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Aula 1 Conceitos básicos Nesta aula, você irá se familiarizar com o raciocínio econômico onde fatores de produção são empregados em processos produtivos para a produção de bens e serviços a fim de atender às necessidades humanas. Será apresentada a escassez dos fatores de produção como a razão de ser da Ciência Econômica. As questões fundamentais “o que deve ser produzido?”, “onde se dará a produção?” e “para quem produzir?” serão explicadas em detalhes. Objetivos Ao fim desta aula, você deverá ser capaz de cumprir os objetivos abaixo descritos: _ Reconhecer a importância do estudo da Economia. _ Analisar as questões econômicas fundamentais. Tempos modernos: uma breve contextualização A todo o momento somos “bombardeados” por questões econômicas nos jornais, na televisão e nas redes. Questões como aumento de preços, desemprego, comportamento das taxas de juros, déficit governamental, vulnerabilidade externa, período de crise econômica ou de crescimento dentre outros, são temas que fazem parte da nossa rotina e são discutidos por cidadãos comuns. Outras questões que a Economia estuda e que afetam o consumidor, assalariado, empresário etc.: Como controlar a inflação? Como fazer a Economia crescer mais? O que foi a crise econômica mundial? Ela já acabou? Qual o problema do aumento da importação de produtos chineses? Por que os impostos são tão altos no Brasil? O que é uma reforma fiscal? Por que a renda no Brasil é muito concentrada? O estudo da Economia nos ajuda a despertar o interesse por esses assuntos e a tentar formular respostas para essas e outras perguntas. A importância de estudar Economia O conhecimento de Economia é muito útil no dia a dia. É tão útil, que vários desses dados você já tem e não se deu conta disso. Vejamos um exemplo do nosso material didático (p. 11): seu time de futebol, que tem uma grande torcida, vai ter um jogo decisivo no sábado. Você vai deixar para comprar o ingresso, no próprio sábado, um pouco antes da partida? Claro que não! Pois, nesse caso, você vai comprar de cambista e pagar muito caro. O cambista vende caro porque, a essa altura, não há mais ingressos disponíveis nas bilheterias, mas ainda tem pessoas querendo comprar. Dito de outra forma: Há pouca oferta de ingressos - Os que têm estão com os cambistas - Mas há procura por ingressos Os cambistas sabem disso e por isso vendem caro. Se você entende a lógica de situações desse tipo, você conhece os princípios básicos da chamada lei da oferta e da demanda. Foi a “escola da vida” que te ensinou, não foi um curso de Economia. Ensinou, e você aprendeu, por que é algo útil no dia a dia. Mas a “escola da vida” não ensina tudo, caso contrário ninguém estudaria, nem faria faculdade. Vejamos agora um tipo de situação em que o conhecimento de Economia é importante. Suponha que você queira comprar uma televisão nova e existam duas opções, a vista ou em 24 vezes com juros de 2% ao mês, mas com uma prestação baixa. Suponha também que a inflação seja de 0,5% ao mês e a caderneta de poupança renda 0,6% ao mês. A maioria das pessoas optaria por pagar a prazo, afinal a prestação é baixa e cabe bem no salário. Essa solução é a mais cômoda, mas não é a melhor. Você estará pagando de juros o equivalente a 4 vezes o valor da inflação e durante 24 meses! Não é necessário fazer cálculos para confirmar, é evidente que, nesse caso, “o barato sai caro”. Para chegar a essa conclusão você comparou a taxa de juros com a taxa de inflação e o rendimento da caderneta de poupança, e (implicitamente) confrontou o preço a vista com o preço a prazo. Com noções de Economia é mais fácil fazer esse tipo de raciocínio. O objeto de estudo da Economia “A economia é uma ciência que estuda o comportamento humano, como uma relação entre meios e fins. Sendo os meios escassos e com usos alternativos” (Lionel Robbins) _ Mas o que trata a Economia? _ Qual o objeto de estudo da Economia? A definição mais conhecida de Economia é: “uma ciência social que estuda como o indivíduo e a sociedade escolhem empregar recursos produtivos escassos na produção de bens e serviços, de modo a distribuí-los entre as várias pessoas e os grupos da sociedade, a fim de satisfazer as necessidades humanas da melhor maneira possível” (BRAGA; VASCONCELLOS, 2011). Visa a maximização da satisfação dos indivíduos e do lucro das empresas. Nessa definição, temos vários conceitos importantes: recursos produtivos, escolha, escassez, necessidades, distribuição. Para satisfazer o maior número dessas necessidades, a sociedade conta com recursos ou fatores de produção como: a) Terra b) Trabalho c) Capital Esses recursos, no entanto, são bastante limitados e, assim, nem todas as necessidades podem simultaneamente ser satisfeitas. Ex: Água - Alguns bens livres devido ao mau uso pelo homem já estão se tornando escassos, como é o caso da água. A escassez desses recursos, então, torna-se o problema fundamental de cada sociedade. Como resultado, a sociedade, através do instrumental fornecido pela Ciência Econômica (princípios, teorias, modelos) procura usar recursos escassos (fatores de produção) tão eficientemente quanto possível, a fim de produzir o máximo de bens e serviços que deseja. O campo de atuação da Economia seria, então, o estudo e a administração da escassez dos fatores de produção. Desejos de consumo da sociedade Como já foi dito, o objetivo principal da atividade econômica é o de atender as necessidades humanas. Hoje, pelos novos conceitos e realidades, pode-se ampliar esse entendimento para as necessidades do planeta (sustentabilidade). Objetivando apenas em nós, seres humanos, as necessidades representam os desejos de consumo da sociedade. Observa-se que são ilimitadas e diversificadas. De um modo geral, quando as necessidades básicas (alimentação, moradia, vestuário) são atendidas, o indivíduo passa a ter outras como educação, lazer, melhoria do seu padrão de vida (maior casa, melhores roupas, automóvel etc.). Uma vez atendidas plenamente as necessidades ditas materiais, o indivíduo passa a sentir outro tipo de necessidade: a estima dos amigos, o reconhecimento e a aceitação do grupo social que frequenta, necessidade de status e assim por diante. A partir da definição de economia, parece claro que o problema fundamental é fruto de uma dualidade: de um lado a economia dispõe de um conjunto de recursos produtivos escassos, de outro, as necessidades humanas são ilimitadas. A definição de economia sugere que existem dois lados a serem conciliados: ECONOMIA A disponibilidade de cursos produtivos escassos As necessidades humanas ilimitadas É fato que toda ciência possui sua própria terminologia, e a Ciência Econômica não é diferente. Por