelo Brasil para medir a audição 
do brasileiro - comandado pelo professor Ricardo Bento, da USP, o 
projeto era bancado pelos ministérios da Educação e Saúde. 
Descobriu-se que 18% dos estudantes não ouviam direito, boa parte 
deles apenas porquenão sabiam limpar direito o ouvido. 
 
Não limpar direito significa usar uma série de instrumentos, entre os 
quais o cotonete, que empurram a cera para dentro, formando uma 
espécie de rolha. Um tratamento de apenas 30 segundos retirando 
essa cera resolveria o problema e a criança voltaria a ter audição. 
 
Daí se vê como medidas simples poderiam estimular milhões de 
estudantes a ter um desempenho melhor. Digo milhões porque, nas 
escolas, há milhões de jovens que não enxergam direito pela falta de 
um par de óculos, não se concentram porque são anêmicas ou porque 
sentem dor de dente.” 
 
A questão da inclusão do surdo no contexto social e educacional tem 
sido alvo de inúmeros debates e os governos, de uma maneira geral, 
têm adotado políticas nacionais que visam promover e implementar 
programas de atendimento a deficientes auditivos. 
Essas políticas buscam devolver a autoestima para as pessoas surdas, 
orientando-as no sentido de reconhecer seus direitos e deveres 
enquanto cidadãos, seu papel na sociedade, sua condição enquanto 
pessoa surda e, principalmente, o seu "eu", por meio de atividades e de 
cursos que promovem uma ampliação do seu conhecimento sobre o 
mundo. 
 
 
 
 
E, na escola, como viabilizar uma educação inclusiva? 
 
Educação inclusiva é a educação para todos, isto é, a educação que 
procura reverter o caminho da exclusão, ao criar condições e espaços 
para alcançar uma diversidade de educandos. 
Unidade 1 – Texto Base 10 
 
 
 
 
 
Assim, a escola será inclusiva quando conseguir transformar não 
apenas o ambiente físico, mas a postura, as atitudes e a forma de 
pensar dos educadores e da comunidade escolar, em geral, para 
aprender a lidar com o heterogêneo e conviver naturalmente com as 
diferenças. 
Há uma diferença entre inclusão e integração. Você sabe qual é? 
Integrar pressupõe adaptar o aluno à escola ou o sujeito à sociedade 
na qual está inserido. Já, promover a inclusão parte do princípio de que 
a escola e a sociedade em geral é que devem ser transformadas para 
adaptarem-se às necessidades de todos e de cada um. 
 
Ambas acolhem o diferente, mas na integração as pessoas têm que se 
adaptar à sociedade como ela é, enquanto na inclusão é o ambiente 
que precisa adequar-se às demandas e necessidades dos indivíduos. 
 
Por exemplo, se uma criança tem uma deficiência, ela deve apresentar 
determinadas condições para poder ser integrada em uma escola 
comum. Agora, se há uma preocupação com a inclusão de uma 
criança com deficiência, é a escola que deve responder às 
necessidades específicas desta criança. 
 
Uma postura social de inclusão deve criar condições para responder às 
necessidades de todos e de cada um dos cidadãos. Se uma pessoa 
necessita de uma cadeira de rodas, ela deve poder usá-la livremente 
nas ruas, nos ônibus e nos prédios públicos; uma pessoa cega que 
domina bem o braille, a bengala e mesmo o computador necessita 
utilizar estes recursos nos espaços frequentados pelas demais 
pessoas; uma pessoa surda que sabe comunicar-se por meio da 
Língua Brasileira de Sinais-LIBRAS necessita comunicar-se não só 
com seus pares, outros surdos, mas com outros profissionais, com 
familiares, com outras pessoas ouvintes que necessitam para isso, 
também conhecer LIBRAS. 
Unidade 1 – Texto Base 11 
 
 
 
 
 
A questão da inclusão é discutida há muito tempo. Em 1990, a 
Conferência Mundial sobre Educação para Todos, realizada na 
Tailândia, já tratava da democratização da educação, independente 
das diferenças particulares dos alunos. Em 1994, com a Declaração de 
Salamanca, foi reafirmado o compromisso com a Educação para Todos 
e elaborado um documento proclamando a importância da Educação 
Inclusiva. 
 
No Brasil, a perspectiva inicial era a da integração, em cuja proposta 
todos os alunos possuem o direito a entrar no sistema e transitar por 
ele. Mas, a escola não assumia a responsabilidade de adaptar-se para 
receber o aluno com alguma deficiência ou com dificuldades de 
aprendizagem. Não é suficiente matricular um aluno em classe regular 
sem fazer alguma mudança; a inclusão não se refere apenas ao 
portador de deficiências, mas de todos os excluídos da educação. 
 
