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ECO-APOST 04

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KROTON EDUCACIONAL
IUNI EDUCACIONAL – UNIME SALVADOR
CURSO: SUP. TEC. DE RECURSOS HUMANOS
CURSO: SUP. TEC. DE LOGÍSTICA
DISCIPLINA: ECONOMIA
APOSTILA NO 04
SALVADOR/BAHIA
Fevereiro/2015
S U M Á R I O
4 – ECONOMIA DO SETOR PÚBLICO
4.1 – Introdução
4.2 – Funções do governo: alocativa, distributiva, estabilizadora
4.3 – Finanças públicas: princípios teóricos
 4.3.1 – Aspectos gerais
 4.3.2 – Tributação
 4.3.3 – Tributos
 4.3.4 – Impostos
 4.3.5 – Carga fiscal ou tributária
4.4 – Déficit e superávit público: conceitos e fontes de financiamento
4 – ECONOMIA DO SETOR PÚBLICO
4.1 – Introdução
Em diferentes épocas e períodos históricos, é possível identificar vários tipos de políticas assistenciais promovidas por inúmeros Estados. No transcurso do século XVIII, por exemplo, países como Áustria, Rússia, Prússia e Espanha colocaram em prática uma série de importantes políticas assistenciais. Porém, esses países desenvolveram ações desse tipo nos marcos da estrutura de poder não-democrático.
Os países citados acima ainda apresentavam uma estrutura social tradicional baseada na reconhecida divisão entre súditos e governantes. As políticas assistenciais desenvolvidas por esses países se situavam no campo da justiça material, ou seja, eram consideradas pelos súditos como dádivas ou prebendas ofertadas pelo governante. É possível traçarmos um paralelo da situação descrita acima com as políticas assistenciais criadas no âmbito do governo ditatorial de Getúlio Vargas (1930-1945), que ficou conhecido por extensos segmentos das populações pobres como o "pai dos pobres".
Essas políticas assistenciais ficaram conhecidas como Estado de Bem-estar Social (ou Welfare State, em inglês). A expressão serve para designar o Estado assistencial que garante padrões mínimos de educação, saúde, segurança, habitação, renda e seguridade social a todos os cidadãos.
O Estado do Bem-estar, tal como foi definido, surgiu após a Segunda Guerra Mundial. Seu desenvolvimento está intimamente relacionado ao processo de industrialização e aos problemas sociais gerados a partir dele. A Grã-Bretanha foi o país que se destacou na construção do Estado de Bem-estar com a aprovação, em 1942, de uma série de providências nas áreas da saúde e da escolarização. Nas décadas seguintes, outros países seguiriam nessa direção.
Ocorreu também uma vertiginosa ampliação dos serviços assistenciais públicos, abarcando as áreas de renda, habitação e previdência social, entre outras. Paralelamente à prestação de serviços sociais, o Estado do Bem-Estar passou a intervir fortemente na área econômica, de modo a regulamentar praticamente todas as atividades produtivas, a fim de assegurar a geração de riquezas materiais junto com a diminuição das desigualdades sociais. 
Com base nessas considerações, é possível afirmar que, numa perspectiva mais ampla, as origens do Estado do Bem-estar estão vinculadas à crescente tensão e conflitos sociais gerados pela economia capitalista de caráter "liberal", que propugnava a não-intervenção do Estado nas atividades produtivas.
As crises econômicas mundiais presenciadas nas primeiras décadas do século 20 (da qual a crise de 1929 é o caso mais conhecido) provaram que a economia capitalista, livre de qualquer controle ou regulamentação estatal, gerava profundas desigualdades sociais. Essas desigualdades provocavam tensões e conflitos, capazes de ameaçar a estabilidade política.
Os direitos sociais surgem, por sua vez, para assegurar que as desigualdades de classe social não comprometam o exercício pleno dos direitos civis e políticos. Assim, o reformismo do Estado do Bem-estar tornou possível compatibilizar capitalismo e democracia. No âmbito do Estado do Bem-estar, o conflito de classes não desapareceu, mas se institucionalizou. A extensão dos direitos políticos e o sufrágio universal possibilitaram canalizar os conflitos de classe para as instituições políticas, transformando demandas sociais em direitos.
O grau e a extensão do intervencionismo estatal na economia e a oferta de serviços sociais variou enormemente de país para país. Os países industrializados do Primeiro Mundo construíram Estados de Bem-estar mais extensos do que os países de economia socialista e os países subdesenvolvidos. Porém, entre os países de Primeiro Mundo também há variações. Certamente, o Estado de Bem-estar francês é mais extenso do que o inglês; e este último é mais extenso do que o americano.
O modelo de Estado do Bem-estar que emergiu na segunda metade do século 20 na Europa Ocidental, e se estendeu para outras regiões e países, chegou ao auge na década de 1960. No transcurso dos anos 70, porém, esse modelo de Estado entrou em crise.
Uma tese amplamente comprovada é a correlação que existe entre o crescimento econômico e a extensão das ofertas de serviços sociais à população. Com base nessa tese, torna-se irrelevante o fato de a economia ser socialista ou capitalista e se o regime é democrático ou ditatorial, pois as estruturas do Estado de Bem-estar estão relacionadas ao grau de desenvolvimento econômico de um determinado país.
A crise do Estado de Bem-estar é um tema complexo, para o qual não há consenso entre os estudiosos. Nos países industrializados ocidentais, os primeiros sinais da crise do Welfare State estão relacionados à crise fiscal provocada pela dificuldade cada vez maior de harmonizar os gastos públicos com o crescimento da economia capitalista. Nessas condições, ocorre a desunião entre "capital e trabalho". As grandes organizações e empresas capitalistas e as massas trabalhadoras já não se entendiam e entravam em conflito na tentativa de assegurar seus próprios interesses.