esse motivo, para que você já possa ir se familiarizando e conseguindo mais facilidade nas leituras dos textos, apresentamos, a seguir, alguns dos conceitos mais frequentes encontrados na literatura econômica. Acreditamos que o esquecimento de alguns não invalida a tentativa de ajuda. Clique aqui para baixar um arquivo com esses conceitos. As questões econômicas fundamentais, escassez e necessidades Como responder às questões econômicas fundamentais? Bens econômicos X bens livres Tamanho do mercado X tamanho da empresa Fatores de produção Mão-de-obra Capital Capital físico Risco empresarial Necessidades A propaganda e a criação de necessidades Necessidades individuais X coletivas Necessidades X desenvolvimento sustentável Em vista dessa realidade,toda e qualquer organização social, seja ela capitalista ou não, deve resolver a seguinte problemática, que aliada a escassez dos recursos ou fatores de produção e as necessidades ilimitadas da sociedade geram os chamados “problemas econômicos fundamentais”: “o que deve ser produzido?” _ O que e quanto produzir A sociedade terá que escolher, dentro do leque de possibilidades de produção, quais os produtos a serem produzidos e em que quantidades. “onde se dará a produção?” _ Como produzir A sociedade terá que escolher quais os recursos ou fatores de produção serão utilizados para gerar os produtos e que tecnologia utilizar. “para quem produzir?” _ Para quem produzir A sociedade deverá decidir o mercado consumidor se pretende atingir. Como já foi dito, essas questões só existem porque há escassez e necessidades a serem atendidas. Estamos tratando aqui apenas dos bens econômicos, que são aqueles que são relativamente escassos e precisam ser produzidos e, portanto, não são abundantes e oferecidos gratuitamente pela natureza, como é o caso dos bens livres (ex.: ar, água, luz solar etc.) As necessidades vão definir o tamanho do mercado consumidor de um produto.” (VASCONCELLOS, M. S. & GARCIA , M. H. 2010, p. 3) O modo como as sociedades tentam resolver os problemas econômicos fundamentais dependendo da forma que cada país organiza sua economia, ou seja, do sistema econômico. Um sistema econômico pode ser definido da seguinte maneira: “Forma política, social e econômica pela qual está organizada a sociedade. É um particular sistema de organização da produção, distribuição e consumo de todos os bens e serviços que as pessoas utilizam buscando uma melhoria no padrão de vida e no bem-estar”. (VASCONCELLOS, M. S. & GARCIA , M. H. 2010, p. 3) Problemas econômicos fundamentais A escassez dos recursos ou fatores de produção e as necessidades ilimitadas da sociedade geram os chamados “problemas econômicos fundamentais”: 1 - O que e quanto produzir – a sociedade terá que escolher, dentro do leque de possibilidades de produção, quais os produtos a serem produzidos e em que quantidades. 2 - Como produzir – a sociedade terá que escolher quais os recursos ou fatores de produção serão utilizados para gerar os produtos e que tecnologia utilizar. 3 - Para quem produzir – a sociedade deverá decidir o mercado consumidor se pretende atingir. Grupos de sistemas econômicos De forma geral, os sistemas econômicos podem ser classificados em dois grandes grupos. Nos dois sistemas, ocorrem as trocas econômicas que são vantajosas para os agentes econômicos perante a escassez de recursos porque possibilitam a divisão e a especialização da produção, da distribuição, da comercialização e do consumo em uma organização econômica. Sistema econômico centralizado ou planificado Organizado diretamente por uma agência do Estado, onde todo e qualquer planejamento das condições econômicas está vinculado pelas decisões desta entidade e onde os meios de produção pertencem, de uma maneira geral, a ela. Sistema econômico capitalista ou de mercado O funcionamento da economia é regido pelas forças de mercado, predominando a livre iniciativa e a propriedade privada dos meios de produção. Nesta aula, você: Estudou a questão fundamental da Ciência Econômica que é a escassez dos fatores de produção; Identificou a classificação dos sistemas econômicos. Na próxima aula, você estudará sobre os seguintes assuntos: Fatores de produção e agentes econômicos; Curva de possibilidade de produção; Custo de oportunidade; Fluxo circular de renda e produção. Aula 2 Fatores de Produção e Agentes Econômicos Nesta aula, você terá contato com as características de cada um dos fatores de produção, o conceito de curva de possibilidades de produção e o que vem a ser custo de oportunidade. O fluxo circular de renda e produção interligando o mercado de fatores de produção e de bens e serviços. Objetivos Ao fim desta aula, você deverá ser capaz de cumprir os objetivos abaixo descritos: 1. Conceituar fatores de produção e agentes econômicos; 2. Reconhecer os conceitos de curva de possibilidade de produção e custo de oportunidade; 3. Identificar o fluxo circular de renda e produção. Fatores ou recursos de produção Na primeira aula, abordamos superficialmente o conceito de fatores de produção. Agora, chegou o momento de nos determos um pouco mais sobre esse tema. Como vimos, consideram-se fatores de produção os meios disponíveis para se gerar os produtos que a sociedade necessita. Sua principal característica é a escassez, no sentido de que, na maioria das vezes, são limitados em quantidade. Esse é, sem dúvida, o cerne da questão econômica: a escassez dos fatores de produção. Outra característica é a versatilidade, significando que um mesmo fator de produção possui a capacidade de poder ser utilizado em vários processos produtivos. Isso fica demonstrado, por exemplo, ao observarmos que um mesmo trator pode ser utilizado... Fator de produção terra ou recursos naturais Constitui a base sobre a qual se exercem as atividades dos demais recursos. Tratam-se das reservas naturais (solo e subsolo), águas (oceanos, mares, rios, lagos), pluviosidade e clima, flora e fauna e até fatores extraterrestres (como, por exemplo, a fonte inesgotável da energia solar e a influência lunar sobre as marés). Fator de produção trabalho A parcela da população apta a desenvolver uma atividade econômica é considerada de fator trabalho. Trata-se, portanto, da população total deduzindo-se as crianças e os idosos. A esse contingente de pessoas aptas dá-se o nome de população econômica (PE). Fator de produção capital Vem a ser o somatório de construções, máquinas e equipamentos. Isso significa dizer que é considerado como fator de produção capital de uma economia as suas disponibilidades para a geração de novas riquezas. Fator de produção capacidade tecnológica O conjunto de conhecimentos e habilidades que uma sociedade possui. Fator de produção capacidade empresarial