A convivência de alunos com e sem deficiências enriquece o ambiente 
educativo e traz inúmeras vantagens. É uma oportunidade de vivenciar 
conflitos, de confrontar valores, de praticar a cooperação e 
solidariedade no ambiente escolar. Os alunos passam a conviver com 
pessoas diversas e aprendem que há pessoas que possuem 
necessidades, condições e habilidades diferentes das suas. Quanto 
maior for a diversidade em uma sala de aula mais desafiador será o 
ambiente, maior será a mobilização propiciando a aprendizagem e até 
a formação de líderes. 
 
Aprender a lidar com as diferenças prepara para o convívio social e 
para uma relação mais natural e tranquila com pessoas com alguma 
deficiência. 
 
 
 
 
Educação Especial 
 
A educação para surdos faz parte do que é considerado Educação 
Especial. 
Unidade 1 – Texto Base 12 
 
 
 
 
 
Alunos com necessidades educacionais especiais são aqueles que 
apresentam, durante o processo educacional, dificuldades acentuadas 
de aprendizagem que podem ser ou não vinculadas a uma causa 
orgânica específica ou relacionadas a condições, disfunções, 
limitações ou deficiências, abrangendo dificuldades de comunicação e 
sinalização diferenciadas dos demais alunos, bem como altas 
habilidades ou superdotação. 
 
Os tipos de necessidades educacionais especiais, classificadas pelo 
Ministério de Educação, são1: 
 
 
 
 
• altas habilidades/superdotação; 
 
• autism; 
 
• condutas típicas; 
 
• deficiência física; 
 
• deficiência mental; 
 
• deficiência visual; 
 
• surdocegueira; 
 
• síndrome de Down; 
 
• deficiência auditiva. 
 
 
 
 
Neste curso, serão abordados aspectos relacionados aos surdos. 
 
Como devemos nos referir quando nos reportamos a uma pessoa que 
não ouve? Surdo, surdo-mudo, mudo, deficiente auditivo, portador de 
deficiência auditiva, pessoa portadora de deficiência auditiva, portadora 
de surdez? 
Unidade 1 – Texto Base 13 
 
 
 
 
 
Segundo Romeu Kazumi Sassaki2, 
 
“devemos parar de dizer ou escrever a palavra ‘portadora’ (como 
substantivo e como adjetivo). A condição de ter uma deficiência faz parte 
da pessoa e esta pessoa não porta sua deficiência. Ela tem uma 
deficiência. Tanto o verbo ‘portar’ como o substantivo ou adjetivo 
‘portadora’ não se aplicam a uma condição inata ou adquirida que está 
presente na pessoa. Uma pessoa só porta algo que ela possa não portar, 
deliberada ou casualmente. Por exemplo, uma pessoa pode portar um 
guarda-chuva se houver necessidade e deixá-lo em algum lugar por 
esquecimento ou por assim decidir. Não se pode fazer isto com uma 
deficiência, é claro”. 
 
 
 
 
Observa-se que culturalmente as pessoas com perda parcial da 
audição referem-se a si mesmas como tendo uma deficiência auditiva 
(D.A.). Aquelas que têm perda total da audição preferem serem 
chamadas de surdas. A expressão “deficiente” não costuma ser bem 
aceita, pois eles têm a mesma capacidade dos ouvintes para 
desenvolver suas habilidades. 
 
O que vem a ser a língua dos sinais? 
 
Desde a Antiguidade até o século XV acreditava-se que os surdos 
eram seres primitivos e não educáveis. No início do século XVI 
identificamos alguns relatos de pedagogos de diversos países 
europeus que trabalharam com surdos e diziam que eles podiam 
aprender, utilizando a estratégia da fala, entre outras, para 
compreender a língua falada e assim poder desenvolver o pensamento, 
adquirir conhecimentos, se comunicar com o mundo do ouvinte e poder 
expressar seu pensamento.Surgiram os professores, os preceptores que educavam em casa e 
desenvolviam técnicas para que os surdos pudessem dominar a 
oralidade, a habilidade da leitura labial e também usavam a escrita 
como um meio de comunicação. Esta preocupação em desenvolver a 
oralidade nos surdos foi chamada de abordagem oralista; esta se 
opunha ao uso de comunicação por sinais e alfabeto digital que era 
proibido. 
Unidade 1 – Texto Base 14 
 
 
 
 
 
Em 1815, Thomas H. Gallaudet, que era um professor americano 
interessado na educação de surdos, foi para a França e conheceu o 
abade L ‘Epèe que ao observar um grupo de surdos, iniciou um estudo 
sobre a língua dos sinais. E em 1817, os alunos do abade, Laurent 
Clerc e Thomas Gallaudet, fundam, nos EUA, uma escola permanente 
para surdos usando sinais e adaptando o francês para o inglês. 
 
No Brasil, em 1835, o deputado Cornélio França apresentou um projeto 
para criação de cargo de professor de surdos-mudos no Rio de 
Janeiro. Mas este atendimento somente foi implantado 22 anos depois. 
 
Em 1855 veio ao Brasil um professor francês surdo, Ernest Huet, que 
com a aprovação do imperador D. Pedro II, fundou a primeira escola 
para surdos em 1857, que hoje é conhecido como Instituto Nacional 
de Educação de Surdos (INES). Para essa escola vinham alunos de 
todo o país e eram educados na língua escrita e na língua dos sinais. E 
o alfabeto manual passou a ser conhecido e usado em todo território 
brasileiro. 
 
