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historia da africa apostila 2

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História da África: 
Questões Gerais 
Introdutórias
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Prof. Ms. Avelar Cezar Imamura
Revisão Textual:
Profa. Ms. Rosemary Toffoli
A Luta pela Soberania Política
5
• A luta pela soberania política
• A luta pela soberania política na África
• Colônias francesas, belgas, portuguesas e inglesas
 · Entender como os povos africanos lutaram pela sua independência, quem foram 
os dirigentes dessas lutas, as ideologias e estratégias utilizadas.
Leia atentamente o conteúdo desta Unidade, que lhe possibilitará conhecer as dimensões econômica, 
social e cultural do processo de independência nas nações do Continente Africano.
Você também encontrará nesta Unidade uma atividade composta por questões de múltipla escolha, 
relacionada ao conteúdo estudado. Além disso, terá a oportunidade de trocar conhecimentos e debater 
questões no fórum de discussão.
É extremante importante que você consulte os materiais complementares, pois são ricos em informações, 
possibilitando-lhe o aprofundamento de seus estudos sobre este assunto.
Bom estudo a todos!
A Luta pela Soberania Política
6
Unidade: A luta pela soberania política
Contextualização
Para iniciar, com base na ilustração abaixo, reflita sobre a partilha da África entre as nações 
europeias. Trata-se de uma representação dos interesses da Europa em relação à África, 
grande fornecedora de mão de obra escrava, usada especialmente na exploração do Novo 
Mundo, na América, entre os séculos XVI e XIX. 
A figura mostra a partilha da África pela Europa.
África ocidental francesa
Argélia Líbia
Egíto
Nigéria
Libéria Camarões
Angola
Madagascar
Sudão
anglo-egípcio
Etiópia
Quênia
Uganda
Marrocos
Países independentes
França
Inglaterra
Bélgica
Portugal
Espanha
Itálica
Saara
espanhol
Guiné
espanhola
Oceano
Atlântico
Oceano
Índico
União
Sul-africana
Sudoeste
africano
Rodésia
do norte
Somália
italiana
Tanganica
Congo
belga
Somália
britânica
Rodésia
do sulBechuana
lândia
Áf
ric
a e
qu
ato
ria
l fr
an
ce
sa
Alemanha
Fonte: Adaptado de washingtoncandido.wordpress.com
Oriente sua reflexão pelas seguintes questões:
De qual contexto histórico esta ilustração trata?
Quais protagonistas históricos a ilustração representa?
Qual mensagem a ilustração pretende transmitir?
Bom trabalho!
7
A Luta pela Soberania Política
“Tu não és um país, África,
Tu és uma ideia.
Conformada em nossos espíritos, cada qual com o seu.
Para esconder nossos medos, cada qual com os seus.
Para alimentar nossos sonhos, cada qual com os seus”.
(Davidson Abioseh Nicol, poeta e diplomata de Serra Leoa) 
Os anos decorridos desde 1935 constituem, em particular, um período da história durante 
o qual o mundo ocidental relembrou aos africanos, involuntariamente, a sua identidade 
pan-africana. Sabe-se que a identidade nigeriana, queniana ou marfinense não teria existido 
sem o colonialismo europeu. A Europa é, por conseguinte, a mãe ilegítima da consciência 
nacional dos nigerianos, quenianos e marfinenses; mas poderíamos igualmente dizer que o 
imperialismo ocidental é o pai ilegítimo da consciência pan-africana? (MAZRUI, 2010, p. 8) 
Se, na África, a consciência de classe resulta, parcialmente, da intensificação do capitalismo, 
a intensificação do imperialismo já suscitou em parte, nesse continente, uma consciência de 
raça. Da mesma forma que a exploração capitalista ajuda os trabalhadores a melhor tomarem 
coletivamente consciência de si mesmos enquanto trabalhadores, igualmente, o imperialismo 
europeu contribuiu, com o passar do tempo, a tornar os africanos colonizados coletivamente 
mais conscientes de si mesmos, enquanto povo colonizado. 
Nesse sentido, que o imperialismo europeu contribuiu, por exemplo, para que o país Kikuyu 
reconhecesse nos yoruba como seus “irmãos africanos” e contribuiu para que o povo da Argélia 
reconhecesse os zulu como compatriotas, em escala continental. (MAZRUI, 2010, p. 8).