Vem a ser a capacidade de organizar o fluxo de produção, ou seja, a capacidade de gestão. Em última análise, é a forma de administrar da melhor maneira possível a utilização dos quatro primeiros fatores de produção no processo produtivo. Agentes econômicos a) Famílias Demanda por bens e serviços Oferta de fatores de produção b) Empresas Unidades produtoras c) Governo (setor público) Produção e regulamentação Custo de Oportunidade Vimos, na aula anterior, que a Economia é uma ciência que lida com escolhas, pois devemos decidir quais desejos serão atendidos com a utilização de quais recursos. Sempre que escolhemos produzir determinado bem devemos abrir mão de recursos que poderiam ser empregados na produção de outros bens, significando o custo de oportunidade na produção de um bem. Este é um dos conceitos mais importantes da Economia, se aplicando tanto à alocação de recursos como às decisões entre investimentos alternativos. O custo de oportunidade não é o ganho relativo a uma escolha, nem ao custo da produção do que foi escolhido, mas corresponde ao que se deixou de ter ou ao sacrifício do que se deixou de produzir ao se fazer determinada escolha. Curva de Possibilidades de Produção A curva de possibilidade de produção (CPP) ilustra graficamente como a escassez de fatores de produção cria um limite para a capacidade produtiva de uma empresa, país ou sociedade. Deslocamento “para fora” O custo de oportunidade não é oganho relativo a uma escolha, nem ao custo da produção do que foi escolhido, mas corresponde ao que se deixou de ter ou ao sacrifício do que se deixou de produzir ao se fazer determinada escolha. Esse dilema nas escolhas é representado pela Curva de Possibilidades de Produção (ou Curva de Transformação da Produção). A curva é um bom exemplo de um modelo utilizado para, de forma simplificada, representar a realidade. Essa curva, que é uma representação simplificada de uma economia, é sempre côncava e, em cada eixo, há um produto. Isso significa que qualquer ponto além da curva é impossível de ser alcançado. A produção máxima é alcançada quando a economia está em algum ponto da borda da curva. Esse é seu limite, o limite das possibilidades de produção. Havendo maior produtividade ou disponibilidade de fatores a curva se desloca para a direita (“para fora”). A área delimitada pela curva é a de possibilidades de produção para aquela economia em relação aos dois produtos, que são os únicos produzidos, no caso alimentos (em toneladas) e máquinas (quantidade). É dada pela capacidade produtiva da economia, que por sua vez depende da disponibilidade de fatores produtivos. Portanto, quanto maior a disponibilidade de fatores de produção, maior a capacidade produtiva da economia. A área delimitada pela curva é a de possibilidades de produção para aquela economia em relação aos dois produtos, que são os únicos produzidos, no caso alimentos (em toneladas) e máquinas (quantidade). Deslocamento “para dentro” Havendo menor produtividade ou disponibilidade, o deslocamento é para a esquerda (“para dentro”). A curva expressa o dilema clássico da Economia. Não há recursos para se produzir tudo o que se deseja e é necessário fazer escolhas. Sempre para se produzir mais de um produto é necessário se produzir menos de outro, até a situação limite em que toda a capacidade produtiva da economia está voltada para a produção de apenas um produto. O deslocamento da FPP Alteração nos fatores de produção Alteração na tecnologia empregada na produção Aumento ou redução da capacidade produtiva da economia Bens e serviços Todo e qualquer bem é definido como bem econômico (seja ele um bem material ou imaterial) pois é escasso, ou seja, está em quantidade limitada, em função dos recursos utilizados na produção desses bens. Tem uma procura e esta é feita em função da utilidade (ou da capacidade que tem este bem)de satisfazer as necessidades humanas. a) Bens São objetos que podemos atribuir-lhes características físicas, tais como de peso, forma etc. -Tangíveis b) Serviços São de caráter abstrato, ou seja, é toda e qualquer atividade (não material) tais como serviços bancários, as aulas ministradas, transportes etc. -Intangíveis Tipos de bens: classificação segundo a natureza a) Bens de capital -Produção -Relação indireta com satisfação necessidades humanas b) Bens de consumo -Satisfação das necessidades humanas -Não duráveis -Uso prolongado -Duráveis Tipos de bens: classificação quanto à sua função a)Bens intermediários -Transformação no processo de produção b) Bens finais -Prontos para consumo Setores da economia a) Setor primário -Agropecuária b)Setor secundário -Indústria c) Setor terciário -Serviços Modelos econômicos Como o processo de produção e de geração de renda pode ser representado em um modelo econômico? Fluxo circular de renda É circuito que ilustra todas as transações (ou trocas) econômicas (por meio da produção e distribuição) que ocorrem entre as famílias e as empresas numa economia. As famílias vendem os seus serviços produtivos (tais como o trabalho e capital, por exemplo) às empresas; estas usam o trabalho e o capital das famílias para produzir bens e serviços, que, por sua vez são vendidos a estas famílias. Assim, os serviços produtivos fluem das famílias para as empresas e os bens e serviços produzidos por estas empresas circulam das mesmas para as famílias. Fluxo circular de renda e produção A contrapartida da utilização dos fatores de produção no processo produtivo é sua remuneração. No caso do trabalho, a contrapartida são os salários, e no caso do capital são os lucros. Supondo-se uma economia onde existam apenas famílias e empresas, os proprietários dos fatores de produção são as famílias, que emprestam esses fatores produtivos às empresas, para que elas viabilizem a produção de bens. Os agentes econômicos são, portanto, as famílias e as empresas, que são as entidades que propiciam o processo produtivo. As famílias e as empresas interagem em dois mercados, o de fatores e o de produtos. No mercado de fatores as famílias emprestam capital e trabalho para as empresas utilizarem na produção em troca de uma remuneração, no caso salários e lucros/dividendos. O valor da remuneração é negociado entre as partes. Trata-se apenas de empréstimo, com regras definidas, dos fatores produtivos e não venda desses fatores. Se fosse venda, no caso do trabalho, estaríamos no regime de escravidão e não de trabalho assalariado. O trabalhador pode, a hora que quiser, pedir demissão, e o acionista pode vender suas ações quando desejar. No mercado de produtos as empresas vendem seus produtos às famílias que para comprá-los utilizam a renda obtida no mercado de fatores. Portanto, os dois mercados estão interligados como