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ADOÇÃO À BRASILEIRA E O POSICIONAMENTO DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

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ADOÇÃO À BRASILEIRA E O POSICIONAMENTO DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA
Mariana Coelho de Mendonça*
RESUMO
O presente artigo busca comentar os julgados do Superior Tribunal de Justiça – STJ sobre a adoção a brasileira.
Palavras-chaves: Adoção à brasileira. Superior Tribunal de Justiça. Criança e o Adolescente.
INTRODUÇÃO
No Brasil, estima-se que mais de 8,4 mil crianças e adolescentes estão aptos para a adoção e registrados no Cadastro Nacional de Adoção – CNA do Conselho Nacional de Justiça – CNJ. [1: http://www.stj.jus.br/sites/STJ/default/pt_BR/Comunica%C3%A7%C3%A3o/noticias/Not%C3%ADcias/Julgados-sobre-ado%C3%A7%C3%A3o-%C3%A0-brasileira-buscam-preservar-o-melhor-interesse-da-crian%C3%A7a acesso em 02 de novembro de 2018. 	]
O processo de adoção encontra proteção legal nas disposições da Lei de Adoção (Lei nº 13.509/2017), do Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA (Lei nº 8.069/1990) e no Código Civil (Lei nº 10.406/2002). 
Contudo, em que pese o ordenamento jurídico legal sobre adoção, ainda é comum que famílias recorram à chamada “adoção à brasileira”, que é caracterizada pela entrega de crianças, pelos pais biológicos, para que outras pessoas possam criá-las, à margem das exigências legais.
Em relação a esta adoção, o sistema judiciário adotava uma postura mais rígida, tendo em vista que ao receberem o filho dos pais que não o desejam criar, muitas pessoas dirigem-se ao Cartório de Registro Civil das Pessoas Naturais e declaram-se pais da criança, seguindo-se o trâmite disposto na Lei de Registros Públicos. Por conter uma declaração falsa, vício intrínseco, o registro é nulo, passível de desconstituição a qualquer tempo. Esta prática também pode ser caracterizada como crime tipificado no art. 242 do Código Penal Brasileiro (Decreto-Lei nº 2.848/1940) – Capítulo “Dos Crimes contra o estado de filiação” e pelo art. 299 que trata do crime de falsidade ideológica. [2: MACIEL, Katia Regina Ferreira Lobo Andrade. Curso de direito da criança e do adolescente. Pag. 284]
Com o tempo, verificou-se uma mudança de paradigma nas sentenças judiciais, que buscaram a valoração da efetividade, da dignidade humana e do melhor interesse da criança, sendo utilizadas como fundamento para decisões que reconheceram este tipo de filiação. 
Neste sentido, o presente artigo busca comentar os julgados do Superior Tribunal de Justiça – STJ sobre o tema que visam o respeito às normas da adoção e, ao mesmo tempo, a preservação do princípio do melhor interesse da criança, que deve ser analisado sempre caso a caso. 
 ADOÇÃO À BRASILEIRA
 BREVE HISTÓRICO DA ADOÇÃO NO BRASIL
Inicialmente, a adoção era prevista no Código Civil de 1916, que trazia como requisitos a necessidade de diferença de idade de 18 (dezoito) anos e mais de 50 anos de idade. Tais requisitos eram justificados pela necessidade de se garantir um menor número de arrependimento, uma vez que a adoção não tinha caráter irrevogável e poderia ser dissolvida pela convenção entre as partes ou quando alegada a ingratidão do adotado contra o adotante. 
	Era exigido também que os adotantes não tivessem descendentes legítimos e no caso de duas pessoas que fossem casadas. 
	Cerca de 40 (quarenta anos) depois, a Lei nº 3.133/1957, atualizou o instituto da adoção prevista no Código Civil de 1916. Dentre as mudanças trazidas pela Lei, destaca-se que foi alterada a idade mínimo de 50 (cinquenta) anos para 30 (trinta) anos, a diferença de idade do adotante para o adotado para 16 (dezesseis) anos e foi permitido que pessoas que já tivessem filhos adotassem. 
