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DIREITO PROCESSUAL PENAL para o XXV EXAME DA OAB Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Ð Aula 04 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 1 de 90 AULA 04: SUJEITOS DO RPOCESSO. ATOS E PRAZOS PROCESSUAIS (FORMA, TEMPO, LUGAR E NULIDADES). DAS CITAÍES E INTIMAÍES. ATOS JURISDICIONAIS. SENTENA PENAL (MODALIDADES, EFEITOS, ETC.). QUESTÍES E PROCESSOS INCIDENTES. SUMçRIO! 1. SUJEITOS PROCESSUAIS ............................................................................. 3 1.1. Conceito e espcies ............................................................................... 3 1.2. Do Juiz .................................................................................................. 3 1.3. Do Ministrio Pblico ............................................................................ 6 1.4. Do acusado ........................................................................................... 7 1.5. Do defensor do acusado ........................................................................ 9 1.6. Do assistente de acusao .................................................................. 11 1.7. Dos auxiliares da Justia ..................................................................... 13 2. ATOS PROCESSUAIS .................................................................................. 15 2.1. Introduo ............................................................................................. 15 2.2. Forma dos atos processuais. Nulidades .................................................. 15 2.3. Tempo dos atos processuais e prazos processuais ................................. 21 2.4. Lugar dos atos processuais .................................................................... 23 3. COMUNICAÌO DOS ATOS PROCESSUAIS .................................................. 23 3.1. Citaes ................................................................................................. 23 3.1.1. Conceito ................................................................................................ 23 3.1.2. Citao pessoal ...................................................................................... 23 3.1.3. Modalidades especiais de citao pessoal ................................................... 25 3.1.4. Citao ficta: por hora certa e por edital .................................................... 26 3.2. Intimaes ............................................................................................. 32 4. SENTENA ................................................................................................. 33 4.1. Requisitos formais ................................................................................. 33 4.2. Sentena penal absolutria .................................................................... 36 4.2.1. Efeitos da Sentena Penal Absolutria ....................................................... 37 4.3. Sentena penal condenatria ................................................................. 38 4.3.1. Efeitos da sentena penal condenatria ..................................................... 40 4.4. Princpio da correlao e princpio da consubstanciao ........................ 42 4.4.1. Emendatio libelli ..................................................................................... 43 4.4.2. Mutatio libelli ......................................................................................... 44 4.5. Publicao e intimao da sentena ....................................................... 45 01653159111 - DIEGO VIANA DIAS DIREITO PROCESSUAL PENAL para o XXV EXAME DA OAB Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Ð Aula 04 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 2 de 90 5. QUESTÍES E PROCESSOS INCIDENTES ...................................................... 51 5.1. Excees ................................................................................................ 51 5.1.1. Exceo de suspeio ............................................................................. 52 5.1.2. Exceo de Incompetncia ....................................................................... 53 5.1.3. Excees de litispendncia e coisa julgada ................................................. 54 5.1.4. Exceo de ilegitimidade da parte ............................................................. 54 5.2. Questes prejudiciais ............................................................................. 55 5.3. Conflito de jurisdio ............................................................................. 58 5.4. Restituio de coisas apreendidas .......................................................... 59 5.5. Medidas assecuratrias .......................................................................... 61 5.6. Incidentes de falsidade documental ....................................................... 64 5.7. Incidente de insanidade mental ............................................................. 65 6. RESUMO .................................................................................................... 67 7. EXERCêCIOS DA AULA ............................................................................... 83 8. GABARITO ................................................................................................. 89 Ol, meu povo! Estudando muito? Hoje vamos estudar diversos temas. Primeiramente, vamos ver os sujeitos processuais (Juiz, MP, acusado, etc.). Posteriormente, vamos estudar os atos e prazos processuais (para podermos entender as NULIDADES), bem como as formas de comunicao dos atos processuais (Citaes e Intimaes). Veremos, ainda, a sentena penal e as questes e processos incidentes. Est sem tempo? Estude pelo resumo e faa os exerccios! Trata-se de um resumo bastante completo e que pode te ajudar se voc no tem condies de estudar a aula toda! Bons estudos! Prof. Renan Araujo 01653159111 - DIEGO VIANA DIAS DIREITO PROCESSUAL PENAL para o XXV EXAME DA OAB Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Ð Aula 04 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 3 de 90 1.!SUJEITOS PROCESSUAIS 1.1.! Conceito e espcies Sujeitos do processo so as pessoas que atuam, de maneira obrigatria ou no, no processo criminal. Podem ser: ¥ Sujeitos essenciais Ð Casos devam, necessariamente, fazer parte do processo criminal. So apenas trs: Juiz, acusador (MP ou querelante) e acusado (ou querelado), bem como o defensor deste; ¥ Sujeitos acessrios (no essenciais) Ð So aqueles que no necessariamente atuaram no processo, agindo somente em alguns casos. Exemplo: Assistente de acusao. Sujeito do processo no necessariamente aquele que integra a relao processual. Sujeito do processo toda pessoa que pratica ato no processo. A relao processual, por sua vez, composta pelos sujeitos que possuem interesse no processo (Juiz, acusador, acusado e assistente, que faz parte da acusao). Pode ocorrer de um sujeito no possuir nenhum interesse na causa (perito, por exemplo). O interesse do Juiz se constitui na prestao da tutela Jurisdicional em nome do Estado. Os sujeitos do processo esto regulamentados nos arts. 251 a 281 do CPP. Vamos estud-los individualmente. 1.2.! Do Juiz O sujeito processual, na verdade, o Estado-Juiz, que atua no processo atravs de um rgo jurisdicional, que o Juiz criminal. O Juiz criminal possui alguns poderes: a) Poderde polcia administrativa Ð Exercido no curso do processo, com a finalidade de garantir a ordem dos trabalhos e a disciplina. Ao contrrio do que a nomenclatura possa transparecer, no est relacionada fora policial, mas ao conceito administrativo de poder de polcia (limitao ou regulamentao das liberdades individuais). Est previsto no art. 251 do CPP, dentre outros: Art. 251. Ao juiz incumbir prover regularidade do processo e manter a ordem no curso dos respectivos atos, podendo, para tal fim, requisitar a fora pblica. b) Poder Jurisdicional Ð Relativo conduo do processo, no que toca atividade-fim da Jurisdio (instruo, decises interlocutrias, prolao da sentena, execuo das decises tomadas, etc.). Dividem-se em: b.1) Poderes-meio (atos cuja prtica atingir uma outra finalidade Ð a prestao da efetiva tutela jurisdicional), que se dividem em atos ordinatrios e instrutrios; b.2) Poderes-fins (que so relacionados 01653159111 - DIEGO VIANA DIAS DIREITO PROCESSUAL PENAL para o XXV EXAME DA OAB Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Ð Aula 04 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 4 de 90 prestao da efetiva tutela jurisdicional e seu cumprimento), dividindo-se em atos decisrios (dizem o direito, condenando, absolvendo, etc.) e atos executrios (colocam em prtica o que foi decidido); Existem determinadas hipteses nas quais o Juiz no pode atuar, pelo fato de se considerar prejudicada a sua condio de imparcialidade. So as hipteses de impedimento ou suspeio. As hipteses de impedimento esto previstas no