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HEMOSSIDEROSE PULMONAR • A hemossiderose pulmonar idiopática é uma doença rara que envolve episódios repetidos de sangramento pulmonar (hemorragia alveolar difusa). • Os glóbulos vermelhos que extravasaram para os pulmões se decompõem e liberam ferro, que se acumula nos pulmões e os danifica. • Idiopática significa que não existe distúrbio subjacente detectável. Ela ocorre principalmente em crianças com menos de 10 anos de idade, mas pode também afetar de jovens a adultos de meia-idade. Acredita- se que seja devido a um problema subjacente nas células pulmonares responsáveis pela troca de oxigênio e dióxido de carbono, possivelmente devido a uma doença autoimune. Alguns pacientes afetados também apresentam doença celíaca. • Hemossiderose é um termo usado para o acúmulo excessivo de depósitos de ferro chamado hemossiderina nos tecidos. • Hemossiderina é um pigmento marrom de aspecto granuloso ao MO, constituído por ferro +++. • Quando a oferta de ferro ao SRE é muito grande, p. ex., em anemias hemolíticas, ou após transfusões de sangue, as moléculas de ferritina podem saturar-se. As micelas de hidroxifosfato férrico agregam-se, resultando em uma partícula maior que a ferritina normal que passa a ser visível ao microscópio óptico na forma de grânulos de hemossiderina. A percentagem de ferro em relação à proteína é maior na hemossiderina que na ferritina, e a mobilização do ferro é mais difícil. • A hemossiderina aparece ao microscópio óptico como grânulos de cor marrom escura, tamanho variável e aspecto refringente (isto é, brilhante quando se mexe no foco micrométrico). É vísível já sem coloração, ou em HE. Como o ferro está na forma trivalente, dá a 2 reação do Azul da Prússia (ou de Perls), ou seja, reage com ferrocianeto de potássio para dar ferrocianeto férrico, que é azul intenso e insolúvel (ver abaixo). Hemossiderose • É o acúmulo de hemossiderina nos tecidos. Pode ser: • A) Local. Onde ocorreu um extravasamento de sangue, como um hematoma. As hemácias são fagocitadas por macrófagos que liberam o ferro, e este acumula-se como hemossiderina no citoplasma destes. Isto contribui para a cor amarelada ou ferruginosa do tecido durante a reabsorção do hematoma. Outro exemplo de hemossiderose local é observado na congestão passiva crônica dos pulmões. Na insuficiência cardíaca esquerda, há aumento da pressão nos capilares do pulmão e extravasamento de hemácias para os alvéolos. Estas são fagocitadas por macrófagos, que ficam abarrotados de hemossiderina e são conhecidos como células do vício cardíaco. • B) Difusa. 3 Deposição excessiva de hemossiderina em macrófagos do SRE (baço, fígado, medula óssea) e/ou em células parenquimatosas do fígado (hepatócitos), rins (túbulos contornados proximais), pâncreas (células acinares e insulares) e coração. Não parece ter repercussão clínica. Há 2 mecanismos: a) Destruição excessiva de hemácias, em anemias hemolíticas como a anemia falciforme, anemias autoimunes e transfusões múltiplas. b) Ingesta excessiva de ferro, que pode superar a capacidade de controle de absorção a nível do intestino. O corte é de pulmão, e o paciente sofria de insuficiência cardíaca congestiva esquerda. Na ICCE o VE tem potência diminuída e há retenção de sangue na circulação pulmonar, causando congestão ou hiperemia passiva crônica. Faz parte da hiperemia passiva a hipertensão 4 nos capilares alveolares, o que obriga as hemácias a passar, através das células endoteliais e dos pneumócitos, para a luz dos alvéolos (um fenômeno conhecido como diapedese). Na luz alveolar, as hemácias são fagocitadas por macrófagos. A hemoglobina é digerida, separando o heme, o grupo que contém ferro, da parte proteica, a globina. O ferro é incorporado a moléculas de apoferritina (uma proteína aceptora presente no citoplasma de muitos tipos de célula, inclusive os macrófagos) na forma de micelas de hidroxifosfato férrico (ferro na valência 3). Quando estas partículas excedem um certo tamanho tornam-se visíveis ao microscópio óptico na forma de grânulos de hemossiderina. 5 Em aumentos maiores, os septos interalveolares mostram-se espessados, com mais células e colágeno que o normal, devido à congestão crônica. As hemácias extravasadas dos capilares para a luz alveolar e fagocitadas pelos macrófagos alveolares dão origem ao pigmento hemossiderótico. Este é marrom, granuloso, rico em ferro. Os grânulos variam de tamanho de finos a grosseiros e são encontrados dentro e fora de macrófagos alveolares. São um pouco refringentes (isto é, brilham quando se abaixa o condensador do microscópio e se mexe no foco micrométrico, pois os grânulos se comportam como diminutas lentes). O pigmento só é formado dentro de células (p. ex. macrófagos), mas fica livre no espaço extracelular quando a célula morre. Este corte de pulmão (Lâm. A. 209) apresenta um foco de broncopneumonia, que é estudada no módulo de Inflamações e não está demonstrado nesta página. Aqui observamos as áreas normais vizinhas, que servem como comparação para o pulmão da congestão passiva crônica, visto acima. Notar a espessura fina e textura delicada dos septos interalveolares e a ausência de macrófagos contendo hemossiderina.