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Núcleo de Arquitetura Disciplina de Sistemas Estruturais Prof. Hélio Elias da Silva Goiânia, 29 de Abril de 2015 SISTEMAS ESTRUTURAIS AULA 5 PROFESSOR ENGENHEIRO MSc HÉLIO ELIAS DA SILVA As aparências enganam muito… As Patologias do Concreto Armado • Após alguns anos de uso, dependendo da forma como foi construída, uma obra pode apresentar doenças (manifestações patológicas); • Corrosão da armadura = baixo cobrimento; • Bicheiras = pequena distância entre as ferragens, má compactação, segregação; Vista inferior de uma laje e viga – ferragem exposta Pilar com a ferragem exposta As Patologias do Concreto Armado • 1) Mancha vermelha/amarronzada no concreto – concreto atacado pela umidade devido ao pequeno cobrimento; • Correção – Limpar as áreas adjascentes, colocar a ferragem para dentro e cobrir com argamassa rica em cimento; As Patologias do Concreto Armado As Patologias do Concreto Armado • 2) Bicheira – buracos no concreto – com pedras visíveis. Devido à vibração insuficiente, pedras maiores que o espaço entre as barras de aço, segregação durante a concretagem; • Correção – Limpar as áreas adjascentes, colocar a ferragem para dentro e cobrir com argamassa rica em cimento; As Patologias do Concreto Armado As Patologias do Concreto Armado • 3) Cuidados com os pés do pilares – está sujeito à formação de bicheiras devido à altura de lançamento do concreto; • Prevenção – Lançar previamente uma argamassa rica e depois o concreto, usar um funil de lançamento e vibrar cuidadosamente; As Patologias do Concreto Armado Alternativas de estruturação em concreto armado Alternativas de estruturação em concreto armado • Normalmente, usaremos: • Lajes para cobrir os vãos e usar o espaço superior a elas; • Vigas, se for o caso, para apoiar as lajes; • Pilares para receber as cargas das vigas; • Alvenaria para fechar os ambientes. Alternativas de estruturação em concreto armado • Ao conjunto LAJE, VIGA E PILAR, chamamos de trindade de ouro das estruturas de concreto armado. Alternativas de estruturação em concreto armado • Alternativa A: Estrutura convencional de concreto armado • É o tipo mais comum de estrutura para uso humano; • As lajes recebem as cargas em geral, apoiam-se em vigas de concreto armado, essas se apoiam em pilares, que levam as cargas para a fundação. Alternativas de estruturação em concreto armado Alternativas de estruturação em concreto armado • Alternativa B: Estrutura semi-portante de concreto armado • Muito usada em edificações de uso misto (humano + comercial); • O uso de lajes é o padrão; • As lajes se apoiam na alvenaria; • As alvenarias são portantes e não podem ser retiradas. Alternativas de estruturação em concreto armado • Esse apoio das lajes nas alvenarias ocorre nos andares superiores; • No andar térreo, costuma-se criar vigas para eliminar paredes e criar grandes vãos dando lugar aos salões de uso comercial ou de uso em geral. Alternativas de estruturação em concreto armado Alternativas de estruturação em concreto armado • Alternativa C: Estrutura com alvenaria portante: • O prédio tem lajes e essas se apoiam nas alvejarias; • Em todo o prédio não há pilares nem vigas; • As paredes não podem ser eliminadas; • É uma solução típica para contruções de baixo custo para população de baixa renda; • É parede sobre parede em todo o prédio. Alternativas de estruturação em concreto armado Alternativas de estruturação em concreto armado • Andar tipo – modelo repetitivo de configuração dos ambientes para facilitar a produção em série; • Por vezes, apenas o andar térreo é diferente dos demais; • Nesse tipo de estrutura, é totalmente proibida qualquer remoção de alvenaria ou abertura de buracos. A estruturação de uma residência assobradada em concreto • Imaginando que recebemos a missão de fazer o projeto estrutural em concreto armado conforme os desenhos a seguir; • Já há um desenho em perspectiva da estrutura; • Vamos lançar o projeto das formas de lajes, vigas e pilares além da escada; • A estrutura será do tipo A (concreto armado com trindade de ouro). A estruturação de uma residência assobradada em concreto A estruturação de uma residência assobradada em concreto • Lajes: • Colocaremos lajes maciças correspondentes a cada ambiente, com exceção do espaço reservado à escada; • Dessa forma, teremos as lajes numeradas de 1 a 6; • Na fase de pré-dimensionamento as lajes são admitidas com espessura de 8 cm. Exceção à laje 1, com espessura de 10 cm. A