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APOSTILA - FINANÇAS E ORÇAMENTO PÚBLICO - FCV

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Prévia do material em texto

Professor Me. Rodrigo Gaspar de Almeida
Mestre em Ciências Contábeis pela Universidade Estadual de Maringá (2018), 
Especialista em Administração pela Universidade Paranaense (2010), possuí duas gradua-
ções: Gestão Estratégica pela Universidade Paranaense (2010) e Ciências Contábeis pela 
Universidade Estadual de Maringá (2015). Atuou em organizações industriais e prestadoras 
de serviço nas áreas de controladoria, planejamento, orçamento, auditoria interna e setor 
jurídico (gestão de contratos). No ano de 2017, realizou o curso nível profissional de Relato 
Integrado na BSD Consulting em São Paulo/SP. A partir de 2018, ministrou disciplinas nos 
cursos de Ciências Contábeis e Gestão Financeira da Educação a Distância (EAD) no 
Centro Universitário de Maringá (Unicesumar). Em 2019, publicou 2 livros pela Unicesumar: 
(i) Controladoria e (ii) Contabilidade e Análise Gerencial.
Acesse meu currículo lattes: http://lattes.cnpq.br/6488559129142413.
AUTOR
http://lattes.cnpq.br/6488559129142413
Olá, prezado(a) acadêmico(a)! Seja bem-vindo(a) ao livro de Finanças e Orçamento 
Público. Meu nome é Rodrigo Gaspar de Almeida, fiquei lisonjeado em receber o convite 
para escrever este material, que foi organizado visando a aperfeiçoar os seus estudos 
neste curso superior.
Os tópicos das Unidades deste livro contribuirão para a sua formação enquanto 
acadêmico(a), para a sua atuação na administração pública e até mesmo no âmbito pessoal 
e social. Para tanto, foram reunidas perspectivas teóricas de autores renomados das áreas 
da Economia, Economia Política, Administração Pública, entre outros, propiciando a você, 
aluno desse curso superior, uma visão multidisciplinar.
Na Unidade I, você compreenderá o tema Economia Política e Dinâmica Sociopo-
lítica. Nesse sentido, serão apresentados conceitos e definições sobre a área Econômica. 
Em um próximo momento, será discorrido sobre a Economia Política. Prosseguindo, será 
abordado sobre a Economia e a Dinâmica Sociopolítica. Será discorrido sobre a Descen-
tralização do Poder, Crise Fiscal e Governabilidade do Estado Brasileiro. Por fim, será 
abordado a Reforma do Estado Brasileiro e sobre a Inserção do Brasil na Economia Mundial
A Unidade II apresentará o tema: Economia Política e Finanças Públicas. Para 
tanto, você irá compreender os conceitos de Finanças Públicas. Será enfatizado sobre a 
atividade financeira do Estado. Em seguida, serão apresentados o sistema fiscal e as formas 
de tributação do Brasil. Continuando esse tema, será realizada uma avaliação das políticas 
fiscais e monetárias no Brasil. Por fim, será discorrido sobre a defesa da concorrência e a 
regulação da economia.
Prosseguindo, a Unidade III disporá sobre Políticas Públicas, Políticas Orçamen-
tárias e Processo Orçamentário no Brasil. Neste sentido, será compreendido como ocorre 
o desenvolvimento e formulação de políticas na América Latina. Ademais, será verificado 
sobre a formulação, implementação e financiamento das políticas públicas no Brasil. Será 
analisada a função do planejamento para execução das políticas públicas, será identificado 
como elaborar a política orçamentária e o processo orçamentário do Brasil. No último tópico 
desta Unidade, você vai conhecer a Lei de Responsabilidade Fiscal.
APRESENTAÇÃO DO MATERIAL
Por fim, na Unidade IV, será discorrido a Prática da Cidadania e Tópicos Especiais 
em Finanças Públicas. Nesta perspectiva, será apresentada a prática da cidadania como 
estratégia de transformação e discorrido sobre a visão prospectiva: as mudanças nos âm-
bitos global, continental e no Brasil. Além disso, será discorrido sobre o papel dos governos 
locais, déficit público e a sustentabilidade da política fiscal. Por fim, será discorrido sobre o 
impacto doméstico da internacionalização das economias.
Bons estudos!
SUMÁRIO
UNIDADE I ...................................................................................................... 6
Economia Política e Dinâmica Sociopolítica
UNIDADE II ................................................................................................... 28
Economia Política e Finanças Públicas
UNIDADE III .................................................................................................. 49
Políticas Públicas, Política Orçamentária e Processo Orçamentário 
no Brasil
UNIDADE IV .................................................................................................. 68
Prática da Cidadania e Tópicos Especiais em Finanças Públicas
6
Objetivos de Aprendizagem:
•	 Compreender os Conceitos e Definições da Economia.
•	 Discorrer sobre Economia Política.
•	 Abordar a Economia e Dinâmica Sociopolítica.
•	 Discorrer sobre a Descentralização do Poder, Crise Fiscal e Governabilidade do 
Estado Brasileiro.
•	 Abordar a Reforma do Estado Brasileiro
•	 Abordar a Inserção do Brasil na Economia Mundial.
Plano de Estudo:
•	 Conceitos e Definições da Economia.
•	 Economia Política.
•	 Economia e Dinâmica Sociopolítica.
•	 Descentralização do Poder, Crise Fiscal e Governabilidade do Estado Brasileiro.
•	 Reforma do Estado Brasileiro
•	 Inserção do Brasil na Economia Mundial.
UNIDADE I
Economia Política e Dinâmica 
Sociopolítica
Professor Me. Rodrigo Gaspar de Almeida
7UNIDADE I Economia Política e Dinâmica Sociopolítica
INTRODUÇÃO
Prezado(a) aluno(a), seja bem-vindo(a) à Unidade 1 da disciplina Finanças e Or-
çamento Público. Nesta Unidade, será abordado sobre a Economia Política e a Dinâmica 
Sociopolítica.
Neste primeiro momento, você será apresentado(a) a alguns conceitos e definições 
da área da ciência Econômica. Portanto, o primeiro objetivo da Unidade 1 é compreender 
os Conceitos e Definições da Economia. O entendimento destes conceitos servirá para 
compreensão dos demais tópicos desta unidade, visto que são termos corriqueiros em todas 
as unidades. Além disso, neste tópico será explicado sobre a necessidade da criação do 
estado e serão apresentados argumentos e explicados os conceitos de falhas de mercado.
Em seguida, será discorrido sobre a Economia Política. A Economia Política tem 
ênfase sobre a produção, circulação, repartição e consumo das riquezas. Portanto, a Eco-
nomia Política estuda as relações entre o Estado e a População (ou sociedade).
O terceiro tópico desta Unidade, abordará a Economia e Dinâmica Sociopolítica. 
Nesse sentido, serão apresentadas as funções do Estado quais sejam alocativa, distributiva 
e estabilizadora. Outros conceitos dispostos neste tópico serão os mecanismos de política 
fiscal e política monetária do Estado. 
Por fim, será discorrido sobre a Descentralização do Poder, Crise Fiscal e Gover-
nabilidade do Estado Brasileiro. A descentralização corresponde ao processo de democra-
tização de uma nação (a passagem do Estado Absoluto para o Estado Mínimo). A Crise 
Fiscal consiste na incapacidade do Estado em cumpri a sua função. Ainda, será visto sobre 
a Governabilidade, nesse sentido, tratar-se-ão da estrutura administrativa do Brasil e serão 
vislumbrados trechos da Constituição Brasileira. Nos tópicos posteriores serão abordados: 
a Reforma do Estado Brasileiro e a Inserção do Brasil na Economia Mundial.
Bons Estudos!
8UNIDADE I Economia Política e Dinâmica Sociopolítica
1.1 CONCEITOS E DEFINIÇÕES DA ECONOMIA
Caro(a) aluno(a), seja bem-vindo(a) à Unidade 1 do livro de Finanças e Orçamentos 
Públicos. Neste Capítulo, serão vislumbrados os conceitos e definições da Economia Polí-
tica, bem como serão relacionados conceitos e funções do Estado no âmbito da Economia 
Política.
A economia, no seu sentido mais amplo, pode ser tida como a ciência da riqueza. A 
economia política, por sua vez, é uma subdivisão da Economia. Mas, antes de adentrarmos 
nas definições de Economia Política, é oportuno relacionar alguns conceitos básicos da 
área da Economia, que auxiliarão na compreensão deste Livro:
•	 Atividade Econômica: é a aplicação do esforço humano, vi-
sando obter, por meiode bens ou de serviços, a satisfação das necessidades 
(GASTALDI, 2006).
•	 Estrutura Econômica: representa um todo formado por fenô-
menos solidários e atuando de tal forma que cada um dos seus elementos 
dependa dos outros. A estrutura de uma unidade econômica é caracterizada 
pelo conjunto de proporções a atuar em determinadas condições e em dado 
momento (GASTALDI, 2006).
•	 Sociedade: reunião de indivíduos para determinado fim. Gru-
po ou agregado social submetido às mesmas leis e cujas instituições funda-
mentais obedecem a padrões culturais compartilhados (comuns) (GASTALDI, 
2006).
•	 Meios de Pagamento: soma da moeda em poder do público, 
representando o meio circulante, menos os encaixes bancários e mais a moe-
9UNIDADE I Economia Política e Dinâmica Sociopolítica
da estrutural ou depósitos à vista (GASTALDI, 2006).
•	 Macroeconomia: medidas adotadas no âmbito das políticas 
econômicas de um Estado (analisa a conjuntura, ou seja, o todo). São exem-
plos de indicadores macroeconômicos: taxa de desemprego, déficit na balan-
ça de pagamentos, taxa de inflação, etc. (GASTALDI, 2006). 
•	 Microeconomia: medidas adotadas no âmbito das políticas 
econômicas, mas, refere-se a análise de apenas um indivíduo (particular) 
(GASTALDI, 2006).
•	 Sistema Monetário: Sistema ou conjunto de disposições legis-
lativas pelas quais o Estado estabelece as regras e condições a serem obe-
decidas por seu tipo monetário ou moeda-tipo. O sistema monetário refere-se 
a qualidade, peso, extensão e forma da moeda-padrão (GASTALDI, 2006).
