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Noções de Administração de Recursos Materiais para o MPU Teoria e exercícios comentados Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini Aula 03 Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini www.estrategiaconcursos.com.br Página 1 de 76 AULA 03 - 3 Compras. 3.1 Organização do setor de compras. 3.2 Etapas do processo. 3.3 Perfil do comprador. 3.4 Modalidades de compra. 3.5 Cadastro de fornecedores. 4 Compras no setor público. 4.1 Modalidades de licitação pública. 4.2 Objeto de licitação. 4.3 Edital de licitação. Pregão. 7 Gestão patrimonial. 7.1 Tombamento de bens. 7.2 Controle de bens. 7.3 Inventário. 7.4 Alienação de bens. 7.5 Alterações e baixa de bens. SUMÁRIO PÁGINA Sumário 3 Compras. ...................................................................................................... 2 3.1 Organização do setor de compras ............................................................. 4 3.2 Etapas do Processo de Compras .............................................................. 6 Negociação...................................................................................................... 8 Centralização e Descentralização de Compras ............................................... 9 3.4 Modalidades de Compras ........................................................................ 10 Acompanhamento de Pedidos ....................................................................... 13 3.5 Cadastro de Fornecedores ...................................................................... 13 3.4 Perfil do Comprador ................................................................................ 20 4. Compras no Setor Público ......................................................................... 21 4.1 Modalidades, 4.2 Objeto de Licitação, Dispensa e Inexigibilidade de Licitação ................................................................................................................... 25 4.3 Edital de Licitação ................................................................................... 36 4.4 Pregão ..................................................................................................... 39 7. Gestão Patrimonial .................................................................................... 42 Noções de Administração de Recursos Materiais para o MPU Teoria e exercícios comentados Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini Aula 03 Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini www.estrategiaconcursos.com.br Página 2 de 76 7.1 Tombamento dos Bens ........................................................................... 45 7.2 Controle de Bens – 7.3 Inventário ........................................................... 46 7.4 Alienação de Bens e 7.5 Alteração e Baixa de Bens ............................... 51 Questões Comentadas .................................................................................. 54 Questões Propostas ...................................................................................... 69 Em frente para aquilo que, acredito eu, seja nossa última aula. Lógico que se a CESPE tiver alguma ideia mirabolante no edital, nós nos veremos de novo. Isso não impede você de usar o fórum para tirar dúvidas, ou ainda, solicitar comentários adicionais (basicamente, pedir para que eu reexplique as coisas de outro jeito :P). Chega de conversa. 3 Compras. Este tópico, apesar de parecer curto no edital, é tão grande que precisa ser dividido em tópicos. Mas nada que a gente não resolva. Falamos bastante sem atender a necessidade da empresa com os materiais entregues em tempo, modo e lugar corretos. Mas como é que um material chega ao estoque? Qual setor será responsável por suprir os estoques? Primeiramente observe que a ideia de suprimento está ligada ao abastecimento da produção, e este ocorrerá por meio do fornecimento de materiais, matérias-primas e insumos, quando necessários à produção. O material chegará ao estoque por intermédio de compras, uma operação essencial entre aquelas que compõem o processo de suprimento de uma Noções de Administração de Recursos Materiais para o MPU Teoria e exercícios comentados Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini Aula 03 Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini www.estrategiaconcursos.com.br Página 3 de 76 empresa1. É por está razão que as compras assumem um papel tão importante na ARM. Falamos que os estoques são investimento da empresa, pois bem, este gasto ocorre justamente por meio das compras. E já foi demonstrado que as matérias- primas e insumos (os materiais em geral) representam parcela significativa dos custos envolvidos na produção. De acordo com Chiavenato2: “O órgão de compras é hoje considerado um centro de lucro e não simplesmente um centro de custo, uma vez que, quando bem administrado, pode trazer consideráveis economias, vantagens e lucros para a empresa.”