art. 252 do CPP, e so consideradas como ensejadoras de incapacidade absoluta para atuar no processo: Art. 252. O juiz no poder exercer jurisdio no processo em que: I - tiver funcionado seu cnjuge ou parente, consangneo ou afim, em linha reta ou colateral at o terceiro grau, inclusive, como defensor ou advogado, rgo do Ministrio Pblico, autoridade policial, auxiliar da justia ou perito; II - ele prprio houver desempenhado qualquer dessas funes ou servido como testemunha; III - tiver funcionado como juiz de outra instncia, pronunciando-se, de fato ou de direito, sobre a questo; IV - ele prprio ou seu cnjuge ou parente, consangneo ou afim em linha reta ou colateral at o terceiro grau, inclusive, for parte ou diretamente interessado no feito. Nestas hipteses o CPP estabelece uma presuno absoluta (jure et de jure) de que o Juiz seria parcial, violando um dos deveres da Jurisdio, que a imparcialidade. Este rol considerado um rol taxativo (numerus clausus), no admitindo interpretao extensiva, portanto. Ocorrendo uma dessas hipteses, o Juiz tem o dever de se declarar impedido, no podendo atuar no processo. Se no o fizer, qualquer das partes poder arguir seu impedimento, nos termos do art. 112 do CPP. Se, por acaso, se tratar de processo nos Tribunais, nos quais o julgamento se d atravs de rgos colegiados (mais de um Juiz), o art. 253 estabelece que: Art. 253. Nos juzos coletivos, no podero servir no mesmo processo os juzes que forem entre si parentes, consangneos ou afins, em linha reta ou colateral at o terceiro grau, inclusive. CUIDADO! Parte da Doutrina entende que este art. 253 se refere a uma incompatibilidade (e no impedimento ou suspeio). As incompatibilidades seriam situaes de impossibilidade de atuao em razo de fatos que geram graves hipteses de inconvenincia na atuao do magistrado, mas que no estejam previstas como impedimento ou suspeio.1 1 Outra parcela da Doutrina simplesmente se refere a este art. 253 como mais uma hiptese de impedimento. Ver, por todos: NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de processo penal e execuo penal. 12.¼ edio. Ed. Forense. Rio de Janeiro, 2015, p. 490. 01653159111 - DIEGO VIANA DIAS DIREITO PROCESSUAL PENAL para o XXV EXAME DA OAB Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Ð Aula 04 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 5 de 90 A suspeio, por sua vez, considerada uma incapacidade subjetiva do Juiz, que pode ou no se declarar suspeito (vejam a diferena!). Caso o Juiz no se declare suspeito, as partes podero entender que est prejudicada sua imparcialidade e arguir a suspeio, nos termos do mesmo art. 112 do CPP. As hipteses de suspeio esto previstas no art. 254 do CPP: Art. 254. O juiz dar-se- por suspeito, e, se no o fizer, poder ser recusado por qualquer das partes: I - se for amigo ntimo ou inimigo capital de qualquer deles; II - se ele, seu cnjuge, ascendente ou descendente, estiver respondendo a processo por fato anlogo, sobre cujo carter criminoso haja controvrsia; III - se ele, seu cnjuge, ou parente, consangneo, ou afim, at o terceiro grau, inclusive, sustentar demanda ou responder a processo que tenha de ser julgado por qualquer das partes; IV - se tiver aconselhado qualquer das partes; V - se for credor ou devedor, tutor ou curador, de qualquer das partes; Vl - se for scio, acionista ou administrador de sociedade interessada no processo. Entretanto, o CPP traz uma regra curiosa em seu art. 256: Se a parte, de alguma forma, der causa, de maneira proposital situao de suspeio, esta no poder ser declarada nem reconhecida: Art. 256. A suspeio no poder ser declarada nem reconhecida, quando a parte injuriar o juiz ou de propsito der motivo para cri-la. EXEMPLO: Imaginem que Fulano est sendo julgado pelo crime de estupro por uma Juza extremamente rigorosa. Entretanto, fulano sabe que o outro Juiz criminal da comarca no to rigoroso. Assim, fulano cria, propositalmente, uma rixa pessoal com a Juza, de forma a arguir, posteriormente, sua suspeio, com base no art. 254, I do CPP, afim de que o processo seja remetido para julgamento ao outro Juiz. Nessa hiptese, o CPP veda o reconhecimento ou declarao da suspeio. A suspeio ou o impedimento em decorrncia de parentesco por afinidade (parentesco que no de sangue) cessa com a dissoluo do casamento que fez surgir o parentesco. Esta a regra. No entanto, existem duas excees: No mesmo sentido, Eugnio Pacelli entende que este art. 253 se refere a uma causa de IMPEDIMENTO. As incompatibilidades, para o autor, referem-se apenas quelas situaes em que no h previso legal expressa aplicvel ao caso, mas nas quais h inconvenincia da atuao do Juiz (ex.: hiptese em que o Juiz se declara suspeito para atuar no caso, por razes de foro ntimo). PACELLI, Eugnio. Curso de processo penal. 16¼ edio. Ed. Atlas. So Paulo, 2012, p. 444/445 01653159111 - DIEGO VIANA DIAS DIREITO PROCESSUAL PENAL para o XXV EXAME DA OAB Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Ð Aula 04 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 6 de 90 a) Se do casamento resultar filhos, o impedimento ou suspeio no se extingue em hiptese nenhuma; b) Havendo ou no filhos da relao, o impedimento ou suspeio permanece em relao a sogros, genros, cunhados, padrasto e enteado (e os correspondentes femininos, claro)2; Mas e se o Juiz suspeito ou impedido continuar atuando no processo, como se nada tivesse acontecido? Haver um vcio processual. Esse vcio ir variar conforme o caso (suspeio ou impedimento. Se o Juiz for impedido,a Doutrina entende que o ato inexistente, pelo fato de que o Juiz est impedido de exercer a Jurisdio naquele caso, ou seja, os atos foram praticados por Juiz sem Jurisdio. No caso de Juiz suspeito, a Doutrina se divide. Parte entende que se trata de nulidade absoluta e outra parte entende que causa de nulidade relativa, que o que vem prevalecendo, inclusive no STJ. Os institutos (inexistncia jurdica e nulidade absoluta) so parecidos, mas possuem efeitos bem diferentes. No caso de inexistncia, o ato simplesmente no existe, um Ònada jurdicoÓ. No caso de nulidade absoluta o ato existe, sendo apenas viciado pela nulidade. Os efeitos que decorrem so graves. No caso de inexistncia, como o ato no existe, uma sentena proferida, por exemplo, sequer considerada sentena, sendo desconsiderada. J no caso de uma sentena nula, ela existe e produzir efeitos caso a nulidade no seja arguida. Assim, se um ru absolvido por um Juiz suspeito, e a deciso transita em julgado, Òj eraÓ, o acusado no poder ser julgado novamente. Entretanto, se o Juiz fosse impedido, simplesmente o processo seria retomado em seu andamento, pois a sentena proferida NÌO EXISTE. Por fim, o art. 274, que trata dos funcionrios da Justia, estabelece que a eles se aplicam as prescries do CPP no que se refere s hipteses de suspeio do Juiz: Art. 274. As prescries sobre suspeio dos juzes estendem-se aos serventurios e funcionrios da justia, no que Ihes for aplicvel. 1.3.! Do Ministrio Pblico O MP o rgo responsvel por desempenhar as funes do Estado-acusador no processo. Instituio permanente, essencial Justia e com previso no art. 127 da Constituio da Repblica. O MP o responsvel por ajuizar a ao penal pblica (condicionada e incondicionada), bem como fiscalizar o cumprimento da lei na ao penal privada e tambm na ao penal pblica! O MP rotulado pela Doutrina majoritria como Òparte imparcialÓ (esquizofrnico isso...), pois sua funo no ver o acusado ser 2 NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit., p. 495 01653159111 - DIEGO VIANA DIAS DIREITO PROCESSUAL PENAL para o XXV EXAME DA OAB Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Ð Aula 04 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 7 de 90 condenado, mas promover a Justia (da o nome: Promotor de Justia), fazendo com que a verdade surja e o acusado seja culpado, se for o caso. Tanto assim que o MP pode, inclusive, pedir a absolvio do acusado quando, no decorrer do processo, entender que a denncia foi um equvoco e que no ficou provada sua culpa. Nos termos do art. 385 do CPP: Art. 385. Nos crimes de ao pblica, o juiz poder proferir sentena condenatria, ainda que o Ministrio Pblico tenha opinado pela absolvio, bem como reconhecer agravantes, embora nenhuma tenha sido alegada. Ao membro do MP se aplicam, no que for cabvel, as mesmas hipteses de suspeio e impedimento previstas para os Juzes. Alm disso, o membro do MP no pode atuar em processo que o Juiz ou qualquer das partes for seu parente, nos termos estabelecidos pelo art. 258 do CPP: Art. 258. Os rgos do Ministrio Pblico no funcionaro nos processos em que o juiz ou qualquer das partes for seu cnjuge, ou parente, consangneo ou afim, em linha reta ou colateral, at o terceiro grau, inclusive, e a eles se estendem, no que Ihes for aplicvel, as prescries relativas suspeio e aos impedimentos dos juzes. Vale ressaltar que o simples fato de o membro do MP ter participado da fase investigatria no causa de impedimento ou suspeio (verbete n¼ 234 da smula de jurisprudncia do STJ). 