O renascimento do nacionalismo
A luta pela soberania politica na África colonial pode ser contada em quatro etapas: a) 
Antes da Segunda Guerra Mundial, produziu-se uma fase de agitação das elites em favor de 
uma maior autonomia; b) seguiu-se um período de participação das massas na luta contra 
o nazismo e o fascismo; c) em seguida, após a Segunda Guerra Mundial, adveio a luta não 
violenta das massas por uma total independência; d) finalmente, sobreveio o combate armado 
na esfera política: a guerrilha contra os governos de minoria branca, sobretudo, a partir dos 
anos 1960 (MAZRUI, 2010b, p. 126).
Já no período denominado entreguerras surgiram, em algumas colônias, vários tipos de 
associações, fundamentadas na etnia ou no parentesco, nascidas ou da solidariedade existente 
no seio da mão de obra migrante urbanizada; ou, ainda, sob o efeito do ressentimento dos 
africanos ao sistema de exploração colonial. 
8
Unidade: A luta pela soberania política
As organizações que surgiram formavam um leque abrangendo desde a Associação Central 
dos Kikuyu, na África Oriental, até a Convenção pelo Renascimento Urhobo, na África 
Ocidental. Na África muçulmana, as organizações culturais estavam, por vezes, muito mais, 
ligadas à religião que à etnia. Dessa forma, em 1935, o sheik Abdal HamidBadis criou, na 
Argélia, a Associação dos “ulama” especialmente dedicada à defesa do islã em uma situação 
colonial (MAZRUI, 2010b, p. 126).
A agitação também tomou outras formas durante os anos do entreguerras. Em maio de 
1935, por exemplo, greves e motins de mineiros africanos eclodiram na Copper Belt, da 
Rodésia do Norte. Na Nigéria, diversos grupos de interesse começaram a se organizar. 
Na cidade de Lagos, essa febre de organização levou a criação das seguintes associações: 
Sindicato dos Leiloeiros de Lagos, em 1932; Associação dos Pescadores de Lagos, em 1937; 
Associação dos Motoristas de Táxi, em 1938; Sindicato dos Abatedores de Lagos, em 1938; 
Sindicato dos Jangadeiros de Lagos, em 1939; Sindicato das Mercadoras de Farinhas, em 
1940; Associação dos Mercadores de Vinho de Palma, em 1942; Sindicato dos Fosseiros de 
Lagos, em 1942 (MAZRUI, 2010b, p. 127).
Muitos desses movimentos do entreguerras eram formados por elites e alguns grupos de 
interesse possuíam um caráter urbano, mas já se percebia a entrada das massas na vida política 
desses Estados africanos que buscavam suas independências políticas.
Os métodos empregados contra o imperialismo durante esta fase tinham essencialmente 
um caráter não violento e fundavam-se na agitação; houve, entretanto, exceções, como a luta 
dos etíopes contra a ocupação italiana (1936-1941).
Durante a Segunda Guerra Mundial, o conjunto da África precisou escolher entre o imperialismo 
liberal e um imperialismo surgido do nazismo e do fascismo. O dilema foi particularmente forte 
nas colônias francesas, uma vez que a própria França estava submetida à ocupação e dividida em 
duas. Todo o continente africano participou amplamente da Segunda Guerra Mundial.
Tal Guerra desempenhou um papel ao enfraquecer as potências imperiais. A França 
foi humilhada pelos alemães e a sua derrota contribuiu para a destruição do mito da sua 
invencibilidade imperial. A Grã-Bretanha saiu empobrecida e esgotada da guerra durante a 
qual perdeu a vontade de conservar o domínio sobre um império muito grande. Cerca de 
pouco mais de dois anos após o fim do conflito mundial, a monarquia encabeçada pela rainha 
Elizabeth II (1926) foi obrigada a separar da “joia da Coroa britânica”, o império das Índias 
(MAZRUI, 2010b, p. 133). 
Ainda sobre a Segunda Guerra, pode-se afirmar que ela contribuiu para reforçar o papel 
mundial dos Estados Unidos e da União Soviética. Cada qual a sua maneira, as novas 
superpotências iniciaram uma pressão aoseuropeus, com o objetivo de fazê-los desmantelar 
os seus impérios, pois as superpotências possuíam seus próprios objetivos imperialistas para 
o pós-guerra.