. O processo de compras, como quase todos os processos da AM, deve analisado de forma ampla, pois envolve desde a programação de compras (localização de fornecedores, negociações...), passando pelo acompanhamento dos pedidos, pelo dispêndio financeiro, até chegar o momento em que os materiais são recebidos e verificados na empresa. Observe então: 1Dias, Marco Aurélio P., Administração de Materiais: princípios, conceitos e gestão, ed. Atlas, 6ª ed. 2 Chiavenato, Idalberto. Administração de Materiais, ed. Campus, pág. 100. Noções de Administração de Recursos Materiais para o MPU Teoria e exercícios comentados Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini Aula 03 Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini www.estrategiaconcursos.com.br Página 4 de 76 Estão entre os objetivos de um setor de compras de uma empresa: manter a produção abastecida com os materiais necessários; obter a quantidade de materiais necessários e com baixos preços; prezar pela qualidade do material que será adquirido; enfim, buscar as melhores condições possíveis para a empresa. Suprir as necessidades do sistema de produção, garantindo as entradas do processo produtivo e estabelecendo, por consequência, uma cadeia de suprimentos. Preste atenção especialmente no que diz respeito a: A Quantidade A Qualidade e especificações As Datas (prazos) 3.1 Organização do setor de compras No processo de compras são fatores que influenciarão na tomada de decisão: A quantidade (de acordo com a demanda), a qualidade, o preço e o prazo. Segundo Marco Aurélio P Dias: “Independentemente do porte da empresa, os princípios básicos de organização constituem-se em normas fundamentais, assim consideradas: As atividades de compras mantém relações: quanto com a administração de materiais tanto com o setor financeiro Noções de Administração de Recursos Materiais para o MPU Teoria e exercícios comentados Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini Aula 03 Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini www.estrategiaconcursos.com.br Página 5 de 76 Autoridade para compras; Registro de compras; Registro de preços; Registro de estoques e consumo; Registro de fornecedores; Arquivos e especificações; Arquivos de catálogos. [...] Utilizemos o exemplo de uma compra de supermercado. Se você estivesse encarregado do setor de compras e para que o investimento, o gasto, fosse adequado, quais seriam as etapas que você utilizaria no processo de compra? E qual seria a primeira atividadeque a desenvolver? Parece não restar dúvidas de que você deveria começar com uma pesquisa, não só a pesquisa de preços (de custos), mas, dentre outros, o estudo do mercado, o conhecimento do fornecedor, a possibilidade de se utilizar materiais alternativos. Passada a pesquisa temos a aquisição, por esta etapa se entente desde a encomenda, quando necessária, até o recebimento do material. Logo depois de recebido o material, passamos a administração os procedimentos de armazenamento em depósito. No que diz respeito às compras ela esta assim estruturada: A administração de compras deve manter um fluxo contínuo de suprimentos, mas não deve incorrer em gastos desnecessários e que provocariam Noções de Administração de Recursos Materiais para o MPU Teoria e exercícios comentados Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini Aula 03 Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini www.estrategiaconcursos.com.br Página 6 de 76 excedentes, ou seja, é fundamental que este setor execute uma programação de compras. 3.2 Etapas do Processo de Compras De acordo com a estrutura e o porte da empresa, o processo de compras, também denominado ciclo de compras, poderá apresentar pequenas variações, no entanto, a sequência a baixo seria uma organização básica: 1. Solicitação de compras (análise das ordens de compras3 – Ordem de Compras, recebidas); 2. Seleção de fornecedores (em decorrência de pesquisa); 3. Cotação de preços e determinação do preço certo; 4. Negociações com o fornecedor; 5. Pedido de Compra; 6. Acompanhamento de compras (follow up); 7. Recepção e aceitação das mercadorias (controle e recebimento do material comprado); 8. Aprovação da fatura do fornecedor para pagamento. A solicitação de compras é a origem do processo de compra, ocorre por meio da ordem de compra (OC), que é o documento que informa a necessidade de compra, indicando também, qual o material se deve comprar, a quantidade que se deve comprar, o prazo e o local de entrega. A seleção de fornecedores4é etapa que antecede a cotação, na seleção de fornecedores, são analisados o preço, a qualidade, a capacidade produtiva do 3 É a comunicação enviada ao setor responsável pelas compras da necessidade de aquisição de materiais. Noções de Administração de Recursos Materiais para o MPU Teoria e exercícios comentados Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini Aula 03 Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini www.estrategiaconcursos.com.br Página 7 de 76 fornecedor, o prazo de entrega e as condições de pagamento (falaremos de tudo isso na parte de cadastro de fornecedores). Veja que, na seleção de fornecedores, uma serie de fatores são analisados, portanto não se pode afirmar que a o fornecedor selecionado será obrigatoriamente o que apresentar o menor preço. A empresa analisará, de acordo com a suas necessidades, qual é o fornecedor mais adequado. Como bem leciona Chiavenato à página 105, há dois tipos de fornecedores, o real e o potencial. “Fornecedor real é aquele que já efetuou vendas de materiais ou insumos à empresa, enquanto o fornecedor potencial é aquele que pode se candidatar a futuros fornecimentos.” (grifos nossos). A cotação (registro) de preços normalmente é feita entre alguns fornecedores pré-selecionados e tem como objetivo encontrar, a preço satisfatório, os materiais de qualidade e nas especificações que a produção necessita. O pedido de compra é a oficialização do negócio, é o contrato formal que se estabelece entre o comprador e o fornecedor logo após a negociação. Após o pedido ter sido efetuado passamos a uma nova etapa que é a de acompanhamento (follow up). Esta etapa, de certa forma, é o controle do processo de compra5, que dedicando atenção, dentre outras coisas, à entrega do material. Este acompanhamento deve ocorrer por meio de registros devidamente documentados. 