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G1 – Responsabilidade Civil AULA 1 – Princípios Gerais de Responsabilidade civil Origens históricas •Talião -> Lei das XII Tábuas (século V a.C.) •Lex Poetelia Papiria (326 a.C.) - nexum •Lex Aquilia (286 a.C.) •Ulpiano (150 d.C.): honeste vivere, neminen laedere, suum cuique tribuere •Summa divisio: pena (público) e reparação (privado) •SEC. XVIII – responsabilidade (Code) Quem paga pelos danos? LIBERDADE -> SOLIDARIEDADE Tipos de Responsabilidade FATO: - Civil - Penal - Administrativa Efeitos da sentença criminal - independência das esferas •Código Civil Art. 935 •Código Penal Art. 91, I •Código de Processo Penal Arts. 65, 66 e 67 - concomitância de ações cíveis e criminais: suspensão (CPP art. 64, PU) e prescrição (CC arts. 200 e 206 § 3º.) Funções da responsabilidade civil: REPARATORIA – PUNITIVA – PEDAGOGICA – PREVENTIVA - GERENCIAMENTO DOS DANOS - POLÍTICA PÚBLICA Função ressarcitória Código Civil “Art. 944 – A indenização mede-se pela extensão do dano.” CF art. 5º. V e X Princípio da reparação integral Princípio da garantia CC Art. 942 – “Os bens do responsável (...) ficam sujeitos à reparação do dano...” CC Art. 391 – “Pelo inadimplemento...” CF Art. 5⁰. LXVII – Pacto San Jose da Costa Rica Legitimidade ativa e passiva – quem é a vítima e quem responde? O dano pode ficar sem reparação? Ações indenizatórias an debeatur -> quantum debeatur CC Art. 943 – transmissibilidade da obrigação de indenizar Arts. 944 ss – indenização e sua liquidação Responsabilidade civil e seguridade social •Art. 787 – contrato em que o segurador garante o pagamento de perdas e danos devidos pelo segurado a terceiro •Art. 787 – seguros de responsabilidade legalmente obrigatórios Ex. DPVAT AULA 2 - Elementos da responsabilidade civil – I. A culpa Responsabilidade subjetiva Cláusula geral: CC Art. 186 – Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. CC Art. 927 – Aquele que, por ato ilícito, causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo. Conduta culposa •Conduta – comportamento •Vontade – elemento propulsor Voluntariedade, intenção – vontade dirigida a um fim (dolo) Não há vontade, nos atos reflexos e em casos de coação física (vis compulsiva) Dolo •Representação do resultado •Consciência da ilicitude ≠ defeito do negócio jurídico Direito Penal – relevância da distinção CC art. 403 – função reparatória Culpa Estado de ânimo do sujeito. “pecado jurídico” É a justificativa ética do dever de indenizar Exercício ilegítimo da liberdade Violação de dever de cuidado – erro de conduta Características: - Previsibilidade do dano - Consciência da lesão ao direito alheio - Reprovabilidade moral da conduta Elementos da conduta culposa - Conduta voluntária (resultado não) - Previsão ou previsibilidade - Falta de cuidado, diligência, atenção Conduta culposa: formas imprudência - Falta de cautela por conduta comissiva (ação) negligência - Falta de cautela por conduta omissiva (omissão) imperícia - Falta de habilidade no exercício de atividade técnica Como aferir a culpa? •O problema do Bonus pater familiae ou reasonable man. •Culpa normativa – juízo de comparação entre a conduta concreta do sujeito e o modelo abstrato de comportamento. •O agente é considerado responsável não por ter agido de forma reprovável, no sentido moral, mas por ter deixado de empregar a diligência social média. •Culpa concorrente e fato exclusivo da vítima ou de 3º. Objetivação da responsabilidade •Prova diabólica •Necessidade de garantir a reparação da vítima •Multiplicação dos danos •Responsabilidade por culpa presumida – Ex. Sum STF v. 341 (responsabilidade do preponente por atos do preposto) > CC arts. 932, III e 933 Responsabilidade objetiva: evolução legislativa Decreto n. 2.681⁄12 - Lei de Estradas de Ferro CC 1916 - art. 1.529 Decreto-Lei n. 227/67 – mineração Lei n. 6.453⁄77 – atividades nucleares Lei n. 6.938/81 – meio ambiente Lei n. 7.565⁄86 - Código Brasileiro de Aeronáutica CF 1988 – art. 7º, XXVIII; art.21, XXIII; art. 37 §6º Lei n. 8.078⁄90 – Código de Defesa do Consumidor CC 2002 – art. 927 PU (cláusula geral); arts. 928; 931; 932; 933; 734; 936; 937 Cláusula geral Art. 927 Parágrafo único: Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem. Elementos da responsabilidade objetiva Nexo -> dano -> fato Tendência