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2012 Mecânica Prof.ª Margaret Luzia Froehlich Copyright © UNIASSELVI 2012 Elaboração: Prof.ª Margaret Luzia Froehlich Revisão, Diagramação e Produção: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. 621 F925m Froehlich, Margaret Luzia Mecânica / Margaret Luzia Froehlich. Indaial : Grupo UNIASSELVI, 2012. 183 p. il. Inclui bibliografia. ISBN 978-85-7830-362-4 1. Engenharia 2. Mecânica I. Centro Universitário Leonardo da Vinci II. Núcleo de Ensino a Distância III apresentação Amigo(a) acadêmico(a)! Não pretendo me aprofundar muito nesse Caderno de Estudos, mas, sim, dar uma indicação do que deve ser analisado pelo aluno(a) nesta disciplina. Por isso é importante lembrar que um entendimento maior pode ser alcançado através da leitura dos livros indicados nas referências. Ela se divide em três principais aspectos: os corpos rígidos (sistemas de partículas e corpos extensos), os corpos deformáveis (assunto para resistência dos materiais) e fluidos (compressíveis e incompressíveis). Nossa abordagem se fixa no primeiro aspecto, corpos rígidos, a partir do que veremos os corpos em repouso dentro da estática, os corpos em movimento sob o ponto de vista da cinemática e da dinâmica. Antes, porém, teremos uma revisão de vetores, com vistas relembrarmos a soma e a decomposição de vetores, além dos produtos escalar e vetorial. Em seguida, lembraremos de alguns conceitos fundamentais como espaço, tempo, massa e força. Finalmente, aprofundaremos nosso estudo de Mecânica com forças, momentos, estática, estruturas e vínculos. Finalizaremos nosso Caderno com uma discussão resumida de tensões, visando preparar o terreno para a disciplina de Resistência dos Materiais. Esperamos que esse estudo capacite o futuro engenheiro a analisar os problemas, aplicando os princípios da mecânica para formular modelos matemáticos, incorporando hipóteses físicas que representem, com realismo, as situações práticas vividas na Engenharia. Aproveite bem e bom estudo! Professora Margaret Luzia Froehlich IV Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades em nosso material. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto em questão. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade. Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE. Bons estudos! NOTA V VI VII UNIDADE 1 - CINEMÁTICA .............................................................................................................1 TÓPICO 1 - VETORES ..........................................................................................................................3 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................3 2 VETORES UNITÁRIOS ....................................................................................................................4 3 COMPONENTES DE UM VETOR ..................................................................................................5 4 ADIÇÃO DE VETORES ....................................................................................................................5 5 MULTIPLICAÇÃO DE VETORES ..................................................................................................6 5.1 PRODUTO ESCALAR ...................................................................................................................6 5.2 PRODUTO VETORIAL .................................................................................................................7 RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................8 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................9 TÓPICO 2 - CONCEITOS BÁSICOS .................................................................................................11 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................11 2 SISTEMA INTERNACIONAL .........................................................................................................11 3 PONTO MATERIAL OU PARTÍCULA E CORPO EXTENSO ...................................................15 4 ESPAÇO ................................................................................................................................................15 5 TEMPO ..................................................................................................................................................15 6 REFERENCIAL ....................................................................................................................................16 7 DESLOCAMENTO .............................................................................................................................16 8 TRAJETÓRIA ......................................................................................................................................17 9 VELOCIDADE .....................................................................................................................................18 10 ACELERAÇÃO ..................................................................................................................................22 RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................25 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................26 TÓPICO 3 - TIPOS DE MOVIMENTO .............................................................................................27 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................27 2 MOVIMENTO RETILÍNEO UNIFORME E MOVIMENTO UNIFORMEMENTE VARIADO ......................................................................................................27 3 MOVIMENTO DE PROJÉTIL ..........................................................................................................30 3.1 ACELERAÇÃO ..............................................................................................................................31 3.2 VELOCIDADE ................................................................................................................................313.3 ESPAÇO ...........................................................................................................................................31 4 DETERMINAÇÃO DO MOVIMENTO A PARTIR DA ACELERAÇÃO ................................33 4.1 COM A ACELERAÇÃO DEPENDENTE DE X ........................................................................34 4.2 COM A ACELERAÇÃO DEPENDENTE DE V .........................................................................35 5 MOVIMENTO RELATIVO ...............................................................................................................37 RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................40 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................41 TÓPICO 4 - MOVIMENTO CIRCULAR E ROTAÇÃO .................................................................43 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................43 2 ACELERAÇÃO ....................................................................................................................................43 suMário VIII 3 PERÍODO .............................................................................................................................................44 4 APLICAÇÕES ......................................................................................................................................45 5 ROTAÇÃO DE UM CORPO EXTENSO EM TORNO DE UM EIXO FIXO ............................49 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................53 RESUMO DO TÓPICO 4......................................................................................................................55 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................56 UNIDADE 2 - DINÂMICA ..................................................................................................................59 TÓPICO 1 - DINÂMICA ......................................................................................................................61 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................61 2 MASSA .................................................................................................................................................61 3 MOMENTO LINEAR OU QUANTIDADE DE MOVIMENTO................................................62 4 MOMENTO ANGULAR ...................................................................................................................64 5 FORÇA ..................................................................................................................................................67 6 FORÇAS ESPECIAIS .........................................................................................................................68 6.1 FORÇA GRAVITACIONAL .........................................................................................................68 6.2 FORÇA NORMAL ........................................................................................................................69 6.3 FORÇA DE TRAÇÃO ....................................................................................................................70 6.4 FORÇA DE ATRITO ......................................................................................................................71 6.5 FORÇA ELÁSTICA .......................................................................................................................74 RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................75 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................76 TÓPICO 2 - SISTEMAS DE FORÇAS, MOMENTOS E BINÁRIOS...........................................79 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................79 2 FORÇAS EXTERNAS E INTERNAS ...............................................................................................79 3 MOMENTO DE UMA FORÇA ........................................................................................................80 4 SISTEMAS EQUIVALENTES DE FORÇAS ..................................................................................80 5 BINÁRIO ..............................................................................................................................................81 6 PRINCÍPIO DE D´ALEMBERT ........................................................................................................82 7 REDUÇÃO DE UM SISTEMA DE FORÇAS A UM PONTO ...................................................82 RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................87 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................88 TÓPICO 3 - DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO E EQUAÇÕES DE MOVIMENTO ...............91 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................91 2 DIAGRAMA DE CORPO LIVRE ....................................................................................................91 3 EQUAÇÕES DE MOVIMENTO ......................................................................................................92 4 MOMENTO DE INÉRCIA ................................................................................................................92 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................98 RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................101 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................102 TÓPICO 4 - VIBRAÇÕES MECÂNICAS ..........................................................................................105 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................105 2 MOVIMENTO HARMÔNICO SIMPLES .....................................................................................106 3 PÊNDULO SIMPLES .........................................................................................................................108 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................110 RESUMO DO TÓPICO 4......................................................................................................................115 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................116 IX UNIDADE 3 - ESTÁTICA ....................................................................................................................119 TÓPICO 1 - EQUILÍBRIO DOS CORPOS ........................................................................................121 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................121 2 GRAUS DE LIBERDADE ..................................................................................................................1223 CONDIÇÕES DE EQUILÍBRIO ......................................................................................................122 4 EQUILÍBRIO ESTÁTICO DO PONTO MATERIAL ...................................................................123 5 EQUILÍBRIO ESTÁTICO DO CORPO RÍGIDO .........................................................................124 RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................128 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................129 TÓPICO 2 - VÍNCULOS .......................................................................................................................131 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................131 2 TIPOS DE VÍNCULOS ......................................................................................................................132 2.1 APOIO SIMPLES OU ROLETES ..................................................................................................132 2.2 APOIO FIXO E ARTICULAÇÃO .................................................................................................132 2.3 ENGASTE........................................................................................................................................133 3 CARREGAMENTO PLANO .............................................................................................................133 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................140 RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................143 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................144 TÓPICO 3 - TRELIÇAS .........................................................................................................................147 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................147 2 CÁLCULO DAS REAÇÕES ..............................................................................................................149 2.1 MÉTODO DOS NÓS .....................................................................................................................150 2.1.1 Redundância interna e externa ...........................................................................................154 2.1.2 Condições especiais ..............................................................................................................156 3 MÉTODO DAS BARRAS ..................................................................................................................156 RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................159 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................160 TÓPICO 4 - VIGAS E CABOS .............................................................................................................163 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................163 2 ESFORÇO CORTANTE E MOMENTO FLETOR EM UMA VIGA ..........................................164 3 CABOS ..................................................................................................................................................166 3.1 CABOS COM CARGAS CONCENTRADAS .............................................................................166 3.2 CABOS COM CARGAS DISTRIBUÍDAS ...................................................................................167 RESUMO DO TÓPICO 4......................................................................................................................169 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................170 TÓPICO 5 - TENSÃO E DEFORMAÇÃO .........................................................................................171 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................171 2 TENSÃO NORMAL ..........................................................................................................................171 3 TENSÃO DE CISALHAMENTO .....................................................................................................174 4 TENSÃO ADMISSÍVEL ....................................................................................................................176 5 DEFORMAÇÃO ..................................................................................................................................178 5.1 DEFORMAÇÃO NORMAL .........................................................................................................178 RESUMO DO TÓPICO 5......................................................................................................................180 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................181 REFERÊNCIAS .......................................................................................................................................183 X 1 UNIDADE 1 CINEMÁTICA OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir do estudo desta unidade, o(a) acadêmico(a) estará apto a: • relembrar algumas operações com vetores e os principais conceitos de ci- nemática; • reconhecer as equações dos principais tipos de movimento; • analisar o movimento em 1D (uma dimensão) de um cursor preso por uma corda que passa por três polias; • analisar o movimento em 2D (duas dimensões) de um projétil lançado para o ar a partir de um ângulo θ com a direção horizontal; • demonstrar que a aceleração medida a partir de dois referenciais-inércias possui o mesmo valor; • analisar alguns movimentos associados a um ponto central. A primeira unidade está dividida em quatro tópicos. No final de cada um deles, você encontrará atividades que lhe auxiliarão a fixar os conceitos. TÓPICO 1 – VETORES TÓPICO 2 – CONCEITOS BÁSICOS TÓPICO 3 – TIPOS DE MOVIMENTO TÓPICO 4 – MOVIMENTO CIRCULAR E ROTAÇÃO 2 3 TÓPICO 1 UNIDADE 1 VETORES 1 INTRODUÇÃO Neste tópico, estudaremos os vetores, seus componentes, sua multiplicação, entre outros. Veremos, também, como representar uma grandeza vetorial. Veja o exemplo a seguir. FONTE: Disponível em: <https://www.google.com.br/maps>. Acesso em: 05 mar. 2018. FIGURA 1 – MAPA MOSTRANDO A DISTÂNCIA PERCORRIDA POR UM MÓVEL DE INDAIAL ATÉ BRUSQUE. A SETA INDICA O DESLOCAMENTO Uma grandeza vetorial, grandeza representada por um segmento de reta orientado, sempre presente na nossa vida, é o deslocamento, como, por exemplo, o da seta da Figura 1. O corpo saiu da cidade de Indaial e chegou à cidade de Brusque. Indaial é a posição inicial → S0 e Brusque a posição final → S do deslocamento ∆ → S. Assim, o vetor ∆ → S é a diferença entre as posições final e inicial e, portanto, não depende da trajetória percorrida. Por outro lado, o corpo seguiu a trajetória sobre a rodovia passando pelas cidades de Blumenau e Gaspar. O comprimento dessa trajetória é uma grandeza escalar, conhecida como distância percorrida. Um vetor, portanto, tem alguns atributos bem visíveis como, por exemplo, a extremidade que éa ponta (Indaial, ponto O) e a origem que é a cauda da seta (Brusque, ponto E), veja figura a seguir. Além disso, um vetor possui um módulo UNIDADE 1 | CINEMÁTICA 4 (tamanho da seta), uma direção (linha que une origem com extremidade) e um sentido (no sentido da seta). O vetor → u da figura a seguir ocupa um lugar no espaço entre os pontos E e O do sistema de coordenadas x, y e z. FONTE: Autora No próximo item, veremos como podemos definir um vetor em termos de seus vetores unitários. 2 VETORES UNITÁRIOS Os versores , e i j k são vetores unitários, sem dimensões, das direções coordenadas x, y e z e são representados na figura a seguir. Enquanto um ponto tem as coordenadas x, y, z, um vetor é a soma das suas componentes nas direções dos versores , e i j k . FONTE: Autora Assim, um vetor pode ser escrito em termos de suas componentes (notação vetorial) ou em termos do seu valor numérico (módulo), Notação vetorial: Módulo : FIGURA 2 – VETOR NO ESPAÇO TRIDIMENSIONAL. FIGURA 3 – TRÊS DIREÇÕES COORDENADAS E SEUS VERSORES. TÓPICO 1 | VETORES 5 Na próxima seção, veremos como encontrar as componentes nas direções x e y de um vetor no espaço bidimensional. 3 COMPONENTES DE UM VETOR Vamos olhar para o vetor v da figura a seguir no espaço plano formado pelo eixo x e pelo eixo y. FONTE: Autora Das definições de seno e cosseno, podemos concluir que o vetor possui as seguintes componentes, Lembrando, o ângulo é medido no sentido anti-horário, a partir do eixo x até o vetor . O módulo do vetor é e a direção é dada pela definição da função tangente, . 4 ADIÇÃO DE VETORES Suponha dois vetores, e , no espaço tridimensional x, y e z, em que a soma resultante é . Conhecendo-se as componentes de cada vetor, somam-se as componentes x, y e z separadamente, . Exemplo 1 – Dados os vetores , encontre o vetor resultante da soma entre eles. Encontre também o seu módulo. Solução: Para encontrar o vetor resultante da soma fazemos: FIGURA 4 – VETOR v , O TRIÂNGULO RETÂNGULO E SUAS RELAÇÕES 2 2 2 tan cos hip cat cat catopx catad catopsen x hip catadx hip = + = = = 2 2 2 tan cos hip cat cat catopx catad catopsen x hip catadx hip = + = = = 2 2 2 tan cos hip cat cat catopx catad catopsen x hip catadx hip = + = = = 2 2 2 tan cos hip cat cat catopx catad catopsen x hip catadx hip = + = = = UNIDADE 1 | CINEMÁTICA 6 O módulo pode ser obtido como segue: 5 MULTIPLICAÇÃO DE VETORES A multiplicação de vetores é diferente da multiplicação algébrica de escalares. Veremos aqui três tipos de multiplicação. O primeiro caso é o mais simples em que multiplicamos um vetor por um escalar. Por exemplo, estamos interessados na multiplicação do escalar t pelo vetor . O resultado dessa multiplicação é igual a , resultando num novo vetor com um fator igual a t. Exemplo 2 – Dado o vetor e o escalar , encontre o vetor resultante do produto entre eles. Solução: . A multiplicação de dois vetores pode ser efetuada de dois modos: o produto escalar e o produto interno. Veremos esses dois casos a seguir. 