Já em 1965, surge a Lei nº. 4.655, que dispôs sobre a legitimidade adotiva e constituiu a adoção por decisão judicial. 
Quando em 1979, estabeleceu-se um Código Brasileiro de Menores (Lei nº 6.697/1979), que criou duas formas básicas para adoção: a adoção simples, regulamentada pelo Código Civil, e a adoção plena, regida pelo Código de Menores. 
A adoção simples, também denominada adoção tradicional ou adoção civil, era realizada através de escritura em cartório, um contrato entre as partes, enquanto a adoção plena era aquela em que o menor adotado passava a ser, de forma irrevogável para os efeitos legais, filho dos adotantes. A adoção plena desvinculava o adotando de qualquer vínculo com os pais biológicos. O instituto era, por conseguinte, destinado aos menores de 18 anos. 
Em 1988, a Constituição Federal instituiu o princípio da igualdade entre os filhos, previsto no §6º, do artigo 227, in verbis: "Os filhos, havidos ou não da relação de casamento, ou por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação".
Ato seguinte surge o Estatuto da Criança e do Adolescente em substituição do Código de Menores de 1979. A base deste Estatuto é a proteção integral da criança e do adolescente, a qual proporcionou diversas mudanças para o ordenamento jurídico.
A adoção também sofreu alterações com o advento da Lei 10.406/2002 que instituiu o novo Código Civil, assim, a adoção não mais passou a ser celebrada entre partes, sem a intervenção de magistrado. Ademais, o código extinguiu a diferença entre as formas de adoção para maiores e menores de 18 anos e equiparou os adotados aos filhos legítimos.
A adoção no Brasil foi reformulada pela chamada Lei Nacional de Adoção (Lei n˚ 12.010/09), que buscou obter uma maior simplicidade e rapidez nos processos de adoção através da desburocratização, bem como promover a redução do tempo de permanência das crianças em abrigos para no máximo dois anos.
A Lei Nacional de Adoção, em consonância ao quanto positivado no Estatuto da Criança e do Adolescente, tem como objetivo garantir a convivência familiar a todas as crianças e adolescentes. 
Por fim, em 2017 a Lei nº 13.509 promoveu alterações no Estatuto da Criança e do Adolescente, bem como no Código Civil. A Lei instituiu que crianças e adolescentes com deficiência, doença crônica ou "necessidades específicas de saúde", e grupos de irmãos terão prioridade na adoção, que pais adotivos tenham os mesmos direitos trabalhistas de pais sanguíneos, como licença-maternidade, estabilidade provisória após adoção e direito de amamentação. 
2.2 SOBRE A ADOÇÃO
Sobre a adoção no atual ordenamento jurídico, citam-se os dizeres de Maria Helena Diniz: [3: DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro: direito de família. V. 5, 23ª ed. rev., atual. e ampl. de acordo com a Reforma do CPC e com o Projeto de Lei nº 276/2007. São Paulo: Saraiva, 2008.]
“No ato jurídico solene pelo qual, observados os requisitos legais, alguém estabelece, independentemente de qualquer relação de parentesco consanguíneo ou afim, um vínculo fictício de filiação, trazendo para sua família, na condição de filho, pessoa que, geralmente, lhe é estranha.”
Em outras palavras, a adoção dá origem a uma relação jurídica de parentesco civil entre o adotante e o adotando. 
O procedimento da adoção é regulamentado pelo artigo 50 do Estatuto da Criança e do Adolescente, o qual sofreu alteração pela Lei 12.010/2009, e tem como requisitos legais básicos: 
Plena capacidade do adotante, independentemente do estado civil; 
Diferença mínima de 16 anos de idade entre o adotante e o adotando; 
Consentimento do adotante, do adotando e de seus pais;
Irrevogabilidade da ação; 
Realização de estágio de convivência com o adotando; 
Comprovação de estabilidade familiar no caso da adoção se der por cônjuges ou conviventes; 
Acordo sobre guarda e regime de visitas se a adoção se der entre ex-companheiros, divorciados ou separados que pretendam adotar conjuntamente a mesma pessoa; e 
Prestação de contas da administração e pagamento dos débitos por tutor ou curador que pretenda adotar pupilo ou curatelado. 