4 Normalmente a pesquisa e a seleção são feitas entre os fornecedores previamente cadastrados pela empresa, que registra também em um banco de dados as negociações passadas. 5 O setor de compras precisa manter uma boa comunicação com o fornecedor mesmo após a realização do pedido. O processo não deve ser abandonado até o recebimento e conferência da mercadoria. Noções de Administração de Recursos Materiais para o MPU Teoria e exercícios comentados Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini Aula 03 Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini www.estrategiaconcursos.com.br Página 8 de 76 Negociação A negociação tem um papel significativo no processo de compras, Trata-se de uma relação entre o comprador e o fornecedor, na qual serão levados em consideração alguns itens, tais como: a quantidade, a qualidade, o preço e o prazo. A empresa deve tratar seus fornecedores como parceiros em seus negócios (e direi logo logo o porquê). “A negociação serve para definir como será feita a emissão do pedido de compra ao fornecedor.”. O resultado final de uma negociação bem sucedida é o pedido de compra. Em quase todas as oportunidades, este pedido de comprasse encontrará consubstanciado em um contrato formal que representa fielmente as condições estipuladas na negociação. Das poucas vezes em que não houver contrato, a própria aceitação do pedido de compra pelo fornecedor possui caráter contratual, obrigando-o a atender todas as condições estipuladas no pedido, como por exemplo, quantidade, qualidade, frequência de entregas, prazos, preços e o local de entrega dos materiais. Dado este caráter contratual da negociação (fique tranquilo que teoria dos contratos é tema de Direito Civil, então, infelizmente, não vou dar aula disso agora Negociador de compras Fornecedores Devem ter como objetivo o equilíbrio do negócio, uma situação em que ambos possam sair ganhadores. Noções de Administração de Recursos Materiais para o MPU Teoria e exercícios comentados Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini Aula 03 Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini www.estrategiaconcursos.com.br Página 9 de 76 :P), quaisquer alterações nas condições originais devem ser objeto de novas discussões e entendimentos, para que não haja dúvidas sobre o que se propõe e deseja que seja fornecido. Do contrário, a empresa corre o risco de que haja contestação por parte dos fornecedores, que acreditarão ter cumprido as condições contratadas. Centralização e Descentralização de Compras Outra característica da organização das compras é aquela relacionada a analise quanto a sua centralização (onde um único órgão é responsável pelas compras – o que favorece o controle de estoques) ou descentralização (quando há unidades de compras dispersas). Já foi questão de concurso: “São condições básicas para o controle de estoques: centralização das compras em um setor de compras, sob a direção e responsabilidade de um especialista, com rotinas claras e definidas; estocagem de todos os materiais em locais previamente designados e sujeitos à supervisão direta; e determinação de limites (máximos e mínimos) para cada item do estoque.”. Importante: Observe que quando falado das atribuições do setor de compras não é citada a responsabilidade com transporte, porque esta fica a cargo do próprio fornecedor, que tem a obrigação de entregar o material na qualidade e no prazo acordados. Acredito que o que realmenteimporta neste tópico seja a análise comparativa sobre as vantagens de cada uma: A Centralização das Compras, de acordo com a doutrina, oferece as seguintes vantagens: - Possibilidade de compras em maior volume, o que pode significar o aproveitamento de condições e preços melhores, decorrentes de descontos, por exemplo; Noções de Administração de Recursos Materiais para o MPU Teoria e exercícios comentados Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini Aula 03 Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini www.estrategiaconcursos.com.br Página 10 de 76 - Redução dos custos de transporte vez que valor do frete poderá ser “rateado” entre um maior número de mercadorias; - Homogeneidade na qualidade dos materiais adquiridos; - Possibilidade de acerto de entregas menores e periódicas, que evitam a ocorrência de pedidos duplicados; - Melhor controle global das transações financeiras relacionadas ao setor de compras, uma vez que todas elas serão gerenciadas pelo mesmo departamento; - Evita a concorrência danosa entre os compradores regionais e as disparidades de preços de aquisição de um mesmo material por vários compradores Por outro lado, a Descentralização das Compras é associada às seguintes vantagens: - Oferece maior autonomia funcional às unidades regionais; - Permite maior flexibilidade e sensibilidade na solução de problemas regionais. A unidade descentralizada está mais próxima dos problemas e anseios de sua área de controle, além de melhor representar seus interesses, por constituir um grupo menor. Desta forma, é de se esperar que possua melhor conhecimento a respeito das fontes de suprimento, meios de transporte e armazenamento mais próximo da região; - Em situações emergenciais, costuma oferecer soluções mais rápidas e adequadas àquele momento, pelas mesmas razões do item anterior. - Permite melhor controle de suas funções. Lembre-se que estruturas menores são sempre mais fáceis de gerenciar. 