O nascimento da Organização das Nações Unidas (ONU), em 1945, também contribuiu 
para o processo de descolonização no mundo todo. À medida que a ONU se tornava mais 
representativa, o colonialismo perdia pouco a pouco a sua legitimidade. Praticamente cada 
um dos Estados que se tornaram membros das Nações Unidas protestavam contra os velhos 
sistemas imperiais (MAZRUI, 2010b, p. 133).
9
Entretanto, a mais potente força de oposição ao colonialismo na África era formada pelos 
próprios africanos que começavam a se organizar melhor, a formular mais claramente suas 
exigências e a se armar melhor para a luta.
No transcorrer desse período, a resistência africana obedece a muitas tradições: a tradição 
guerreira, a tradição da jihad, a tradição da revolta cristã, a tradição da mobilização não 
violenta e a tradição da guerrilha (MAZRUI, 2010b, p. 134).
A luta pela soberania política na África
Até a primeira metade do século XX, a África vivia sob o domínio colonial de diversos países 
europeus, especialmente Inglaterra e França. Cenário que passou a se modificar após o final 
da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), quando os países africanos foram conquistando 
suas independências, sendo a maioria no período entre 1956 e 1966. 
Além de casos tardios como os de Moçambique, Cabo Verde, Ilhas Comores, São Tomé 
e Príncipe e Angola, todos em 1975 e até então sob domínio de Portugal. E Djibuti (1977) e 
Zimbábue (1980), respectivamente subjugados por França e Inglaterra.
Essa luta pela soberania política na África se desencadeou com a luta dos movimentos 
emancipacionistas locais, que buscavam a independência de seus países. Outro fator que 
pesou nessa busca foi a delicada situação econômica das tradicionais potências europeias no 
pós-guerra, o que dificultava a manutenção do domínio colonial por meio de forças militares. 
(COTRIM, 2009, p.507)
Ressalta-se que, ao mesmo tempo, a opinião pública da Europa desenvolveu uma consciência 
anticolonialista: acreditava ser uma contradição os governos inimigos da opressão nazi-facista 
manter oprimidos os povos colonizados. Depois da Segunda Guerra, essa situação tornou-
se constrangedora. A descolonização também foi bandeira das duas grandes potências do 
pós-guerra: Estados Unidos e a então União Soviética. Outro aliado para se conseguir essa 
soberania política e territorial foi a ONU (Organização das Nações Unidas), fórum internacional 
contra o colonialismo, e fundamentada na autodeterminação dos povos.
Mas essa ruptura com os laços coloniais, os processos de independência na África, 
desdobraram-se em lutas internas, que envolveram movimentos políticos e/ou grupos étnicos 
rivais, que passaram a disputar o controle do governo nas diferentes regiões do continente. 
É possível citar pelo menos dois tipos de descolonização:
• Ruptura Pacífica: mediante acordos firmados com a metrópole, que apesar de 
reconhecer formalmente a emancipação política das colônias, procurava preservar as 
relações de dominação.
• Ruptura violenta: alcançada através de conflitos, com metrópole e as tropas de 
libertação das colônias medindo forças. 
10
Unidade: A luta pela soberania política
Desdobramentos pós-coloniais na África
Com o fim da Segunda Guerra Mundial, os países africanos foram conquistando sua 
independência, a maioria no período entre 1956 e 1966. No ano de 1955, a Indonésia (na 
Ásia), sediou a Conferência Afro-Asiática de Bandung, importante marco na organização 
política dos países do Terceiro Mundo (países subdesenvolvidos). Nessa conferência, os 
integrantes dos 29 países participantes rejeitaram a divisão mundial nos blocos socialistas 
(pró-União Soviética) e capitalistas (pró-Estados Unidos). E defenderam uma política de não-
realinhamento automático com as superpotências (COTRIM, 2009, p.513).
Esses países também condenaram o racismo, a corrida armamentista e proclamaram o Direito 
de Autodeterminação Política, reprovando o colonialismo (dominação direta da metrópole 
sobre a colônia) e o neocolonialismo (dominação mascarada, realizada por meio de práticas 
econômicas imperialistas). Afirmaram, ainda, que a submissão imposta aos povos afro-asiáticos 
era uma negação dos direitos fundamentais do homem e estava em contradição com a Carta das 
Nações Unidas, sendo um obstáculo à paz e à cooperação mundial (COTRIM, 2009, p.513).