1.4.! Do acusado O acusado aquele que figura no polo passivo do processo criminal, ou seja, a pessoa a quem se imputa a prtica de uma infrao penal. Nem todas as pessoas, no entanto, podem figurar no polo passivo de um processo criminal: a) Entes que no possuem capacidade para serem sujeitos de direito. Ex.: mortos; b) Menores de 18 anos Ð hiptese de inimputabilidade que gera a ilegitimidade da parte, em razo da disposio expressa na Lei no sentido de que os menores de 18 anos respondam por seus atos infracionais perante o ECA; c) Pessoas detentoras de imunidade diplomtica; d) Pessoas que possuam imunidade parlamentar. Ex: Deputados, Senadores, etc. (Essa espcie discutvel, pois em alguns casos eles podem ser sujeitos passivos do processo criminal); As pessoas jurdicas podem ser sujeitos passivos no processo criminal, pois a Constituio previu a possibilidade de se imputar 01653159111 - DIEGO VIANA DIAS DIREITO PROCESSUAL PENAL para o XXV EXAME DA OAB Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Ð Aula 04 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 8 de 90 pessoa jurdica a prtica de crimes (art. 225, ¤ 3¡ da CRFB/88). O STF corrobora este entendimento.3 Quanto aos inimputveis em decorrncia de doena mental, desenvolvimento mental incompleto e embriaguez total decorrente de caso fortuito ou fora maior, nada impede que integrem o polo passivo do processo, pois, ao final, eles sero absolvido, sendo-lhes aplicada medida de segurana (salvo no caso da embriaguez). Entretanto, devem se submeter ao processo criminal. A identificao do acusado deve ser feita da forma mais ampla possvel. No entanto, a impossibilidade de identificao do acusado por seu nome civil no impede o prosseguimento da ao, nos termos do art. 259 do CPP: Art. 259. A impossibilidade de identificao do acusado com o seu verdadeiro nome ou outros qualificativos no retardar a ao penal, quando certa a identidade fsica. A qualquer tempo, no curso do processo, do julgamento ou da execuo da sentena, se for descoberta a sua qualificao, far-se- a retificao, por termo, nos autos, sem prejuzo da validade dos atos precedentes. O CPP prev, ainda, que o acusado dever comparecer a todos os atos do processo para o qual for intimado e, caso no comparea a algum ato que no possa ser realizado sem ele, o Juiz poder determinar sua conduo fora: Art. 260. Se o acusado no atender intimao para o interrogatrio, reconhecimento ou qualquer outro ato que, sem ele, no possa ser realizado, a autoridade poder mandar conduzi-lo sua presena. Pargrafo nico. O mandado conter, alm da ordem de conduo, os requisitos mencionados no art. 352, no que Ihe for aplicvel. Embora o art. 260 diga ÒautoridadeÓ, sem distinguir autoridade policial e autoridade judiciria, a Doutrina entende que esse poder est restrito ao Juiz, pois o CPP fala em acusado, o que d a entender que esta norma se aplica somente quele que j est sendo processado judicialmente. Caso o Delegado necessite da presena do indiciado (no IP) em algum ato, dever solicitar ao Juiz que determine a conduo do indiciado. A Doutrina diverge, ainda quanto extenso desta norma. Parte da Doutrina entende (e o STJ tambm) que a conduo do acusado fora s possvel nos casos de recusa ao comparecimento a ato processual cuja presena deste seja indispensvel. Outra parcela entende que o art. 260 viola o princpio da vedao autoincriminao e, portanto, o acusado no poderia ser conduzido fora.4 O acusado possui, ainda, direitos, previstos na Constituio e na Legislao infraconstitucional, dentre eles: 3 O STF entende que, atualmente, a pessoa jurídica somente pode ser sujeito passivo em processo criminal (sujeito ativo do crime, portanto) por crime ambiental,por não haver expressa previsão para outros casos. 4 NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit., p. 500 01653159111 - DIEGO VIANA DIAS DIREITO PROCESSUAL PENAL para o XXV EXAME DA OAB Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Ð Aula 04 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 9 de 90 a) No produzir prova contra si mesmo (Nemo tenetur se detegere) Ð Previsto no art. 5¡, LXIII da Constituio e art. 186 do CPP (que tratam do direito ao silncio, um dos corolrios mais clssicos desse princpio); b) Direito de ser processado e sentenciado pela autoridade competente Ð Consubstancia-se no princpio do Juiz Natural, e est previsto no art. 5¡, LIII da Constituio; c) Direito ao contraditrio e ampla defesa Ð Direito de contradizer tudo o que for dito pela acusao e se manifestar sempre aps esta. Trata-se de princpio constitucional previsto no art. 5¡, LV da Constituio; d) Direito entrevista prvia e reservada com seu defensor Ð Direito que decorre do princpio da ampla defesa, e est materializado no art. 185, ¤ 2¡ do CPP. Muitos outros existem, previstos tanto na Constituio quanto no CPP. O CPP prev, tambm, que se o acusado for menor de idade, no poder figurar no polo passivo do processo sem que lhe seja nomeado um curador: Art. 262. Ao acusado menor dar-se- curador. CUIDADO! Quando o art. 262 se refere ao acusado ÒmenorÓ no est se referindo menoridade penal (nesse caso nem poderia ser acusado!), mas menoridade CIVIL. Durante muito tempo a maioridade civil era atingida somente aos vinte e um anos, enquanto a maioridade penal era atingida antes, aos 18 anos. Assim, o acusado que tinha entre 18 e 21 anos, embora PENALMENTE MAIOR, no possua maioridade civil, sendo, para estes efeitos, menor. com relao a este acusado (Que tinha mais de 18 e menos de 21 anos) que se aplicava o art. 262. Atualmente, a maioridade civil tambm se atinge aos 18 anos, ou seja, no h possibilidade de haver um acusado que seja civilmente menor. Portanto, este artigo est temporariamente sem aplicao. Contudo, nada impede que futuramente a maioridade civil e a maioridade penal voltem a ser alcanadas em idades diferentes. 1.5.! Do defensor do acusado A presena do defensor no processo criminal obrigatria5, e decorre do princpio da ampla defesa, previsto no art. 5¡, LV da Constituio. O defensor (advogado ou Defensor Pblico) quem realiza a chamada defesa tcnica (a defesa prestada por profissional habilitado). Sua presena obrigatria est prevista, ainda, no art. 261 do CPP: 5 PACELLI, Eugnio. Op. cit., p. 468 01653159111 - DIEGO VIANA DIAS DIREITO PROCESSUAL PENAL para o XXV EXAME DA OAB Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Ð Aula 04 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 10 de 90 Art. 261. Nenhum acusado, ainda que ausente ou foragido, ser processado ou julgado sem defensor. Pargrafo nico. A defesa tcnica, quando realizada por defensor pblico ou dativo, ser sempre exercida atravs de manifestao fundamentada. (Incluído pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003) Vejam que o ¤ nico trata da chamada ÒDefesa tcnica eficienteÓ, o que obriga o Defensor Pblico ou defensor dativo a prestar a defesa tcnica de maneira eficiente, e no apenas protocolar. Isso se d no em razo de preconceito tcnico da Lei para com defensores dativos e Defensores Pblicos, mas em razo de que estes no foram nomeados pelo acusado e no esto sendo pagos por este, o que poderia gerar certa displicncia. ATENÌO! O STF editou o verbete n¼ 523 de sua smula de jurisprudncia, no seguinte sentido: SòMULA 523 NO PROCESSO PENAL, A FALTA DA DEFESA CONSTITUI NULIDADE ABSOLUTA, MAS A SUA DEFICIæNCIA Sî O ANULARç SE HOUVER PROVA DE PREJUêZO PARA O RU. A Doutrina entende que esta disposio se aplica tanto defesa realizada pelo defensor nomeado quanto a realizada pelo defensor constitudo pelo prprio acusado. Isso implica dizer que o Judicirio pode reconhecer a deficincia da defesa tcnica, ex officio. Isso porque seria pouco razovel exigir que a alegao de deficincia da defesa partisse do prprio defensor.6 Caso o acusado no possua defensor, o Juiz nomear um para que o defenda. Entretanto, caso o acusado, posteriormente resolva constituir advogado de sua confiana ou defender-se a si prprio (caso possua habilitao para isso), poder destituir o defensor nomeado pelo Juiz, A QUALQUER TEMPO. Nos termos do art. 263 do CPP: Art. 263. Se o acusado no o tiver, ser-lhe- nomeado defensor pelo juiz, ressalvado o seu direito de, a todo tempo, nomear outro de sua confiana, ou a si mesmo defender-se, caso tenha habilitao. O ¤ nico deste artigo, por sua vez, determina que se o acusado, a quem for nomeado defensor, no for pobre, ser obrigado a pagar os honorrios do defensor dativo que lhe for nomeado. Em se tratando de Defensor Pblico, embora estes no possam receber honorrios, a lei permite (LC n¡ 80/94) o recebimento de honorrios pela Instituio Defensoria Pblica, em conta prpria. Nos termos do art. 263, ¤ nico: Pargrafo nico. O acusado, que no for pobre, ser obrigado a pagar os honorrios do defensor dativo, arbitrados pelo juiz. 6 PACELLI, Eugnio. Op. cit., p. 470/471 01653159111 - DIEGO VIANA DIAS DIREITO PROCESSUAL PENAL para o