5.1 PRODUTO ESCALAR O produto escalar, ou produto interno, é a multiplicação entre dois vetores, que resulta num escalar e é definido por, . Em termos de seus vetores unitários podemos escrever o produto escalar como . Exemplo 3 – Dados os vetores , encontre o produto escalar entre eles. Encontre também o ângulo entre eles. Solução: Para encontrar o produto escalar, utiliza-se a multiplicação com seus vetores unitários, TÓPICO 1 | VETORES 7 Para encontrar o ângulo entre esses dois vetores, devemos encontrar primeiros os seus módulos: 5.2 PRODUTO VETORIAL O produto vetorial, ou produto externo entre dois vetores, resulta em outro vetor e é definido por, . Em termos de seus vetores unitários, podemos escrever o produto vetorial como: . Exemplo 4 – Dados os vetores , encontre o produto vetorial entre eles. Solução: Agora, utilizamos a definição: Por se tratar de uma revisão com o objetivo de apenas lembrar algumas definições de operações com vetores, não nos atemos às deduções pormenorizadamente. Caso o acadêmico queira maiores esclarecimentos, deve consultar a bibliografia recomendada no final deste Caderno de Estudos. 8 RESUMO DO TÓPICO 1 Neste tópico você viu que: • Definimos vetor e mostramos os elementos que compõem um vetor. • Aprendemos a representar os vetores através de suas componentes por meio dos seus versores, utilizando a notação vetorial e em termos de seu valor numérico, calculando o seu módulo. • Vimos algumas operações básicas entre vetores como a adição e a multiplicação. • Relembramos a definição de produto escalar e produto vetorial. 9 AUTOATIVIDADE Ao final deste tópico, caro(a) acadêmico(a), vamos exercitar seus conhecimentos adquiridos, resolvendo as questões a seguir: 1 Dado o vetor e o escalar , encontre o vetor resultante do produto entre eles. 2 Dado o vetor e o escalar t = 2, encontre o vetor resultante do produto entre eles. 3 Dados os vetores , encontre o produto escalar entre eles. Encontre também o ângulo entre eles. 4 Dados os vetores , encontre o produto vetorial entre eles. 5 Dados os vetores , encontre o vetor resultante da soma entre eles. Encontre também o seu módulo. 6 Dado o vetor , no espaço plano formado pelos eixos x e y, encontre as suas componentes nas direções x e y, sabendo que o vetor forma um ângulo de 300 com o eixo x. 10 11 TÓPICO 2 CONCEITOS BÁSICOS UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO A Mecânica é a parte da Física que estuda o movimento dos corpos. Como os corpos apresentam diferentes aspectos quanto à sua agregação atômica, comportam-se de maneiras diferentes ao serem solicitados por uma força. Levando em conta essa diferença, dividimos a Mecânica em três partes, a saber: corpos rígidos, corpos deformáveis e fluidos. O estudo dos corpos rígidos é, por sua vez, dividido em mais dois aspectos. A Cinemática e Dinâmica, que estudam os corpos em movimento, e a Estática, que estuda os corpos em repouso. Começamos nosso estudo levantando alguns conceitos que são fundamentais para a compreensão das ideias apresentadas nesse contexto, bem como as principais grandezas abordadas aqui e como estas grandezas se relacionam nos fenômenos que pretendemos analisar. 2 SISTEMA INTERNACIONAL São grandezas fundamentais o comprimento, a massa, o tempo, a temperatura, a corrente elétrica, a intensidade de luz e o mol. Com elas expressamos nossas ideias e fazemos medidas que tornam possível publicá-las para a verificação por outros estudiosos. Um sistema de unidades serve para referenciar um conjunto de padrões únicos que são utilizados para comparar a grandeza medida e assim quantificá-la. Por exemplo, no sistema MKS (metro– kg (quilograma)–segundo), 1 kgf = 1kg.9,8m/s2. Em contrapartida, 1 kgf equivale a 9,8 N no SI (Sistema Internacional). Da mesma forma, 1 UTM (Unidade Técnica de Massa) no MKS equivale a 9,81 kg no SI. O MKS e o SI são sistemas de unidades onde se relacionam as grandezas com as suas respectivas unidades. O quadro a seguir contém as principais grandezas em mecânica e suas unidades no sistema internacional de unidades. UNIDADE 1 | CINEMÁTICA 12 Unidades Fundamentais Unidades do Sistema Internacional Espaço Metro (m) Tempo Segundo (s) Massa Quilograma (kg) Unidades Derivadas Velocidade Metro por segundo (m/s) Aceleração Metro por segundo ao quadrado (m/s2) Momento Linear Quilograma metro por segundo (kg.m/s) Momento Angular Quilograma metroao quadrado por segundo (kg.m2/s) Força Newton (N) → kg.m/s2 FONTE: Autora QUADRO 1 – SISTEMA DE UNIDADES INTERNACIONAL SI De um modo geral, as grandezas vêm expressas em diversos sistemas de medidas e, muitas vezes, é necessário converter todas para o mesmo sistema antes de trabalhar com elas. Como sabemos, uma grandeza física é representada por um símbolo algébrico, como por exemplo, d para distância, t para tempo e v para velocidade. Quando calculamos a distância, fazendo o produto da velocidade, com o tempo utilizamos certa coerência dimensional, observe: Milhas segundos por hora não é uma unidade usual de comprimento. Como as unidades estavam em sistemas diferentes não foi possível simplificar A velocidade estava em m/s e o tempo em s, ambos no SI, possibilitando a simplificação de s (segundos) gerando a distância na unidade correta, m (metros). Vamos supor que a velocidade tenha sido dada em outro sistema de unidades, por exemplo, 4,47mi/h (milhas por hora), substituindo na equação encontramos o seguinte resultado. TÓPICO 2 | CONCEITOS BÁSICOS 13 Comprimento Tempo Massa 1 m = 100 cm = 103 mm 1 min = 60 s 1 kg = 103g = 0,0685 slug 1 km = 103 m = 0,6214 mi 1 h = 3600 s 1 slug = 14,59 kg 1 pol = 0,0254 m 1 dia = 86400 s 1 u = 1,661x10-27kg 1 pé = 1 ft = 0,3048 m 1 ano = 3,156x107s 1 kg = 2,205lb ( g = 9,8 m/s2) Velocidade Aceleração 1 dracmas = 3,888 gramas 1 m/s = 3,281 pés/s 1 m/s2 = 3,281 pés/s2 Pressão 1 km/h = 0,2778 m/s = 0,6214 mi/h Força 1 Pa = 1 N/m2 = 0,209lb/pé2 1 mi/h = 0,4470 m/s 1 N = 0,2248 lb 1 bar = 105 Pa 1 pés/s = 0,3048 m/s 1 kgf = 9,8 N 1 atm = 1,013x105Pa 1 Curies = 2,2 . 1018 desint/ min Impulso 1 mmHg= 1 torr = 133,3 Pa 1 ton (refrigeração) = 12000 Btu/h 1lb.s = 4,448N.s 1 lbf/pé2= 47,88 N/m2 1 nós (internacional) = 0,5144 m/s Energia 1 cmHg a 00C = 27,845 lb/ pé2 Volume 1 lb.pés = 1,356J Potência 1 litro = 10-3 m3 = 1000 cm3 1 cal = 4,186 J 1 W = 1 J/s 1 pé3 = 0,02832 m3 1 Btu =1055 J 1 hp = 746 W 1 galão = 3,788 litros 1 eV = 1,602x10-19J 1 Btu/h = 0,293 W QUADRO 2 – FATORES DE CONVERSÃO DAS UNIDADES FONTE: Autora Utiliza-se muito o fator 3,6 para converter m/s e km/h entre si, isso vem do fato de que as unidades de comprimento e tempo foram convertidas separadamente, facilitando assim a memorização da conversão. UNI a unidade de tempo gerando uma unidade estranha para o comprimento. O correto seria converter primeiro a velocidade para o mesmo sistema do tempo (SI). Podemos fazer isso com o auxílio do fator de conversão obtido na tabela 2. Em seguida, procedemos como foi demonstrado anteriormente, e obtemos novamente a unidade correta para a distância, 16 m. No quadro a seguir, relacionamos os fatores de conversão de algumas grandezas. UNIDADE 1 | CINEMÁTICA 14 Veja: Assim, se você quiser converter km/h em m/s basta dividir por 3,6. Exemplo 5 – Calcule o número de km em 6 milhas. Solução: Do quadro 2, temos que 1 km = 0,6214 mi. A regra é simples, multiplicamos a unidade que desejamos converter (1 mi) pela unidade que desejamos obter (1 km) e dividimos pelo seu equivalente na unidade que queremos substituir (0,6214 mi). Exemplo 6 – De acordo com o rótulo de um frasco de molho, o volume é de 0,334 litros. Converta esse valor para centímetros cúbicos. Solução: Novamente do quadro 2, 1 L = 1000cm3, multiplicando pela que queremos e dividindo pela que vamos eliminar, obtemos: Exemplo 7 – Uma placa de limite de velocidade avisa que o limite máximo é de 100mi/h. Expresse esse valor em km/h e em m/s. Solução: Da mesma maneira que antes, TÓPICO 2 | CONCEITOS BÁSICOS 15 3 PONTO MATERIAL OU PARTÍCULA E CORPO EXTENSO Em Mecânica temos o conceito de corpo como a entidade material que ocupa um lugar no espaço no decorrer de um tempo. Classificamos os corpos em dois tipos, de acordo com as suas dimensões. Corpos extensos são corpos cujos pontos de aplicação dos vetores força não convergem para um ponto único. Chamamos de ponto material, ou partícula, todo corpo cujos pontos de aplicação dos vetores força podem ser representados todos no mesmo ponto. Observe a figura a seguir. FONTE: Autora 4 ESPAÇO O espaço ou posição é o vetor localização de uma partícula a partir de um referencial até o ponto em que se encontra durante um certo intervalo de tempo, veja na figura a seguir. Dois espaços diferentes ocupados pela mesma partícula em dois tempos diferentes. O vetor é formado pelas componentes nas três direções perpendiculares e o representamos como . FIGURA 5 – UM PONTO MATERIAL E UM CORPO EXTENSO EM EQUILÍBRIO 5 TEMPO Grandeza t utilizada para descrever as variações das posições e dizer se a partícula se encontra em movimento ou repouso. Num certo intervalo de tempo a simultaneidade e a precedência de um evento são independentes do observador. UNIDADE 1 | CINEMÁTICA 16 6 REFERENCIAL É um sistema de coordenadas fixas de onde o evento é observado. A figura a seguir mostra dois espaços diferentes para a partícula, a partir do mesmo referencial, o ponto O, origem do sistema de coordenadas x, y e z. FONTE: Autora 7 DESLOCAMENTO O vetor deslocamento delta s, , observe a figura a seguir, é o vetor com origem no ponto de posição inicial (coordenadas de ) e tem extremidade no ponto de posição final (coordenadas ). Delta t, , é o intervalo de tempo decorrido durante esse deslocamento. FONTE: Autora FIGURA 6 – ESPAÇOS DIFERENTES PARA A PARTÍCULA A PARTIR DO MESMO REFERENCIAL FIGURA 7 – VETOR DESLOCAMENTO DELTA S, TÓPICO 2 | CONCEITOS BÁSICOS 17 Exemplo 8 – Uma partícula se move sobre o plano xy e suas coordenadas são dadas pelas seguintes equações, Sendo t em segundos e x e y em metros, determine o vetor posição da partícula no instante t = 15s, o seu módulo e o ângulo formado com x. Solução: As coordenadas x e y podem ser determinadas mediante simples substituição do tempo das equações fornecidas, O vetor posição é, então, escrito como . O módulo deste vetor é dado por, . E o ângulo é: 8 TRAJETÓRIA Note os vetores posição e em relação à origem de um eixo cartesiano na figura a seguir, durante um intervalo de tempo . O ponto material se deslocou do ponto dado pelas coordenadas de até o ponto dado pelas coordenadas de . A linha tracejada indica todos os pontos pelos quais o móvel passou ou ainda passará, ou seja, a sua trajetória, que é a linha formada pelas diversas posições que o corpo ocupa no tempo. A trajetória da esquerda é circular e o móvel obedece às equações que serão demonstradas no próximo tópico. No meio o móvel, é descrita uma trajetória curva e à direita encontramos uma trajetória retilínea. UNIDADE 1 | CINEMÁTICA 18 FONTE: Autora 9 VELOCIDADE A Grandeza Vetorial mede a rapidez com que o corpo se desloca. Quando se trata da velocidade média, esta é a razão entre o deslocamento e o intervalo de tempo. . Assim, Os tempos são cada vez menores, de modo que a posição se aproxime cada vez mais de . Tomamos o limite de , tendendo a zero de e obtemos a derivada da posição em relação ao tempo , que é a reta tangente à curva naquele ponto e que entendemos como sendo a velocidade instantânea da partícula em movimento. Observe a figura a seguir. A velocidade instantânea é a taxa de variação no tempo do deslocamento Assim, FIGURA 8 – TRAJETÓRIAS TÓPICO 2 | CONCEITOS BÁSICOS 19 FONTE: Autora Exemplo 9 – Utilizando os dados do exemplo anterior, encontre a velocidade média e a velocidade instantânea da partícula móvel. Solução: A velocidade média é dada pela definição, , sendo a posição inicial igual a zero e o tempo inicial também igual a zero. Assim, encontramos: FIGURA 9 – VELOCIDADE MÉDIA E VELOCIDADE INSTANTÂNEA A velocidade instantânea é dada pela derivadada posição, Assim, devemos encontrar a derivada de x e de y: UNIDADE 1 | CINEMÁTICA 20 Substituindo o tempo por 15 segundos, temos: Dessa maneira, o vetor velocidade instantânea se torna, . Exemplo 10 – (YOUNG; FREEDMANN, 2010) Um veículo robótico está explorando a superfície de Marte. O módulo de aterrissagem é a origem do sistema de coordenadas e a superfície do planeta é o plano xy. O veículo que será representado por um ponto, possui componentes x e y que variam com o tempo de acordo com a) Calcule as coordenadas do veículo e sua distância do módulo de aterrissagem no instante t = 2,0 s. Solução: No instante t = 2,0 s, as coordenadas do carro são A distância entre o veículo e a origem nesse instante é b) Calcule o vetor deslocamento e o vetor velocidade média no intervalo de tempo entre t = 0 e t = 2,0 s. Solução: Para achar o deslocamento e a velocidade média, escrevemos o vetor posição em função do tempo. TÓPICO 2 | CONCEITOS BÁSICOS 21 Para t = 0 o vetor posição fica, c) Deduza uma expressão geral para o vetor velocidade instantânea do veículo. Expresse a velocidade instantânea em t = 2,0 s, usando componentes, e, também em termos de módulo, direção e sentido. Solução: Para achar uma expressão geral para a velocidade, devemos encontrar a derivada no tempo do vetor posição, assim, utilizando as equações fornecidas pelo enunciado da questão, temos que Para expressar a velocidade instantânea em t = 2,0 s, usando componentes, basta substituir o tempo acima na equação geral encontrada, Em termos de módulo, encontramos UNIDADE 1 | CINEMÁTICA 22 Para encontrar a direção e o sentido, encontramos o ângulo entre o vetor e o eixo x, 10 ACELERAÇÃO Observe, na figura a seguir, que o vetor velocidade muda, aumentando ou diminuindo de intensidade, de para . Está presente uma grandeza vetorial denominada aceleração, que é responsável por essa variação. FONTE: Autora. Exemplo 11 – Utilizando os dados do exemplo anterior, encontre a aceleração instantânea da partícula móvel. Solução: Analogamente ao exemplo anterior, temos que a aceleração instantânea é dada por: FIGURA 10 – TRAJETÓRIA TÓPICO 2 | CONCEITOS BÁSICOS 23 Exemplo 12 – Um ponto material se desloca em linha reta, de modo que sua posição é definida pelo diagrama da figura a seguir. Encontre a função da velocidade e da aceleração em função do tempo. Mostre os gráficos. FONTE: Autora FONTE: Autora Solução: A velocidade é a derivada da posição no tempo, . Que descreve o comportamento do gráfico da figura a seguir. FIGURA 11 – GRÁFICO DA POSIÇÃO x(m) EM FUNÇÃO DO TEMPO t(s). O CORPO SAI DA ORIGEM E CHEGA ATÉ A DISTÂNCIA DE 30 METROS EM 4 SEGUNDOS E DEPOIS RETORNA À ORIGEM EM t = 6 s FIGURA 12 – GRÁFICO DA VELOCIDADE v(m/s) Em Função Do Tempo t(s). A VELOCIDADE INICIAL É ZERO EM ZERO SEGUNDOS, EM t = 2 s O CORPO ATINGE A VELOCIDADE MÁXIMA DE 12 m/s, DEPOIS VOLTA A DECRESCER ATÉ ZERO, QUANDO VOLTA A AUMENTAR EM MÓDULO. O SINAL NEGATIVO INDICA QUE O PONTO MATERIAL ESTÁ SE APROXIMANDO DA ORIGEM UNIDADE 1 | CINEMÁTICA 24 A aceleração é dada pela derivada da função da velocidade, . Que descreve o comportamento do gráfico na figura a seguir. FONTE: Autora FIGURA 13 – GRÁFICO DA VELOCIDADE v(m/s) EM FUNÇÃO DO TEMPO t(s). A ACELERAÇÃO INICIAL É DE 12 m/s2 E EM t = 2 s, A ACELERAÇÃO SE ANULA Você pode fazer esse exercício usando o MatLab ou outro similar. Tente fazer a lista de exercícios utilizando mais esse recurso. UNI 25 RESUMO DO TÓPICO 2 Neste tópico, caro(a) acadêmico(a), você viu que: • Apresentamos as principais unidades das grandezas mecânicas no Sistema Internacional SI. • Diferenciamos corpo extenso de ponto material. • Definimos espaço, tempo e referencial. • Estudamos o conceito deslocamento e trajetória. • Definimos velocidade como sendo a medida da rapidez com que o corpo se desloca e aceleração como sendo a rapidez com que o móvel varia a sua velocidade. 26 AUTOATIVIDADE Para exercitar os conhecimentos adquiridos neste tópico, resolva as questões a seguir: 1 A posição r de uma partícula que se move num plano xy é dada por r = (4t3 – 6t)i + (8 – 2t4)j com r em metros e t em segundos. Na notação de vetores unitários, calcule: a) r b) v c) a para t = 3s. 2 A velocidade v de uma partícula que se move sobre o plano xy é dada por v = (15t – 5t2)i + (6 - 2t)j, com v em m/s e t em segundos. a) Qual é a aceleração quando t = 1,0 s? b) Quando (se acontecer) a aceleração é nula? c) Quando (se acontecer) a velocidade é nula? 3 A partir da expressão x = t3 – 6t2 – 15t + 40 onde x(m), t(s), podemos descrever o deslocamento de um ponto material. Encontre: a) O instante em que a velocidade será nula. b) A posição e a distância percorrida pelo ponto material até esse instante. c) A aceleração nesse instante. d) Esboce os gráficos. 4 Uma unidade de área frequentemente usada na medição de áreas de terrenos é o hectare, definido como 104 m2. Uma mina de carvão de escavação aberta consome 75 hectares de terra, até uma profundidade de 26m a cada ano. Qual é o volume de terra removido por ano em quilômetros cúbicos? 5 Encontre os componentes da velocidade e da aceleração da partícula no tempo de 2 segundos de um ponto material governado pela expressão a seguir. 27 TÓPICO 3 TIPOS DE MOVIMENTO UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO É quase sempre possível descrever o comportamento de um corpo móvel, observando algumas grandezas associadas ao seu movimento. Assim, relacionamos essas grandezas em funções horárias para prever a sua velocidade e a sua posição em qualquer tempo. Como essas funções variam, dependendo da trajetória que o corpo descreve, resolvemos abordá-las separadamente em cada tipo de movimento. 2 MOVIMENTO RETILÍNEO UNIFORME E MOVIMENTO UNIFORMEMENTE VARIADO Sabendo que a taxa de variação da velocidade em função do tempo nos fornece a aceleração, discutida na seção 5 do tópico anterior, podemos escrever que . Rearranjando os membros da equação, ficamos com . Integrando o lado esquerdo em relação à velocidade, e o lado direito em relação ao tempo, temos: . Com a aceleração constante, podemos colocá- la para fora do símbolo de integral e efetuar a operação da seguinte maneira, com e, passando para o lado direito da equação, encontramos uma função horária para a velocidade . Movimentos com aceleração constante são denominados movimentos uniformemente variados. Quando a aceleração é nula e o corpo descreve uma trajetória retilínea, o movimento é retilíneo uniforme e a equação acima se resume em , ou seja, a velocidade é constante. A função horária para as posições pode ser obtida de modo semelhante ao se tomar a taxa de variação do espaço em relação ao tempo, como encontrado na seção 4 do tópico anterior, e integrá-la: UNIDADE 1 | CINEMÁTICA 28 Analogamente ao caso anterior, , substituindo a equação para a velocidade encontrada na dedução anterior, escrevemos: , sendo , e passando para o lado direito da equação encontramos uma função horária para o espaço: . A função horária acima dá a posição do corpo em qualquer tempo para o movimento uniformemente variado. Para o caso de um movimento retilíneo uniforme, a equação acima se reduz em , sendo a velocidade constante, . Podemos combinar a equação das velocidades em função do tempo, , com a equação das posições em função do tempo, , e obter uma nova equação, que não depende do tempo, . Exemplo 1 – Uma aplicação dos conceitos abordados até aqui é um sistema de polias, como o da figura a seguir, em que um cursor A e um bloco E estão ligados por uma corda que passa sobre três polias C, D e B. As polias B e D estão fixas. A polia C está presaa um cursor e é puxada para baixo com velocidade constante igual a 2m/s. No instante t = 0, o cursor A inicia o movimento para baixo, a partir da posição P, com uma aceleração constante. Sabendo-se que a velocidade do cursor A é 8m/s, ao passar pelo ponto Q, determine a variação de altura, a velocidade e a aceleração do bloco E, quando o cursor A passar por Q. FONTE: Autora Solução: Escolhemos a origem como sendo o plano horizontal superior e o sentido positivo de y para baixo (observe figura a seguir). Notamos que, em FIGURA 14 – SISTEMA COM POLIAS TÓPICO 3 | TIPOS DE MOVIMENTO 29 FONTE: Autora FONTE: Autora FIGURA 15 – MOVIMENTO DO CURSOR A FIGURA 16 – MOVIMENTO DA POLIA C Agora podemos determinar o tempo que o cursor A levou para alcançar o ponto Q, , o cursor A está na posição P e sua velocidade inicial é zero, . Quando o cursor passar pela posição Q, sua velocidade é , assim é correto escrever UNIDADE 1 | CINEMÁTICA 30 Podemos escrever as equações de movimento da polia C, veja a figura anterior, e encontrar o seu deslocamento , encontramos que: 3 MOVIMENTO DE PROJÉTIL O movimento de projétil pode ser visto como uma composição de dois movimentos diferentes: um movimento retilíneo uniforme na direção x e uniformemente variado na direção y. Observe a figura a seguir: FONTE: Autora FIGURA 17 – LANÇAMENTO DE PROJÉTIL O comprimento da corda é constante, portanto: Vê-se, então, que o bloco E sobe 10 m. Para encontrar a velocidade e a aceleração do bloco E, basta aplicar a derivada duas vezes, , TÓPICO 3 | TIPOS DE MOVIMENTO 31 Vamos dividir o movimento em dois movimentos independentes e analisá-los separadamente quanto à aceleração, à velocidade e à posição. 3.1 ACELERAÇÃO Em relação ao eixo x, a aceleração é igual a zero, . Não existe força resultante atuando nessa direção. Em relação ao eixo y, a aceleração é igual à aceleração gravitacional, com sinal negativo, pois, tem sentido oposto ao dos y crescentes, . A força resultante que atua nessa direção é a força gravitacional. 