•	 Liberalismo Econômico: Doutrina nascida na escola clássica, 
no século XIX, a qual defende a liberdade do trabalho e das trocas. Esta cor-
rente de pensamento econômico é contra a intervenção do Estado na econo-
mia (GASTALDI, 2006).
•	 Padrão-ouro: sistema dominante no século XIX, quando os paí-
ses (Estados) com as suas contas desequilibradas deviam têm a capacidade 
de honrar seus compromissos externos com suas reservas de ouro, elevando 
as taxas de juros e diminuindo o valor das importações (GASTALDI, 2006). 
•	 Monopólio: Privilégio que tem uma pessoa, uma sociedade ou 
um Estado para fabricar, vender ou comprar certos produtos ou assegurar 
certos serviços com exclusão de outros concorrentes. O privilégio de venda, 
pelo domínio do mercado, geralmente se exerce pelas empresas ou pelos 
indivíduos que detém a tecnologia e a matéria-prima (GASTALDI, 2006).
•	 Oligopólio: Regime de monopólio em que existe um pequeno 
(ou restrito) número de concorrentes em detrimento a quantidade de consu-
midores (GASTALDI, 2006).
•	 Capital: é todo bem econômico que pode ser aplicado na 
produção, aplicado na geração de riquezas (aplicações financeiras) ou para 
realizar nova produção (investimentos em projetos empresariais ou públicos) 
(GASTALDI, 2006).
•	 Cartel: a formação de Cartel ocorre quando um grupo de em-
presas se reúne para tomar para si mesmas a totalidade do mercado de um 
determinado produto. Por meio do cartel, as empresas combinam preços e 
aniquilam a concorrência, após isso, é cobrado um preço superior do produto 
ao consumidor final (haja vista que não há concorrência para competir nos 
10UNIDADE I Economia Política e Dinâmica Sociopolítica
preços de venda) (GASTALDI, 2006)
•	 Taxa de Juros: refere-se ao preço do dinheiro. Trata-se da 
remuneração básica paga pelo tomador do empréstimo ao dono do capital 
emprestado. Sofre variação conforme a quantidade de moeda disponível e 
o nível de risco de inadimplência (possibilidade do agente que realizou o em-
préstimo não reaver o crédito) (GASTALDI, 2006).
•	 Utilidade Limite: Parte do Princípio de que as necessidades 
humanas por um bem desejado diminuem na proporção do aumento da quan-
tidade do bem, devido à saturação gradual do consumo do bem (GASTALDI, 
2006).
•	 Estado (ou Governo): é uma pessoa jurídica de direito público, 
que tem como missão satisfazer as necessidades da sociedade por meio do 
desenvolvimento econômico obtido por políticas e mecanismos adequados a 
essa finalidade, gerando o bem estar social. O Estado tem quatro estruturas 
fundamentais: pública, social, militar e econômica. (GASTALDI, 2006).
Com relação ao último conceito, qual seja o Estado, explica-se a sua existência devi-
do ao seu auxílio na busca do bem estar social (welfare economics). Podem ser apontadas 
na literatura 2 perspectivas clássicas (teorias) utilizadas para explicar a origem do Estado, 
quais sejam: teorias naturalistas e teorias voluntaristas (MATIAS-PEREIRA, 2010).
 As teorias naturalistas também são conhecidas como a origem Natural do Estado. 
Os defensores dessa corrente advogam que o homem precisa viver em sociedade devido 
sua própria natureza social. O Estado torna-se, portanto, uma necessidade humana funda-
mental (MATIAS-PEREIRA, 2010). 
As teorias voluntaristas também são conhecidas como contratualistas ou a origem 
voluntária do Estado. Os defensores dessa perspectiva advogam que o Estado se forma 
porque os indivíduos desejaram isso voluntariamente. Desta forma, o Estado consiste no 
resultado de um acordo de vontades entre os indivíduos, ou seja, não surge de maneira 
natural (MATIAS-PEREIRA, 2010).
O autor Matias-Pereira (2010) abordou a visão do economista Thomas Hobbes, o 
qual defendeu que o Estado foi desenvolvido para erradicar a desordem e injustiça social 
por meio de uma organização política. Assim, o Estado teria a responsabilidade de garantir 
a estabilidade e a segurança na vida individual. Outro ponto destacado nesta corrente é que 
o poder do Estado deve ser ilimitado, para tanto os indivíduos têm que abrir mão do seu 
poder enquanto membros da sociedade. Haveria um contrato hipotético para garantir que o 
Estado representaria os interesses dos indivíduos (MATIAS-PEREIRA, 2010).
Outra visão abordada por Matias-Pereira (2010), foi a do economista John Locke, 
que também defendeu que a formação do Estado é oriunda de um contrato. O economista 
Locke trouxe o pensamento de que o Estado aplicaria as leis e o direito natural para satis-
11UNIDADE I Economia Política e Dinâmica Sociopolítica
fazer a necessidade da segurança, punindo os infratores. 
Por fim, um terceiro economista que enfatiza a criação do Estado por meio de um 
contrato é Jean-Jacques Rousseau. O Estado na visão do economista seria o responsável 
pela resolução dos conflitos sociais, nesta perspectiva, os indivíduos alienariam seus direi-
tos e liberdades para que o Estado pudesse agir (MATIAS-PEREIRA).
Matias-Pereira (2010, p. 9) discorreu que “os elementos essenciais para justificar a 
existência do Estado são: o povo, território; e poder político”. Dentre esses elementos, o 
que possuir maior importância é o território. O espaço territorial é o que define os limites 
do Estado, bem como as competências dos órgãos do Estado, o que significa dizer que o 
poder do Estado é exercido no seu espaço territorial. 
Quanto ao elemento poder do Estado, realça-se que o poder só será exercido se os 
dominantes conseguirem impor a sua vontade sobre as vontades dos dominados (povo). O 
Estado publica leis, códigos e busca legitimar-se perante a população (MATIAS-PEREIRA, 
2010).
Com relação ao povo (ou sociedade), quando há a constituição de um Estado, o 
povo forma a Nação. Nas palavras de Matias-Pereira (2010, p. 12):
Nação, por sua vez, pode ser definida como uma sociedade natural de ho-
mens na qual a unidade de território, de origem, de costumes, de língua e 
a comunhão de vida criaram a consciência nacional, nela se identificando, 
como elementos materiais, a raça, a língua, o território: como elementos his-
tóricos, os costumes, as tradições, a religião, as leis; como elemento psicoló-
gico, a consciência nacional.
Os autores Giambiagi e Além (2011) denotaram que o Estado auxilia na busca pelo 
Ótimo de Pareto (situação em que todos os agentes envolvidos buscam maximizar suas 
riquezas individuais). Para tanto, o Estado busca conciliar os anseios da sociedade junto 
às falhas de mercado. Os autores citaramas seguintes falhas do mercado que o Estado 
auxilia a controlar:
•	 A existência de bens públicos – são os bens cujo uso/consumo 
é indivisível (não rival) e não excludentes, ou seja, o consumo desses bens 
por parte de um indivíduo não prejudica o consumo de outro indivíduo e geral-
mente, é difícil impedir que um indivíduo usufrua desse bem público. Podem 
ser citados como exemplos bens públicos: as ruas e a iluminação pública 
(bens tangíveis), além os serviços da justiça e segurança pública (GIAMBIA-
GI; ALÉM, 2011).
•	 A existência de monopólios naturais – alguns setores econô-
micos têm elevados custos de produção, que são diluídos com a produção 
em escala (produção em alta quantidade). Nesses setores, portanto, é mais 
vantajoso que haja apenas uma empresa produtora do bem (monopólio), visto 
que se muitas empresas produzirem essa bem, individualmente, teriam altos 
custos de produção (consequentemente os preços de venda seriam maiores). 
12UNIDADE I Economia Política e Dinâmica Sociopolítica
Um exemplo de monopólio natural, é uma empresa distribuidora de energia 
elétrica. Em situações como essa o Estado pode agir de duas maneiras: a) 
exercendo a regulação desse setor, para evitar preços ou ações abusivas dos 
produtores perante os consumidores ou b) a operacionalização direta desse 
produto/serviço (situação em que o Estado é responsável por todo o processo 
produtivo) (GIAMBIAGI; ALÉM, 2011).
•	 As externalidades (positivas e negativas) – são os efeitos da 
ação de um agente econômico em outro agente econômico, o que significa 
que a decisão de um agente econômico afeta direta ou indiretamente outros 
agentes econômicos. E as externalidades podem ser positivas ou negativas. 
Como exemplo de externalidade positiva, considere a empresa que distribui 
energia elétrica, se a mesma efetuar benfeitorias na sua rede de distribuição, 
todos os consumidores serão beneficiados. Já como exemplo de externalida-
de negativa, têm-se os resíduos do sistema produtivo das indústrias, como os 
resíduos sólidos e os gases de efeito estufa emitidos durante a produção de 
bens ou produto (o lixo e os gases são nocivos ao homem, eles prejudicam 
o homem). O Estado pode intervir por meio: a) da produção direta ou ofere-
cendo subsídios para geração de externalidades positivas; b) de multas ou 
impostos para desestimular externalidades negativas; c) da regulamentação 
(GIAMBIAGI; ALÉM, 2011).
•	 Os mercados incompletos – um mercado é considerado incom-
pleto quando um produto ou serviço não é ofertado, mesmo que os custos de 
produção do produto ou serviço sejam inferiores ao preço que os consumi-
dores podem pagar visto que as empresas não quiseram assumir o risco de 
produzi-lo. Um bom exemplo é o financiamento de longo prazo nos países (ou 
mercados) em desenvolvimento. A falta de financiamentos de longo prazo, po-
deria prejudicar o investimento de Capitais neste país, e nesse caso, o Estado 
atua com uma função coordenadora junto aos bancos, empresas e população 
fornecendo crédito (bancos do desenvolvimento, por exemplo). Outro exem-
plo que pode ser citados como situações de mercados incompletos: é quando 
o Estado realiza a infraestrutura do setor e posteriormente, concede emprés-
timos para que as empresas passem a atuar neles (perceba que as empresas 
não arcaram com o custo da infraestrutura do setor, pois seria um risco para 
elas) (GIAMBIAGI; ALÉM, 2011).
