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Jurisdição e Competência III

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Jurisdição e Competência III
DIREITO PROCESSUAL PENAL
JURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA III
COMPETÊNCIA
A doutrina pátria, tradicionalmente, tem dividido a competência em quatro espé-
cies, a saber:
I – RATIONE MATERIAE: nos termos do art. 69, inciso III, do CPP, é aquela fixada em 
razão da natureza da infração penal praticada, como ocorre, por exemplo, no caso da com-
petência do Tribunal do Júri para processar e julgar os crimes dolosos contra a vida;
II – RATIONE FUNCIONAE OU PERSONAE (FORO POR PRERROGATIVA DE 
FUNÇÃO): nos termos do art. 69, inciso VII, do CPP, determinadas pessoas, em razão das 
funções por elas desempenhadas, serão processadas e julgadas originalmente por tribunais, 
como ocorre, por exemplo, com o Presidente da República, que será processado e julgado, 
no caso de infração penal comum, pelo Supremo Tribunal Federal, nos termos do art. 102, 
inciso I, alínea “b”, CF/88.
Obs.: I e II são competência absolutas.
III – RATIONE LOCI: nos termos do art. 69, inciso I e II, do CPP, a competência “ratione 
loci” é determinada em razão de critérios territoriais, isto é, objetiva identificar o juízo terri-
torialmente competente (foro competente). Tem por parâmetros o local da consumação do 
delito (regra geral), além do domicílio ou residência do réu.
Obs.: A III é uma competência relativa.
Falando sobre a razão da matéria, é sabido que há a Justiça Especial e a Justiça Comum.
Dentro da Justiça Especializada há a eleitoral, a militar e a trabalhista, mas a trabalhista 
não possui competência criminal. Dentro da Justiça Comum há a federal e a estadual.
Obs.: A militar não será estudada porque nunca apareceu em prova da OAB. Será privile-
giado o estudo da diferença entre federal e estadual, porque é o que mais aparece 
em prova da OAB.
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DIREITO PROCESSUAL PENAL
COMPETÊNCIA EM RAZÃO DA MATÉRIA
Competência da Justiça Eleitoral
Crimes eleitorais (Lei das Eleições n. 9.504/1997 e Código Eleitoral – lei n. 4.737/1965).
Julgar os crimes eleitorais e os crimes conexos aos crimes eleitorais, mesmo que os 
crimes conexos sejam mais graves que os crimes eleitorais.
Obs.: Mesmo que o crime conexo seja mais grave, ele vai para a Justiça Eleitoral.
- Observação 1: Informativo 895 do STF: Competência justiça eleitoral crime 
de “caixa 2”. Competência para julgar caixa 2 conexo com corrupção passiva e 
lavagem de dinheiro. A doação eleitoral por meio de “caixa 2” é uma conduta que 
configura crime eleitoral de falsidade ideológica (art. 350 do Código Eleitoral). 
A competência para processar e julgar este delito é da Justiça Eleitoral. A exis-
tência de crimes conexos de competência da Justiça Comum, como corrupção 
passiva e lavagem de capitais, não afasta a competência da Justiça Eleitoral, por 
força do art. 35, II, do CE e do art. 78, IV, do CPP. STF. 2ª Turma. PET 7.319/DF, 
Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 27/3/2018. 
Obs.: Tem-se, então, um crime eleitoral, que é o crime de Caixa 2, e crimes comuns como 
a corrupção passiva, e lavagem de dinheiro. É um crime eleitoral conexo com outros 
crimes. Tudo será julgado na Justiça Eleitoral.
- Observação 2: No caso de crime eleitoral conexo com crime doloso contra a 
vida, haverá a separação dos processos, já que tanto a Justiça Eleitoral quanto o 
Tribunal do Júri possuem precisão na CF e ambos possuem força atrativa. Assim, 
o crime eleitoral será julgado pela Justiça Eleitoral e o crime doloso contra a vida 
será julgado pelo Tribunal do Júri.
