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Neurologia de pequenos animais (resumo semiologia)

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Neurologia de cães e gatos 
NEUROANATOMIA 
ENCÉFALO 
 O cérebro é a porção mais desenvolvida e mais importante do 
encéfalo, ocupando cerca de 80% da cavidade craniana. O telencéfalo 
compreende os dois hemisférios cerebrais, direito e esquerdo, os 
quais são incompletamente separados pela fissura longitudinal do 
cérebro, cujo assoalho é formado por uma larga faixa de fibras 
comissurais, o corpo caloso, principal meio de união entre os dois 
hemisférios. Cada hemisfério cerebral possui quatro lobos cerebrais 
que são: lobo frontal, temporal, parietal e occipital. 
• Lobo frontal: são processadas as atividades intelectuais, de aprendizagem e as atividades motoras finas e 
precisas. Além disso, ele também influencia o estado de alerta e a integração do animal com o meio 
ambiente. 
• Lobo parietal: responsável pelas informações sensitivas, tais como dor, propriocepção e toque. Entretanto, 
nos animais o tálamo pode processar mais informações sensitivas, então eles não dependem só deste lobo 
para processar sensações. 
• Lobo occipital: processa a informação visual. 
• Lobo temporal: processa a informação auditiva e é também responsável por alguns comportamentos 
complexos, como emoções e comportamentos inatos de sobrevivência (proteção, reações maternais e 
sexuais). 
 Cada hemisfério cerebral possui uma camada superficial de substância cinzenta, o córtex cerebral, que 
reveste um centro de substância branca, no interior do qual existem massas de substância cinzenta, os núcleos 
da base do cérebro, responsáveis pelo controle do tono muscular e inicio e controle da atividade motora 
voluntaria. 
 O diencéfalo compreende as seguintes partes: tálamo, hipotálamo, epitálamo e subtálamo. 
• Hipotálamo: modula o controle do sistema nervoso autónomo. É a onde se origina a maioria dos neurônios 
motores simpáticos e parassimpáticos. Entre as funções hipotalâmicas encontramos o controle do apetite, 
sede, regulação da temperatura, balanço hídrico e eletrolítico, sono e respostas comportamentais. 
• Tálamo: sua principal função esta relacionado com dor e propriocepção. 
 O tronco encefálico divide-se em mesencéfalo, ponte e bulbo. É uma área de grande importância 
quando do exame neurológico, uma vez que nele estão localizados 10 dos 12 pares de nervos cranianos. Esta 
região também é responsável pelo controle de funções cardiovasculares e respiratórios, além de ser o local 
onde se encontra o centro do vomito. 
 O cerebelo é responsável pelo controle de funções como: coordenar toda a atividade motora da cabeça, 
pescoço, tórax e membros, e controle do tono muscular nos animais. Desta forma, lesões do cerebelo podem 
causar incoordenação motora, perda do equilíbrio e diminuição do tono da musculatura esquelética (hipotonia). 
MEDULA ESPINHAL 
 A medula espinhal pode ser morfológica e funcionalmente dividida em cinco regiões: região cervical (C1 
- C5); região cervicotorácica (plexo ou intumescência braquial, C6 - T2); região toracolombar (T3 - L3); região 
lombossacral (plexo ou intumescência lombossacral, L4 - S2); região sacrococcígea (segmento S3 ao último 
segmento medular). 
 A medula não ocupa todo o canal vertebral, 
pois termina geralmente na altura da 6º ou 7º 
vértebra lombar nos cães e, na altura da 1º ou 2º 
vértebra sacral nos felinos. 
 Os cães possuem 31 pares de nervos 
espinhais, aos quais correspondem 31 segmentos 
medulares assim distribuídos: 8 cervicais, 13 
torácicos, 7 lombares e 3 sacrais. Cada segmento da 
coluna possui um par de nervos espinhais, cada um 
com uma raiz dorsal (sensitiva) e uma raiz ventral 
(motora). Porém, vale lembrar que cada nervo não é 
correspondente a vertebra da qual ele emerge. Isto 
tem maior significado clínico na região toracolombar 
do que na região cervical. 