•	 As falhas de informação - são os casos em que as informações 
disponíveis no mercado são insuficientes para que os agentes tomem deci-
sões de maneira racional. Nesses casos, o Estado pode agir por meio da cria-
ção de uma legislação que possibilite maior transparência do mercado, um 
exemplo disso são as leis que obrigam empresas com ações negociadas na 
bolsa de valores publicarem periodicamente suas demonstrações contábeis 
13UNIDADE I Economia Política e Dinâmica Sociopolítica
(Lei 6404/76 e Lei 11638/2007). Por exemplo, as empresas que negociam 
títulos e ações na Bolsa de Valores Brasileira (B3), têm exigências na divulga-
ção de informações, ou seja, existe um conjunto mínimo de informações que 
as empresas são obrigadas (ou coagidas via lei) a divulgar (demonstrações 
contábeis) (GIAMBIAGI; ALÉM, 2011).
•	 A existência de desemprego e inflação – o livre funcionamento 
do mercado não impede altas taxas de desemprego e o aumento generaliza-
do dos preços (inflação), nesse sentido, o Estado têm a função de estabelecer 
políticas que corroboram para o pleno emprego e estabilidade de preços na 
economia (GIAMBIAGI; ALÉM, 2011).
Após resgatar conceitos importantes da área Econômica que contribuirão para a sua 
formação neste curso superior, bem como elencar distintas perspectivas que justificam a 
criação e atuação do Estado, no próximo tópico será discorrido sobre a Economia Política.
REFLITA
A Economia volta-se para o estudo das atividades econômicas e seus efeitos, ao 
passo que a Economia Política, além de estudar as atividades econômicas, ainda 
insere variáveis sociais em seu objeto de estudo.
Fonte: elaborado com base em Gastaldi (2006).
14UNIDADE I Economia Política e Dinâmica Sociopolítica
1.2 ECONOMIA POLÍTICA
O surgimento da Economia Política deu-se devido a expansão dos mercados na era 
mercantilista e o surgimento dos Estados Absolutos (GASTALDI, 2006). Ainda, por ocasião 
do surgimento dos Estados entendeu-se que a riqueza também é comum ao Estado, na sua 
formação e distribuição, dessa forma, a Economia Política aborda a riqueza das Nações (ou 
Estados), ressaltando a importância desse ramo da economia no âmbito social. 
O objeto de estudo da Economia Política é mais amplo se comparado a Economia. 
Antes do surgimento da Economia Política, a Economia se restringia ao estudo da produ-
ção de bens e serviços. Com o advento da Economia Política, o objeto da Economia passou 
a incluir a circulação, repartição e o consumo das riquezas (GASTALDI, 2006).
Conforme Gastaldi (2006), a economia política tem ênfase sobre a produção, circu-
lação, repartição e consumo das riquezas. Nesse sentido, 
•	 Produção: refere-se à criação de utilidades, ou seja, quando se 
determina o que será produzido (considera as necessidades dos indivíduos).
•	 Circulação: quando o produto está disponível no mercado e se-
gue as leis da oferta e demanda.
•	 Repartição: remuneração dos envolvidos (cooperadores) no 
processo produtivo.
•	 Consumo: utilização da riqueza produzida.
Para exemplificar os itens relacionados, considere uma propriedade agrícola que 
produz leite. O fator produção está presente quando foi definido a atividade de produzir lei-
te (foi identificada uma necessidade de consumo desse produto no mercado). A circulação 
15UNIDADE I Economia Política e Dinâmica Sociopolítica
ocorre no momento em que o produtor destina o seu produto ao mercado (o produto vende 
para um supermercado, por exemplo) e obtêm com isso o Capital (ou moeda ou outro bem 
de troca). A repartição refere-se ao momento em que o produtor remunerará todos os envol-
vidos, o que inclui o pagamento de todas as despesas necessárias para produção (funcio-
nários, fornecedores de insumos, aluguel da propriedade agrícola, etc.). O consumo se dá 
quando o produtor agrícola adquire outros bens com a renda proveniente da venda do leite.
Outra característica da Economia Política é que ela busca explicar (i) o que é e (ii) 
o que deve ser, para então definir (iii) o que é preciso (GASTALDI, 2006). Desse modo, a 
Economia Política, apesar de ser uma subdivisão da Economia, torna-se multidisciplinar 
ao aplicar conceitos de outras ciências como matemática, psicologia, direito para abordar 
com profundidade seu objeto de estudo, qual seja, o homem, o estado e relação entre os 
mesmos.
Para definir (i) o que é, a Economia Política aplica conceitos da ciência exata ma-
temática. Assim, estuda as relações econômicas, sem a preocupação de julgá-las à luz 
da moral ou da sua fase prática. Aplica conhecimentos relativos ao Direito para focar as 
relações quesão formadas entre os homens, sob as formas de associação, legislação ou 
instituições diversas (GASTALDI, 2006). 
Quando a Economia Política busca explicar (ii) o que deve ser, aplica os conheci-
mentos relativos às ciências morais, como sociologia, psicologia, ética e filosofia (GASTAL-
DI, 2006). Já, quando a Economia Política busca os modos ou os processos de o que é 
preciso fazer, passa a participar do caráter das artes.
Portanto, a Economia Política aborda aspectos da ciência e das artes (econômica). 
Como ciência, investiga as relações presentes entre os fatos econômicos e questiona sobre 
as condições e causas da riqueza dos indivíduos e da sociedade (GASTALDI, 2006). 
Enquanto, arte econômica, volta-se à aplicação prática de leis formadas para a am-
pliação da riqueza social, por meio de melhores e mais aperfeiçoados métodos e processos 
produtivos e administrativos (GASTALDI, 2006).
Ademais, enquanto arte, indaga sobre os meios e modos para aumentar o potencial 
da riqueza individual ou privada e da riqueza pública, com a elaboração das normas e dire-
tivas traduzidas na política salarial, de comércio exterior, de política tributária, de habitação 
ou de previdência, estabelecendo suas regras normativas (GASTALDI, 2006).
A partir do século XVI, após o feudalismo, houve a expansão de mercados em re-
lação ao consumo e à produção ocasionando sensível ampliação na produção de bens e 
prestação de serviços (houve também aumento na população). O capitalismo nascia sob 
a modalidade comercial. Multiplicavam-se as relações e o intercâmbio comercial entre os 
povos. Novas profissões surgiam, acentuando-se a divisão do trabalho (GASTALDI, 2006).
Mas, foi a partir do século XVII, que houve a estruturação da economia moderna, 
principalmente, motivados por:
16UNIDADE I Economia Política e Dinâmica Sociopolítica
•	 navegação de longo curso (grandes distâncias);
•	 novas técnicas de produção;
•	 aperfeiçoamento dos títulos de crédito e surgimento de estabe-
lecimentos bancários e jurisdição continental e mundial, a financiar as gran-
des companhias de exploração das terras recém-descobertas. 
•	 Multiplicaram-se as vias de transporte terrestre e as trocas inter-
nas (GASTALDI, 2006).
Nascia uma nova economia, que viria a substituir a economia feudalista, uma vez 
que a última é restrita às organizações feudais, aos barões e os duques e caracterizada 
pela economia familiar e artesanal e pelo número reduzido de profissões. A partir desse 
ponto, a economia passou a empregar técnicas da administração para gerir o Estado e da 
nação, recebendo em 1615, no Tratado de economia política, de Antoine Montchrétien, na 
França, o qualificativo político. Pela primeira vez passou a se denominar economia política 
e a ser reconhecida como auxiliar à arte de governar (GASTALDI, 2006).
Com o surgimento do Estado, no século XVI, agravou-se a preocupação com a análi-
se das relações entre os fatos e os fenômenos econômicos e a enunciação das leis econô-
micas resultantes da interação entre Estado e Sociedade. Mas, foi a partir da Escola Fisio-
crata, no início do século XVII, fundada por economistas franceses, que as leis econômicas 
passaram a ser enunciadas, estruturando o arcabouço da economia como ciência, do ramo 
das ciências sociais (GASTALDI, 2006).
A Escola Fisiocrata abrigou economistas renomados que foram os primeiros a pos-
suir uma visão conjunta das relações constantes entre (i) os fatos e (ii) os fenômenos 
econômicos, emprestando tal ênfase àqueles ligados à agricultura, denominativa dessa 
corrente, uma vez que a fisiocracia, etimologicamente, significa governo da natureza. 
Os fisiocratas estudam o naturalismo das leis econômicas, ligadas a uma ordem na-
tural e providencial, a qual prescreveu que a intervenção do Estado na economia devesse 
ser orientada pelo interesse pessoal ou individual, capaz de estabelecer o preço justo dos 
produtos e serviço em um regime de livre concorrência (GASTALDI, 2006).
Com a Escola Fisiocrata nasceram as afirmações e negativas a respeito das leis 
econômicas, cabendo a tal escola o mérito de ser a desbravadora do terreno para o surgi-
mento da moderna economia. Ao economista Adam Smith deve-se a contribuição definitiva 
para a constituição da ciência econômica. Smith é considerado por todos como o fundador 
e o arquiteto da moderna economia, pelo incremento à ciência com leis e objetos próprios, 
preocupada com a transformação de coisas úteis em riquezas econômicas, tendo o homem 
por sujeito e a sociedade como predicado. Sua obra clássica, Inquéritos sobre a origem e 
causas das riquezas das nações, da qual se originou a economia liberal e individualista, foi 
publicada em 1776, sendo considerada como marco da Escola Clássica e do liberalismo 
econômico (GASTALDI, 2006).
17UNIDADE I Economia Política e Dinâmica Sociopolítica
1.3 ECONOMIA E DINÂMICA SOCIOPOLÍTICA
Neste tópico, serão vislumbradas as funções do Estado, para articular a dinâmica so-
ciopolítica. Para realizar as suas Funções, o Estado utiliza-se de mecanismos (ou políticas). 