3.2 VELOCIDADE Em relação ao eixo x, a velocidade é constante, , pois a aceleração é nula nessa direção. Em relação ao eixo y, a velocidade varia com o tempo, , de modo que a aceleração é constate e igual ao negativo da aceleração da gravidade. 3.3 ESPAÇO Em relação ao eixo x, a posição é uma função do tempo com velocidade constante, . Observe que o movimento nessa direção é uniforme. Em relação ao eixo y a posição é uma função do tempo com aceleração constante, . Observe que nessa direção o movimento é variado. Exemplo 2 – Uma pedra é projetada de um rochedo íngreme, de altura h, com velocidade inicial de 42 m/s, direcionada em um ângulo de 600 acima da horizontal. (figura a seguir). A pedra cai em um ponto A, 5,5 s após o lançamento. Encontre (a) a altura h do rochedo, (b) a velocidade da pedra imediatamente antes do impacto em A, e (c) a altura máxima H, alcançada acima do chão. UNIDADE 1 | CINEMÁTICA 32 FONTE: Autora Solução: a) A altura h é a coordenada y do deslocamento como tempo igual a 5,5 s e dada pela equação . Sendo , substituindo e , encontramos a velocidade inicial na direção y como sendo, . Sabendo que quando a pedra foi lançada ela se encontrava na origem das posições e que a aceleração da gravidade vale , podemos encontrar a altura do rochedo, : b) Para encontrar a velocidade da pedra ao bater no rochedo, precisamos encontrar as coordenadas de x e y para a velocidade e calcular o seu módulo. Na direção x, o movimento é uniforme, portanto, a velocidade nesta direção é constante. Assim: FIGURA 18 – MOVIMENTO DE PROJÉTIL A velocidade na direção y pode ser encontrada mediante a equação: TÓPICO 3 | TIPOS DE MOVIMENTO 33 4 DETERMINAÇÃO DO MOVIMENTO A PARTIR DA ACELERAÇÃO Vimos que as condições de movimento são especificadas principalmente pelo tipo de aceleração que o corpo possui. Porém, nem sempre a aceleração depende do tempo, a aceleração de uma massa presa a uma mola, por exemplo, depende do afastamento do corpo da posição de equilíbrio. Podemos considerar três classes mais comuns de movimento, com a aceleração dependente do tempo, com a aceleração dependente da posição e com a aceleração dependente da velocidade. Vimos o primeiro caso exaustivamente na última seção, vamos analisar os dois outros casos agora. Encontramos o vetor velocidade como sendo e o seu módulo, . c) Observe a figura anterior. Na altura máxima, a componente y da velocidade é igual a zero, . Podemos utilizar a equação da velocidade em y para encontrar o tempo e utilizar na equação da posição de y para determinar a altura máxima H. Substituindo esse tempo na equação para y, encontramos: 34 UNIDADE 1 | CINEMÁTICA 4.1 COM A ACELERAÇÃO DEPENDENTE DE X a = f (x) A partir da equação conhecida em função de t, podemos chegar a uma função exclusivamente da distância por meio de algumas operações simples, Substituindo a aceleração por f(x), encontramos Exemplo 3 – A aceleração de um corpo é dada por a(x)=-kx. Queremos determinar a constante k, sabendo que na posição inicial x = 0 a velocidade é de v = 24 m/s e que a velocidade se anula v = 0 em x = 6m. (BEER; JOHNSTON JR, 2006). Solução: Substituindo a equação da aceleração e as condições impostas na expressão deduzida nesta seção, temos: TÓPICO 3 | TIPOS DE MOVIMENTO 35 4.2 COM A ACELERAÇÃO DEPENDENTE DE V Em princípio, a unidade de k (s-2) pode nos parecer estranha, mas devemos nos lembrar que ela deve respeitar a igualdade a = -kx. Como x está em metros, k precisa estar em s-2 para compor a unidade de aceleração m/s2. a = f (v) Utilizando os mesmos argumentos nas deduções anteriores, podemos mostrar que Exemplo 4 – (BEER; JOHNSTON JR, 2006). A aceleração de uma partícula é definida pela relação, . Onde k é uma constante. Sabendo que x = 0 e v = 7,5 m/s em t = 0, e que v = 3,6 m/s quando x = 1,8 m, determine: a) A velocidade da partícula quando x = 2,4 m. b) O tempo necessário para que a partícula atinja o repouso. Solução: a) Como as grandezas fornecidas são a velocidade e a posição, convém utilizar a expressão que obtemos por meio da segunda dedução, O exercício a seguir está proposto no capítulo 11 da referência citada. O aluno pode testar seus conhecimentos desenvolvendo alguns dos outros problemas propostos pelo autor na obra Mecânica Vetorial para Engenheiros. UNI 36 UNIDADE 1 | CINEMÁTICA Substituindo k na equação e utilizando as condições iniciais, obtemos b) Do mesmo modo podemos encontrar o tempo quando a partícula alcança o repouso substituindo k e f(v) na primeira equação, TÓPICO 3 | TIPOS DE MOVIMENTO 37 5 MOVIMENTO RELATIVO Para dar um exemplo de movimento relativo, imagine que você esteja dentro de um carro a 100km/h e atire uma pedra para frente a 10 km/h em relação a você. A pedra estará a 110 km/h em relação a um observador que esteja parado do lado de fora. O mesmo movimento é observado a partir de dois referenciais diferentes: um está em repouso (observador externo ao carro) e o outro se move com velocidade constante (observador no interior do carro). Ambos obtêm resultados diferentes para a medida da velocidade da pedra. Vamos olhar para a figura a seguir. O referencial A está em repouso ( ) e o referencial B se move com velocidade constante ( ) no plano xy. é o vetor posição do referencial B em relação ao referencial A, é o vetor posição do ponto P em relação ao referencial A e é o vetor posição do ponto P m relação ao referencial B. FONTE: Autora Podemos encontrar uma expressão para a posição do ponto P que relacione os dois referenciais de tal maneira que . Para encontrarmos a velocidade, devemos derivar a expressão acimaem relação ao tempo, . Assim, a velocidade relativa é expressa como segue: . De modo semelhante, derivamos uma expressão para a aceleração: . Como o referencial B se move com velocidade constante e a derivada de uma constante é igual a zero ( ), encontramos , ou seja, a aceleração medida a partir dos dois referenciais possui o mesmo valor. FIGURA 19 – MOVIMENTO RELATIVO 38 UNIDADE 1 | CINEMÁTICA Exemplo 5 – Uma bola é arremessada verticalmente para o alto a partir do nível de 12 m de um poço de elevador com uma velocidade inicial de 18m/s. No mesmo instante, um elevador de plataforma aberta passa pelo nível de 5m, subindo com uma velocidade constante de 2 m/s. (BEER; JOHNSTON JR, 2006). Determine: a) Quando e onde a bola vai atingir o elevador. b) A velocidade relativa da bola em relação ao elevador quando a bola o atinge. FONTE: Autora Solução: a) Podemos descrever o movimento da bola, com aceleração constante a = -9,8m/s2, como um movimento uniformemente acelerado. Em t = 0 a bola se encontra na posição inicial y0 = 12 m e velocidade inicial v0 = 18 m/s, O movimento do elevador, com velocidade constante vE = 2m/s, é um movimento uniforme e possui apenas uma equação, FIGURA 20 – BOLA NO POÇO DO ELEVADOR. PROBLEMA APRESENTADO NO BEER E JOHNSTON [2]. EM y E = y B A BOLA E O ELEVADOR SE ENCONTRAM TÓPICO 3 | TIPOS DE MOVIMENTO 39 Onde a posição inicial é de 5m, conforme podemos ver na figura anterior, para yE. Quando a bola atinge o chão do elevador yB = yE , então podemos escrever que Ou seja, a bola atinge o elevador em t = 3,65s, desprezando o tempo negativo. Para determinar o lugar, basta substituir o tempo em uma das duas equações para as posições, b) A velocidade relativa da bola em relação ao elevador é O sinal negativo indica que a bola é observada do elevador, deslocando-se no sentido negativo (para baixo). 40 RESUMO DO TÓPICO 3 Neste tópico, você viu que: • Vimos que o movimento retilíneo uniforme é o movimento cuja trajetória é em linha reta e a aceleração é nula. Portanto, o móvel se move com velocidade constante. • Vimos que, num movimento uniformemente variado com aceleração constante e diferente de zero, a velocidade do móvel é uma função dependente do tempo. • Observamos o movimento balístico ou movimento de projétil que é um movimento bidimensional (2D) e aprendemos a tratá-lo como dois movimentos independentes: um na direção x em MRU (sem resultante atuando sobre o corpo), e outro na direção y em MRUV, em que existe a interação da força gravitacional. • Estudamos também o movimento relativo a dois referenciais inerciais e apresentamos as equações que os relacionam. 41 AUTOATIVIDADE Chegando ao final de mais um tópico, para testar seus conhecimentos adquiridos, responda as seguintes atividades: 1 Uma pedra é lançada de uma catapulta em t =0, com uma velocidade inicial de módulo 20,0 m/s em um ângulo de 400 acima da horizontal. Quais são os módulos dos componentes: (a) horizontal (b) vertical do seu deslocamento em relação à catapulta em t = 1,10s? Repita para as componentes (c) horizontal e (d) vertical em t = 1,80 s e para as componentes (e) horizontal e (f) vertical em t = 5,00 s. 2 Um peixe, nadando em um plano horizontal, tem velocidade vi = (5,00i + 2,00j)m/s em um ponto no oceano em que o deslocamento em relação a uma certa pedra é r i = (9,0i – 3,00j)m. Após o peixe nadar com aceleração constante por 15,0s, sua velocidade é v = (16,0i - 4,00j)m/s. Quais são as componentes da aceleração? 3 Uma pedra é projetada sobre um rochedo íngreme de altura h com velocidade inicial de 40 m/s direcionada em um ângulo de 500 acima da horizontal. A pedra cai em um ponto A, 4,0 s após o lançamento. Encontre (a) a altura h do rochedo, (b) a velocidade da pedra imediatamente antes do impacto em A, e (c) a altura máxima H alcançada acima do chão. 4 De um elevador em movimento ascendente, de velocidade 3,66 m/s, abandona-se uma pedra que atinge o fundo do poço em 2,5s. A que altura estava o elevador no momento do abandono da pedra? Qual a velocidade da pedra no instante do choque com o solo. 5 De uma janela de um prédio, localizada a 20m acima do solo, arremessa- se verticalmente para cima, uma bola com velocidade de 10m/s. Sabendo- se que a aceleração da bola é constante e igual a 9,81m/s2, para baixo, escreva uma expressão para a velocidade v e para a elevação y da bola, relativamente ao solo, para qualquer instante t. Determinar o instante em que a bola atinge a elevação máxima e o seu valor em y correspondente. 42 43 TÓPICO 4 MOVIMENTO CIRCULAR E ROTAÇÃO UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO Movimento circular é aquele em que o móvel executa uma trajetória em círculo, podemos colocar a origem do nosso sistema coincidindo com o centro do círculo como na figura a seguir. A posição angular θ é dada pela relação entre o comprimento do arco d e o raio r . Assim, para a primeira posição, temos e, para a posição seguinte, . Uma revolução tem . Isso equivale a 2π radianos. O deslocamento angular é dado por . A velocidade tangencial v é proporcional à velocidade angular é dada pela expressão: v=r . FONTE: Autora 2 ACELERAÇÃO A aceleração possui uma componente da direção radial e uma componente na direção tangencial como ilustra a figura a seguir. FIGURA 21 – MOVIMENTO CIRCULAR 44 UNIDADE 1 | CINEMÁTICA FONTE: Autora A aceleração total é escrita em termos de seus vetores unitários como , em que at é a componente tangencial e ar a componente radial. No caso particular de um movimento circular uniforme, a aceleração tangencial é nula e, portanto, a velocidade escalar é constante em módulo, mas varia continuamente na direção tangente ao círculo. Consequentemente, existe apenas uma componente da aceleração na direção radial, que costumamos chamar de aceleração centrípeta por se dirigir ao centro da trajetória e seu módulo é dado por , em que v é a velocidade tangencial e r é o raio da circunferência. Deve-se levar em conta o fato da componente radial da aceleração depender do raio da trajetória circular nos projetos de estruturas e mecanismos como as asas de avião e as linhas férreas evitando-se variações repentinas na curvatura. 3 PERÍODO Podemos encontrar o tempo para executar uma volta completa, denominado período T , utilizando a definição de velocidade e lembrando que a distância percorrida numa volta completa é , em que r é o raio da circunferência, temos, . Isolando a velocidade em função do período, temos que Substituindo na aceleração radial ou centrípeta, encontramos que, FIGURA 22 – COMPONENTES TANGENCIAL E RADIAL DA ACELERAÇÃO TÓPICO 4 | MOVIMENTO CIRCULAR E ROTAÇÃO 45 A equação acima caracteriza um movimento circular uniforme. Em seguida, vamos apresentar um problema com aceleração centrípeta em uma estrada curva. 4 APLICAÇÕES Vamos ver algumas aplicações dos conceitos abordados até aqui na forma de exemplos práticos. Exemplo 1 – O carro esportivo Aston Martin V8 Vantage possui “aceleração lateral” de 0,96g, o que equivale a (0,96)(9,8m/s2)= 9,4 m/s2. Isso representa a aceleração centrípeta máxima sem que o carro deslize para fora de uma trajetória circular. Se o carro se desloca a uma velocidade constante de 40m/s (89mi/h ou cerca de 144km/h), qual é o raio mínimo da curva que ele pode aceitar? Solução: Exemplo 2 – Um trem se desloca numa curva de raio 1000m com uma velocidade de 162km/h O trem desacelera e após 5s a velocidade do trem reduziu para 108km/h. Determine a aceleração logo após os freios terem sido acionados. 46 UNIDADE 1 | CINEMÁTICA FONTE: Autora Solução: Para determinar a aceleração do trem precisamos encontraras suas duas componentes, uma na direção tangente a curva e a outra na direção radial (aceleração centrípeta). Veja a figura a seguir. FONTE: Autora Vamos converter os valores das velocidades para o sistema internacional, dividindo os valores em km/h por 3,6 e obtê-los em m/s. Assim, encontramos v0 = 45 m / s e v = 30 m / s. Substituindo esses valores na definição de aceleração média, encontramos a aceleração tangencial, Para encontrar a componente radial, utilizamos a definição de aceleração centrípeta, FIGURA 23 – TREM SE DESLOCANDO NUMA CURVA FIGURA 24 – A ACELERAÇÃO E SUAS COMPONENTES TÓPICO 4 | MOVIMENTO CIRCULAR E ROTAÇÃO 47 FONTE: Autora Com aceleração angular constante são válidas as expressões FIGURA 25 – DESLOCAMENTO DE UM PONTO MATERIAL PRESO A UM CORPO EM ROTAÇÃO COM ACELERAÇÃO ANGULAR CONSTANTE SOBRE UM EIXO FIXO O vetor aceleração, em termos dos vetores unitários se torna e o seu módulo, Para estudar o movimento circular de um ponto sobre um corpo rígido, em rotação ao redor de um eixo, considera-se o ângulo θ descrito ao redor do eixo de rotação num intervalo de tempo. Sobre o eixo podemos localizar o vetor velocidade angular ω e o vetor aceleração angular α, relacionados entre si como mostra a figura a seguir e as equações que seguem. Do mesmo modo que podemos encontrar a velocidade linear v(t) de uma partícula derivando a função das posições x(t), e derivando x(t), mais uma vez encontramos a aceleração a(t). Nós podemos derivar a expressão θ(t) para obter a velocidade com que o ângulo varia e a sua aceleração através da segunda derivada de θ(t). Uma notação bastante utilizada para derivada primeira é um ponto sobre o símbolo da grandeza e dois pontos para segunda derivada. 48 UNIDADE 1 | CINEMÁTICA Vamos ilustrar com o exemplo de um movimento considerando as direções r e θ. Exemplo 3 – O braço AO da figura a seguir possui 1m de comprimento e gira ao redor do ponto O, definido pela relação , em que é dado em radianos e t em segundos. O cursor C desliza ao longo do braço dado pela relação r = 1 – 0,15 t2 em relação ao ponto O, em que r é dado em metros e t em segundos. Determine a velocidade e a aceleração do cursor após o braço ter girado 400. FONTE: Autora Solução: Sabendo que 1800 = π • rad, encontramos que 10 = 0,01745rad. Assim, temos que 400 = 0,698rad. Substituindo na expressão para , temos, Tomando as expressões para e r substituímos t, assim de e temos, FIGURA 26 – BRAÇO ARTICULADO EM O TÓPICO 4 | MOVIMENTO CIRCULAR E ROTAÇÃO 49 FONTE: Autora A velocidade do cursor é dado em termos de e r, 5 ROTAÇÃO DE UM CORPO EXTENSO EM TORNO DE UM EIXO FIXO Os pontos materiais que formam o corpo em rotação estão se deslocando em planos formados por circunferências com centros sobre uma reta fixa denominada eixo de rotação. Observe a figura a seguir. FIGURA 27 – MOVIMENTO DO CURSOR E DIREÇÃO DOS VETORES UNITÁRIOS DAS DIREÇÕES e r A aceleração em termos de e r é dado por, Devemos observar que a aceleração em relação ao movimento retilíneo do cursor C ao longo do braço AO é , ou seja de A para O. 50 UNIDADE 1 | CINEMÁTICA A velocidade de rotação do eixo é denominada velocidade angular e está na direção do eixo. Podemos encontrar uma relação entre a velocidade escalar tangencial da partícula do corpo em movimento circular com a velocidade angular do eixo, escrevendo v = r , em que r é o raio da circunferência que dá a trajetória da partícula. FONTE: Autora FONTE: Autora Um corpo extenso em rotação, como o da figura anterior, possui velocidade angular e aceleração angular α na direção do eixo de rotação. Tomando um ponto material qualquer do corpo, encontramos que sua aceleração é composta por duas componentes: a1 na direção tangencial e an na direção normal, que podem ser escritas em termos da velocidade angular e da aceleração angular como segue: at = rα an = r 2 FIGURA 28 – CORPO EXTENSO EM ROTAÇÃO EM TORNO DE UM EIXO FIGURA 29 – CORPO EXTENSO EM ROTAÇÃO EM TORNO DO EIXO z COM VELOCIDADE ANGULAR E ACELERAÇÃO ANGULAR α. E COM COMPONENTES a 1 e a n DA ACELERAÇÃO DE UM PONTO MATERIAL DO CORPO TÓPICO 4 | MOVIMENTO CIRCULAR E ROTAÇÃO 51 Definindo as equações de movimento de um corpo extenso em rotação em relação à coordenada em função da variável temporal, encontramos = 0+ • t, para o movimento de rotação uniforme com α = 0, e FONTE: Autora Solução: (a) Como o cabo é inextensível, a velocidade do ponto C é igual à do ponto B e a componente tangencial da aceleração no ponto C é igual à aceleração do ponto B. Assim, encontramos que e o raio é 0,07m. Podemos determinar a aceleração angular e a velocidade angular inicial: FIGURA 30 – POLIA COM PESO para o movimento de rotação uniformemente acelerado, com α = cte , ou seja, aceleração angular constante. Exemplo 4 – Um peso A está ligado a uma polia dupla pelo cabo inextensível mostrado na figura a seguir. O movimento da polia é controlado pelo cabo B, que possui aceleração constante de 0,316m / s2 e uma velocidade inicial de 0,332m / s, ambas para a direita. Determinar: (a) o número de revoluções executadas pela polia em 3s, (b) a velocidade e a variação da posição do peso A depois de 3s e (c) a aceleração do ponto C na periferia da polia interna, no instante inicial. 52 UNIDADE 1 | CINEMÁTICA Utilizando, agora, as equações de movimento com t = 3s , obtemos: Cada revolução tem uma coordenada angular de 2 . π . rad, portanto, o número total de revoluções é a relação entre a coordenada angular e 2 . π . rad. Assim: FONTE: Autora (c) Podemos encontrar a componente normal da aceleração no ponto C, utilizando a relação: FIGURA 31 – AS COMPONENTES DA ACELERAÇÃO DE UM PONTO DA POLIA, E GRANDEZAS LINEARES DO CORPO A (b) Utilizando as relações entre os movimentos angular e linear, com r = 0,12 m, encontramos a velocidade e o deslocamento do corpo A: TÓPICO 4 | MOVIMENTO CIRCULAR E ROTAÇÃO 53 FONTE: Autora Encontramos, neste tópico, as relações entre as grandezas para os móveis em movimento circular e o movimento de rotação de corpos extensos, encerrando nossa discussão sobre cinemática. Na próxima Unidade, entramos no estudo da Dinâmica e veremos algumas aplicações das leis de Newton. Antes, porém, vamos relembrar alguns conceitos que foram abordadas no Caderno da disciplina de Física Geral. Logo em seguida, iniciamos o estudo da dinâmica e, por último, na Unidade 3, abordamos a Estática e suas aplicações na Engenharia. Agora, utilizando a componente tangencial juntamente com esse resultado, encontramos: , cuja direção é dada por: ANÁLISE DO MOVIMENTO PLANO EM FUNÇÃO DE UM PARÂMETRO Ferdinand Pierre Beer No caso de certos mecanismos, é possível exprimir as coordenadas x e y de todos os seus pontos principais através de expressões analíticas simples contendo um único parâmetro. Pode tornar-se vantajoso, neste caso, determinar diretamente a velocidade e a aceleração absolutas de diversos pontos do FIGURA 32 – ACELERAÇÃO E SUAS COMPONENTES LEITURA COMPLEMENTAR 54 UNIDADE 1 | CINEMÁTICA mecanismo, uma vez que suas componentes podem ser obtidas derivando-se as coordenadas x e y desses pontos. Considerando-se a barra AB, cujas extremidades deslizam nas guias horizontal e vertical (Figura acima), as coordenadas xA e xB das extremidades da barra podem ser expressas em função do ângulo formado pela barra com a vertical Derivando as equações (1) duas vezes em relação a t, obtemos: Lembrando que , obtemos: Observamos que um valor positivo de vA ou aA indica que a velocidade ou a aceleração está dirigida para a direita, e um valor positivo de vB ou aB indica que ou está dirigida para cima.As equações (4) podem ser usadas, por exemplo, para determinar vB e , quando vA e são conhecidas. Substituindo o valor de na (5), podemos determinar aB e α se aA for conhecido. FONTE: BEER, Ferdinand Pierre. Mecânica vetorial para engenheiros. 5 ed. São Paulo: Makron Books, 1994, p. 447-448. Na próxima Unidade, entramos no estudo da Dinâmica e veremos algumas aplicações das leis de Newton. Antes, porém, vamos relembrar alguns conceitos que foram abordadas no Caderno da disciplina de Física Geral. Logo em seguida, iniciaremos o estudo da Estática. UNI 55 RESUMO DO TÓPICO 4 Neste tópico, você teve oportunidade de estudar importantes assuntos de Física, cujo resumo apresentamos a seguir: • O movimento circular da partícula e seu deslocamento angular. • Que a aceleração é composta pelas componentes na direção tangencial e radial. • Encontramos o período como sendo o tempo necessário para uma volta completa. • Mostramos algumas aplicações práticas dos conceitos apresentados. • Estudamos as equações que regem o movimento de rotação de um corpo extenso, segundo suas principais grandezas. 56 AUTOATIVIDADE Para exercitar os conhecimentos adquiridos, resolva as questões a seguir: 1 Um ciclista, correndo a 10m/s, contorna uma curva com um raio de 25m. Qual é o módulo da sua aceleração? 