mostra a figura do fluxo circular. Essa vinculação dos mercados mostra que pagar baixos salários — se por um lado diminui o custo de produção das empresas — por outro diminui seu mercado consumidor, pois as famílias ficam com menos dinheiro para gastar. Essas relações estão sintetizadas no fluxo circular, que mostra como para cada fluxo real, há uma contrapartida monetária. Afinal, a economia trata de acompanhar transações que ocorrem em valores em moeda. Nesta aula, você: Definiu cada um dos cinco fatores de produção; Reconheceu a Curva de possibilidades de produção como forma de representar a capacidade máxima de produção de uma economia em certo momento; Identificou o conceito de Custo de Oportunidade de um fator de produção; Analisou o fluxo circular de renda e produção. Na próxima aula, você estudará sobre os seguintes assuntos: História do Pensamento Econômico; Diferença entre economia de planejamento central e economia de mercado; A relação das demais ciências e áreas de conhecimento com a Ciência Econômica. Aula 3 História do Pensamento Econômico Nesta aula, analisaremos ainda os sistemas econômicos e os processos de alocação de recursos e a relação da Economia com as outras ciências e esferas de conhecimento. Apresentar as principais referências da história da Ciência Econômica. As divergências entre as escolas clássicas e keynesianas quanto a necessidade de participação do Estado na Economia. Objetivos Ao fim desta aula, você deverá ser capaz de cumprir os objetivos abaixo descritos: 1. Reconhecer a História da Ciência Econômica: evolução e principais referências; 2. Analisar os principais componentes de uma economia de mercado; 3. Distinguir economia de planejamento central versus economia de mercado; 4. Estudar os ramos da Economia e a relação das demais ciências e áreas de conhecimento com a Ciência Econômica. História do pensamento econômico Análises de causas e efeitos (que vai desde a Antiguidade (4.000 a.C.) à Idade Média (500 a 1.500 d.C.) até a definitiva constituição da economia como ciência, com os seus precursores no século XVIII (os Fisiocratas) e seu fundador, Adam Smith, na era do classicismo liberal. Há um consenso em que a teoria econômica foi sistematizada, em 1776, comAdam Smith. Adam Smith Com a publicação da Riqueza das nações , em 1776, ele estabeleceu as bases científicas da teoria econômica moderna. Ao contrário dos mercantilistas e fisiocratas que acreditavam serem os metais preciosos e a terra, respectivamente, os geradores da riqueza nacional, para Adam Smith a riqueza da nação é dada pelo trabalho produtivo. Na antiguidade, a atividade econômica era tratada como parte da Filosofia, Moral e Ética. No século XVI, podemos destacar o mercantilismo, com as preocupações sobre a acumulação de riquezas de uma nação pela quantidade de metais preciosos que a nação possuía. E, no século XVII, a fisiocracia, com a ideia da sustentação da economia regida pela lei natural. Mas foi Adam Smith que conseguiu sintetizar, estabelecer um corpo teórico próprio. Com a escola clássica (inglesa) ou liberal, cuja origem veio a partir de 1776, com a o livro A Riqueza das Nações, do economista escocês Adam Smith (1723-90), afirmava-se que a verdadeira fonte de riquezas advinha de uma economia cujo mecanismo era natural (a chamada “mão invisível”), razão pela qual não admitia a intervenção do Estado na Economia. Escola Clássica, ou os Clássicos é uma denominação criada pelo economista alemão Karl Marx (1818-1883), autor do famoso livro O Capital (1867). Os clássicos (e neoclássicos) entendiam que se deixando tudo, ou quase tudo, por conta da livre iniciativa (o laissez-faire, o laissez-passer (deixa fazer, deixa passar)), ou seja, por conta de cada indivíduo (ou do mercado, se for o caso), isso melhoraria as condições de vida do homem, da sociedade. Os dogmas clássicos e neoclássicos ficavam concentrados na livre iniciativa do mercado. Escola clássica A Economia, como uma ciência específica, nasce com os economistas clássicos. Para eles, o liberalismo e o individualismo estavam associados ao bem comum: o homem, ao maximizar sua satisfação pessoal, como o mínimo de esforço, estaria contribuindo para o máximo do bem-estar social. Vamos destacar alguns pensadores da Escola Clássica: As duas principais ideias de Adam Smith permanecem no debate econômico atual: a “mão invisível” e a “divisão de trabalho”. Vamos começar pela questão da “mão invisível” do mercado. Segundo Adam Smith, somos todos individualistas e procuramos, no mundo econômico, sempre o que é melhor para nós. Só que ao fazer isso, como que guiados por uma mão invisível, estamos contribuindo para o melhor da sociedade. Ou seja, imagine a costureira, ela fará a melhor costura possível; assim como o padeiro fará o melhor pão. No final das contas, a sociedade terá a melhor costura e o melhor pão, pelo melhor preço. Mas por que a costureira e o padeiro agem dessa forma? Por existir a pressão da concorrência e porque querem ser bem-sucedidos e ter lucro. O interessante, na teoria de Smith, é que os agentes econômicos não possuem plano prévio ou orientação externa, é a mão invisível! Ou seja, se cada um procurar fazer o melhor, chega-se a uma situação que é a melhor para a sociedade. Mas é necessário destacar um ponto importante: isso só é possível frente a livre concorrência, e a não intervenção do governo nas questões econômicas. Essa filosofia se perpetua nos dias de hoje, por aqueles que defendem pouca intervenção do governo na economia: “deixe o mercado em paz, não intervenha governo, pois a mão invisível vai solucionar os problemas econômicos”. A ideia de Smith era a menor intervenção do governo na economia, mas não uma ausência de governo. O governo tinha um papel importante, por exemplo, nas áreas sociais e de infraestrutura. Outro ponto a ser destacado é a divisão do trabalho. Ela traz a especialização, uma maior produção por trabalhador (maior produtividade) e, consequentemente, o barateamento do produto, pois se produz mais com o mesmo número de trabalhadores. O crescimento do mercado é o que impulsiona a especialização. Davi Ricardo O trabalho de Adam Smith foi aperfeiçoado pelo discípulo David Ricardo. A maior contribuição de Ricardo à teoria econômica foi provavelmente a teoria das vantagens comparativas, apresentada no livro Princípios de Economia política e tributação. Para Ricardo, o país deveria se especializar no produto em que tem mais vantagens comparativas. O que significa isso? Um país tem vantagem comparativa em um produto, quando o outro, com quem compete, tem alto custo de oportunidade ao fabricar produto, mesmo sendo mais eficiente na produção. No exemplo construído por esse autor, existem dois países (Inglaterra