Os candidatos interessados em adotar devem procurar qualquer Vara da Infância e Juventude para que se inicie o processo de adoção. 
Durante o processo os candidatos passarão por um período de estudo psicossociopedagógico, realizado por psicólogos e assistentes sociais,os quais elaborarão parecer técnico a ser encaminhado para o Ministério Público. 
Serão desqualificados os candidatos que não oferecerem ambiente familiar adequado, ou revelarem incompatibilidade com a natureza da adoção (art. 29 ECA), e aqueles que não oferecerem reais vantagens para o adotando (art. 43 ECA). 
Após a investigação feita pelos órgãos técnicos do juizado, ouvido o Ministério Público, e também a uma preparação psicossocial e jurídica orientada pela equipe técnica da Justiça da Infância e da Juventude – preferencialmente com o apoio dos técnicos responsáveis pela execução da política municipal de garantia do direito à convivência familiar – os adotantes designados como aptos pelo juiz competente serão habilitados a entrar para a fila do Cadastro Nacional de Adoção, uma ferramenta criada para auxiliar e agilizar o serviço de juízes das Varas da Infância e da Juventude na condução dos procedimentos de adoção através do mapeamento de informações unificadas. 
Os pretensos adotantes ao se inscreverem em tal cadastro já informam suas preferências em relação ao futuro adotando quanto à escolha do sexo, cor da pele, cor dos cabelos, idade, entre outros atributos. Após a escolha da criança através do cadastro e antes de se formalizar a adoção, é exigido por lei um “estágio de convivência”, no qual o adotando e o adotante vão gradativamente se conhecendo. 
No estágio de convivência, o adotante pode desistir da adoção, vez que esta ainda não está formalizada. De igual forma, o Juizado, ao entender que há qualquer fator prejudicial para a criança, pode revistar as concessões de guarda provocando o retorno da criança ou adolescente ao Juizado, pois é sua função zelar pelo interesse do adotando. Após o final deste estágio e formalizada a adoção, não mais poderá o adotante desistir e simplesmente devolver a criança ou adolescente adotado, pois a adoção tem caráter irrevogável. 
Quando encerrado o processo de adoção legal, o adotando passa a gozar dos mesmos direitos dos filhos biológicos, sem qualquer ressalva ou identificação que possa diferenciá-lo. Além disso, seus vínculos familiares anteriores são cancelados, não permitindo quaisquer questionamentos futuros. O processo de adoção por vias legais, apesar de burocrático, tem total segurança e proteção judicial, e caso estas sejam necessárias. Ressalta-se que todo o procedimento burocrático acima mencionado visa à garantia do melhor interesse da criança, de forma a se evitar potenciais negligências, abusos ou rejeições. 
Por fim, é necessário registrar que no contexto atual, o vínculo afetivo passou a ser muito mais valorizado dentro da família em detrimento do patrimônio e do sangue, que eram vínculos tradicionais na formação da família. Assim, a afetividade passou a ser o princípio norteador do direito de família, propiciando uma mudança nos paradigmas da adoção.
2.3. ADOÇÃO À BRASILEIRA 
Diante de todo o processo para se adotar uma criança recebe muitas críticas quanto à sua excessiva burocratização, a qual aumenta ainda mais a morosidade na conclusão da adoção, ainda que a etapa mais longa seja a da escolha da criança a ser adotada, devido às várias exigências feitas pelos adotantes em geral em relação à idade e à etnia, muitas famílias recorrem a adoção à brasileira. 
A adoção à brasileira trata-se daquela em que um indivíduo registra, como sendo seu, filho de outrem. 
Tal tipo de adoção é facilitado pelo modelo de que o registro de crianças feito pelo Cartório de Registro Civil não exige que comprove os laços biológicos ou a veracidade dos documentos apresentados.