Após a Conferência de Bandung, 18 países africanos conquistaram sua independência já em 
1960. E entre 1961 a 1980, outros 22 países também alcançaram sua emancipação política.
Por outro lado, a casa imperial da Etiópia foi relativamente lenta em reconhecer seu país 
como país africano. Por muito tempo, os soberanos etíopes preferiram se considerar integrantes 
do Oriente Médio e não da África. No entanto, em 1935, aconteceu a humilhante ocupação da 
Etiópia pela Itália. O restante da África e todo o mundo negro sofreram com os acontecimentos. 
Contudo, a partir de então, a Etiópia descobriu-se participante da condição africana. O triste 
episódio tornou-se um estímulo suplementar para a consolidação de uma identidade pan-africana. 
Em outro front, o imperador Haile Selassie mergulhou em uma experiência similar àquela 
que havia sido imposta a outros soberanos africanos, trinta ou cinquenta anos antes, a ocupação 
direta de seu território e a submissão de seu povo pelos europeus. Assim, nasceu uma nova 
consciência da casa real da Etiópia, sob o efeito do choque produzido pela descoberta de si 
mesma, enquanto dinastia africana reinando sobre um povo africano. 
Nesse sentido, Haile Selassie se tornaria um dos pais fundadores do pan-africanismo pós-colonial 
e, sob muitos aspectos, seu mais eminente representante. Assim, uma vez mais, os excessos da 
Europa imperial prepararam o caminho a algo diferentemente positivo, o esplendor de uma nova 
identidade pan-africana cresceu sobre a sórdida miséria do racismo europeu (MAZRUI, 2010, p. 10).
O imperador Haile Selassie eleva-se contra a agressão da Etiópia pela Itália. 
Fonte: Museu do Palácio das Nações, Genebra. Foto: L. Bianco
11
Colônias francesas, belgas, portuguesas e inglesas
O domínio da França na Argélia
O governo francês procurou negociar maneiras pacíficas para fazer a ruptura com suas diversas 
colônias, como foram os casos de Camarões, Senegal, Madagascar, Costa do Marfim e Mauritânia. 
Tanto que, em 1960, quase todo o império colonial francês na África havia sido desfeito.
Ressalte-se que a invasão da França na Argélia se deu em 1830, tendo como intenção 
dominar o litoral daquele país. A dominação definitiva e total aconteceu, porém, só em 1857, 
ano em que os franceses fincaram raízes no território argelino. 
Assim como em outros países africanos colonizados por europeus, a luta pela independência 
na Argélia se intensificou após a Segunda Guerra Mundial, com um levante em 1945, 
violentamente reprimido pelos franceses. Os 10% da população de origem francesa que morava 
na Argélia e que controlava a vida política e econômica do país não queriam a separação da 
França. Por isso, resistiu à FLN (Frente de Libertação Nacional), organizada em 1954, dando 
início à luta armada contra a dominação francesa.
Em 1961, o presidente francês Charles de Gualle, obteve, por meio de um referendo 
popular, “carta branca” para negociar a paz na Argélia com a FLN. Apesar da resistência 
interna de grupos sociais conservadores, De Gaulle assinou, em 1962, o Acordo de Evian, 
que reconheceu a independência da Argélia (COTRIM, 2009, p.514). O saldo desse conflito 
foi a morte de aproximadamente 25 mil soldados franceses e de 1 milhão de pessoas da 
Frente de Libertação Nacional. Sem contar que perto de 1 milhão de franceses deixaram 
a Argélia, retornando à França. Naquelemesmo ano de 1962, a Argélia passou a ser 
governada por Ahmed Bem Bella, representante da FLN, até então, único partido do país. 
O multipartidarismo na Argélia só passou a ser adotado e aceito em 1989, e a primeira 
eleição presidencial se deu em 1991.
A violência belga no Congo
No Congo, região sob dominação belga, o movimento de independência também foi marcado 
pela violência, em função de conflitos entre os grupos políticos locais, que se chocavam com os 
interesses internacionais por causa da disputa pelas riquezas da região (COTRIM, 2009, p. 514).
