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Processo Penal Aula 04

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DIREITO PROCESSUAL PENAL para o XXV EXAME DA OAB 
Teoria e exerc’cios comentados 
Prof. Renan Araujo Ð Aula 04 
 
	 	 	 	 	
	
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AULA 04: SUJEITOS DO RPOCESSO. ATOS E PRAZOS 
PROCESSUAIS (FORMA, TEMPO, LUGAR E NULIDADES). 
DAS CITA‚ÍES E INTIMA‚ÍES. ATOS JURISDICIONAIS. 
SENTEN‚A PENAL (MODALIDADES, EFEITOS, ETC.). 
QUESTÍES E PROCESSOS INCIDENTES. 
SUMçRIO!
1. SUJEITOS PROCESSUAIS ............................................................................. 3 
1.1. Conceito e espŽcies ............................................................................... 3 
1.2. Do Juiz .................................................................................................. 3 
1.3. Do MinistŽrio Pœblico ............................................................................ 6 
1.4. Do acusado ........................................................................................... 7 
1.5. Do defensor do acusado ........................................................................ 9 
1.6. Do assistente de acusa‹o .................................................................. 11 
1.7. Dos auxiliares da Justia ..................................................................... 13 
2. ATOS PROCESSUAIS .................................................................................. 15 
2.1. Introdu‹o ............................................................................................. 15 
2.2. Forma dos atos processuais. Nulidades .................................................. 15 
2.3. Tempo dos atos processuais e prazos processuais ................................. 21 
2.4. Lugar dos atos processuais .................................................................... 23 
3. COMUNICA‚ÌO DOS ATOS PROCESSUAIS .................................................. 23 
3.1. Cita›es ................................................................................................. 23 
3.1.1. Conceito ................................................................................................ 23 
3.1.2. Cita‹o pessoal ...................................................................................... 23 
3.1.3. Modalidades especiais de cita‹o pessoal ................................................... 25 
3.1.4. Cita‹o ficta: por hora certa e por edital .................................................... 26 
3.2. Intima›es ............................................................................................. 32 
4. SENTEN‚A ................................................................................................. 33 
4.1. Requisitos formais ................................................................................. 33 
4.2. Sentena penal absolut—ria .................................................................... 36 
4.2.1. Efeitos da Sentena Penal Absolut—ria ....................................................... 37 
4.3. Sentena penal condenat—ria ................................................................. 38 
4.3.1. Efeitos da sentena penal condenat—ria ..................................................... 40 
4.4. Princ’pio da correla‹o e princ’pio da consubstancia‹o ........................ 42 
4.4.1. Emendatio libelli ..................................................................................... 43 
4.4.2. Mutatio libelli ......................................................................................... 44 
4.5. Publica‹o e intima‹o da sentena ....................................................... 45 
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5. QUESTÍES E PROCESSOS INCIDENTES ...................................................... 51 
5.1. Exce›es ................................................................................................ 51 
5.1.1. Exce‹o de suspei‹o ............................................................................. 52 
5.1.2. Exce‹o de Incompetncia ....................................................................... 53 
5.1.3. Exce›es de litispendncia e coisa julgada ................................................. 54 
5.1.4. Exce‹o de ilegitimidade da parte ............................................................. 54 
5.2. Quest›es prejudiciais ............................................................................. 55 
5.3. Conflito de jurisdi‹o ............................................................................. 58 
5.4. Restitui‹o de coisas apreendidas .......................................................... 59 
5.5. Medidas assecurat—rias .......................................................................... 61 
5.6. Incidentes de falsidade documental ....................................................... 64 
5.7. Incidente de insanidade mental ............................................................. 65 
6. RESUMO .................................................................................................... 67 
7. EXERCêCIOS DA AULA ............................................................................... 83 
8. GABARITO ................................................................................................. 89 
	
	
Ol‡, meu povo! 
 
Estudando muito? 
 
Hoje vamos estudar diversos temas. Primeiramente, vamos ver os 
sujeitos processuais (Juiz, MP, acusado, etc.). Posteriormente, vamos 
estudar os atos e prazos processuais (para podermos entender as 
NULIDADES), bem como as formas de comunica‹o dos atos 
processuais (Cita›es e Intima›es). 
Veremos, ainda, a sentena penal e as quest›es e processos 
incidentes. 
 
Est‡ sem tempo? Estude pelo resumo e faa os exerc’cios! 
Trata-se de um resumo bastante completo e que pode te ajudar se voc 
n‹o tem condi›es de estudar a aula toda! 
 
Bons estudos! 
Prof. Renan Araujo 
 
 
 
 
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1.!SUJEITOS PROCESSUAIS 
 
1.1.! Conceito e espŽcies 
Sujeitos do processo s‹o as pessoas que atuam, de maneira 
obrigat—ria ou n‹o, no processo criminal. Podem ser: 
¥ Sujeitos essenciais Ð Casos devam, necessariamente, fazer 
parte do processo criminal. S‹o apenas trs: Juiz, acusador 
(MP ou querelante) e acusado (ou querelado), bem como o 
defensor deste; 
¥ Sujeitos acess—rios (n‹o essenciais) Ð S‹o aqueles que n‹o 
necessariamente atuaram no processo, agindo somente em 
alguns casos. Exemplo: Assistente de acusa‹o. 
 
Sujeito do processo n‹o Ž necessariamente aquele que integra 
a rela‹o processual. Sujeito do processo Ž toda pessoa que pratica ato 
no processo. A rela‹o processual, por sua vez, Ž composta pelos sujeitos 
que possuem interesse no processo (Juiz, acusador, acusado e assistente, 
que faz parte da acusa‹o). Pode ocorrer de um sujeito n‹o possuir 
nenhum interesse na causa (perito, por exemplo). O interesse do Juiz se 
constitui na presta‹o da tutela Jurisdicional em nome do Estado. 
Os sujeitos do processo est‹o regulamentados nos arts. 251 a 281 do 
CPP. Vamos estud‡-los individualmente. 
 
1.2.! Do Juiz 
O sujeito processual, na verdade, Ž o Estado-Juiz, que atua no 
processo atravŽs de um —rg‹o jurisdicional, que Ž o Juiz criminal. 
O Juiz criminal possui alguns poderes: 
a) Poderde pol’cia administrativa Ð Exercido no curso do 
processo, com a finalidade de garantir a ordem dos trabalhos e a 
disciplina. Ao contr‡rio do que a nomenclatura possa transparecer, n‹o 
est‡ relacionada ˆ fora policial, mas ao conceito administrativo de poder 
de pol’cia (limita‹o ou regulamenta‹o das liberdades individuais). Est‡ 
previsto no art. 251 do CPP, dentre outros: 
Art. 251. Ao juiz incumbir‡ prover ˆ regularidade do processo e manter a 
ordem no curso dos respectivos atos, podendo, para tal fim, requisitar a fora 
pœblica. 
 
b) Poder Jurisdicional Ð Relativo ˆ condu‹o do processo, no que 
toca ˆ atividade-fim da Jurisdi‹o (instru‹o, decis›es interlocut—rias, 
prola‹o da sentena, execu‹o das decis›es tomadas, etc.). Dividem-se 
em: b.1) Poderes-meio (atos cuja pr‡tica Ž atingir uma outra finalidade 
Ð a presta‹o da efetiva tutela jurisdicional), que se dividem em atos 
ordinat—rios e instrut—rios; b.2) Poderes-fins (que s‹o relacionados ˆ 
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presta‹o da efetiva tutela jurisdicional e seu cumprimento), dividindo-se 
em atos decis—rios (dizem o direito, condenando, absolvendo, etc.) e atos 
execut—rios (colocam em pr‡tica o que foi decidido); 
Existem determinadas hip—teses nas quais o Juiz n‹o pode atuar, 
pelo fato de se considerar prejudicada a sua condi‹o de 
imparcialidade. S‹o as hip—teses de impedimento ou suspei‹o. 
As hip—teses de impedimento est‹o previstas no art. 252 do CPP, 
e s‹o consideradas como ensejadoras de incapacidade absoluta para 
atuar no processo: 
Art. 252. O juiz n‹o poder‡ exercer jurisdi‹o no processo em que: 
I - tiver funcionado seu c™njuge ou parente, consangŸ’neo ou afim, em linha 
reta ou colateral atŽ o terceiro grau, inclusive, como defensor ou advogado, 
—rg‹o do MinistŽrio Pœblico, autoridade policial, auxiliar da justia ou perito; 
II - ele pr—prio houver desempenhado qualquer dessas fun›es ou servido 
como testemunha; 
III - tiver funcionado como juiz de outra inst‰ncia, pronunciando-se, de fato 
ou de direito, sobre a quest‹o; 
IV - ele pr—prio ou seu c™njuge ou parente, consangŸ’neo ou afim em linha 
reta ou colateral atŽ o terceiro grau, inclusive, for parte ou diretamente 
interessado no feito. 
 
Nestas hip—teses o CPP estabelece uma presun‹o absoluta (jure 
et de jure) de que o Juiz seria parcial, violando um dos deveres da 
Jurisdi‹o, que Ž a imparcialidade. 
Este rol Ž considerado um rol taxativo (numerus clausus), n‹o 
admitindo interpreta‹o extensiva, portanto. 
Ocorrendo uma dessas hip—teses, o Juiz tem o dever de se declarar 
impedido, n‹o podendo atuar no processo. Se n‹o o fizer, qualquer das 
partes poder‡ arguir seu impedimento, nos termos do art. 112 do CPP. 
Se, por acaso, se tratar de processo nos Tribunais, nos quais o 
julgamento se d‡ atravŽs de —rg‹os colegiados (mais de um Juiz), o art. 
253 estabelece que: 
Art. 253. Nos ju’zos coletivos, n‹o poder‹o servir no mesmo processo os 
ju’zes que forem entre si parentes, consangŸ’neos ou afins, em linha reta ou 
colateral atŽ o terceiro grau, inclusive. 
 