 As intumescências correspondem às áreas em que fazem conexão 
com a medula as grossas raízes nervosas que formam os plexos braquial e 
lombo-sacro, destinadas à inervação dos membros anteriores e 
posteriores. 
 A medula espinhal é composta por um núcleo central de substância 
cinzenta em forma de H circundado por substância branca. A substância 
cinzenta da medula espinal contém os corpos celulares dos interneurônios 
e dos neurônios motores inferiores (NMIs). A substância branca é 
composta de fibras nervosas organizadas em colunas de tratos 
ascendentes e descendentes. 
 As vias descendentes são formadas por fibras que se 
originam no córtex cerebral ou em várias áreas do tronco 
encefálico e terminam fazendo sinapse com neurônios 
medulares. Essas vias dividem-se em dois grupos: vias 
piramidais e extrapiramidais. As fibras que formam as vias 
ascendentes relacionam-se direta ou indiretamente com as 
fibras que penetram pela raiz dorsal, trazendo impulsos 
aferentes de várias partes do corpo. 
1. Sinais de Neurônio Motor Inferior 
 O NMI é o neurônio eferente que conecta diretamente o sistema nervoso central (SNC) a um músculo 
ou glândula. Lesão em qualquer componente do NMI resultará no aparecimento de anormalidades, chamadas 
de sinais de NMI, nos músculos normalmente inervados por um NMI em particular. 
 
2. Sinais de Neurônio Motor Superior 
 Os sistemas motores originados no encéfalo para controlar o NMI são os NMSs. Os NMSs são 
responsáveis pela iniciação e manutenção do movimento normal, regulando o tônus muscular usado para 
sustentar o corpo contra a gravidade e inibindo reflexos miotáticos. Lesões no NMS prosencefálicas resultam 
em déficits contralaterais nos membros, enquanto lesões no NMS da ponte, bulbo ou medula espinal resultam 
em déficits ipsilaterais nos membros. Os sinais de NMS, resultantes nos membros caudais ao local da lesão, 
incluem perda de movimento voluntário (paralisia) ou movimento retardado do membro durante tentativa de 
andar ou saltar (paresia de NMS), tônus muscular extensor aumentado e reflexos espinais normais a 
aumentados. Sinais sensoriais associados, como ataxia 
(incoordenação) e sensibilidade diminuída na pele e nos membros 
caudais à lesão, refletem interrupção dos tratos sensoriais de NMS 
responsáveis por mediarem a propriocepção (senso de 
posicionamento) e percepção de dor. 
NERVOS PERIFÉRICOS 
 O sistema nervoso periférico consiste em 12 pares de nervos 
cranianos originados no tronco encefálico e 36 pares de nervos 
espinais originados na medula espinal. Lesões em nervos espinais ou 
em nervos periféricos resultam em sinais motores de NMI nos 
músculos e membros afetados e, algumas vezes, em sensibilidade 
alterada, diminuída ou ausente. 
Nervos cranianos: 
Olfatório (I); Óptico (II); Oculomotor (III); Troclear (IV); 
Trigêmeo (V); Abducente (VI); Facial (VII); Vestibulococlear (VIII); 
Glossofaríngeo (IX); Vago (X); Acessório (XI); Hipoglosso (XII). 
EXAME NEUROLÓGICO DE TRIAGEM 
Os objetivos de um exame neurológico são: Determinar se existe disfunção do sistema nervoso; estabelecer 
a localização e a extensão do envolvimento neurológico; tentar direcionar o diagnóstico e o prognóstico do 
animal. 
