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1 SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE CIÊNCIAS INTEGRADAS INTEGRADAS DA UNAERP CAMPOS GURUJÁ Paralisia Cerebral Amanda Santana Lima Docente do curso de fisioterapia UNAERP – Universidade de Ribeirão Preto – Campus Guarujá amandinha-fisio@hotmail.com Denise Cipriano Docente do curso de fisioterapia UNAERP – Universidade de Ribeirão Preto – Campus Guarujá De_cipriano@yahoo.com.br Elaine de Fátima da Silva Docente do curso de fisioterapia UNAERP – Universidade de Ribeirão Preto – Campus Guarujá Ela-f@hotmail.com Este simpósio tem o apoio da Fundação Fernando Eduardo Lee Resumo: Paralisia Cerebral (PC) é uma lesão que atinge o cérebro quando este é imaturo, e interfere no desenvolvimento motor normal da criança. É o resultado de uma lesão ou mau desenvolvimento do cérebro, de caráter não progressivo, existindo desde a infância. A abordagem fisioterapêutica teria a finalidade de preparar a criança para uma função, manter ou aprimorar as já existentes, atuando sempre de forma a adequar a espasticidade. Seção 1 – Curso de Fisioterapia – Meio Ambiente Apresentação: oral 1. Introdução Lettler definiu Paralisia Cerebral como uma desordem do movimento e da postura, persistente, porém variável, surgida nos primeiros anos de vida pela interferência no desenvolvimento do SNC causada por uma desordem cerebral não progressiva Sabe-se que a principal alteração presente nas crianças com paralisia cerebral (PC) é o comprometimento motor, que ocasiona várias modificações decorrentes da encefalopatia, com consequentes alterações na biomecânica corporal. Além disso, a criança pode apresentar distúrbios cognitivos, sensitivos, visuais e auditivos que, somados às alterações motoras, restrições da tarefa e do ambiente repercutirão de diferentes formas no seu desempenho funcional. 2 Em crianças com necessidades especiais, com déficit motor, ou ainda, especificamente, a paralisia cerebral, é possível perceber atrasos motores devido ao fato de que, geralmente, elas têm menos oportunidades de se movimentar. Crianças com paralisia cerebral apresentam menor proficiência de movimento com claras dificuldades no seu controle motor, pois a paralisia cerebral caracteriza-se por um distúrbio motor não progressivo, que inclui alterações de tônus, postura e movimento, sendo freqüentemente mutável e secundário à lesão do cérebro imaturo que pode vir a ocorrer nos períodos pré, peri ou pós- natal. Embora o desenvolvimento da criança normal seja a base sobre a qual o desenvolvimento anormal é avaliado, disto não decorre que a avaliação e o tratamento devam depender de uma aderência estrita aos estágios de desenvolvimento normal. Mesmo crianças normais mostram muitas variações das seqüelas de desenvolvimento normal e dos padrões de desenvolvimento estabelecidos para a criança média. A criança com paralisia cerebral mostrará variações adicionais em virtude das dificuldades neurológicas e mecânicas. 2. Etiologia Pré-natais diminuição da pressão parcial de oxigênio diminuição da concentração de hemoglobina diminuição da superfície placentária alterações da circulação materna tumores uterinos nó de cordão cordão curto malformações de cordão prolapso ou pinçamento de cordão Perinatais Fatores maternos idade da mãe desproporção céfalo-pélvica anomalias da placenta anomalias do cordão anomalias da contração uterina narcose e anestesia Fatores fetais primogenidade prematuridade dismaturidade gemelaridade 3 malformações fetais macrossomia fetal Fatores de parto parto instrumental anomalias de posição duração do trabalho de parto Pós-natais anóxia anêmica anóxia por estase anóxia anoxêmica anóxia histotóxica 3. Tipos de PC As crianças com PC têm como principal característica o comprometimento motor, que influencia no seu desempenho funcional. De acordo com Schwartzman (1993) e Souza & Ferraretto (1998), a PC pode ser classificada por dois critérios: pelo tipo de disfunção motora presente, ou seja, o quadro clínico resultante, que inclui os tipos extrapiramidal ou discinético (atetóide, coréico e distônico), atáxico, misto e espástico; e pela topografia dos prejuízos, ou seja, localização do corpo afetado, que inclui tetraplegia ou quadriplegia, monoplegia, paraplegia ou diplegia e hemiplegia. Na PC, a forma espástica é a mais encontrada e freqüente em 88% dos casos. 4. Diagnóstico O diagnóstico de PC usualmente envolve retardo ou atraso no desenvolvimento motor, persistência de reflexos primitivos, presença de reflexos anormais, e o fracasso do desenvolvimento dos reflexos protetores, tal como a resposta de pára-quedas, caracterizada pela extensão dos braços como se a criança fosse apoiar-se e com isso apoio do corpo sobre os braços. É importante: – história de comprometimento predominantemente motor não evolutivo; – exame neurológico capaz de identificar o tipo de PC; – EEG nos casos em que há epilepsia associada; – TAC e RM na demonstração das alterações estruturais cerebrais. 