estruturação de uma residência assobradada em concreto • As espessuras são arbitradas assim para evitar possíveis flechas e vibrações das lajes. A estruturação de uma residência assobradada em concreto • Vigas: • Usaremos vigas embaixo de todas as paredes importantes; • Não usaremos vigas abaixo das paredes do box do banheiro pois ela terá pequena espessura; • A largura das viga (bw) será a mesma espessura da parede que a contiver. A estruturação de uma residência assobradada em concreto • Assim, as vigas das paredes internas terão 15 cm ou 22 cm (espessura de meio tijolo + revestimento); • As vigas das paredes externas terão 20 ou 22 cm (espessura de um tijolo + revestimento); • A altura das vigas (h) de cada trecho de viga varia em função do vão livre. Adotaremos h = 10% do vão livre. A estruturação de uma residência assobradada em concreto A estruturação de uma residência assobradada em concreto A estruturação de uma residência assobradada em concreto A estruturação de uma residência assobradada em concreto • Pilares: • Questão estratégica e delicada. Colocaremos pilares em pontos importantes da estrutura; • Assim, serão obrigatórios os pilares P1, P3, P6, P7 e P8 para envolver e fechar a estrutura; • Os outros pilares nascem das opções do projetista conforme seu “sentimento”. A estruturação de uma residência assobradada em concreto • Explicando os critérios: • P2 foi criado para não termos vão exagerados em V1. A estruturação de uma residência assobradada em concreto • Explicando os critérios: • Idem P4 e P5 que foram criados para não termos vão exagerados em V3 e V6. A estruturação de uma residência assobradada em concreto • Explicando os critérios: • Se P1, P3, P6 e P7 são obrigatórios; • P2, P4 e P5 são semi-obrigatórios A estruturação de uma residência assobradada em concreto • Explicando os critérios: • São pilares optativos, o pilar no encontro de V2 com V6 e o pilar no encontro de V4 com V6. A estruturação de uma residência assobradada em concreto • Explicando os critérios: • Face às baixas cargas que ocorrem em residências, o pré-dimensionamento dos pilares fica fácil; • Adotaremos, para todos eles, a seção transversal concreto de 20 cm x 20 cm. A estruturação de uma residência assobradada em concreto • Quem se apoia em quem? • Definida a geometria das peças, cabe agora definir quem se apoia em quem. Temos que avançar na arte de “sentir” as estruturas; • Se duas vigas se encontram e nesse ponto existe um pilar, as vigas não se relacionam estruturalmente entre si e ambas descarregam individualmente no pilar; A estruturaçãode uma residência assobradada em concreto • Quem se apoia em quem? • Se duas vigas se encontram e não há pilar nesse encontro, temos que estabelecer quem se apoia em quem; • O critério a considerar é que a viga mais deformável (menor inércia ou maior vão) se apoia na viga menos deformável (maior inércia ou menor vão); • Em nosso caso, teremos: A estruturação de uma residência assobradada em concreto • As extremidades de V7 se apoiam em V2 e em V4; A estruturação de uma residência assobradada em concreto • As extremidades de V2 se apoiam em V6 e em V8; A estruturação de uma residência assobradada em concreto • V4 se apoia em V6 e em V8; A estruturação de uma residência assobradada em concreto • Resta definir se V7 se apoia em V3 ou se, ao contrário, V3 se apoia em V7; A estruturação de uma residência assobradada em concreto • A regra geral é que a peça mais deformável se apoie na peça menos deformável; • Vamos admitir que: • V7 tem vão de 5,0 m e seção de 12 x 30 cm; • V3 tem, entre os pilares P4 e P5, um vão de 3,0 m e seção de 15x50 cm; • Então, V3 será apoio de V7, pois ela (V3) tem rigidez maior. Vão de 5,00 m Seção de 12 cm x 30 cm Vão de 3,00 m Seção de 15 cm x 50 cm Parada técnica….. Vamos tomar uma limonada??? As normas e o concreto armado • No Brasil, quem regula as normas técnicas de Engenharia, Arquitetura e Indústria é a ABNT, Associação Brasileira de Normas Técnicas; • Antigamente, as normas eram identificadas como NB 1, NB 5, etc; • Hoje, as normas têm nomes que iniciam com NBR. As normas e o concreto armado • Para edificações de prédios, temos as seguintes normas principais: • NBR 6118 – Projeto e execução de obras em concreto armado; • NBR 14931 – Execução de estruturas de concreto; • NBR 6120 – Cargas para o cálculo de edificações; • NBR 6122 – Projeto e execução de fundações; As normas e o concreto armado • NBR 7190 – Projeto de estruturas de madeira; • NBR 8800 – Projeto e execução de estruturas de aço de edifícios; • NBR 7191 – Execução de desenhos para obra de concreto simples ou armado ; • NBR 9607 – Provas de carga em estruturas de concreto armado e protendido; As normas e o concreto armado • NBR 5738 – Moldagem e cura de corpos de prova de concreto cilíndricos ou prismáticos; • NBR 5739 – Ensaio de compressão de corpos de prova cilíndricos de concreto. • Conhecer e seguir as normas técnicas é obrigatório. No caso de colapso de uma obra, o primeiro requisito é verificar se as normas foram seguidas ou não. Cuidados na obra Produção ou compra do concreto, escoramento, formas, lançamento nas formas, vibração, cura, desforma e descimbramento. • O concreto, como já dito, é uma tentativa de se fazer uma pedra artificial, com a vantagem de se ter as formas e a dimensão que se queira. • Para isso, usa-se: • Uma ou mais pedras, para se ter o menor índice de vazios possível; • Areia – para ocupar os espaços vazios entre as pedras; • Cimento – material colante que dá resistência; Cuidados na obra Produção ou compra do concreto, escoramento, formas, lançamento nas formas, vibração, cura, desforma e descimbramento. • Água – que permite ao cimento ganhar resistência e dar plasticidade à mistura; • Formas – que dão forma e dimensões à mistura ainda no estado plástico; • Escoramento – que dá estabilidade às formas. Cuidados na obra Produção ou compra do concreto, escoramento, formas, lançamento nas formas, vibração, cura, desforma e descimbramento. • Uma vez lançado o concreto dentro das formas, deve haver um período de vibração para minimizar os vazios, que diminuem a resistência do concreto; • Posteriormente, as superfícies expostas do concreto devem ser mantidas úmidas para evitar a evaporação da água de amassamento; • A cura é o processo químico com o qual o cimento reage com a água para ganhar resistência. Cuidados na obra Produção ou compra do concreto, escoramento, formas, lançamento nas formas, vibração, cura, desforma e descimbramento. • Uma das mais importantes características do concreto é sua resistência à compressão; • Essa resistência é chamada de fck; • O fck mais comum atualmente é o 20 Mpa (200 kgf/cm2); • Há vários tipos de cimento no mercado. O mais comum é o CPIIF32. Pode-se usar outros tipos; • Os fatores que mais influenciam a resistência de um concreto são o consumo de cimento e o fator água/cimento. Cuidados na obra Produção ou compra do concreto, escoramento, formas, lançamento nas formas, vibração, cura, desforma e descimbramento. • O uso correto da água no concreto permite obter-se uma mistura com boa fluidez; • Permite também obter-se maior resistência; • O desbalanceio do consumo de água pode exigir maior consumo de cimento para uma dada resistência (aumento de custo da obra). Cuidados na obra Produção ou compra do concreto, escoramento, formas, lançamento nas formas, vibração, cura, desforma e descimbramento. Análise das várias etapas da obra Conforme desenho abaixo: • Andar térreo – concretagem já feita há várias semanas. Já foram retiradas para re-uso as formas e o escoramento; • Primeiro andar – já foram retiradas as formas e um escoramento leve continua; • Segundo andar – concreto recém lançado, ainda é deformável, por isso, as formas precisam permanecer em seus lugares. As faces expostas do concreto precisam ser molhadas. Análise das várias etapas da obra Análise das várias etapas da obra Perspectiva das formas - vigas Análise das várias etapas da obra Perspectiva das formas - pilares • Quando se produz concreto na própria obra, nossos objetivos são: • Trabalhabilidade – teste de slump; • Durabilidade do concreto – de difícil medição, a maior probabilidade de se conseguir é pelo controle da relação água/cimento e pelo correto consumo de concreto. Também é importante obedecer o cobrimento correto e fazer o lançamento do concreto impedindo a formação de bicheiras. Análise das várias etapas da obra • Quando se compra concreto usinado, devemos exigir: • Fixação do volume a entregar; • Dia e horário da entrega; • fck do concreto a ser entregue; • Abatimento do concreto a ser entregue; • Exigir certificado por escrito sobre a relação água/cimento além de retirada de corpos-de- prova para testes de compressão. Análise das várias etapas da obra Análise das várias etapas da obra Teste de resistência à compressão As cargas que atuam nas edificações • A norma da ABNT que regula a previsão de cargas de projeto estrutural de edificações (NBR 6120) prevê