de objetivação da responsabilidade Culpa -> risco Agente -> vítima Conduta -> dano Teoria do risco •Risco criado •Risco proveito •Risco do empreendimento •Risco profissional •Risco excepcional •Risco integral AULA 3 - Elementos da responsabilidade civil – II. Nexo de Causalidade Nexo: elemento lógico-normativo •Vínculo que se estabelece entre dois eventos, de modo que um represente consequência do outro •Relação de causa e efeito entre a conduta e o resultado •Causalidade jurídica ≠ natural ou lógica •Exige-se sua demonstração em ambas as espécies de responsabilidade civil O que é causa? : Direta, Adequada, Eficiente, Necessária, Imediata, Exclusiva Direito positivo CC Art. 403 “Ainda que a inexecução resulte de dolo do devedor, as perdas e danos só incluem os prejuízos efetivos e os lucros cessantes por efeito dela direto e imediato, sem prejuízo do disposto na lei processual.” Teorias da causalidade - Equivalência das condições - Causalidade adequada - Causalidade direta ou imediata - Causalidade eficiente Equivalência das condições •conditio sine qua non •todas as condições do dano se equivalem, consistindo todos os antecedentes que concorreram de alguma maneira para a sua realização em causas do prejuízo. •suprimida uma delas, o dano não se verifica; Causalidade adequada •A causa de um evento consiste na causa mais apta, em abstrato, à produção daquele resultado. •Na presença de mais de uma possível causa, a teoria procura determinar qual delas, independentemente das demais, é potencialmente apta a produzir os efeitos danosos. •As demais condições seriam circunstâncias não causais. •A causa será “adequada” se o efeito produzido sempre se verifica em casos daquela espécie, e não será, se decorrente de circunstâncias específicas. Causalidade eficiente O juízo sobre a causalidade se faz em concreto, apontando qual, dentre as diversas causas, foi a mais eficiente na determinação do dano. Causalidade direta e imediata •ou interrupção do nexo causal •Causa jurídica é apenas o evento que se vincula diretamente ao dano, sem a interferência de outra condição sucessiva. •Serão relevantes os acontecimentos mais próximos da geração do prejuízo. •Podem se identificar danos indiretos, passíveis de ressarcimento, desde que sejam consequência necessária da conduta tomada como causa. •Necessariedade – o evento danoso é consequência necessária de certa causa. Causalidade alternativa Incerteza causal Causalidade “anônima” – somente é possível identificar o grupo de onde partiu o evento lesivo Presunção de causalidade Solidariedade – todos os envolvidos respondem em conjunto Excludentes de responsabilidade •Fato (culpa) de terceiro ou da vítima •Caso fortuito – Art.393 pu. : evento imprevisível e inevitável. Pode ser interno ou externo (equipara-se à força maior) •Força maior – evento inevitável, previsível ou não Na responsabilidade objetiva, só o fortuito externo constitui dirimente. O problema das concausas Circunstâncias que concorrem para o agravamento do dano, não rompem o nexo causal, nem são capazes de, por si sós, produzir o dano. •sucessivas (uma direta + outras indiretas); •simultâneas (todas diretas e concorrentes) ou concomitantes > exclusão pela preponderância ou repartição do dever de indenizar; •preexistentes– thin skull rule (CC Art. 944 PU) AULA 4 - Elementos da responsabilidade civil – III. O dano O que é dano? Dano, no sentido jurídico, não equivale ao dano no sentido material. Nem todo prejuízo é ressarcível. Ex. exercício regular de direito. É a lesão a um interesse juridicamente tutelado. Características do dano ressarcível - injusto, certo, atual, pessoal, direto. Tipos de danos: material, moral, contratual, delitual, coletivo, individual. A prova do dano •De um mesmo fato podem surgir danos de diferentes tipos: morais e materiais. •Na responsabilidade contratual, a culpa se presume, o dano, não. •A falácia do dano in re ipsa (deriva necessariamente do fato lesivo) Dano material, patrimonial ou dano como prejuízo: teoria da diferença Patrimônio da vítima antes do fato - Patrimônio da vítima após o fato = DANO Ressarcibilidade do dano extrapatrimonial 1ª. fase: negativista – pretium doloris 2ª. fase: 1966 (leading case) – “perderam, no mínimo, tudo quanto investiram na educação dos filhos” (STF) Sum. 491 – “é indenizável o acidente que causa morte do filho menor, ainda que não exerça trabalho remunerado” (1969). Não se admitia cumulação com material. 