XXV EXAME DA OAB Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Ð Aula 04 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 11 de 90 A nomeao do defensor dativo no pode ser por este recusada, salvo no caso de motivo relevante. Tambm no poder o defensor abandonar o processo seno por motivo de fora maior (imperioso motivo), hiptese na qual dever comunicar PREVIAMENTE o Juiz; E se o defensor no comparecer audincia? Os ¤¤ 1¡ e 2¡ do art. 265 do CPP determinam que o defensor que no puder comparecer audincia, dever informar este fato ao Juiz, justificando a ausncia, hiptese na qual a audincia poder ser adiada . Se o defensor no justificar a impossibilidade de comparecimento, o Juiz no adiar o ato, devendo constituir outro defensor para o acusado, ainda que s para a realizao daquele ato processual7. O art. 266 do CPP, por sua vez, determina que a constituio de defensor independe de mandato, quando o acusado o indicar no interrogatrio. Trata-se da chamada procurao apud acta. Por fim, o defensor se encontra impedido de atuar nos processos em que atue Juiz que seja seu parente: Art. 267. Nos termos do art. 252, no funcionaro como defensores os parentes do juiz. Este parentesco restringe-se s hipteses previstas no art. 252, I do CPP. Alm disso, pode acontecer de o defensor j estar atuando no caso quando um Juiz, parente seu, assume o caso. Nessa hiptese, quem est impedido no o defensor, mas o Juiz. CUIDADO! Estar impedido quem entrar por ltimo no processo, permanecendo quem j est atuando. 1.6.! Do assistente de acusao O ofendido, seu representante legal, ou qualquer das pessoas mencionadas no art. 31 do CPP (cnjuge, ascendente, descendente ou irmo) podero atuar como assistentes da acusao nas aes penais pblicas (condicionadas e incondicionadas). Nos termos do art. 268 do CPP: Art. 268. Em todos os termos da ao pblica, poder intervir, como assistente do Ministrio Pblico, o ofendido ou seu representante legal, ou, na falta, qualquer das pessoas mencionadas no Art. 31. A intervenode qualquer destas pessoas como assistente da acusao pode se dar a qualquer momento, AT O TRåNSITO EM JULGADO DA SENTENA: Art. 269. O assistente ser admitido enquanto no passar em julgado a sentena e receber a causa no estado em que se achar. 7 O STJ corrobora este entendimento (HC 228.280/BA, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em 11/03/2014, DJe 25/03/2014) 01653159111 - DIEGO VIANA DIAS DIREITO PROCESSUAL PENAL para o XXV EXAME DA OAB Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Ð Aula 04 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 12 de 90 Entretanto, a admisso do assistente depende da anlise de dois fatores pelo Juiz: a) Tratar-se o requerente de um dos legitimados para figurar como assistente. b) Estar o requerente assistido por advogado ou Defensor Pblico. Alm disso, a admisso do assistente de acusao depende, sempre da oitiva prvia do membro do MP, no cabendo recurso contra a deciso que negar ou deferir a habilitao do assistente: Art. 272. O Ministrio Pblico ser ouvido previamente sobre a admisso do assistente. Art. 273. Do despacho que admitir, ou no, o assistente, no caber recurso, devendo, entretanto, constar dos autos o pedido e a deciso. O ofendido, aqui, no atua como autor do processo (o autor o MP), mas como assistente do MP. Assim, duas podem ser as situaes do ofendido no processo criminal: a) Atua como querelante Ð Nas aes penais privadas exclusivas e na subsidiria da pbica, o ofendido atua como autor do processo. b) Atua como assistente Ð Nas aes penais pblicas que efetivamente tiverem sido ajuizadas pelo MP. O CPP, em seu art. 270, probe que o corru (aquele que tambm acusado) no mesmo processo atue como assistente da acusao. Art. 270. O co-ru no mesmo processo no poder intervir como assistente do Ministrio Pblico. EXEMPLO: Imagine a hiptese em que duas pessoas tentaram cometer homicdio uma contra a outra simultaneamente. Sendo julgadas no mesmo processo, ambas como rs ( claro), no pode uma pretender ser assistente de acusao do MP (com vistas condenao do outro acusado). O STF e o STJ, no entanto, entendem que o corru, embora no possa se habilitar no processo como assistente de acusao, pode recorrer (apelar) para reformar a sentena que absolve o outro corru.8 O assistente de acusao poder atuar de inmeras maneiras, propondo provas, participando dos debates, orais, etc.. No entanto, as provas requeridas pelo assistente da acusao sero deferidas a critrio do Juiz, aps ser ouvido o MP. Nos termos do 271 e seu ¤ 1¡ do CPP: 8 No mesmo sentido, a Doutrina. Por todos, NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit., p. 511 01653159111 - DIEGO VIANA DIAS DIREITO PROCESSUAL PENAL para o XXV EXAME DA OAB Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Ð Aula 04 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 13 de 90 Art. 271. Ao assistente ser permitido propor meios de prova, requerer perguntas s testemunhas, aditar o libelo e os articulados, participar do debate oral e arrazoar os recursos interpostos pelo Ministrio Pblico, ou por ele prprio, nos casos dos arts. 584, ¤ 1o, e 598. ¤ 1o O juiz, ouvido o Ministrio Pblico, decidir acerca da realizao das provas propostas pelo assistente. A lista de atos que o assistente pode praticar, estabelecida no art. 271 do CPP, considerada pela maioria da Doutrina e da Jurisprudncia como um rol taxativo, ou seja, somente podem ser praticados aqueles atos, e no outros que no estejam na lista. Embora no conste na lista de atos permitidos ao assistente, a Doutrina e a Jurisprudncia admitem, no entanto, a legitimidade do assistente para recorrer em trs hipteses: 1) Apelar da sentena (art. 593).9 2) Apelar da sentena de impronncia, nos processos do Tribunal do Jri (art. 416 do CPP). 3) Apelar da sentena que julga extinta a punibilidade. O assistente ser intimado para todos os atos processuais. Entretanto, se devidamente intimado o assistente no comparecer, de maneira injustificada, a qualquer ato de instruo ou julgamento, o processo ir prosseguir sem que o assistente seja intimado novamente: ¤ 2o O processo prosseguir independentemente de nova intimao do assistente, quando este, intimado, deixar de comparecer a qualquer dos atos da instruo ou do julgamento, sem motivo de fora maior devidamente comprovado. Recentemente, com as alteraes promovidas pela lei 12.403/11, foi conferida ao assistente de acusao a possibilidade de requerer a priso preventiva do acusado! 1.7.! Dos auxiliares da Justia Os peritos e intrpretes no possuem interesse na causa (no acusam, no julgam, no so acusados), mas contribuem para que a tutela jurisdicional seja efetivamente prestada. Esto regulamentados nos arts. 275 a 281 do CPP. O CPP regulamenta a atividade dos peritos, e equipara a estes, os intrpretes. Nos termos do art. 281 do CPP: Art. 281. Os intrpretes so, para todos os efeitos, equiparados aos peritos. 9 Mesmo que se trata de sentença condenatória e a única finalidade da apelação seja MAJORAR a pena aplicada. 01653159111 - DIEGO VIANA DIAS DIREITO PROCESSUAL PENAL para o XXV EXAME DA OAB Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Ð Aula 04 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 14 de 90 Os peritos tambm podem ser suspeitos, de forma a no poder atuar no processo. Isso acontece porque o perito TAMBM DEVE SER IMPARCIAL. Nos termos do art. 280 do CPP: Art. 280. extensivo aos peritos, no que Ihes for aplicvel, o disposto sobre suspeio dos juzes. Alm disso, o art. 279 do CPP traz trs vedaes ao exerccio da funo de perito: Art. 279. No podero ser peritos: I - os que estiverem sujeitos interdio de direito mencionada nos ns. I e IV do art. 69 do Cdigo Penal; II - os que tiverem prestado depoimento no processo ou opinado anteriormente sobre o objeto da percia; III - os analfabetos e os menores de 21 anos. Entretanto, o inciso III deve ser analisado luz do Cdigo Civil de 2002, que alterou a maioridade civil para 18 anos (quando da publicao do CPP, a maioridade civil era de 21 anos). Assim, atualmente a vedao em razo da idade se d somente para os menores de 18 anos. Quanto ao inciso I, ele se refere ao art. 69, I a IV do CP. No entanto, essa referncia se d ao texto original do CP. Atualmente vigora, na parte geral do CP, a redao conferida pela Lei 7.209/84, que revogou este art. 69 do CP, conferindo a ele outra redao, que no guarda qualquer pertinncia com essa vedao. Assim, entende-se que esse inciso I perdeu vigncia. O inciso II trata de uma hiptese de impedimento, pois no caso de o perito ter prestado depoimento anteriormente no processo ou ter nele opinada, nitidamente h prejuzo sua imparcialidade. A nomeao do perito ato privativo do Juiz (bvio, dada a sua imparcialidade), no cabendo s partes intervirem nesse ato. Alm disso, o perito nomeado no poder recusar o encargo, salvo se provar motivo relevante para isso, sob pena de multa. Poder ser multado, ainda, o perito que, sem justa causa, faltar com suas obrigaes de auxiliar da Justia. Estas obrigaes esto previstas no art. 277, ¤ nico do CPP: Pargrafo nico. Incorrer na mesma multa o perito que, sem justa causa, provadaimediatamente: a) deixar de acudir intimao ou ao chamado da autoridade; b) no comparecer no dia e local designados para o exame; c) no der o laudo, ou concorrer para que a percia no seja feita, nos prazos estabelecidos. No caso de o descumprimento da obrigao ser o no comparecimento a algum ato para o qual tenha sido intimado, poder o perito ser conduzido fora, semelhana do que ocorre com o acusado. Nos termos do art. 278 do CPP: 01653159111 - DIEGO VIANA DIAS DIREITO PROCESSUAL PENAL para o XXV EXAME DA OAB Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Ð Aula 04 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 15 de 90 Art. 278. No caso de no-comparecimento do perito, sem justa causa, a autoridade poder determinar a sua conduo. 