e Portugal), dois produtos (tecido e vinho) e apenas um fator de produção (mão de obra). A partir da utilização do fator trabalho, obtém-se a produção dos bens mencionados. Em termos absolutos, Portugal é mais produtivo em ambas as mercadorias. Mas, em termos relativos, o custo de produção de tecidos, em Portugal, é maior que o da produção de vinho; e, na Inglaterra, o custo da produção de vinho é maior que o da produção de tecidos. Comparativamente, Portugal tem vantagem relativa na produção de vinho, e a Inglaterra na produção de tecidos. Robert Malthus -Deu destaque ao crescimento populacional; -Para o autor, a produção de alimentos cresceria em progressão aritmética e a população em progressão geométrica; -“Catastrofista”. Karl Marx A teoria Marxista (tendo como seu esponte principal, Karl Marx (1818-1883)) conclui-se que a evolução da teoria econômica acaba englobando hoje todos os aspectos que estão relacionados à realidade humana, pois a Ciência Econômica está voltada para a realidade do homem (em sociedade, no meio em que vive), preocupando-se com o seu bem estar e com a melhoria do seu padrão. Ao contrário dos chamados os comunistas, dentre os quais se destaca principalmente Karl Marx (assim como Friedrich Engels e Rosa Luxemburg) entendiam que o lucro era um superávit ou algo imoral, roubado da classe operária e do povo, formando o que se denominava de mais valia. A partir da chamada teoria da mais valia, incorpora-se a teoria do valor-trabalho. Por esta, o valor de um determinado produto surge da relação social entre homens, dependendo do rendimento em tempo de produção que estes homens incorporavam na produção deste produto. -O colapso do capitalismo seria inevitável; -O socialismo seria um sistema econômico mais justo. A Economia Neoclássica Podemos destacar como o principal economista da corrente neoclássica, Alfred Marshall (1842- 1924) – Pai da Microeconomia. Ele escreveu o livro Princípios de Economia, que foi a base conceitual fundamental da Microeconomia nas suas fórmulas matemáticas e apresentação gráfica. -Valor trabalho versus valor utilidade -Para os clássicos, o preço de um produto tinha como base a quantidade de horas de trabalho necessária para sua fabricação. Para os neoclássicos, a base do preço é sua utilidade. Escola Austríaca Joseph Schumpeter (1883 – 1950) -Principais livros “A Teoria do Desenvolvimento Econômico” e “Ciclos Econômicos” -Estudou os ciclos econômicos e deu destaque ao progresso técnico. -“Destruição Criativa” Friedrich Hayek (1899-1992) -Pai do Neoliberalismo -Defende que a sociedade deve ser organizada em torno do mercado e que a intervenção do governo deve ser mínima. Escola keynesiana A Teoria Keynesiana influenciou muito a política econômica dos países capitalistas e que tiveram conseqüências positivas no pós segunda-guerra. Ao mesmo tempo, e temporariamente, surgem vários debates teóricos a respeito desta teoria (keynesiana) e que acabam gerando a formação de três grupos significativos no estudo da ciência econômica, ou seja: > os monetaristas (cujo principal precursor foi o economista Milton Friedman); Os fiscalistas(tendo como expoentes os economistas James Tobin, da Universidade de Yale e Paul Samuelson, de Harvard e MIT); E os pós-keynesianos (tendo como principal precursor, a economista Joan Robinson). O destaque é para John Maynard Keynes (1883-1946), citado como o criador da Macroeconomia. Na sua obra, Teoria geral do emprego, juro e moeda, ele criticava o pensamento dominante da época, a Lei de Say. Para essa “lei”, toda oferta gera sua demanda. Escreveu a “Teoria Geral do Emprego, Juro e Moeda”. Estudou o comportamento do desempenho da economia de um país no que se refere à renda, ao emprego, aos preços etc. Para a teoria keynesiana, o maior problema econômico era o de suprir o desemprego e realizar o “pleno emprego”. O pleno emprego não seria alcançado pela “mão invisível” e sim pela intervenção do governo. Esta teoria é macroeconômica e global a sua análise, estuda as reações psicológicas dos grandes agentes econômicos, tais como os consumidores, poupadores e empresários (variáveis independentes). A “revolução keynesiana”, assim chamadas as ideias de Keynes, mudaram a forma de pensar a economia e foi dominante até os anos 1970. Para Keynes, a demanda da economia é composta pelo consumo das famílias, o investimento e os gastos do governo, em uma economia fechada. Em épocas de recessão, caberia ao governo gerar a demanda através de gastos públicos. Milton Friedman (1912- 2006), com o monetarismo, significou reação do pensamento neoclássico à revolução keynesiana. Celso Furtado (1920-2004), com o estruturalismo, foi o divisor de águas apresentando o pensamento de que o desenvolvimento econômico da América Latina dependia da sua industrialização. Divisões da Economia Ao tratar como as pessoas físicas e jurídicas (e a sociedade) decidem empregar recursos produtivos escassos na produção de bens e serviços, a Economia pode fazer isso basicamente através de duas metodologias ou divisões de análise. Microeconomia Analisa o comportamento individual das unidades econômicas. É o ramo da Economia que estuda a interação, no mercado, entre empresas e consumidores. A microeconomia preocupa-se com a análise do comportamento das unidades econômicas como os consumidores, as famílias e as empresas, por exemplo, na formação dos preços em mercados específicos. Na verdade, o aspecto microeconômico observa a atuação das diversas unidades econômicas como se fossem unidades individuais. Macroeconomia Analisa o funcionamento da Economia como um todo, de um país. Realiza uma visão simplificada e abstrata da Economia. Trata do funcionamento da economia como um todo, ou em seu conjunto. Tem como propósito tratar a economia através de uma visão simplificada e abstrata da economia de um país. As duas divisões ocupam as mesmas questões da ciência econômica, mas se fixam em perspectivas distintas. Sistema econômico de mercado capitalista X Sistema econômico centralizado ou planificado De forma geral, os sistemas econômicos podem ser classificados em dois grandes grupos: Sistema econômico capitalista ou de mercado O funcionamento da economia é regido pelas forças de mercado, predominando a livre-iniciativa e a propriedade privada dos fatores de produção. Sistema econômico centralizado ou planificado Organizado diretamente por uma agência de Estado, onde todo e qualquer planejamento das condições econômicas está vinculado diretamente às decisões desta entidade e onde os meios de produção pertencem, de uma maneira geral, a ela. Nos dois sistemas, ocorrem as trocas econômicas. As trocas econômicas são vantajosas para os agentes econômicos perante a escassez de recursos