Na Grã-Bretanha, a eleição da primeira-ministra Margareth Thatcher (do Partido Conservador; que governou de 1979 a 1990) representou o marco histórico do desmonte gradual do Estado de Bem-estar inglês a partir da política de privatização das empresas públicas. Outros países adotaram a mesma política.
O Brasil nunca chegou a estruturar um Estado de Bem-estar semelhante aos dos países de Primeiro Mundo. Não obstante, o grau de intervenção estatal na economia nacional teve início na Era Vargas (1930-1945) e chegou ao auge durante o período da ditadura militar (1964-1985). Paradoxalmente, os mais beneficiados com os gastos públicos em infraestrutura (nas áreas de telecomunicações, energia elétrica, autoestradas, etc.) e construção de grandes empresas públicas foram, justamente, os empresários brasileiros e estrangeiros.
Na década de 1970, porém, setores mais influentes da classe empresarial começaram a dirigir críticas ao intervencionismo estatal. Na época, a palavra mais usada pelos empresários paulistas em sua campanha contra o intervencionismo estatal na economia era "desestatização". Quando ocorreu a transição para a democracia, os partidos políticos de esquerda e os movimentos populares acreditavam que tinha chegado o momento do Estado brasileiro saldar a imensa dívida social diante das profundas desigualdades sociais e pobreza extrema reinantes no país. Não obstante, todos estes anseios foram frustrados.
Os governos democráticos que se sucederam a partir de 1985 adotaram inúmeras políticas, chamadas de neoliberais, cujo desdobramento mais evidente foi a privatização de inúmeras empresas estatais. 
As profundas transformações pelas quais está passando o Estado brasileiro, nesta primeira década do século XXI, estão forçando o retorno às suas funções clássicas, sem descuidar daquela de ente regulador da economia e garantidor dos direitos sociais. Essas transformações, num quadro econômico globalizado, agravado por crises econômicas e financeiras globais, estão a exigir sacrifícios, criatividade e participação da coletividade brasileira.
A formulação de políticas públicas, orientadas para a implantação de reformas sociais, deve estar vinculada aosefeitos da política macroeconômica realizada pelo Estado, na busca de produzir efeitos dinâmicos na economia. A legitimidade do Estado está na dependência de sua capacidade de implantação de políticas públicas indispensáveis para a solução das nossas desigualdades e injustiças sociais.
É essencial, nesse contexto, que a sociedade participe e decida sobre as políticas públicas a serem implantadas pelo Estado, tendo como objetivo tornar a sociedade mais justa. O controle social implica o acompanhamento e a fiscalização das políticas públicas implementadas pelos diversos níveis de governo (federal, estadual e municipal), especialmente no que tange à aplicação dos recursos públicos. Isso exige uma postura mais proativa da sociedade, fazendo valer seus interesses, ou seja, interferindo, de forma efetiva, nos temas que envolvem as finanças públicas.
Essa participação deve ter início na campanha eleitoral e na escolha de seus representantes políticos, na formulação de políticas públicas, nas discussões para alocação de recursos orçamentários, na votação e aprovação dessas políticas, no acompanhamento da execução e na avaliação dos gastos públicos dos três níveis de governo. Esta é uma tarefa indelegável a ser executada pela sociedade organizada, e apresenta-se, para cada cidadão brasileiro, como o ato mais importante do exercício da cidadania. Busca-se viabilizar, desta forma, por meio da ação política, uma estrutura democrática.
Para que isso ocorra, o Estado deve preocupar-se em modernizar e fazer funcionar de forma adequada a Administração Pública, em particular a sua atividade financeira. É importante sedimentar a parceria com a sociedade no encaminhamento dos grandes temas do país, com destaque para as finanças públicas, essenciais para viabilizar as políticas públicas, considerando que o resultado dessas políticas está relacionado com a justiça social, a distribuição da riqueza e o desenvolvimento do país. 
4.2 – Funções do governo
Do ponto de vista econômico, a ação governamental atende a certas funções básicas. Estas tendem, por sua vez, a afetar os rumos do crescimento e os parâmetros do desenvolvimento econômico. A literatura aponta para três funções básicas: função alocativa, função distributiva e função estabilizadora
A função alocativa visa a desviar o emprego de uma parcela dos recursos da economia (capital, trabalho e recursos naturais diversos) para oferta e ou provisão de bens e serviços tidos como públicos. Devido a certas características de mercado, estes bens e serviços não são ofertados na quantidade e/ou preços ótimos do ponto de vista social. São exemplos da função alocativa muitos dos programas de governo que afetam segmentos e ou setores que ofertam infraestrutura (saneamento básico, transporte, energia e telecomunicações). Devido ao volume de recursos exigidos para execução de projetos, prazos de maturação dos empreendimentos, necessidades de investimentos complementares e externalidades ligadas à oferta nesses mercados, a relação custo-benefício tende a afastar o volume investido do necessário ao atendimento das demandas sociais. Um bom exemplo dessa falha foi a crise vivida pelo setor de geração e distribuição de energia elétrica no ano de 2001. Quem se lembra do temor do famoso "apagão" vivido no ano 2001 e que ainda restringe o crescimento nacional? 
 