Contudo, esse tipo de adoção é considerado ilícito pelo ordenamento jurídico brasileiro, com base no art. 242 do Código Penal e, também envolve outros três tipos de crimes: o parto suposto; a entrega de filho com idade inferior a 18 anos para pessoa inidônea; e falsidade ideológica. 
Apesar de ser ato ilícito, não gozar da proteção legal e ser passível de punição, observa-se que há uma maior flexibilidade do Judiciário em relação aos seus julgados nesse assunto, sob a justificativa da preponderância da proteção do interesse da criança, da dignidade da pessoa humana. 
Neste sentido, o Superior Tribunal de Justiça-STJ publicou precedentes, em fevereiro deste ano, sobre a validade da “adoção à brasileira”, quais sejam: [4: http://www.stj.jus.br/sites/STJ/default/pt_BR/Comunica%C3%A7%C3%A3o/noticias/Not%C3%ADcias/Julgados-sobre-ado%C3%A7%C3%A3o-%C3%A0-brasileira-buscam-preservar-o-melhor-interesse-da-crian%C3%A7a]
Em outubro de 2016, o tribunal permitiu que um casal ficasse com irmãos gêmeos, adotados à brasileira, aos nove meses de idade. A princípio, o marido alegou que seria pai biológico das crianças, frutos de relacionamento extraconjugal passageiro, e que sua esposa estaria disposta a adotá-las. Um exame de DNA, no entanto, concluiu que o adotante não era o pai biológico dos gêmeos. Segundo os autos, a mãe biológica manifestou expressamente sua concordância com a adoção, e foi constatado que o pai e o avô das crianças, na família de origem, abusavam sexualmente das crianças mais velhas com a conivência da mãe biológica. Diante dessa situação, o relator do processo, ministro Raul Araújo, defendeu a permanência dos gêmeos com os pais adotivos. 
Ao analisar o caso, o Ministro Raul Araújo se manifestou no sentido de que:
“Não é possível afastar os olhos da situação fática estabelecida para fazer preponderar valores em tese. O que se tem, no momento, são duas crianças inseridas em um lar no qual vivem há mais de cinco anos, com a recomendação para que sejam recolhidas a um abrigo, sem entender, porém, a razão pela qual lá estarão e porque seus ‘pais’ não podem mais lhes fazer companhia”, disse o ministro.
Outro julgado, de agosto de 2017, resultou na guarda da criança pelos pais adotivos, de forma provisória, até ser concluído o processo regular de adoção. Nesse caso, a criança foi abandonada pela mãe biológica aos 17 dias de vida e foi encontrada em frente a uma casa, dentro de uma caixa de papelão. A dona da casa entregou a criança para seu filho, que vivia em união estável homoafetiva desde 2005. Após entrarem em contato com a Polícia Civil e contratarem investigador particular, os adotantes conheceram a mãe biológica e descobriram que ela, por não ter condições financeiras, os escolheu para que criassem o menor.
O relator, ministro Villas Bôas Cueva, concluiu que:
 “admitir-se a busca e apreensão de criança, transferindo-a a uma instituição social como o abrigo, sem necessidade alguma, até que se decida em juízo sobre a validade do ato jurídico da adoção, em prejuízo do bem-estar físico e psíquico do infante, com risco de danos irreparáveis à formação de sua personalidade, exatamente na fase em que se encontra mais vulnerável, não encontra amparo em nenhum princípio ou regra de nosso ordenamento”.
Além disso, em que pese a existência de algumas decisões favoráveis à família adotante, muitas vezes as crianças não permanecem com aqueles que as adotaram à brasileira. À título de exemplo, o caso a seguir, em que também havia a suspeita de tráfico infantil. 
Em agosto de 2017, a 4ª Turma do STJ decidiu que uma criança, entregue pela mãe biológica a terceiros, logo após o nascimento, deveria ser encaminhada a abrigo, mesmo tendo convivido com a nova família por dez meses. O caso envolvia a suspeita de tráfico infantil.