• ANAMNESE 
1. Identificação do animal: que inclui a identificação da espécie, raça, idade, sexo e cor da pelagem do 
animal. Muitos distúrbios neurológicos apresentam predisposição racial, sendo que de modo geral, cães 
de raças pequenas tendem a apresentar convulsões generalizadas moderadas, sem perda de consciência; 
no entanto, cães de raças grandes e gigantes geralmente apresentam convulsões mais graves e mais 
difíceis de controlar. A idade do animal também é importante, pois, em geral, malformações congênitas 
produzem sinais clínicos em animais com menos de 1 ano de idade. Por outro lado, processos neoplásicos 
e doenças degenerativas, são frequentemente observados em cães e gatos com mais de 5 anos. Poucos 
distúrbios neurológicos apresentam predisposição sexual e, em raras ocasiões, os distúrbios neurológicos 
genéticos podem estarrelacionados com a cor da pelagem; contudo, gatos brancos de olhos azuis podem 
ser surdos; 
2. Procedência do animal: é importante saber se o animal foi adotado ou comprado recentemente, pois a 
vezes o problema neurológico pode ter inicio antes do tutor obter seu animal; 
3. Ambiente: A descrição do local em que o animal vive é muito importante para que seja possível detectar 
fontes de substâncias intoxicantes como tintas, inseticidas etc. O manejo incorreto do animal pode ser 
a causa de um problema neurológico (p. ex., intoxicações por banhos carrapaticidas). O tipo de dieta 
também é importante para avaliar possíveis deficiências nutricionais; 
4. Tratamentos realizados e resultados: é fundamental saber qual o medicamento utilizado, a dose, o 
intervalo de administração e a duração do tratamento; 
5. Doenças anteriores: algumas doenças infecciosas causam alterações em outros sistemas além do quadro 
neurológico, como, por exemplo, a cinomose e a toxoplasmose. História de distúrbios endócrinos e sinais 
de poliúria, polidipsia e polifagia podem indicar lesão hipotalâmica ou hipofisária; 
6. Início e evolução do problema atual: A maneira como os sinais começaram e o curso da doença refletem 
a causa da lesão. Quando o início é súbito, os sinais desenvolvem-se rapidamente (24h), podem sugerir, 
por exemplo, traumatismos, intoxicações ou acidente vascular cerebral. Doenças subagudas costumam 
apresentar sinais que se desenvolvem progressivamente por período de vários dias a algumas semanas 
(doenças inflamatórias, infecciosas e algumas doenças neoplásicas). Doenças crônicas são aquelas cujos 
sinais continuam a se desenvolver por período de meses ou anos (distúrbios nutricionais, doenças 
degenerativas e algumas neoplasias). Casos onde os sinais são estáticos, geralmente sugerem 
anomalias congênitas do tecido nervoso. E em casos onde houve uma melhora súbita, sem nenhuma 
intervenção, pode se pensar em intoxicação leve, acidente vascular de pequena intensidade, ou lesões 
traumáticas leves. O dono deve ser inquerido sobre o nível de consciência do animal e a ocorrência de 
mudanças de comportamento, de personalidade ou convulsões. 
Além de anamnese detalhada sobre o problema neurológico, deve-se seguir a rotina normal de 
anamnese dos outros sistemas, pois, muitas vezes, o quadro neurológico é secundário a um problema em 
outro órgão ou sistema. Também é importante obter informações a respeito dos antecedentes mórbidos, 
do ambiente onde o animal vive, do manejo do animal e dos tratamentos anteriormente realizados. Existem 
muitos antecedentes mórbidos que podem estar relacionados com o quadro neurológico atual, por 
exemplo, uma queda ou um atropelamento. 
Durante a anamnese também pode-se fazer uma breve avaliação da funcionalidade dos nervos 
cranianos, tais como: o animal está tendo dificuldade em encontrar o alimento por meio do olfato? Ele tem 
batido o corpo em objetos quando caminha pela casa ou por um lugar estranho? Foi observada alguma 
alteração na face do animal, saliva escorrendo pelo canto da boca ou uma orelha caí da em relação à outra? 
O animal apresenta dificuldade para abrir a boca ou apreender os alimentos? O animal apresenta inclinação 
da cabeça para um dos lados? Tem ouvido normalmente? A língua do animal fica caída constantemente 
para um dos lados da boca? Houve alguma mudança no latido do animal? Com essas perguntas, é possível 
ter uma ideia da existência ou não de lesões comprometendo os nervos cranianos. 
• EXAME A DISTÂNCIA (interação do animal com ambiente) 
1. Avaliação do nível de consciência: O animal pode estar alerta ou em vigília, em depressão, estupor ou coma. 
Quando a consciência é comprometida de modo pouco intenso, chama-se obnubilação. Na sonolência, o 
animal é facilmente acordado, mas logo volta a dormir. À medida que a lesão aumenta em intensidade, o 
paciente desenvolve estupor; nesse estágio, o animal só pode ser acordado por um estímulo doloroso. 