3.4 Modalidades de Compras Toda classificação tem um propósito (ou ao menos, deveria ter um). Não existem classificações boas ou ruins, mas existem classificações úteis e inúteis. Noções de Administração de Recursos Materiais para o MPU Teoria e exercícios comentados Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini Aula 03 Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini www.estrategiaconcursos.com.br Página 11 de 76 As modalidades de compras não são mais do que classificações que se referem aos modos como eu posso dividi-las. E não, isto aqui não tem absolutamente nada a ver com a matéria de licitações, que vocês verão com clareza nas aulas de Direito Administrativo. Dito isto, eu não me preocuparia tanto em memorizar as modalidades aqui expostas, são autoexplicativas. Vamos lá: Eu posso dividir as compras conforme o item comprado. Assim temos: Compra voltada para o investimento: os bens assim adquiridos não integrarão o produto final, mas farão parte do ativo imobilizado da empresa. Toda vez que a empresa compra um prédio, máquinas de produção, ou até as cadeiras onde os funcionários sentam, está comprando voltando seu foco para o investimento, pois não tem intenção de vender esses itens no mercado. Compra voltada para o consumo: falamos aqui daqueles materiais que compõem o processo produtivo. Olhe para a seta de novo: Todos os itens comprados para integrar esse processo são feitos por compras voltadas para o consumo. Posso dividir também levando em conta onde está o fornecedor. Compra local: Sem complicações: são as compras feitas no mesmo país da empresa compradora. Compra importada: O fornecedor dos produtos encontra-se em outro país que não o do comprador. Materias- primas Materiais em processamento Materiais semiacabados Materiais acabados ou componentes Produtos acabados Noções de Administração de Recursos Materiais para o MPU Teoria e exercícios comentados Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini Aula 03 Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini www.estrategiaconcursos.com.br Página 12 de 76 Também posso classificar as compras de acordo com seu nível de formalização: Compra formal: Essas aqui são mais comuns no setor público, face à exigência de licitação e outras exigências burocráticas atinentes ao Direito Financeiro. São compras que exigem comprovação de, se não todas grandes parte dos processos que as justificaram. Compra informal: Por sua vez, são compras que não necessitam seguir um ritual tão detalhado e rígido. Pense na feira: é tudo feito e combinado de boca, você e o feirante acertam o preço na hora e você sai com a verdura, sem nenhum "papel" que comprove a operação. Outra classificação que pode ser cobrada (e essa sim eu considero muito útil) é a da urgência na entrega do item: Compras antecipadas: São compras feitas com planejamento. A empresa compra o item antes mesmo de vir a precisar dele. Compras contratadas: Neste caso, a figura do contrato de fornecimento ganha uma importância maior. Nele ficará discriminado a época em que o material deve ser entregue (não sendo recomendado nem que a entrega seja feita antes, nem depois), ou em quantas vezes a entrega será feita (um lote, dois, três, e assim por diante). Compras emergenciais: Compras realizadas quando deu o popular "xabú" (que desconfio não ser com "x"). A necessidade da compra não foi prevista com antecedência, seja pela imprevisibilidade do evento que a provocou ou pela própria falta de planejamento do gestor. Esse tipo de compra merece atenção especial, pois é prejudicial à empresa. A pressa coloca o fornecedor em posição de vantagem, pois a empresa não tem tempo de procurar muitos fornecedores para avaliar o preço. Devem ser evitadas. Noções de Administração de Recursos Materiais para o MPU Teoria e exercícios comentados Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini Aula 03 Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini www.estrategiaconcursos.com.br Página 13 de 76 Acompanhamento de Pedidos Seu examinador esqueceu-se de me dizer que pedidos são esses :P. Felizmente, ele também não é muito criativo, de maneira que ele faz menção aqui ao Acompanhamento de Pedidos de Compras. Nós já falamos por cima desse assunto. Este é o “Follow up” que mencionei no ciclo de compras. A fim de que a nossa empresa não entre em falência pela ausência de materiais para dar seguimento a sua produção, é necessário que o órgão de compras certifique-se que o material será entregue dentro dos prazos estipulados, como não poderia deixar de ser, na quantidade e qualidade contratadas. Para que se tenha absoluta certeza de que isto irá ocorrer, o setor de compras não deve abandonar o fornecedor logo após o encaminhamento do pedido de compras. Muito pelo contrário: deve entrar em contato com o fornecedor de maneira constante, assegurando-se que a produção do material solicitado está em andamento. Ao realizar este monitoramento constante sobre o fornecedor, cobrando de maneira permanente resultados (que no caso são os fornecimentos de bens demandados), ao invés de simplesmente largar mão do controle do pedido, é como se o setor de compras desse prosseguimento no desempenho de sua atividade, razão pela qual o correspondente em inglês desta descrição é o nosso Follow up (acompanhar, seguir, agendar). E é só isso. Próximo ponto. 