Durante o processo de industrialização por substituição de importações a função alocativa era exercida por meio da produção direta de bens e serviços por parte do Estado. No final dos anos 1980 e durante o início dos anos 1990, com o Presidente Collor, a oferta nesses mercados seria provida de maneira induzida pelo setor privado. Esta prática seria aprofundada na era FHC com as privatizações e criação e introdução de mecanismos de intervenção pública por meio das agências reguladoras (ANP, Aneel, Anatel, etc.).
 
A função distributiva atende a certos preceitos ou critérios socialmente aceitos de distribuição de renda. Sejam ou não efetivas, as políticas de renda levadas a cabo por governos recentes representam um bom exemplo da função distributiva. Parte do orçamento do governo é destinada a programas sociais (Programa Fome Zero, Bolsa Família, Bolsa Escola, etc.), desejados socialmente.
 
A função estabilizadora é exercida por meio de instrumentos de política fiscal (forma de gasto do orçamento público e política tributária) e política monetária (política de crédito, interferências na oferta e demanda de moeda e sua influência sobre o nível de juros) de caráter anticíclico. Ou seja, a função estabilizadora, por meio das políticas fiscal e monetária, procura minimizar os efeitos dos ciclos econômicos - estes entendidos como oscilações nos níveis gerais de produto, emprego, renda e nível geral de preços da economia. No Brasil, ao longo dos anos 1980 e grande parte dos anos 1990, o foco da política econômica se centrava principalmente, mas não exclusivamente, na função estabilizadora. Os diversos planos econômicos lançados ao longo desse período refletem nitidamente esta prioridade. 
 
O caráter destas funções depende da orientação do governo quanto a intervenção pública nos mercados (de bens e serviços, de trabalho, monetário, cambial, etc.). Estas tendem a afetar a performance da economia e a orientar o volume e fluxo setorial dos investimentos privados em setores prioritários. 
 
Nesse sentido há três orientações teóricas possíveis: ortodoxia, postura moderada e heterodoxia. Cada uma destas é inspirada em uma corrente predominante do pensamento econômico. A rigor, os governos tendem a se inclinar mais ou menos em direção de cada uma dessas orientações de política econômica. 
 