2 Um bloquinho A repousa sobre uma placa horizontal que gira em torno de um eixo fixo em O. A placa parte do repouso em t = 0 e acelera à razão constante de 0,5 rad/s2. Sabendo que r = 0,2m, determine o módulo da aceleração total do bloco, quando (a) t = 0, (b) t = 1s e (c) t = 2s. Situação apresentada na figura a seguir. FONTE: Autora 3 Uma fita de computador move-se entre dois tambores. Durante um intervalo de 3s , a velocidade da fita aumenta uniformemente de v0 = 0,620m / s a v1 = 1,54m / s. Sabendo que a fita não escorrega nos tambores, determine (a) a aceleração angular do tambor B e (b) a número de revoluções executadas pelo tambor B durante esse intervalo de tempo. FONTE: Autora FIGURA 33 – PLACA GIRATÓRIA FIGURA 34 – FITA DE COMPUTADOR 57 4 Calcule o valor mínimo do raio de uma curva, se a componente normal da aceleração de um carro a 26,8 m/s não puder exceder 0,762m/s2? 5 Um jogador de golfe lança uma bola a partir da origem com uma velocidade inicial de 50 m/s e um ângulo de 25 graus com a horizontal. Determine o raio de curvatura da trajetória descrita pela bola no ponto mais alto da trajetória. R. 209,3 m. 6 Para testar seu desempenho, um carro é dirigido ao redor de uma pista circular de teste de diâmetro d. Determine o valor de d quando a velocidade escalar do carro for de 72km/h, e seu componente normal da aceleração for de 3,2 m/s2. Determine a velocidade escalar do carro. 58 59 UNIDADE 2 DINÂMICA OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir do estudo desta Unidade, você estará apto a: • relembrar os conceitos de massa e força; • definir quantidade de movimento e momento angular; • conceituar força a partir da quantidade de movimento e lembrar algumas forças especiais; • estudar sistemas de forças, momentos e binários; • analisar a dinâmica do corpo rígido através de suas equações de movimento; • analisar o movimento do OHS (oscilador harmônico simples). Esta Unidade está dividida em quatro tópicos, sendo que em cada um deles, você encontrará atividades que lhe ajudarão a fixar os conheci- mentos adquiridos. TÓPICO 1 – DINÂMICA TÓPICO 2 – SISTEMAS DE FORÇAS, MOMENTOS E BINÁRIOS TÓPICO 3 – DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO E EQUAÇÕES DE MOVI- MENTO TÓPICO 4 – VIBRAÇÕES MECÂNICAS 60 61 TÓPICO 1 DINÂMICA UNIDADE 2 1 INTRODUÇÃO Na unidade anterior, começamos a estudar como os corpos se movimentam. Preocupamo-nos apenas em descrever o movimento sem incluir a sua causa. Podemos, no entanto, ir mais além. Sabemos que se liberarmos um corpo de certa altura da superfície da Terra ele cai, e que essa queda é devida à força gravitacional, por que, então, o satélite permanece na órbita sem cair sobre a Terra? Na verdade, tudo depende da sua velocidade que deve levar a força centrípeta tal que equilibre a força gravitacional e torne a aceleração na direção radial nula. O que é preciso fazer para parar um trem? Por que as rodas dos pneus se desgastam? Como é possível garantir segurança na construção de brinquedos de um parque de diversões? O que significa ser capaz de compensar uma força ou suplantá-la? Para responder essas e outras perguntas precisamos definir algumas grandezas físicas como massa, força, quantidade de movimento e momento angular. 2 MASSA Grandeza escalar m associada à quantidade de matéria de um corpo extenso ou ponto material de tal maneira que, quanto maior a massa de um corpo, maior a sua inércia. Quando pesamos os corpos na Terra e os levamos para a Lua percebemos que eles são mais leves na Lua. Isso acontece porque a força atrativa da Lua é menor do que a da Terra. Ou seja, a atração da Terra é maior porque possui uma quantidade maior de massa. Outra coisa interessante é o fato de que corpos com massas diferentes caem com a mesma aceleração em queda livre. Acredita-se que Galileu comprovou isso experimentalmente quando jogou duas pedras, de pesos diferentes, do alto da torre Pisa e elas caíram aproximadamente juntas, contrariando completamente o que se pensava na época. Isso vem do fato de que a força aumenta na mesma proporção de aumento da massa. Ou seja, se a massa é maior a força sobre ela também é maior, UNIDADE 2 | DINÂMICA 62 Fornecendo assim uma aceleração constante no caso da interação gravitacional. Pense no seguinte, quando tomamos uma pedra maior solicitamos mais força para erguê-la, isso ocorre porque a força atrativa entre as duas massas (a pedra e a Terra) também é maior. A força que temos que fazer para pegar uma pedra maior é a mesma força que a Terra tem que fazer para atrair a pedra para ela. Galileu conseguiu mostrar que todos os corpos em queda livre (livre de forças opostas a queda) caem com a mesma aceleração, Na equação acima podemos observar que a massa é a razão entre a força gravitacional Fg e a aceleração da gravidade g, que na Terra (nível do mar) vale g = 9,81m/s2. A força de atração gravitacional é diretamente proporcional ao produto das massas e inversamente proporcional ao quadrado da distância entre elas, sendo que o fator de proporcionalidade é a constante gravitacional G = 6,6724x10- 11N.m2/kg2. Assim, para as massas M e m separadas pela distância r, temos 3 MOMENTO LINEAR OU QUANTIDADE DE MOVIMENTO Imagine dois corpos vindo em sua direção, ambos com uma velocidade de 3 m/s. Um dos corpos é uma bola de tênis e o outro é um caminhão. Se você tivesse que escolher qual deles colidiria com você, certamente, a resposta seria a bola de tênis. Você tem uma definição intuitiva sobre qual deles tem a maior quantidade de movimento. A Grandeza Vetorial, que mede a quantidade de movimento de cada um desses corpos, é denominada momento linear e é dada pela expressão , em que m é a massa e a velocidade com a qual o corpo está se movendo. A unidade do momento linear no SI é o kg.m/s. Em um sistema isolado e fechado, quando a força resultante sobre o sistema é nula, a quantidade de movimento se conserva e é dada pela expressão , ou seja, a quantidade de movimento antes é igual à quantidade de movimento depois. Imagine dois corpos vindo em sua direção, ambos com uma velocidade de 3 m/s. Um dos corpos é uma bola de tênis e o outro é um caminhão. Se você TÓPICO 1 | DINÂMICA 63 tivesse que escolher qual deles colidiria com você, certamente, a resposta seria a bola de tênis. Você tem uma definição intuitiva sobre qual deles tem a maior quantidade de movimento. A Grandeza Vetorial,que mede a quantidade de movimento de cada um desses corpos, é denominada momento linear e é dada pela expressão , em que m é a massa e a velocidade com a qual o corpo está se movendo. A unidade do momento linear no SI é o kg.m/s. Em um sistema isolado e fechado, quando a força resultante sobre o sistema é nula, a quantidade de movimento se conserva e é dada pela expressão , ou seja, a quantidade de movimento antes é igual à quantidade de movimento depois. Exemplo 1 – Uma caixa com massa m = 6,0kg desliza com velocidade v = 4,0m / s em um piso sem atrito no sentido positivo de um eixo x. Repentinamente, ela explode em dois pedaços. Um pedaço de massa m1 = 2,0kg se desloca no sentido positivo do eixo x com velocidade v1 = 8,0m / s. Qual a velocidade v2 do segundo pedaço de massa m2 ? Solução: utilizando o princípio de conservação temos: Onde: O m2 = 6,0 - 2,0 = 4,0kg. Exemplo 2 – Um satélite artificial está em órbita circular de 1440 km sobre a superfície de Vênus. O peso do satélite foi determinado como sendo 1800N antes de ser lançado da Terra. Determine a intensidade da quantidade de movimento linear do satélite sabendo que sua velocidade escalar orbital é de 13,2x103 km/h. Solução: Da tabela 2 da Unidade 1, tomamos o fator de conversão para as velocidades, 1 km/h = 0,2778 m/s, e encontramos a massa pela equação na seção 2, UNIDADE 2 | DINÂMICA 64 Sendo que a aceleração da gravidade na Terra vale 9,81m/s. A quantidade de movimento pode ser determinada como segue, Vamos supor um corpo como, por exemplo, uma placa rígida em movimento plano. Olhe para a figura a seguir. A placa é constituída por n pontos materiais Pi de massas e o momento angular L da placa em relação ao seu centro de massa G pode ser calculado tomando-se os momentos em relação a G das quantidades de movimento dos pontos materiais em relação ao referencial Gxy. Assim, , onde é o vetor posição e é a quantidade de movimento do ponto Pi em relação ao referencial. 4 MOMENTO ANGULAR FONTE: Autora Podemos escrever a expressão acima em termos de suas grandezas angulares, lembrando que , uma vez que o ponto considerado executa um movimento de rotação ao redor do referencial considerado, de modo que a expressão citada se torna, , onde é o momento de inércia e a velocidade angular. As deduções demonstradas aqui são válidas para todos os corpos simétricos. Calculando a derivada do momento angular, temos um vetor na direção e sentido da aceleração angular , ou seja, perpendicular à placa . FIGURA 35 – PLACA EM MOVIMENTO NO PLANO xy TÓPICO 1 | DINÂMICA 65 Quando uma partícula se move sobre a ação de uma única força dirigida para um ponto fixo (ponto central), dizemos que a partícula está sob a ação de uma força central e o seu momento angular L0 se conserva, Onde φ é o ângulo entre o raio (distância do ponto central até a partícula) e a velocidade linear da partícula. Olhe a figura a seguir, o ponto de origem dos componentes da velocidade, onde a partícula se encontra, está a uma distância r do ponto central. O ângulo φ é o ângulo entre o vetor r e o vetor velocidade v tangente à curva. O ângulo θ é o ângulo entre a linha horizontal e a linha que contém r. FONTE: Autora No movimento orbital dos planetas e satélites, a força central F é a atração gravitacional, FIGURA 36 – UMA PARTÍCULA SE DESLOCANDO COM VELOCIDADE v SOBRE A CURVA A UMA DISTÂNCIA R ATÉ O CENTRO DE FORÇA Quando a órbita é circular, devemos lembrar que a aceleração dirigida para o centro é a aceleração radial (centrípeta) que pode ser calculada através da velocidade tangente à órbita, Da equação apresentada na seção 2, quando definimos a massa, podemos escrever que UNIDADE 2 | DINÂMICA 66 E igualar as duas expressões para a força, FONTE: Autora FIGURA 37 – SATÉLITE EM ÓRBITA SE APROXIMANDO DA ALTITUDE MÁXIMA NO PONTO “A” (MAIS AFASTADO DA TERRA). NO PONTO “A” O Ângulo φ ENTRE A DISTÂNCIA DO CENTRO DA TERRA E A VELOCIDADE TANGENTE A TRAJETÓRIA É IGUAL A 900 Nas órbitas elípticas, o raio e a velocidade são perpendiculares entre si (sen900 = 1) em dois pontos, o mais afastado A e o mais próximo P ao centro de força. Assim, podemos escrever, Exemplo3: Um satélite é lançado em uma direção paralela à superfície da Terra com uma velocidade de 30112 km/h de uma altitude de 384 km. Determine a velocidade do satélite quando ele atinge sua altitude máxima de 3774 km. Recorde-se que o raio da terra é de 6370 km. (BEER; JOHNSTON JR, 2006). Solução: A situação está ilustrada na figura a seguir. Como o satélite está se movendo sob a ação de uma força central dirigira para o centro da Terra, seu momento angular é constante, temos TÓPICO 1 | DINÂMICA 67 5 FORÇA A Grandeza Vetorial , que associa a interação entre os corpos ou partículas e se caracteriza pelo seu ponto de aplicação, intensidade, direção e sentido. A força é dada pela taxa de variação do momento linear, assim escrevemos, FONTE: Autora Num sistema com “n” forças atuando, pode-se encontrar um sistema equivalente com uma única força que é a soma de todas as forças. Tal força é denominada força resultante, FIGURA 38 – TRAJETÓRIA (FORÇAS APLICADAS EM DIFERENTES CORPOS E DIFERENTES PONTOS) onde m é a massa em kg e a é a aceleração em m/s2. Observe na figura a seguir algumas forças sendo aplicadas em diferentes corpos e diferentes pontos de aplicação. UNIDADE 2 | DINÂMICA 68 6 FORÇAS ESPECIAIS Em muitos dos nossos problemas encontramos envolvidas sempre as mesmas forças que estão presentes na natureza e obrigatoriamente precisam ser consideradas. Embora o acadêmico já tenha trabalhado com elas exaustivamente na disciplina de Física Geral, vale a pena lembrar, aqui, suas definições, uma vez que serão amplamente utilizadas na disciplina de Mecânica. 6.1 FORÇA GRAVITACIONAL Vamos localizar o nosso sistema referencial no solo, sobre a superfície da Terra. Embora a Terra esteja em movimento, nós o desconsideramos e dizemos que o sistema de referência se encontra em repouso. Vamos desprezar também a resistência do ar, de modo que um objeto largado próximo à superfície da Terra executa um movimento de queda livre, sujeito apenas à aceleração da gravidade , como o da figura a seguir. FONTE: Autora Pelo princípio fundamental, ou segunda lei de Newton, temos que a força é proporcional à aceleração através da seguinte expressão . Substituindo a aceleração pela aceleração da gravidade , levando em conta o fato desta aceleração apontar no sentido decrescente do eixo y, encontramos que em notação de vetor unitário, ou simplesmente na forma vetorial . FIGURA 39 – CORPO EM QUEDA LIVRE PRÓXIMO À SUPERFÍCIE DA TERRA TÓPICO 1 | DINÂMICA 69 Mas esta força continua atuando mesmo que o corpo esteja parado em algum ponto próximo da superfície, de modo que deve haver uma força equilibrando a força gravitacional para que a resultante seja nula. Assim, utilizando o princípio de inércia ou primeira lei de Newton, temos: FR = 0 P – Fg = 0 P = Fg Portanto, podemos afirmar que o módulo da força peso P sempre é igual ao módulo da força gravitacional Fg. 6.2 FORÇA NORMAL Quando um corpo como o da figura a seguir se encontra apoiado sobre uma superfície, ele pressiona esta superfície, deformando-a. Esta deformação não pode ser percebida em corpos rígidos, mas, mesmo assim, ela continua existindo. Ao mesmo tempo, a superfície deformada empurra o corpo de volta com uma força normal N, perpendicular ao apoio. FONTE: Autora Utilizando o princípio fundamental e aplicando o princípio de inércia na direção vertical y, encontramos que: FIGURA 40 – BLOCO APOIADO SOBRE UMA MESA Substituindo Fg pela sua definição e rearranjando os termos da equação, temos: UNIDADE2 | DINÂMICA 70 Ou seja, o módulo da força normal N (da mesa sobre o corpo) é igual ao módulo da força gravitacional Fg (do corpo sobre a mesa). Observe se a mesa estiver dentro de um elevador e este estiver subindo aceleradamente N = m(g + a) pois Fr = ma e não Fr = 0. Se o elevador estiver descendo aceleradamente N = m(g - a). 6.3 FORÇA DE TRAÇÃO A força de tração T está associada a corpos puxados por cordas, como é o caso da pedra na extremidade da corda na figura a seguir. Quando a corda está sob tensão, cada extremidade sente um puxão que se estende ao longo da corda. A força com que o homem segura a corda é, em módulo, a mesma que segura a pedra. FONTE: Disponível em: <http://www.puc-rio.br/vestibular/ repositorio/provas/2002/fisi_d1.html>. Acesso em: 30 jul. 2008 Exemplo 4 – A extremidade de um pêndulo de 2 m de comprimento descreve um arco de circunferência em um plano vertical. Se a tração da corda é 2,5 vezes o peso do pêndulo para a posição mostrada, encontre a velocidade e a aceleração do pêndulo nessa posição. (BEER; JOHNSTON JR, 2006). FONTE: Autora FIGURA 41 – PEDRA PUXADA POR MEIO DE UMA CORDA FIGURA 42 – PÊNDULA NA EXTREMIDADE DA CORDA TÓPICO 1 | DINÂMICA 71 6.4 FORÇA DE ATRITO Você já notou que, quando tenta mudar um móvel de lugar, o esforço que tem que fazer para iniciar o movimento é bem maior do que para mantê-lo? Isso se deve às forças de coesão entre as moléculas do móvel e da superfície de apoio que permanecem ligadas microscopicamente por uma espécie de soldagem a frio. Uma vez rompida essa soldagem, o corpo desliza com mais facilidade sobre a superfície de apoio. Todos os corpos possuem asperezas em maior ou menor grau, que são responsáveis por uma força de resistência contrária ao movimento. Essa força que aparece quando um corpo é arrastado sobre outro é chamada de força de atrito FA . Podemos definir o atrito como sendo a resistência de contato exercida por um corpo sobre o outro quando este se move ou tende a se mover com Solução: O peso do pêndulo é mg; a tração na corda é, portanto, 2,5mg. Recordando que an é dirigido para o centro e at como mostrado na figura anterior, podemos escrever, FONTE: Autora Observação Importante: Na demonstração do exemplo, nos baseamos no fato de que o vetor mg pode ser decomposto em seus componentes ortogonais através das relações trigonométricas do triângulo retângulo. FIGURA 43 – COMPONENTES DAS FORÇAS E DAS ACELERAÇÕES UNIDADE 2 | DINÂMICA 72 relação ao outro. Nas máquinas, o atrito pode tanto ser uma vantagem quanto uma desvantagem, ele é essencial para vários dispositivos em que há ligação ou fixação, já quando provoca o desgaste ou perda de potência o atrito é indesejável. A força de atrito pode ser de duas espécies: a força de atrito estática FAB , que ocorre quando empurramos um corpo sobre uma superfície sem que este se mova e a força de atrito dinâmica FAD , que ocorre quando o corpo já se encontra em movimento. Essas forças são diretamente proporcionais à compressão sofrida pela superfície representada pela força normal N e ao seu grau de aspereza representado pelo coeficiente de atrito estático e dinâmico, e . Assim, podemos escrever as seguintes expressões para a força de atrito estática e a força de atrito dinâmica, respectivamente: Nos projetos de engenharia, procura-se utilizar materiais com pequeno coeficiente de atrito para minimizar o desgaste e melhorar a eficiência das engrenagens, evitando boa parte da perda do rendimento nas máquinas. Exemplo 5 – Um caminhão transporta um bloco de ferro de 3,0 t , trafegando horizontalmente e em linha reta, com velocidade constante. O motorista vê o sinal ficar vermelho e aciona os freios, aplicando uma desaceleração constante de valor 3,0 m/s2. O bloco não escorrega. O coeficiente de atrito estático entre o bloco e a carroceria é 0,40. Adote g = 9,8 m/s2. a) Qual a intensidade da força de atrito que a carroceria aplica sobre o bloco, durante a desaceleração? b) Qual a máxima desaceleração que o caminhão pode ter para o bloco não escorregar? (1 tonelada = 1000 kg) . a) Utilizando o princípio fundamental da dinâmica, encontramos: b) A máxima aceleração pode ser encontrada calculando-se a força de atrito estático máxima: Aplicando esse resultado no princípio fundamental encontramos: TÓPICO 1 | DINÂMICA 73 Ou podemos resolver o problema independente da massa, da maneira que segue, FONTE: Autora Solução: O carro percorre uma trajetória horizontal de raio r. A componente normal da aceleração é dirigida para o centro da trajetória. O peso do carro é mg. Como nenhuma força de atrito lateral deve ser exercida sobre o carro, a reação N da estrada é mostrada perpendicularmente à estrada, FIGURA 44 – CARRO NUM DECLIVE Exemplo 6 – Determine a velocidade de segurança calculada para uma curva de rodovia de raio 120 m, inclinada de um ângulo de 180. A velocidade de segurança calculada de uma curva com declive de uma rodovia é a velocidade escalar na qual um carro deve trafegar sem que nenhuma força de atrito lateral seja exercida em suas rodas. (BEER; JOHNSTON JR, 2006). UNIDADE 2 | DINÂMICA 74 6.5 FORÇA ELÁSTICA Observando-se o comportamento mecânico de uma mola, descobriu-se que as deformações elásticas obedecem a uma lei muito simples. Verificou-se que, quanto maior o peso de um corpo suspenso a uma das extremidades de uma mola (cuja outra extremidade está fixa no suporte), maior é a deformação sofrida pela mola. Analisando outros sistemas elásticos, o físico inglês R. Hooke verificou que existe sempre uma proporcionalidade entre a força de restituição e a deformação elástica produzida. Com base nessas observações, encontramos uma lei geral conhecida como a lei de Hooke para essa força de restituição: . O fator k, que é característico da mola considerada, é denominado constante da mola. 75 RESUMO DO TÓPICO 1 Neste tópico, você teve oportunidade de estudar importantes aspectos da Física, conforme resumo que é apresentado a seguir: • Definimos quantidade de movimento como sendo o produto da massa com a velocidade do corpo. • Definimos também o momento angular L de um corpo em relação ao seu centro de massa G. • Deduzimos uma equação para a força, a partir da taxa de variação do momento linear. • Relembramos algumas forças especiais já estudadas na disciplina de Física Geral. 76 AUTOATIVIDADE Para melhor entendimento do estudo deste tópico, procure resolver as questões a seguir: 1 Um bloco com massa m = 8,0kg desliza com velocidade v = 4,0m/s em um piso sem atrito, no sentido positivo de um eixo x. Repentinamente, ele se parte em dois pedaços. Um pedaço, de massa m1 = 2,0kg, se desloca no sentido positivo do eixo x com velocidade v1 = 8,0m/s. Qual a velocidade do segundo pedaço, de massa m2? 2 Duas forças horizontais atuam sobre um corpo de 2,0kg que pode deslizar sobre uma superfície sem atrito, que está posicionado no plano xy. Uma força é . Encontre a aceleração do corpo na notação vetor unitário quando a outra força for . 3 Sobre as forças de atrito, é incorreto afirmar: a) ( ) A força de atrito cinético sempre será menor que o atrito estático. b) ( ) A força de atrito estático varia para anular a resultante das forças em um corpo, tendo como limite máximo o valor quando esta força for igual a “µestático.N”. c) ( ) A força de atrito cinético é constante para qualquer força aplicada quando há movimento relativo entre os corpos. d) ( ) Para aplicações de engenharia sempre se deseja materiais com menores coeficientes de atrito, para melhorar eficiência de engrenagens e reduzir desgastes, responsáveis por boa parte da perda de rendimento em máquinas. Não há aplicação em engenharia de materiais com elevado atrito. 4 Um bloco de 80km repousasobre um plano horizontal. Obtenha a intensidade da força R capaz de comunicar ao bloco uma aceleração de 2,5 m/s2 para a direita. O coeficiente de atrito entre o bloco e o plano é µ = 0,25. 