Em 1960, o líder do Movimento Nacional Congolês, Patrice Lumumba, proclamou a 
independência do país. Fato que deu início a movimentos separatistas em outras províncias 
do Congo, dentre elas Catanga, liderada por MoiseTshombe, apoiado por belgas interessados 
nas riquezas minerais do Congo.
O Congo é um dos principais exploradores de uma específica mistura mineral chamada 
columbita-tantalita, ou apenas “coltan”, essencial para as indústrias de eletrônicos. Resiste ao 
calor e é capaz de armazenar energia, quando refinada em pó. Há poucos anos, o coltan, junto 
do tungstênio, estanho e ouro, foram classificados como “mineral de conflito”.
(Vinícius Gomes, Revista Fórum Semanal, edição 6 de junho de 2014)
12
Unidade: A luta pela soberania política
Para manter a unidade do país, Lumumba solicitou ajuda às forças internacionais da ONU. 
Como não conseguiu o apoio, recorreu à antiga União Soviética, provocando reação dos grupos 
ligados ao bloco capitalista (liderado pelos Estados Unidos). O então chefe do exército do Congo, 
coronel Mobutu, assumiu o comando do país, prendeu Lumumba, levando-o para Catanga, sendo 
assassinado em fevereiro de 1961. 
Quatro anos mais tarde, Mobutu se impôs como ditador e, em 1965, o Congo passou a ser 
chamado oficialmente de República do Zaire, governando o país até 1997. Nesse ano, uma rebelião 
liderada por Laurent Kabila derrubou Mobutu. Com sua deposição, Kabila passa a governar e 
retoma o antigo nome do país: República Democrática do Congo. Fato que não impediu que as 
disputas étnicas e políticas continuassem e provocassem outros conflitos violentos no país.
A Revolução dos Cravos e as colônias portuguesas
Na África, uma das últimas regiões a conquistar sua independência política foi a que estava 
diretamente ligada à dominação do governo de Portugal. Um fator que contribuiu para esse 
cenário foi a administração do ditador António de Oliveira Salazar, que governou Portugal de 
1932 a 1968. Apesar da morte de Salazar, o Salazarismo foi prorrogado por seu sucessor, 
Marcelo Caetano, até 1974, quando em abril daquele ano, Portugal viveu o que ficou conhecido 
por Revolução dos Cravos.
O levante popular pregava o retorno da democracia em Portugal e o fim do colonialismo. 
Abrindo-se, assim, a independência das colônias portugueses de Guiné Bissau, Cabo Verde, São 
Tomé e Príncipe, Moçambique e Angola. O levante popular recebeu o nome de Revolução dos 
Cravos porque a população saiu às ruas para comemorar o fim da ditadura de 48 anos, com 
a distribuição em forma de agradecimento de cravos, a flor nacional, aos soldados rebeldes. 
(COTRIM, 2009, P.514).
África do Sul e o Apartheid
Desde o século XIX, a minoria branca de origem europeia (19% da população) dominou a 
África do Sul e promoveu a independência política do país. No entanto, esse governo de minoria 
rompeu com a dominação colonial inglesa e impôs à maioria da população negra o regime 
segregacionista racial denominado apartheid.
Esse regime racista da África do Sul foi oficializado desde 1948 (também no período pós 
Segunda Guerra Mundial) evidentemente provocou a indignação de grande parcela da opinião 
pública internacional e gerou inúmeras revoltas dos grupos negros. Muitas dessas revoltas e 
manifestações foram lideradas por Nelson Mandela (que ficou preso durante 27 anos e faleceu 
logo após a Copa do Mundo da África do Sul, em 2010).
Apenas em junho de 1991, o governo da África do Sul cedeu às pressões antirracistas e revogou 
o apartheid. As mudanças foram decididas no governo do presidente Frederik de Klerk (de origem 
branca), que implementou reformas democráticas. E, em 22 de dezembro de 1993, o Parlamento 
(até então dominado por brancos) aprovou o projeto de Constituição, que estabelecia a democracia 
plena na África do Sul e o fim do apartheid (COTRIM, 2009, p.515). 
Em 25 de maio de 1994, após a primeira eleição com votação multirraciais, o ex-preso e ativista 
político Nelson Mandela foi eleito o primeiro presidente negro da África do Sul. Encerrando o 
então secular domínio político dos brancos.