2.!ATOS PROCESSUAIS 2.1.! Introduo Sabemos que o processo no esttico, ou seja, dinmico, de forma que necessrio que haja algum meio atravs do qual as partes e o Juiz impulsionem o processo. Isso se d atravs da prtica de ATOS PROCESSUAIS. Os atos processuais podem ser: Os segundos (atos do Juiz) so chamados, ainda, de ATOS JURISDICIONAIS, pois atravs dos atos do Juiz o Estado exerce a Jurisdio. 2.2.! Forma dos atos processuais. Nulidades Os atos processuais, em regra, no possuem forma definida. No entanto, quando a lei expressamente determinar a prtica do ato processual mediante uma determinada forma, ela deve ser cumprida, sob pena de nulidade. Uma forma que est expressamente prevista no CPP para TODOS os atos processuais a PUBLICIDADE. Todos os atos processuais devem ser pblicos, nos termos do art. 792 do CPP: Art. 792. As audincias, sesses e os atos processuais sero, em regra, pblicos e se realizaro nas sedes dos juzos e tribunais, com assistncia dos escrives, do secretrio, do oficial de justia que servir de porteiro, em dia e hora certos, ou previamente designados. ¤ 1o Se da publicidade da audincia, da sesso ou do ato processual, puder resultar escndalo, inconveniente grave ou perigo de perturbao da ordem, o juiz, ou o tribunal, cmara, ou turma, poder, de ofcio ou a requerimento da parte ou do Ministrio Pblico, determinar que o ato seja realizado a portas fechadas, limitando o nmero de pessoas que possam estar presentes. 01653159111 - DIEGO VIANA DIAS DIREITO PROCESSUAL PENAL para o XXV EXAME DA OAB Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Ð Aula 04 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 16 de 90 Percebam que essa publicidade pode ser restringida, em alguns casos, conforme preconiza o ¤1¡ do art. 792. Esse dispositivo, embora anterior CRFB/88, instrumentaliza o disposto no art. 93, IX da nossa Carta Maior: IX todos os julgamentos dos rgos do Poder Judicirio sero pblicos, e fundamentadas todas as decises, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presena, em determinados atos, s prprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservao do direito intimidade do interessado no sigilo no prejudique o interesse pblico informao; (Redao dada pela Emenda Constitucional n¼ 45, de 2004) Outro requisito para a realizao de determinados atos o recolhimento das custas (valores pagos ao Judicirio em razo da prestao do servio Jurisdicional). Porm, caso o acusado seja pobre, estar dispensado do recolhimento das custas. Nos termos do CPP: Art. 806. Salvo o caso do art. 32, nas aes intentadas mediante queixa, nenhum ato ou diligncia se realizar, sem que seja depositada em cartrio a importncia das custas. ¤ 1o Igualmente, nenhum ato requerido no interesse da defesa ser realizado, sem o prvio pagamento das custas, salvo se o acusado for pobre. ¤ 2o A falta do pagamento das custas, nos prazos fixados em lei, ou marcados pelo juiz, importar renncia diligncia requerida ou desero do recurso interposto. ¤ 3o A falta de qualquer prova ou diligncia que deixe de realizar-se em virtude do no-pagamento de custas no implicar a nulidade do processo, se a prova de pobreza do acusado s posteriormente foi feita. O CPP prev, ainda, diversas outras regrinhas de menor importncia.10 Porm, em alguns casos, mesmo diante do descumprimento da forma estabelecida em lei, alguns atos processuais podem no ter sua nulidade decretada. Isso ocorrer quando, mesmo diante da inobservncia da forma, o ato atingir sua finalidade sem causar 10 Art. 793. Nas audincias e nas sesses, os advogados, as partes, os escrives e os espectadores podero estar sentados. Todos, porm, se levantaro quando se dirigirem aos juzes ou quando estes se levantarem para qualquer ato do processo. Pargrafo nico. Nos atos da instruo criminal, perante os juzes singulares, os advogados podero requerer sentados. Art. 794. A polcia das audincias e das sesses compete aos respectivos juzes ou ao presidente do tribunal, cmara, ou turma, que podero determinar o que for conveniente manuteno da ordem. Para tal fim, requisitaro fora pblica, que ficar exclusivamente sua disposio. Art. 795. Os espectadores das audincias ou das sesses no podero manifestar-se. Pargrafo nico. O juiz ou o presidente far retirar da sala os desobedientes, que, em caso de resistncia, sero presos e autuados. Art. 796. Os atos de instruo ou julgamento prosseguiro com a assistncia do defensor, se o ru se portar inconvenientemente. 01653159111 - DIEGO VIANA DIAS DIREITO PROCESSUAL PENAL para o XXV EXAME DA OAB Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Ð Aula 04 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 17 de 90 prejuzo s partes. Trata-se do princpio do ÒprejuzoÓ, ou do Òpas de nullit sans griefÓ (No h nulidade sem prejuzo).11 Vejamos: Art. 563. Nenhum ato ser declarado nulo, se da nulidade no resultar prejuzo para a acusao ou para a defesa. Assim, percebam que no basta que o ato tenha sido praticado com inobservncia da forma prescrita em lei para que seja declarado nulo. necessrio que dessa inobservncia de forma tenha derivado algum prejuzo s partes.12 Mas tem ainda um outro requisito: a prpria parte que deu causa nulidade no pode invoc-la, ainda que lhe tenha causado prejuzo13. Trata-se do princpio do Òvenire contra factum propriumÓ: Art. 565. Nenhuma das partes poder argir nulidade a que haja dado causa, ou para que tenha concorrido, ou referente a formalidade cuja observncia s parte contrria interesse. A nulidade por inobservncia da forma pode ocorrer nos seguintes casos: Art. 564. A nulidade ocorrer nos seguintes casos: (...) III - por falta das frmulas ou dos termos seguintes: a) a denncia ou a queixa e a representao e, nos processos de contravenes penais, a portaria ou o auto de priso em flagrante; b) o exame do corpo de delito nos crimes que deixam vestgios, ressalvado o disposto no Art. 167; c) a nomeao de defensor ao ru presente, que o no tiver, ou ao ausente, e de curador ao menor de 21 anos; d) a interveno do Ministrio Pblico em todos os termos da ao por ele intentada e nos da intentada pela parte ofendida, quando se tratar de crime de ao pblica; e) a citao do ru para ver-se processar, o seu interrogatrio, quando presente, e os prazos concedidos acusao e defesa; f) a sentena de pronncia, o libelo e a entrega da respectiva cpia, com o rol de testemunhas, nos processos perante o Tribunal do Jri;g) a intimao do ru para a sesso de julgamento, pelo Tribunal do Jri, quando a lei no permitir o julgamento revelia; h) a intimao das testemunhas arroladas no libelo e na contrariedade, nos termos estabelecidos pela lei; i) a presena pelo menos de 15 jurados para a constituio do jri; 11 NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de processo penal e execuo penal. 12.¼ edio. Ed. Forense. Rio de Janeiro, 2015, p. 769 12 Tal previsão consagra o princípio da INSTRUMENTALIDADE DAS FORMAS. 