Obs.: O crime eleitoral está na Constituição Federal e o crime doloso também. Em razão 
disso, não é possível fazer com que um atraia o outro, porque os dois possuem força 
atrativa suficiente. Tem-se, nesse caso, a separação obrigatória dos processos.
- Observação 3: caso tenha um crime eleitoral conexo com crime de competência 
da Justiça Federal, ambos serão julgados pela Justiça Eleitoral, diante da previ-
são do art. 109, IV, da CF:
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DIREITO PROCESSUAL PENAL
Obs.: É o mesmo que acontece na observação 1. Para saber se é da justiça comum fede-
ral, deve-se encaixar a situação em uma das previsões do art. 109.
Art. 109, IV - os crimes políticos e as infrações penais praticadas em detrimento de bens, serviços 
ou interesse da União ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas, excluídas as con-
travenções e ressalvada a competência da Justiça Militar e da Justiça Eleitoral;
Obs.: Quando há Justiça Eleitoral, a Justiça Federal não irá julgar. Portanto, se há um cri-
me eleitoral conexo com crime da Justiça Federal, tudo é julgado na Justiça Eleitoral.
Informativo 555 do STJ
Direito Penal e Processual Penal. Competência para processar e julgar crime caracterizado pela 
destruição de título de eleitor. Compete à Justiça Federal - e não à Justiça Eleitoral - proces-
sar e julgar o crime caracterizado pela destruição de título eleitoral de terceiro, quando não 
houver qualquer vinculação com pleitos eleitorais e o intuito for, tão somente, impedir a 
identificação pessoal. A simples existência, no Código Eleitoral, de descrição formal de conduta 
típica não se traduz, incontinenti, em crime eleitoral, sendo necessário, também, que se configure 
o conteúdo material do crime. Sob o aspecto material, deve a conduta atentar contra a liberdade de 
exercício dos direitos políticos, vulnerando a regularidade do processo eleitoral e a legitimidade da 
vontade popular. Ou seja, a par da existência do tipo penal eleitoral específico, faz-se necessária, 
para sua configuração, a existência de violação do bem jurídico que a norma visa tutelar, intrinse-
camente ligado aos valores referentes à liberdade do exercício do voto, à regularidade do processo 
eleitoral e à preservação do modelo democrático. Dessa forma, a despeito da existência da descri-
ção típica formal no Código Eleitoral (art. 339: “Destruir, suprimir ou ocultar urna contendo votos, 
ou documentos relativos à eleição”), não há como minimizar o conteúdo dos crimes eleitorais sob 
o aspecto material. CC 127.101-RS, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 11/2/2015, DJe 
20/2/2015.
Obs.: A intenção de destruir o título eleitoral era impedir que a pessoa se identificasse. A in-
tenção não era impedir a pessoa de votar. Em razão disso, o STJ decidiu que o caso 
da súmula acima deveria ser julgado pela Justiça Federal e não pela Justiça Eleitoral. 
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DIREITO PROCESSUAL PENAL
Competência da Justiça Comum
Para se enquadrar na Justiça Comum Federal é preciso encaixar a situação no art. 
109, da CF.
Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:
I – as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal forem interessadas 
na condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as de acidentes de 
trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho;
II – as causas entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e Município ou pessoa domici-
liada ou residente no País;
III – as causas fundadas em tratado ou contrato da União com Estado estrangeiro ou organismo 
internacional;
IV – os crimes políticos e as infrações penais praticadas em detrimento de bens, serviços ou inte-
resse da União ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas, excluídas as contraven-
ções e ressalvada a competência da Justiça Militar e da Justiça Eleitoral;
V – os crimes previstos em tratado ou convenção internacional, quando, iniciada a execução no 
País, o resultadotenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente;
V – A as causas relativas a direitos humanos a que se refere o § 5º deste artigo; (Incluído pela 
Emenda Constitucional n. 45, de 2004)
VI – os crimes contra a organização do trabalho e, nos casos determinados por lei, contra o siste-
ma financeiro e a ordem econômico-financeira;
VII – os habeas corpus, em matéria criminal de sua competência ou quando o constrangimento 
provier de autoridade cujos atos não estejam diretamente sujeitos a outra jurisdição;
VIII – os mandados de segurança e os habeas data contra ato de autoridade federal, excetuados 
os casos de competência dos tribunais federais;
IX – os crimes cometidos a bordo de navios ou aeronaves, ressalvada a competência da Justi-
ça Militar;
X – os crimes de ingresso ou permanência irregular de estrangeiro, a execução de carta rogatória, 
após o exequatur, e de sentença estrangeira, após a homologação, as causas referentes à nacio-
nalidade, inclusive a respectiva opção, e à naturalização;
XI – a disputa sobre direitos indígenas.