Podem ser citadas como exemplos de mecanismos de atuação do Estado:
a) Política fiscal é o conjunto de medidas relativas ao regime tributário, gastos pú-
blicos, endividamento interno e externo do Estado, incluindo as despesas das operações 
das entidades e organismos autônomos ou estatais. A política fiscal utiliza os tributos, os 
impostos e os gastos (despesas) do governo para regular a atividade econômica, em par-
ticular, para neutralizar as eventuais tendências à depressão e à inflação econômicas (MA-
TIAS-PEREIRA, 2010).
b) Política monetária é o conjunto de ações conduzidas pelo Banco Central (BA-
CEN), cuja finalidade é interferir no crescimento econômico mediante manejo de variáveis 
monetárias da economia. O objetivo da política monetária é o manejo (ou controle) de 
variáveis como a inflação, emissão de moeda, funcionamento do BACEN, regulação dos 
bancos comerciais, juros, proteção de reservas (ou dinheiro) do país, etc. Isso significa que 
a política monetária representa a atuação das autoridades monetárias, de maneira direta ou 
induzida, com o intuito de controlar a liquidez do sistema econômico (MATIAS-PEREIRA, 
2010). 
Com o resultado dos esforços da Política Fiscal, o Estado tem o papel de desempe-
nhar 3 (três) importantes funções, que caracterizam a dinâmica sociopolítica, ou seja, pelas 
quais o Estado contribui para a produção, circulação, repartição e consumo das riquezas. 
As 3 funções desempenhadas pelo Estado são: 1) função alocativa, 2) função distributiva e 
3) função estabilizadora.
1.3.1 FUNÇÃO ALOCATIVA
A função alocativa é aquela ligada ao fornecimento dos bens públicos pelo Estado. 
Recai sob os bens que estão disponíveis para todos os indivíduos, e portanto, os mesmos 
não gostariam de fazer pagamentos pela sua utilização. Desta forma, o Estado necessita 
intervir, fornecendo os bens públicos (GIAMBIAGI; ALÉM, 2011).
Para exemplificar a necessidade do Estado fornecer (construir) os bens públicos, 
imagine uma sorveteria localizada em frente a uma praça da cidade. Provavelmente, o 
fluxo de clientes aumentou devido a praça, no entanto, a dona da sorveteria não se dirige 
ao Estado para pagar voluntariamente pelo benefício que recebe da praça. Dessa forma, 
o financiamento da produção de bens advém das receitas com a arrecadação de tributos e 
impostos e necessitam ser feitos pelo Estado (daí a necessidade do pagamento de impos-
18UNIDADE I Economia Política e Dinâmica Sociopolítica
tos tornar-se compulsório). 
Podem ocorrer situações, em que o Estado não realize a produção do bem público. 
Entretanto, em tais circunstâncias o Estado atua com “provisão”, o que significa manter o 
controle do segmento econômico (ou responsáveis pelo fornecimento de bens ou serviços) 
por meio das regulações (GIAMBIAGI; ALÉM, 2011). 
Considere a seguinte situação: faltou cenoura na frutaria (o consumidor poderia es-
colher adquirir cenoura em outros estabelecimentos ou simplesmentecomer outro tipo de 
legume/vegetal). Agora, imagine que faltou energia elétrica na cidade. Dificilmente o consu-
midor terá a opção de adquirir energia elétrica de outro fornecedor. 
No caso do setor elétrico, o Estado tem a opção de produzir a Eletricidade (o que 
aumentaria a arrecadação tributária para financiar os custos da infraestrutura) ou regular o 
setor de distribuição elétrica como manter o controle por meio das agências reguladoras.
Ademais, o Estado também é responsável por prover os bens meritórios ou bens 
semipúblicos, cuja característica é ter um perfil transitório entre públicos e privados. A jus-
tificativa para o Estado fornecer esses bens são as externalidades positivas. Os princi-
pais exemplos de bens semipúblicos são a educação e de saúde. Os benefícios dos bens 
semipúblicos são sociais e ambientais, além de, indiretamente, permitirem o progresso 
econômico. Para fornecer os bens públicos, o Estado necessita arrecadar tributos e 
impostos dos consumidores e/ou sociedade (GIAMBIAGI; ALÉM, 2011).
1.3.2 FUNÇÃO DISTRIBUTIVA
A Função Distributiva do Estado recai sobre a distribuição de Renda e da riqueza em 
detrimento aos fatores de produção: terra, trabalho e capital. Nesse âmbito, o Estado tem 
a missão de promover uma distribuição justa da renda e da riqueza à sociedade, a qual é 
implementada por ajustes distributivos (GIAMBIAGI; ALÉM, 2011).
Conforme os autores Giambiagi e Além (2011) há três formas inter-relacionadas do 
Estado realizar a sua função Distributiva: 
1) transferências;
2) impostos (ou tributação); e
c) subsídios. 
Por meio das transferências o Estado realiza a redistribuição direta de renda. A fina-
lidade da redistribuição de rendas é repassar os recursos do grupo de indivíduos da socie-
dade (ou população) com renda mais alta (ricos) para o grupo de indivíduos da sociedade 
com baixa renda (pobres) (GIAMBIAGI; ALÉM, 2011). 
19UNIDADE I Economia Política e Dinâmica Sociopolítica
As transferências são implementadas por meio dos impostos (ou tributação) mais 
altos aos grupos sociais com renda mais elevada para que seja possível subsidiar bene-
fícios a população de renda mais baixa, por exemplo, a construção de casas populares 
(GIAMBIAGI; ALÉM, 2011). 
Quanto aos subsídios, o Estado atua de maneira a tributar com uma carga mais 
elevada os bens de luxo ou considerados supérfluos e com uma menor carga tributária os 
bens básicos, cujo consumo se dá em todas os grupos sociais (como alimentação). A fina-
lidade dos subsídios é que todos os indivíduos da sociedade tenham condições de suprir 
suas necessidades básicas de sobrevivência, ao mesmo tempo, essa política afeta nega-
tivamente o consumo de artigos de luxo, contudo, uma minoria do Estado é a parcela que 
consume tais bens (GIAMBIAGI; ALÉM, 2011).
1.3.3 FUNÇÃO ESTABILIZADORA
A função estabilizadora do Estado tem por objetivo controlar os níveis de emprego 
(combatendo o alto nível de desemprego), prover a estabilidade de preços (controlando e 
alto nível de inflação) e buscar uma taxa de juros adequada para remunerar os agentes 
econômicos (GIAMBIAGI; ALÉM, 2011). 
Um dos responsáveis pela concepção da teoria sobre a função estabilizadora do go-
verno foi John Maynard Keynes, com a publicação do seu livro Teoria geral do juro, do em-
prego e da moeda, em 1936. Na referida publicação Keynes discorreu que o funcionamento 
do mercado é incapaz de ajustar automaticamente o nível pleno de emprego, estabilizar os 
preços na economia e manter uma adequada taxa de crescimento (isto é, sem intervenção 
do Estado).
Para realizar a função Estabilizadora, o Estado atua com a política fiscal e monetária. 
São exemplos de aplicações da política fiscal: aumentar ou reduzir os impostos dos setores 
produtivos e reduzir os gastos do governo. Quando o governo reduz os seus gastos, ne-
cessita arrecadar uma menor quantia de impostos, gerando assim, maior renda disponível 
à sociedade (GIAMBIAGI; ALÉM, 2011).
A política monetária também pode ser utilizada como mecanismo de ajuste da de-
manda agregada pelo governo. Em situações de recessão ou de desaceleração da eco-
nomia, o governo pode promover redução das taxas de juros, gerando estímulo a deter-
minados setores da economia, que poderão contratar mão de obra, e gerar maior renda 
à sociedade. De maneira contrária, quando há alta demanda (que ocasiona inflação), o 
governo pode aumentar a taxa de juros para conter a inflação.
Salienta-se que o Estado necessita prestar contas da sua atuação junto à sociedade, 
ou seja, a população confiou seus recursos à administração do Estado e o mesmo precisa 
20UNIDADE I Economia Política e Dinâmica Sociopolítica
cumprir a missão que lhe foi confiada, qual seja, promover a estabilidade da economia, da 
sociedade, manter os preços de venda adequados para que haja consumo em todas as 
camadas sociais, etc.
Caro(a) aluno(a), a compreensão dos assuntos discorridos contribuirá para a sua 
formação neste curso superior.
1.4 DESCENTRALIZAÇÃO DO PODER, CRISE FISCAL E GOVERNABILIDADE DO ES-
TADO BRASILEIRO.
A partir de 1980, o paradigma do Welfare State entrou em crise, ou seja, aquelas na-
ções (ou sociedades) que defendiam o poder ilimitado ao Estado para que o mesmo gerisse 
todos os recursos de modo a erradicar a insegurança social e desigualdade nas condições 
de vida, passaram a defender a ideia do Estado Mínimo. Esse processo, fez com que a po-
pulação repensasse as funções e objetivos da Administração Pública (MATIAS-PEREIRA, 
2010).
Os principais fatores que impulsionaram a mudança em relação ao Estado Mínimo, 
e conseguinte, a Democratização das nações foram: aumento da população (que causou 
aumento nos gastos dos Estados), elevação da taxa de vida da população (que aumenta os 
gastos previdenciários e com seguridade social) e o alto índice de desemprego (MATIAS-
-PEREIRA, 2010).
O regime democrático possibilitou a descentralização do poder, o que corresponde 
a decisões no âmbito coletivo. Todavia, devido a divergência entre os inúmeros desejos 
distintos da população, começaram a surgir conflitos sociais. E o efeito causado no Estado 
foi o aumento da estrutura administrativa (para atender as solicitações), que por sua vez 
aumentou os gastos do Estado, aumentou a necessidade de arrecadação de impostos para 
suprir essas despesas adicionais provando uma crise fiscal (MATIAS-PEREIRA, 2010).
A crise fiscal é tida, portanto, como uma crise da governabilidade. O Estado (ou Go-
verno) torna-se incapaz de satisfazer as demandas da sociedade, em outras palavras, o 
Estado não consegue cumprir o objetivo ao qual ele foi criado ou constituído. Uma crise de 
governabilidade, significa que há uma desorganização do Estado, o efeito imediato é o au-
mento das despesas, que demanda maiores arrecadações de impostos, tornando-se uma 
situação insustentável e que gera impactos sociais (MATIAS-PEREIRA, 2010).
Com relação ao Brasil (República Federativa do Brasil), a sua estrutura política-ad-
ministrativa (governabilidade) é prescrita na sua Constituição (BRASIL, 1988). 