13 NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit., p. 770 01653159111 - DIEGO VIANA DIAS DIREITO PROCESSUAL PENAL para o XXV EXAME DA OAB Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Ð Aula 04 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 18 de 90 j) o sorteio dos jurados do conselho de sentena em nmero legal e sua incomunicabilidade; k) os quesitos e as respectivas respostas; l) a acusao e a defesa, na sesso de julgamento; m) a sentena; n) o recurso de oficio, nos casos em que a lei o tenha estabelecido; o) a intimao, nas condies estabelecidas pela lei, para cincia de sentenas e despachos de que caiba recurso; p) no Supremo Tribunal Federal e nos Tribunais de Apelao, o quorum legal para o julgamento; IV - por omisso de formalidade que constitua elemento essencial do ato. Pargrafo nico. Ocorrer ainda a nulidade, por deficincia dos quesitos ou das suas respostas, e contradio entre estas. (Includo pela Lei n¼ 263, de 23.2.1948) A ocorrncia de algum destes vcios de forma gera a nulidade do ato. Contudo, vocs devem lembrar-se sempre da regra: no h nulidade sem prejuzo. Entretanto, a fica a dica: vocs devem marcar como ÒCORRETAÓ a alternativa que citar algum destes incisos como causa de nulidade, mesmo sem fazer a ressalva de que haja necessidade de prejuzo, pois deve-se estar atento LITERALIDADE DA LEI. S se deve marcar o item como errado se houver expressa meno necessidade de prejuzo. Pode ocorrer, em determinados casos, de mesmo no tendo sido adotada a forma legal e, mesmo tendo havido prejuzo, a nulidade no ser declarada. Isso ocorrer sempre que se tratar de nulidade relativa, e esta no for arguida no prazo correto. Vejamos: Art. 572. As nulidades previstas no art. 564, Ill, d e e, segunda parte, g e h, e IV, considerar-se-o sanadas: I - se no forem argidas, em tempo oportuno, de acordo com o disposto no artigo anterior; II - se, praticado por outra forma, o ato tiver atingido o seu fim; III - se a parte, ainda que tacitamente, tiver aceito os seus efeitos. Vamos esmiuar este artigo: Consideram-se sanadas, caso no arguidas no prazo correto, as seguintes nulidades: ¥ A interveno do Ministrio Pblico em todos os termos da ao da intentada pela parte ofendida, quando se tratar de crime de ao pblica (ao penal privada subsidiria da pblica); ¥ Os prazos concedidos acusao e defesa; ¥ A intimao do ru para a sesso de julgamento, pelo Tribunal do Jri, quando a lei no permitir o julgamento revelia; 01653159111 - DIEGO VIANA DIAS DIREITO PROCESSUAL PENAL para o XXV EXAME DA OAB Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Ð Aula 04 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 19 de 90 ¥ A intimao das testemunhas arroladas no libelo e na contrariedade, nos termos estabelecidos pela lei; Nestes casos, estas nulidades s geraram a anulao do ato se: ü A parte no tiver aceitado, ainda que tacitamente, os seus efeitos. ü O ato, praticado por outra forma, NÌO tiver alcanado sua finalidade. ü Tiverem sido arguidas no prazo oportuno. CUIDADO! Sobre a nulidade decorrente de inobservncia da competncia por preveno, o STF editou o verbete de smula n¼ 706, no sentido de se tratar de nulidade RELATIVA: Smula 706 relativa a nulidade decorrente da inobservncia da competncia penal por preveno. Caso no tenha sido sanada a nulidade, os atos sero renovados ou retificados. Por fim, temos o princpio da CAUSALIDADE, segundo o qual a nulidade de um ato importa, ainda, na nulidade de todos os atos que dele DIRETAMENTE dependam ou sejam conseqncia14. O Juiz, ao declarar a nulidade, deve determinar a quais atos ela se estende: Art. 573. Os atos, cuja nulidade no tiver sido sanada, na forma dos artigos anteriores, sero renovados ou retificados. ¤ 1o A nulidade de um ato, uma vez declarada, causar a dos atos que dele diretamente dependam ou sejam conseqncia. ¤ 2o O juiz que pronunciar a nulidade declarar os atos a que ela se estende. (FGV Ð 2013 Ð OAB Ð EXAME DE ORDEM) A Teoria Geral das Nulidades determina que nulidade a sano aplicada pelo Poder Judicirio ao ato imperfeito, defeituoso. Tal teoria regida pelos princpios relacionados a seguir, exceo de um. Assinale-o. a) Princpio do Prejuzo. b) Princpio da Causalidade. c) Princpio do Interesse. d) Princpio da Voluntariedade. 14 Trata-se, aqui, do que se chama de NULIDADE DERIVADA. NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit., p. 771 01653159111 - DIEGO VIANA DIAS d DIREITO PROCESSUAL PENAL para o XXV EXAME DA OAB Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Ð Aula 04 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 20 de 90 COMENTçRIOS: Dentre as alternativas apresentadas, apenas a letra D no corresponde a um princpio que rege o sistema de NULIDADES. Os trs primeiros so princpios relacionados a esta especfica seara do processo penal. O primeiro prega que no h nulidade sem prejuzo (art. 563 do CPP). O segundo prev que a nulidade de um ato importar a nulidade daqueles que diretamente dele dependam ou sejam consequncia (art. 573, ¤1¼ do CPP). O princpio do interesse, por sua vez, estabelece que nenhuma nulidade poder ser arguida pela parte que no tenha interesse em seu reconhecimento, bem como no poder ser arguida pela parte que a ela deu causa (art. 565 do CPP). Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA A LETRA D. (FGV Ð 2012 Ð OAB Ð EXAME DE ORDEM) O advogado Jos, observando determinado acontecimento no processo, entende por bem arguir a nulidade do processo, tendo em vista a violao do devido processo legal, ocorrida durante a Audincia de Instruo e Julgamento. Acerca da Teoria Geral das Nulidades, correto afirmar que o princpio da causalidade significa a) a possibilidade do defeito do ato se estender aos atos que lhes so subsequentes e que deles dependam. b) que no h como se declarar a nulidade de um ato se este no resultar prejuzo acusao ou defesa. c) que nenhuma das partes poder arguir nulidade a que haja dado causa, ou para que tenha concorrido. d) que as nulidades podero ser sanadas. COMENTçRIOS: O princpio da causalidade significa que a nulidade de um ato importar a nulidade daqueles que diretamente dele dependam ou sejam consequncia, nos termos do art.573, ¤1¼ do CPP. Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA A LETRA A. (FGV Ð 2011 Ð OAB Ð EXAME DE ORDEM) Aristteles, juiz de uma vara criminal da justia comum, profere sentena em processo-crime cuja competncia era da justia militar. Com base em tal afirmativa, pode-se dizer que a no observncia de Aristteles matriz legal gerar a a) inexistncia do ato. b) nulidade relativa do ato. c) nulidade absoluta do ato. 01653159111 - DIEGO VIANADIAS 8 DIREITO PROCESSUAL PENAL para o XXV EXAME DA OAB Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Ð Aula 04 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 21 de 90 d) irregularidade do ato. COMENTçRIOS: A sentena proferida por Aristteles considerada como absolutamente nula, devendo os autos serem remetidos ao Juzo competente, anulando-se a sentena proferida, nos termos do art. 564, I e 567 do CPP, j que se trata de violao s normas de competncia em razo da matria, que hiptese de competncia absoluta. Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA A LETRA C. 2.3.! Tempo dos atos processuais e prazos processuais Os atos processuais se praticam, em regra, EM QUALQUER DIA, segundo o CPP. Entretanto, as sesses de JULGAMENTO somente podem ocorrer em dias teis (no podem ser marcadas para domingo ou feriado). Porm, caso tenham se iniciado em dia til, e no tenham terminado, prosseguiro mesmo que adentrem em dias no-teis (isso muito comum em julgamentos do Jri, que s vezes duram 03, 04 dias). Vejamos: Art. 797. Excetuadas as sesses de julgamento, que no sero marcadas para domingo ou dia feriado, os demais atos do processo podero ser praticados em perodo de frias, em domingos e dias feriados. Todavia, os julgamentos iniciados em dia til no se interrompero pela supervenincia de feriado ou domingo. Os prazos processuais so contnuos (ou seja, se contam diretamente, sem diferenciao entre dias teis e no-teis), e no se interrompem em frias, domingos e feriados: Art. 798. Todos os prazos correro em cartrio e sero contnuos e peremptrios, no se interrompendo por frias, domingo ou dia feriado. A referncia s ÒfriasÓ se faz em relao s antigas frias coletivas, hoje abolidas. Atualmente h o recesso forense, mas, na prtica, todos os prazos so SUSPENSOS neste perodo. ATENÌO! Essa a parte mais importante deste tema! A contagem dos prazos processuais penais se d EXCLUINDO-SE O DIA DO COMEO E INCLUINDO-SE O DIA DO VENCIMENTO. Vejamos: Art. 798 (...) ¤ 1o No se computar no prazo o dia do comeo, incluindo-se, porm, o do vencimento. EXEMPLO: Se Jos recebeu citao para apresentar resposta acusao em 10.01.12, uma quarta-feira. Seu prazo comear a correr no dia 11.01.12, no dia seguinte ao da realizao do ato (excluiu-se o dia do comeo). Porm, se o dia 10.01.12 fosse uma sexta-feira, o prazo s comearia a correr na segunda-feira, dia 13.01.12, pois embora os prazos no se INTERROMPAM em domingos e feriados, eles NÌO SE INICIAM NESTAS DATAS. 