que atuem as seguintes cargas (pesos): • Peso próprio da estrutura: o peso das vigas, lajes, pilares, escadas, revestimentos, caixa d’ água, piso, impermeabilização etc. Em concreto armado esse peso é muito importante. Em estruturas de aço essa importância é menor. As cargas que atuam nas edificações • Carga acidental: ou carga útil, ou sobrecarga. Corresponde à carga que atua na estrutura após a ocupação da edificação (móveis, cortinas, pessoas, etc). Essas cargas ocorrem sempre de forma perpendicular às lajes. As cargas que atuam nas edificações As cargas que atuam nas edificações • Carga de vento: Que tem importância em prédios muito altos ou prédios muito esbeltos. Nos prédios convencionais de apartamentos e de escritórios e de até quatro andares, o efeito do vento não é sensível e, portanto, não é considerado nos projetos convencionais. As cargas que atuam nas edificações• Outras cargas eventuais: como carga de elevadores, empuxo de muros de arrimo etc. As cargas que atuam nas edificações • A NBR 6120 recomenda para cargas acidentais os seguintes valores: • Lajes de forro……………………………………50 kgf/m2 • Lajes de piso (dormit., salas, copas)..200 kgf/m2 • Escadas…………………………………………..300 kgf/m2 • Bibliotecas………………………………………250 kgf/m2 • Armazéns………………………………………..400 kgf/m2 • Outros casos………………………………………..estudar As cargas que atuam nas edificações • Para estimativa de cargas de peso próprio, usam-se os seguintes valores: • Peso espec. do concreto armado….2500 kgf/m3 • Peso espec. do concreto……………….2400 kgf/m3 • Peso de parede alven. 1 tijolo reves..480 kgf/m2 • Peso de parede alven. ½ tijolo rev…..250 kgf/m2 • Peso de par. alven. ½ tijolo em pé….140 kgf/m2 As cargas que atuam nas edificações • Cargas de telhados: • Peso telhado telha francesa……………130 kgf/m3 • Peso telhado telha colonial…………….180 kgf/m3 • Peso de tel. telha 6 mm c. amianto…..60 kgf/m2 Cálculo de carga acidental para as fundações • Seja um depósito em concreto armado, com uma laje, quatro vigas e quatro pilares conforme os dados a seguir: • Vamos calcular as cargas que chegam às fundações, sendo que essas cargas são compostas por (1) Peso próprio da estrutura e (2) Carga útil: Cálculo de carga acidental para as fundações Cálculo de carga acidental para as fundações • Calculando primeiramente os volumes da estrutura: • Laje – 5,70 m x 4,30 m x 0,08 m = 1,96 m3 Cálculo de carga acidental para as fundações • Vigas – 2 x 3,90 m x 0,20 m x 0,50 m + + 2 x 5,70 m x 0,20 m x 0,50 m = 1,92 m3 Cálculo de carga acidental para as fundações • Pilares – 4 x (3,10-0,08-0,5) m x 0,20 m x 0,40 m = = 0,806 m3 Cálculo de carga acidental para as fundações • Total do volume da estrutura: • V = 1,96 m3 + 1,92 m3 + 0,806 m3 = 4,69 m3 • Peso da estrutura (adotando o critério da norma) • Peso = volume concreto x peso espec. concreto • Peso = 4,69 m3 x 2.500 kgf/m3 = 11.725 kgf • Peso = 11,725 t (toneladas) Cálculo de carga acidental para as fundações • A carga acidental é a área da laje multiplicada pela carga distribuída : • Carga acidental = 5,70 m x 4,30 m x 350 kgf/m2 • Carga acidental = 8.578 kgf • Carga acidental = 8,578 t (toneladas) • Observação: A carga de 350 kgf/m2 vem do material a ser estocado sobre a laje Cálculo de carga acidental para as fundações • A carga (ou peso) total é de: • Carga total = 11,725 t + 8,578 t • Carga total = 20,303 t (toneladas) • Como são quatro pilares, podemos dividir a carga total pelo número de pilares, teremos a carga em cada pilar a ser levada para a fundação: Cálculo de carga acidental para as fundações • A carga de fundação em cada pilar é: • Carga unitária = 20,303 t / 4 pilares • Carga total = 5,075 t (toneladas) Cálculo de carga acidental para as fundações Cálculo de carga acidental para as fundações • Vamos admitir que: • Um estudo de sondagem mostrou que a tensão máxima admissível pelo terreno é de 1 kgf/cm2 • Admitamos que o especialista em fundações recomendou o uso de sapatas de base quadrada • Logo, a área de cada sapata será: • Tensão = Força / Área • Área = Força / Tensão Cálculo de carga acidental para as fundações • Área = Força / Tensão • Área = 5,075 toneladas / 1 kgf/cm2 • Área = 5,075 t / 0,001 t/cm2 • Área = 5.075 cm2 • Área (base quadrada) = lado x lado • Lado = √ área da base • Lado = √ 5.075 cm2 • Lado = 71 cm • Solução adotada = sapata com lado de 71 cm É preciso ter fé para insistir e ir além… Deus os abençoe hoje e sempre. Boa noite e até a próxima aula
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