porque possibilitam a divisão e especialização da produção, da distribuição, da comercialização e do consumo em uma organização econômica. A economia e sua relação com as diferentes profissões Os gestores e os contadores precisam de conhecimentos econômicos para obter uma visão do mercado onde atuam, assim como o país e o mundo. No âmbito do Direito, algumas leis têm implicações econômicas, como na área da concorrência e da defesa do consumidor. Além da ligação estreita com o Direito Comercial. A relação com Economia é também muito estreita nas áreas de Publicidade, Propaganda e Marketing, pois são necessários estudos de mercado, captação de recursos, preferências dos consumidores. As questões que envolvem a Geografia determinaram as decisões de produção, da localização de portos, a Economia do meio ambiente, dentre outras. O curso de História é uma das bases do estudo da Economia. Não é possível entender uma sem a outra. Nesta aula, você: Reconheceu a evolução e as principais referências da História Econômica; Distinguiu a diferença de Economia de planejamento central e Economia de mercado; Diferenciou os ramos da Economia. Na próxima aula, você estudará sobre os seguintes assuntos: O ramo da Economia Microeconômica. A análise de mercado. Aula 4 Abordagem Microeconômica - Análise de Mercado Abordaremos, nesta aula, os conceitos de oferta, demanda e equilíbrio de mercado e a interferência do Estado no equilíbrio de mercado. Contextualizar as decisões de consumo da sociedade e seus reflexos no mercado de bens e serviços e como o Estado pode alterar esse equilíbrio com políticas de subsídios, incentivo ao consumo e produção. Objetivos Ao fim desta aula, você deverá ser capaz de cumprir os objetivos abaixo descritos: 1. Definir os conceitos de demanda, oferta e equilíbrio de mercado; 2. Analisar a interferência do Estado no equilíbrio de mercado. O que é mercado? O mercado é o local onde atuam as forças de demanda e oferta em busca de um equilíbrio. As trocas econômicas são realizadas nos mercados interno e externo. Nestes mercados, atuam conjuntamente as forças da demanda e da oferta por mercadorias ou produtos. Demanda x Oferta Então, os preços dos produtos podem ser definidos em função da quantidade de reais (R$) necessários para obter em troca de uma determinada quantidade de mercadorias. Fixando preços para todos os produtos, o mercado permite a coordenação dos compradores e dos vendedores, assegurando a viabilidade do sistema capitalista por meio do chamado livre jogo da oferta e demanda. Por isso importante estudarmos sobre a demanda e a oferta. Mas ao estudar Microeconomia, precisamos estabelecer em mente a hipótese de trabalho: a hipótese de “tudo mais constante”. A Microeconomia utiliza a hipótese de “tudo mais constante” (coeteris paribus, em latim) na construção dos seus modelos.O objetivo é isolar a uma determinada variável, cujo efeito se pretende investigar, supondo-se que outras variáveis permanecem constantes, ou seja, que não interfiram no fenômeno investigado.Como exemplo, sabemos que a demanda (ou a procura) de um bem é afetada pelo preço e pela renda dos consumidores. Em um determinado momento, precisamos analisar o efeito do preço sobre a demanda.Para analisar o efeito dessa variável (preço) sobre a demanda, manteremos a renda dos consumidores constante (coeteris paribus), faremos a alteração do preço e saberemos o resultado na demanda. Entendendo a demanda e a procura Por que precisamos adquirir bens e serviços? Porque nos são úteis, ou seja, há uma satisfação de nós, consumidores, proporcionada pelo consumo. Podemos, então, hierarquizar nossa cesta de consumo. A demanda (ou a procura) de uma determinada pessoa ou grupo de pessoas por um determinado produto indica o quanto esta pessoa ou grupo de pessoas desejam consumir, a dado preço, esse produto em um determinado período de tempo. Mudanças na demanda associadas a modificações nos determinantes extra-preço são representadaspor deslocamentos de toda a curva de demanda. Mudanças na quantidade demandada associadas a mudanças no preço do produto são representadas por movimentos ao longo da curva de demanda. A curva de demanda mostra a quantidade de uma mercadoria que os consumidores estão dispostos a comprar para cada preço unitário, considerando constantes outros fatores que não sejam o preço. Segundo Vasconcellos, na maioria das vezes, os fatores que afetam a quantidade procurada (demandada) do produto podem ser representados por uma função, chamada função geral da demanda, como segue: Qx = f (Px, Py, Pz, R)/t A curva de demanda tem inclinação negativa, demonstrando que os consumidores estão dispostos a comprar mais a um preço mais baixo, à medida que o produto se torna relativamente mais barato e a renda real do consumidor aumenta. Outros determinantes da demanda além do preço -Preço de Bens Relacionados -Substitutos -Complementares -Renda -Bem normal -Bem inferior -Gostos do consumidor Entendendo a oferta Em microeconomia, a empresa (ou firma) é o local onde fatores de produção são combinados, segundo um processo de produção escolhido, gerando os produtos, com o objetivo de maximizar seus resultados em termos de produção e lucro. A oferta (de uma mercadoria em um determinado mercado) é a quantidade de um produto X que um produtor ou conjunto de produtores está disposto a vender, a determinado preço, em um período de tempo. Mudanças na oferta associadas a modificações nos determinantes extra-preço são representadas por deslocamentos de toda a curva de oferta. Mudanças na quantidade ofertada causadas por alterações no preço do produto são representadas por movimentos ao longo da curva de oferta. A curva de oferta tem inclinação positiva, demonstrando que, para preços mais elevados, as firmas produzirão mais. Outros determinantes da oferta além do preço -Custos de Produção -Mão de Obra -Capital -Matérias-primas Equilíbrio de mercado O equilíbrio do mercado pode ser definido pela interação entre demanda e oferta de mercado para um bem ou serviço. Da interação entre essas curvas define-se um ponto de equilíbrio E, ao qual correspondem o preço e a quantidade de equilíbrio. Desse modo, a noção de equilíbrio de mercado corresponde à coincidência de desejos entre consumidores e produtores, evidenciando uma situação onde não há excesso ou escassez de oferta ou de demanda. Neste ponto, os planos dos compradores são consistentes com o plano dos vendedores. Em uma economia de mercado, o mecanismo de preços leva automaticamente ao equilíbrio. Na figura apresentada, perceba que para qualquer preço superior a p0 a quantidade que os ofertantes desejam vender é maior do que a que os consumidores desejam comprar, evidenciando um excesso de oferta. Por