5 Consideremos uma corda elástica, cuja constante vale 10 N/cm. As deformações da corda são elásticas até uma força de tração de intensidade 300N e o máximo esforço que ela pode suportar, sem romper-se, é de 500N. Se amarramos um dos extremos da corda em uma árvore e puxarmos o outro extremo com uma força de intensidade 300N, a deformação será de 30cm. Se substituirmos a árvore por um segundo indivíduo que puxe a corda também com uma força de intensidade 300N, podemos afirmar que: a) a força de tração será nula; b) a força de tração terá intensidade 300N e a deformação será a mesma do caso da árvore; c) a força de tração terá intensidade 600N e a deformação será o dobro do caso da árvore; 77 d) a corda se romperá, pois a intensidade de tração será maior que 500N; e) n. d. a. 6 a) Calcule a aceleração adquirida pelo pêndulo na direção tangente à trajetória, sabendo que a massa da esfera é de 0,5 kg e o ângulo formado com a vertical é de 300. b) Supondo que a resultante de forças é nula na direção que une a esfera ao ponto onde a corda está fixada, calcule a tração na corda. FONTE: Autora 7 O valor da aceleração da gravidade em qualquer latitude φ é dado por g = 9,7087(1+0,0053sen2φ)m/s2, onde o efeito da rotação da Terra e também o fato de que a Terra não é esférica foram levados em conta. Sabendo que a massa de uma barra de ouro foi oficialmente definida como 2 kg, determine até 4 casas significativas sua massa em quilogramas e seu peso em newtons a uma altitude de (a) 00, b) 450 e c) 600. (BEER; JOHNSTON JR, 2006). 8 A massa de 6 kg abaixo é submetida a duas forças F de 80 N formando um ângulo θ de 300-com o eixo vertical. Calcule a aceleração do corpo na direção vertical. FONTE: Autora FIGURA 45 – PÊNDULO SIMPLES FIGURA 46 – CORPO SUBMETIDO A DUAS FORÇAS APLICADAS 78 79 TÓPICO 2 SISTEMAS DE FORÇAS, MOMENTOS E BINÁRIOS UNIDADE 2 1 INTRODUÇÃO Até agora tratamos o corpo como uma partícula, tal aproximação nem sempre é possível, muitas vezes precisamos ter em mente que o corpo, na verdade, é uma combinação de um grande número de partículas. Muitas vezes é importante considerar as dimensões do corpo e apontar as forças que atuam em diferentes pontos de aplicação. Para o nosso estudo, vamos empregar apenas os corpos que não se deformam, conhecidos como corpos rígidos. Vamos mostrar, nesse tópico, que sempre podemos encontrar um sistema equivalente de forças que representa todas as forças atuantes no corpo. Veremos também o momento de uma força em relação a um ponto e em relação a um eixo, associados ao efeito de uma força sobre um corpo rígido. Veremos também o conceito de binário associado a duas forças de mesma intensidade, sentidos opostos e que atuam em linhas de ação paralelas. 2 FORÇAS EXTERNAS E INTERNAS As forças podem ser classificadas em dois tipos, forças externas e forças internas. As forças externas atuam externamente no corpo e podem ser classificadas em forças de ação que podem atuar em qualquer ponto do corpo como, por exemplo, uma carga sobre uma viga, e as forças de reação que surgem em determinados pontos do corpo como, por exemplo, os apoios. A reação é consequência de uma ação e não pode ser calculada independentemente. As forças internas são as solicitações que o corpo rígido sofre e são responsáveis por manterem todos os pontos materiais do corpo unidos. UNIDADE 2 | DINÂMICA 80 3 MOMENTO DE UMA FORÇA O produto vetorial de uma força com o vetor posição perpendicular do ponto de aplicação da força em relação a um ponto O, denominado polo, é chamado de momento polar M, sendo esta grandeza um vetor com módulo, direção e sentido. Observe a figura a seguir. O vetor momento provoca um giro com determinado sentido em relação ao polo considerado. Possui direção perpendicular ao plano formado pela força e pelo vetor posição perpendicular . FONTE: Autora Pode-se representar o sentido do momento no plano através de uma convenção de sinais adotando + ou – de acordo com a nossa escolha. Veja sugestão na figura a seguir. FONTE: Autora A unidade do momento é o Newton metros (Nm). 4 SISTEMAS EQUIVALENTES DE FORÇAS Chamamos de sistema de forças o conjunto de forças que atuam simultaneamente sobre um corpo. Sistema equivalente é o sistema de forças que obedece ao princípio de transmissibilidade. Este princípio estabelece que o movimento de um corpo rígido permanece inalterado se uma força que atua FIGURA 47 – MOMENTO DE UMA FORÇA FIGURA 48 – SENTIDOS: POSITIVO E NEGATIVO DO MOMENTO TÓPICO 2 | SISTEMAS DE FORÇAS, MOMENTOS E BINÁRIOS 81 sobre um dado ponto for substituída por uma força de mesmo módulo, direção e sentido que atua em outro ponto do corpo, desde que esteja situada na mesma linha de ação. Observe a figura a seguir. Tais forças são denominadas equivalentes, pois produzem o mesmo efeito sobre o corpo. FONTE: Autora 5 BINÁRIO Quando um sistema é composto por duas forças paralelas de módulos iguais, mas sentidos opostos, a resultante de forças é nula, mas existe um momento polar resultante de módulo igual ao produto da força pela distância entre as duas direções paralelas. Tal sistema é denominado binário. Veja figura a seguir. FONTE: Autora Dizemos que dois binários são equivalentes quando possuem o mesmo momento polar resultante. Veja figura a seguir. FONTE: Autora FIGURA 49 – PRINCÍPIO DE TRANSMISSIBILIDADE FIGURA 50 – BINÁRIO FIGURA 51 – EQUIVALÊNCIA DE BINÁRIOS UNIDADE 2 | DINÂMICA 82 Observe na figura anterior que os dois binários possuem o mesmo momento polar resultante: 6 PRINCÍPIO DE D´ALEMBERT O princípio de d´Alembert afirma que as ações e as reações internas de um corpo rígido em movimento estão em equilíbrio. Isso significa que as forças externas que atuam no corpo são equivalentes às forças efetivas sobre os vários pontos materiais que formam o corpo rígido. Podemos representar esse resultado através de um vetor resultante , com origem no centro de massa G, e um momento binário M, como podemos visualizar na figura a seguir. FONTE: Autora 7 REDUÇÃO DE UM SISTEMA DE FORÇAS A UM PONTO Sempre podemos reduzir um sistema de forças qualquer a um sistema formado por uma resultante e um momento polar resultante em um ponto escolhido arbitrariamente. FONTE: Autora FIGURA 52 – PRINCÍPIO DE D´ALEMBERT FIGURA 53 – SISTEMA DE FORÇAS TÓPICO 2 | SISTEMAS DE FORÇAS, MOMENTOS E BINÁRIOS 83 Vamos reduzir o sistema de forças, da figura a seguir, no ponto A. Para tanto, encontramos a resultante somando todas as forças que atuam no sistema FONTE: Autora Exemplo 1 – Encontrar o momento resultante no ponto P da figura a seguir. Solução: Precisamos das distâncias perpendiculares do ponto onde a força é aplicada até o ponto P. Assim, FIGURA 54 – REDUÇÃO DE SISTEMA DE FORÇAS A UM PONTO FONTE: A autora FIGURA 55 – FORÇA DE 520 N APLICADA EM “A”. TRIÂNGULO RETÂNGULO E SUAS RELAÇÕES TRIGONOMÉTRICAS Agora, encontramos o momento resultante Procedemos, agora, da mesma maneira em relação ao ponto B O resultado é o sistema ilustrado na figura a seguir. 2 2 2 tan cos hip cat cat catopx catad catopsen x hip catadx hip = + = = = 2 2 2 tan cos hip cat cat catopx catad catopsen x hip catadx hip = + = = = 2 2 2 tan cos hip cat cat catopx catad catopsen x hip catadx hip = + = = = 2 2 2 tan cos hip cat cat catopx catad catopsen x hip catadx hip = + = = =UNIDADE 2 | DINÂMICA 84 Encontramos as coordenadas x e y do ponto P a origem no ponto 0. Agora, precisamos dos componentes ortogonais da força, para determiná- los encontramos a direção do vetor de 520 N, Os componentes ortogonais da força Inserindo esses resultados na expressão para o momento resultante, temos Onde as flechas indicam ↓ sentido horário (-) e ↑ sentido anti-horário (+). Exemplo 2 – Encontrar a distância d, na figura a seguir para que o momento resultante, em relação a qualquer ponto seja de 330Nm no sentido anti-horário. FONTE: A autora FIGURA 56 – EXERCÍCIO ENCONTRADO NOS LIVROS DAS REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS TÓPICO 2 | SISTEMAS DE FORÇAS, MOMENTOS E BINÁRIOS 85 Solução: Podemos escrever diretamente na expressão para soma de binários, FONTE: A autora Solução: FIGURA 57 – EXERCÍCIO ENCONTRADO NOS LIVROS DAS REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Exemplo 3 – Determine a intensidade de F, na figura a seguir, de modo que o momento de binário resultante seja de 450 lb.pés no sentido anti-horário. Em que local o momento de binário atua? O momento de binário resultante pode atuar em qualquer ponto. Exemplo 4 – Determine o momento de binário da figura a seguir. Expresse o resultado como um vetor cartesiano. UNIDADE 2 | DINÂMICA 86 FONTE: A autora Solução: O vetor distância do vetor – F até o vetor F é Encontrando o produto vetorial entre os dois FIGURA 58 – EXERCÍCIO ENCONTRADO NOS LIVROS DAS REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 87 RESUMO DO TÓPICO 2 Neste tópico, você estudou os seguintes itens: • Diferenciamos forças externas de forças internas. • Definimos o momento de uma força M como sendo o produto vetorial de uma força , com o vetor posição perpendicular do ponto de aplicação da força em relação a um ponto O. • Utilizamos o princípio de transmissibilidade para explicar o conceito de sistemas de forças equivalentes. • Definimos binários como sendo pares de forças paralelas com mesmo módulo, mas em sentidos opostos e que tem por efeito um momento polar resultante. • Apresentamos o princípio de d´Alembert. • Demonstramos a redução de um sistema de forças a um ponto. 88 AUTOATIVIDADE Chegando ao final de mais um tópico, vamos exercitar os conhecimentos adquiridos respondendo as seguintes questões: 1 Calcule os momentos dos binários da figura a seguir e diga se são equivalentes ou não. FONTE : Autora 2 Suponha um plano formado pelos eixos x e y, conforme a figura a seguir, em que atuam as cargas e . Calcule: (a) Os momentos desenvolvidos por em relação aos pontos A, B e C. (b) Os momentos desenvolvidos por em relação aos pontos A, B e C. (c) O momento resultante do sistema em relação aos pontos A, B e C. FONTE: Autora FIGURA 59 – BINÁRIOS DO EXERCÍCIO 1 FIGURA 60 – ESQUEMA DO EXERCÍCIO 2 89 3 Reduza o sistema de forças da figura a seguir ao ponto O. FONTE: Autora 4 Dois binários atuam na viga. Determine a intensidade de F de modo que o momento de binário resultante seja 300lb.pés no sentido anti-horário. Em que local da viga atua o momento do binário resultante? Um triângulo a partir do vetor F tem hipotenusa igual a cinco e catetos igual a 3 e 4. FONTE: A autora FIGURA 61 – ESQUEMA DO EXERCÍCIO 3 FIGURA 62 – EXERCÍCIO ENCONTRADO NOS LIVROS DAS REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 90 5 Um binário atua nos dentes da engrenagem mostrada na figura. Substitua esse binário por um equivalente, composto por um par de forças que atuam nos pontos A e B. FONTE: Disponível em: <http://www.engbrasil.eng.br/pp/mt/aula12.pdf>. Acesso em: 26 jan. 2011. FIGURA 63 – ENGRENAGEM 91 TÓPICO 3 DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO E EQUAÇÕES DE MOVIMENTO UNIDADE 2 1 INTRODUÇÃO Veremos agora as relações existentes entre as forças que atuam num corpo rígido, levando em conta a forma e a localização exata do ponto de aplicação de cada força. Para tanto, precisamos abordar o conceito de diagrama de corpo livre que será apresentado na próxima seção. 2 DIAGRAMA DE CORPO LIVRE Antes de resolver um problema de dinâmica, é importante identificar todas as forças relevantes envolvidas no problema. Para facilitar a visualização destas forças, isola-se o corpo envolvido e desenha-se um diagrama de corpo livre ou diagrama de forças, que é uma esquematização simples, envolvendo todas as forças que estão atuando sobre o corpo. FONTE: Autora Observe o exemplo que apresentamos na figura anterior. O rapaz empurra uma caixa na direção horizontal, exercendo uma força aplicada na altura h. No solo aparece a força de atrito , que se opõe ao movimento. Na direção vertical, estão representadas a força peso no centro de massa, a uma distância d da aresta da caixa e a reação ao apoio , perpendicular ao plano de apoio e na mesma direção do peso, porém em sentido oposto. FIGURA 64 – DIAGRAMA DE CORPO LIVRE 92 UNIDADE 2 | DINÂMICA 3 EQUAÇÕES DE MOVIMENTO 4 MOMENTO DE INÉRCIA Suponhamos um corpo constituído de um grande número n de pontos materiais, de massas com , sob a ação de forças externas , movendo-se no espaço. Considerando o movimento do centro de massa G do corpo em relação a um sistema de referência Oxyz, podemos escrever a seguinte equação: , em que m é a massa do corpo e é a aceleração do centro de massa. Tomando agora o movimento do corpo em relação ao sistema de referência Gxyz, encontramos , em que é a derivada temporal do momento angular. Supondo um corpo em movimento num plano, temos as seguintes equações fundamentais: Onde I é o momento de Inércia do corpo. As equações acima revelam que a aceleração do centro de massa e a aceleração angular podem ser facilmente obtidas encontrando-se a resultante das forças que atuam sobre o corpo e seu momento resultante. O momento de inércia de uma distribuição de massas pontuais é dado pela expressão onde xi sé a distância da massa mi ao eixo de rotação. Exemplo 1 – Uma varinha delgada de 1 m de comprimento tem uma massa desprezível. São colocados 5 massas de 1 kg cada uma, situadas a 0.0, 0.25, 0.50, 0.75, e 1.0 m de um dos extremos. Calcular o momento de inércia do sistema relativo a um eixo perpendicular a varinha que passa através de: a) Um extremo. b) Da segunda massa. c) Do centro de massa. TÓPICO 3 | DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO E EQUAÇÕES DE MOVIMENTO 93 FONTE: Disponível em: <http://www.fisica.ufs.br/CorpoDocente/egsantana/ solido/din_rotacion/inercia/inercia.htm>. Acesso em: 26 jan. 2011. Solução: a) O momento de inércia relativo a um eixo perpendicular a varinha e que passa pela primeira partícula é IA=1·02+1·0.252+1·0.52+1·0.752+1·12=1.875 kgm2. b) O momento de inércia relativo a um eixo perpendicular à varinha e que passa pela segunda partícula é IB=1·0.252+1·02+1·0.252+1·0.52+1·0.752=0.9375 kgm2. c) O momento de inércia relativo a um eixo perpendicular à varinha e que passa pela terceira partícula (centro de massas) é IC=1·0.52+1·0.252+1·02+1·0.252+1·0.52= 0.625 kgm2. O momento de inércia de uma distribuição contínua de massa é dado pela expressão, onde dm é um elemento de massa situado a uma distância x do eixo de rotação. O raio de giração k do corpo em relação ao eixo é definido pela relação I = k2m O raio de giração representa a distância em que toda a massa do corpo deve estar concentrada para que o momento de inércia em relação ao eixo permaneça inalterado. (BEER; JOHNSTON JR, 2006). Exemplo 2 – Calcular o momento de inércia de uma varinha de massa Me comprimento L relativo a um eixo perpendicular à varinha que passa pelo centro de massa. FIGURA 65 – VARINHA DELGADA COM 5 MASSAS SOBRE ELA 94 UNIDADE 2 | DINÂMICA FONTE: Disponível em: <http://www.fisica.ufs.br/CorpoDocente/egsantana/solido/ din_rotacion/inercia/inercia.htm>.Acesso em: 26 jan. 2011. Solução: A massa dm do elemento de comprimento da varinha compreendido entre x e x+dx é FONTE: Disponível em: <http://www.fisica.ufs.br/CorpoDocente/egsantana/solido/din_ rotacion/inercia/inercia.htm>. Acesso em: 26 jan. 2011. FIGURA 66 – VARINHA DELGADA FIGURA 67 – VARINHA DELGADA O momento de inércia da varinha é Podemos calcular o momento de inércia da varinha relativo a um eixo perpendicular a mesma que passa por um de seus extremos, aplicando o teorema de Steiner. /2 2 2 /2 1 12 L c L MI x dx ML L− = =∫ 2 21 2 3c LI I M ML = + = Mdm dx L = TÓPICO 3 | DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO E EQUAÇÕES DE MOVIMENTO 95 Exemplo 3 – Qual é o momento de inércia de um disco de massa M e raio R relativo a um eixo perpendicular ao plano do disco e que passa por seu centro? FONTE: Disponível em: <http://www.fisica.ufs.br/CorpoDocente/egsantana/solido/din_ rotacion/inercia/inercia.htm>. Acesso em: 26 jan. 2011. Solução: Tomamos um elemento de massa que dista x do eixo de rotação. O elemento é um anel de raio x e de largura dx. Se recortamos o anel e o estendemos, ele é convertido em um retângulo de comprimento 2x e largura dx, cuja massa é FONTE: Disponível em: <http://www.welcomecongonhas.com.br/edicao1/ carros.html>. Acesso em: 30 jul. 2008. FIGURA 68 – DISCO DELGADO FIGURA 69 – VEÍCULO DO EXEMPLO O momento de inércia do disco é 2 2 22M Mdm xdx xdx R R π π = = 3 2 2 0 2 1 2 R C MI x dx MR R = =∫ 96 UNIDADE 2 | DINÂMICA Exemplo 4 – Quando a velocidade do veículo era de 10,0m/s, aplicaram- se os freios bruscamente, fazendo com que as quatro rodas parassem de girar, mesmo assim o veículo derrapou 5,0m antes de parar. Qual é o módulo da reação normal e da força de atrito em cada roda enquanto o veículo derrapava? (Utilize informações do diagrama de corpo livre apresentado na figura a seguir). FONTE: Autora Solução: Podemos determinar primeiro a aceleração do automóvel, utilizando a equação das velocidades: Agora podemos usar as equações de movimento, lembrando que na direção y a aceleração é igual a zero, pois o corpo não se desloca verticalmente e, escolhendo o ponto 1 como polo, encontramos: FIGURA 70 – DIAGRAMA DE CORPO LIVRE TÓPICO 3 | DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO E EQUAÇÕES DE MOVIMENTO 97 Numa segunda etapa, P = N1 + N2, utilizando a definição de força de atrito temos que: Substituindo esse resultado na primeira, encontramos que , sabendo que P =mg temos que , substituindo na anterior e simplificando P: Na terceira equação podemos determinar N1, como segue: Por fim, pela definição de força de atrito, podemos determinar FA1: Utilizando novamente a segunda equação, determinamos N2 e depois FA2: Por outro lado, os valores calculados acima representam a soma das reações nas duas rodas dianteiras e nas duas rodas traseiras. Vamos calcular o módulo em cada roda como segue: 98 UNIDADE 2 | DINÂMICA FREIO WIRELESS PARA BICICLETA: VÊM AÍ ABS E EBD Freio sem fios (wireless) Um engenheiro alemão construiu um freio wireless para bicicletas que não é apenas extremamente eficiente, mas também virtualmente à prova de falhas (figura 1). FIGURA 1 – FOTO DA BICICLETA COM SISTEMA DE FREIOS SEM FIO FONTE: SITE INOVAÇÃO TECNOLÓLOGICA. Disponivel em: <http://www. inovacaotecnologica.com.br/noticias/noticia.php?artigo=freio-wireless-sem- fios-bicicleta&id=010170111015>. Acesso em: 10 abr. 2012. Enquanto o conceito de "drive-by-wire" é antigo quando se trata de automóveis - quando os cabos de acionamento são substituídos por fios - a ideia é mais recente no caso das bicicletas. Mas o professor Holger Hermanns, da Universidade de Saarland, achou que já dava para eliminar também os fios, e resolveu criar o freio wireless - portanto, uma geração à frente do drive-by-wire. LEITURA COMPLEMENTAR TÓPICO 3 | DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO E EQUAÇÕES DE MOVIMENTO 99 Segurança máxima Para isso, além do desafio técnico de construir o próprio freio, ele teve que se preocupar com uma questão fundamental: a segurança. Usando sistemas de controle eletrônico e replicando os circuitos, o pesquisador afirma ter atingido um nível de segurança de 99,999999999997%. Com tantos noves, é muitíssimo mais fácil ser atingido por um meteorito do que sofrer um acidente com a magrela por uma falha nos freios - em cada 1 trilhão de brecadas, haverá três falhas. "Não é perfeito, mas é aceitável," diz o engenheiro. No freio wireless (sem fio) não há nem mesmo uma alavanca de freio: tudo o que ciclista precisa fazer é apertar a manopla de borracha que recobre o guidão. Sensores de pressão embutidos no plástico detectam a pressão e enviam o sinal - quanto maior é a pressão, mais forte será a brecada (figura 2). FIGURA 2 – FOTO DO SISTEMA DE FRENAGEM SEM FIO FONTE: SITE INOVAÇÃO TECNOLÓLOGICA. Disponivel em: <http://www. inovacaotecnologica.com.br/noticias/noticia.php?artigo=freio-wireless-sem-fios- bicicleta&id=010170111015>. Acesso em: 10 abr. 2012. ABS para bicicletas Para não haver falhas, os transmissores da rede sem fios são replicados, garantindo que o sinal chegue ao sistema de frenagem propriamente dito mesmo se houver erros de transmissão na rede. 100 UNIDADE 2 | DINÂMICA Se tudo funcionar bem, o freio é acionado em 250 milissegundos. Esse tempo de acionamento significa que o ciclista que estiver a uma velocidade de 30 km/h conseguirá parar em dois metros. Mas os engenheiros não ficaram satisfeitos, e agora vão criar um freio ABS para bicicletas. "Não é difícil integrar um sistema antitravamento dos freios e um controle de tração. Vai precisar apenas de alguns ajustes," garante Hermanns. Sistemas mais complexos As redes sem fio nunca são um método à prova de falhas. Mas é necessário reduzir ao máximo as ocorrências para que esses sistemas possam equipar equipamentos maiores, como carros e trens, como se espera que ocorra em um futuro próximo. Por isto o Dr. Hermanns decidiu começar com a bicicleta, que pode ser testada com riscos reduzidos. Segundo ele, o mais importante do trabalho são os modelos matemáticos e os algoritmos que ele e sua equipe desenvolveram, que monitoram continuamente o funcionamento de cada componente individual do freio, assim como sua interação. Esses algoritmos poderão ser usados em sistemas maiores e mais complexos. "O freio wireless de bicicleta nos fornece o brinquedinho necessário para otimizar essas técnicas para que eles operem em sistemas muito mais complexos," afirma ele. FONTE: Redação do Site Inovação Tecnológica - 15/10/2011. Disponível em: <http:// www.inovacaotecnologica.com.br/noticias/noticia.php?artigo=freio-wireless-sem-fios- bicicleta&id=010170111015>. Acesso em: 10 abr. 2012. 101 RESUMO DO TÓPICO 3 Neste tópico, caro(a) acadêmico(a), você teve oportunidade de estudar os seguintes itens: • Mostramos a importância do diagrama de corpo livre. • Definimos as equações de movimento de corpos rígidos. • Utilizamos um exemplo para demonstrar a utilização das equações de movimento. 102 AUTOATIVIDADE Para melhor compreensão deste tópico e exercitar os conhecimentos adquiridos, resolva as questões a seguir: 1 Uma empilhadeira de 2500kg carrega um engradado de 1200kg, como indica a figura. A empilhadeira, movendo-se para a esquerda, sofre a ação dos freios que produzem uma desaceleração de 3m/s2. Sabendo-se que o coeficiente de atrito estático entre o engradado e o suporte é 0,60; determine a componente vertical da reação em cada roda. FONTE: BEER, Ferdinand P. Mecânica vetorial para engenheiros – Cinemática e dinâmica. São Paulo: Makron Books, 1991. 