CUIDADO! Parte da Doutrina entende que este art. 253 se refere a uma 
incompatibilidade (e n‹o impedimento ou suspei‹o). As 
incompatibilidades seriam situa›es de impossibilidade de atua‹o em 
raz‹o de fatos que geram graves hip—teses de inconvenincia na atua‹o 
do magistrado, mas que n‹o estejam previstas como impedimento ou 
suspei‹o.1 
																																																													
1 Outra parcela da Doutrina simplesmente se refere a este art. 253 como mais uma 
hip—tese de impedimento. Ver, por todos: NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de 
processo penal e execu‹o penal. 12.¼ edi‹o. Ed. Forense. Rio de Janeiro, 2015, p. 490. 
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A suspei‹o, por sua vez, Ž considerada uma incapacidade 
subjetiva do Juiz, que pode ou n‹o se declarar suspeito (vejam a 
diferena!). Caso o Juiz n‹o se declare suspeito, as partes poder‹o 
entender que est‡ prejudicada sua imparcialidade e arguir a 
suspei‹o, nos termos do mesmo art. 112 do CPP. As hip—teses de 
suspei‹o est‹o previstas no art. 254 do CPP: 
Art. 254. O juiz dar-se-‡ por suspeito, e, se n‹o o fizer, poder‡ ser recusado 
por qualquer das partes: 
I - se for amigo ’ntimo ou inimigo capital de qualquer deles; 
II - se ele, seu c™njuge, ascendente ou descendente, estiver respondendo a 
processo por fato an‡logo, sobre cujo car‡ter criminoso haja controvŽrsia; 
III - se ele, seu c™njuge, ou parente, consangŸ’neo, ou afim, atŽ o terceiro 
grau, inclusive, sustentar demanda ou responder a processo que tenha de ser 
julgado por qualquer das partes; 
IV - se tiver aconselhado qualquer das partes; 
V - se for credor ou devedor, tutor ou curador, de qualquer das partes; 
Vl - se for s—cio, acionista ou administrador de sociedade interessada no 
processo. 
 
Entretanto, o CPP traz uma regra curiosa em seu art. 256: Se a 
parte, de alguma forma, der causa, de maneira proposital ˆ situa‹o de 
suspei‹o, esta n‹o poder‡ ser declarada nem reconhecida: 
Art. 256. A suspei‹o n‹o poder‡ ser declarada nem reconhecida, quando a 
parte injuriar o juiz ou de prop—sito der motivo para cri‡-la. 
EXEMPLO: Imaginem que Fulano est‡ sendo julgado pelo crime de 
estupro por uma Ju’za extremamente rigorosa. Entretanto, fulano sabe 
que o outro Juiz criminal da comarca n‹o Ž t‹o rigoroso. Assim, fulano 
cria, propositalmente, uma rixa pessoal com a Ju’za, de forma a arguir, 
posteriormente, sua suspei‹o, com base no art. 254, I do CPP, afim de 
que o processo seja remetido para julgamento ao outro Juiz. 
Nessa hip—tese, o CPP veda o reconhecimento ou declara‹o da 
suspei‹o. 
 
A suspei‹o ou o impedimento em decorrncia de parentesco por 
afinidade (parentesco que n‹o Ž de sangue) cessa com a dissolu‹o do 
casamento que fez surgir o parentesco. Esta Ž a regra. No entanto, 
existem duas exce›es: 
																																																																																																																																																																																														
No mesmo sentido, Eugnio Pacelli entende que este art. 253 se refere a uma causa de 
IMPEDIMENTO. As incompatibilidades, para o autor, referem-se apenas ˆquelas 
situa›es em que n‹o h‡ previs‹o legal expressa aplic‡vel ao caso, mas nas quais h‡ 
inconvenincia da atua‹o do Juiz (ex.: hip—tese em que o Juiz se declara suspeito para 
atuar no caso, por raz›es de foro ’ntimo). PACELLI, Eugnio. Curso de processo penal. 
16¼ edi‹o. Ed. Atlas. S‹o Paulo, 2012, p. 444/445 
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a) Se do casamento resultar filhos, o impedimento ou suspei‹o 
n‹o se extingue em hip—tese nenhuma; 
b) Havendo ou n‹o filhos da rela‹o, o impedimento ou suspei‹o 
permanece em rela‹o a sogros, genros, cunhados, padrasto e 
enteado (e os correspondentes femininos, Ž claro)2; 
Mas e se o Juiz suspeito ou impedido continuar atuando no 
processo, como se nada tivesse acontecido? Haver‡ um v’cio 
processual. Esse v’cio ir‡ variar conforme o caso (suspei‹o ou 
impedimento. Se o Juiz for impedido,a Doutrina entende que o ato 
Ž inexistente, pelo fato de que o Juiz est‡ impedido de exercer a 
Jurisdi‹o naquele caso, ou seja, os atos foram praticados por Juiz sem 
Jurisdi‹o. No caso de Juiz suspeito, a Doutrina se divide. Parte 
entende que se trata de nulidade absoluta e outra parte entende 
que Ž causa de nulidade relativa, que Ž o que vem prevalecendo, 
inclusive no STJ. 
Os institutos (inexistncia jur’dica e nulidade absoluta) s‹o 
parecidos, mas possuem efeitos bem diferentes. No caso de inexistncia, 
o ato simplesmente n‹o existe, Ž um Ònada jur’dicoÓ. No caso de nulidade 
absoluta o ato existe, sendo apenas viciado pela nulidade. Os efeitos que 
decorrem s‹o graves. No caso de inexistncia, como o ato n‹o existe, 
uma sentena proferida, por exemplo, sequer Ž considerada sentena, 
sendo desconsiderada. J‡ no caso de uma sentena nula, ela existe e 
produzir‡ efeitos caso a nulidade n‹o seja arguida. 
Assim, se um rŽu Ž absolvido por um Juiz suspeito, e a decis‹o 
transita em julgado, Òj‡ eraÓ, o acusado n‹o poder‡ ser julgado 
novamente. Entretanto, se o Juiz fosse impedido, simplesmente o 
processo seria retomado em seu andamento, pois a sentena proferida 
NÌO EXISTE. 
Por fim, o art. 274, que trata dos funcion‡rios da Justia, 
estabelece que a eles se aplicam as prescri›es do CPP no que se refere 
ˆs hip—teses de suspei‹o do Juiz: 
Art. 274. As prescri›es sobre suspei‹o dos ju’zes estendem-se aos 
serventu‡rios e funcion‡rios da justia, no que Ihes for aplic‡vel. 
 
1.3.! Do MinistŽrio Pœblico 
O MP Ž o —rg‹o respons‡vel por desempenhar as fun›es do 
Estado-acusador no processo. ƒ Institui‹o permanente, essencial ˆ 
Justia e com previs‹o no art. 127 da Constitui‹o da Repœblica. 
O MP Ž o respons‡vel por ajuizar a a‹o penal pœblica 
(condicionada e incondicionada), bem como fiscalizar o cumprimento da 
lei na a‹o penal privada e tambŽm na a‹o penal pœblica! 
O MP Ž rotulado pela Doutrina majorit‡ria como Òparte imparcialÓ 
(esquizofrnico isso...), pois sua fun‹o n‹o Ž ver o acusado ser 
																																																													
2
	NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit., p. 495 
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condenado, mas promover a Justia (da’ o nome: Promotor de Justia), 
fazendo com que a verdade surja e o acusado seja culpado, se for o caso. 
Tanto Ž assim que o MP pode, inclusive, pedir a absolvi‹o do acusado 
quando, no decorrer do processo, entender que a denœncia foi um 
equ’voco e que n‹o ficou provada sua culpa. Nos termos do art. 385 do 
CPP: 
Art. 385. Nos crimes de a‹o pœblica, o juiz poder‡ proferir sentena 
condenat—ria, ainda que o MinistŽrio Pœblico tenha opinado pela 
absolvi‹o, bem como reconhecer agravantes, embora nenhuma tenha sido 
alegada. 
Ao membro do MP se aplicam, no que for cab’vel, as mesmas 
hip—teses de suspei‹o e impedimento previstas para os Ju’zes. 
AlŽm disso, o membro do MP n‹o pode atuar em processo que o Juiz ou 
qualquer das partes for seu parente, nos termos estabelecidos pelo art. 
258 do CPP: 
Art. 258. Os —rg‹os do MinistŽrio Pœblico n‹o funcionar‹o nos processos em 
que o juiz ou qualquer das partes for seu c™njuge, ou parente, consangŸ’neo 
ou afim, em linha reta ou colateral, atŽ o terceiro grau, inclusive, e a eles se 
estendem, no que Ihes for aplic‡vel, as prescri›es relativas ˆ suspei‹o e 
aos impedimentos dos ju’zes. 
 
Vale ressaltar que o simples fato de o membro do MP ter participado 
da fase investigat—ria n‹o Ž causa de impedimento ou suspei‹o 
(verbete n¼ 234 da sœmula de jurisprudncia do STJ). 
 
1.4.! Do acusado 
O acusado Ž aquele que figura no polo passivo do processo 
criminal, ou seja, a pessoa a quem se imputa a pr‡tica de uma infra‹o 
penal. Nem todas as pessoas, no entanto, podem figurar no polo 
passivo de um processo criminal: 
a) Entes que n‹o possuem capacidade para serem sujeitos de 
direito. Ex.: mortos; 
b) Menores de 18 anos Ð ƒ hip—tese de inimputabilidade que gera a 
ilegitimidade da parte, em raz‹o da disposi‹o expressa na Lei no sentido 
de que os menores de 18 anos respondam por seus atos infracionais 
perante o ECA; 
c) Pessoas detentoras de imunidade diplom‡tica; 
d) Pessoas que possuam imunidade parlamentar. Ex: Deputados, 
Senadores, etc. (Essa espŽcie Ž discut’vel, pois em alguns casos eles 
podem ser sujeitos passivos do processo criminal); 
As pessoas jur’dicas podem ser sujeitos passivos no processo 
criminal, pois a Constitui‹o previu a possibilidade de se imputar ˆ 
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pessoa jur’dica a pr‡tica de crimes (art. 225, ¤ 3¡ da CRFB/88). O 
STF corrobora este entendimento.3 
Quanto aos inimput‡veis em decorrncia de doena mental, 
desenvolvimento mental incompleto e embriaguez total decorrente de 
caso fortuito ou fora maior, nada impede que integrem o polo passivo do 
processo, pois, ao final, eles ser‹o absolvido, sendo-lhes aplicada medida 
de segurana (salvo no caso da embriaguez). Entretanto, devem se 
submeter ao processo criminal. 
A identifica‹o do acusado deve ser feita da forma mais ampla 
poss’vel. No entanto, a impossibilidade de identifica‹o do acusado por 
seu nome civil n‹o impede o prosseguimento da a‹o, nos termos do art. 
259 do CPP: 
Art. 259. A impossibilidade de identifica‹o do acusado com o seu verdadeiro 
nome ou outros qualificativos n‹o retardar‡ a a‹o penal, quando certa a 
identidade f’sica. A qualquer tempo, no curso do processo, do julgamento ou 
da execu‹o da sentena, se for descoberta a sua qualifica‹o, far-se-‡ a 
retifica‹o, por termo, nos autos, sem preju’zo da validade dos atos 
precedentes. 
O CPP prev, ainda, que o acusado dever‡ comparecer a todos os 
atos do processo para o qual for intimado e, caso n‹o comparea a algum 
ato que n‹o possa ser realizado sem ele, o Juiz poder‡ determinar sua 
condu‹o ˆ fora: 
Art. 260. Se o acusado n‹o atender ˆ intima‹o para o interrogat—rio, 
reconhecimento ou qualquer outro ato que, sem ele, n‹o possa ser realizado, 
a autoridade poder‡ mandar conduzi-lo ˆ sua presena. 
Par‡grafo œnico. O mandado conter‡, alŽm da ordem de condu‹o, os 
requisitos mencionados no art. 352, no que Ihe for aplic‡vel. 
 