Finalmente, à medida que a lesão se torna muito grave, o animal entra em coma. Esse animal não pode ser 
acordado, mesmo com um estímulo doloroso. 
2. Avaliação da postura e locomoção: 
2.1. Inclinação lateral dá cabeça: Um animal com a postura normal mantém a sua 
cabeça em um plano paralelo ao chão. Se o animal apresenta uma orelha mais próxima 
do chão que a outra, isto é, se há inclinação lateral da cabeça, isso é chamado de head-
tilt. Isto pode ser um reflexo de dor em algum ponto da cabeça, mas geralmente é um 
sinal de disfunção unilateral do nervo vestibular, dos núcleos vestibulares, do tronco 
cerebral ou do cerebelo. De modo geral, o animal inclina a cabeça para o lado da lesão, 
com o lado afetado mais próximo do chão. 
2.2. Estação em base ampla: comum em animais atáxicos, particularmente naqueles 
com problemas de equilíbrio devido à doença cerebelar ou vestibular. Estes animais 
permanecem em estação com as patas muito afastadas e apresentam oscilação corporal 
para frente e para trás, com a cabeça balançando suavemente. 
 
2.3. Postura de Schiff-Sherrington: é observada em cães quando há uma lesão 
aguda e grave na medula espinal torácica ou lombar cranial (geralmente uma 
fratura/ luxação, acidente vascular isquêmico ou hemorrágico) interfere na inibição 
ascendente normal dos neurônios motores extensores dos membros torácicos pelos 
neurônios de fronteira nos segmentos espinais entre L1-L7 (principalmente em L2-
L4). Os membros torácicos exibem aumento do tônus extensor com movimento 
voluntário normal, força e propriocepção consciente normais. Os membros 
pélvicos estão paralisados com reflexos normais a aumentados (NMS). Esta postura sugere lesão 
grave nos segmentos espinais entre T3 e L1, mas não possui significância prognóstica. 
2.4. Rigidez de Descerebração: Esta postura é mais comumente observada quando há 
uma lesão em tronco encefálico rostral (mesencéfalo). Animais afetados apresentam-se 
em estupor ou comatosos, todos os membros estão rigidamente estendidos e há 
extensão dorsal da cabeça e pescoço (opistótono). 
 
2.5. Rigidez de Descerebelação: A porção rostral do cerebelo é responsável pela 
inibição do tônus muscular extensor excessivo. Uma lesão nessa região irá resultar em um 
aumento do tônus da musculatura extensora dos membros torácicos, opistótono e estado 
mental normal. Membros pélvicos tipicamente apresentam o quadril flexionado 
cranialmente como resultado do aumento do tônus do músculo iliopsoas. Esta postura 
pode ser episódica. 
2.6. Desvios da coluna: alteração no alinhamento entre as vértebras, a lordose (desvio 
ventral), a escoliose (desvio lateral direito e/ou esquerdo) e a cifose (desvio dorsal) estão 
comumente presentes em felinos e cães em fase de crescimento, que apresentem 
desmineralização óssea consequente a distúrbios nutricionais. 
2.7. Tremores 
3. Avaliação da marcha 
3.1. Paresia/ paralisia: Paresia é definida como fraqueza ou incapacidade de suportar o peso ou iniciar 
uma marcha normal. Paralisia é a perda de todos os movimentos voluntários. Animais com doenças 
em NMI geralmente estão profundamente fracos (paréticos) e dão passos curtos, sempre mantendo 
seus pés abaixo de seu centro de gravidade, e tentativas de se mover rapidamente podem resultar em 
andar com “saltos de coelho”. Em contraste, animais com lesões em NMS apresentam retardo no 
início da protração de seus membros (a fase de balanço da marcha) quando tentam caminhar ou 
saltitar e, frequentemente, apresentam passo mais longo do que o normal, com grau variável de 
espasticidade ou rigidez dos membros. Quando esses sintomas acometem todo um lado do corpo, 
trata-se de hemiparesia ou hemiplegia; quando afetam apenas os membros pélvicos, paraparesia ou 
paraplegia; quando acometem um único membro, monoparesia ou monoplegia; e, finalmente, se os 
quatro membros estão envolvidos, tetraparesia ou tetraplegia. 