3ª. fase: 1988 – Constituição Federal - pleno reconhecimento e autonomia Previsão legal CF Art. 5º., X – “São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o Direito à indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação. CC Art. 186 – “Aquele que causar dano (...) ainda que exclusivamente moral”. CDC Art. 6º. VI – “a efetiva reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos”. O que (não) é dano moral Visão negativa – “é o dano não patrimonial” Cavalieri: “vilão da responsabilidade civil” A. Dias: “É a reação psicológica à injúria, são as dores físicas e morais que o homem experimenta em face da lesão.” Fundamento: dignidade da pessoa humana DIGNUS – aquele que merece estima e honra, aquele que é importante São preceitos da dignidade: respeito à integridade física e psíquica, pressupostos mínimos para vida, respeito pela liberdade Direitos da personalidade: necessidade de dar concretude à dignidade da pessoa humana Os direitos da personalidade são... : inatos, extrapatrimoniais, absolutos, indisponíveis, impenhoráveis, irrenunciáveis, imprescritíveis, intransmissíveis. Caracterização do dano moral Art. 12 – tutela específica e impossibilidade de ressarcimento (status quo ante) PU - Embora se extingam com a morte do titular e sejam intransmissíveis, a lei dá legitimidade aos parentes para garantir a proteção da personalidade depois da morte. Cláusula geral de tutela da pessoa •Tipicidade: não pode haver numerus clausus de hipóteses tuteladas, tutelado é o valor da pessoa, sem limites. •Atipicidade – não se pode negar tutela a quem requeira garantia sobre um aspecto da sua existência para o qual não há previsão específica Fundamento jurídico da dignidade da pessoa humana Quais os atributos intrínsecos à pessoa humana cuja proteção o Direito deve promover? •direito à igualdade •direito à integridade psicofísica •direito à liberdade •direito de solidariedade social Problema: como selecionar os danos morais ressarcíveis Pode ser identificado em todas as espécies de responsabilidade: subjetiva ou objetiva, contratual ou aquiliana. Não há previsão das hipóteses de violação, mas cláusula geral de ressarcimento de danos. “indústria do dano moral” e novos danos “... não se percebe de que forma o uso inconsentido da imagem da autora pode ter-lhe acarretado dor, tristeza, mágoa, sofrimento, vexame, humilhação. Pelo contrário, a exibição de seu belo corpo, do qual ela, com justificada razão, certamente muito se orgulha, naturalmente lhe proporcionou muita alegria, júbilo, contentamento, satisfação, exaltação, felicidade, que só não foi completa porque falou o pagamento do valor a que tem direito pelo uso inconsentido da sua imagem. Só mulher feia pode se sentir humilhada, constrangida, vexada em ver seu corpo desnudo estampado em jornais ou em revistas. As bonitas, não. Fosse a autora uma mulher feia, gorda, cheia de estrias, de celulite, de culote e de pelancas, a publicação da sua fotografia desnuda – ou quase – em jornal de grande circulação certamente lhe acarretaria um grande vexame, muita humilhação, constrangimento enorme, sofrimentos sem conta, a justificar – aí sim – o seu pedido de indenização de dano moral, a lhe servir de lenitivo para o mal sofrido. Tratando-se, porém, de uma das mulheres mais bonitas do Brasil, nada justifica pedido dessa natureza, exatamente pela inexistência, aqui, de dano moral a ser indenizado. (TJRJ, II Grupo de CC, Embargos Infringentes n. 250/1999, Rel. Des. Wilson Marques, julg. 29/9/1999) Pressupostos para o reconhecimento do dano moral •lesão a um interesse extrapatrimonial # consequência extrapatrimonial da lesão a um interesse qualquer •“dor, humilhação, constrangimento, mero aborrecimento...” – não caracterizam o dano moral, sendo apenas consequentes •STJ Sum. v. 37 - “São cumuláveis as indenizações por dano material e dano moral, oriundos do mesmo fato.” Outras questões •CC Art. 52. “A pessoa jurídica pode sofrer dano moral” (STJ Sum. v. 227) •Dano estético: moral ou material? •“É lícita a cumulação das indenizações de dano estético e dano moral.” (STJ Sum. v. 387) Liquidação do dano material •Arts. 402 e 403: perdas e danos •efeitos da lesão: positivo, dos danos emergentes (quanto efetivamente perdeu) e negativo, lucros cessantes (quanto razoavelmente deixou de lucrar) Arbitramento do dano moral •Indenização ou ressarcimento ≠ reparação ou compensação •CC Art. 950 PU e Art. 953 PU •O problema da quantificação. Parâmetros jurisprudenciais: gravidade do dano, capacidade econômica da vítima, grau de culpa do ofensor, capacidade econômica do causador do dano Limites •Sum STJ v. 281 – “A indenização por dano moral não está sujeita à tarifação prevista na Lei de Imprensa”. •Punitive damages. (i) “pena privada” sem previsão legal; (ii) caráter indenizatório da responsabilidade civil – inteligência do CC art. 944; (iii) falta das garantias do processo penal; (iv) destinatário da “pena” é a vítima. Reparação não pecuniária RELAÇÃO DE CONSUMO. AMPLA. FORNECIMENTO DE ENERGIA ELÉTRICA. INTERRUPÇÃO. AUSÊNCIA DE COMUNICADO DE PRÉVIA PERÍCIA. DANO MORAL. FALHA DO SERVIÇO. VEICULAÇÃO DE PEDIDO DE DESCULPAS. Como faz ver ANDERSON SCHREIBER, "bem vistas as coisas, a tão combatida inversão axiológica - por meio da qual a dignidade humana e os interesses existenciais passam a ser invocados visando à obtenção de ganhos pecuniários -, tem como causa imediata não o desenvolvimento social de ideologias reparatórias ou um processo coletivo de vitimização, mas a inércia da própria comunidade jurídica, que insiste em oferecer às vítimas destes danos, como só solução, o pagamento de uma soma em dinheiro, estimulando necessariamente sentimentos mercenários". Daí, com o objetivo de enfrentar estas dificuldades é que diversas culturas jurídicas vêm experimentando, ainda que de forma tímida, um movimento de despatrimonialização, não já do dano, mas da sua reparação. Busca-se, assim, atribuir-se resposta não patrimonial à lesão a um interesse não patrimonial, aumentando-se, com isso, a efetividade da reparação e a redução das ações meramente mercenárias. A retratação pública, como desestímulo à conduta praticada, às expensas da parte vencida ou condenada, por certo, torna mais efetiva a reparação civil, despatrimonializando a condenação, que, no mais das vezes, quando aplicada isoladamente a resposta pecuniária, não satisfaz plenamente os anseios da vítima, não compensando, integralmente, o desvalor moral. Daí ser cabível, ainda que não se encontre expressamente previsto, a veiculação de pedido de desculpa pela falha do serviço prestado e pela consequente interrupção do fornecimento de energia elétrica é também meio válido para a composição judicial dalide. Conseqüentemente, a simples majoração do quantum a ser arbitrado para o dano moral, não inviabiliza, ou justifica, o descarte da retratação pública, nos exatos termos do que foi na inicial pleiteado. Plausível e justo, pois, que a retratação se dê de modo a trazer a parte ofendida a reparação integral do dano moral, através de declaração a ser emitida pelo ofensor onde conste, além do reconhecimento público e formal da falha do serviço, o pedido de desculpas pelo dano que a consumidora autora foi injustamente causado.PROVIMENTO PARCIAL DO SEGUNDO RECURSO. IMPROVIMENTO DO PRIMEIRO. (TJRJ, 1ª. CAMARA CIVEL, APELACAO 0000961-59.2006.8.19.0087 (2009.001.22993), Rel. DES. MALDONADO DE CARVALHO, julg. 09/06/2009) AULA 5 - Imputabilidade e autoria Responsabilidade direta •Autoria e responsabilidade •Art. 186 – “todo aquele que causar dano a outrem...” •Em regra, responsável será sempre o agente, que praticou o ato ou desenvolveu a atividade lesiva. Excludentes da ilicitude Art. 929 - estado de necessidade (Art. 188,II) persiste o dever de reparação (não há responsabilidade, mas há débito) Art 930 – estado de necessidade provocado por terceiro (direito de regresso) Na legítima defesa própria (sem excesso) não há dano. Art. 930 PU - legítima defesa de terceiro Responsabilidade indireta REGRA: responsabilidade por ato ilícito é direta e pessoal. Art. 932 – quando o responsável não é o agente CC 16 – art. 1.523 – “...provando-se que elas concorreram para o dano por culpa ou negligência”. Subjetiva com culpa presumida. Art. 933 – responsabilidade objetiva Hipóteses de responsabilidade por fato de terceiro C C Art. 932 I.pressupõe estar o menor sob autoridade do pai ou tutor e em sua companhia II.exclui-se o pródigo III.só responde pelos atos praticados durante a realização do trabalho IV.atualmente