Segundo a vertente ortodoxa os mercados são eficientes e prescindem de mecanismos de intervenção pública. A interação entre oferta e a demanda são responsáveis pela a alocação ótima dos recursos. O Estado não deve interferir nas atividades produtivas, sob pena de gerar distorções indesejáveis. Já a postura heterodoxa sustenta que países em desenvolvimento exigem intervenções de ampla capilaridade no funcionamento do sistema econômico. 
 
A postura moderada defende um procedimento seletivo e temporário nas eventuais intervenções públicas.
 
Essa postura, embora tenha variado em profundidade e grau, foi muito utilizada durante o processo de industrialização por substituição de importações. Assim, durante a fase nacional-desenvolvimentista (1950-1980) o Estado atuava na provisão de infraestrutura de maneira direta, por meio de uma série de mecanismos de intervenção na oferta e demanda. De fato, o Estado atuava na produção e comercialização de insumos básicos (minérios, química, energia, etc.); na manutenção e em intervenções no "sistema de poupança e financiamento" por meio de bancos de investimento e outras agências; na oferta de serviços, através da atuação de empresas públicas nas áreas de saneamento, saúde, transporte, telecomunicações, etc.; no controle de preços e do comércio exterior; na criação e manutenção de um sistema de concessão de subsídios e isenções fiscais; na administração da política monetária, cambial (seletiva), fiscal, de preços mínimos, etc.; na elaboração e execução de políticas industriais e agrícolas ativas; nas políticas de comercio exterior, industrial e agrícola; na implementação de outros mecanismos diretos de intervenção (manutenção de estoques reguladores, controle de preços, políticas de controle de salários, etc.). 
 
Este modelo seria totalmente revertido com a abertura e reforma patrimonial pública e privada dos anos 1990. De fato, após o esgotamento do processo de industrialização por substituição de importações houve uma radical mudança no raio de ação governamental. Em parte, essa mudança de orientação é resultado da crise fiscal, do ajustamento externo, da inflação crônica e das baixas taxas de crescimento. Após várias tentativas, a estabilização foi implementada à luz da revisão do papel do Estado na economia. Nesse contexto, emergiriam as crençasquanto aos benefícios da liberalização dos mercados. 
 
Essa liberalização preconizava que a abertura tende a reduzir as ineficiências estáticas geradas pelo mau emprego e desperdício de recursos; tende a reforçar os processos de aprendizado e sua difusão; tende a considerar que economias mais orientadas ao comércio exterior conseguem enfrentar melhor choques adversos provenientes de fluxos de capital e comércio; tende a considerar que sistemas econômicos voltados para o mercado mostram-se menos inclinados a atividade com fins de obtenção de renda em mercados financeiros, destinando maior volume de recursos à produção; tende a entender que o incremento da pressão competitiva gera ganhos de produtividade setorial e tende a entender que os persistentes déficits comerciais podem ser financiados pela entrada de capital externo. 
 