Embora o art. 260 diga ÒautoridadeÓ, sem distinguir autoridade 
policial e autoridade judici‡ria, a Doutrina entende que esse poder 
est‡ restrito ao Juiz, pois o CPP fala em acusado, o que d‡ a 
entender que esta norma se aplica somente ˆquele que j‡ est‡ 
sendo processado judicialmente. Caso o Delegado necessite da 
presena do indiciado (no IP) em algum ato, dever‡ solicitar ao Juiz que 
determine a condu‹o do indiciado. 
A Doutrina diverge, ainda quanto ˆ extens‹o desta norma. Parte da 
Doutrina entende (e o STJ tambŽm) que a condu‹o do acusado ˆ fora 
s— Ž poss’vel nos casos de recusa ao comparecimento a ato processual 
cuja presena deste seja indispens‡vel. Outra parcela entende que o art. 
260 viola o princ’pio da veda‹o ˆ autoincrimina‹o e, portanto, o 
acusado n‹o poderia ser conduzido ˆ fora.4 
O acusado possui, ainda, direitos, previstos na Constitui‹o e na 
Legisla‹o infraconstitucional, dentre eles: 
																																																													
3
	O	 STF	entende	que,	 atualmente,	 a	pessoa	 jurídica	 somente	pode	 ser	 sujeito	passivo	em	processo	 criminal	
(sujeito	ativo	do	crime,	portanto)	por	crime	ambiental,por	não	haver	expressa	previsão	para	outros	casos.	
4
	NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit., p. 500 
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a) N‹o produzir prova contra si mesmo (Nemo tenetur se 
detegere) Ð Previsto no art. 5¡, LXIII da Constitui‹o e art. 186 do CPP 
(que tratam do direito ao silncio, um dos corol‡rios mais cl‡ssicos desse 
princ’pio); 
b) Direito de ser processado e sentenciado pela autoridade 
competente Ð Consubstancia-se no princ’pio do Juiz Natural, e est‡ 
previsto no art. 5¡, LIII da Constitui‹o; 
c) Direito ao contradit—rio e ˆ ampla defesa Ð Direito de 
contradizer tudo o que for dito pela acusa‹o e se manifestar sempre 
ap—s esta. Trata-se de princ’pio constitucional previsto no art. 5¡, LV da 
Constitui‹o; 
d) Direito ˆ entrevista prŽvia e reservada com seu defensor Ð 
Direito que decorre do princ’pio da ampla defesa, e est‡ materializado no 
art. 185, ¤ 2¡ do CPP. 
Muitos outros existem, previstos tanto na Constitui‹o quanto no 
CPP. 
O CPP prev, tambŽm, que se o acusado for menor de idade, n‹o 
poder‡ figurar no polo passivo do processo sem que lhe seja nomeado um 
curador: 
Art. 262. Ao acusado menor dar-se-‡ curador. 
CUIDADO! Quando o art. 262 se refere ao acusado ÒmenorÓ n‹o est‡ se 
referindo ˆ menoridade penal (nesse caso nem poderia ser acusado!), 
mas ˆ menoridade CIVIL. Durante muito tempo a maioridade civil era 
atingida somente aos vinte e um anos, enquanto a maioridade penal era 
atingida antes, aos 18 anos. Assim, o acusado que tinha entre 18 e 
21 anos, embora PENALMENTE MAIOR, n‹o possu’a maioridade 
civil, sendo, para estes efeitos, menor. 
ƒ com rela‹o a este acusado (Que tinha mais de 18 e menos de 21 
anos) que se aplicava o art. 262. 
Atualmente, a maioridade civil tambŽm se atinge aos 18 
anos, ou seja, n‹o h‡ possibilidade de haver um acusado que seja 
civilmente menor. Portanto, este artigo est‡ temporariamente sem 
aplica‹o. Contudo, nada impede que futuramente a maioridade civil e a 
maioridade penal voltem a ser alcanadas em idades diferentes. 
 
1.5.! Do defensor do acusado 
A presena do defensor no processo criminal Ž obrigat—ria5, e 
decorre do princ’pio da ampla defesa, previsto no art. 5¡, LV da 
Constitui‹o. O defensor (advogado ou Defensor Pœblico) Ž quem realiza a 
chamada defesa tŽcnica (a defesa prestada por profissional habilitado). 
Sua presena obrigat—ria est‡ prevista, ainda, no art. 261 do CPP: 
																																																													
5
	PACELLI, Eugnio. Op. cit., p. 468 
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Art. 261. Nenhum acusado, ainda que ausente ou foragido, ser‡ processado 
ou julgado sem defensor. 
Par‡grafo œnico. A defesa tŽcnica, quando realizada por defensor pœblico ou 
dativo, ser‡ sempre exercida atravŽs de manifesta‹o fundamentada. (Incluído	
pela	Lei	nº	10.792,	de	1º.12.2003) 
 
Vejam que o ¤ œnico trata da chamada ÒDefesa tŽcnica eficienteÓ, o 
que obriga o Defensor Pœblico ou defensor dativo a prestar a defesa 
tŽcnica de maneira eficiente, e n‹o apenas protocolar. Isso se d‡ n‹o em 
raz‹o de preconceito tŽcnico da Lei para com defensores dativos e 
Defensores Pœblicos, mas em raz‹o de que estes n‹o foram nomeados 
pelo acusado e n‹o est‹o sendo pagos por este, o que poderia gerar certa 
displicncia. 
ATEN‚ÌO! O STF editou o verbete n¼ 523 de sua sœmula de 
jurisprudncia, no seguinte sentido: 
SòMULA 523 
NO PROCESSO PENAL, A FALTA DA DEFESA CONSTITUI NULIDADE 
ABSOLUTA, MAS A SUA DEFICIæNCIA Sî O ANULARç SE HOUVER PROVA DE 
PREJUêZO PARA O RƒU. 
A Doutrina entende que esta disposi‹o se aplica tanto ˆ defesa realizada 
pelo defensor nomeado quanto a realizada pelo defensor constitu’do pelo 
pr—prio acusado. 
Isso implica dizer que o Judici‡rio pode reconhecer a deficincia da 
defesa tŽcnica, ex officio. Isso porque seria pouco razo‡vel exigir que a 
alega‹o de deficincia da defesa partisse do pr—prio defensor.6 
 
Caso o acusado n‹o possua defensor, o Juiz nomear‡ um para 
que o defenda. Entretanto, caso o acusado, posteriormente resolva 
constituir advogado de sua confiana ou defender-se a si pr—prio 
(caso possua habilita‹o para isso), poder‡ destituir o defensor 
nomeado pelo Juiz, A QUALQUER TEMPO. Nos termos do art. 263 do 
CPP: 
Art. 263. Se o acusado n‹o o tiver, ser-lhe-‡ nomeado defensor pelo juiz, 
ressalvado o seu direito de, a todo tempo, nomear outro de sua confiana, ou 
a si mesmo defender-se, caso tenha habilita‹o. 
O ¤ œnico deste artigo, por sua vez, determina que se o acusado, a 
quem for nomeado defensor, n‹o for pobre, ser‡ obrigado a pagar os 
honor‡rios do defensor dativo que lhe for nomeado. Em se tratando de 
Defensor Pœblico, embora estes n‹o possam receber honor‡rios, a lei 
permite (LC n¡ 80/94) o recebimento de honor‡rios pela Institui‹o 
Defensoria Pœblica, em conta pr—pria. Nos termos do art. 263, ¤ œnico: 
Par‡grafo œnico. O acusado, que n‹o for pobre, ser‡ obrigado a pagar os 
honor‡rios do defensor dativo, arbitrados pelo juiz. 
 
																																																													
6
	PACELLI, Eugnio. Op. cit., p. 470/471 
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A nomea‹o do defensor dativo n‹o pode ser por este recusada, 
salvo no caso de motivo relevante. TambŽm n‹o poder‡ o defensor 
abandonar o processo sen‹o por motivo de fora maior (imperioso 
motivo), hip—tese na qual dever‡ comunicar PREVIAMENTE o Juiz; 
E se o defensor n‹o comparecer ˆ audincia? Os ¤¤ 1¡ e 2¡ do 
art. 265 do CPP determinam que o defensor que n‹o puder comparecer ˆ 
audincia, dever‡ informar este fato ao Juiz, justificando a ausncia, 
hip—tese na qual a audincia poder‡ ser adiada . Se o defensor n‹o 
justificar a impossibilidade de comparecimento, o Juiz n‹o adiar‡ o ato, 
devendo constituir outro defensor para o acusado, ainda que s— para a 
realiza‹o daquele ato processual7. 
O art. 266 do CPP, por sua vez, determina que a constitui‹o de 
defensor independe de mandato, quando o acusado o indicar no 
interrogat—rio. Trata-se da chamada procura‹o apud acta. 
Por fim, o defensor se encontra impedido de atuar nos processos em 
que atue Juiz que seja seu parente: 
Art. 267. Nos termos do art. 252, n‹o funcionar‹o como defensores os 
parentes do juiz. 
Este parentesco restringe-se ˆs hip—teses previstas no art. 252, I do 
CPP. AlŽm disso, pode acontecer de o defensor j‡ estar atuando no caso 
quando um Juiz, parente seu, assume o caso. Nessa hip—tese, quem est‡ 
impedido n‹o Ž o defensor, mas o Juiz. 
CUIDADO! Estar‡ impedido quem entrar por œltimo no processo, 
permanecendo quem j‡ est‡ atuando. 
 