Análise do art. 109, da CF:
• Crimes políticos (art. 109, IV, CF/1988): São crimes contra a segurança nacional e a 
ordem política e social.
Obs.: Na prova deve estar expresso que se está diante de um crime político.
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DIREITO PROCESSUAL PENAL
• Crimes praticados em detrimento de bens, serviços ou interesses da União, suas 
entidades autárquicas e empresas públicas (art. 109, IV, CF/1988).
Obs.: Uma das ressalvas do inciso IV é a ressalva da competência da Justiça Militar e 
Eleitoral.
Observação 1: Exclui-se da competência da Justiça Federal o processamento e julga-
mento das contravenções penais;
Obs.: A contravenção penal será, sempre, de competência do Juizado Especial Criminal 
Estadual, aplicando-se, então, a Lei n. 9.099, em que dispõe que essa lei é compe-
tente para as infrações de menor potencial ofensivo, envolvendo, portanto, as con-
travenções penais e os crimes cuja pena máxima não seja superior a dois anos.
Observação 2: Exclui-se da competência da Justiça Federal o processamento e julga-
mento das infrações penais de alçada da Justiça Militar e da Justiça Eleitoral;
Observação 3: Está excluída, ainda, a apreciação dos crimes em detrimento de socieda-
des de economia mista (súmula 42 do STJ);
Obs.: É em detrimento de bens, serviços ou interesses da União, autarquias e empresas 
públicas. Quando diz respeito a sociedades de economia mista, não é a Justiça Co-
mum Federal, mas a Justiça Comum Estadual.
“Firmou-se o entendimento nesta Corte Superior de Justiça que, nos casos de delitos praticados 
em detrimento da Empresa Brasileira dos Correios e Telégrafos-EBCT, a competência será esta-
dual quando o crime for perpetrado contra agência franqueada e houver ocasionado efetivo 
prejuízo unicamente a bens jurídicos privados. Por outro lado, incidirá o art. 109, IV, da 
Constituição Federal, nos casos em que a ofensa for direta à EBCT, ou seja, ao serviço-fim 
dos correios, os serviços postais, atraindo, pois, a competência federal.” (CC 155. 448/MG, 
j. 22/02/2018). 
Obs.: Supondo que o crime foi praticado dentro da agência do Correios, mas foi contra um 
particular que estava dentro dela, não irá atrair a competência da Justiça Federal, 
porque foi em detrimento de um patrimônio privado. No entanto, se a finalidade do 
crime foi atingir o próprio serviço dos Correios, então a Justiça Federal atrai o julga-
mento desse caso.
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Obs.: O mais importante são as súmulas, porque muitas vezes, quando a FGV cobrou o 
tema de competências, ela cobra algo mais concreto, devido a isso, ela cobra mais 
algo que já esteja sumulado e que não haja possibilidade de recurso.
Súmula 122 do STJ: pouco importa saber qual é o crime mais grave ou qual a quantidade de 
crimes estaduais, se houver crime(s) federal(is) envolvido, haverá a atração da competência ao 
Juízo Federal.
Quando se tem uma Justiça Especializada, como a Justiça Eleitoral, ela atrai as demais. 
Quando se têm crimes conexos, em que se tem crimes que seriam da competência da Jus-
tiça Federal, com crimes que seriam da competência da Justiça Estadual, então haverá a 
atração para a Justiça Federal.