Nesse contexto, a estabilidade monetária, o ajuste fiscal, as privatizações e a desregulamentação foram perseguidas de forma sistemática, dentro de uma estratégia consciente de desenvolvimento econômico. As privatizações nos setores de infraestrutura seriam vinculadas a este novo "modelo de desenvolvimento" de caráter marcadamente ortodoxo, auxiliados pela regulação pública. 
4.3 – Finanças públicas: princípios teóricos
4.3.1 – Aspectos gerais
As finanças públicas guardam relação estreita e íntima com a gestão macroeconômica, portanto, do governo e suas funções. Tratam dos gastos do setor público e das suas formas de financiamento.
Sob a ótica da análise econômica, as finanças públicas são materializadas pela denominada política fiscal, um dos principais instrumentos de gestão governamental, haja vista sua capacidade de influência sobre a atividade econômica. Com efeito, aumentos ou cortes das despesas públicas (investimento e custeio) e aumentos ou reduções do nível de impostos implicam em alterações da demanda agregada, portanto da atividade econômica.
A gestão macroeconômica implica a consideração de objetivos e de meios para atingi-los. 
No que tange aos objetivos, cumpre assegurar a produção de bens e serviços finais capaz de atender às necessidades da população, sem descurar de que estas são ilimitáveis, enquanto que os recursos de produção são limitados. Assim, não basta crescer. É preciso que as taxas de crescimento do produto sejam superiores às do crescimento populacional.
Cumpre, também, trazer para níveis mínimos as taxas de desemprego do fator trabalho, especialmente no que se refere ao denominado desemprego involuntário. 
Não menos relevante é a preocupação constante e indeclinável quanto ao nível geral de preços, buscando-se evitar desequilíbrios macroeconômicos traduzidos por inflações e deflações, ambas indesejáveis.
Por último, deve ser perseguido o equilíbrio das transações externas e da taxa de câmbio.
Relacionados aos objetivos da gestão macroeconômica, os gastos do governo são constituídos pelo consumo, investimento, transferências subsídios. As fontes de financiamento desses gastos decorrem da tributação.
Para o atingimento dos objetivos resumidamente descritos acima, o governo lança mão de alguns instrumentos (meios).
A política monetária debruça-se sobre o controle da oferta de moeda, definindo a liquidez da economia como um todo, com os óbvios impactos sobre a taxa de juros. Aqui, destaque para o crédito.
A política cambial e de relações externas cuida das intervenções no mercado cambial, da política de comércio e do tratamento dado aos capitais externos de risco.
A política de rendas configura um conjunto de intervenções diretas geralmente complementares à atuação dos instrumentos fiscais, monetários e cambiais, através de controles diretos de preços, salários e demais remunerações dos fatores de produção.
Propositalmente, deixamos para o final a política fiscal, particularmente no tocante aos dispêndios públicos e suas fontes de financiamento. Os primeiros, como mencionamos acima, são constituídos pelo consumo, investimento, transferências e subsídios governamentais. As fontes de financiamento derivam, basicamente, da tributação.
Refletida nos orçamentos públicos, é através da política fiscal que o governo aloca recursos, disponibilizando para a população bens e serviços que, deixados a cargo das forças de mercado, poderiam não ser produzidos. 
É, ainda, através da política fiscal que o governo busca reduzir os efeitos perversos da desigualdade econômica, redistribuindo renda, mediante transferências para grupos menos favorecidos.
Do exposto até aqui, pode ser facilmente observado que a política fiscal reveste-se de fundamental importância para a vida de todos os agentes econômicos. Afinal, todos demandam bens e serviços públicos sem os quais a vida em sociedade seria enormemente dificultada.
Os resultados da política fiscal podem ser avaliados sob diferentes ângulos, que podem focar na qualidade do gasto público bem como identificar seus impactos no bem-estar dos cidadãos. Para tanto, podem ser utilizados diversos indicadores, em particular os de fluxo (resultados primário e nominal) e os de estoque (dívidas líquida e bruta). 
Resultado fiscal primário é a diferença entre receitas e despesas primárias, sem levar em consideração os juros da dívida pública. Resultado nominal é o resultado primário acrescido do pagamento líquido de juros. Desta forma, chega-se a superávit ou déficit fiscal.
Fácil é observar, portanto, que a política fiscal interfere fortemente sobre o que acima denominamos de gestão governamental, com seus objetivos e meios.
 