só estabelecimentos de ensino V.princípio de vedação do enriquecimento sem causa Art. 934 – regresso Responsabilidade do incapaz Art. 928 – Responsabilidade subsidiária – somente quando o patrimônio do responsável for insuficiente. norma de proteção Responde diretamente (devedor principal) – ressarcimento devido pelos adolescentes por atos infracionais (ECA Art. 116) PU – direito ao mínimo existencial. Norma expansiva, dever de indenização equitativa Teoria da guarda e fato da coisa - Art. 936 – animais. O dono responde objetivamente (teoria da guarda) - Art. 937 – coisas inanimadas – somente o proprietário é responsável, subjetivamente, com culpa presumida - Art. 938 – origem: effusum et deiectum. O habitante responde objetivamente. Princípio da garantia Art. 942 – “ofensa ou violação ao direito de outrem” – responsabilidade objetiva e indireta Solidariedade passiva dos co-autores e dos responsáveis indiretos. Regresso: Art. 934 Exceção: responsabilidade dos incapazes é subsidiária e a dos seus representantes é substitutiva. (Art. 928) Transmissibilidade do dever de indenizar Art. 943 – Obrigação de indenizar não é personalíssima. Não pode superar as “forças da herança” (Art. 1.792). Após a partilha, cada herdeiro responde somente na proporção de sua parte na herança. (Art. 1.997) AULA 6 - Abuso do direito Entre o permitido e o proibido... « o direito cessa onde o abuso começa » (Planiol) « é um barbeiro, mas tal barbeiro que, sendo barbeiro, não é exatamente barbeiro » (Um homem sério. Machado de Assis) Abuso - limites axiológicos-materiais - violação do sentido valorativo Ilícito - limites lógicos-formais - violação da forma Contra a autonomia do ato abusivo “o abuso do direito é ato ilícito, porque exercício irregular” Pontes de Miranda “o abuso de direito não pode ser estudado senão como figurando dentro da teoria geral do ato ilícito” J. M Carvalho Santos No Código Civil de 16. Abuso na clandestinidade… “Art. 160 – Não constituem atos ilícitos: I – Os praticados em legítima defesa, ou no exercício regular de um direito reconhecido.” Abusos contra o consumidor proteção contratual – a lista do art. 51 práticas comerciais – art. 39 propaganda – art. 37 §2⁰. O instituto no Código de 2002 Art. 187. “Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.” Obs: A nova redação foi inspirada no Código Civil português. Art. 334 – “é ilegítimo o exercício de um direito, quando o titular exceda manifestamente os limites impostos pela boa fé, pelos bons costumes ou pelo fim social ou econômico desse direito.” Crítica •“também comete ato ilícito” - equiparação •“ao exercê-lo” – omissão? •“manifestamente” – grau ou quantidade? •“direito” – outras prerrogativas? Há abuso quando há desvio de... - FINALIDADE - PADRÃO SEGUNDO BOA FÉ - CONSCIÊNCIA JURÍDICA Responsabilidade por abuso I Jornada de Direito Civil do Conselho da Justiça Federal Enunciado n. 37: “Art. 187: a responsabilidade civil decorrente do abuso do direito independe de culpa, e fundamenta-se somente no critério objetivo-finalístico". O abuso nos tribunais •desconto de dívida em folha de pagamento; inclusão indevida em cadastro de inadimplentes, meios de cobrança; •liberdade de informação jornalística; •revistas vexatórias; •direito de ação, defesa e recurso; •poder diretivo (trabalho). AULA 7 - Responsabilidade contratual Conceito Aguiar Dias: “inexecução previsível e evitável, por uma parte ou seus sucessores, de obrigação nascida de contrato, prejudicial à outra parte ou seus sucessores”. Infração a um dever livremente estabelecido pela vontade dos contraentes. Há um vínculo jurídico entre vítima e ofensor. A responsabilidade decorre de um dever preexistente. efeitos da responsabilidade contratual CC Art. 389 •A culpa, em regra, é presumida > o credor tem o ônus de demonstrar o descumprimento, o devedor só se exime se provar que não agiu com culpa. •Na culpa contratual há violação de um dever positivo, de adimplir •Na aquiliana, há violação de um dever negativo, de não causar dano a outrem. pressupostos •Contrato válido – pacta sunt servanda •Inexecução – ilícito contratual = inadimplemento. Não há responsabilidade se o descumprimento decorrer de caso fortuito ou força maior (CC Art. 393). Resolução – statua quo ante •Dano e nexo causal – CC Art. 403 Inadimplemento e mora CC Arts. 