4 5. Quadro Clínico 5.1 Hemiplegia : É a manifestação mais freqüente, com maior comprometimento do membro superior; acompanha-se de sinais de liberação tais como espasticidade , hiper-reflexia e sinal de Babinski. O paciente assume atitude em semiflexão do membro superior, permanecendo o membro inferior hiperestendido e aduzido, e o pé em postura eqüinovara. É comum hipotrofia dos segmentos acometidos, sendo também possível a ocorrência de outras hemi-hipoestesia ou hemianopsia. 5.2 Hemiplegia bilateral ( tetra ou quadriplegia) : Ocorrem de 9 a 43% dos pacientes. Ocorrem lesões difusas bilateral no sistema piramidal dando além da grave tetraparesia espástica com intensas retrações em semiflexão, síndrome pseudobulbar (hipomimia, disfagia e disartria), podendo ocorrer ainda microcefalia, deficiência mental e epilepsia. 5.3 Diplegia : Trata-se de um comprometimento dos membros inferiores, comumente evidenciando uma acentuada hipertonia dos adutores, que configura em alguns doentes o aspecto semiológico denominado síndrome de Little (postura com cruzamento dos membros inferiores e marcha "em tesoura"). Há diferentes gradações quanto à intensidade do distúrbio, podendo ser pouco afetado (tendo recuperação e bom prognóstico _ adaptam-se à vida diária); enquanto outros evoluem mal com graves limitações funcionais. Os dados semiológicos são muito variáveis. No 1º ano de vida, a criança apresenta-se hipotônica, evoluindo gradativamente para uma outra fase em que se observa um quadro de distonia intermitente, com tendência ao opistótono quando estimulada. Nos casos mais graves a criança pode permanecer num destes estágios por toda a sua vida, porém geralmente passa a exibir hipertonia espástica, inicialmente extensora e, finalmente, com graves retrações semiflexoras. 5.4 Discinesia : Atualmente é a mais rara, pois manifesta-se através de movimentos involuntários, sobretudo distonias axiais e/ou movimentos córeo-atetóides das extremidades. No primeiro ano de vida este padrão costuma não estar definido, podendo existir hipotonia muscular. Em geral, quando estes pacientes estão relaxados a movimentação passiva é facilitada. 5.5 Ataxia : Igualmente rara. Inicialmente pode traduzir-se por hipotonia e, aos poucos, verificam-se alterações do equilíbrio (ataxia axial) e, menos comumente, da coordenação ( ataxia apendicular). Sua marcha se faz com aumento da base de sustentação podendo apresentar tremor intencional. 5.6 Formas mistas : É a associação das manifestações anteriores, correspondendo,geralmente, ao encontro de movimentos distônicos e 5 córeo-atetóides ou à combinação de ataxia com plegia (sobretudo diplegia). No total, cerca de 75% dos pacientes doentes com paralisia cerebral apresentam padrão espástico. Além do distúrbio motor, obrigatório para a caracterização da paralisia cerebral, o quadro clínico pode incluir também outras manifestações acessórias com freqüência variável: 1.Deficiência mental: Ocorre de 30 a 70% dos pacientes. Está mais associada às formas tetraplégicas, diplégicas ou mistas; 2. Epilepsia: Varia de 25 a 35% dos casos, ocorrendo mais associado com a forma hemiplégica ou tetraplégica; 3. Distúrbios da linguagem; 4. Distúrbios visuais : Pode ocorrer perda da acuidade visual ou dos movimentos oculares (estrabismo); 5. Distúrbios do comportamento : São mais comuns nas crianças com inteligência normal ou limítrofe, que se sentem frustradas pela sua limitação motora, quadro agravado em alguns casos pela super proteção ou rejeição familiar; 6. Distúrbios ortopédicos : Mesmo nos pacientes submetidos à reabilitação bem orientada, são comuns retrações fibrotendíneas (50%) cifoescoliose (15%), "coxa valga"(5%) e deformidades nos pés. 6. Tratamento O tratamento é paliativo, visto que não se pode agir sobre uma lesão já superada e cicatricial. O Tratamento medicamentoso limita-se, em geral, ao uso de anticonvulsivantes, quando necessários e mais raramente medicamentos psiquiátricos para tentar o controle dos distúrbios afetivos-emocionais e da agitação psicomotora ligada à deficiência mental. Os medicamentos mais utilizados no tratamento da espasticidade são o baclofen, o diazepam, o clonazepan, dantrolene, a clonidina, a tizanidina, a clopromazina e também a morfina O Tratamento cirúrgico envolve cirurgias ortopédicas de deformidades e para estabilização articular, que devem ao mesmo tempo