01653159111 - DIEGO VIANA DIAS 3 DIREITO PROCESSUAL PENAL para o XXV EXAME DA OAB Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Ð Aula 04 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 22 de 90 Caso o prazo se encerre em dia que no possua expediente forense, ser prorrogado at o dia til seguinte: Art. 798 (...) ¤ 3o O prazo que terminar em domingo ou dia feriado considerar-se- prorrogado at o dia til imediato. CUIDADO! Isto s ocorre com os chamados PRAZOS PROCESSUAIS. Os prazos que, embora presentes no CPP, sejam considerados prazos MATERIAIS (referentes ao prprio Direito Material em si, o que s vezes difcil de diferenciar) so computados de maneira diversa, incluindo-se o dia do comeo e excluindo-se o do vencimento.15 Mas quando os prazos comeam a correr? A partir do momento em que a parte tomar cincia da deciso que determina a prtica do ato. Esse momento da cincia pode se dar atravs: ¥ De intimao. ¥ De audincia na qual a parte seja cientificada do ato. ¥ Do dia em que a parte manifestar cincia do ato nos autos. O Juiz tambm possui prazo para a prtica dos atos processuais que lhe caibam (embora na prtica...). Esses prazos, que comeam a correr da data da concluso dos autos ao gabinete do Juiz, so: Art. 800. Os juzes singulares daro seus despachos e decises dentro dos prazos seguintes, quando outros no estiverem estabelecidos: I - de dez dias, se a deciso for definitiva, ou interlocutria mista; II - de cinco dias, se for interlocutria simples; III - de um dia, se se tratar de despacho de expediente. ¤ 1o Os prazos para o juiz contar-se-o do termo de concluso. Entretanto, em qualquer caso, podem os Juzes, declarando motivo justo, excederem estes prazos, em at o dobro (art. 800, ¤3¡ do CPP). Porm, o descumprimento dos prazos pelo Juiz, diferentemente do que ocorre com os atos da parte, no acarretam a impossibilidade de sua prtica posteriormente, pois no existe Òprecluso pro judicatoÓ. Assim, o ato poder (e dever) ser praticado posteriormente, ainda que depois do prazo. Caso o Juiz exceda os prazos, poder ser penalizado pelo Tribunal: Art. 801. Findos os respectivos prazos, os juzes e os rgos do Ministrio Pblico, responsveis pelo retardamento, perdero tantos dias de vencimentos quantos forem os excedidos. Na contagem do tempo de servio, para o efeito de promoo e aposentadoria, a perda ser do dobro dos dias excedidos. 15 NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit., p. 931 01653159111 - DIEGO VIANA DIAS 4 DIREITO PROCESSUAL PENAL para o XXV EXAME DA OAB Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Ð Aula 04 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 23 de 90 2.4.! Lugar dos atos processuais Os atos processuais so praticados, em regra, na sede do Juzo. No entanto, nada impede que sejam realizados em outros locais, a critrio do Juiz. muito comum, por exemplo, a oitiva de testemunhas em local diverso da sede do Juzo, nos casos em que esta possua prerrogativa de ser ouvida no local que indicar. Vejamos: Art. 221. O Presidente e o Vice-Presidente da Repblica, os senadores e deputados federais, os ministros de Estado, os governadores de Estados e Territrios, os secretrios de Estado, os prefeitos do Distrito Federal e dos Municpios, os deputados s Assemblias Legislativas Estaduais, os membros do Poder Judicirio, os ministros e juzes dos Tribunais de Contas da Unio, dos Estados, do Distrito Federal, bem como os do Tribunal Martimo sero inquiridos em local, dia e hora previamente ajustados entre eles e o juiz. (Redao dada pela Lei n¼ 3.653, de 4.11.1959) Tambm no sero realizados na sede do Juzo os atos que devam ser praticados em outra comarca, pas ou perante o Juiz singular, caso esteja tramitando o processo no Tribunal. Nesse caso ser expedida carta para cumprimento do ato, podendo se tratar de carta precatria (a ser cumprida em outra comarca), rogatria (em outro pas) ou de ordem (por Juiz subordinado). 3.!COMUNICAÌO DOS ATOS PROCESSUAIS 3.1.! Citaes 3.1.1. Conceito A citao o ato pelo qual se chama o ru para participar do processo que em face dele foi movido.16 Trata-se da materializao suprema do princpio do contraditrio e da ampla defesa. O processo s completa sua formao com a efetivao da citao (art. 363 do CPC) 3.1.2. Citao pessoal A citao, em regra, se faz mediante MANDADO DE CITAÌO, que um documento expedido pelo Juiz da causa, dando cincia ao ru do processo existente contra ele, e abrindo prazo para que se manifeste. Nos termos do art. 351 do CPP: Art. 351. A citao inicial far-se- por mandado, quando o ru estiver no territrio sujeito jurisdio do juiz que a houver ordenado. 16 PACELLI, Eugnio. Curso de processo penal. 16¼ edio. Ed. Atlas.So Paulo, 2012, p. 601 01653159111 - DIEGO VIANA DIAS 2 DIREITO PROCESSUAL PENAL para o XXV EXAME DA OAB Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Ð Aula 04 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 24 de 90 O MANDADO DE CITAÌO dever conter algumas informaes bsicas, que so necessrias para que o ru seja perfeitamente cientificado da natureza do processo contra ele movido, bem como dever cumprir algumas formalidades. Nos termos do art. 352 do CPP: Art. 352. O mandado de citao indicar: I - o nome do juiz; II - o nome do querelante nas aes iniciadas por queixa; III - o nome do ru, ou, se for desconhecido, os seus sinais caractersticos; IV - a residncia do ru, se for conhecida; V - o fim para que feita a citao; VI - o juzo e o lugar, o dia e a hora em que o ru dever comparecer; VII - a subscrio do escrivo e a rubrica do juiz. Estes so os chamados requisitos INTRêNSECOS do mandado de citao. H, ainda, os requisitos EXTRêNSECOS do mandado de citao, previstos no art. 357 do CPP: Art. 357. So requisitos da citao por mandado: I - leitura do mandado ao citando pelo oficial e entrega da contraf, na qual se mencionaro dia e hora da citao; II - declarao do oficial, na certido, da entrega da contraf, e sua aceitao ou recusa. Perceba, caro aluno, que necessrio que o citando (o acusado) resida em local sob a Jurisdio do Juiz que est julgando a causa. Caso ele resida em outro lugar, o mandado dever ser cumprido mediante carta precatria.17 Vejamos: Art. 353. Quando o ru estiver fora do territrio da jurisdio do juiz processante, ser citado mediante precatria. A Carta precatria tambm dever preencher alguns requisitos: Art. 354. A precatria indicar: I - o juiz deprecado e o juiz deprecante; II - a sede da jurisdio de um e de outro; III - o fim para que feita a citao, com todas as especificaes; IV - o juzo do lugar, o dia e a hora em que o ru dever comparecer. Art. 355. A precatria ser devolvida ao juiz deprecante, independentemente de traslado, depois de lanado o "cumpra-se" e de feita a citao por mandado do juiz deprecado. ¤ 1o Verificado que o ru se encontra em territrio sujeito jurisdio de outro juiz, a este remeter o juiz deprecado os autos para efetivao da diligncia, desde que haja tempo para fazer-se a citao. 17 PACELLI, Eugnio. Op. cit., p. 602/603 01653159111 - DIEGO VIANA DIAS DIREITO PROCESSUAL PENAL para o XXV EXAME DA OAB Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Ð Aula 04 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 25 de 90 Vejam que, expedida a precatria, se o Juzo deprecado (o que recebeu a carta) verificar que o ru no reside na sua localidade, ELE NÌO DEVE DEVOLVER OS AUTOS AO JUIZ DEPRECANTE (o que enviou a carta), mas deve REMETER A CARTA PRECATîRIA AO JUêZO DO LOCAL ONDE O RU RESIDE, desde que haja tempo para se realizar a citao. Assim: Em razo disso, ou seja, em razo do fato de a carta precatria Òacompanhar o citandoÓ onde ele estiver, diz-se que a carta precatria possui carter itinerante. A precatria, no caso de urgncia, pode ser expedida por via telegrfica (Hoje quase no se aplica esta regra). Com o advento da Lei 11.419/06, passou a ser possvel a realizao da comunicao dos atos processuais por meio eletrnico. 3.1.3. Modalidades especiais de citao pessoal A citao do militar deve ser feita por intermdio do respectivo chefe do servio18, nos termos do art. 358 do CPP. Se se tratar de funcionrio pblico, ser citado pessoalmente, mas o dia e hora designados para que comparea em Juzo devero ser comunicados (mediante notificao) ao seu chefe (art. 359 do CPP). Isso s se aplica, porm, ao militar e ao funcionrio pblico que estejam em ATIVIDADE. Se j esto reformados ou aposentados, por exemplo, a citao seguir a regra geral. O ru preso, entretanto, ser citado PESSOALMENTE, por fora do art. 360 do CPP. ATENÌO! O comparecimento espontneo do acusado sana eventual nulidade ou falta da citao, desde que no tenha havido prejuzo para 18 O que significa, na prtica, que ser feita uma requisio ao superior hierrquico do citando. PACELLI, Eugnio. Op. cit., p. 608 01653159111 - DIEGO VIANA DIAS DIREITO PROCESSUAL PENAL para o XXV EXAME DA OAB Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Ð Aula 04 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 26 de 90 a defesa, nos termos do art. 570 do CPP e do entendimento consolidado do STJ.19 Caso o acusado esteja no estrangeiro, sabendo-se seu endereo20, ser citado mediante CARTA ROGATîRIA, suspendendo-se o curso do prazo prescricional at seu cumprimento, art. 368 do CPP. Uma vez realizada a citao, o prazo prescricional voltar a fluir. importante destacar o que consta no art. 222-A do CPP: Art. 222-A. As cartas rogatrias s sero expedidas se demonstrada previamente a sua imprescindibilidade, arcando a parte requerente com os custos de envio. (Includo pela Lei n¼ 11.900, de 2009) Este artigo NÌO se aplica citao. A expedio de carta rogatria para fins de citao independe de demonstrao de imprescindibilidade, ou seja, no necessrio que se demonstre a necessidade de expedio da carta rogatria, eis que a citao do acusado , por si s, prova da indispensabilidade. Tal dispositivo s se aplica expedio de carta rogatria para a oitiva de testemunhas (neste caso a parte que arrolar a testemunha dever comprovar a imprescindibilidade da testemunha e arcar com os custos do envio). Por fim, no cabe expedio de carta rogatria no rito dos Juizados Especiais (rito sumarssimo, da Lei 9.099/95).21 E como se d a citao em embaixadas e consulados? Tais localidades, tambm conhecidas como Òlegaes estrangeirasÓ, so protegidas por inviolabilidade. No so consideradas como territrio estrangeiro, mas gozam de inviolabilidade, ou seja, no esto submetidas s mesmas regras de livre trnsito previstas para os demais pontos do territrio nacional. Assim, e se for necessria a citao de algum que resida em alguma legao estrangeira? Como fazer? Neste caso, o art. 369 do CPP expressamente determina que a citao ser feita por carta rogatria. 