2 No problema anterior, determine a máxima desaceleração do veículo para que o engradado não escorregue e aempilhadeira não tombe, ambos para frente. 3 Quando a velocidade de avanço do caminhão mostrado na figura era de 9 m/s, os freios foram acionados bruscamente, fazendo com que as quatro rodas parassem de girar. Foi observado que o caminhão derrapou sobre 6 m de pista até o repouso. Determine a intensidade da reação normal e da força de atrito em cada roda enquanto o caminhão derrapava até o repouso. FIGURA 71 – EMPILHADEIRA 103 FONTE: Disponível em: <http://blog.educacional.com.br/matematicos/2010/05/11/ o-caminhao-os-tijolos-e-os-sacos-de-cimento-desafio-n%C2%BA-08/>. Acesso em: 26 jan. 2011. 4 Uma polia que pesa 54 N e tem um raio de giração de 20 cm está unida a dois blocos, como mostrado na figura. Considerando que não exista atrito no eixo, determine a aceleração angular da polia e a aceleração de cada bloco. FONTE: Autora Exercício encontrado nos livros das referências bibliográficas. FIGURA 72 – CAMINHÃO FIGURA 73 – POLIA 104 105 TÓPICO 4 VIBRAÇÕES MECÂNICAS UNIDADE 2 1 INTRODUÇÃO As oscilações são movimentos harmônicos em torno de um ponto de equilíbrio e que no mundo real normalmente são amortecidas. Isto é, elas desaparecem gradualmente, transformando a energia mecânica em energia térmica, devido ao atrito. Vibrações são pequenas oscilações que causam aumento de tensões e perda de energia nas máquinas e estruturas, por isso devem ser eliminadas através de um bom projeto. Na figura a seguir, vemos o efeito causado pela ressonância entre a frequência natural de oscilação da ponte e a frequência dos vórtices produzidos pelo vento. FONTE: Disponível em: http://www.aticaeducacional.com.br/htdocs/secoes/atual_cie. aspx?cod=751. Acesso em 30 jul. 2008. FIGURA 74 – EFEITO DA TRANSFERÊNCIA DE ENERGIA POR RESSONÂNCIA 106 UNIDADE 2 | DINÂMICA 2 MOVIMENTO HARMÔNICO SIMPLES Começaremos considerando o movimento oscilatório de uma partícula restrita ao movimento em uma dimensão, como é o caso do corpo preso à mola da figura a seguir. Considera-se também que a posição de equilíbrio estável da partícula é a origem. Se a partícula é deslocada da origem, uma certa força tende a restaurar a partícula até sua posição original. FONTE: Autora Para pequenas oscilações, podemos aplicar a lei de Hooke para a força que envolve deformações elásticas: F(x) = - kx. A equação de movimento do oscilador harmônico simples pode ser obtida pela substituição da lei de Hooke na equação de Newton: F = ma. Assim, , em que é a segunda derivada do deslocamento x(t). Rearranjando os termos, escrevemos . A equação acima é uma equação diferencial de segunda ordem. Fazendo , podemos escrever . Esta equação descreve o movimento harmônico simples, executado por uma partícula de massa m submetida a uma força proporcional ao seu deslocamento com sentido oposto e é satisfeita pelas seguintes funções: , constituindo duas soluções particulares da equação diferencial. A solução geral pode ser obtida multiplicando-se as soluções particulares pelas constantes arbitrárias A e B e adicionando-as. Assim, encontramos . Derivando duas vezes, encontramos a velocidade e a aceleração no instante t, sucessivamente: Os valores de A e B dependem das condições iniciais do movimento. O tempo de uma oscilação completa corresponde ao período T de vibração e é dado por e é medido em segundos. FIGURA 75 – OSCILADOR HARMÔNICO SIMPLES TÓPICO 4 | VIBRAÇÕES MECÂNICAS 107 FONTE: Autora Solução: (a) Precisamos encontrar primeiro o valor da constante da mola equivalente no caso de uma associação em paralelo. FIGURA 76 – REPRESENTAÇÃO EXEMPLO 8 Exemplo 8 – Um bloco de 60 kg se move entre guias verticais. O bloco é puxado 50 mm abaixo de sua posição de equilíbrio e solto. Determine (a) o período de vibração, (b) a velocidade máxima e (c) a aceleração máxima do bloco, sabendo que e . O período pode ser determinado através da equação . Para tanto, vamos determinar primeiro , sabendo que: Encontramos que: (b) A velocidade máxima é obtida mediante , em que transformamos 50 mm em 0,05m. 108 UNIDADE 2 | DINÂMICA c) A aceleração semelhantemente se torna 3 PÊNDULO SIMPLES Suponha uma partícula de massa m suspensa por um fio inextensível de massa desprezível e de comprimento L, como o que aparece na figura a seguir, caracterizando mais um exemplo de oscilador harmônico simples. FONTE: Autora Devemos notar que todo oscilador tem associado um elemento de inércia e um elemento de restituição. Assim também nosso pêndulo simples deve apresentar esses dois elementos. A inércia está associada à massa da partícula e a restituição está associada à força gravitacional entre a Terra e a partícula. Observando a figura anterior, podemos ver que as forças atuantes são a tração T sobre o fio e a força gravitacional mg. Fazendo a decomposição da força gravitacional numa componente radial mg.cosθ e uma componente tangente à trajetória da partícula mg.senθ , sendo que está força atua no sentido de fazer a partícula retornar ao seu ponto de equilíbrio, temos a seguinte expressão para a força restauradora: . FIGURA 77 – PÊNDULO SIMPLES TÓPICO 4 | VIBRAÇÕES MECÂNICAS 109 Para pequenas oscilações, aplica-se e lembrando que o deslocamento x é aproximadamente igual a . Encontramos, então, e substituindo na expressão para a força, temos: . Comparando a equação acima com a obtida no sistema massa-mola, podemos ver que a constante faz o papel da constante k da mola. E, por analogia, podemos escrever o período do pêndulo simples como sendo: . Exemplo 9 – Uma bola de demolição com 2500 kg oscila da extremidade de um guindaste. O comprimento do cabo que oscila é igual a 17m. Calcule o período da oscilação, supondo que o sistema possa ser tratado como um pêndulo simples. FONTE: Autora Solução: Utilizando a equação para o período encontrada na discussão anterior temos, FIGURA 78 – GUINDASTE DE DEMOLIÇÃO Vamos encerrar esta unidade com o texto complementar sobre vibrações forçadas. 110 UNIDADE 2 | DINÂMICA VIBRAÇÕES FORÇADAS Ferdinand Pierre Beer As vibrações mais importantes do ponto de vista da Engenharia são as vibrações forçadas de um sistema. Essas vibrações ocorrem quando o sistema é submetido a uma força periódica ou quando está elasticamente ligado a um suporte que tem um movimento alterado. Figura A – Mecânica vetorial para engenheiros Considerando inicialmente o caso de um corpo de massa m suspenso por uma mola e submetido a uma força periódica de intensidade (fig. A). Esta força pode ser uma força real externa aplicada ao corpo ou pode ser uma força centrífuga produzida pela rotação de alguma parte desequilibrada do corpo. Chamando de x o deslocamento do corpo medido a partir da sua posição de equilíbrio, escrevemos a equação de movimento Lembrando que , temos (1) LEITURA COMPLEMENTAR TÓPICO 4 | VIBRAÇÕES MECÂNICAS 111 Figura B – Mecânica vetorial para engenheiros Em seguida, consideremos o caso de um corpo de massa m suspenso por uma mola presa a um suporte móvel cujo deslocamento é igual a (fig.B). Medindo o deslocamento x do corpo a partir da posição de equilíbrio estático correspondente a , tem-se o seguinte resultado para a elongação total da mola no instante . A equação do movimento é, então, Lembrando que , temos (2) Notamos que as equações (1) e (2) são do mesmo tipo e que a solução da primeira equação satisfará à segunda se colocarmos . Uma equação diferencial do tipo (1) e (2) que possui um segundo membro diferente de zero, é chamada não homogênea. Sua solução geral é obtida adicionando-se uma solução particular da equação dada à solução geral da correspondente equação homogênea (com o segundo membro iguala zero). Uma solução particular de (1) e(2) pode ser obtida tentando-se uma solução da forma (3) 112 UNIDADE 2 | DINÂMICA Substituindo x por x part em (10, encontramos que pode ser resolvida para a amplitude Definindo , onde p é a frequência angular da vibração livre do corpo, escrevemos (4) Substituindo (3) em (2), obtemos de modo análogo (5) A equação homogênea é a equação , que define a vibração livre do corpo. Sua solução geral, chamada função complementar é, (6) Somando a solução particular (3) e a função complementar (6), obtemos a solução geral das equações (1) e (2) (7) Observamos que a equação obtida consiste um das vibrações superpostas. Os dois primeiros termos em (7) representam a vibração livre do sistema. A frequência desta vibração, chamada frequência natural do sistema, depende somente da constante k da mola e da massa m do corpo, e as constantes A e B podem ser determinadas doas condições iniciais. Esta vibração livre também é chamada vibração transitória porque, na prática, logo será amortecida pelas forças de atrito. O último termo em (7) representa a vibração do estado estacionário produzida e mantida pela força que a imprime ou que é imprimida pelo movimento do suporte. Sua frequência é a frequência forçada imposta por esta força ou movimento, e sua amplitude xm, definida por (5), depende da razão entre as frequências . A razão da amplitude xm da vibração do estado estacionário para a deflexão estática Fm / k causada por força Fm ou pela amplitude do movimento do suporte é chamada de fator de ampliação. De (4) e (5), obtemos, Fator de ampliação TÓPICO 4 | VIBRAÇÕES MECÂNICAS 113 Figura C – Mecânica vetorial para engenheiros O fator de ampliação versus razão das frequências / p está representado graficamente na figura C. Notamos que, quando = p, a amplitude da vibração forçada torna-se infinita. Diz-se que a força excitadora ou o movimento excitador do suporte está em ressonância com o sistema dado. Na realidade, a amplitude da vibração permanece finita por causa das forças amortecedoras; todavia, tal situação deve ser evitada, e a frequência forçada não deve ser escolhida muito próximo da frequência natural do sistema. Notamos, também, que para < p, o coeficiente em (7) é positivo, enquanto para > p este coeficiente é negativo. No primeiro caso a vibração forçada está em fase com a força excitadora ou o movimento excitador do suporte, enquanto no segundo caso está defasada de 1800. Problema Resolvido Um motor pesando 1750N está apoiado em quatro molas, cada uma tendo constante de 150kN/m. O desbalanceamento do rotor é equivalente a um peso de 0,3N localizado a 0,15m do eixo de rotação. Sabendo que o motor é obrigado a mover-se verticalmente, determinar (a) a frequência em rpm em que ocorrerá a ressonância (b) a amplitude da vibração do motor na frequência de 1200rpm. Figura D – Mecânica vetorial para engenheiros 114 UNIDADE 2 | DINÂMICA Solução: a) A frequência de Ressonância A frequência de ressonância é igual a frequência angular (em rpm) da vibração livre do motor. A massa do motor e a constante equivalente das molas de sustentação são b) Amplitude de Vibração a 1200 rpm A velocidade angular do motor e a massa equivalente ao peso de 0,3N são O módulo da força centrífuga devida ao desbalanceamento do rotor é A deflexão estática que poderia ser causada por uma carga Fm constante é Substituindo o valor de Fm / k juntamente com os valores conhecidos de e p na equação (4), obtemos Nota. Como > p, a vibração está defasada de 1800 em relação a força centrífuga devida ao deslocamento do rotor. Por exemplo, quando a massa desbalanceada está diretamente abaixo do eixo de rotação, a posição do motor é xm = 3,2.10-5 m , acima da posição de equilíbrio. FONTE: BEER, Ferdinand Pierre. Mecânica vetorial para engenheiros. São Paulo: Makron Books, 1994. p. 844-848. 115 RESUMO DO TÓPICO 4 Neste tópico, você teve oportunidade de estudar importantes aspectos de Física, cujos itens resumidos são apresentados a seguir: • Iniciamos o estudo de vibrações mecânicas através da definição de movimento harmônico simples, utilizando como exemplo o movimento oscilatório de uma partícula restrita ao movimento em uma dimensão. • Utilizamos também um pêndulo simples constituído por uma massa m suspensa por um fio inextensível de massa desprezível e de comprimento L para estudar o movimento harmônico simples. 116 AUTOATIVIDADE Finalizando este último tópico, responda a estas questões a seguir para exercitar os conhecimentos adquiridos: 1 Um bloco de 60kg se move entre guias verticais. O bloco é puxado 50 mm abaixo de sua posição de equilíbrio e solto. Determine (a) o período de vibração, (b) a velocidade máxima e (c) a aceleração máxima do bloco, sabendo que e . (Utilize para determinar a constante equivalente da associação em série). FONTE: Autora 2 Um pêndulo simples executa oscilações de pequena abertura angular de modo que a esfera pendular realiza um movimento harmônico simples. É correto afirmar que: a) O período de oscilação independe do comprimento do pêndulo. b) O período de oscilação é proporcional ao comprimento do pêndulo. c) O período de oscilação independe do valor da aceleração da gravidade local. d) O período de oscilação independe da massa da esfera pendular. 3 O coeficiente de atrito estático entre a barra vertical e o cilindro B é 0, 4. A mola tem constante elástica igual a 30 N/m e comprimento normal de 1, 5 m. Determine o intervalo de valores da massa do cilindro, para os quais o equilíbrio é possível na posição indicada na figura. Supondo que seja a maior massa, determine o período de oscilação. FIGURA 79 – ESQUEMA PARA EXERCÍCIO 1 117 FONTE: Autora 4 Um oscilador massa-mola tem amplitude do movimento de 2mm, pulsação de 2π, e não existe defasagem de fase. Quando t=10s, qual a elongação do movimento? Sendo a função horária da elongação: 5 Dada a função horária da elongação: Sabendo que todos os valores se encontram em unidades do SI, responda: a) Qual a amplitude do movimento? b) Qual a pulsação do movimento? c) Qual o período do movimento? d) Qual a fase inicial do movimento? e) Quando t=2s qual será a elongação do movimento? FIGURA 80 – MOLA PRESA A UMA EXTREMIDADE FIXA E A UMA MASSA MÓVEL 118 119 UNIDADE 3 ESTÁTICA OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir do estudo desta unidade, o(a) acadêmico(a) estará apto a: • entender as equações que regem os corpos em repouso, aplicando as con- dições de equilíbrio necessárias; • compreender a aplicação dos vínculos na restrição de graus de liberdade; • encontrar as reações internas e externas aos corpos submetidos a cargas externas; • estudar sistemas estruturais como treliças e calcular as reações; • analisar corpos como vigas e cabos aplicando condições de equilíbrio; • compreender como os corpos submetidos a forças deformam. A terceira unidade está dividida em cinco tópicos. No final de cada um deles, você encontrará atividades que lhe ajudarão a fixar os conceitos. TÓPICO 1 – EQUILÍBRIO DOS CORPOS TÓPICO 2 – VÍNCULOS TÓPICO 3 – TRELIÇAS TÓPICO 4 – VIGAS E CABOS TÓPICO 5 – TENSÃO E DEFORMAÇÃO 120 121 TÓPICO 1 EQUILÍBRIO DOS CORPOS UNIDADE 3 1 INTRODUÇÃO As pontes, os prédios, as torres são alguns exemplos de corpos que são construídos para permanecerem em repouso mesmo que solicitados por muitas forças. Observe na figura a seguir, a criatividade nas curvas arrojadas do museu Oscar Niemayer, em Curitiba. Mas por que corpos como esses não se movem quando submetidas ao peso da própria estrutura? Das eventuaiscargas? Da corrosão provocada devido à presença da atmosfera ou devido ao desgaste pelo uso constante? Para responder essas perguntas, precisamos encontrar as reações internas e externas a esses fatores. Esse estudo visa analisar os sistemas de corpos rígidos, em equilíbrio, e é exatamente isso que veremos agora. FONTE: Disponível em: <http://www2.petrobras.com.br/cultura/portugues/espacovirtual/galeria/ index.asp>. Acesso em: 15 ago. 2008. Respeitando as condições de equilíbrio impostas sobre esses corpos, encontramos as suas equações e, conhecendo as reações externas, determinamos as suas reações internas. FIGURA 81 – MUSEU OSCAR NIEMAYER UNIDADE 3 | ESTÁTICA 122 2 GRAUS DE LIBERDADE Um corpo pode se mover em diversas direções e sentidos. Os graus de liberdade determinam a flexibilidade que um corpo possui ao executar um movimento no espaço. Considerando um sistema de eixos x, y e z, como o da figura a seguir, os corpos podem se movimentar para frente ou para trás, em relação ao eixo x, para esquerda ou para a direita, em relação ao eixo y, e para cima ou para baixo, em relação ao eixo z. Estes movimentos são conhecidos como translação. Adicionalmente, os corpos também podem girar ao redor desses três eixos, sendo esse movimento chamado de rotação. Assim, há seis graus de liberdade para o corpo, três graus de liberdade associados à rotação e três graus de liberdade associados à translação, através das quais os corpos podem se mover. FONTE: Autora 3 CONDIÇÕES DE EQUILÍBRIO Podemos aplicar as condições de equilíbrio para determinar as reações, quando conhecemos as restrições sobre os seus graus de liberdade, impondo-as nas equações que regem o movimento desses corpos. As forças externas que atuam num corpo rígido podem ser reduzidas a um sistema de forças equivalentes a uma força resultante, e a um binário num ponto qualquer. Quando a resultante e o binário são nulos, as forças externas constituem um sistema equivalente a zero e o corpo rígido se encontra em equilíbrio. São condições necessárias e suficientes para o equilíbrio de um corpo rígido que o somatório das forças e dos momentos sejam nulos, , ou FIGURA 82 – UM CORPO E SEUS GRAUS DE LIBERDADE TÓPICO 1 | EQUILÍBRIO DOS CORPOS 123 seja, não há movimento de translação nem movimento de rotação. Isso significa que o corpo não possui nenhum grau de liberdade. Num sistema cartesiano, essas duas equações se desdobram em seis equações, segundo as componentes nos três eixos coordenados. Condições de equilíbrio: Forças: Momentos: 4 EQUILÍBRIO ESTÁTICO DO PONTO MATERIAL O ponto material se encontra em equilíbrio estático quando sua velocidade permanece nula, no decorrer do tempo e em relação ao sistema de referência considerado. Consequentemente, a aceleração também é nula e, pelo princípio de inércia, a resultante das forças que atuam sobre esse sistema é nula, . Não tem sentido falar em rotação do ponto material. Assim, as equações de equilíbrio se resumem nas equações que restringem os três graus de liberdade de translação do ponto. Exemplo 1 – O sistema esquematizado na figura a seguir encontra-se em equilíbrio. O corpo A tem massa de 60 kg. Determine as forças de tração que atuam nos fios BC e BD. FONTE: Autora Solução: A condição de equilíbrio pode ser imposta pelo método das projeções num sistema cartesiano ortogonal Oxy. Observe a figura a seguir. Assim, as equações de equilíbrio se tornam: FIGURA 83 – ESQUEMA – EXEMPLO 1 UNIDADE 3 | ESTÁTICA 124 Substituindo P = mg, sendo m a massa de 20 kg e g a aceleração da gravidade 9,8 m/s2, encontramos: FONTE: Autora 5 EQUILÍBRIO ESTÁTICO DO CORPO RÍGIDO Para estudarmos o equilíbrio estático do corpo rígido, precisamos considerar também a possível rotação do corpo. Então, devemos acrescentar a condição que restringe os outros três graus de liberdade, , momentos nulos. Vamos recordar rapidamente o conceito de momento de uma força. Vimos, no final da Unidade 1, que o momento de uma força aplicada a um ponto P, em relação a um ponto O, denominado polo, é o produto vetorial do vetor pelo vetor , que é a distância do ponto de aplicação até o polo, . Podemos simplificar esse resultado administrando o produto da intensidade da força pela distância perpendicular b do ponto O à linha de ação da força. Observe a figura a seguir. FIGURA 84 – DECOMPOSIÇÃO DA FORÇA DE TRAÇÃO NO CABO BD. E DEMAIS FORÇAS QUE ATUAM SOBRE O CORPO TÓPICO 1 | EQUILÍBRIO DOS CORPOS 125 FONTE: Autora A distância b é conhecida como o braço da força. Adotamos o sinal positivo para o momento quando a força tende a produzir uma rotação em torno do polo no sentido anti-horário e negativo no sentido horário. Quando o braço b, ou seja, a distância do polo até a linha de ação, é nulo, o momento da força também é nulo. Veja os exemplos da figura a seguir. FONTE: Autora Exemplo 2 – Uma barra situada num plano horizontal preso ao teto pode girar em torno da articulação na qual se encontra pendurada. Determine o momento da força de intensidade 10 N, em relação a este ponto nos casos a), b), c) e d) da figura. Solução: a) A força é exercida sobre o polo, consequentemente, não pode produzir um torque. Portanto, o momento é igual a zero. b) A força é aplicada a uma distância de 0,2 m do pólo e paralela à linha de ação, ou seja, o braço b novamente é nulo. Consequentemente, o momento também é nulo. FIGURA 85 – FORÇA PELA DISTÂNCIA PERPENDICULAR b DO PONTO O À LINHA DE AÇÃO DA FORÇA FIGURA 86 – FORÇA SENDO APLICADA EM DIFERENTES PONTOS DA BARRA ARTICULADA UNIDADE 3 | ESTÁTICA 126 c) A linha de ação da força é perpendicular ao polo e está a uma distância de 0,1 m. A tendência do torque é no sentido horário e, lembrando a nossa convenção de sinais mencionada anteriormente, observando a figura a seguir, temos que . FONTE: Autora d) O braço é de 0,2 m da força aplicada perpendicularmente a essa direção e o torque também tende no sentido horário. Assim, . Vejam que, nos dois primeiros casos, a barra se encontra em equilíbrio estático, enquanto que, nos dois casos seguintes, a barra gira em torno do polo no sentido horário. Para que um corpo rígido esteja em equilíbrio estático, é preciso restringir os seis graus de liberdade . Estudaremos esse caso no próximo exemplo. Exemplo 3 – A viga AB é mantida na posição horizontal por uma barra vertical CD. Uma força de 3000kgf é aplicada na viga conforme a figura a seguir. Determine a força de tração na barra CD. FONTE: Autora Solução: Aplicando as condições de equilíbrio do corpo rígido: Forças: Momentos: FIGURA 87 – SENTIDOS POSITIVO E NEGATIVO DO MOMENTO FIGURA 88 – VIGA AB TÓPICO 1 | EQUILÍBRIO DOS CORPOS 127 FONTE: Autora Da última equação temos: . Da segunda equação: . Da primeira equação: . Podemos determinar Fx e Fy , determinando, em seguida XA , YA e T através das três equações independentes que encontramos. Como estamos apenas interessados na força de tração, calcularemos, nesse exemplo, apenas Fy : FIGURA 89 – VIGA EM EQUILÍBRIO E A REPRESENTAÇÃO DAS FORÇAS QUE ATUAM NELA Observando o diagrama de corpo livre da figura a seguir, encontramos as forças no plano xy e o momento na direção z: Substituindo na primeira equação de equilíbrio, vem que: As reações internas devido ao apoio no ponto A, XA e YA estão associadas aos vínculos. Vamos defini-los no próximo tópico. 