No artigo nº 1 da Carta Magna brasileira discorre-se que:
21UNIDADE I Economia Política e Dinâmica Sociopolítica
a República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Esta-
dos e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático 
de Direito e tem como fundamentos:
I - a soberania;
II - a cidadania;
III - a dignidade da pessoa humana;
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
V - o pluralismo político.
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de re-
presentantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição (BRASIL, 
1988).
Especificamente, com relação a Administração Pública do Brasil, tem-se no artigo 
37, o seguinte conteúdo: “a administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes 
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de 
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência” (BRASIL,1988). O trecho 
destacado da Constituição enfatiza que o Estado será transparente em suas ações e visa 
utilizar os recursos da população da melhor maneira possível, o que corresponde a erradi-
car a desigualdade social e prover serviços com externalidade positiva.
Diante do que foi evidenciado, conclui-se que o Brasil possui Administração Pública 
nas esferas a) federal, b) estaduais e c) municipais.
•	 No âmbito a) Federal, o Brasil (ou União) é administrado pela Presidência da 
República, pelos ministérios e pelos órgãos dos poderes Legislativo e Judiciá-
rio (administração centralizada). Os diversos ministros, por sua vez, adminis-
tram Autarquias, Fundações, Empresas Públicas e Sociedades de Economia 
Mista (descentralização) (MATIAS-PEREIRA, 2010).
•	 A Administração dos b) estados, deve considerar os anseios e desejos do 
âmbito federal, contudo as funções são exercidas cada qual nas suas compe-
tências, o que significa que a administração dos estados possui liberdade para 
formular suas políticas desde que sejam consonantes às políticas federais. 
As leis estaduais buscam a estabilidade dos segmentos econômicos e são 
ajustadas conforme há aumento ou recuo do consumo e da produção (MA-
TIAS-PEREIRA, 2010). Na Constituição do Brasil (1988), tem-se exemplos 
da ações dos Estados: artigo 194 a 196 (que abordam a securidade social), 
artigo 205 (enfatiza a Educação da população), entre outros. O responsável 
pela administração de um estado é o Governador (MATIAS-PEREIRA, 2010).
•	 Por fim, tem-se c) os municípios, os quais executam as políticas públicas, 
que são convergentes às ações do estaduais e consequentemente, as ações 
federais. Quem exerce a administração dos municípios é o Prefeito (MATIAS-
-PEREIRA, 2010).
22UNIDADE I Economia Política e Dinâmica Sociopolítica
Caro(a) aluno(a), não deve ser esquecido, que o Estado (no sentido de Nação) é 
criado para salvaguardar os interesses da população ou sociedade. Para verificar a atua-
ção do Estado, a população precisa de informações, sobre o progresso das políticas pú-
blicas, sobre os retornos dos investimentos em segurança social, educação e saúde, entre 
outros. Para que a Administração Pública possa informar à sociedade, ela utiliza controles 
internos para gerar os dados e posteriormente estruturá-los em informações e divulgá-las. 
Maiores detalhes sobre como são elaboradas as informações públicas serão vistas nas 
próximas unidades deste Livro.
1.5 REFORMA DO ESTADO BRASILEIRO
Conforme vimos até agora, neste tópico, o Estado foi criado para satisfazer as ne-
cessidades da população, ou seja, para erradicar problemas sociais. Neste tópico, serão 
abordados conteúdos referentes a Reforma do Estado Brasileiro, este conteúdo possui re-
lação com a Economia Política, uma vez que a atuação do estado influencia nas demandas 
sociais.
Até a década de 1990, o Estado era considerado “irreformável”. De acordo com Silva 
(2001), a partir dos anos 1990, ocorreu no Brasil uma Reforma Política, pautada na redução 
dos gastos do governo, isto é, redução dos investimentos na sociedade visando estabilida-
de econômica ou fortalecimento da economia.
Outro fator que motivou a reforma do Estado brasileiro foi a Globalização, que facili-
tou a transferência de capitais entre as Nações, desse modo, o Governo reduziu os gastos 
com o intuito de ter uma economia mais forte e com maior governabilidade (SILVA, 2001).
Um dos caminhos utilizados pelo Brasil para obter recursos públicos (recursos mo-
netários) foi o processo de privatização. Segundo Silva (2001, p. 5):
A privatização foi apresentada como uma grande oportunidade do Governo 
para promover a arrecadação de recursos a fim de equilibrar a economia; 
no entanto, tem-se mostrado muito eficiente para formar novos monopólios 
privados, principalmente nos setores de água, de saneamento, de energia 
elétrica e de telecomunicações.
Com a reforma do estado brasileiro, surgiram novas funções para o Estado: legislar, 
regular, julgar, policiar, fiscalizar, definir políticas e fomentar (SILVA, 2001).
23UNIDADE I Economia Política e Dinâmica Sociopolítica
1.6 INSERÇÃO DO BRASIL NA ECONOMIA MUNDIAL
Com Relação a inserção do Brasil na Economia Mundial, conforme Paulani (2012) 
podem ser citadas as seguintes fases:
•	 Primeira fase: o Brasil se caracteriza pela expansão territorial, 
pelo fornecimento de terras, bens preciosos (recursos naturais e minerais) e 
matéria-prima. Essa fase ocorreu no período compreendido entre o descobri-
mento e início do século XX.
•	 Segunda Fase: no início do Século XX, o Brasil exportava bens 
primários, sem muito valor agregado, possuía uma economia essencialmente 
agrícola.
•	 Terceira Fase: por volta de 1930 até 1950, nesta fase, o Brasil 
passou a receber fluxos de capital especulativo e tornou-se Centro de inves-
timentos e acumulação de capital.
•	 Quarta Fase: a partir de 1970, devido a crise, o Brasil precisou 
recorrer a empréstimo e iniciou o processo de “financeirização” da Economia.
•	 Quinta Fase: a partir de 1990, quando começou o processo de 
modernização da industrialização brasileira.
Ressalta-se que a evolução da economia brasileira, ou seja, a inserção do Brasil na 
economia mundial foi perpassada pela evolução da economia mundial e com os principais 
fatos históricos da história da humanidade.
SAIBA MAIS
Nesta Unidade, verificou-se que o Brasil está subdivido em União, Estados e Mu-
nicípios. Mas, essa divisão do Estado brasileiro nem sempre foi assim. Destarte, o 
Poder Legislativo também evoluiu junto à evolução do sistema político brasileiro. No 
link você encontrará um pequeno texto produzido pelo governo brasileiro sobre a 
evolução do Poder Legislativo.
Disponível em: https://www12.senado.leg.br/jovemsenador/home/arquivos/textos-
-consultoria/o-poder-legislativo-no-brasil. Acesso em: 22 abr. 2019.
https://www12.senado.leg.br/jovemsenador/home/arquivos/textos-consultoria/o-poder-legislativo-no-brasil
https://www12.senado.leg.br/jovemsenador/home/arquivos/textos-consultoria/o-poder-legislativo-no-brasil
24UNIDADE I Economia Política e Dinâmica Sociopolítica
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Caro(a) acadêmico(a), chegamos ao final da Unidade 1 do Livro da disciplina de 
Finanças e Orçamento Público. Nesta Unidade, foi discorrido sobre a Economia Política e 
a Dinâmica Sociopolítica.
Num primeiro momento, foram compreendidos conceitos e definições da Econômica, 
os quais contribuíram para a sua formação deste curso superior. Portanto, o primeiro ob-
jetivo desta unidade foi alcançado. Ademais, foram apresentadas perspectivas teóricas de 
economistas renomados os quais abordaram a função social do Estado, qual seja garantir 
a estabilidade da nação por meio da distribuição adequada da riqueza e promoção do bem-
-estar social (fornecendo produtos cujas externalidades são positivas).
Em seguida, foi discorrido sobre a Economia Política. A Economia Política cuja ên-
fase recai no estudo da produção, circulação, repartição e consumo das riquezas. Foi visto 
que a Economia Política estuda as relações entre o Estado e a População (ou sociedade). 
Na mesma direção, você foi apresentado a conceitos da Escola Fisiocrata e compreendeu 
os motivos que levaram a criação dos Estados e ao surgimento da Economia Política.
No terceiro tópico da Unidade, abordamos sobre a Economia e Dinâmica Sociopolíti-
ca. Nesse sentido, foram apresentadas as funções do Estado quais sejam alocativa, distri-
butiva e estabilizadora. A função alocativa corresponde ao fornecimento dos bens públicos 
pelo Estado. Recai sob os bens que estão disponíveis para todos os indivíduos, portanto, 
os mesmos não gostariam de fazer pagamentos pela sua utilização. A função distributiva re-
fere-se a capacidade do Estado em promover uma distribuição justa da renda e da riqueza 
à sociedade. A função estabilizadora corresponde a manter níveis adequados de emprego, 
despesas públicas e taxas de juros para propiciar o bem-estar a sociedade.
Por fim, no último tópico destaunidade, foi discorrido sobre a Descentralização do 
Poder, Crise Fiscal e Governabilidade do Estado Brasileiro. A descentralização correspon-
de ao processo de democratização de uma nação (a passagem do Estado Absoluto para 
o Estado Mínimo). A Crise Fiscal consiste na incapacidade do Estado em cumpri a sua 
função. Ainda, foi visto que a Governabilidade, nesse sentido, trata-se da estrutura adminis-
trativa do Brasil e considerando o exposto na Constituição Brasileira. Ao final apresentou-se 
os dois últimos tópicos que foram: a Reforma do Estado Brasileiro e a Inserção do Brasil na 
Economia Mundial.
Bons Estudos! 
25UNIDADE I Economia Política e Dinâmica Sociopolítica
Leitura Complementar
O Novo Ministério da Economia do Brasil.
O Brasil passou por algumas reformas administrativas, no sentido de unificação de 
cargos, funções e ministérios por meio da Medida Provisória 870, de 1º de janeiro de 2019. 
Entre as alterações, do Brasil (2019) tem-se a criação do novo ministério da Economia.
Conforme o Brasil (2019), alguns exemplos de Ministérios que tiveram sua estrutura 
funcional alterada no governo brasileiro foram:
•	 Ministério da Fazenda;
•	 Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão;
•	 Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços;
•	 Ministério do Trabalho;
•	 Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário.