394 e 396 •O devedor só está em mora quando a obrigação permanece exequível, seu cumprimento é ainda possível •Inadimplemento absoluto ocorre quando a obrigação não foi e não pode mais ser cumprida. •Inadimplemento total ou parcial espécies de mora •Accipiendi ou creditoris – injusta recusa de aceitar o cumprimento da obrigação na forma tempo e lugar devidos. •Solvendi ou debitoris – por fato ou omissão imputável ao devedor, a obrigação não é cumprida na forma, tempo e lugar convencionados, persistindo a possibilidade de ser cumprida, com proveito para o credor. •ex re (Art. 397) ou ex persona (Art. 397, PU) Juros e cláusula penal •Arts. 389 e 402 – dever de indenizar perdas e danos decorrentes do inadimplemento absoluto ou da mora. •Art. 407 – juros de mora são devidos, independente de prejuízo •Art. 409 - cláusula penal compensatória ou moratória : pacto acessório que liquida antecipadamente as perdas e danos decorrentes do inadimplemento •Outras regras: Arts. 410, 412, 413 AULA 8 - responsabilidade do fornecedor ~ CDC arts. 12-25 princípios •Direito básico – CDC art. 6º. VI •Responsabilidade objetiva como regra (uma única exceção: profissionais liberais) •Solidariedade entre os fornecedores •Inversão legal do ônus da prova •Transindividualidade responsabilidade por fato do produto ou serviço CDC Art. 12 Nos acidentes de consumo são responsáveis ... •O fabricante •O produtor •O construtor •O importador defeito do produto Defeito é a qualidade negativa que provoca insegurança (capacidade de causar dano) O dano ultrapassa a mera utilização do produto Segurança:aspectos subjetivos (expectativas legítimas) e aspectos objetivos (apresentação, destinação, riscos, técnica) State of the art – risco de desenvolvimento defesas do fornecedor CDC Art. 12 §3◦ Hipóteses de inversão legal do ônus da prova: •Não colocação do produto no mercado •Inexistência do defeito •Culpa (fato) exclusiva (o) do consumidor ou de terceiro + fortuito externo e força maior fato do serviço CDC Art. 14 – responsabilidade objetiva definição do serviço inseguro estado da técnica defesas EXCEÇÃO: Responsabilidade dos profissionais liberais – ξ4º bystanders •CDC Art. 17 •Vítimas do acidente de consumo •Consumidor por equiparação •Superação da dicotomia responsabilidade contratual e extracontratual CDC Art. 18 Vícios: -qualidade -quantidade -informação prazos e alternativas para sanar o vício Art. 18 ξ1º. •Substituição •Restituição da quantia paga •Abatimento proporcional do preço Art. 18 ξ6º. III •Definição de qualidade vícios de quantidade Art. 19 Alternativas: •Abatimento proporcional do preço •Complementação do peso ou medida •Substituição do produto •Restituição da quantia paga vícios dos serviços Art. 20 – qualidade e informação Alternativas: •Reexecução •Restituição da quantia paga •Abatimento do preço serviços públicos Art. 22 Qualidade: “adequados, eficientes, seguros e, quanto aos essenciais, contínuos” Alternativas: parágrafo único – privilégio? “compelidas a cumpri-las e a reparar os danos causados” Prazos Fato: art 27; prescrição; 5 anos. Vício: art 26; decadência; duráveis e não duráveis Conflito de normas: CDC X CC Critérios de solução de conflitos no tempo: anterioridade, especialidade, hierarquia Falso problema – campo de aplicação do CDC é estritamente delimitado (conceitos de consumidor e fornecedor) Princípio da isonomia e vulnerabilidade do consumidor O CC se aplica de forma complementar e subsidiária. AULA 10 - Responsabilidade médica Objetiva ou subjetiva? •Médico (dentista, enfermeiro, etc.) como profissional liberal •Organização prestadora de serviços de saúde: hospitais e planos de saúde •CDC Art. 14 e seu §4◦. •Conselhos de medicina e sua atividade reguladora. A ética médica. Contratual ou aquiliana? •Emergência •Procedimento de escolha A dificuldade na caracterização do inadimplemento (expectativas). Obrigação de Meio > Culpa Provada Obrigação de Resultado > Culpa Presumida Responsabilidade Pessoal do Médico •Natureza do contrato celebrado: prestação de serviços sui generis •Obrigação de meio: responsabilidade subjetiva e culpa provada. A responsabilidade pessoal do médico necessita da comprovação de que o profissional agiu com culpa. A mesma verifica-se quando a técnica empregada pelo profissional é correta, mas sua atitude, sua conduta, praticada com