128 RESUMO DO TÓPICO 1 Neste tópico, você viu que: • Iniciamos o estudo da Estática definindo os graus de liberdade. • Apresentamos as condições de equilíbrio para um sistema estático. • Mostramos as equações de equilíbrio associadas a um ponto material. •Mostramos as equações de equilíbrio associadas ao corpo rígido. 129 AUTOATIVIDADE Ao final deste tópico, para exercitar seus conhecimentos adquiridos, responda as questões a seguir: 1 Explique com suas palavras o que são graus de liberdade. A partícula ou ponto material possui o mesmo número de graus de liberdade de um corpo rígido? Por quê? 2 Quais são as condições de equilíbrio? Explique o que elas significam. 3 O sistema da figura a seguir está em equilíbrio. Determine a força de tração na corda, sabendo que o corpo possui uma massa de 30kg e que o ângulo do plano inclinado formado com a direção horizontal é de 300. 4 Decomponha a força de 200 lb que atua sobre o tubo (Figura a seguir) em componentes nas direções (a) x e y (b) x´e y. FONTE: Autora FONTE: Disponível em: <http://www.professores.uff.br/salete/mec/CAPII.PDF>. Acesso em: 26 jan. 2011. FIGURA 90 – ESQUEMA PARA EXERCÍCIO FIGURA 91 – IMAGEM PARA O EXERCÍCIO A B C c b a Lei dos senos: Lei dos cossenos: A B C sen a sen b sen c = = 2 2 2 cos C A B AB c= + − 130 5 A mola ABC da figura tem rigidez de 500 N/m e comprimento sem deformação de 6 m. Determine a força horizontal F aplicada à corda que está presa no pequeno anel B, de modo que o deslocamento do anel em relação à parede seja d = 1,5 m. 6 Um bloco de 150 kg (figura a seguir) pende de uma pequena polia que pode rolar sobre o cabo ACB. A polia e sua carga são mantidas na posição ilustrada na figura por um segundo cabo DE, paralelo ao trecho CB do cabo. Determine: a) a tração no cabo ABC e b) a tração no cabo DE. Despreze o raio da polia e a massa dos cabos e da roldana. FONTE: Disponível em: <http://www.fsc.ufsc.br/~humberto/fsc5051/ lista1.pdf>. Acesso em: 26 jan. 2011. FONTE: Disponível em: <http://www.fsc.ufsc.br/~humberto/fsc5051/ lista1.pdf>. Acesso em: 26 jan. 2011. FIGURA 92 – IMAGEM PARA O EXERCÍCIO FIGURA 93 – MANGA MÓVEL PRESO À MOLA 131 TÓPICO 2 VÍNCULOS UNIDADE 3 1 INTRODUÇÃO Em sistemas estruturais, desejamos manter certas partes do corpo em equilíbrio e, para tanto, empregamos uma força de reação. Num anel, por exemplo, podemos restringir o movimento dele a um grau de liberdade translacional apenas e momentos nesta direção. A estas forças de reação produzidas pelos apoios nas duas direções em que restringimos o movimento do anel chamamos de vínculos. As forças são classificadas conforme a sua origem. Por exemplo, a força numa locomotiva ou muscular é uma força de contato. A força da gravidade ou a magnética tem ação a distância. Em análises estruturais, as forças são divididas em forças externas e forças internas. As forças externas atuam nas partes externas na estrutura e é a razão pela sua existência. Elas, por sua vez, podem ser ativas ou reativas. As forças ativas são independentes e podem atuar em qualquer ponto da estrutura. São as cargas que submeteremos à estrutura. Como exemplo, o peso de um carro que passa por uma ponte, ou o peso próprio da estrutura. As forças reativas, em que se concentra a discussão presente, surgem em determinados pontos (vínculos), sendo consequência das ações. Por isso, precisam ser calculadas para equivalerem às ações para garantirem o equilíbrio do sistema. As forças internas mantém unidos os pontos materiais que formam o corpo sólido da estrutura (solicitações internas). Se o corpo é estruturalmente composto de diversas partes, as forças que mantêm estas partes unidas também são chamadas de forças internas (forças desenvolvidas em rótulas). (SOFISICA, 2010) 132 UNIDADE 3 | ESTÁTICA FONTE: Autora 2.2 APOIO FIXO E ARTICULAÇÃO A articulação e o apoio fixo restringem a translação em todas as direções, mas não impedem a rotação. Na figura a seguir, temos as forças reativas representadas pelas setas Fx e Fy. 2 TIPOS DE VÍNCULOS Os vínculos podem ligar elementos de uma estrutura entre si ou ligar a estrutura ao meio externo e, portanto, se classificam em vínculos internos (unem partes componentes de uma estrutura) e externos (unem os elementos de uma estrutura ao meio externo). Os vínculos externos se classificam segundo o número de graus de liberdade que restringem. (SOFISICA, 2010) Vimos que vínculos são forças de reação que restringem os graus de liberdade de um corpo. Começamos nosso estudo analisando alguns vínculos em sistemas de forças 2D (bidimensionais). Em seguida, apresentamos, na leitura complementar, apoios e conexões em sistemas de forças 3D (tridimensionais). 2.1 APOIO SIMPLES OU ROLETES Esse tipo de apoio impede a translação na direção perpendicular ao apoio. A força de reação é ortogonal à direção de translação. O apoio simples não impede a rotação. Podemos observar a força de reação, Fy , no esquema da figura a seguir. FIGURA 94 – APOIO SIMPLES NO PLANO TÓPICO 2 | VÍNCULOS 133 FONTE: Autora 2.3 ENGASTE 3 CARREGAMENTO PLANO No engaste, a restrição é sobre todas as translações e rotações, ou seja, o corpo não pode fazer nenhum movimento. Agora, além de duas forças desconhecidas, Fx e Fy, temos também um momento desconhecido Mz. Observe essas grandezas representadas na figura a seguir. FONTE: Autora Vamos analisar alguns desses casos nos próximos exemplos. Os vínculos no carregamento plano são, portanto, de três espécies, que podem ser simbolizadas do seguinte modo. (SOFISICA, 2010) 1. Restringe uma translação FIGURA 95 – APOIO FIXO FIGURA 96 – ENGASTE 134 UNIDADE 3 | ESTÁTICA FONTE: Autora Solução: Depois de fazer um diagrama de corpo livre do pórtico, conforme a figura a seguir, escrevemos as equações de equilíbrio: FIGURA 97 – PÓRTICO COM UM APOIO FIXO NO PONTO A E UM APOIO SIMPLES NO PONTO D 2. Restringe duas translações. 3. Restringe duas translações e uma rotação. Cada movimento restrito corresponde a uma reação vincular, que deve ser determinada. Exemplo 4 – Determine as reações nos suportes A e D, da figura a seguir, causadas pela força . Desprezar o peso próprio da estrutura do pórtico. TÓPICO 2 | VÍNCULOS 135 FONTE: Autora D Observando o fato de que existe um apoio fixo no ponto A e, portanto, duas reações de apoio e um apoio simples, o ponto D, e, portanto, apenas uma reação de apoio. Da primeira equação independente, temos: Da última tiramos que: Da segunda equação independente, encontramos: Exemplo 5 – Um guindaste fixo tem uma massa de 1000 kg e é usado para suspender um pacote de 2600 kg. O guindaste é mantido na posição indicada na figura por um pino (do tipo apoio fixo) no ponto A e um suporte basculante (do tipo apoio simples) no ponto B. O centro de gravidade do guindaste está localizado em G. Determine os componentes das reações em A e B. FIGURA 98 – DIAGRAMA DE CORPO LIVRE DO PÓRTICO 136 UNIDADE 3 | ESTÁTICA Solução: Depois de fazer o diagrama de corpo livre da figura a seguir, multiplicamos a constante g = 9,8m / s2 pela massa m e obtemos os pesos P. A força no pino é de direção desconhecida; ela é representada pelas suas componentes XA e YA. A força de reação no suporte do basculante é normal a superfície de apoio XB. FONTE: BEER, Ferdinand Pierre. Mecânica vetorial para engenheiros: Estática. São Paulo: Makron Books, 1994. FONTE: Autora Vamos escrever as condições de equilíbrio, tomando o ponto A como sendo o polo. Encontramos: Da última equação, temos que: FIGURA 99 – GUINDASTE DO EXEMPLO 5 FIGURA 100 – ESQUEMA COM AS REAÇÕES EXTERNAS E INTERNAS NO GUINDASTE TÓPICO 2 | VÍNCULOS 137 FONTE : Autora Exemplo 6 – Um homem levanta uma viga de 10 kg e 10 m de comprimento puxando uma corda. Encontrar a força de tração T na corda e a reação em A. Suponha que a aceleração da gravidade é igual à 9,81 m/s2. FONTE: Disponívelem: <http://www.pucrs.br/feng/civil/professores/glaucia/ cap2(2005-2).pdf>. Acesso em: 26 jan. 2011. 4,00m 45° 25° A B FIGURA 101 – DETALHE DA FORÇA DE REAÇÃO NO PONTO A FIGURA 102 – IMAGEM PARA O EXERCÍCIO Da primeira, encontramos: Da segunda equação: Observe, na figura a seguir, o sentido da componente horizontal da força no ponto A, XA: 138 UNIDADE 3 | ESTÁTICA Solução: FONTE: A autora Solução: Construímos o diagrama de corpo livre das forças que atuam sobre a barra, figura a seguir. As forças de contato atuando na barra em B são normais às superfícies da parede, além do peso P =200(9,81) =1962 N. a força exercida pelo chão pela esfera na junta em A é representada pelas componentes x, y e z. A posição vertical de B é dada por FIGURA 103 – IMAGEM PARA O EXERCÍCIO Exemplo 7 – A barra de aço uniforme com 7 m de comprimento tem uma massa de 200 kg e está apoiada sobre o chão por uma rótula em A. A extremidade esférica em B se apoia na parede vertical lisa, como mostrado. Calcule as forças exercidas pelas paredes e pelo chão nas extremidades da barra. (MERIAN; KRAIGE, 2008, p. 98) TÓPICO 2 | VÍNCULOS 139 FONTE: A autora Utilizando A como centro de momento para eliminar a referência das forças atuando em A. Os vetores posição são, FIGURA 104 – DIAGRAMA DE CORPO LIVRE Onde o centro de massa, localização do vetor P, está à meia distância de A e B. As forças em A podem ser determinadas como segue: 140 UNIDADE 3 | ESTÁTICA REAÇÕES EM APOIOS E CONEXÕES PARA UMA ESTRUTURA TRIDIMENSIONAL Ferdinand Pierre Beer As reações em uma estrutura tridimensional variam da força única de direção conhecida, exercida por uma superfície sem atrito, ao sistema força- binário, exercido por um engaste. Consequentemente, em problemas que envolvam o equilíbrio de uma estrutura tridimensional, pode haver uma a seis incógnitas associadas às reações em cada apoio ou conexão. Uma maneira simples de se determinar o tipo de reação correspondente a um dado apoio ou conexão é o número de incógnitas envolvidas é achar quais dos seis movimentos fundamentais (translação nas direções x, y e z, rotação em torno dos eixos x, y e z) são permitidos e quais movimentos são impedidos. Apoios de esferas, superfícies sem atrito e cabos, por exemplo, impedem translação em uma direção apenas e, portanto, exercem uma força única cuja linha de ação é conhecida; cada um desses apoios envolve uma incógnita, a saber, a intensidade da reação. Roletes sobre superfícies rugosas e rodas sobre trilhos impedem a translação em duas direções; as reações correspondentes consistem em dois componentes de força desconhecidos. Superfícies rugosas em contato direto e apoiados do tipo rótula impedem a translação em três direções; esses apoios envolvem três componentes de força desconhecidos. Alguns apoios e conexões podem impedir tanto a rotação quanto a translação; as reações correspondentes incluem tanto binários quanto forças. Por exemplo, a reação em um engaste, que impede qualquer movimento (tanto rotação quanto translação), consiste em três forças desconhecidas e três binários desconhecidos. Uma junta universal, que é projetada para possibilitar rotação em torno de dois eixos, exercerá uma reação constituída de três componentes de força desconhecidos e um binário desconhecido. Outros apoios e conexões são projetados principalmente para impedir a translação; seu projeto, no entanto, é tal que eles também impedem algumas rotações. As reações correspondentes consistem essencialmente em componentes de força, mas podem também incluir binários. Um grupo de apoios desse tipo inclui articulações e mancais projetados para sustentar somente cargas radiais LEITURA COMPLEMENTAR TÓPICO 2 | VÍNCULOS 141 (por exemplo, mancais de deslizamentos, mancais de rolamento). As reações correspondentes consistem em dois componentes de força, mas também podem incluir dois binários. Outro grupo inclui apoios do tipo pino e suporte, articulações e mancais, projetados para sustentar tanto um empuxo axial quanto uma carga radial (Por exemplo, mancais de esferas). As reações correspondentes consistem em três componentes de força, mas também podem incluir dois binários. Entretanto, esses apoios não exercerão quaisquer binários apreciáveis em condições normais de uso. Portanto, somente componentes de força devem ser incluídos em suas análises, exceto se verificar que são necessários binários para se manter o equilíbrio do corpo rígido, ou exceto se o apoio tiver sido projetado especificamente para exercer um binário. Se as reações envolvem mais seis incógnitas, há mais incógnitas do que equações, e algumas das reações são estaticamente indeterminadas. Se as reações envolvem menos de seis incógnitas, há mais equações do que incógnitas, e algumas das equações de equilíbrio não podem ser satisfeitas em condições gerais de carregamento; o corpo rígido só está parcialmente vinculado. Entretanto, nas condições de carregamento particulares que correspondem a um dado problema, as equações extras frequentemente se reduzem a identidades triviais, como 0 = 0, e podem ser desconsideradas; embora só esteja parcialmente vinculado, o corpo rígido permanece em equilíbrio. Mesmo com seis ou mais incógnitas, é possível que algumas equações de equilíbrio não sejam satisfeitas. Isso pode ocorrer quando as reações associadas aos apoios ou são paralelas ou interceptam a mesma linha, o corpo rígido está então impropriamente vinculado. 142 UNIDADE 3 | ESTÁTICA Classificação das estruturas As estruturas podem ser classificadas quanto ao número de vínculos que possui. Podemos comparar o número de vínculos com o número de equações independentes que conseguimos através das condições de equilíbrio e classificar as estruturas em três tipos. Hipostática - Na estrutura hipostática o número de equações é maior que o número de incógnitas, portanto não possui vínculos suficientes para garantir a sua total imobilidade. Hiperestática - Na hiperestática o número de equações é menor que o número de incógnitas e há superabundância de vínculos para garantir a sua total imobilidade. Isostática - Na estrutura isostática o número de equações é igual ao número de incógnitas possuindo assim uma quantidade de vínculos estritamente necessária para garantir a sua imobilidade total. FONTE: Extraído e adaptado de: BEER, Ferdinand Pierre. Estática. In: Mecânica vetorial para engenheiros. São Paulo: Makron Books, 1994. p. 191-193. 143 RESUMO DO TÓPICO 2 Neste tópico, você viu os seguintes assuntos relacionados à Física: • Definimos vínculos e os classificamos em função da sua utilização e restrição aos graus de liberdade. • Mostramos a utilização dos vínculos em sistemas tridimensionais. • Através de alguns exemplos práticos, abordamos o cálculo das reações vinculares. • Classificamos as estruturas em função das reações e equações de equilíbrio. 144 AUTOATIVIDADE Chegando ao final de mais um tópico, vamos exercitar nossos conhecimentos resolvendo as questões a seguir: 1 A viga AB da figura se encontra apoiada nos extremos por dois vínculos, no ponto A um apoio fixo e no ponto B um apoio simples. Pedem-se as reações vinculares nos pontos A e B, sabendo-se que a carga P vale 30N. FONTE: Autora 2 Uma estrutura em arco é fixa ao suporte articulado no ponto A, e sobre roletes em B num plano de 300 com a horizontal. O vão AB mede 20m. O peso da estrutura é Q = 10000kgf. A força resultante dos ventos é P = 2000kgf e situa-se a 4 m, acima de A, paralelamente à reta AB. Determinar as reações nos suportes A e B. FONTE: Autora FIGURA 105 – VIGA AB FIGURA 106 – PÓRTICO 145 3 A barra homogênea AB de peso P = 120 N está articulada em A e é mantida em equilíbrio pelofio ideal BC. Determine a intensidade da força de tração no fio e as componentes vertical e horizontal da força da articulação na barra. Sabe-se que o comprimento da barra é 1 m e o ângulo é de 300. 4 Observe na figura a seguir, três cargas aplicadas a uma viga. A viga é apoiada em um rolete em A e em uma articulação em B. Desprezando o peso próprio da viga, determine as reações em A e B quando Q = 75 kN. 5 Determine as reações em A e B quando: (a) α = 00 (b) α = 900 (c) α = 300. FONTE: Autora FONTE: Disponível em: <http://www.pucrs.br/feng/civil/professores/ glaucia/cap2(2005-2).pdf>. Acesso em: 26 jan. 2011. FONTE: Disponível em: <http://www.pucrs.br/feng/civil professores/ glaucia/cap2(2005-2).pdf>. Acesso em: 26 jan. 2011. FIGURA 107 – BARRA AB FIGURA 108 – IMAGEM PARA O EXERCÍCIO FIGURA 109 – IMAGEM PARA O EXERCÍCIO 146 147 TÓPICO 3 TRELIÇAS UNIDADE 3 1 INTRODUÇÃO Uma das principais estruturas utilizadas pela engenharia é a treliça, mostrada na figura a seguir, constituída principalmente por elementos retos e unidos por um nó. FONTES: Disponível em: <http://www.serradaprata.com.br/contrucao-civil/trelica- lancadeira-de-vigas-m3bbd.html?MEid=72>. Acesso em: 15 ago. 2008. Os elementos da treliça são feitos para suportar pouca carga lateral. As cargas, no entanto, são aplicadas aos nós. Veja na figura a seguir, detalhes mostrando os pinos nos nós da estrutura. FIGURA 110 – TRELIÇAS EM CONSTRUÇÕES DE PONTES E VIADUTOS UNIDADE 3 | ESTÁTICA 148 FONTE: Disponível em: <http://www.lmc.ep.usp.br/people/hlinde/ Estruturas/garabit.htm> Acesso em: 15 ago. 2008. A grande vantagem da treliça é atingir grandes vãos livres sem colunas ou vigas. Em seguida, veja outros exemplos de estruturas com treliças. FONTE: Disponível em: <http://www.fec.unicamp.br/~fam/novaes/public_ html/iniciacao/teoria/estrutur/4.htm>. Acesso em: 15 ago. 2008. FONTE: Disponível em: <http://www.fec.unicamp.br/~fam/novaes/public_html/ iniciacao/teoria/estrutur/4.htm>. Acesso em: 15 ago. 2008. FIGURA 111 – DETALHE MOSTRANDO OS NÓS NOS PONTOS EM QUE A TRELIÇA POSSUI PINOS QUE LIGAM OS ELEMENTOS DA ESTRUTURA FIGURA 112 – ESTRUTURAS DE TRELIÇA - ESTRUTURA DE AÇO DE UM GALPÃO INDUSTRIAL FIGURA 113 – ESTRUTURAS DE TRELIÇA - TORRE DE ALTA TENSÃO E UMA TRELIÇA PLANA DE MADEIRA TÓPICO 3 | TRELIÇAS 149 Quando os elementos de treliça se situam essencialmente no mesmo plano, a treliça é chamada de treliça plana. Para pontes e estruturas similares, treliças planas são utilizadas em pares com uma treliça colocada em cada lado da estrutura. (MERIAN; KRAIGE, 2008). 2 CÁLCULO DAS REAÇÕES Para Merian e Kraige (2008), quando conexões soldadas ou rebitadas são usadas para unir elementos estruturais, podemos normalmente considerar que a conexão é do tipo união por pino se as linhas centrais forem concorrentes na junta como na a seguir. Na análise de treliças simples, também consideramos que todas as forças externas são aplicadas nos nós das juntas. Consideremos uma barra articulada qualquer como a da figura a seguir. Podemos escrever as equações de equilíbrio para esse corpo como segue, FONTE: A autora FONTE: Autora Da última equação temos que: , da segunda equação: e da primeira: . FIGURA 114 – IMAGEM PARA O EXERCÍCIO FIGURA 115 – BARRA QUALQUER ARTICULADA UNIDADE 3 | ESTÁTICA 150 Assim sendo, as únicas forças de reação na barra articulada são em sentido paralelo ao seu comprimento XA e XB. Estas estão em sentidos opostos, como podemos ver os possíveis resultados na figura a seguir. A barra pode estar sendo tracionada ou comprimida. FONTE: Autora 2.1 MÉTODO DOS NÓS Podemos encontrar as reações internas nos pontos de ligação de vários elementos utilizando o método dos nós. Este método consiste em analisar separadamente cada ponto de encontro de duas ou mais barras ou articulação de interligação das barras e considerar o somatório das forças externas e internas que atuam nesse ponto nulo. Demonstraremos esse método através do exemplo prático a seguir. Exemplo 6 – A estrutura mostrada na figura a seguir é composta por barras biarticuladas, de pesos desprezíveis. A e B são duas articulações externas. Determine todos os esforços atuantes nas barras. FONTE: Autora Solução: Para determinar os esforços em cada barra, vamos olhar para os nós separadamente. Veja o esquema das forças de cada nó na figura a seguir. FIGURA 116 – REAÇÕES NA BARRA FIGURA 117 – TRELIÇA DO EXEMPLO 6 TÓPICO 3 | TRELIÇAS 151 FONTE: Autora Agora, vamos escrever as condições de equilíbrio em cada nó. Vamos começar com o nó do ponto A, figura a seguir. As únicas forças que atuam no ponto a são XA, YA e NAC. FONTE: Autora Observando a disposição das forças na figura anterior, escrevemos: FIGURA 118 – FORÇAS ATUANDO EM CADA NÓ FIGURA 119 – FORÇAS NO PONTO A UNIDADE 3 | ESTÁTICA 152 FONTE: Autora FONTE: Autora FONTE: Autora Analogamente, escrevemos para cada nó as condições de equilíbrio como segue: FIGURA 120 – FORÇAS NO PONTO B FIGURA 121 – FORÇAS NO PONTO C FIGURA 122 – FORÇAS NO PONTO D TÓPICO 3 | TRELIÇAS 153 FONTE: Autora A partir das equações (5) podemos determinar NCE e NDE, , lembrando que , encontramos . E a partir desse resultado, podemos encontrar NDE, . Lembrando que , encontramos, NDE = – Q. Utilizando as equações (4), podemos determinar NDB e NCD, no nó do ponto D: FIGURA 123 – FORÇAS NO PONTO E Com as equações (3), determinamos: UNIDADE 3 | ESTÁTICA 154 Substituindo esse resultado na outra: Com as equações (2), determinamos: Finalmente, das equações (1) recebemos: Assim, encontramos todas as incógnitas procuradas, Algumas vezes não podemos, inicialmente, atribuir para uma ou ambas as forças desconhecidas atuando em um dado nó. Nesse caso, podemos fazer uma atribuição arbitrária. Uma força calculada negativa indica que a direção assumida inicialmente está errada. (MERIAN; KRAIGE, 2008) 2.1.1 Redundância interna e externa Conforme Merian e Kraige (2008), se uma treliça tem mais apoios externos do que os necessários para garantir uma configuração de equilíbrio estável, a treliça como um todo é estaticamente indeterminada e os apoios extras constituem redundância externa. Se tiver mais elementos internos que os necessários para evitar o colapso quando a treliça é removida de seus apoios, então os elementos extras constituem redundância interna, e a treliça é novamente estaticamente indeterminada. Para uma treliça que é estaticamente determinada, existe uma relação específica entre o número de seus elementos e o número de seus nós necessária para estabilidade interna sem redundância. Como podemos especificar o equilíbrio de TÓPICO 3 | TRELIÇAS 155 cada nó por duas equações escalares de força, existem ao todo 2j equações desse tipo para uma treliça com j nós. Para a treliça completa composta de m elementos de duas forças e tendo no máximo 3 reações de apoio desconhecidas, existem ao todo m + 3 incógnitas (m forças de tração ou compressão e três reações). Assim, para qualquer treliça plana, a equação m + 3 = 2j será satisfeita se a treliça é internamente estaticamente determinada. Observe a figura a seguir, a treliça tem 6 nós, isso dá 2j = 12, 12 equações. Com 3 reações R1, R2 e L, assim m + 3 = 12 dá m = 9, 9 forças de tração ou compressão, AF, AB, EF, BF,BC, CD, DE, BE, CE. FONTE: MERIAN; KRAIGE, 2008 p. 118. FIGURA 124 – IMAGEM PARA O EXERCÍCIO UNIDADE 3 | ESTÁTICA 156 2.1.2 Condições especiais Para Merian e Kraige (2008), é comum encontrar diversas condições especiais na análise de treliças. Quando dois elementos colineares estão sob compressão como indicado na figura 125 A , é necessário adicionarum terceiro elemento para manter o alinhamento dos dois elementos e prevenir a flambagem. A partir de um somatório de forças, vê-se que a força F3 no terceiro elemento deve ser zero na direção y e que F1 = F2 na direção x. Essa conclusão é válida independente do ângulo θ e também se os elementos colineares estão sob tração. Se uma força externa com uma componente y fosse aplicada no nó, então F3 não valeria zero. Quando dois elementos não colineares são unidos como mostrado na figura 125 B, então, na ausência de uma carga externa aplicada a esse nó, as forças em ambos os elementos deve ser zero, como podemos ver através dos dois somatórios de força. Quando dois pares de elementos colineares são unidos como mostrado na figura 125 C , as forças em cada par devem ser iguais e opostas. Essa conclusão deriva dos somatórios de forças indicados na figura 125. FONTE: MERIAN; KRAIGE, 2008 p. 119. 