3.2. Ataxia:é causada por lesões no cerebelo, no sistema vestibular ou nos tratos sensoriais de 
propriocepção geral (PG) presentes na medula espinal e tronco encefálico caudal. Animais com ataxia 
de PG (sensorial) perdem o senso de onde estão seus membros em relação ao espaço. Eles apresentam 
ampla base de sustentação, passos longos, abdução excessiva dos membros quando mudam a direção 
da marcha, flexão exagerada dos membros e tendência de raspar ou arrastar os membros afetados 
enquanto caminham. Os déficits geralmente são mais aparentes quando os animais são forçados a 
andar em círculos estreitos. A ataxia vestibular é manifestada primariamente como perda de 
equilíbrio, refletida pela inclinação da cabeça e ampla base de sustentação, postura agachada com 
tendência a oscilar, inclinar, cair ou rolar para o lado. Na ataxia cerebelar, o andar é composto por uma 
série de movimentos incoordenados, espasmódicos, interrompidos, referidos como dismetria. Um 
animal com dismetria apresenta medição inexata da distância (o animal não consegue alcançar com 
precisão o alvo) ao realizar movimentos voluntários, que podem ser exagerados (hipermetria) ou 
diminuídos (hipometria). 
3.3. Andar em círculos: Andar em círculos pode ser causado por lesões no prosencéfalo ou no sistema 
vestibular. Cães com lesões prosencefálicas unilaterais costumam andar ou marchar em círculos 
amplos em direção ao lado da lesão. Andar em círculos estreitos para o mesmo lado da lesão está mais 
frequentemente associado a distúrbios vestibulares 
3.4. Déficits proprioceptivos: A propriocepção detecta a posição e o movimento das várias partes do corpo. 
Nos músculos, tendões e articulações, existem receptores sensitivos para movimento e tensão. Essas 
informações são levadas por nervos periféricos até a medula espinal, a qual integra os reflexos locais 
envolvidos na postura e nos movimentos. A informação proprioceptiva também caminha por meio de 
tratos medulares ascendentes até o tronco encefálico, cerebelo e cérebro, os quais integram um 
movimento coordenado. Qualquer lesão afetando o sistema motor ou o sistema proprioceptivo pode 
alterar a locomoção. 
4. Reações de postura 
As séries complexas de respostas que mantêm um animal em posição correta são chamadas de reações 
posturais. Os testes de reações posturais são usados para determinar se o paciente é capaz de reconhecer a 
posição de seus membros no espaço (propriocepção). Anormalidades detectadas durante as manipulações 
realizadas para testar reações posturais não fornecem informações da localização precisa, mas são indicadores 
sensíveis que sugerem a presença de distúrbio neurológico em algum ponto da via neurológica. Os testes de 
reações posturais devem incluir propriocepção, saltitamento, carrinho de mão e hemicaminhada. 
4.1. Propriocepção: avalia a habilidade do sistema aferente em reconhecer uma 
posição alterada de um membro e a capacidade do sistema eferente de retornar o membro 
à posição normal. É avaliada pela colocação da superfície dorsal da pata do animal no chão 
enquanto o peso do animal é sustentado. A resposta normal é o retorno imediato à posição 
normal. Se a propriocepção consciente é anormal, denomina-se, monoparesia, hemiparesia, 
paraparesia ou tetraparesia. 
4.2. Saltitamento: é o teste de reação postural mais sensível e confiável. O animal é 
mantido com apoio do peso sobre apenas um membro. A resposta normal é elevar de 
imediato o membro e reposicioná-lo rapidamente abaixo de seu centro de gravidade. 
Qualquer atraso nessa resposta é anormal. Animais com distúrbios neuromusculares que 
ainda possuem sensibilidade normal e habilidade para mover seus membros voluntariamente 
irão saltitar rapidamente (normal) enquanto seu peso estiver sendo suportado, pois sua 
propriocepção está normal. 