1.6.! Do assistente de acusa‹o 
O ofendido, seu representante legal, ou qualquer das pessoas 
mencionadas no art. 31 do CPP (c™njuge, ascendente, descendente ou 
irm‹o) poder‹o atuar como assistentes da acusa‹o nas a›es 
penais pœblicas (condicionadas e incondicionadas). Nos termos do art. 
268 do CPP: 
Art. 268. Em todos os termos da a‹o pœblica, poder‡ intervir, como 
assistente do MinistŽrio Pœblico, o ofendido ou seu representante legal, ou, na 
falta, qualquer das pessoas mencionadas no Art. 31. 
 
A interven‹ode qualquer destas pessoas como assistente da 
acusa‹o pode se dar a qualquer momento, ATƒ O TRåNSITO EM 
JULGADO DA SENTEN‚A: 
Art. 269. O assistente ser‡ admitido enquanto n‹o passar em julgado a 
sentena e receber‡ a causa no estado em que se achar. 
 
																																																													
7 O STJ corrobora este entendimento (HC 228.280/BA, Rel. Ministro JORGE MUSSI, 
QUINTA TURMA, julgado em 11/03/2014, DJe 25/03/2014) 
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Entretanto, a admiss‹o do assistente depende da an‡lise de dois 
fatores pelo Juiz: 
a) Tratar-se o requerente de um dos legitimados para figurar 
como assistente. 
b) Estar o requerente assistido por advogado ou Defensor 
Pœblico. 
 
AlŽm disso, a admiss‹o do assistente de acusa‹o depende, 
sempre da oitiva prŽvia do membro do MP, n‹o cabendo recurso 
contra a decis‹o que negar ou deferir a habilita‹o do assistente: 
Art. 272. O MinistŽrio Pœblico ser‡ ouvido previamente sobre a admiss‹o do 
assistente. 
Art. 273. Do despacho que admitir, ou n‹o, o assistente, n‹o caber‡ recurso, 
devendo, entretanto, constar dos autos o pedido e a decis‹o. 
O ofendido, aqui, n‹o atua como autor do processo (o autor Ž o MP), 
mas como assistente do MP. Assim, duas podem ser as situa›es do 
ofendido no processo criminal: 
a) Atua como querelante Ð Nas a›es penais privadas exclusivas 
e na subsidi‡ria da pœbica, o ofendido atua como autor do processo. 
b) Atua como assistente Ð Nas a›es penais pœblicas que 
efetivamente tiverem sido ajuizadas pelo MP. 
 
O CPP, em seu art. 270, pro’be que o corrŽu (aquele que tambŽm Ž 
acusado) no mesmo processo atue como assistente da acusa‹o. 
Art. 270. O co-rŽu no mesmo processo n‹o poder‡ intervir como assistente 
do MinistŽrio Pœblico. 
EXEMPLO: Imagine a hip—tese em que duas pessoas tentaram cometer 
homic’dio uma contra a outra simultaneamente. Sendo julgadas no 
mesmo processo, ambas como rŽs (Ž claro), n‹o pode uma pretender ser 
assistente de acusa‹o do MP (com vistas ˆ condena‹o do outro 
acusado). 
 
O STF e o STJ, no entanto, entendem que o corrŽu, embora 
n‹o possa se habilitar no processo como assistente de acusa‹o, 
pode recorrer (apelar) para reformar a sentena que absolve o 
outro corrŽu.8 
O assistente de acusa‹o poder‡ atuar de inœmeras maneiras, 
propondo provas, participando dos debates, orais, etc.. No entanto, as 
provas requeridas pelo assistente da acusa‹o ser‹o deferidas a critŽrio 
do Juiz, ap—s ser ouvido o MP. Nos termos do 271 e seu ¤ 1¡ do CPP: 
																																																													
8 No mesmo sentido, a Doutrina. Por todos, NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit., p. 511 
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Art. 271. Ao assistente ser‡ permitido propor meios de prova, requerer 
perguntas ˆs testemunhas, aditar o libelo e os articulados, participar do 
debate oral e arrazoar os recursos interpostos pelo MinistŽrio Pœblico, ou por 
ele pr—prio, nos casos dos arts. 584, ¤ 1o, e 598. 
¤ 1o O juiz, ouvido o MinistŽrio Pœblico, decidir‡ acerca da realiza‹o das 
provas propostas pelo assistente. 
 
A lista de atos que o assistente pode praticar, estabelecida no 
art. 271 do CPP, Ž considerada pela maioria da Doutrina e da 
Jurisprudncia como um rol taxativo, ou seja, somente podem ser 
praticados aqueles atos, e n‹o outros que n‹o estejam na lista. 
Embora n‹o conste na lista de atos permitidos ao assistente, a 
Doutrina e a Jurisprudncia admitem, no entanto, a legitimidade 
do assistente para recorrer em trs hip—teses: 
1) Apelar da sentena (art. 593).9 
2) Apelar da sentena de impronœncia, nos processos do Tribunal do 
Jœri (art. 416 do CPP). 
3) Apelar da sentena que julga extinta a punibilidade. 
 
O assistente ser‡ intimado para todos os atos processuais. 
Entretanto, se devidamente intimado o assistente n‹o comparecer, de 
maneira injustificada, a qualquer ato de instru‹o ou julgamento, o 
processo ir‡ prosseguir sem que o assistente seja intimado novamente: 
¤ 2o O processo prosseguir‡ independentemente de nova intima‹o do 
assistente, quando este, intimado, deixar de comparecer a qualquer dos atos 
da instru‹o ou do julgamento, sem motivo de fora maior devidamente 
comprovado. 
Recentemente, com as altera›es promovidas pela lei 
12.403/11, foi conferida ao assistente de acusa‹o a possibilidade de 
requerer a pris‹o preventiva do acusado! 
 
1.7.! Dos auxiliares da Justia 
Os peritos e intŽrpretes n‹o possuem interesse na causa (n‹o 
acusam, n‹o julgam, n‹o s‹o acusados), mas contribuem para que a 
tutela jurisdicional seja efetivamente prestada. Est‹o regulamentados nos 
arts. 275 a 281 do CPP. 
O CPP regulamenta a atividade dos peritos, e equipara a estes, os 
intŽrpretes. Nos termos do art. 281 do CPP: 
Art. 281. Os intŽrpretes s‹o, para todos os efeitos, equiparados aos peritos. 
																																																													
9
	Mesmo	que	se	 trata	de	sentença	condenatória	e	a	única	 finalidade	da	apelação	seja	MAJORAR	a	
pena	aplicada.	
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Os peritos tambŽm podem ser suspeitos, de forma a n‹o poder atuar 
no processo. Isso acontece porque o perito TAMBƒM DEVE SER 
IMPARCIAL. Nos termos do art. 280 do CPP: 
Art. 280. ƒ extensivo aos peritos, no que Ihes for aplic‡vel, o disposto sobre 
suspei‹o dos ju’zes. 
AlŽm disso, o art. 279 do CPP traz trs veda›es ao exerc’cio da 
fun‹o de perito: 
Art. 279. N‹o poder‹o ser peritos: 
I - os que estiverem sujeitos ˆ interdi‹o de direito mencionada nos ns. I e IV 
do art. 69 do C—digo Penal; 
II - os que tiverem prestado depoimento no processo ou opinado 
anteriormente sobre o objeto da per’cia; 
III - os analfabetos e os menores de 21 anos. 
Entretanto, o inciso III deve ser analisado ˆ luz do C—digo Civil de 
2002, que alterou a maioridade civil para 18 anos (quando da publica‹o 
do CPP, a maioridade civil era de 21 anos). Assim, atualmente a 
veda‹o em raz‹o da idade se d‡ somente para os menores de 18 
anos. 
Quanto ao inciso I, ele se refere ao art. 69, I a IV do CP. No entanto, 
essa referncia se d‡ ao texto original do CP. Atualmente vigora, na parte 
geral do CP, a reda‹o conferida pela Lei 7.209/84, que revogou este art. 
69 do CP, conferindo a ele outra reda‹o, que n‹o guarda qualquer 
pertinncia com essa veda‹o. Assim, entende-se que esse inciso I 
perdeu vigncia. 
O inciso II trata de uma hip—tese de impedimento, pois no caso de o 
perito ter prestado depoimento anteriormente no processo ou ter nele 
opinada, nitidamente h‡ preju’zo ˆ sua imparcialidade. 
A nomea‹o do perito Ž ato privativo do Juiz (—bvio, dada a sua 
imparcialidade), n‹o cabendo ˆs partes intervirem nesse ato. AlŽm disso, 
o perito nomeado n‹o poder‡ recusar o encargo, salvo se provar 
motivo relevante para isso, sob pena de multa. 
Poder‡ ser multado, ainda, o perito que, sem justa causa, faltar com 
suas obriga›es de auxiliar da Justia. Estas obriga›es est‹o previstas 
no art. 277, ¤ œnico do CPP: 
Par‡grafo œnico. Incorrer‡ na mesma multa o perito que, sem justa causa, 
provadaimediatamente: 
a) deixar de acudir ˆ intima‹o ou ao chamado da autoridade; 
b) n‹o comparecer no dia e local designados para o exame; 
c) n‹o der o laudo, ou concorrer para que a per’cia n‹o seja feita, nos prazos 
estabelecidos. 
No caso de o descumprimento da obriga‹o ser o n‹o 
comparecimento a algum ato para o qual tenha sido intimado, poder‡ o 
perito ser conduzido ˆ fora, ˆ semelhana do que ocorre com o 
acusado. Nos termos do art. 278 do CPP: 
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Art. 278. No caso de n‹o-comparecimento do perito, sem justa causa, a 
autoridade poder‡ determinar a sua condu‹o. 
 
2.!ATOS PROCESSUAIS 
 
2.1.! Introdu‹o 
Sabemos que o processo n‹o Ž est‡tico, ou seja, Ž din‰mico, de 
forma que Ž necess‡rio que haja algum meio atravŽs do qual as partes e 
o Juiz impulsionem o processo. Isso se d‡ atravŽs da pr‡tica de ATOS 
PROCESSUAIS. 
Os atos processuais podem ser: 
 
 
Os segundos (atos do Juiz) s‹o chamados, ainda, de ATOS 
JURISDICIONAIS, pois atravŽs dos atos do Juiz o Estado exerce a 
Jurisdi‹o. 
 