Em 1864 foi fundada a primeira universidade para surdos nos EUA, 
chamada Universidade Gallaudet. 
 
Em 1878 em um congresso em Paris os educadores consideravam a 
oralidade melhor que os sinais, mas admitiam o seu uso para a 
comunicação das crianças. E assim, a discussão sobre oralidade ou 
sinais começou a tomar forma e numa votação num congresso para 
educação de surdos em Milão, em 1880, o método oralista venceu o de 
sinais e a partir daí ficou proibido usar os sinais para a educação dos 
surdos. 
 
No início do século XX , o uso do oralismo ainda predominava na 
educação de surdos, no mundo. Foi na década de 60 que William 
Stokoe publicou um artigo em que demonstrava que a língua 
americana de sinais ( ASL) era uma língua com todas as 
características de uma língua oral. 
Unidade 1 – Texto Base 15 
 
 
 
 
 
Como havia muita insatisfação dos familiares dos surdos com a 
educação oral das crianças, pois os resultados ficavam a desejar, 
muitos educadores passaram a estudar novas formas de ensino. 
Chegaram a uma proposta que combinava os sinais e outros códigos 
manuais com o oralismo que deu origem a Comunicação Total que usa 
todas as formas possíveis de comunicação. A universidade de 
Gallaudet que usava o inglês sinalizado passou a adotar a 
Comunicação Total tornando-se um centro de pesquisa dessa forma de 
ensinar surdos. Assim, com a Comunicação Total, os surdos puderam 
ter acesso ao contato com sinais manuais antes proibidos. 
 
O uso da fala e dos sinais é completamente diferente. A língua dos 
sinais tem regras próprias diferentes da língua falada que não devem 
ser usadas ao mesmo tempo para a aprendizagem. O maior problema 
da Comunicação Total é que ela usa vários sistemas que não são 
línguas e o objetivo é que o surdo adquira a língua oral, pois há uma 
crença de que a língua oral é imprescindível para que o indivíduo surdo 
se adapte ao mundo em que vive, cuja maioria é de ouvintes. Podemos 
dizer que a Comunicação Total não está em oposição à utilização da 
língua oral, mas é um sistema complementar a ela. 
 
Com a reivindicação dos surdos pelo direito de usarem a língua dos 
sinais e a rejeição à Comunicação Total, alguns educadores 
propuseram uma abordagem bilíngue. O bilinguismo tem como 
proposta a aquisição pelo surdo da língua dos sinais, como primeira 
língua, pois ela é mais natural para o surdo e auxilia a comunicação e 
facilita a construção do conhecimento mais adequado e compatível 
com crianças ouvintes na mesma faixa etária e como segunda língua a 
língua oficial do seu país. 
 
O bilingüismo leva em conta que os surdos formam uma comunidade 
com cultura e língua próprias. Aprender a modalidade da língua oral 
não quer dizer que ele deve se aproximar ao máximo do padrão de 
normalidade. 
 
No Brasil, na década de 80, Ferreira Brito (1986) iniciou os estudos 
para descrição da Língua de Sinais do Brasil e Karnopp (1994) e 
Quadros (1995) começaram a estudar a aquisição da LIBRAS por 
crianças surdas. 
Unidade 1 – Texto Base 16 
 
 
 
 
 
Desde então, o olhar do surdo sobre sua língua tem mudado 
significativamente. Educadores, sociolinguistas, antropólogos têm 
demonstrado uma preocupação maior com questões educacionais, 
sociais, linguísticas e culturais do surdo. Em 2002, o Senado Federal 
reconheceu LIBRAS como língua oficial dos surdos. Isto foi muito 
importante pois torna legal ao surdo, ser educado em sua língua 
natural. Reconhecer o uso de LIBRAS pelos linguistas e pelos órgãos 
governamentais significa haver uma centralização na questão e um 
discurso voltado para formação de surdos em bilinguismo. 
 
Com a oficialização do uso de LIBRAS, tornou-se importante destacar 
as obrigações governamentais que asseguram: 
 
(...) a presença de profissionais intérpretes nos espaços formais e 
institucionais (...) e a inclusão da língua brasileira de sinais nos cursos 
de formação docentes e profissionais intérpretes, sendo optativo para o 
aluno ouvinte e obrigatório para a instituição de ensino (Diário Oficial, 
24/04/2002). 
 
A língua dos sinais é uma língua genuína, e evitar seu uso desta língua 
no ensino do surdo é aumentar a probabilidade de fracasso e também 
usar o direito ao cidadão, pertencente a qualquer comunidade 
linguística, de ser educado na sua própria língua. 
 
 
 
 
1 Fonte: http://portal.mec.gov.br/seesp/index.php?option=content&task=view&id=114 
 
2 Fonte: http://www.educacaoonline.pro.br/

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