4.3. Carrinho de mão: O animal é suportado pelo abdome e movido para frente. A 
cabeça pode ser elevada para acentuar anormalidades proprioceptivas. Os animais podem 
apresentar movimentos assimétricos/tropeço (cerebelo), queda (sistema vestibular), e 
flexão da cabeça com o focinho próximo ao solo (lesão cervical grave). As respostas são mais 
bem avaliadas nos membros torácicos, mas ele também pode ser feito nos membros 
pélvicos. É útil para diferenciar lesões cervicais e do plexo braquial de lesões na medula 
toracolombar. No último caso, o carrinho de mão com os membros torácicos é normal. 
4.4. Hemicaminhada: Os membros torácicos e pélvicos de um lado são elevados, e os 
movimentos de caminhada para frente e para o lado são avaliados. Animais com lesões 
neurológicas podem apresentar incapacidade para suportar o peso do corpo, além de 
apresentar tropeços (cerebelo), hipermetria (cerebelo), queda (sistema vestibular) ou 
respostas lentas (cerebelo). 
 
5. Reflexos espinhais ou segmentares 
 A avaliação dos reflexos espinais é útil para a classificação de um distúrbio neurológico como sendo 
NMS ou NMI. Reflexos espinais e tônus muscular estarão diminuídos a ausentes (hiporeflexia/ areflexia) 
em distúrbios de NMI e normais a aumentados (hipereflexia) em doenças do NMS. Os reflexos espinais dos 
membros são avaliados mais eficazmente com o animal relaxado e contido em decúbito lateral. Cada reflexo 
é classificado como ausente (0), diminuído (+1), normal (+2) ou aumentado (+ 3 ou +4). Na ausência de 
outros déficits neurológicos, um reflexo exagerado pouco significa e pode ser observado em animais 
excitados ou ansiosos. 
5.1. Reflexo patelar*: avalia o reflexo no membro de cima mantendo o joelho 
em flexão parcial e percute o ligamento patelar com a superfície plana do martelo 
(plexímetro), estendendo-se às fibras do músculo quadríceps. A resposta normal é a 
contração reflexa do músculo quadríceps. Um reflexo fraco ou ausente indica uma 
lesão no nervo femoral ou dos segmentos espinais ou raízes espinais de L4 - L6. Uma 
lesão cranial ao segmento espinal L4 irá causar tipicamente um reflexo exagerado. 
Pode estar diminuído ou ausente em animais normais (especialmente filhotes de 
raças grandes) e pode estar ausente em alguns cães geriátricos. Ocasionalmente, uma 
lesão no nervo ciático ou nos segmentos espinais L6-S2 fará com que o reflexo patelar 
pareça aumentado (pseudo- hipereflexia). 
5.2. Reflexo ciático: Com o animal em decúbito lateral, o examinador palpa o espaço formado pelo trocânter 
maior do fêmur e a tuberosidade isquiática. Usando a extremidade cônica do plexímetro para percutir 
este local, o examinador provoca uma breve flexão do jarrete. O reflexo estará diminuído se houver 
lesões no nervo ciático, L6-S1 e no nervo peroneal (ramo do nervo ciático), e normal a aumentado 
com lesões em NMS cranial a L6. 
5.3. Reflexo flexor ou de retirada*: é iniciado pela compressão do espaço 
interdigital com os dedos ou com uma pinça hemostática, e a resposta normal é a 
retirada do membro em direção ao corpo. A presença deste reflexo indica apenas 
que a medula e as raízes nervosas dos segmentos C6-T2 (membros torácicos) e de 
L6-S1 (membros pélvicos) devem estar intactos. O reflexo flexor dos membros 
torácicos é o reflexo medular mais facilmente testado, além de ser o único reflexo 
confiável nestes membros (teste grosseiro – plexo braquial e intumescência). Para 
que haja depressão ou abolição desse reflexo, é necessário que haja lesão extensa. 
5.4. Reflexo extensor cruzado: é quando o membro oposto se estende enquanto está sendo feito o reflexo 
flexor do membro oposto; o que indica lesão grave da medula espinal acima do nível testado, 
envolvendo o neurônio motor superior; ele aparece por ausência da inibição contralateral. 