2.2.! Forma dos atos processuais. Nulidades 
Os atos processuais, em regra, n‹o possuem forma definida. No 
entanto, quando a lei expressamente determinar a pr‡tica do ato 
processual mediante uma determinada forma, ela deve ser cumprida, sob 
pena de nulidade. 
Uma forma que est‡ expressamente prevista no CPP para TODOS os 
atos processuais Ž a PUBLICIDADE. Todos os atos processuais devem 
ser pœblicos, nos termos do art. 792 do CPP: 
Art. 792. As audincias, sess›es e os atos processuais ser‹o, em regra, 
pœblicos e se realizar‹o nas sedes dos ju’zos e tribunais, com assistncia dos 
escriv‹es, do secret‡rio, do oficial de justia que servir de porteiro, em dia e 
hora certos, ou previamente designados. 
¤ 1o Se da publicidade da audincia, da sess‹o ou do ato processual, puder 
resultar esc‰ndalo, inconveniente grave ou perigo de perturba‹o da ordem, 
o juiz, ou o tribunal, c‰mara, ou turma, poder‡, de of’cio ou a requerimento 
da parte ou do MinistŽrio Pœblico, determinar que o ato seja realizado a 
portas fechadas, limitando o nœmero de pessoas que possam estar presentes. 
 
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Percebam que essa publicidade pode ser restringida, em alguns 
casos, conforme preconiza o ¤1¡ do art. 792. Esse dispositivo, embora 
anterior ˆ CRFB/88, instrumentaliza o disposto no art. 93, IX da nossa 
Carta Maior: 
IX todos os julgamentos dos —rg‹os do Poder Judici‡rio ser‹o pœblicos, e 
fundamentadas todas as decis›es, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar 
a presena, em determinados atos, ˆs pr—prias partes e a seus advogados, 
ou somente a estes, em casos nos quais a preserva‹o do direito ˆ 
intimidade do interessado no sigilo n‹o prejudique o interesse pœblico ˆ 
informa‹o; (Reda‹o dada pela Emenda Constitucional n¼ 45, de 2004) 
 
Outro requisito para a realiza‹o de determinados atos Ž o 
recolhimento das custas (valores pagos ao Judici‡rio em raz‹o da 
presta‹o do servio Jurisdicional). PorŽm, caso o acusado seja pobre, 
estar‡ dispensado do recolhimento das custas. Nos termos do CPP: 
Art. 806. Salvo o caso do art. 32, nas a›es intentadas mediante queixa, 
nenhum ato ou diligncia se realizar‡, sem que seja depositada em cart—rio a 
import‰ncia das custas. 
¤ 1o Igualmente, nenhum ato requerido no interesse da defesa ser‡ 
realizado, sem o prŽvio pagamento das custas, salvo se o acusado for pobre. 
¤ 2o A falta do pagamento das custas, nos prazos fixados em lei, ou 
marcados pelo juiz, importar‡ renœncia ˆ diligncia requerida ou deser‹o do 
recurso interposto. 
¤ 3o A falta de qualquer prova ou diligncia que deixe de realizar-se em 
virtude do n‹o-pagamento de custas n‹o implicar‡ a nulidade do processo, se 
a prova de pobreza do acusado s— posteriormente foi feita. 
 
O CPP prev, ainda, diversas outras regrinhas de menor 
import‰ncia.10 
PorŽm, em alguns casos, mesmo diante do descumprimento da 
forma estabelecida em lei, alguns atos processuais podem n‹o ter sua 
nulidade decretada. Isso ocorrer‡ quando, mesmo diante da 
inobserv‰ncia da forma, o ato atingir sua finalidade sem causar 
																																																													
10 Art. 793. Nas audincias e nas sess›es, os advogados, as partes, os escriv‹es e os 
espectadores poder‹o estar sentados. Todos, porŽm, se levantar‹o quando se dirigirem 
aos ju’zes ou quando estes se levantarem para qualquer ato do processo. 
Par‡grafo œnico. Nos atos da instru‹o criminal, perante os ju’zes singulares, os 
advogados poder‹o requerer sentados. 
Art. 794. A pol’cia das audincias e das sess›es compete aos respectivos ju’zes ou ao 
presidente do tribunal, c‰mara, ou turma, que poder‹o determinar o que for conveniente 
ˆ manuten‹o da ordem. Para tal fim, requisitar‹o fora pœblica, que ficar‡ 
exclusivamente ˆ sua disposi‹o. 
Art. 795. Os espectadores das audincias ou das sess›es n‹o poder‹o manifestar-se. 
Par‡grafo œnico. O juiz ou o presidente far‡ retirar da sala os desobedientes, que, em 
caso de resistncia, ser‹o presos e autuados. 
Art. 796. Os atos de instru‹o ou julgamento prosseguir‹o com a assistncia do 
defensor, se o rŽu se portar inconvenientemente. 
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preju’zo ˆs partes. Trata-se do princ’pio do Òpreju’zoÓ, ou do Òpas 
de nullitŽ sans griefÓ (N‹o h‡ nulidade sem preju’zo).11 
Vejamos: 
Art. 563. Nenhum ato ser‡ declarado nulo, se da nulidade n‹o resultar 
preju’zo para a acusa‹o ou para a defesa. 
 
Assim, percebam que n‹o basta que o ato tenha sido praticado com 
inobserv‰ncia da forma prescrita em lei para que seja declarado nulo. ƒ 
necess‡rio que dessa inobserv‰ncia de forma tenha derivado 
algum preju’zo ˆs partes.12 
Mas tem ainda um outro requisito: a pr—pria parte que deu causa ˆ 
nulidade n‹o pode invoc‡-la, ainda que lhe tenha causado preju’zo13. 
Trata-se do princ’pio do Òvenire contra factum propriumÓ: 
Art. 565. Nenhuma das partes poder‡ argŸir nulidade a que haja dado causa, 
ou para que tenha concorrido, ou referente a formalidade cuja observ‰ncia s— 
ˆ parte contr‡ria interesse. 
 
A nulidade por inobserv‰ncia da forma pode ocorrer nos seguintes 
casos: 
Art. 564. A nulidade ocorrer‡ nos seguintes casos: 
(...) 
III - por falta das f—rmulas ou dos termos seguintes: 
a) a denœncia ou a queixa e a representa‹o e, nos processos de 
contraven›es penais, a portaria ou o auto de pris‹o em flagrante; 
b) o exame do corpo de delito nos crimes que deixam vest’gios, ressalvado o 
disposto no Art. 167; 
c) a nomea‹o de defensor ao rŽu presente, que o n‹o tiver, ou ao ausente, 
e de curador ao menor de 21 anos; 
d) a interven‹o do MinistŽrio Pœblico em todos os termos da a‹o por ele 
intentada e nos da intentada pela parte ofendida, quando se tratar de crime 
de a‹o pœblica; 
e) a cita‹o do rŽu para ver-se processar, o seu interrogat—rio, quando 
presente, e os prazos concedidos ˆ acusa‹o e ˆ defesa; 
f) a sentena de pronœncia, o libelo e a entrega da respectiva c—pia, com o rol 
de testemunhas, nos processos perante o Tribunal do Jœri;g) a intima‹o do rŽu para a sess‹o de julgamento, pelo Tribunal do Jœri, 
quando a lei n‹o permitir o julgamento ˆ revelia; 
h) a intima‹o das testemunhas arroladas no libelo e na contrariedade, nos 
termos estabelecidos pela lei; 
i) a presena pelo menos de 15 jurados para a constitui‹o do jœri; 
																																																													
11
	NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de processo penal e execu‹o penal. 12.¼ edi‹o. 
Ed. Forense. Rio de Janeiro, 2015, p. 769 
12
	Tal	previsão	consagra	o	princípio	da	INSTRUMENTALIDADE	DAS	FORMAS.	
13
	NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit., p. 770 
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j) o sorteio dos jurados do conselho de sentena em nœmero legal e sua 
incomunicabilidade; 
k) os quesitos e as respectivas respostas; 
l) a acusa‹o e a defesa, na sess‹o de julgamento; 
m) a sentena; 
n) o recurso de oficio, nos casos em que a lei o tenha estabelecido; 
o) a intima‹o, nas condi›es estabelecidas pela lei, para cincia de 
sentenas e despachos de que caiba recurso; 
p) no Supremo Tribunal Federal e nos Tribunais de Apela‹o, o quorum legal 
para o julgamento; 
IV - por omiss‹o de formalidade que constitua elemento essencial do 
ato. 
Par‡grafo œnico. Ocorrer‡ ainda a nulidade, por deficincia dos 
quesitos ou das suas respostas, e contradi‹o entre estas. (Inclu’do 
pela Lei n¼ 263, de 23.2.1948) 
 
A ocorrncia de algum destes v’cios de forma gera a nulidade do ato. 
Contudo, vocs devem lembrar-se sempre da regra: n‹o h‡ nulidade sem 
preju’zo. 
Entretanto, a’ fica a dica: vocs devem marcar como ÒCORRETAÓ a 
alternativa que citar algum destes incisos como causa de nulidade, 
mesmo sem fazer a ressalva de que haja necessidade de preju’zo, pois 
deve-se estar atento ˆ LITERALIDADE DA LEI. S— se deve marcar o 
item como errado se houver expressa men‹o ˆ necessidade de preju’zo. 
Pode ocorrer, em determinados casos, de mesmo n‹o tendo sido 
adotada a forma legal e, mesmo tendo havido preju’zo, a nulidade n‹o 
ser declarada. Isso ocorrer‡ sempre que se tratar de nulidade relativa, 
e esta n‹o for arguida no prazo correto. Vejamos: 
Art. 572. As nulidades previstas no art. 564, Ill, d e e, segunda parte, g e h, 
e IV, considerar-se-‹o sanadas: 
I - se n‹o forem argŸidas, em tempo oportuno, de acordo com o disposto no 
artigo anterior; 
II - se, praticado por outra forma, o ato tiver atingido o seu fim; 
III - se a parte, ainda que tacitamente, tiver aceito os seus efeitos. 
 
Vamos esmiuar este artigo: 
Consideram-se sanadas, caso n‹o arguidas no prazo correto, as 
seguintes nulidades: 
¥ A interven‹o do MinistŽrio Pœblico em todos os termos da a‹o da 
intentada pela parte ofendida, quando se tratar de crime de a‹o 
pœblica (a‹o penal privada subsidi‡ria da pœblica); 
¥ Os prazos concedidos ˆ acusa‹o e ˆ defesa; 
¥ A intima‹o do rŽu para a sess‹o de julgamento, pelo Tribunal do 
Jœri, quando a lei n‹o permitir o julgamento ˆ revelia; 
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¥ A intima‹o das testemunhas arroladas no libelo e na contrariedade, 
nos termos estabelecidos pela lei; 
 
Nestes casos, estas nulidades s— geraram a anula‹o do ato se: 
ü A parte n‹o tiver aceitado, ainda que tacitamente, os seus 
efeitos. 
ü O ato, praticado por outra forma, NÌO tiver alcanado sua 
finalidade. 
ü Tiverem sido arguidas no prazo oportuno. 
 