negligência, imprudência ou imperícia. •Erro Profissional vs. Culpa •Erro de diagnóstico •Inversão do ônus da prova •Violação de sigilo profissional •Dever de informar: responsabilização pelo risco inerente Responsabilidade por omissão •A Teoria da Perda de Uma Chance •Chance como a probabilidade de se obter uma vantagem ou de se evitar uma perda (Cavalieri Filho, Sergio). •Indenização equitativa: não se indeniza a não verificação do resultado, mas tão somente a privação de uma maior probabilidade de obtê-lo. Equipes médicas •Junto à modernização da ciência médica é crescente o surgimento de médicos especializados, cujas atuações dentro da equipe cirúrgica podem estar fora do âmbito de responsabilização do cirurgião-chefe. Deve ser analisada, portanto, a relação que se dá entre este profissional e o especialista: se de preposição ou baseada na autonomia. •“O médico responde não só por fato próprio como também pode vir a responder por fato danoso praticado por terceiros que estejam diretamente sub suas ordens.” (Gonçalves, Carlos Roberto –Responsabilidade Civil) Procedimentos eletivos: cirurgias estética e corretiva •Obrigação de resultado •Superação da ideia de que a obrigação de resultado gera, sempre, responsabilidade objetiva. •A noção de culpa presumida encontra guarida na responsabilidade pessoal do Cirurgião Plástico, sendo certo que, enquanto cabe ao paciente a prova da culpa do médico estrito senso, caberá ao Cirurgião, por sua vez, provar que não agiu com negligência, imprudência ou imperícia. Responsabilidade médica empresarial •art. 932, IV do Código Civil de 2002 •A responsabilidade dos hospitais foi, inicialmente, tratada com base no artigo do Código Civil de 1916 que tratava da responsabilidade do hotéis e hospedarias. •art. 14 do Código de Defesa do Consumidor •Os estabelecimentos são fornecedores de serviços e, sendo assim, devem sujeitar-se à modalidade objetiva de responsabilização civil. Não se enquadram, portanto, na exceção feita pelo §4º do artigo em questão. São responsabilizados pelo fato do serviço, ou seja, pelo acontecimento decorrente de um defeito e que vem a causar danos materiais ou morais ao consumidor. Responsabilidade dos planos de saúde •Sistema Livre Escolha vs. Credencial •Quando o seguro saúde for regido pelo sistema de livre escolha, a responsabilidade será tão somente do médico ou do hospital que executou o serviço. Não há espaço para a responsabilização do seguro. •Por outro lado, quando o seguro saúde for regido pelo sistema de credenciais ou hospitais próprios, poderá a seguradora ser responsabilizada, desde que comprovado que escolheu mal. •Obs.¹: segurados confiam na indicação do seguro. Obs.²: responsabilidade solidária (art. 34 do CDC e art. 932, III do CC de 2002). TJRJ TJRJ STJ AULA 11 - Responsabilidade civil do Estado Estado e Administração Pública Funções: administrativa legislativa jurisdicional Evolução histórica teoria da irresponsabilidade teorias civilistas teorias publicistas irresponsabilidade The king do no wrong Le Roi ne peut mal faire “O próprio da soberania é impor-se a todos sem compensação.” Laferrière. Tem origem no período absolutista e prevalece até o séc. XIX Teoria civilista da culpa Fundada na culpa do funcionário (órgão) e nos princípios da responsabilidade pelo fato de terceiro (culpa civil ou subjetiva) Não se separam Estado e agente, como representante e representado, são considerados como unidade (relação orgânica). Teorias publicistas Culpa do serviço ou culpa administrativa •procura desvincular a responsabilidade do Estado da culpa do funcionário •culpa anônima do serviço público / faute du service: o serviço não funcionou, funcionou atrasado ou funcionou mal •dispensa a prova da culpa do funcionário e transfere para o Estado o ônus de provar que o serviço funcionou Teorias publicistas Responsabilidade objetiva •risco integral e risco administrativo (criado pela sua atividade administrativa) •fundada na violação de dever jurídico de incolumidade dos administrados •elementos: ato (omissão) –nexo –resultado lesivo •é indiferente se o serviço funcionou bem ou mal Código Civil 1916 Art. 15. As pessoas jurídicas de direito público são civilmente responsáveis por atos dos seus representantes que nessa qualidade causem danos a terceiros, procedendo de modo contrário ao