4.3.2 – Tributação
Para financiar os gastos públicos, o Governo dispõe de quatro alternativas:
Emissão de moeda;
Empréstimos e financiamentos;
Venda de títulos públicos;
Tributação.
No caso brasileiro, a primeira alternativa – a emissão de moeda – por ser a mais simples e, aparentemente, a mais “barata”, sempre foi a mais utilizada. Agora, esta alternativa está constitucionalmente proibida. Há, também, inúmeras disposições legais limitando a capacidade de endividamento dos órgãos governamentais.
Restam, portanto, a venda de títulos públicos e a tributação, mecanismos mais comumente utilizados no caso brasileiro. Vale ressaltar que a venda de títulos públicos se constitui em instrumento complementar à tributação.
Fácil é entender que a tributação pode causar impactos, positivos ou negativos, sobre as atividades de produção, de consumo e, consequentemente, de alocação de recursos.
Ora, se a tributação é inevitável, cabe levantar questões sobre qual seria o melhor sistema tributário para a sociedade; sobre os efeitos dos tributos, individual e coletivamente; sobre igualdade de alíquotas; sobre grau de equidade e sobre equilíbrio.
Evidentemente, as respostas a todas essas questões, por serem passíveis de condicionamentos de variadas nuances, não são de fácil formulação. Assim, de modo geral, as expectativas em torno de um sistema tributário giram em torno de dois princípios básicos: o da neutralidade e o da equidade.
Quanto ao primeiro, é bem de ver que as decisões dos agentes econômicos geralmente levam em consideração a denominada racionalidade econômica e são tomadas em função do sistema de preços. Assim, haveria neutralidade tributária se eventuais alterações na tributação não provocarem mudanças nos preços relativos dos bens e serviços.
Em relação ao segundo princípio, trata-se de dar um mesmo tratamento, em termos de contribuição, aos indivíduos tidos como iguais (equidade horizontal), assegurando-se, concomitantemente, que os desiguais serão diferenciados segundo critérios estabelecidos (equidade vertical).
Para a classificação dos indivíduos em iguais e desiguais, podem ser alinhados dois critérios: o do benefício e o da capacidade de contribuição. O primeiro propõe atribuir-se a cada indivíduo um ônus tributário equivalente aos benefícios que ele usufrui dos programas de governo. O segundo propõe que a distribuição do ônus seja feita em conformidadecom as capacidades individuais de contribuição.
É de ressaltar que a aplicação prática desses princípios e critérios não é de fácil consecução. Desta forma, o debate em torno do tema, especialmente em relação à justiça tributária, é sempre caloroso e muitas até apaixonado. De forma genérica, pode-se dizer que as sociedades modernas, diante da impossibilidade da aplicação do critério do benefício, têm utilizado o princípio da capacidade de pagamento, observada a progressividade na tributação, que abordaremos adiante.
4.3.3 - Tributos
O Código Tributário Nacional – CTN define tributo como sendo toda prestação pecuniária compulsória, ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada.
A observação do conceito de tributo como expresso no CTN permite estabelecer relação com o que colocamos a respeito das fontes de financiamento dos gastos governamentais, bastando para tanto atentar-se para as expressões “prestação pecuniária compulsória” e “instituída por lei”.
Ao definir que se trata de uma prestação pecuniária, a lei objetiva garantir ao Estado os recursos financeiros necessários para o financiamento de suas despesas. 
4.3.4 – Impostos
Como já vimos, a tributação é inevitável. Trata-se de algo que é imposto aos agentes econômicos e que, a depender da maneira dessa imposição afetará de modo diferente todos os setores da economia.
De forma geral, a base de cobrança dos impostos é a renda dos indivíduos, as propriedades, a riqueza, o lucro das empresas e os bens e serviços. Ressalte-se, no entanto, que não é fácil estabelecer o que constitui renda e riqueza para efeito de tributação, não obstante a renda e a riqueza constituam parcelas significativas da arrecadação tributária na maioria dos países.
Há ainda que levar em conta a denominada tributação indireta, incidente sobre os bens e serviços.
Os impostos podem ser classificados em conformidade com variados critérios. 
Uma das classificações diz respeito à competência da cobrança. Assim, os impostos podem ser:
Federais: importação; exportação; renda e proventos de qualquer natureza; produtos industrializados; operações de crédito, câmbio, seguro, títulos e valores mobiliários; propriedade territorial rural e grandes fortunas.
Estaduais: heranças e doações; circulação de mercadorias e serviços e propriedade de veículos automotores.
Municipais: propriedade predial e territorial urbana; transmissão “inter-vivos” de bens imóveis e serviços de qualquer natureza. 
Outra classificação separa os impostos em dois grupos: diretos e indiretos.
Os tributos diretos afetam os indivíduos na sociedade por incidirem sobre a renda e o patrimônio pessoal e das empresas, a exemplo do IRPF, IPTU, ITR, etc.
Os tributos indiretos são aqueles incorporados aos preços dos bens e serviços, a exemplo de ICMS, IPI, ISS, etc.
4.3.5 – Carga fiscal ou tributária
O conceito de carga tributária ou fiscal corresponde a uma medida do ônus ou sacrifício imposto pelo Governo à sociedade, sob a forma de cobrança de tributos, necessários ao financiamento de seus gastos.
Tecnicamente, a carga tributária representa a medida da proporção do produto ou da renda interna que o Governo arrecada sob a forma de tributos diversos. Desta forma, a carga tributária corresponde a um percentual do produto ou da renda do país.
A carga tributária é classificada sob dois critérios: bruta (CTB) e líquida (CTL). O primeiro engloba todos os tributos recolhidos, a qualquer título, pelo Governo, em seus três níveis (União, Estados e Municípios), aí computados todos os tipos de tributos, taxas, contribuições de melhoria, contribuições previdenciárias e demais contribuições sociais. O segundo contempla a dedução da receita tributária total de determinados gastos governamentais, a exemplo de aposentadorias e pensões, auxílio desemprego, etc., englobados sob o título de transferências. Além dessas transferências, o Governo ainda pode fornecer subsídios ao setor produtivo, com o objetivo de reduzir o preço de mercado de certos produtos, geralmente julgados essenciais para o consumo da população.
A depender da forma como está estruturado o sistema tributário de um país, dele pode resultar uma carga fiscal progressiva, regressiva ou neutra.
A carga tributária será progressiva caso a estrutura tributária esteja baseada em alíquotas que se elevam proporcionalmente ao crescimento do produto ou da renda do país. Este sistema pode, claramente, desestimular os agentes econômicos no sentido da produção.
Caso a estrutura tributária esteja assentada em alíquotas que decrescem à medida que o produto ou a renda do país se expande, a carga tributária será regressiva e o sistema, sem dúvida, estimula os agentes econômicos no sentido do aumento da produção.
Na hipótese da estrutura tributária apresentar alíquotas uniformes e invariáveis, independentemente do nível do produto ou da renda do país, o sistema será neutro, não interferindo, portanto, nas decisões dos agentes econômicos.
Diante dos conceitos acima expostos, cabe perguntar: até onde os impostos podem crescer? Existe limite para a carga tributária? Essas respostas podem ser encontradas através da denominada Curva de Lafer, economista americano.
A Curva de Lafer relaciona os diferentes níveis de tributação do imposto de renda com a resultante e respectiva receita arrecadada pelo Governo, como mostrado no gráfico a seguir.
 RT
 