CUIDADO! Sobre a nulidade decorrente de inobserv‰ncia da 
competncia por preven‹o, o STF editou o verbete de sœmula n¼ 
706, no sentido de se tratar de nulidade RELATIVA: 
Sœmula 706 
ƒ relativa a nulidade decorrente da inobserv‰ncia da competncia penal por 
preven‹o. 
 
Caso n‹o tenha sido sanada a nulidade, os atos ser‹o renovados 
ou retificados. Por fim, temos o princ’pio da CAUSALIDADE, segundo 
o qual a nulidade de um ato importa, ainda, na nulidade de todos os atos 
que dele DIRETAMENTE dependam ou sejam conseqŸncia14. O Juiz, ao 
declarar a nulidade, deve determinar a quais atos ela se estende: 
Art. 573. Os atos, cuja nulidade n‹o tiver sido sanada, na forma dos artigos 
anteriores, ser‹o renovados ou retificados. 
¤ 1o A nulidade de um ato, uma vez declarada, causar‡ a dos atos que dele 
diretamente dependam ou sejam conseqŸncia. 
¤ 2o O juiz que pronunciar a nulidade declarar‡ os atos a que ela se estende. 
 
(FGV Ð 2013 Ð OAB Ð EXAME DE ORDEM) 
A Teoria Geral das Nulidades determina que nulidade Ž a san‹o 
aplicada pelo Poder Judici‡rio ao ato imperfeito, defeituoso. Tal 
teoria Ž regida pelos princ’pios relacionados a seguir, ˆ exce‹o 
de um. Assinale-o. 
a) Princ’pio do Preju’zo. 
b) Princ’pio da Causalidade. 
c) Princ’pio do Interesse. 
d) Princ’pio da Voluntariedade. 
																																																													
14 Trata-se, aqui, do que se chama de NULIDADE DERIVADA. NUCCI, Guilherme de 
Souza. Op. Cit., p. 771 
01653159111 - DIEGO VIANA DIAS
d
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COMENTçRIOS: Dentre as alternativas apresentadas, apenas a letra D 
n‹o corresponde a um princ’pio que rege o sistema de NULIDADES. Os 
trs primeiros s‹o princ’pios relacionados a esta espec’fica seara do 
processo penal. 
O primeiro prega que n‹o h‡ nulidade sem preju’zo (art. 563 do CPP). 
O segundo prev que a nulidade de um ato importar‡ a nulidade daqueles 
que diretamente dele dependam ou sejam consequncia (art. 573, ¤1¼ do 
CPP). 
O princ’pio do interesse, por sua vez, estabelece que nenhuma nulidade 
poder‡ ser arguida pela parte que n‹o tenha interesse em seu 
reconhecimento, bem como n‹o poder‡ ser arguida pela parte que a ela 
deu causa (art. 565 do CPP). 
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA ƒ A LETRA D. 
 
(FGV Ð 2012 Ð OAB Ð EXAME DE ORDEM) 
O advogado JosŽ, observando determinado acontecimento no 
processo, entende por bem arguir a nulidade do processo, 
tendo em vista a viola‹o do devido processo legal, ocorrida 
durante a Audincia de Instru‹o e Julgamento. Acerca da 
Teoria Geral das Nulidades, Ž correto afirmar que o princ’pio da 
causalidade significa 
a) a possibilidade do defeito do ato se estender aos atos que 
lhes s‹o subsequentes e que deles dependam. 
b) que n‹o h‡ como se declarar a nulidade de um ato se 
este n‹o resultar preju’zo ˆ acusa‹o ou ˆ defesa. 
c) que nenhuma das partes poder‡ arguir nulidade a que 
haja dado causa, ou para que tenha concorrido. 
d) que as nulidades poder‹o ser sanadas. 
COMENTçRIOS: O princ’pio da causalidade significa que a nulidade de 
um ato importar‡ a nulidade daqueles que diretamente dele dependam ou 
sejam consequncia, nos termos do art.573, ¤1¼ do CPP. 
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA ƒ A LETRA A. 
 
(FGV Ð 2011 Ð OAB Ð EXAME DE ORDEM) 
Arist—teles, juiz de uma vara criminal da justia comum, profere 
sentena em processo-crime cuja competncia era da justia 
militar. 
Com base em tal afirmativa, pode-se dizer que a n‹o observ‰ncia 
de Arist—teles ˆ matriz legal gerar‡ a 
a) inexistncia do ato. 
b) nulidade relativa do ato. 
c) nulidade absoluta do ato. 
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d) irregularidade do ato. 
COMENTçRIOS: A sentena proferida por Arist—teles Ž considerada como 
absolutamente nula, devendo os autos serem remetidos ao Ju’zo 
competente, anulando-se a sentena proferida, nos termos do art. 564, I 
e 567 do CPP, j‡ que se trata de viola‹o ˆs normas de competncia em 
raz‹o da matŽria, que Ž hip—tese de competncia absoluta. 
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA ƒ A LETRA C. 
 
2.3.! Tempo dos atos processuais e prazos processuais 
Os atos processuais se praticam, em regra, EM QUALQUER DIA, 
segundo o CPP. Entretanto, as sess›es de JULGAMENTO somente 
podem ocorrer em dias œteis (n‹o podem ser marcadas para domingo 
ou feriado). PorŽm, caso tenham se iniciado em dia œtil, e n‹o tenham 
terminado, prosseguir‹o mesmo que adentrem em dias n‹o-œteis (isso Ž 
muito comum em julgamentos do Jœri, que ˆs vezes duram 03, 04 dias). 
Vejamos: 
Art. 797. Excetuadas as sess›es de julgamento, que n‹o ser‹o marcadas 
para domingo ou dia feriado, os demais atos do processo poder‹o ser 
praticados em per’odo de fŽrias, em domingos e dias feriados. Todavia, os 
julgamentos iniciados em dia œtil n‹o se interromper‹o pela supervenincia 
de feriado ou domingo. 
Os prazos processuais s‹o cont’nuos (ou seja, se contam 
diretamente, sem diferencia‹o entre dias œteis e n‹o-œteis), e n‹o se 
interrompem em fŽrias, domingos e feriados: 
Art. 798. Todos os prazos correr‹o em cart—rio e ser‹o cont’nuos e 
perempt—rios, n‹o se interrompendo por fŽrias, domingo ou dia feriado. 
A referncia ˆs ÒfŽriasÓ se faz em rela‹o ˆs antigas fŽrias coletivas, 
hoje abolidas. Atualmente h‡ o recesso forense, mas, na pr‡tica, todos os 
prazos s‹o SUSPENSOS neste per’odo. 
 ATEN‚ÌO! Essa Ž a parte mais importante deste tema! A 
contagem dos prazos processuais penais se d‡ EXCLUINDO-SE O DIA 
DO COME‚O E INCLUINDO-SE O DIA DO VENCIMENTO. Vejamos: 
Art. 798 (...) 
¤ 1o N‹o se computar‡ no prazo o dia do comeo, incluindo-se, porŽm, o do 
vencimento. 
EXEMPLO: Se JosŽ recebeu cita‹o para apresentar resposta ˆ acusa‹o 
em 10.01.12, uma quarta-feira. Seu prazo comear‡ a correr no dia 
11.01.12, no dia seguinte ao da realiza‹o do ato (excluiu-se o dia do 
comeo). 
PorŽm, se o dia 10.01.12 fosse uma sexta-feira, o prazo s— comearia a 
correr na segunda-feira, dia 13.01.12, pois embora os prazos n‹o se 
INTERROMPAM em domingos e feriados, eles NÌO SE INICIAM 
NESTAS DATAS. 
 
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Caso o prazo se encerre em dia que n‹o possua expediente forense, 
ser‡ prorrogado atŽ o dia œtil seguinte: 
Art. 798 (...) 
¤ 3o O prazo que terminar em domingo ou dia feriado considerar-se-‡ 
prorrogado atŽ o dia œtil imediato. 
 CUIDADO! Isto s— ocorre com os chamados PRAZOS PROCESSUAIS. 
Os prazos que, embora presentes no CPP, sejam considerados prazos 
MATERIAIS (referentes ao pr—prio Direito Material em si, o que ˆs vezes 
Ž dif’cil de diferenciar) s‹o computados de maneira diversa, incluindo-se 
o dia do comeo e excluindo-se o do vencimento.15 
 
Mas quando os prazos comeam a correr? A partir do momento 
em que a parte tomar cincia da decis‹o que determina a pr‡tica do ato. 
Esse momento da cincia pode se dar atravŽs: 
¥ De intima‹o. 
¥ De audincia na qual a parte seja cientificada do ato. 
¥ Do dia em que a parte manifestar cincia do ato nos 
autos. 
 
O Juiz tambŽm possui prazo para a pr‡tica dos atos processuais que 
lhe caibam (embora na pr‡tica...). Esses prazos, que comeam a correr 
da data da conclus‹o dos autos ao gabinete do Juiz, s‹o: 
Art. 800. Os ju’zes singulares dar‹o seus despachos e decis›es dentro dos 
prazos seguintes, quando outros n‹o estiverem estabelecidos: 
I - de dez dias, se a decis‹o for definitiva, ou interlocut—ria mista; 
II - de cinco dias, se for interlocut—ria simples; 
III - de um dia, se se tratar de despacho de expediente. 
¤ 1o Os prazos para o juiz contar-se-‹o do termo de conclus‹o. 
Entretanto, em qualquer caso, podem os Ju’zes, declarando motivo 
justo, excederem estes prazos, em atŽ o dobro (art. 800, ¤3¡ do CPP). 
PorŽm, o descumprimento dos prazos pelo Juiz, diferentemente do 
que ocorre com os atos da parte, n‹o acarretam a impossibilidade de sua 
pr‡tica posteriormente, pois n‹o existe Òpreclus‹o pro judicatoÓ. 
Assim, o ato poder‡ (e dever‡) ser praticado posteriormente, ainda que 
depois do prazo. Caso o Juiz exceda os prazos, poder‡ ser penalizado pelo 
Tribunal: 
Art. 801. Findos os respectivos prazos, os ju’zes e os —rg‹os do MinistŽrio 
Pœblico, respons‡veis pelo retardamento, perder‹o tantos dias de 
vencimentos quantos forem os excedidos. Na contagem do tempo de servio, 
para o efeito de promo‹o e aposentadoria, a perda ser‡ do dobro dos dias 
excedidos. 
 