3.5 Cadastro de Fornecedores O que, em verdade, seu examinador quer neste tópico é o conhecimento teórico por trás da construção do cadastro de fornecedores. E é o que eu vouensinar a você. Noções de Administração de Recursos Materiais para o MPU Teoria e exercícios comentados Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini Aula 03 Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini www.estrategiaconcursos.com.br Página 14 de 76 Antes de qualquer coisa, você poderia imaginar que o cadastro de fornecedores é algo inútil e ultrapassado. Afinal, eu sempre posso procurar na internet por determinado produto e compra-lo, sem ter de incorrer nos custos de manter um cadastro próprio. Além do que, o cadastro do Google sempre será maior e mais completo que o de qualquer corporação do mundo :P. Bobagens à parte, só tem um problema neste raciocínio: não estamos mais comprando um quilo de carne no açougue. O ato de compra em uma empresa é uma tarefa bastante complexa, envolvendo conhecimentos que vão desde o próprio objeto da compra (especificação do material, normas aplicáveis, critérios de inspeção) até a busca de fontes de suprimento que sejam capazes de abastecer a empresa com o produto desejado, na hora certa, local certo e na quantidade certa. Lembra-se da tríade? Olha ela de novo: Já ficou mais complicado né? Para isso serve o cadastro de fornecedores. Ao conseguir criar seu próprio cadastro, a empresa tem em mãos a lista de todos seus parceiros de negócio que vão lhe garantir a vantagem competitiva de que necessita. O cadastro de fornecedores é o corpo central que alimenta o processo de suprimento da empresa. Eu falei em parceiros de negócio logo acima. E eu realmente quis dizer isso. O fornecedor não é uma pessoa da qual a empresa tenta tirar vantagem, comprando o produto pelo menor preço possível, aumentando suas margens. Essa visão de curto prazo é contrária à ideia por trás do cadastro. O que se busca é formar alianças estratégicas visando interesses comuns. Só assim se garantirá que o suprimento de materiais tenha: Dentro de um processo produtivo, a Administração de Materias (AM) precisa controlar: A Quantidade (para que se evite a falta ou os excessos) O Tempo ( o momento em que os materias estarão disponíveis) A Localização (não basta o material estar disponível ele também precisa estar disponível no local certo) Noções de Administração de Recursos Materiais para o MPU Teoria e exercícios comentados Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini Aula 03 Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini www.estrategiaconcursos.com.br Página 15 de 76 - Qualidade - Tempestividade - Regularidade Outra ideia que deve estar encrustada na sua mente é que o cadastro de fornecedores não busca sempre e a todo o momento a aquisição de material pelo menor preço. Nos sistemas de administração tradicional, a busca pelo fornecedor só se inicia no momento da necessidade de materiais. Espera-se ter sede para se abrir o poço. E somente a partir da existência da necessidade se busca o fornecedor. Uma vez encontrado, começa-se a discutir preços e prazos de entrega. E pior, buscam- se condições espetaculares de fornecimento para aquela ocasião, em um raciocínio típico de quem não pensa no longo prazo. O cadastro de fornecedores não se presta a isto. Veja: o que se busca com o cadastro é a construção de uma relação de longo prazo com os fornecedores eventualmente aprovados para ali figurar. Esta ideia, no longo prazo, se revelará mais rentável, por dois motivos principais: - Não dá para manter o padrão espetacular de aquisições em todas as compras, e assim, fatalmente, o ganho de uma operação se perderá em outra. - Os fornecedores também têm seus interesses, e assim, procurarão melhor servir os seus bons e leais clientes, em detrimento dos demais. Se você acha que tudo que eu falei acima não se aplica ao regime público, por conta das licitações, se engana. Os órgãos públicos também possuem cadastro de fornecedores, e embora estejam atrelados à Lei de Licitações para fazer contratações, lembre-se que, por exemplo, a modalidade convite comporta algum grau de preferência (pensem bem, três fornecedores são diretamente convidados pela repartição enquanto os demais precisam fuçar editais em quadros de aviso nelas). Além do que, a tomada de preços depende da existência de cadastro prévio Noções de Administração de Recursos Materiais para o MPU Teoria e exercícios comentados Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini Aula 03 Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini www.estrategiaconcursos.com.br Página 16 de 76 dos fornecedores interessados. Embora mitigada, a importância do cadastro também se faz presente nas repartições públicas. Pois bem, agora que você já tem em mente as premissas do cadastro, vamos falar de sua construção. E quais fornecedores nós queremos em nosso cadastro? Os melhores! E os melhores serão aqueles que: - Tenham condições de fornecer o material ou executar os serviços na quantidade, qualidade e prazo certos; - Possam tornar-se uma fonte regular de suprimentos de materiais ou de serviços; - Possuam preços e condições competitivas. O primeiro passo é pesquisar todos os existentes. Catálogos de fabricantes, guias comerciais, e até a internet. Nesta primeira fase, buscamos conhecer todos os fornecedores potenciais, a fim de vir a escolher algum deles. Assim sendo, o órgão responsável pelo cadastro de fornecedores vai coletar informações destas fontes, tabulando os dados para que sejam manipulados mais facilmente em um momento posterior do processo. Alias, o cadastro tem de ser de fácil consulta por qualquer interessado dentro da empresa. Afinal de contas, o cadastro existe para facilitar a vida de quem precisará de fornecedores. Por isso, outra preocupação do cadastro, fora a tabulação dos dados para pesquisa, é que contenha os dados necessários para identificação do fornecedor, entre os quais: - Tipo de produto vendido (autoexplicativo né, se eu quero lâmpadas, o fornecedor tem de