3 MÉTODO DAS BARRAS Podemos utilizar outro método se estivermos interessados apenas na reação em uma barra em particular, sem a necessidade de determinar os valores de todas as reações. Este método consiste no método das barras e também vamos apresentá-lo na forma de um problema concreto, como o do próximo exemplo. Exemplo 7 – Queremos determinar o esforço atuante na barra HJ da figura a seguir. FIGURA 125 – IMAGEM PARA O EXERCÍCIO TÓPICO 3 | TRELIÇAS 157 FONTE: Autora Solução: Primeiramente, vamos impor as condições de equilíbrio sobre toda a estrutura, considerando apenas as reações externas, no apoio fixo do ponto A e no apoio simples no ponto B. As reações internas podem ser desprezadas porque se anulam aos pares. Assim, somando todas as cargas P, obtemos: FIGURA 126 – ESTRUTURA DO EXEMPLO 7 A última equação nos dá o valor de YB : Podemos substituir na segunda para determinar YA : A primeira equação nos dá, diretamente, o valor de XA = 0 . Com as reações externas determinadas, podemos encontrar a reação interna solicitada na barra HJ. Para tanto, precisamos isolar a parte da estrutura em que temos a reação procurada. Vamos analisar a parte da treliça constituída pelos pontos I, J,K,L e B. UNIDADE 3 | ESTÁTICA 158 FONTE: Autora As forças de reação interna que não se cancelam aos pares são as forças NGI , NHI e NHJ . Impondo a condição de momentos nulos, nessa porção da treliça, e considerando o ponto I como um polo, encontramos: FIGURA 127 – ALGUNS ELEMENTOS DA TRELIÇA CONSTITUÍDA PELOS PONTOS I, J, K, L e B Substituindo o valor de YB, encontrado anteriormente, temos: Assim, determinamos o esforço que a barra HJ pode suportar em termos da carga P e das dimensões a e b. 159 RESUMO DO TÓPICO 3 Neste tópico, você teve oportunidade de estudar aspectos importantes, cujos itens são apresentados a seguir: • Definimos treliça e apontamos sua utilidade em Engenharia, mostrando algumas estruturas que a empregam. • Mostramos como calcular as reações internas nos elementos retos da treliça. • Apresentamos o método dos nós para a determinação das reações externas e internas. • Apresentamos o método das barras como alternativa para a determinação de reações num elemento em particular. 160 AUTOATIVIDADE Para reforçar seu aprendizado, resolva as questões a seguir: 1 Usando a estrutura mostrada na figura 117, do exemplo 6, que é composta por barras biarticuladas de pesos desprezíveis, sendo A e B são duas articulações externas. Determine todos os esforços atuantes nas barras, sabendo que Q = 30 N. 2 Sabendo que P = 30 N, a = 1m e b = 3m, determinar o esforço atuante na barra HJ da figura 126, do exemplo 7. 3 Para a estrutura ilustrada, determine as reações no rolete “A” e no engaste “H”. 4 Determine a força em cada elemento da treliça e indique se os elementos estão mesmo sob tração ou compressão. Considere que P1 = 500lb e P2 = 100lb. FONTE: Autora FONTE: Disponível em: <http://www.professores.uff.br/salete/mec/ CAPVI1.PDF>. Acesso em: 26 jan. 2011. FIGURA 128 – ELEMENTOS DA TRELIÇA PARA ATIVIDADE FIGURA 129 – IMAGEM PARA O EXERCÍCIO 161 5 Determine a força em cada elemento da treliça e indique se os elementos estão mesmo sob tração ou compressão. Considere que P1 = P2 = 4kN. 6 Determine as forças nos elementos BC, HC e HG para a treliça da ponte e indique se eles estão sob tração. FONTE: Disponível em: <http://www.professores.uff.br/salete/mec/CAPVI1. PDF>. Acesso em: 26 jan. 2011. FONTE: Disponível em: <http://www.professores.uff.br/salete/mec/CAPVI1.PDF>. Acesso em: 26 jan. 2011. FIGURA 130 – IMAGEM PARA O EXERCÍCIO FIGURA 131 – IMAGEM PARA O EXERCÍCIO 162 163 TÓPICO 4 VIGAS E CABOS UNIDADE 3 1 INTRODUÇÃO Denominamos viga um elemento estrutural que pode sustentar cargas aplicadas em vários pontos de sua extensão. Geralmente, as cargas aplicadas são perpendiculares ao eixo da viga, causando somente cisalhamento e flexão. A figura a seguir mostra a colocação de vigas num viaduto. FONTE: Disponível em: <http://www.manaus.am.gov.br/secretarias/semosbh/galeria-1/ Colocacoes-de-Vigas---Viaduto-da-Recife---nov-2007.jpg/view>. Acesso em: 15 ago. 2008. O projeto de qualquer elemento estrutural ou mecânico requer uma investigação das cargas que atuam em seu interior para garantir que o material utilizado resista ao carregamento. Os efeitos internos podem ser determinados pelo uso do método das barras. (HIBBELER, 2005). FIGURA 132 – COLOCAÇÃO DE VIGAS EM VIADUTO UNIDADE 3 | ESTÁTICA 164 FIGURA 133 – VIGA SUBMETIDA ÀS CARGAS CONCENTRADAS P 2 , P 3 E P 5 , E AS CARGAS DISTRIBUÍDAS P 1 E P 4 Determinamos, a partir da viga inteira, as reações YA e YB. Cortando a viga em dois pedaços, a partir do ponto C, calculamos as reações internas. Tomando o pedaço AC determinamos o esforço cortante Ec1 em C, usando a condição Fy = 0 e o momento fletor a condição . Exemplo 1 – Uma barra é fixada em uma de suas extremidades e é carregada como mostra a figura a seguir. Determine as forças normais internas nos pontos B e C. 2 ESFORÇO CORTANTE E MOMENTO FLETOR EM UMA VIGA As cargas concentradas sobre as vigas são expressas em N (Newton) e as cargas distribuídas sobre as vigas são expressas em N/m (Newton/metro). Na figura a seguir, a viga AB possui três cargas concentradas: P2 , P3 e P5 , e duas cargas distribuídas P1 e P4 . Queremos determinar o esforço cortante e o momento fletor num ponto qualquer, como, por exemplo, o ponto C. FONTE: Autora TÓPICO 4 | VIGAS E CABOS 165 FONTE: A autora Solução: Apenas uma força normal AY atua no apoio fixo, uma vez que as cargas são aplicadas simetricamente ao longo do eixo da barra (AX = 0, MA = 0). FONTE: A autora As forças internas em B e C são obtidas utilizando os diagramas de corpo livre da barra secionada, conforme figura anterior. Nenhuma força de cisalhamento ou momento atuará nessas seções, por não serem necessários para a condição de equilíbrio. Foram escolhidos os segmentos AB e DC porque eles contêm menor quantidade de forças. Segmento AB FIGURA 134 – IMAGEM PARA O EXERCÍCIO FIGURA 135 – IMAGEM PARA O EXERCÍCIO UNIDADE 3 | ESTÁTICA 166 Segmento DC 3 CABOS Os cabos são muito utilizados, na Engenharia, em pontes, linhas de transmissão, teleféricos etc. Existem duas categorias para os cabos, dependendo das cargas que sustentam. Observe os cabos na figura a seguir. FONTE: Disponível em: <http://www.vias3d.net/web/?ver=Articulos&id=15>. Acesso em: 15 ago. 2008. 3.1 CABOS COM CARGAS CONCENTRADAS Vamos considerar um cabo de peso desprezível submetido a três pesos, como é ilustrado na figura a seguir. As reações internas podem ser reduzidas a uma força de tração na direção ao longo do cabo. As reações nos apoios A e B, juntamente com as três cargas, estão representadasna mesma figura. FIGURA 136 – CABOS TÓPICO 4 | VIGAS E CABOS 167 FONTE: Autora Temos três equações de equilíbrio e quatro incógnitas. Portanto, o sistema permanece indeterminado, a menos que obtivermos uma equação adicional. Para tanto, vamos considerar o equilíbrio numa parte do cabo. Conhecendo as coordenadas de um ponto sobre o cabo entre os dois primeiros pesos, figura a seguir, traçamos o diagrama de corpo livre e escrevemos as condições de equilíbrio sobre esse segmento do cabo. FONTE: Autora Depois de determinar XA e YA, podemos encontrar a distância y de A até cada ponto do cabo. 3.2 CABOS COM CARGAS DISTRIBUÍDAS Quando um cabo sustenta uma carga distribuída, ele toma a forma de uma curva como o da figura a seguir, e a força interna em cada ponto é uma força de tração direcionada ao longo da tangente dessa curva. FIGURA 137 – CABO SUSTENTANDO 3 CARGAS FIGURA 138 – DIAGRAMA DE CORPO LIVRE DO SEGMENTO AO UNIDADE 3 | ESTÁTICA 168 FONTE: Autora Traçando um diagrama de corpo livre da parte do cabo, desde o ponto mais baixo O até um outro ponto qualquer Q, temos as forças T0 no ponto mais baixo, T no ponto qualquer e P para o peso distribuído na parte do cabo considerado. Do triângulo retângulo formado por essas forças: FIGURA 139 – CARGA DISTRIBUÍDA NUM CABO O resultado acima mostra que a componente horizontal da força de tração é a mesma em qualquer ponto e a componente vertical é igual à carga medida a partir do ponto mais baixo. 169 Neste tópico, você teve oportunidade de estudar os seguintes conteúdos de Mecânica: • Vimos a utilização de cabos e vigas na Engenharia. • Mostramos o conceito de esforço cortante e momento fletor numa viga. • Estudamos cabos submetidos a cargas concentradas e cargas distribuídas. RESUMO DO TÓPICO 4 170 AUTOATIVIDADE Caro(a) acadêmico(a)! Para fixar o tópico estudado, resolva estas questões a seguir: 1 Encontre o esforço cortante e o momento fletor no ponto C da (Figura a seguir) que segue. FONTE: Autora. 2 O cabo AB (Figura a seguir) sustenta três cargas verticais nos pontos indicados. Se o ponto D está 1,5 m abaixo do apoio esquerdo, determine: (a) A elevação dos pontos C e E. (b) A inclinação máxima e a tração máxima no cabo. FONTE: Autora FIGURA 140 – VIGA AB COM DUAS CARGAS CONCENTRADAS FIGURA 141 – CABO COM TRÊS CARGAS CONCENTRADAS 171 TÓPICO 5 TENSÃO E DEFORMAÇÃO UNIDADE 3 1 INTRODUÇÃO Se o corpo é submetido a uma carga externa, ocorre uma distribuição de força que mantém cada segmento do corpo em equilíbrio. Tensão é a intensidade dessa força interna que age em cada ponto do corpo. Podemos ilustrar as tensões em cinco tipos principais: tração, compressão, flexão, cisalhamento e torção. Observe na figura a seguir como as forças atuam na barra em cada um desses casos. FONTE: Autora A maior parte dos elementos estruturais ou mecânicos são finos e compridos, com cargas frequentemente aplicadas nas suas extremidades, podendo se tratar de uma tração ou uma compressão. Vamos considerar que A é a área da seção transversal de uma barra, como o da figura a seguir, e N a intensidade da força interna, sendo ambas constantes ao longo do eixo longitudinal da barra. Então, a tensão normal também é constante ao longo da barra e é dada pela expressão: . Para diferenciar entre uma compressão ou uma tração, convencionamos que N é positivo se provoca uma tração e negativo se provoca uma compressão. 2 TENSÃO NORMAL FIGURA 142 – TIPOS DE SOLICITAÇÕES UNIDADE 3 | ESTÁTICA 172 A unidade da tensão no sistema internacional é o Newtons por metro quadrado (N/m2). Essa unidade é denominada Pascal (Pa), podendo ser acrescida dos prefixos k (kilo = 103), M (mega = 106) e G (giga = 109). FONTE: Autora Exemplo 1 – A luminária de 70 kg é suportada por duas hastes AB e BC como mostra a figura a seguir. Se AB tem diâmetro de 9 mm e BC tem diâmetro de 7 mm, determine a tensão normal média em cada haste. FONTE: Autora Solução: Fazendo um diagrama de corpo livre como o da figura a seguir, explicitamos as forças nas direções dos dois eixos coordenados x e y. FONTE: Autora FIGURA 143 – TRAÇÃO E COMPRESSÃO FIGURA 144 – LUMINÁRIA FIGURA 145 – DIAGRAMA DE CORPO LIVRE TÓPICO 5 | TENSÃO E DEFORMAÇÃO 173 E aplicando as equações de equilíbrio para cada uma dessas direções, encontramos: Sabendo que a massa da luminária é de 70 kg, e que a aceleração da gravidade é g = 9,8m / s2, podemos calcular o seu peso: Substituindo P na equação de equilíbrio para y e resolvendo ambas: A tensão normal média em cada haste passa a ser então , sendo a área circular da seção transversal igual a , em que r é o raio que pode ser determinado dividindo-se o diâmetro por 2. Temos, UNIDADE 3 | ESTÁTICA 174 3 TENSÃO DE CISALHAMENTO A tensão de cisalhamento é paralela ao plano da seção transversal e se caracteriza por uma tendência de corte. Ao cortar um tecido, fatiar um pedaço de queijo ou aparar um pedaço de papel com uma guilhotina, você está praticando um cisalhamento. Durante o corte, as partes se movimentam paralelamente, por escorregamento, uma sobre a outra, separando-se. Todo material possui certa resistência a esse cisalhamento. É possível determinar a tensão de cisalhamento dos corpos sujeitos aos esforços cortantes de duas maneiras diferentes, fazendo um ensaio de cisalhamento ou utilizando o valor de resistência à tração do material. FONTE: Disponível em: <http://www.lrm.ufjf.br/pdf/07cisalhamento.pdf> . Acesso em: 18 Ago. 2008. O ensaio de cisalhamento para pinos, rebites e parafusos é feito da seguinte maneira: utiliza-se um dispositivo como o representado pela figura anterior. Nele, o corpo de prova é inserido entre as duas partes móveis e, então, é submetido a uma força de tração ou compressão perpendicular ao seu eixo axial. Observe a região do corpo que é afetada pelo cisalhamento. A força aplicada é aumentada lentamente até que ocorra a ruptura do corpo de prova. Podem-se também ensaiar as soldas substituindo o corpo de prova por junções soldadas. No caso de ensaios de cisalhamento de chapas, o dispositivo utilizado é semelhante ao apresentado na figura a seguir, em que se determina apenas o valor da força que provoca a ruptura da seção transversal do corpo de prova. FIGURA 146 – DISPOSITIVO UTILIZADO PARA ENSAIO DE CISALHAMENTO F F região de parafusos de fixação cisalhamento corpo de prova TÓPICO 5 | TENSÃO E DEFORMAÇÃO 175 FONTE: Disponível em: <http://www.lrm.ufjf.br/pdf/07cisalhamento.pdf>. Acesso em: 18 ago. 2008. Para o cálculo da tensão de cisalhamento , precisamos determinar a relação entre a força cortante F pela área A do corpo: . Exemplo 2 – O desenho da figura a seguir mostra um rebite de 20 mm de diâmetro que será usado para unir duas chapas de aço, devendo suportar um esforço cortante de 29400 N. Qual será a tensão de cisalhamento sobre a área da seção transversal do rebite? FONTE: Disponível em: <http://www.lrm.ufjf.br/pdf/07cisalhamento.pdf>. Acesso em: 18 ago. 2008. Solução: A área da seção transversal é dada pela expressão , em que r é o raio que pode ser determinado dividindo-se o diâmetro por 2. Utilizando a definição de tensão de cisalhamento encontramos que: FIGURA 147 – DISPOSITIVO UTILIZADO PARA ENSAIO DE CISALHAMENTO FIGURA 148 – REBITE UNINDO DUAS CHAPAS DE AÇO F F F corpo de prova punção cilíndrico rebite ∅ 20 ferramenta UNIDADE 3 | ESTÁTICA 176 4 TENSÃO ADMISSÍVEL Quando o engenheiro executa um projeto com elementos estruturais ou mecânicos, precisa restringir a tensão do material a um nível seguro. A tensão admissível é uma característica do material utilizado e indica até quanto o materialsuporta a tensão antes de se romper. É necessário escolher uma tensão admissível para a carga aplicada menor do que a carga que o elemento pode suportar para garantir a segurança, pois podem ocorrer cargas acidentais, impactos ou vibrações desconhecidas, além dos possíveis desgastes provocados pela corrosão. O fator de segurança FS dá a relação entre a carga de ruptura Frup e a carga admissível Fadm. FONTE: HIBBELER (2006, p. 35). Quando se projetam guindastes, como o da figura anterior, feitos para movimentar cargas pesadas, é preciso considerar fatores de segurança adequados. O fator de segurança é sempre maior do que 1. É possível utilizar- se valores próximos de 1, quando é importante reduzir-se o peso ao máximo. Porém, em usinas nucleares, em que há incerteza nas cargas e no comportamento do material, o fator de segurança alcança valores próximos a 3. Exemplo 3 – Uma carga axial no eixo mostrado na figura a seguir é resistida pelo colar em C, que está preso ao eixo e localizado à direita do mancal em B. Determine o maior valor de P para as duas forças axiais em E e F, de modo que a tensão no colar não exceda uma tensão de apoio admissível em C de e que a tensão normal média no eixo não exceda um esforço de tração admissível de . FIGURA 149 – GUINDASTE TÓPICO 5 | TENSÃO E DEFORMAÇÃO 177 FONTE: HIBBELER (2006, p. 42). Solução: Vamos encontrar primeiro a tensão normal máxima que ocorre na região EC, pois, observando a figura a seguir, podemos perceber que a carga axial no interior da região FE é de 2P, e a maior carga ocorre no interior da região EC. Assim: FONTE: HIBBELER (2006, p. 42). Agora, vamos calcular a tensão de apoio no colar. Observe a figura a seguir. O colar deve resistir a uma carga de 3P, que atua na área de apoio de Então: FONTE: HIBBELER (2006 p. 43). FIGURA 150 – EIXO FIGURA 151 – DISTRIBUIÇÃO DA CARGA AXIAL FIGURA 152 – DISTRIBUIÇÃO DA CARGA NO APOIO UNIDADE 3 | ESTÁTICA 178 Portanto, a maior carga que pode ser aplicada no eixo é de P = 51,8kN. 5 DEFORMAÇÃO Quando um corpo é submetido a uma força, tende a mudar de tamanho e forma. Isso origina o que chamamos de deformação. Esta deformação pode se apresentar visível aos nossos olhos ou ser imperceptível. Podemos medir as deformações através de experiências e aplicar os valores às cargas e tensões que vão atuar no interior do corpo. 5.1 DEFORMAÇÃO NORMAL É a deformação que produz um alongamento ou contração de um segmento de reta por unidade de comprimento. Considere os pontos A e B sobre a reta pontilhada que representa o eixo na figura 153 (a). O segmento ∆S, é o comprimento da reta AB. Quando o corpo sofre a deformação, esses pontos são deslocados para as posições A´e B´, figura 153 (b) em que a reta se transforma numa curva de comprimento ∆S´. A deformação normal média ε é dada pela expressão: . FONTE: Autora Quando a deformação normal é conhecida, podemos obter o comprimento final aproximado na direção do eixo depois da deformação. Assim, SS ∆+≈∆ )1(´ ε . Observe que, se for positivo à reta, alonga-se e se for negativo, contrai-se. A deformação é uma grandeza adimensional, pois se trata de uma relação entre comprimentos. Exemplo 4 – Uma haste delgada como a da figura a seguir está submetida a um aumento de temperatura, o que cria uma deformação normal na haste de FIGURA 153 – DEFORMAÇÃO TÓPICO 5 | TENSÃO E DEFORMAÇÃO 179 . O z é dado em metros. Determinar : (a) o deslocamento da extremidade B da haste devido ao aumento de temperatura e (b) a deformação normal média da haste. FONTE: Autora Solução: (a) Como a deformação normal é dada para cada ponto ao longo da haste, um segmento diferencial dy, localizado na posição y, tem comprimento deformado determinado por FIGURA 154 – HASTE O deslocamento é, portanto . (b) A deformação média é . 180 Neste tópico, você teve oportunidade de estudar os seguintes conteúdos: • Observamos que os corpos podem se deformar quando submetidos à tensão. • Vimos que a tensão é uma força interna que se distribui no corpo para mantê-lo em equilíbrio quando submetido a uma carga. • Calculamos a tensão normal e definimos tensão de cisalhamento. • Mostramos como calcular a tensão admissível. • Estudamos a deformação e vimos que ela tem por efeito causar uma mudança no tamanho do corpo. RESUMO DO TÓPICO 5 181 Chegando ao final de mais um tópico, caro(a) acadêmico(a), para melhor fixação do conteúdo, resolva as questões a seguir: 1 A luminária da figura a seguir tem 50 kg e é suportada pelas hastes AB e CB, com diâmetros de 8 mm e 10 mm, respectivamente. Calcule o valor da tensão normal média em cada haste e determine qual das duas hastes está sujeita à maior tensão. FONTE: Autora 2 O tirante está apoiado em sua extremidade por um disco circular fixo como mostrado na figura a seguir. Se a haste passa por um furo de 40mm de diâmetro, determinar o diâmetro mínimo requerido da haste e a espessura mínima do disco, necessários para suportar uma carga de 20kN. A tensão normal admissível da haste é , e a tensão de cisalhamento admissível do disco é . FONTE: Disponível em: <http://meusite.mackenzie.com.br/alex_ bandeira/ResmatI/Aula03.pdf>. Acesso em: 18 ago. 2008. FIGURA 155 – LUMINÁRIA FIGURA 156 – TIRANTE AUTOATIVIDADE 182 183 REFERÊNCIAS BEER, Ferdinand P.; JOHNSTON JR, E. Russell; CLAUSEN, William E. Mecânica Vetorial para Engenheiros: Estática. São Paulo: McGraw Hill. 2006. BEER, Ferdinand P.; JOHNSTON JR, E. Russell; CLAUSEN, William E. Mecânica Vetorial para Engenheiros: Dinâmica. 7º ed. São Paulo: McGraw Hill. 2006. BEER, Ferdinand Pierre. Mecânica Vetorial para Engenheiros: Estática. São Paulo: Makron Books, 1994. HIBBELER, R. C. 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