Destarte, os ministérios relacionados supra tiveram sua estrutura funcional modifi-
cada porque foram reunidos no Ministério da Economia (processo está em andamento). 
Segundo Brasil (2019), dentre as atribuições do “novo” ministério da Economia estão: 
•	 política, administração, fiscalização e arrecadação tributária e 
aduaneira;
•	 administração financeira e contabilidade públicas;
•	 administração das dívidas públicas interna e externa;
•	 negociações econômicas e financeiras com governos, organis-
mos multilaterais e agências governamentais;
•	 preços em geral e tarifas públicas e administradas;
•	 fiscalização e controle do comércio exterior;
elaboração de estudos e pesquisas para acompanhamento da conjuntura econômi-
ca;
•	 moeda, crédito, instituições financeiras, capitalização, poupan-
ça popular, seguros privados e previdência privada aberta;
•	 elaboração, acompanhamento e avaliação do plano plurianual 
de investimentos e dos orçamentos anuais;
26UNIDADE I Economia Política e Dinâmica Sociopolítica
A unificação dos ministérios e funções semelhantes visam à alocação eficiente de 
recursos, redução dos gastos com burocracias, consequentemente, menores gastos públi-
cos. Ressalta-se que o processo iniciado em 2019 está em plena evolução.
Fonte: BRASIL (2019). Medida Provisória 870, de 1º de janeiro de 2019. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Mpv/mpv870.htm>. Acesso em: 
23 abr. 2019
Material Complementar - Vídeo
No link abaixo há explicações sobre Licitações e Compras Públicas, a atividade de compras 
e licitações é uma das mais relevantes da Administração Pública.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=sNy-3bhXnQM>. Acesso em: 22 abr. 
2019.
Material Complementar - Livro
Elementos da Economia Política.
Autor: José Petrelli Gastaldi
Editora: Saraiva.
27UNIDADE I Economia Política e Dinâmica Sociopolítica
Material Complementar - Filme
Sinopse: A personagem Margaret Thatcher precisou enfrentar 
vários tipos de preconceitos para se estabelecer como primeira-
-ministra do Reino Unido. O filme retrata o mandato de Margaret 
ocorrido durante a década de 70 (período de recessão econômica 
causada pela crise do petróleo) e na guerra contra a Argentina.
A Dama de Ferro
Ano: 2012
REFERÊNCIAS
BRASIL (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado 
Federal: Centro Gráfico, 1988.
GASTALDI, J. Petrelli. Elementos de economia política. 19ª ed. São Paulo: Saraiva, 2006.
GIAMBAGI, Fábio; ALÉM, Ana Cláudia. Finanças Públicas: teoria e prática no Brasil. 4ª 
ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011.
MATIAS-PEREIRA, José. Finanças Públicas: a política orçamentária no Brasil. 5ª ed. São 
Paulo, Atlas, 2010.
PAULANI, Leda Maria. A inserção da economia brasileira no cenário mundial: uma 
reflexão sobre a situação atual à luz da história. Boletim de Economia e política interna-
cional (IPEA). nº 10, 2012.
SILVA, Ilse Gomes. A reforma do Estado brasileiro nos anos 90: processos e contradi-
ções. Lutas Sociais, n. 7, p. 81-94, jun. 2004. ISSN 2526-3706.
28
Objetivos de Aprendizagem:
•	 Compreender os conceitos de Finanças Públicas.
•	 Discorrer sobre a atividade financeira do Estado.
•	 Apresentar o sistema fiscal e formas de tributação no Brasil.
•	 Avaliar as políticas fiscais e monetárias no Brasil.
•	 Discorrer sobre a defesa de concorrência e regulação da economia.
Plano de Estudo:
•	 Finanças Públicas: atividade financeira do Estado.
•	 O Sistema Fiscal e as formas de tributação no Brasil.
•	 Políticas Fiscais e Monetárias do Brasil.
•	 Defesa de Concorrência e Regulação Econômica.
UNIDADE II
Economia Política e Finanças Públicas
Professor Me. Rodrigo Gaspar de Almeida
29UNIDADE II Economia Política e Finanças Públicas
INTRODUÇÃO
Caro(a) aluno(a) seja bem-vindo(a) a Unidade II de Finanças e Orçamento Público. 
Nesta unidade, será discorrido sobre os conceitos de Finanças Públicas e como o Estado 
obtém seus recursos, que se dá por meio da arrecadação tributária.
No primeiro tópico, você irá compreender os conceitos de Finanças Públicas. Nesse 
sentido, foram reunidos perspectivas de distintos economistas para que você possa com-
preender o significado de Finanças Públicas e entender como se dá a atividade financeira 
do Estado.
No tópico posterior, será apresentado o sistema fiscal e formas de tributação no Bra-
sil. Desse modo, você estudará aspectos do Sistema Tributário Nacional e verá princípios 
envolvendo a arrecadação pública.
O tópico Políticas Fiscais e Monetária do Brasil servirá para que você possa avaliar 
as políticas fiscais e monetárias do Brasil. Você terá acesso a indicadores, relatórios do 
Banco Central do Brasil entre outras fontes de informações.
Por fim, no último tópico desta Unidade, será discorrido sobre a defesa de concor-
rência e regulação da economia. Serão tecidos comentários sobre as falhas do Estado 
e os mecanismos regulatórios brasileiros que visam defender a concorrência e regular a 
economia.
A compreensão dos tópicos da Unidade II contribuirá para a sua formação neste 
curso superior. 
Bons estudos!
30UNIDADE II Economia Política e Finanças Públicas
2.1 FINANÇAS PÚBLICAS: ATIVIDADE FINANCEIRA DO ESTADO
De acordo com Silva (2004) as finanças públicas abrangem todas as ações planeja-
das e realizadas pelo o Estado buscando um bem-estar social e atendendo necessidades da 
sociedade, assim pode adequar suas decisões a serem desenvolvidas para o atendimento 
de tais necessidades. O Estado, por meio de sua atividade financeira busca desempenhar 
as necessidades da coletividade, fazendo a gestão para a criação e obtenção de recursos 
e gerando gastos para suprir as necessidades que foram assumidas perante a sociedade. 
Assim para que o Estado tome suas decisões, a Constituição Federal de 5 de outu-
bro de 1988, fundamenta seus atos por meio dos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciá-
rio. Outro papel essencial da Constituição Federal foi tornar compreensíveis os Direitos do 
Cidadão Brasileiro. No que se refere às Finanças Públicas, Rezende (2001) explana que a 
atividade financeira do Estado constitui-se a partir da obtenção de receitas públicas, criação 
de créditos públicos, controle dos orçamentos públicos e efetivação das despesas públicas. 
Assim pode-se compreender que o Estado executa procedimentos administrativos, 
legais, políticos e sociais, desde o momento da obtenção de receitas até a realização das 
despesas públicas. Segundo Rezende (2001) as atribuições econômicas do Estado são 
promover ajustamentos na alocação de recursos, promover ajustamentos na distribuição 
de renda, e manter aestabilidade econômica.
Frequentemente ouve-se dizer que o setor público não é tão eficiente quanto o setor 
privado, e que quando as organizações atuam em uma economia livre, a economia funcio-
naria melhor do que onde o Estado opera fortemente sobre o mercado. Entretanto o mer-
cado possui falhas, na qual nem toda a sociedade iria conseguir suprir suas necessidades 
exclusivamente em uma economia sem a influência do Estado.
31UNIDADE II Economia Política e Finanças Públicas
De acordo com Giacomoni (2005) quando observado que não há eficiência do sis-
tema privado no mercado, o Estado deve proporcionar ajustes na alocação de recursos, 
promovendo investimentos de infraestrutura econômica e a provisão de bens públicos e 
bens meritórios, e deve ainda realizar ajustes na distribuição de renda. Por consequência, o 
Estado ao tentar manter a estabilidade econômica propõe-se a atender a objetivos macroe-
conômicos, fazendo a manutenção de empregos, níveis de preços estabilizados, balanço 
orçamentário equilibrado, e o crescimento econômico. Para Giacomoni (2005) “o orçamen-
to público, assim como na função de alocar, é o principal instrumento para viabilização das 
políticas públicas de distribuição de renda”. 
No capítulo II da Constituição Federal de 1988, no qual se refere às finanças públi-
cas, o orçamento público ganhou uma maior atenção dos constituintes, uma vez que tal 
orçamento é um dos instrumentos de maior relevância para a Administração Pública, pois é 
a partir dele que é feito a organização dos recursos financeiros pelo Estado.
Então para que o Estado possa exercer suas atividades básicas na para sociedades, 
políticas públicas e na economia, é necessário o desenvolvimento de formas para obter 
os meios materiais necessários. Assim a atividade financeira do Estado tem como obje-
tivo atender às necessidades da sociedade. A atividade financeira do Estado compõe-se 
na obtenção de recursos financeiros, despender esses recursos, gerir e criar os recursos 
financeiros, que se fazem indispensáveis às necessidades públicas. Portanto, a atividade 
financeira do Estado não se limita somente a arrecadação do dinheiro necessário para a 
prestação dos serviços públicos. Conforme abordado anteriormente, essa atividade está 
baseada em quatro áreas:
•	 receita pública (obter);
•	 despesa pública (despender);
•	 orçamento público (gerir); e
•	 crédito público (criar).
O ingresso do dinheiro, ou seja, a receita pública trata-se de um recurso de caráter 
definitivo e não devolutivo que chegam aos cofres públicos, isto é, uma entrada de recur-
sos ao patrimônio público que se efetiva de forma. A receita pública se refere à entrada de 
recursos em forma de dinheiro que se integra ao patrimônio público sem a necessidade de 
realização de reserva, ou que corresponda a um passivo, acrescendo a sua composição. 
Segundo Crepaldi e Crepaldi (2013) os tributos são considerados a principal fonte da re-
ceita pública, os tributos são arrecadados pela federação, estados e municípios, ainda se-
gundo os autores as receitas podem ser classificadas em várias formas, quanto ao período 
na qual ocorre o ingresso, sendo divididas em extraordinárias e ordinárias, e a partir de sua 
origem podendo ser originárias, derivadas e transferidas.