																																																													
15
	NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit., p. 931 
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2.4.! Lugar dos atos processuais 
Os atos processuais s‹o praticados, em regra, na sede do Ju’zo. No 
entanto, nada impede que sejam realizados em outros locais, a critŽrio do 
Juiz. ƒ muito comum, por exemplo, a oitiva de testemunhas em local 
diverso da sede do Ju’zo, nos casos em que esta possua prerrogativa 
de ser ouvida no local que indicar. Vejamos: 
Art. 221. O Presidente e o Vice-Presidente da Repœblica, os senadores e 
deputados federais, os ministros de Estado, os governadores de Estados e 
Territ—rios, os secret‡rios de Estado, os prefeitos do Distrito Federal e dos 
Munic’pios, os deputados ˆs AssemblŽias Legislativas Estaduais, os membros 
do Poder Judici‡rio, os ministros e ju’zes dos Tribunais de Contas da Uni‹o, 
dos Estados, do Distrito Federal, bem como os do Tribunal Mar’timo ser‹o 
inquiridos em local, dia e hora previamente ajustados entre eles e o juiz. 
(Reda‹o dada pela Lei n¼ 3.653, de 4.11.1959) 
 
TambŽm n‹o ser‹o realizados na sede do Ju’zo os atos que devam 
ser praticados em outra comarca, pa’s ou perante o Juiz singular, caso 
esteja tramitando o processo no Tribunal. 
Nesse caso ser‡ expedida carta para cumprimento do ato, 
podendo se tratar de carta precat—ria (a ser cumprida em outra comarca), 
rogat—ria (em outro pa’s) ou de ordem (por Juiz subordinado). 
 
3.!COMUNICA‚ÌO DOS ATOS PROCESSUAIS 
 
3.1.! Cita›es 
 
3.1.1. Conceito 
A cita‹o Ž o ato pelo qual se chama o rŽu para participar do 
processo que em face dele foi movido.16 Trata-se da materializa‹o 
suprema do princ’pio do contradit—rio e da ampla defesa. O processo s— 
completa sua forma‹o com a efetiva‹o da cita‹o (art. 363 do CPC) 
3.1.2. Cita‹o pessoal 
A cita‹o, em regra, se faz mediante MANDADO DE CITA‚ÌO, que 
Ž um documento expedido pelo Juiz da causa, dando cincia ao rŽu do 
processo existente contra ele, e abrindo prazo para que se manifeste. Nos 
termos do art. 351 do CPP: 
Art. 351. A cita‹o inicial far-se-‡ por mandado, quando o rŽu estiver no 
territ—rio sujeito ˆ jurisdi‹o do juiz que a houver ordenado. 
 
																																																													
16
	PACELLI, Eugnio. Curso de processo penal. 16¼ edi‹o. Ed. Atlas.S‹o Paulo, 2012, p. 
601 
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O MANDADO DE CITA‚ÌO dever‡ conter algumas informa›es 
b‡sicas, que s‹o necess‡rias para que o rŽu seja perfeitamente 
cientificado da natureza do processo contra ele movido, bem como dever‡ 
cumprir algumas formalidades. Nos termos do art. 352 do CPP: 
Art. 352. O mandado de cita‹o indicar‡: 
I - o nome do juiz; 
II - o nome do querelante nas a›es iniciadas por queixa; 
III - o nome do rŽu, ou, se for desconhecido, os seus sinais caracter’sticos; 
IV - a residncia do rŽu, se for conhecida; 
V - o fim para que Ž feita a cita‹o; 
VI - o ju’zo e o lugar, o dia e a hora em que o rŽu dever‡ comparecer; 
VII - a subscri‹o do escriv‹o e a rubrica do juiz. 
 
Estes s‹o os chamados requisitos INTRêNSECOS do mandado de 
cita‹o. H‡, ainda, os requisitos EXTRêNSECOS do mandado de cita‹o, 
previstos no art. 357 do CPP: 
Art. 357. S‹o requisitos da cita‹o por mandado: 
I - leitura do mandado ao citando pelo oficial e entrega da contrafŽ, na qual 
se mencionar‹o dia e hora da cita‹o; 
II - declara‹o do oficial, na certid‹o, da entrega da contrafŽ, e sua aceita‹o 
ou recusa. 
 
Perceba, caro aluno, que Ž necess‡rio que o citando (o acusado) 
resida em local sob a Jurisdi‹o do Juiz que est‡ julgando a causa. Caso 
ele resida em outro lugar, o mandado dever‡ ser cumprido mediante 
carta precat—ria.17 Vejamos: 
Art. 353. Quando o rŽu estiver fora do territ—rio da jurisdi‹o do juiz 
processante, ser‡ citado mediante precat—ria. 
 
A Carta precat—ria tambŽm dever‡ preencher alguns requisitos: 
Art. 354. A precat—ria indicar‡: 
I - o juiz deprecado e o juiz deprecante; 
II - a sede da jurisdi‹o de um e de outro; 
III - o fim para que Ž feita a cita‹o, com todas as especifica›es; 
IV - o ju’zo do lugar, o dia e a hora em que o rŽu dever‡ comparecer. 
Art. 355. A precat—ria ser‡ devolvida ao juiz deprecante, independentemente 
de traslado, depois de lanado o "cumpra-se" e de feita a cita‹o por 
mandado do juiz deprecado. 
¤ 1o Verificado que o rŽu se encontra em territ—rio sujeito ˆ jurisdi‹o de 
outro juiz, a este remeter‡ o juiz deprecado os autos para efetiva‹o da 
diligncia, desde que haja tempo para fazer-se a cita‹o. 
 
																																																													
17 PACELLI, Eugnio. Op. cit., p. 602/603 
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Vejam que, expedida a precat—ria, se o Ju’zo deprecado (o que 
recebeu a carta) verificar que o rŽu n‹o reside na sua localidade, ELE 
NÌO DEVE DEVOLVER OS AUTOS AO JUIZ DEPRECANTE (o que 
enviou a carta), mas deve REMETER A CARTA PRECATîRIA AO JUêZO 
DO LOCAL ONDE O RƒU RESIDE, desde que haja tempo para se 
realizar a cita‹o. Assim: 
 
Em raz‹o disso, ou seja, em raz‹o do fato de a carta precat—ria 
Òacompanhar o citandoÓ onde ele estiver, diz-se que a carta precat—ria 
possui car‡ter itinerante. 
A precat—ria, no caso de urgncia, pode ser expedida por via 
telegr‡fica (Hoje quase n‹o se aplica esta regra). Com o advento da Lei 
11.419/06, passou a ser poss’vel a realiza‹o da comunica‹o dos atos 
processuais por meio eletr™nico. 
3.1.3. Modalidades especiais de cita‹o pessoal 
A cita‹o do militar deve ser feita por intermŽdio do respectivo 
chefe do servio18, nos termos do art. 358 do CPP. Se se tratar de 
funcion‡rio pœblico, ser‡ citado pessoalmente, mas o dia e hora 
designados para que comparea em Ju’zo dever‹o ser comunicados 
(mediante notifica‹o) ao seu chefe (art. 359 do CPP). Isso s— se aplica, 
porŽm, ao militar e ao funcion‡rio pœblico que estejam em 
ATIVIDADE. Se j‡ est‹o reformados ou aposentados, por exemplo, a 
cita‹o seguir‡ a regra geral. 
O rŽu preso, entretanto, ser‡ citado PESSOALMENTE, por fora do 
art. 360 do CPP. 
 
ATEN‚ÌO! O comparecimento espont‰neo do acusado sana eventual 
nulidade ou falta da cita‹o, desde que n‹o tenha havido preju’zo para 
																																																													
18 O que significa, na pr‡tica, que ser‡ feita uma requisi‹o ao superior hier‡rquico do citando. 
PACELLI, Eugnio. Op. cit., p. 608 
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a defesa, nos termos do art. 570 do CPP e do entendimento consolidado 
do STJ.19 
 
Caso o acusado esteja no estrangeiro, sabendo-se seu 
endereo20, ser‡ citado mediante CARTA ROGATîRIA, suspendendo-se 
o curso do prazo prescricional atŽ seu cumprimento, art. 368 do CPP. 
Uma vez realizada a cita‹o, o prazo prescricional voltar‡ a fluir. 
ƒ importante destacar o que consta no art. 222-A do CPP: 
Art. 222-A. As cartas rogat—rias s— ser‹o expedidas se demonstrada 
previamente a sua imprescindibilidade, arcando a parte requerente com os 
custos de envio. (Inclu’do pela Lei n¼ 11.900, de 2009) 
 
Este artigo NÌO se aplica ˆ cita‹o. A expedi‹o de carta rogat—ria 
para fins de cita‹o independe de demonstra‹o de imprescindibilidade, 
ou seja, n‹o Ž necess‡rio que se demonstre a necessidade de expedi‹o 
da carta rogat—ria, eis que a cita‹o do acusado Ž, por si s—, prova da 
indispensabilidade. 
Tal dispositivo s— se aplica ˆ expedi‹o de carta rogat—ria para a 
oitiva de testemunhas (neste caso a parte que arrolar a testemunha 
dever‡ comprovar a imprescindibilidade da testemunha e arcar com os 
custos do envio). 
Por fim, n‹o cabe expedi‹o de carta rogat—ria no rito dos 
Juizados Especiais (rito sumar’ssimo, da Lei 9.099/95).21 
E como se d‡ a cita‹o em embaixadas e consulados? Tais 
localidades, tambŽm conhecidas como Òlega›es estrangeirasÓ, s‹o 
protegidas por inviolabilidade. N‹o s‹o consideradas como territ—rio 
estrangeiro, mas gozam de inviolabilidade, ou seja, n‹o est‹o submetidas 
ˆs mesmas regras de livre tr‰nsito previstas para os demais pontos do 
territ—rio nacional. 
Assim, e se for necess‡ria a cita‹o de alguŽm que resida em 
alguma lega‹o estrangeira? Como fazer? Neste caso, o art. 369 do 
CPP expressamente determina que a cita‹o ser‡ feita por carta 
rogat—ria. 
 