ser capaz de fornecer lâmpadas); - Capacidade de produção (o número de unidades que o fornecedor é capaz de atender por pedido). Noções de Administração de Recursos Materiais para o MPU Teoria e exercícios comentados Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini Aula 03 Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini www.estrategiaconcursos.com.br Página 17 de 76 - Facilidade de comunicação e relacionamento com seus clientes - Localização geográfica (os produtos têm de sair do fornecedor para chegar à empresa, e esta informação é relevante para se estimar o custo de frete). - Situação do fornecedor (uma empresa em falência provavelmente não poderá continuar a ser fornecedora por muito tempo, e ainda que possa, talvez a nossa empresa não se interesse por ela :P). Vencida estas etapas, a empresa está pronta para avaliar os fornecedores, e uma vez feito isto, terá seu cadastro de fornecedores. Tudo que irá precisar fazer daqui para frente é analisar o desempenho dos mesmos ao longo do tempo, para garantir que o fornecedor mantém o mesmo padrão de excelência no cumprimento de suas obrigações. O processo de avaliação e seleção dos fornecedores também é específico, mas não foi cobrado em seu edital, mas vou pelo menos relacionar os requisitos mais usuais, a fim de que você “feche” o raciocínio na sua cabeça. Tipo de produto vendido Capacidade de produção Facilidade de comunicação Localização geográfica Situação do fornecedor Noções de Administração de Recursos Materiais para o MPU Teoria e exercícios comentados Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini Aula 03Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini www.estrategiaconcursos.com.br Página 18 de 76 Os parâmetros usuais de avaliação e aprovação do fornecedor (são aqueles que autorizam a inclusão do fornecedor no cadastro, sem isso, a empresa nem quer saber que aquele fornecedor existe): - Preço - Qualidade - Condições de Pagamento - Condições de Embalagem e Transporte Uma vez preenchidos os requisitos acima nos patamares desejados (cada empresa terá o seu conforme sua situação), deve haver uma análise inicial das entregas, para que a empresa avalie: - Cumprimento dos prazos de entrega; - Manutenção dos padrões de qualidade; - Política de preços ao longo do tempo; - Assistência Técnica Isto que falei das avaliações são só parâmetros. Cada empresa ou órgão público pode usar os parâmetros que desejar, e não há maneira de especificar a infinidade de possíveis critérios. Apenas coloquei estes para que você tenha uma ideia de como se processa a fase de avaliação, não acredito que será solicitado em seu edital, mas você não pode ter uma visão “quebrada” do cadastro, pois isso dificultará a memorização. O cadastro normalmente manterá dois tipos de fornecedores: Fornecedores ativos: Aqueles que gradativamente suprem as necessidades de bens e serviços da empresa. São aqueles a quem a empresa recorre normalmente quando precisa de materiais. Noções de Administração de Recursos Materiais para o MPU Teoria e exercícios comentados Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini Aula 03 Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini www.estrategiaconcursos.com.br Página 19 de 76 Fornecedores potencias: São fontes alternativas de fornecimento. Caso um fornecedor ativo não consiga fornecer os bens em determinada ocasião, é bom que a empresa tenha um “Plano B” para não ficar sem o material. Conforme o desempenho do fornecedor potencial, ele talvez consiga chegar ao cadastro de fornecedores ativos da empresa. Não há um número fixo de fornecedores no cadastro para cada tipo de material, entretanto, é sugerível que se mantenha ao menos três fornecedores diferentes para cada item. Isto dificultará a interrupção do fluxo de fornecimento de materiais. Mas como eu disse, é apenas sugerível. Veja que no caso de fornecedores monopolistas (fabricantes de produtos exclusivos no mercado) e especiais (dominam materiais ou processos específicos, normalmente não encontrados entre outros fornecedores), a manutenção de mais de um fornecedor neste cadastro é impossível ou inviável, ou mesmo não desejada. Por essas razões, a relação entre fornecedores e compradores neste caso é conhecida como de “fonte única”. Alias, uma última dica: o cadastro de fornecedores volta-se, essencialmente, a manter uma base de dados de fornecedores habituais (em contraposição aos fornecedores monopolistas e especiais). E isto é perfeitamente justificável: os fornecedores habituais oferecem produtos padronizados. Existem vários deles concorrendo entre si e, portanto, em busca de parceiros comerciais que permitam sua sobrevivência. Eles se diferenciarão no que diz respeito à qualidade de seu atendimento e sua eficiência, e por isso, o cadastro da empresa buscará ter como parceiro apenas aquele que cumpra de maneira satisfatória seus objetivos. Os fornecedores habituais, a seu passo, estabelecem relações de “fontes múltiplas”, já que o comprador possui diversas opções em mercado para obter os materiais de que necessita. E já que falamos de fontes, vamos passar mais uma classificação, que já tem um tempinho que não vejo ser cobrada pela CESPE: Noções de Administração de Recursos Materiais para o MPU Teoria e exercícios comentados Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini Aula 03 Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini www.estrategiaconcursos.com.br Página 20 de 76 Fonte Única: Há exclusividade do produto fornecido (quer seja pela existência de monopólio, produto especial, ou mero acordo exigindo que o material seja obtido apenas daquele