Segundo Matias-Pereira (2010) as despesas públicas tratam-se da aplicação de de-
terminada quantia de dinheiro, por uma autoridade ou um agente público competente, ba-
32UNIDADE II Economia Política e Finanças Públicas
seado em uma autorização legislativa. Os elementos que constituem as despesas públicas 
são de natureza econômica, jurídica e política. Para Crepaldi e Crepaldi (2013), quando o 
termo gastos públicos é utilizado, pode-se compreender que se referem às despesas pú-
blicas. As despesas públicas podem ser compreendidas como um conjunto de gastos do 
Estado, para a realização e o funcionamento dos serviços públicos. As despesas são con-
sideradas como parte do orçamento público, assim abrange as autorizações para gastos 
com as diversas atribuições e funções governamentais. Sendo assim compreende-se que 
as receitas obtidas pelo o planejamento do Estado se destinam para a realização das des-
pesas públicas, podendo ser direcionados para o investimento e para o custeio de diversos 
setores da administração.
Para que as receitas e despesas sejam aprovadas, o Estado utiliza um instrumento 
chamado orçamento público, este instrumento contém a aprovação das receitas e des-
pesas públicas. Normalmente o orçamento público tem um período determinado, sendo 
normalmente para um ano. O orçamento é considerado ainda, como um processo contí-
nuo refletindo em termos financeiros, projetos, programas, planos e atividades de trabalho, 
determinado para um período, sendo ajustado a um ritmo de execução que depende dos 
fluxos de recursos previstos, fazendo que haja a liberação de tais recursos de forma ade-
quada (MATIAS-PEREIRA, 2010). No capítulo III será abordado conceitos referente ao 
orçamento público, como são planejados e sua importância para as finanças públicas.
Pode-se entender o crédito público como a entrada de dinheiro aos cofres público, 
mas que não impacta o patrimônio público, pois deverá ser devolvido posteriormente. O 
Estado para obter recursos mediante essa operação, busca no mercado os investidores 
que tenham interesse nessa operação, qualquer pessoa física ou jurídica de direito público 
ou privado, que pode ser um desses investidores.
Assim a emissão de títulos de dívida pública é uma das formas que o Estado utili-
za para arrecadar os recursos financeiros indispensáveis para atender o seus objetivos. 
Alguns exemplos de títulos da dívida pública são as Letras do Tesouro Nacional, Notas 
do Tesouro Nacional e Letras Financeiras do Tesouro. Esses títulos da dívida pública são 
negociados em operações de mercado aberto, onde qualquer pessoa pode investir e que 
podem ser verificadas na rede bancária e nas instituições financeiras.
A partir da exposição de todos esses conceitos pode-se ter uma ideia de como as ati-
vidades financeiras do Estado são exercidas. Conforme mencionado, para que todas suas 
atividades sejam realizadas, na intenção de atingir seus objetivos, o governo necessita de 
recursos financeiros, sendo a arrecadação tributária a principal fonte de recursos para isso. 
Sendo assim, a próxima seção visa aperfeiçoar o entendimento do sistema fiscal que a 
permite a tributação no Brasil.
33UNIDADE II Economia Política e Finanças Públicas
REFLITA
Para que o governo possa desenvolver suas atividades ou funções, é necessário 
obter receitas ou recursos econômicos.
2.2 O SISTEMA FISCAL E FORMAS DE TRIBUTAÇÃO NO BRASIL
De acordo com Matias-Pereira (2010), um instrumento importante de ação econômi-
co se refere a política fiscal, os governos de qualquer parte do mundo utilizam para modifi-
car o rumo da atividade econômica, já que podem fazer interferências com grande rapidez 
no movimento das variáveis macroeconômicas essenciais.
O Estado tem como base para financiamento de suas atividades um sistema tributá-
rio, seguindo princípios básicos como simplicidade, neutralidade e equidade. Esse sistema 
tributário visa trazer uma maior harmonização entre as necessidades sociais e econômicas 
de cada país, tentando alcançar a maior eficiência possível, reduzindo os custos para os 
contribuintes, o custo administrativo dos Estados, além de tentar reduzir a informalidade e 
evasões (OCDE, 2010).
De acordo com Segundo (2010) a tributação é o instrumento de que se tem valido a 
economia capitalista para sobreviver. Sem ele não poderia o Estado realizar seus planeja-
mentos e custear as despesas necessários para a sociedade.
O Sistema Tributário Nacional tem o papel de instituir, aplicar e fiscalizar os tributos, 
com a finalidade de arrecadar receitas suficientes ao Estado, para que possa efetivar suas 
atividades inerentes que devem refletir no desenvolvimento social e econômico do país. 
Um sistema tributário tem como base o acúmulo dereceita para que posteriormente possa 
haver uma distribuição em serviços públicos, com o objetivo de melhoramento e bem-estar 
social, distribuindo de forma estratégica aos setores da saúde, segurança pública, políticas 
macroeconômicas regulação da economia. De acordo Adam Smith (1776) existem quatro 
fatores que tem grande importância para um sistema tributário ideal: 
•	 Equidade: “Os súditos de cada Estado devem contribuir o máximo pos-
sível para a manutenção do governo, em proporção a suas respectivas capacidades, 
isto é, em proporção ao rendimento de que cada um desfruta sobre a proteção do 
Estado.” 
•	 Certeza: “O imposto que cada indivíduo é obrigado a pagar deve ser 
fixo e não arbitrário. A data do recolhimento, a forma de recolhimento, a soma a pa-
gar, devem ser claras e evidentes para o contribuinte e para qualquer outra pessoa”. 
34UNIDADE II Economia Política e Finanças Públicas
•	 Conveniência de pagamento: “Todo o imposto deve ser recolhido no 
momento e da maneira que, com maior probabilidade, forem mais convenientes para 
o contribuinte.”. 
•	 Economia no recolhimento: “Todo o imposto deve ser planejado de tal 
modo, que retire e conserve fora do bolso das pessoas o mínimo possível, além da 
soma que ele carreia para os cofres do Estado.”
Os níveis de impostos e como se da sua progressividade está ligado diretamente na 
distribuição de renda e na capacidade do Estado em corrigir distribuições desiguais. Em 
médio prazo o sistema tributário pode influenciar na oferta de trabalho, no esforço individual 
e no tamanho da família, fatores podem refletir em índices, evidenciando que política fiscal 
exercida não tem eficiência.
De acordo com Stiglitz (2000), o Estado lida com uma série de externalidades, sejam 
essas positivas ou negativas, e falhas de mercado, tentando resolver o problema de equi-
dade vertical (onde a carga tributária varia para agentes presentes em meios diferentes) e 
equidade horizontal (onde a carga varia para agentes presentes em meios idênticos). O au-
tor considera que devem haver cinco características que devem ser aplicadas pelo Estado 
para que se obtenha um sistema tributário eficiente: flexibilidade, transparência, eficiência 
econômica, simplicidade administrativa e equidade.
A estrutura fiscal para Musgrave (1969) deve ser composta a partir de vários fatores, 
como diferenças nos tamanhos das bases tributáveis, fatores políticos e sociais, pois são 
eles que influenciam a equidade do sistema. O governo central é mais favorável aos impos-
tos diretos sobre a renda e riqueza, pois são mais fáceis de serem administrados. 
Para o desenvolvimento, os impostos mais importantes são sobre a terra e sobre a 
importação e exportação, pois com o maior desenvolvimento os impostos sobre a renda tor-
nam-se mais importantes, principalmente pela necessidade de um sistema que preza pela 
igualdade e pelo avanço dos governos democráticos. Nesse estágio, os impostos sobre a 
renda são aplicados apenas para uma pequena parcela da população. 
Segundo Musgrave (1969) é muito difícil estabelecer qual seria uma tributação mais 
eficiente de fato, não havendo a possibilidade de generalizar a taxação, já que é difere de 
acordo com o desenvolvimento de cada país. De acordo com o autor as taxas sobre a renda 
e o lucro são importantes nos países industriais do que em países em desenvolvimento.
Giambiagi e Além (2011) comentam que desde a proclamação da República até os 
anos 1930, manteve-se a estrutura do sistema tributário utilizado na época do Império. 
Durante esse período, a economia do Brasil era sustentada basicamente pela a atividade 
agrícola, principalmente com foco em exportação, uma vez que a principal fonte de receita 
era resultante do comércio exterior, em alguns anos essa atividade chegou a ter uma parti-
cipação de 2/3 da receita total do setor público.
Com a Constituição de 1891 uma mudança importante aconteceu na separação de 
35UNIDADE II Economia Política e Finanças Públicas
fontes tributárias, a partir dessa mudança os impostos de competência da União e dos es-
tados eram separadas. Tanto a União quanto aos estados tinham o poder para criar outros 
tributos. Até os anos de 1934 as principais fontes de tributação estavam relacionadas ao 
comercio exterior, tributos de importação e exportação. Com a Constituição de 1934, os 
impostos internos sobre a produção, vendas e consignações começaram a ser cobrados, e 
os municípios ganharam competência para ordenar tributos.
A primeira reforma que de fato mudou o sistema tributário brasileiro ocorreu em 1966, 
durante o governo militar. Essa reforma buscava adaptar o regime fiscal à realidade que o 
Brasil estava enfrentando, no qual o momento era de expansão industrial e crescentes dé-
ficits fiscais atrelados à alta inflação. Para isso ocorresse, o aumento da receita arrecadada 
por meio de acréscimos de impostos diretos e indiretos era necessário.
Assim, houve a criação do Código Tributário Nacional pela Lei nº 5.172, de 25 de 
outubro de 1966. O Código trazia medidas de suma importância, pois fazia corte de im-
postos cumulativos (GIAMBIAGI; ALÉM, 2008). Nesse período o governo brasileiro adotou 
três tipos de Imposto sobre Valor Agregado (IVA): o ICM (Imposto sobre Circulação de 
Mercadorias) de competência estadual; o IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) de 
competência federal e aplicado a bens manufaturados e o ISS (Imposto Sobre Serviços) de 
competência municipal (BIRD e GENDRON, 2001). 
De acordo com Oliveira (2010) os tributos estavam organizados de acordo com sua 
base econômica, sendo divididos em quatro categorias distintas: comércio exterior; produ-
ção, circulação e consumos de bens e serviços; patrimônio e renda; e impostos especiais. 