outro lado, para qualquer preço inferior a p0, surgirá um excesso de demanda. Nessas situações, não existe compatibilidade de desejos. No entanto, quando ocorre excesso de oferta, os vendedores com estoques não planejados terão que diminuir seus preços, concorrendo pelos escassos consumidores. Já quando ocorre um excesso de demanda, os consumidores estarão dispostos a pagar mais pelos produtos escassos. Estas ações resultam em ajustes de preços, retornando-se a uma situação de equilíbrio no ponto E na qual são eliminadas as pressões para alterar preços. Em um gráfico, as curvas se cruzam no ponto de equilíbrio. Ao preço P0 a quantidade ofertada é igual à quantidade demandada, Q0 . Características do preço de equilíbrio -QD = QS -Não há escassez de oferta -Não há excesso de oferta -Não há pressão para que o preço seja alterado Interferência externa Mas é importante salientar que essa “convergência” para o equilíbrio ocorre sem qualquer interferência do governo ou de outro agente externo. E o governo pode interferir nesse equilíbrio? Claro que sim! Vejamos a agora. a) Estabelecimento de impostos Um imposto sobre bens e serviços vai recair em um aumento de custos para a empresa. Se quiser manter a quantidade ofertada, a empresa deverá aumentar o preço do seu produto (repassando o imposto para o consumidor), ou reduzir o custo em outra área de produção. Ou então, reduzir a quantidade ofertada. b) Política de preços mínimos na agricultura A finalidade é garantir preço para as atividades agrícolas, pecuárias e extrativas. O governo pode comprar os produtos dos produtores (atualmente menos utilizado) ou conceder empréstimos para produtores ou cooperativas para estocar seu produto e vender em um período mais favorável. c) Tabelamento ( controle de preços ) e racionamento Intervenção do governo na tentativa de coibir abusos de preços por parte dos ofertadores e frear um processo inflacionário. Já foi utilizado aqui no Brasil no Plano Cruzado, por exemplo. Excedente do consumidor (EC) e excedente do produtor (EP) EC Corresponde à diferença entre o que o consumidor estaria disposto a pagar por um bem ou serviço e o preço que efetivamente paga (preço de mercado). EP Corresponde à diferença entre o que o produtor estaria recebendo por um bem (preço de mercado) e o preço que estaria disposto a receber. Excesso de oferta O preço de mercado está acima do equilíbrio -Há excesso de oferta -Os produtores diminuem os preços -A quantidade demandada aumenta e a ofertada diminui -O mercado continua a se ajustar até que o preço de equilíbrio seja atingido. Escassez de oferta O preço de mercado está abaixo do equilíbrio: -Há escassez de oferta -Os produtores aumentam os preços -A quantidade demandada diminui e a ofertada aumenta -O mercado continua a se ajustar até que o preço de equilíbrio seja atingido. O mecanismo de mercado: 1) Oferta e demanda interagem para determinar o preço de equilíbrio. 2) Quando não estiver em equilíbrio, o mercado se ajustará diminuindo o excesso ou escassez de oferta e restabelecendo, assim, o equilíbrio. 3) Os mercados devem ser competitivos para que o mecanismo seja eficiente. Nesta aula, você: Reconheceu os conceitos de demanda, oferta e equilíbrio de mercado; Analisou como o Estado pode interferir e alterar o equilíbrio de mercado. Na próxima aula, você estudará sobre os seguintes assuntos: As características das estruturas de mercado; Diferenciar as estruturas de concorrência perfeita; monopólio; oligopólio e concorrência monopolística. Aula 5 Abordagem Microeconômica - Estruturas de mercado Nesta aula, vamos compreender as principais estruturas dos mercados existentes na Economia e suas características. Apresentar os parâmetros de identificação das estruturas de mercado e suas características: concorrência perfeita, monopólio, oligopólio e concorrência monopolística. Objetivos Ao fim desta aula, você deverá ser capaz de cumprir os objetivos abaixo descritos: 1. Apresentar as características que diferenciam as estruturas de mercado; 2. Identificar as principais estruturas de mercado: concorrência perfeita, monopólio, oligopólio e concorrência monopolística. Estruturas de Mercado: critérios de classificação Premissa Na análise padrão, que fizemos de demanda e oferta, implicitamente estava sendo suposta uma estrutura de mercado em um contexto de uma estrutura chamada de “concorrência perfeita”. Observamos, por outro lado, que as relações entre compradores e vendedores seguem padrões diferentes dependendo do tamanho desse mercado, do número de vendedores, do número de compradores e, até mesmo, do tipo de produto comercializado. Consequentemente, a forma como os preços são determinados varia de acordo com as características do mercado.Essas características é que fornecem base para uma classificação genérica dos diversos tipos de mercados. As estruturas de mercado dependem, fundamentalmente, de três características: -Número de empresas que compõem esse mercado; -Tipo de produto; -Possibilidade de acesso de novas empresas no mercado. -Existência ou não de barreiras ao acesso de novas empresas nesse mercado; -Transparência de mercado. A análise simplista que faremos irá considerar quatro alternativas de estruturas de oferta para atender o mercado consumidor de um determinado produto. Conceitualmente, esses mercados são denominados de concorrência perfeita, concorrência monopolística, oligopólio e monopólio. As características de cada um desses apresentaremos a seguir. Concorrência perfeita Pelo próprio nome, o mercado de concorrência perfeita é aquele onde a concorrência entre os agentes econômicos, devido ao seu grande número, é a mais significativa. É uma estrutura utópica, pois os mercados altamente concorrenciais existentes, na realidade, são apenas aproximações desse modelo. A consequência lógica desse número excessivo de participantes é que cada um deles se torna incapaz de, sozinho, alterar as condições de mercado. Assim, tanto consumidores como produtores não conseguem afetar os níveis de oferta e procura do produto e o seu preço de equilíbrio. Nesse tipo de mercado, existem as seguintes premissas: -Existência de um grande número de compradores e vendedores, refletindo uma situação de mercado atomizado, como se fossem átomos; -Racionalidade por parte dos agentes, ou seja, a visão da empresa que faz com que as empresas sempre maximizem o seu lucro e que os consumidores maximizem a satisfação ou utilidade derivada do consumo de um bem; -Produtos homogêneos, ou seja, não há diferença entre os produtos ofertados pelas outras empresas. São substitutos perfeitos entre si, inviabilizando preços diferentes no mercado; -Ausência de barreiras à entrada ou saída de novos concorrentes, ou seja, há