fornecedor); Fonte Múltipla: O contrário :P. Agora o comprador tem livre acesso a diversas fontes de materiais, podendo escolher a que mais lhe agradar. Fonte Simples: Essa daqui é a cereja do bolo na organização do setor de compras. Como dissemos, a tarefa de escolha do fornecedor é árdua. E, além de tudo, “acertar” na escolha de um bom fornecedor é bastante difícil. Quando o setor de compras consegue isto, se agarra com unhas e dentes nele :P. A fonte simples indica uma relação na qual a empresa poderia comprar de qualquer fornecedor, mas que por questões de planejamento e estratégia, firma um contrato de longo prazo com um fornecedor específico, sedimentando a relação comercial entre eles. Muito bonito :P 3.4 Perfil do Comprador Comprador é aquele que compra. Parece óbvio, mas das três palavras que estão nessa frase, a mais importante é "aquele". O comprador é uma pessoa. Esta atividade ainda não pode ser substituída por uma máquina, de maneira que é dever do comprador, representando sua empresa, estabelecer um ponto em comum entre o seu representado e o fornecedor, e fazer isso da maneira mais profissional possível. Porém, é altamente recomendável que essa pessoa tenha algumas características, pois de outro modo, o exercício de sua função será um desastre, ou ao menos, extremamente antiética. Você consegue se imaginar como fornecedor, recebendo um representante da empresa interessada em comprar vindo de shorts, sem camisa, mascando chiclete e te chamando de "cara" o tempo todo? Lógico que não. Mas para fins de prova, acredito que as características mais importantes e procuradas no comprador são as seguintes: Noções de Administração de Recursos Materiais para o MPU Teoria e exercícios comentados Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini Aula 03 Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini www.estrategiaconcursos.com.br Página 21 de 76 - O comprador defende sua empresa. Ele tem em mente satisfazer os interesses de seu patrão e não do fornecedor. Não pode, por exemplo, fazer uma compra 20% mais cara do que seria possível para "rachar" com o fornecedor os 10%. - Por outro lado, defesa de interesses tem limite. O comprador não pode ser um estelionatário profissional a serviço de sua entidade. Ele age com transparência, sem a ideia de querer prejudicar o fornecedor. - O comprador deve ser um sujeito honesto. Ele não só não pratica irregularidades, ele denuncia irregularidades de que tenha ciência. - Por fim, do ponto de vista do comprador, todos os fornecedores devem ser tratados de maneira igual. Então, nada de fazer um favorzinho para aquele seu primo que ta com dificuldades financeiras para facilitar a compra de material da empresa dele. Tão ruim quanto é aceitar uma joia ou outro presente caro no caso de uma negociação bem sucedida com a empresa. Só a título de curiosidade, no caso do serviço público federal, presentes abaixo de R$ 100,00 podem ser aceitos sem problemas, por serem classificáveis como "brindes". Acima desse valor entende-se que o presente passa a influenciar nas atribuições do servidor. Para distinguir as situações em que o recebimento do presente ultrapassa a mera cortesia, utilize este parâmetro. Embora essas características todas sejam até mesmo óbvias, o que se assiste no Jornal Nacional todos os dias é justamente servidores fazendo o contrário disso. Então, lembre-se das reportagens como o exato oposto do perfil do comprador :P. E por favor, quando passar nessa prova, nada de "esquema". 4. Compras no SetorPúblico Os temas relacionados a Compras no Setor Público são eminentemente de Direito Administrativo. É a minha casa, aquilo que passei cinco longos anos estudando com afinco. Entretanto, para resolver as questões de ARM, não faria sentido algum eu marretar vocês com tudo que há para se falar sobre o tema. O que Noções de Administração de Recursos Materiais para o MPU Teoria e exercícios comentados Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini Aula 03 Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini www.estrategiaconcursos.com.br Página 22 de 76 vai aqui é apenas o necessário para resolver esta parte da prova, e ter uma noção razoável sobre o assunto. O setor público também compra. Repartições, por mais que pareçam etéreas e incompreensíveis, são, em sua maioria, grandes escritórios, e com esta visão, não são muito diferentes das empresas que existem por aí. Desta forma, os órgãos públicos precisam de materiais tanto quanto qualquer empresa em funcionamento. Mas temos um pequeno problema agora. Quando a empresa precisa de um material, o gerente da empresa é informado disso e procede à autorização da compra. Entretanto, ele só tem autoridade para fazer isso porque o dono da empresa (uma pessoa física e muito bem conhecida por todos) disse que ele encontrava-se autorizado a tanto. Essa pessoa física, fala, pensa e pode ser localizada dentro do espaço físico que chamamos de “realidade” :P. O dono da empresa pode muito bem comprar de um fornecedor mais caro, a preços extorsivos e não haveria nada de errado com isso. Entretanto, pense comigo: é o negócio dele. Ele lucra com a eficiência de sua empresa. Desta forma, é perfeitamente normal que busque sempre a melhor oferta possível, o melhor fornecedor, as melhores condições, enfim, busque não ser enganado. Só que na Administração Pública esse raciocínio opera de outra forma. A Administração Pública não existe no plano físico. Ela não é uma pessoa, não pensa e não fala. Desta forma, a Administração Pública, enquanto entidade, não é capaz de resolver quem, dentre os fornecedores que se apresentam, é o melhor para