13
Um continente, diversas nações
Pode-se afirmar que a África é, ao mesmo tempo, mais que um país e menos que um país. 
Mais de cinquenta entidades territoriais, com fronteiras artificialmente criadas pela Europa 
passaram a levar o nome de “nação”. Todas, salvo a República Sul Africana e a Namíbia, 
tinham nos anos 1980 aderido a uma organização internacional denominada Organização 
pela Unidade Africana (OUA). Sim, a África é uma ideia, fecundada pelos sonhos de milhões 
de seres humanos (MAZRUI, 2010, p. 10)
Ressalte-se, ainda, que o maior serviço que a Europa prestou aos povos da África não 
foi trazer-lhes a civilização ocidental, atualmente encurralada; nem mesmo o Cristianismo, 
atualmente na defensiva. A contribuição suprema feita pela Europa diz respeito à identidade 
africana, dom concedido sem amenidades nem intenção, o que não a torna menos real. E isso 
é particularmente verdadeiro já no século XX. (MAZRUI, 2010, p. 11).
Mas como, então, a Europa pan-africanizou a África? De que modo pode-se dizer que o 
sentimento de identidade africana, experimentado pelos africanos de hoje, nasceu da interação 
produzida na história entre eles e os europeus? 
De fato, certo número de processos, ligados uns aos outros, operaram-se simultaneamente. 
Primeiramente e antes de tudo, há o triunfo da cartografia europeia na história científica e 
intelectual mundial. Foram os europeus que deram nome à maioria dos continentes e oceanos, 
a muitos grandes rios e lagos, bem como à maioria dos países. A Europa fixou a posição do 
mundo de tal maneira que chega-se a pensar o continente europeu como situado acima da 
África. Foi a Europa a determinadora da fixação do tempo no mundo: a hora universal se 
determina a partir do meridiano de Greenwich. A denominação dos trópicos de Câncer e 
Capricórnio também foram nomes vindos da Europa. (MAZRUI, 2010, p.11)
Também, de maneira geral, foram os europeus os responsáveis por decidirem um 
continente do planeta e onde tinha início outro. Em relação à África, decidiram que o 
continente acabava no mar Vermelho e não no Golfo Pérsico. Os europeus talvez não 
tenham inventado a palavra “África”, mas desempenharam um papel decisivo na aplicação 
desse termo à massa terrestre continental por hoje reconhecida sob essa denominação. 
(MAZRUI, 2010, p.11)
O segundo processo através do qual a Europa contribuiu para a africanização da África 
é aquele relativo ao racismo. O racismo manifestou-se de modo particularmente marcante 
na maneira pela qual as populações negras do continente foram tratadas. A humilhação e 
o rebaixamento de que os africanos negros foram vítimas, por razões raciais, no curso dos 
séculos, contribuíram a levá-los a se reconhecerem mutuamente como “irmãos africanos”. 
(MAZRUI, 2010, p.12)
O racismo estava ligado ao imperialismo e à colonização. Foram eles os responsáveis 
pelo surgimento de uma identidade africana comum e forte para organizarem-se durante 
esse período de luta e busca pela soberania política, do movimento conhecido como pan-
africanismo. Trata-se do que expressava o Tanzaniano JuliusK. Nyerere quando declarava: 
“Sobre todo o continente, sem que uma palavra sequer tenha sido trocada de indivíduo a outro 
ou de país a outro, osafricanos olhavam a Europa, observavam-se uns aos outros e sabiam 
que, face ao europeu, eles eram apenas um” (MAZRUI, 2010, p. 10).
14
Unidade: A luta pela soberania política
A consciência negra, ao sul do Saara, constitui um aspecto da identidade africana – mas 
essa mesma consciência negra surgiu como uma reação à arrogância racial dos europeus. Ela 
atingiu a dimensão continental após a invasão da Etiópia, conforme já dissemos, em 1935. 
A negritude, movimento intelectual e literário, nasceu da arrogância cultural específica do 
imperialismo francês. Eis o pano de fundo do processo pelo qual a Europa “pan-africanizou” 
a África. (MAZRUI, 2010, p. 12).