Súmula 147 do STJ: “Compete à Justiça Federal processar e julgar os crimes praticados contra 
funcionário público federal, quando relacionados com o exercício da função”.
O crime praticado por funcionário público federal no exercício da função ou em razão dela 
atrai a competência da Justiça Federal. Todavia, é necessária a existência de dano a bens, 
serviços ou interesses da União, do contrário, a competência será estadual.
Exemplo: Supondo que um crime foi praticado contra um funcionário público federal, do 
TRF. Como foi em detrimento de um serviço da União, que era o que o funcionário público 
estava prestando, então compete à Justiça Federal julgar o caso.
Súmula 165 do STJ: “Compete à Justiça Federal processar e julgar crime de falso testemunho 
cometido no processo trabalhista.” 
Muito embora a súmula seja expressa em relação ao crime de falso testemunho, o mesmo 
entendimento pode ser utilizado para qualquer crime que ocorra no bojo de um processo 
trabalhista.
Crime praticado por prefeito municipal envolvendo verbas oriundas da União:
Súmula 208: “Compete à Justiça Federal processar e julgar prefeito municipal por desvio de verba 
sujeita a prestação de contas perante órgão federal”.
Súmula 209: “Compete à Justiça Estadual processar e julgar prefeito por desvio de verba transfe-
rida e incorporada ao patrimônio municipal”.
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Tudo incumbe à interpretação do art. 109, IV. Se atinge bem, interesse ou serviço da 
União, autarquia ou empresa pública, será julgado na Justiça Federal.
Na súmula 209 a verba é patrimônio do município, portanto não é bem, interesse ou 
serviço da União, autarquia ou empresa pública, portanto, nesse caso, irá competir à Jus-
tiça Estadual.
• Crimes previstos em tratados e convenções internacionais, quando iniciada a 
execução no País, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou 
reciprocamente (art. 109, V, CF/1988): Para que estes crimes sejam processados e 
julgados pela Justiça Federal é imprescindível que transcendam a fronteira de dois ou 
mais Estados Nacionais, ou seja, é necessário seu caráter internacional.
Exemplo do crime de tráfico de drogas (art. 70, da Lei de Drogas). Esse crime, e os 
demais crimes da Lei de Drogas, será da competência da Justiça Estadual quando for um 
tráfico de drogas local ou interestadual.
Ele será de competência da Justiça Federal quando houver a transnacionalidade. Mesmo 
que a droga não tenha transcendido a fronteira, sendo a intenção de enviar a droga para fora 
do Brasil já caracteriza a transnacionalidade, para fins de competência da Justiça Federal. 
Súmula n. 528 do STJ: “Compete ao juiz federal do local da apreensão da droga remetida do 
exterior pela via postal processar e julgar o crime de tráfico internacional”.
Portanto, quanto o tráfico internacional é competência do juiz federal do local em que a 
droga foi apreendida.
Informativo 805 do STF: Pedofilia e competência. Compete à Justiça Federal processar e julgar 
os crimes consistentes em disponibilizar ou adquirir material pornográfico envolvendo criança ou 
adolescente (ECA, artigos 241, 241-A e 241-B), quando praticados por meio da rede mundial 
de computadores. (RE 628624/ MG, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o acórdão Min. Edson 
Fachin, 28 e 29.10.2015. (RE-628624).
Competeà Justiça Estadual nos casos em que o crime é praticado por meio de troca de informa-
ções privadas, como nas conversas via whatsapp ou por meio de chat na rede social facebook. 
(CC 150.564-MG, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, por unanimidade, julgado em 26/4/2017, 
DJe 2/5/2017).
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Se a troca do material pornográfico foi privado, por mensagens privadas, então não possui 
caráter internacional, portanto, compete à Justiça Estadual.
Para ter caráter internacional deve alcançar pessoas de fora do Brasil. 
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��Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula 
preparada e ministrada pela professora Lorena Alves. 
A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conteúdo 
ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela leitura exclu-
siva deste material.

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