3.1.4. Cita‹o ficta: por hora certa e por edital 
Pode ocorrer, no entanto, de o rŽu n‹o ser encontrado para ser 
citado. Quando o rŽu Ž citado pessoalmente, diz-se que h‡ CITA‚ÌO 
REAL. No entanto, caso ele n‹o seja encontrado, ser‡ procedida ˆ sua 
																																																													
19 STJ - RHC n. 39.105/SC, Ministro Rogerio Schietti Cruz, DJe 3/6/2014 
20 Importante esta ressalva, pois se o acusado est‡ no estrangeiro, mas NÌO SE SABE AO CERTO 
o seu endereo, dever‡ ser citado por edital. PACELLI, Eugnio. Op. cit., p. 609 
21 STJ, RHC 10.476-SP 
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CITA‚ÌO FICTA. A cita‹o ficta pode ser POR HORA CERTA ou POR 
EDITAL. 
A CITA‚ÌO POR HORA CERTA ocorrer‡ sempre que, a despeito de 
residir no local, o rŽu estiver ÒfugindoÓ do oficial de Justia, ou seja, se 
escondendo para n‹o ser citado e procrastinar o processo,nos termos do 
art. 362 do CPP: 
Art. 362. Verificando que o rŽu se oculta para n‹o ser citado, o oficial de 
justia certificar‡ a ocorrncia e proceder‡ ˆ cita‹o com hora certa, na 
forma estabelecida nos arts. 227 a 229 da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 
1973 - C—digo de Processo Civil. (Reda‹o dada pela Lei n¼ 11.719, de 2008). 
 
A cita‹o por hora certa segue a regulamenta‹o prevista para a 
cita‹o no processo civil.22 Em termos objetivos, assim se desenvolve 
a cita‹o por hora certa: 
¥ Oficial de Justia comparece por duas vezes no local indicado, 
sem encontrar o citando, e verifica que h‡ suspeita de 
oculta‹o 
¥ Diante disso, intima qualquer pessoa da fam’lia ou vizinho de 
que, no dia œtil SEGUINTE, voltar‡ para realizar a cita‹o, 
na hora que designar (em condom’nios Ž poss’vel que esta 
intima‹o seja feita ao porteiro) 
¥ No dia e hora agendados, o Oficial de Justia retorna e, se o 
citando n‹o estiver no local, dar‡ por realizada a cita‹o 
																																																													
22 Embora o art. 362 se refira aos arts. 227 a 229, atualmente, com a vigncia do NOVO CPC, 
tal regulamenta‹o se encontra nos arts. 252 a 254: 
Art. 252. Quando, por 2 (duas) vezes, o oficial de justia houver procurado o citando em 
seu domic’lio ou residncia sem o encontrar, dever‡, havendo suspeita de oculta‹o, 
intimar qualquer pessoa da fam’lia ou, em sua falta, qualquer vizinho de que, no dia œtil imediato, 
voltar‡ a fim de efetuar a cita‹o, na hora que designar. 
Par‡grafo œnico. Nos condom’nios edil’cios ou nos loteamentos com controle de acesso, ser‡ 
v‡lida a intima‹o a que se refere o caput feita a funcion‡rio da portaria respons‡vel pelo 
recebimento de correspondncia. 
Art. 253. No dia e na hora designados, o oficial de justia, independentemente de novo despacho, 
comparecer‡ ao domic’lio ou ˆ residncia do citando a fim de realizar a diligncia. 
¤ 1o Se o citando n‹o estiver presente, o oficial de justia procurar‡ informar-se das raz›es da 
ausncia, dando por feita a cita‹o, ainda que o citando se tenha ocultado em outra comarca, 
se‹o ou subse‹o judici‡rias. 
¤ 2o A cita‹o com hora certa ser‡ efetivada mesmo que a pessoa da fam’lia ou o vizinho que 
houver sido intimado esteja ausente, ou se, embora presente, a pessoa da fam’lia ou o vizinho se 
recusar a receber o mandado. 
¤ 3o Da certid‹o da ocorrncia, o oficial de justia deixar‡ contrafŽ com qualquer pessoa da fam’lia 
ou vizinho, conforme o caso, declarando-lhe o nome. 
¤ 4o O oficial de justia far‡ constar do mandado a advertncia de que ser‡ nomeado curador 
especial se houver revelia. 
Art. 254. Feita a cita‹o com hora certa, o escriv‹o ou chefe de secretaria enviar‡ ao rŽu, 
executado ou interessado, no prazo de 10 (dez) dias, contado da data da juntada do mandado aos 
autos, carta, telegrama ou correspondncia eletr™nica, dando-lhe de tudo cincia. 
 
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DIREITO PROCESSUAL PENAL para o XXV EXAME DA OAB 
Teoria e exerc’cios comentados 
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(a menos que haja motivo justificado para a ausncia do 
citando) 
¥ Uma vez dada por realizada a cita‹o, o Oficial de Justia 
deixar‡ contrafŽ (c—pia da inicial) com a pessoa da fam’lia, 
vizinho, porteiro, etc. 
¥ Nos 10 dias seguintes ˆ juntada aos autos do mandado, o 
Escriv‹o (ou Chefe de Secretaria) enviar‡ ao citado carta, 
telegrama ou correspondncia eletr™nica, dando-lhe de tudo 
cincia. 
Entretanto, pode ocorrer de o rŽu n‹o estar se escondendo, mas 
simplesmente NÌO RESIDIR NO LOCAL, E NÌO SER CONHECIDO SEU 
PARADEIRO. Neste caso, ser‡ procedida ˆ cita‹o ficta, na modalidade 
CITA‚ÌO POR EDITAL. Nos termos do art. 361 e 363, ¤1¡ do CPP: 
Art. 361. Se o rŽu n‹o for encontrado, ser‡ citado por edital, com o prazo de 
15 (quinze) dias. 
(...) ¤ 1o N‹o sendo encontrado o acusado, ser‡ procedida a cita‹o por 
edital. (Inclu’do pela Lei n¼ 11.719, de 2008). 
 
O edital de cita‹o Ž um documento, com informa›es similares ˆs 
do mandado de cita‹o, e Ž afixado na SEDE DO JUêZO PROCESSANTE, 
pelo per’odo fixado na Lei (no caso, 15 dias). Vejamos: 
Art. 365. O edital de cita‹o indicar‡: 
I - o nome do juiz que a determinar; 
II - o nome do rŽu, ou, se n‹o for conhecido, os seus sinais caracter’sticos, 
bem como sua residncia e profiss‹o, se constarem do processo; 
III - o fim para que Ž feita a cita‹o; 
IV - o ju’zo e o dia, a hora e o lugar em que o rŽu dever‡ comparecer; 
V - o prazo, que ser‡ contado do dia da publica‹o do edital na imprensa, se 
houver, ou da sua afixa‹o. 
Par‡grafo œnico. O edital ser‡ afixado ˆ porta do edif’cio onde funcionar o 
ju’zo e ser‡ publicado pela imprensa, onde houver, devendo a afixa‹o ser 
certificada pelo oficial que a tiver feito e a publica‹o provada por exemplar 
do jornal ou certid‹o do escriv‹o, da qual conste a p‡gina do jornal com a 
data da publica‹o. 
 
ATEN‚ÌO! Com rela‹o ˆ cita‹o por edital, temos duas regrinhas 
jurisprudenciais muito importantes, materializadas nos verbetes de 
sœmula n¼ 351 e 366 do STF: 
SòMULA 351 
ƒ NULA A CITA‚ÌO POR EDITAL DE RƒU PRESO NA MESMA UNIDADE DA 
FEDERA‚ÌO EM QUE O JUIZ EXERCE A SUA JURISDI‚ÌO. 
 
Sœmula 366 
NÌO ƒ NULA A CITA‚ÌO POR EDITAL QUE INDICA O DISPOSITIVO DA LEI 
PENAL, EMBORA NÌO TRANSCREVA A DENòNCIA OU QUEIXA, OU NÌO 
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RESUMA OS FATOS EM QUE SE BASEIA. 
Contudo, em rela‹o ˆ sœmula 351, firmou-se o entendimento no sentido 
de que se o rŽu est‡ preso em local conhecido nos autos do processo, 
ainda que em unidade da federa‹o diversa daquela em que corre o 
processo, a cita‹o por edital n‹o pode ser realizada: 
(...) 02. ƒ ilegal a cita‹o por edital de rŽu que, conquanto n‹o 
estivesse preso em estabelecimento penal da unidade da federa‹o - 
o que afasta a aplica‹o da Sœmula 351 do Supremo Tribunal Federal 
("Ž nula a cita‹o por edital de rŽu preso na mesma unidade da 
federa‹o em que o juiz exerce a sua jurisdi‹o") -, tinha o 
paradeiro informado no processo. 
(...) (HC 256.981/MG, Rel. Ministro NEWTON TRISOTTO (DESEMBARGADOR 
CONVOCADO DO TJ/SC), QUINTA TURMA, julgado em 06/11/2014, DJe 
12/11/2014) 
Resumidamente: 
1 Ð RŽu preso em estabelecimento prisional na mesma UF Ð N‹o 
pode haver cita‹o por edital. 
2 Ð RŽu preso em estabelecimento prisional em UF diversa da do 
Ju’zo em que tramita o processo Ð Pode ser citado por edital, 
DESDE QUE n‹o se saiba seu paradeiro e tenham sido esgotados 
os meios para obt-lo23. Se o Ju’zo conhece o local em que se encontra 
preso o acusado, dever‡ ser citado pessoalmente, por carta precat—ria.24 
Mas e se o acusado citado por hora certa ou por edital 
(CITA‚ÍES FICTAS) n‹o comparecer para se defender? As 
consequncias s‹o distintas. Se citado por hora certa, lhe ser‡ 
nomeado defensor dativo (art. 362, ¤ œnico do CPP). Caso seja citado 
por edital e n‹o aparea para se defender, o processo ficar‡ suspenso, 
suspendendo-se, tambŽm, o curso do prazo prescricional (art. 366 
do CPP). 
Mas o prazo prescricional ficar‡ suspenso por tempo 
indeterminado? A Lei nada diz a respeito. O STF possui julgados antigos 
no sentido de que n‹o h‡ prazo, ou seja, poderia ficar suspenso por prazo 
indeterminado. Contudo, este entendimento provavelmente ir‡ mudar, 
atŽ mesmo em raz‹o da sœmula 415 do STJ: 
Sœmula 415 do STJ 
O per’odo de suspens‹o do prazo prescricional Ž regulado pelo m‡ximo da 
pena cominada.

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