 R2 C
 R1 
 A B
 
 0 30 50 70 100 % IR
Vale notar que da origem “0” até o ponto “C”, os aumentos nominais de alíquotas são aceitáveis pelos contribuintes, resultando em aumento da arrecadação fiscal contínua, embora a taxas decrescentes. Esse trecho da Curva de Lafer é chamado de “intervalo normal de tributação”.
A partir do ponto “C”, aumentos de alíquotas desestimulariam maiores ofertas de trabalho e a receita do imposto começaria a declinar, apresentado níveis de arrecadação idênticos aos gerados com alíquotas inferiores à indicada no ponto “C”. É o caso do ponto “B”. Esse trecho descendente da curva, a partir do ponto “C”, é conhecido como “intervalo proibitivo de tributação”.
É de referir, ainda, que no ponto “D”, à alíquota de 100%, nenhuma receita tributária seria gerada, igualmente ao que ocorreria à alíquota de 0%. As razões para tal são diferentes: em “D”, por ausência de base de cálculo, posto que a tributação exagerada estaria desestimulando completamente o trabalho. Já na origem, o mesmo resultado provém da nulidade da alíquota.
Desta forma, conclui-se que as alíquotas do imposto de renda podem crescer, porém até certo limite, que só a prática definirá. A partir daí, aumentos de alíquotas serão contraproducentes, provocando cada vez mais reduções na receita tributária total.
De outro lado, poder-se-ia afirmar que o ponto “C”, onde a arrecadação tributária é máxima, definiria a carga fiscal ótima, sem desestímulo à produção e ao trabalho.
4.4 – Déficit ou superávit público: conceitos e fontes de financiamento
Os gastos totais do Governo compreendem não apenas as despesas correntes (consumo de bens e serviços, transferências e subsídios) mas também as chamadas despesas de capital, que são os gastos que o Governo faz com investimentos.
Assim, os Dispêndios do Governo (DG) são decompostos em três partes:
GG = Gastos em Geral (Despesas Correntes, exceto juros e correção da dívida, mais Despesas deCapital
Jg = Juros sobre as Dívidas Interna e Externa
AMg = Atualização Monetária sobre as Dívidas Interna e Externa
A comparação entre os dispêndios e a arrecadação do governo conduz a uma das duas situações:
Superávit público: arrecadação maior do que os dispêndios.
Déficit público: dispêndios maiores que a arrecadação.
Por seu turno, o déficit público é classificado em três categorias:
Déficit primário: não inclui nos dispêndios os juros das dívidas interna e externa.
Déficit operacional é o déficit primário acrescido dos juros sobre as dívidas interna e externa.
Déficit nominal: é o déficit operacional acrescido da atualização monetária das dívidas interna e externa.
Os Dispêndios do Governo podem ser financiados através de:
Tributação e outras receitas correntes do Governo
Aumento da Base Monetária
Aumento das Dívidas Interna e Externa.

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