direito ou faltando a dever prescrito por lei, salvo o direito regressivo contra os causadores do dano. Norma de regência Constituição Federal art. 37 §6º. “As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.” Características da conduta lesiva •Danos por ação do Estado (conduta lícita ou ilícita) = responsabilidade objetiva, •Danos por omissão do Estado = responsabilidade subjetiva. Só será responsabilizado se estava obrigado a impedir o dano, descumpriu seu dever legal de impedir o dano. Conduta sempre ilícita. •Danos dependentes de situação derisco apenas propiciada pelo Estado (fato das coisas) = Responsabilidade objetiva. Responsabilidade por omissão Faute du service: subjetiva omissão genérica X omissão específica (“o Estado, por omissão sua, cria a situação propícia para ocorrência do evento em situação em que tinha o dever de agir para impedi-lo” S.C.). A falta se caracteriza pelo não impedimento do evento. faute •A responsabilidade por falta do serviço é subjetiva, mas a culpa pode ser presumida. Se o poder público comprovar que agiu com diligência, perícia e prudência, não será condenado a indenizar. •Nem todo funcionamento defeituoso acarreta responsabilidade, exige-se uma diligência média. Responsabilidade por atos judiciais •Irresponsabilidade? Serviço judiciário = serviço público •Responsabilidade por erro judicial. Art. 5º., LXXV –“O Estado indenizará o condenado por erro judiciário, assim como o que ficar preso além do tempo fixado na sentença”. •Atividade judicial típica (jurisdicional) ≠ atividade judiciária •Injustiça da decisão, divergência na interpretação da lei ou má apreciação da prova •Ação rescisória e revisão criminal •Responsabilidade pessoal do julgador e solidariedade com o Estado Responsabilidade por atos legislativos •O problema da lei em tese •Norma de efeitos concretos •Efeitos da declaração de inconstitucionalidade AULA 12 - A indenização ~ Arts. 944 a 954 Princípio da reparação integral •Art. 944 –ênfase na reparação do dano injusto •PU –redução equitativa da indenização. Aplica-se à responsabilidade objetiva? Regra de exceção, quando a situação de fato recomenda a divisão do risco social. Limites da indenização –Art. 928 PU (analogia) Caráter punitivo pedagógico?? Objeções: •Nulla poena sine praevia lege; •Cumulação com pena criminal geraria uma dupla punição pelo mesmo fato; •Quando não há identidade entre o ofensor e o responsável (Ex. responsável indireto) •Destino da sanção •Falta de previsão específica Concorrência de culpas •Art. 945 –proporcionalidade Crítica: culpa mais grave pode ser a que menos influenciou o resultado. Eficácia causal de cada participação deve ser o parâmetro para fixação da verba indenizatória. •Dano moral –STJ: 50% •Aplica-se também à responsabilidade objetiva. Liquidação das obrigações •Art. 946 –obrigação indeterminada = obrigação ilíquida •Não adoção da regra geral do arbitramento, pela qual o juiz pode eleger os parâmetros para fixar o valor da indenização. •A lei civil estabelece procedimentos diferenciados para liquidação. Impossibilidade da prestação •Art. 947 –conversão da obrigação que se tornou impossível com culpa do devedor. •Impossibilidade sem culpa = extinção da obrigação. Arts. 234, 248 e 250. •Aplica-se também ao inadimplemento voluntário. •execução específica X equivalente pecuniário Hipóteses específicas Art. 948–homicídio Responsabilidade por dano morte (dano ricochete ou dano indireto, exceção) Danos materiais + alimentos + dano moral Pensionamento: limite de tempo, legitimidade Constituição de renda: CPC Art. 475 Q Art. 949–dano à saúde Prefixação dos danos materiais –perdas e danos Art. 402 Jurisprudência admite cumulação do dano moral + dano estético Art. 950–perda ou diminuição da capacidade laborativa Natureza patrimonial –lucros cessantes Sequelas permanentes: pensionamento vitalício e não pelo tempo de sobrevida provável. Constituição de renda ou caução fidejussória Art. 951–responsabilidade médica Art. 952–esbulho ou usurpação da coisa alheia PU –valor de afeição Crítica: limitado ao valor patrimonial da coisa Art. 953–crimes contra a honra Calúnia, difamação e injúria –CP Arts. 138, 139 e 140 A condenação criminal não é pressuposto do dever de indenizar Art. 954–ofensa à liberdade pessoal
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