O relator do processo, ministro Marco Buzzi, afirmou que:
 “é notória a irregularidade na conduta dos impetrantes, ao afrontar a legislação regulamentadora da matéria sobre a proteção de crianças e adolescentes, bem assim às políticas públicas implementadas, com amparo do Conselho Nacional de Justiça, visando coibir práticas como esta”.
Em seu voto, o ministro também justificou a decisão de encaminhar a criança, nascida em julho de 2016, para a instituição. 
“Dada a pouca idade da criança e em razão de os elos não terem perdurado por período tão significante a ponto de formar para a menor vínculo indissolúvel, prudente e razoável a manutençãodo abrigamento”. 
Assim, verifica-se então que o judiciário brasileiro visa analisar a situação fática estabelecida, com objetivo de atender o melhor interesse para criança. Dessa forma, é comum a manutenção da convivência familiar, que acaba por desconstituir o vínculo parental em face do vínculo socioafetivo, salvo quando há indícios de que a adoção a brasileira foi feita sob venda ou tráfico de crianças. 
Além disso, a tipificação prevista no Código Penal referentes à punição daquele que registra filho alheio como próprio não é comumente aplicada, visto que, não há condenação para pais que registraram aquela criança como sua, pois suas atitudes foram motivadas pelo afeto e amor, e não é justo, serem punidos por darem uma vida melhor aquela criança, resultando assim no perdão judicial para os atos praticados.	
CONCLUSÃO
Conclui-se então que a adoção desde o Código Civil de 1916 teve diversas mudanças ao longo dos anos, até o modelo atual. 
O modelo atual que valoriza a proteção do interesse da criança possibilita ao judiciário decisões no sentido de reconhecer a adoção a brasileira. Contudo, ainda é necessário que seja analisado caso a caso, pois não se aceita a adoção a brasileira oriunda de trafico infantil. 
REFERÊNCIAS
ABREU , Jayme Henrique. Convivência familiar: A guarda, Tutela e adoção no Estatuto da Criança e do Adolescente, in Estatuto da Criança e do Adolescente – Estudos Sócios Jurídicos, p.140.
BURTET, Tiago; PAIVA, João Pedro. Adoção Judicializada – Registro e averbação. Artigo, Âmbito jurídico. Sapucaia do Sul, out. 2004. <http://www.ambitojuridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=571>.
DANTAS, Danilo Sérgio Moreira. A nova lei nacional de adoção (Lei 12.01 /2009) e suas diretrizes para a adoção no brasil, à convivência familiar e garantias dos adotando. Artigo, Juris way. Paraná, dez. 2009. http://www.jurisway.org.br/v2/dhall.asp?id_dh=3282.
DIAS, Maria Berenice. Adoção constitucional à convivência familiar. Artigo. <http://mariaberenice.com.br/uploads/ado%E7%E3o_e_o_direito_constitucional_%E0_conviv%EAncia_familiar.pdf>. 
DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro: direito de família. v. 5. 23ª ed. rev., atual. e ampl. de acordo com a Reforma do CPC e com o Projeto de Lei nº 276/2007. São Paulo: Saraiva, 2008
LOBÃO, Mariane Rodrigues. A possibilidade de reversão da adoção à brasileira frente ao princípio da socioafetividade. Artigo. Jus Navegandi, out. 2014. http://jus.com.br/artigos/30896/a-possibilidade-de-reversao-da-adocao-a-brasileira-frente-ao-principio-da-socioafetividade
MACEDO, Francielle. Retrospectiva jurídica da adoção no Brasil. http://www.oab-sc.org.br/artigos/retrospectiva-juridica-adocao-no-brasil/19
MACIEL, Katia Regina Ferreira Lobo Andrade. Curso de direito da criança e do adolescente.
SANCHES, Salua Scholz. Adoção à brasileira e seus aspectos polêmicos. http://jus.com.br/artigos/31486/adocao-a-brasileira-e-seus-aspectos-polemicos

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