5.5. Reflexo de dor profunda: resposta à dor profunda é conduzida por pequenos axônios não mielinizados, 
os quais são os mais resistentes aos efeitos da compressão. Em geral, a perda da dor profunda e do 
reflexo de retirada é causadapor uma lesão da porção sensitiva dos nervos periféricos ou dos 
segmentos medulares correspondentes ao plexo braquial e ao plexo lombossacral. 
5.6. Reflexo perineal: Os reflexos perineais e bulbocavernoso são usados para avaliar o nervo 
pudendo (sensorial e motor) e segmentos espinais sacrais S1-S3. No reflexo perineal, a pele 
perineal é estimulada com uma pinça hemostática, gerando a contração do esfíncter anal e a 
ventroflexão da cauda. A mesma resposta deve ocorrer durante o exame de toque digital retal. 
5.7. Outros reflexos dos membros torácicos: Tricipital (N. radial, seg. medular 
C7 – T2); Biciptal (N. musculocutâneo, seg. med. C6 –C8); Extensor radial 
do carpo (N. Radial, seg. C7-T2). 
5.8. Reflexo Cutâneo do Tronco (Panículo): O pinçamento da pele 
do dorso causa uma contração reflexa bilateral dos músculos 
cutâneos do tronco, produzindo uma contração da pele que 
se sobrepõe. Este reflexo pode ser muito útil na avaliação de 
pacientes com lesão grave de medula espinal localizada na 
região T3-L3. 
Pacientes 
acometidos terão 
sinais de NMS nos 
membros pélvicos 
e membros torácicos normais, mas a menos que tenham um local doloroso, pode ser difícil localizar 
mais precisamente a lesão. 
6. Localização da lesão 
6.1. Lesão cervical: Lesão entre C1 e C5. Os sinais clínicos podem variar de 
tetraparesia/ tetraplegia, ou hemiparesia/ hemiplegia. Os reflexos e o tônus 
muscular estão intactos ou aumentados nos quatro membros; é possível 
observar ataxia em animais que conseguem se locomover. Em geral, as reações 
posturais estão deprimidas ou ausentes nos quatro membros. 
 
6.2. Lesão cervicotorácica: Lesões na intumescência cervical, isto é, de C6-T2; 
causa sinais de envolvimento de NMI para os membros torácicos e, para os 
membros pélvicos, de NMS. As principais alterações são tetraparesia ou 
tetraplegia, sendo paresia ou paralisia flácida nos membros torácicos e paresia 
ou paralisia espástica nos membros pélvicos. Além disso, observa-se também 
hemiparesia ou hemiplegia, quando a lesão acomete apenas um lado da 
medula; ou até monoparesia ou monoplegia, quando o envolvimento é mais 
localizado apenas sobre a emergência do plexo nervoso de um dos membros 
torácicos. Outros sinais incluem diminuição ou ausência de reflexos nos membros torácicos, junto a 
tônus muscular diminuí do ou ausente. Nos membros pélvicos, os reflexos ficam normais ou 
hiperativos. 
6.3. Lesão toracolombar: Lesão medular entre as intumescências cervical e 
lombar (T3-L3). É a mais comumente encontrada em cães e gatos. Caracterizada 
por paresia ou paralisia espástica dos membros pélvicos (NMS), com aumento 
do tônus muscular. É possível observar ataxia dos membros pélvicos, nos casos 
em que os animais ainda conseguem caminhar. Os reflexos nos MP ficam 
normais ou hiperativos, inclusive com clônus; no entanto, as reações posturais 
ficam deprimidas. Além disso, observa-se também a ocorrência do reflexo de 
extensão cruzada; a função dos membros torácicos é normal. Animais com doença do disco 
intervertebral toracolombar podem apresentar cifose. Em geral, há diminuição da sensibilidade 
cutânea ao longo da medula espinal dorsal, caudalmente à lesão, mas a sensibilidade está aumentada 
no local ou imediatamente acima da lesão. Nesses casos, pressão digital sobre a coluna vertebral no 
local do disco estruído irá causar dor local e tensionamento da musculatura abdominal. 