3.1.4. Citao ficta: por hora certa e por edital Pode ocorrer, no entanto, de o ru no ser encontrado para ser citado. Quando o ru citado pessoalmente, diz-se que h CITAÌO REAL. No entanto, caso ele no seja encontrado, ser procedida sua 19 STJ - RHC n. 39.105/SC, Ministro Rogerio Schietti Cruz, DJe 3/6/2014 20 Importante esta ressalva, pois se o acusado est no estrangeiro, mas NÌO SE SABE AO CERTO o seu endereo, dever ser citado por edital. PACELLI, Eugnio. Op. cit., p. 609 21 STJ, RHC 10.476-SP 01653159111 - DIEGO VIANA DIAS DIREITO PROCESSUAL PENAL para o XXV EXAME DA OAB Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Ð Aula 04 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 27 de 90 CITAÌO FICTA. A citao ficta pode ser POR HORA CERTA ou POR EDITAL. A CITAÌO POR HORA CERTA ocorrer sempre que, a despeito de residir no local, o ru estiver ÒfugindoÓ do oficial de Justia, ou seja, se escondendo para no ser citado e procrastinar o processo,nos termos do art. 362 do CPP: Art. 362. Verificando que o ru se oculta para no ser citado, o oficial de justia certificar a ocorrncia e proceder citao com hora certa, na forma estabelecida nos arts. 227 a 229 da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Cdigo de Processo Civil. (Redao dada pela Lei n¼ 11.719, de 2008). A citao por hora certa segue a regulamentao prevista para a citao no processo civil.22 Em termos objetivos, assim se desenvolve a citao por hora certa: ¥ Oficial de Justia comparece por duas vezes no local indicado, sem encontrar o citando, e verifica que h suspeita de ocultao ¥ Diante disso, intima qualquer pessoa da famlia ou vizinho de que, no dia til SEGUINTE, voltar para realizar a citao, na hora que designar (em condomnios possvel que esta intimao seja feita ao porteiro) ¥ No dia e hora agendados, o Oficial de Justia retorna e, se o citando no estiver no local, dar por realizada a citao 22 Embora o art. 362 se refira aos arts. 227 a 229, atualmente, com a vigncia do NOVO CPC, tal regulamentao se encontra nos arts. 252 a 254: Art. 252. Quando, por 2 (duas) vezes, o oficial de justia houver procurado o citando em seu domiclio ou residncia sem o encontrar, dever, havendo suspeita de ocultao, intimar qualquer pessoa da famlia ou, em sua falta, qualquer vizinho de que, no dia til imediato, voltar a fim de efetuar a citao, na hora que designar. Pargrafo nico. Nos condomnios edilcios ou nos loteamentos com controle de acesso, ser vlida a intimao a que se refere o caput feita a funcionrio da portaria responsvel pelo recebimento de correspondncia. Art. 253. No dia e na hora designados, o oficial de justia, independentemente de novo despacho, comparecer ao domiclio ou residncia do citando a fim de realizar a diligncia. ¤ 1o Se o citando no estiver presente, o oficial de justia procurar informar-se das razes da ausncia, dando por feita a citao, ainda que o citando se tenha ocultado em outra comarca, seo ou subseo judicirias. ¤ 2o A citao com hora certa ser efetivada mesmo que a pessoa da famlia ou o vizinho que houver sido intimado esteja ausente, ou se, embora presente, a pessoa da famlia ou o vizinho se recusar a receber o mandado. ¤ 3o Da certido da ocorrncia, o oficial de justia deixar contraf com qualquer pessoa da famlia ou vizinho, conforme o caso, declarando-lhe o nome. ¤ 4o O oficial de justia far constar do mandado a advertncia de que ser nomeado curador especial se houver revelia. Art. 254. Feita a citao com hora certa, o escrivo ou chefe de secretaria enviar ao ru, executado ou interessado, no prazo de 10 (dez) dias, contado da data da juntada do mandado aos autos, carta, telegrama ou correspondncia eletrnica, dando-lhe de tudo cincia. 01653159111 - DIEGO VIANA DIAS DIREITO PROCESSUAL PENAL para o XXV EXAME DA OAB Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Ð Aula 04 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 28 de 90 (a menos que haja motivo justificado para a ausncia do citando) ¥ Uma vez dada por realizada a citao, o Oficial de Justia deixar contraf (cpia da inicial) com a pessoa da famlia, vizinho, porteiro, etc. ¥ Nos 10 dias seguintes juntada aos autos do mandado, o Escrivo (ou Chefe de Secretaria) enviar ao citado carta, telegrama ou correspondncia eletrnica, dando-lhe de tudo cincia. Entretanto, pode ocorrer de o ru no estar se escondendo, mas simplesmente NÌO RESIDIR NO LOCAL, E NÌO SER CONHECIDO SEU PARADEIRO. Neste caso, ser procedida citao ficta, na modalidade CITAÌO POR EDITAL. Nos termos do art. 361 e 363, ¤1¡ do CPP: Art. 361. Se o ru no for encontrado, ser citado por edital, com o prazo de 15 (quinze) dias. (...) ¤ 1o No sendo encontrado o acusado, ser procedida a citao por edital. (Includo pela Lei n¼ 11.719, de 2008). O edital de citao um documento, com informaes similares s do mandado de citao, e afixado na SEDE DO JUêZO PROCESSANTE, pelo perodo fixado na Lei (no caso, 15 dias). Vejamos: Art. 365. O edital de citao indicar: I - o nome do juiz que a determinar; II - o nome do ru, ou, se no for conhecido, os seus sinais caractersticos, bem como sua residncia e profisso, se constarem do processo; III - o fim para que feita a citao; IV - o juzo e o dia, a hora e o lugar em que o ru dever comparecer; V - o prazo, que ser contado do dia da publicao do edital na imprensa, se houver, ou da sua afixao. Pargrafo nico. O edital ser afixado porta do edifcio onde funcionar o juzo e ser publicado pela imprensa, onde houver, devendo a afixao ser certificada pelo oficial que a tiver feito e a publicao provada por exemplar do jornal ou certido do escrivo, da qual conste a pgina do jornal com a data da publicao. ATENÌO! Com relao citao por edital, temos duas regrinhas jurisprudenciais muito importantes, materializadas nos verbetes de smula n¼ 351 e 366 do STF: SòMULA 351 NULA A CITAÌO POR EDITAL DE RU PRESO NA MESMA UNIDADE DA FEDERAÌO EM QUE O JUIZ EXERCE A SUA JURISDIÌO. Smula 366 NÌO NULA A CITAÌO POR EDITAL QUE INDICA O DISPOSITIVO DA LEI PENAL, EMBORA NÌO TRANSCREVA A DENòNCIA OU QUEIXA, OU NÌO 01653159111 - DIEGO VIANA DIAS DIREITO PROCESSUAL PENAL para o XXV EXAME DA OAB Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Ð Aula 04 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 29 de 90 RESUMA OS FATOS EM QUE SE BASEIA. Contudo, em relao smula 351, firmou-se o entendimento no sentido de que se o ru est preso em local conhecido nos autos do processo, ainda que em unidade da federao diversa daquela em que corre o processo, a citao por edital no pode ser realizada: (...) 02. ilegal a citao por edital de ru que, conquanto no estivesse preso em estabelecimento penal da unidade da federao - o que afasta a aplicao da Smula 351 do Supremo Tribunal Federal (" nula a citao por edital de ru preso na mesma unidade da federao em que o juiz exerce a sua jurisdio") -, tinha o paradeiro informado no processo. (...) (HC 256.981/MG, Rel. Ministro NEWTON TRISOTTO (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/SC), QUINTA TURMA, julgado em 06/11/2014, DJe 12/11/2014) Resumidamente: 1 Ð Ru preso em estabelecimento prisional na mesma UF Ð No pode haver citao por edital. 2 Ð Ru preso em estabelecimento prisional em UF diversa da do Juzo em que tramita o processo Ð Pode ser citado por edital, DESDE QUE no se saiba seu paradeiro e tenham sido esgotados os meios para obt-lo23. Se o Juzo conhece o local em que se encontra preso o acusado, dever ser citado pessoalmente, por carta precatria.24 Mas e se o acusado citado por hora certa ou por edital (CITAÍES FICTAS) no comparecer para se defender? As consequncias so distintas. Se citado por hora certa, lhe ser nomeado defensor dativo (art. 362, ¤ nico do CPP). Caso seja citado por edital e no aparea para se defender, o processo ficar suspenso, suspendendo-se, tambm, o curso do prazo prescricional (art. 366 do CPP). Mas o prazo prescricional ficar suspenso por tempo indeterminado? A Lei nada diz a respeito. O STF possui julgados antigos no sentido de que no h prazo, ou seja, poderia ficar suspenso por prazo indeterminado. Contudo, este entendimento provavelmente ir mudar, at mesmo em razo da smula 415 do STJ: Smula 415 do STJ O perodo de suspenso do prazo prescricional regulado pelo mximo da pena cominada.
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