livre entrada e saída de firmas no mercado; e -Transparência do mercado, os agentes possuem completa informação sobre o preço do produto. Na situação de concorrência perfeita, como o produto é homogêneo e a empresa possui uma posição pequena, em relação ao seu mercado, a empresa não pode influenciar o preço de mercado, ou seja, o preço de mercado é um dado fixado para empresas e consumidores. Monopólio É uma estrutura com condições totalmente opostas à concorrência perfeita. O prefixo mono, como se sabe, significa a unidade. Assim, monopólio representa o caso limite de um mercado onde só existe um único produtor (ou fornecedor) de um bem ou serviço. Por esse motivo, preço e quantidades produzidas serão determinadas pela empresa monopolista. Normalmente, os produtos vendidos, nesse tipo de mercado, costumam exigir altíssimos níveis de investimento, fazendo com que o acesso de algum concorrente seja muito difícil. Nesse tipo de mercado, existem as seguintes premissas: -Uma empresa detém 100% da produção de um determinado mercado; -Produto sem substituto próximo; e -Elevadas barreiras à entrada de novos concorrentes. Por que os monopólios surgem e/ou são mantidos? Uma estrutura onde não há concorrência nem substituto próximo para o produto, os consumidores acabam sendo submetidos às condições impostas pelo ofertador. Mas por que os monopólios surgem e/ou são mantidos? Algumas situações, vejamos: A presença de patentes Quando a empresa e a única que detém a tecnologia para produzir aquele bem. Dependendo do tempo de duração da patente no mercado em que opera, a patente pode promover a uma determinada firma uma posição monopolista. Controle de matéria-prima básica Quando uma empresa tem um acesso exclusivo a uma matéria-prima essencial pode levá-la a consolidação de posições de monopólio Monopólio natural ou puro Existem situações que promovem esse tipo de monopólio, como por exemplo, quando a empresa já está instalada no mercado operando com grandes plantas produtivas, elevadas economias de escala e custos unitários baixos. Outra situação é quando o próprio mercado exige um volume de capital elevado e acaba por criar barreias à entrada de novos concorrentes. Oligopólio É uma estrutura de mercado intermediária entre a concorrência perfeita e o monopólio. O número de ofertadores é reduzido, mas essa quantidade pode ser variável. Como são poucos, as ações de uma das empresas podem afetar as demais. Nesse tipo de mercado, existem as seguintes premissas: 1) pequeno número de ofertadores; 2) produto pode ser homogêneo ou diferenciado; 3) elevadas barreiras à entrada de novos concorrentes. Na economia brasileira, setores oligopolistas são bastante comuns. Temos como exemplo alguns segmentos que produzem diferenciados como os automóveis e ouros oligopólios com produtos homogêneos, como cimento e alumínio. Um outro exemplo está no mercado de telefonia móvel, no qual poucas empresas controlam o mercado. Nesse caso, a fusão das empresas TIM e Vivo consistiu no primeiro oligopólio nesta área do mercado. Há uma interdependência entre as firmas, pois a ação de uma empresa pode produzir efeitos diretos nas outras do mercado. Por outro lado, há momentos nos quais as empresas podem optar por não competir e, sim, cooperar, visando, por exemplo, a evitar uma guerra de preços entre elas. Geralmente, quando o mercado é muito concentrado, ou seja, quando há poucas empresas no mercado, elas acabam buscando algum tipo de acordo e cooperação. Acordo e cooperação O cartel ou o conluio em oligopólio corresponde a uma situação em que algumas empresas estabelecem em conjunto os seus preços ou as quantidades produzidas, repartindo entre si o mercado ou tomando em conjunto outras decisões produtivas. Claro que acabam estabelecendo preços elevados com a finalidade de aumentar os lucros e reduzir os riscos. O Brasil possui uma legislação específica que busca coibir os abusos de poder econômico em defesa da concorrência e do consumidor. Concorrência monopolística É um mercado que, apesar de ter um grande número de ofertadores e consumidores, há uma heterogeneidade dos produtos. Nesse tipo de mercado, existem as seguintes premissas: -Grande número de ofertadores; -Produto é diferenciado, seja por características físicas ou pela propaganda e prestação de serviços complementares (exemplo: pós venda), mas há substituto próximos; -Não há barreiras à entrada de novos concorrentes. É interessante destacar uma característica desse tipo de estrutura de mercado: cada empresa possui certo poder sobre os preços, uma vez que os produtos são diferenciados, ou seja, o consumidor pode escolher, de acordo com a sua preferência, a marca do produto. A empresa americana Apple Inc. é um exemplo que cumpre com todas as características. Preferência A diferenciação do produto pode acontecer pelas diferenças físicas, embalagens, promoção de vendas (propaganda, atendimento, brindes), e pela manutenção e pós-venda. Como não há barreiras à entrada de novos competidores... A longo prazo: A tendência é um lucro normal e a curto prazo um lucro extraordinário. A curto prazo: Exatamente por ter lucros extraordinários, acabam por atrair novos concorrentes até chegar ao ponto de lucro normal. Concorrência perfeita Concorrência monopolística Oligopólio Monopólio Número de ofertantes muitos muitos poucos um Tipo de produto idêntico diferenciado idêntico/diferenciado não existe/substituto Existência de barreiras não não sim sim Lucro normal normal extraordinário extraordinário Tipos de Barreiras -Barreiras naturais (altos custosfixos) Monopólio natural -Patentes -Direitos autorais -Monopólios estatais -Controle de matérias-primas Falhas de mercado -Externalidades Uma externalidade acontece quando uma pessoa influencia o bem-estar de uma outra pessoa, e essa outra pessoa não paga ou não recebe nenhum tipo de compensação por essa influência. -Externalidade negativa -Externalidade positiva -Bens públicos Não excludentes e não rivais -Como garantir que um bem que não tem preço seja produzido e consumido nas quantidades apropriadas? -Informação imperfeita (informação assimétrica) Reflete o diferente grau de conhecimento entre compradores e vendedores, que pode resultar num maior benefício de uma das partes envolvidas em uma transação ou um contrato em detrimento da outra. -Risco moral -Seleção adversa Nesta aula, você: Reconheceu as características que diferenciam as estruturas de mercado. Diferenciou as estruturas de mercado. Na próxima aula, você estudará sobre os seguintes assuntos: A abordagem macroeconômica: - algumas noções de contabilidade social e - apresentação das metas e instrumentos de política macroeconômica.
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