Cronologia da Independência da África
1846
Independência da Libéria
1957
Gana é o primeiro país da África Negra a tornar-se independente
1958
Independência da Guiné
1960
Independência do Congo
Independência da Costa do Marfim
Independência do Gabão
Independência do Mali
Independência do Niger
Independência da Nigéria
Independência do Senegal
Independência da Somália
Independência do Zaire
1961
Independência de Serra Leoa
Independência de Serra Leoa
1962
Independência da Argélia
Independência de Burundi
1963
Independência do Quênia
1973
Independência da Guiné-Bissau
1975
Independência de Angola
Independência do Benin
Independência de Cabo Verde
Independência da Etiópia
Independência de Moçambique
Independência de São Tomé e Príncipe
1980
Independência do Zimbábue
1990
Independência da Namíbia
Fonte: MAZRUI, 2010, p.128-131
15
Glossário
Apartheid: termo empregado para designar a separação racial imposta aos negros 
pela maioria branca na África do Sul.
Conferência Afro-Asiática de Bandung: o nome com o qual ficou conhecido 
encontro ocorrido nessa cidade da Indonésia, entre 18 e 24 de abril de 1955 e que 
reuniu os líderes de 29 estados asiáticos e africanos, responsáveis pelos destinos de 
1,3 bilhão de pessoas. O objetivo era promover cooperação econômica e cultural de 
perfil afro-asiático, buscando fazer frente ao que na época se percebia como atitude 
neocolonialista das duas grandes potências, Estados Unidos e a então União Soviética, 
bem como de outras nações influentes que também exerciam o que consideravam 
imperialismo, ou seja, promoção indiscriminada de seus próprios valores em detrimento 
dos valores cultivados pelos povos em desenvolvimento.
Direito de Autodeterminação Política: Direito que possui um povo/nação para 
se auto-organizar, estabelecendo suas normas de convivência e organização política, 
social, econômica e cultural de modo autônomo sem a interferência de qualquer outro 
ente de poder. Pode se comparar à soberania.
Jihad: termo de origem árabe que significa “luta”, “esforço” ou empenho.
Pan-Africanismo: é um movimento de caráter social, filosófico e político, que busca 
defender os direitos do povo africano através da construção de um único Estado soberano.
Referendo Popular: uma forma de consulta popular sobre um assunto de grande 
relevância, na qual o povo manifesta-se sobre uma lei após esta estar constituída. Dessa 
forma, o cidadão apenas ratifica ou rejeita o que lhe é submetido em votação.
Salazarismo: regime ditatorial comandando por Antonio de Oliveira Salazar, que em 1932 
impôs uma nova carta constitucional com traços explicitamente inspirados nos ditames do 
fascismo italiano. O novo documento estabeleceu a censura dos meios de comunicação, a 
proibição dos movimentos grevistas e a criação de um sistema político unipartidário. 
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Unidade: A luta pela soberania política
Material Complementar
Para complementar os conhecimentos adquiridos nesta Unidade, leia as seguintes obras:
Livros:
A África na sala de aula: 
https://books.google.com.br/books?id=8bwx1_foaVwC&printsec=frontcover&hl=pt-br&source=gbs_ge_summary_r&cad=0#v=onepage&q&f=true
História Geral da África, VIII: África desde 1935:
http://portaldoprofessor.mec.gov.br/storage/materiais/0000015111.pdf
Ambos enriquecerão sua compreensão sobre os aspectos da descolonização e os processos 
de independência da África.
Boa leitura! 
17
Referências
COTRIM, Gilberto. História global: Brasil e geral. Volume único. 9ªedição. São Paulo: 
Editora Ática, 2009.
GOMES, Vinícius. Os minerais de “conflito” do Congo. Revista Fórum Semanal, 165ª 
edição de 6 de junho de 2014.
HERNANDES, Leila Leite. A África na sala de aula: visita à História Contemporânea. São 
Paulo: Selo Negro, 2005.
MAZRUI, Ali A. Introdução. In: MAZRUI, Ali A.; WONDI, Christophe. História geral da 
África, VIII: África desde 1935. Brasília: Unesco, 2010.
MAZRUI, Ali A. “Procurai primeiramente o reino político...”. In: MAZRUI, Ali A.; WONDI, 
Christophe. História geral da África, VIII: África desde 1935. Brasília: Unesco, 2010b.
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Unidade: A luta pela soberania política
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