6.4. Lesão lombosacral: lesões envolvendo segmentos medulares de L4-L5 até S1-S3 (além dos segmentos 
coccígeos) ou raízes nervosas lombossacrais que formam a cauda equina. Os sinais clínicos variam de 
uma paresia a uma paralisia flácida dos membros pélvicos e cauda (por lesões no NMI). Os reflexos 
podem estar deprimidos ou ausentes. A sensibilidade nos membros pélvicos, 
cauda e períneo, pode estar reduzida ou ausente. O esfíncter anal pode estar 
flácido e dilatado, resultando em incontinência fecal. 
6.5. Lesão dos nervos periféricos difusa: arco reflexo estará auasente nos 4 
membros. 
 
 
7. Avaliação dos nervos cranianos 
Teste do nervo 
craniano 
Ação Impulso sensorial Função motora 
Resposta a 
ameaça 
Gesto ameaçador em direção ao olho; 
resulta em piscar. 
NC II – nervo óptico NC VII – nervo 
facial 
Reflexo 
palpebral 
Tocar os cantos lateral ou medial do 
oho; resulta em piscar. 
NC IV – nervo trigemeo 
Medial: ramo oftálmico 
Lateral: ramo maxilar 
NC VII – nervo 
facial 
Reflexo pupilar 
a luz 
Brilha uma luz no olho provoca miose NC II – nervo óptico NC III – nervo 
oculomotor 
(parassimpático) 
Exame para 
inclinação da 
cabeça 
Avaliar posição da cabeça NC VIII – nervo vestibular 
 
Reflexo 
oculovestibular 
Mover a cabeça de um lado para 
outro e dorsoventralmente, avaliar os 
movimentos normais dos dolhos, 
estrabismo e nistagmo posicional. 
NC VIII – nervo vestibular NC III – nervo 
oculomotor 
NC IV – nervo 
troclear 
NC VI – nervo 
abducente 
Estimulo da 
mucosa nasal 
Inserir uma hemostatica no nariz para 
estimular a mucosa do septo nasal; 
resulta em rápida retirada da cabeça. 
NC V – nervo trigêmeo 
Ramo oftálmico 
 
 
 
 
Tonus 
mandibular 
Avaliar tônus da mandibula e 
habilidade para fechar a boca. 
NC V – nervo trigêmeo 
Ramo mandibular 
NC V – nervo 
trigêmeo 
Simetria facial 
Avaliar simetria de face, habilidade 
para piscar, contrair lábio e mover 
orelhas. 
NC II – nervo óptico (ameaça) 
NC V – nervo trigêmeo 
(reflexo palpebral, corneano, 
pinçamento de lábios). 
NC VII – nervo 
facial 
Reflexo de 
ânsia 
Estímulo manual da faringe induz 
contração 
NC IX – nervo glossofáringeo 
NC X – nervo vago 
NC IX - nervo 
glossofaríngeo 
NC X – nervo 
vago 
Avaliação da 
lingua 
Inspecionar a língua quanto à 
simetria, observar movimentos da 
língua durante o ato de comer ou 
beber 
NC V – nervo trigêmeo 
NC VII – nervo facial 
NC XII – nervo hipoglosso 
NC XII – nervo 
hipoglosso 
 
 
 
ABORDAGEM DIAGNÓSTICA 
Uma vez localizada a lesão, é necessário formular uma 
lista de prováveis diagnósticos diferenciais. Essa lista deve 
levar em conta a predisposição, dados históricos, 
localização neuroanatômica da lesão, e a natureza do 
início e progressão dos sinais clínicos. É importante 
considerar todos os possíveis mecanismos ou causas de 
doenças que podem afetar o sistema nervoso. Uma vez 
desenvolvida uma lista de possíveis diagnósticos 
diferenciais, testes diagnósticos podem ser realizados 
para confirmar ou excluir cada um deles. 
1. Exames complementares 
• Radiografia simples 
• Mielografia: radiografia contrastada 
• Exame do líquor 
• Ultrassonografia 
• Tomografia e Ressonância magnética 
• Eletromiografia e Eletroencefalografia

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