preservar a função e aliviar a dor. Os pacientes com PC devem ser tratados por uma equipe multidisciplinar, na qual o principal enfoque terapêutico é, sem dúvida, o fisioterápico. Os diferentes métodos utilizados em fisioterapia serão empregados de acordo com o quadro clínico. Entre eles, utiliza-se, principalmente, o método de Bobath, que se baseia na inibição dos reflexos primitivos e dos padrões patológicos de movimentos. O método de Phelps, que se baseia na habilitação por etapas dos grupos musculares, até chegar à 6 independência motora e a praxias complexas. O método de Kabat, que se baseia na utilização de estímulos proprioceptivos facilitadores das respostas motoras, partindo de respostas reflexas e chegando à motricidade voluntária. O atendimento fisioterápico deve levar em conta sempre as etapas do DPM normal, e utilizar vários tipos de estimulação sensitiva e sensorial. Outro tratamento bastante utilizado é a Toxina botulínica, é uma neurotoxina produzida pela bactéria clostridium botulinum, que atua na junção neuromuscular, que atua bloqueando o neurotrasmissor acetilcololina provocando um paresia muscular, na musculatura estriada com espasticidade provoca a desnervação controlada, com fraqueza muscular temporária e eventual atrofia. Existem vários tipos de toxina botulínica, mas a do tipo A ( Allergan, EUA), é a mais potente para fins terapêuticos. Estudo feito a partir dos anos 80 por Scott, relatou o inicio da utilização da Toxina Botulínica para casos de estrabismos e, posteriormente blefaroespasmo, entre outros. Já em 1.990 a Academia Americana de Neurologia liberou a utilização da Toxina Botulínica para casos de distonia. Em 1994, esta mesma Academia Americana de Neurologia estabeleceu normas para a utilização da Toxina Botulínica e seus princípios de tratamento.A utilização da Toxina Botulínica é a mais indicada para distonias focais, condições não distonicas, indicações cosméticas e hiperidrose. Alguns cuidados para a utilização da Toxina Botulínica nos membros são necessárias, como dose mínima aplicada, tempo de intervalo entre as aplicações, objetivar a fraqueza muscular e com isso preveni contraturas. A dose específica depende de uma série de fatores que incluem: idade e peso do paciente, grau e padrão de espasticidade. Em crianças as doses de toxina Botulínicas podem ser calculadas pó kg de peso. A dose preconizada inicialmente foi 4 unidades por kg de peso, distribuídas nos músculos espásticos. Posteriormente, a dose foi sendo progressivamente elevada com difinição de 6, 8, 10 até 12 unidades por kg de peso, como recentemente proposto. O efeito da Toxina Botulínica tem início entre 24-72 horas, com melhora clínica entre 7-10 dias, com duração do efeito de aproximadamente 3 meses. Os efeitos colaterais podem ser dores, formação de equimoses ou hematoma nos locais de aplicação, acentuada fraqueza muscular transitória e astenia. A toxina Botulínica só pode ser utilizada para a espasticidade quando outros métodos tradicionais falham. Quando utilizada em membro superior, são mais aplicadas em espasticidade dos flexores do punho e do antebraço, nos membros inferiores para espasticidades dos 7 músculos adutores do quadril, flexores do joelho e do pé, como, por exemplo, nas crianças com paralisia cerebral e marcha com equinismo. Após a aplicação da Toxina Botulinica, pode-se utilizar órteses, para melhorar e definir a posição funcional do membro. 7. Referencias Paralisia cerebral Aspectos Fisioterapêuticos e Clínicos http://www.unifesp.br/dneuro/neurociencias/vol12_1/paralisia_cerebr al.htm Paralisia cerebral, novas perspectivas terapêuticas http://www.scielo.br/pdf/jped/v78s1/v78n7a08.pdf Tratamento da Espasticidade http://www.scielo.br/pdf/anp/v56n4/1644.pdf Impacto do diagnóstico de paralisia cerebral para a família* http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104- 07072010000200003&lng=pt&nrm=iso Avaliação do desempenho funcional de crianças com paralisia cerebral de acordo com níveis de comprometimento motor http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413- 35552009000500005&lng=pt&nrm=iso Classificação da função motora e do desempenho funcional de crianças com paralisia cerebral http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413- 35552008000500011&lng=pt&nrm=iso Desenvolvimento motor de criança com paralisia cerebral: avaliação e intervenção http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413- 65382008000200002&lng=pt&nrm=iso Atividades e participação de crianças com Paralisia Cerebral conforme a Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034- 71672009000400002&lng=pt&nrm=iso
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