Porém a reforma de 1966, foi contra o fluxo internacional de descentralização, pois buscou 
garantir recursos suficientes às esferas subnacionais, apenas para o desempenho de suas 
funções, principalmente após o Ato Inconstitucional nº 5. Apesar disso, concedeu aos esta-
dos a competência sobre a arrecadação do ICM, como garantia de receita para unidades 
de capacidade tributária precária. O poder concedido aos estados para legislar sobre o ICM 
foi limitado, dessa maneira fazia com que o imposto gerasse arrecadação sem que pudesse 
ser usado como instrumento de política. A partir da nova realidade industrial instalada no 
país, novas bases tributárias foram desenvolvidas, e alguns impostos existentes desde o 
Império foram excluídos. 
De acordo com Dornelles (2008), a partir da Constituição de 1988 os municípios 
obterem tão importantes quanto aos estados, com larga competência impositiva e poderes 
compensatórios semelhantes. A descentralização de arrecadação era o principal objetivo, 
possibilitando uma maior autonomia aos estados e municípios. Assim a partir disso o cha-
mado federalismo fiscal foi estabelecido, o que causava grandes discrepâncias regionais e 
uma forte tradição municipalista (REZENDE, 2001). 
Segundo Afonso e Junqueira (2008) o sistema tributário brasileiro se tornou altamen-
te complexo, sendo boa parte da tributação atrelada a impostos indiretos, que são conhe-
cidos por gerar cumulatividade e regressividade. De acordo com o Ministérios da Fazendo 
36UNIDADE II Economia Política e Finanças Públicas
em 2008, a título de exemplo, verificava-se que somente o imposto sobre o consumo esta-
dual possuía 27 legislações diferentes e mais de 40 alíquotas e na esfera da União existem 
três regimes tributários distintos atualmente.
Após a reforma de 1988 ocorreu uma verdadeira reforma tributária em relação aos 
impostos sobre a renda, que também são de competência da União. As alterações são mais 
fáceis de serem feitas, principalmente por não envolver níveis governamentais distintos e 
não ter necessidade de modificações constitucionais.
A ordenação jurídica brasileira instituiu cinco tipos de tributos: impostos, contribui-
ções de melhoria, taxas, empréstimos compulsórios e outras contribuições. Matias-Pereira(2010) define os cinco tipos de tributos:
•	 Imposto é a categoria de tributo que na essência da sua forma de incidência 
não está vinculado a uma prestação estatal, incidindo sobre atos e fatos relaciona-
dos diretamente à vida dos particulares, na intenção de expressar sua capacidade 
econômica. A receita que provém dos impostos não pode ser vinculada a qualquer 
despesa do aparato administrativo, ou então poderá haver uma falha que impedirá a 
cobrança desse imposto conforme a Constituição Federal de 1988.
•	 As Contribuições de melhoria são tributos subdivididos vinculados a uma ati-
vidade estatal, que decorrem de obra pública. Assim, toda receita originada por con-
tribuições de melhoria deve ser designada para obras públicas que constitui seu fato 
gerador principal.
•	 Taxas são tributos ligados a uma atividade estatal, ou seja, a prestação de um 
serviço público. Empréstimos compulsórios são um tipo de tributo estabelecido pela 
Constituição Federal de 1988 que são diferentes dos demais. Podem ser instituídos, 
de forma transitória, somente em casos de despesas extraordinárias e em ocorrên-
cias de investimento público de caráter urgente e quando haja interesse nacional 
relevante. A receita com esse tributo deve ser diretamente vinculada à despesa que 
o gerou.
•	 Outras contribuições são a categoria de tributos que pode ter vinculação ou 
não a uma atividade estatal, entretanto, sua receita, deve ser obrigatoriamente afe-
tada. Estes tributos podem ser de cunho: social, interesse de categoria econômica 
ou profissional e de intervenção de domínio econômico.
No Brasil as formas de tributação utilizada pelos governos são dividas em dois ti-
pos: tributos diretos e indiretos. A tributação direta é aplicada uma taxa diretamente sobre 
a renda, patrimônio ou consumo. Pode-se ser citado como tributos diretos: o Imposto de 
Renda, a contribuição previdenciária sobre o salário, o IPTU, o IPVA. Já a tributação indi-
reta é aquele cujo taxa aplicada é embutido no preço final do produto, sendo repassado ao 
consumidor, exemplo de tributos indiretos são: impostos na conta do telefone ou de energia 
elétrica, bens de consumo (como roupas, calçados, alimentos). A principal carga tributária 
http://www.portaltributario.com.br/tributario/impostoderenda.htm
http://www.portaltributario.com.br/tributario/impostoderenda.htm
http://www.portaltributario.com.br/tributario/impostos_iptu.htm
37UNIDADE II Economia Política e Finanças Públicas
embutida no preço via impostos indiretos são os impostos: ICMS, IPI, PIS e COFINS.
Estima-se que a soma dos tributos e encargos cobrados das atividades econômicas 
representam aproximadamente 35% do PIB no Brasil. Ou seja, de cada R$ 1000,00 produ-
zidos, R$ 350,00 são destinados, na forma de tributos, para os governos federal, estaduais 
e municipais.
SAIBA MAIS
A Lei Nº 5.172, de 25 de Outubro de 1966, estabeleceu o Código Tributário Nacional, 
que é convergente à Constituição Brasileira de 1988 devido as alterações posteriores.
Nesta Lei foram instituídas normas gerais de direito tributário do Brasil aplicáveis à 
União, Estados e Municípios.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L5172.htm>. Acesso em: 
22 abr. 2019.
2.3 POLÍTICAS FISCAIS E MONETÁRIAS NO BRASIL
De acordo com Moreira e Carvalho Júnior (2013) a política monetária é um composto 
de procedimentos que são levadas em considerações para o desenvolvimento, buscando 
de controlar a liquidez da economia. Sendo assim para que isso ocorra são utilizados vários 
instrumentos, destacando-se o recolhimento compulsório, a assistência financeira de liqui-
dez e as operações de compra e venda de títulos. Assim, a autoridade monetária, o Banco 
Central do Brasil (BACEN) utiliza a oferta de moeda para combater a inflação, ou seja, faz 
o controle da liquidez da economia para manter a estabilidade do nível de preços. Como a 
autoridade monetária controla a liquidez da economia, a taxa de juros é determinada pela 
oferta e demanda por moeda. 
Para Carvalho Júnior (2011) a partir de um sistema de metas inflacionárias, a autori-
dade monetária combate a inflação via controle da taxa de juros. Desse modo, o manuseio 
da liquidez da economia realizado pelo BACEN sempre será aquele necessário para man-
ter a taxa de juros em um patamar determinado anteriormente pelo Comitê de Política Mo-
netária (COPOM). Como o BACEN fixa a taxa de juros, ela torna-se exógena no sistema de 
metas. Dessa maneira, a autoridade monetária ajusta a liquidez da economia via recolhi-
mento compulsório, operações de redesconto e por meio de operações compromissadas, 
com o objetivo de manter a taxa de juros determinada pelo COPOM, a qual é utilizada para 
manter a taxa de inflação em torno da meta inflacionária. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L5172.htm
38UNIDADE II Economia Política e Finanças Públicas
A sistemática de metas para inflação como diretriz para fixação do regime de política 
monetária foi estabelecida pelo Decreto nº 3.088, de 1999. As metas e os respectivos inter-
valos de tolerância são fixados, de acordo com referido Decreto, pelo Conselho Monetário 
Nacional, mediante proposta do Ministro de Estado da Fazenda, cabendo ao Banco Central 
do Brasil executar as políticas necessárias para o cumprimento das metas de inflação. 
Moreira e Carvalho Júnior (2013) pode-se considerar que a meta foi cumprida quan-
do a variação acumulada da inflação, referente ao período de janeiro a dezembro estar 
situado dentro de um intervalo de tolerância. De acordo com a Circular nº 3.297, de 2005, 
da Diretoria Colegiada do Banco Central do Brasil, a implementação da política monetária 
e a definição da meta para a taxa SELIC são objetivos do Comitê de Política Monetária a 
meta da taxa SELIC e seus eventuais vieses. 
Segundo Moreira e Carvalho Júnior (2013) a política fiscal, por sua vez, é o composto 
de realizações que estão relacionadas aos gastos do Estado e aos recursos financeiros que 
este obtém para o financiamento dos mesmos sobre a influência que tais gastos e receitas 
exercem sobre o aumento ou diminuição das atividades econômicas. Assim, a política fiscal 
pode ser aplicada para suavizar os ciclos econômicos, fazendo a redução de tributos com 
o aumento ou não dos gastos públicos em períodos de baixo nível de atividade econômica, 
e também pode exercer o oposto nos períodos de crescimento econômico. Nesse sentido, 
a política fiscal atua de forma anticíclica. Esse é o comportamento esperado e desejável 
no que diz respeito à postura das autoridades fiscais que devem estar preocupadas com a 
trajetória da dívida pública e, portanto, com o ajuste fiscal. 
Destaque-se que, desde 1999, a política econômica brasileira está constituída no 
tripé associado por três institutos: câmbio flexível, ajuste fiscal e sistema de meta infla-
cionária. O BACEN, de um lado, deve manter uma política monetária ativa no sentido de 
manter a inflação na meta e também de que apenas a política monetária possa dispor de 
condições para afetar e determinar a trajetória dos níveis de preços ou da taxa de inflação. 
Sendo assim, significa que a política fiscal tende a ter uma postura passiva, estabelecendo 
receitas e despesas públicas de forma que no longo prazo a dívida pública seja sustentável. 
De acordo com Moreira e Carvalho Júnior (2013) se a política fiscal demonstrar uma 
postura ativa, ela pode acabar influenciando a trajetória do nível de preços da economia e, 
fazendo assim, que a estabilidade econômica possa ficar comprometida. A partir disso, a 
coordenação entre as políticas monetária e fiscal deve ser entendida como a perseguição 
de metas de cada uma delas, independente de quais sejam, a política monetária deve ter 
como meta a estabilidade de preços e a política fiscal deve ter como objetivo a solução da 
dívida pública, buscando pela sustentabilidade da dívida. Cabendo então, às autoridades 
fiscais perseguirem metas de superávit fiscal, tornando a dívida solvente e sustentável. 
Sendo esse o real

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