aquele caso, menos ainda manifestar verbalmente esta vontade, pelo simples fato de ela não ser dotada de existência física :P. A Administração Pública opera através de seus representantes devidamente eleitos (Prefeitos, Governadores e Presidente). Só que, mesmo estes representantes não passam de meros “gerentes” da grande empresa que é a Administração Pública. E assim o sendo, estão vinculados às ordens do chefe. Noções de Administração de Recursos Materiais para o MPU Teoria e exercícios comentados Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini Aula 03 Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini www.estrategiaconcursos.com.br Página 23 de 76 Mas já que o chefe mesmo não fala, como descobriremos a sua vontade? E aqui começa a sua longa jornada de descobrimento: a vontade do Estado é a Lei. As leis editadas por esta querida nação representam aquilo que o Estado procura ver acontecer em seu território, sendo a manifestação do que a Administração Pública entende por correto. Pois bem, este raciocínio geral funciona aqui também. O chefe já disse como quer que compremos materiais. Se um órgão público precisar de materiais, e para ser bem sincero, de quase qualquer coisa, terá de realizar um procedimento específico, que garanta que aquele contrato fechado com um fornecedor era, de fato, a melhor oferta entre todas as que se ofereceram e encontravam-se disponíveis. Este procedimento é chamado de licitação, e encontra-se atualmente regulado na Lei 8666/1993. Olha o chefe falando aqui: Art. 1o Esta Lei estabelece normas gerais sobre licitações e contratos administrativos pertinentes a obras, serviços, inclusive de publicidade, compras, alienações e locações no âmbito dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. Parágrafo único. Subordinam-se ao regime desta Lei, além dos órgãos da administração direta, os fundos especiais, as autarquias, as fundações públicas, as empresas públicas, as sociedades de economia mista e demais entidades controladas direta ou indiretamente pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios. Art. 2o As obras, serviços, inclusive de publicidade, compras, alienações, concessões, permissões e locações da Administração Pública, quando contratadas com terceiros, serão necessariamente precedidas de licitação, ressalvadas as hipóteses previstas nesta Lei. Parágrafo único. Para os fins desta Lei, considera-se contrato todo e qualquer ajuste entre órgãos ou entidades da Administração Pública e particulares, em que haja um acordo de vontades para a formação de vínculo e a estipulação de obrigações recíprocas, seja qual for a denominação utilizada. Não resta dúvida, esta é a vontade do patrão, e assim será feito! Mas esse patrão também explica o porquê de suas razões: Art. 3º A licitação destina-se a garantir a observância do princípio constitucional da isonomia, a seleção da proposta mais vantajosa para a administração e a promoção do desenvolvimento nacional Noções de Administração de Recursos Materiais para o MPU Teoria e exercícios comentados Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini Aula 03 Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini www.estrategiaconcursos.com.br Página 24 de 76 sustentável e será processada e julgada em estrita conformidade com os princípios básicos da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da publicidade, da probidade administrativa, da vinculação ao instrumento convocatório, do julgamento objetivo e dos que lhes são correlatos. Lembre-se: como todo patrão, a Administração Pública não deseja levar prejuízo. Era para impedir que isso ocorra que fazemos uso do procedimento licitatório. Mas eu ainda não defini o que é uma licitação. Recorramos à doutrina de meus queridos bancos acadêmicos: “Licitação é procedimento administrativo pelo qual um ente público, no exercício da função administrativa, abre a todos os interessados, que se sujeitem às condições fixadas no instrumento convocatório, a possibilidade de formularem propostas dentre as quais selecionará e aceitará a mais conveniente para a celebração do contrato”. Esta definição é José Roberto Dromi, com algumas adaptações para o nosso caso aqui. Através da licitação, a Administração abre a todos os interessados que se sujeitem às condições fixadas no instrumento convocatório, a possibilidade de oferecer à Administração a sua proposta. Mas isso não é feito de qualquer jeito. A licitação é procedimento administrativo, e assim o sendo, segue um rito determinado pela lei. E, mais importante: a Administração Pública fixará as regras pelas quais analisará as propostas, a fim de decidir qual delas é de fato a mais vantajosa. O tal instrumento convocatório de que tanto falo é o edital, que será também visto na aula de hoje. Então, fique tranquilo. Ah sim: você está vendo nesta aula Lei 8666/93 para ARM. Este capítulo introdutório precisaria de bem mais páginas se eu fosse falar sobre Lei 8666/93 para Direito Administrativo (um dia... :P). Então, se você já conhece a matéria, não estranhe algumas omissões. Como vocês podem ver, embora existam vários trechos importantes na lei do ponto de vista da disciplina de contratos Noções de Administração de Recursos Materiais para o MPU Teoria e exercícios comentados Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini Aula 03 Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini www.estrategiaconcursos.com.br Página 25 de 76 administrativos,entretanto, só grifei aqueles que são pertinentes a nossa disciplina. O que não quer dizer que esta aula esgote o assunto (nem que eu não saiba a matéria :P). 4.1 Modalidades, 4.2 Objeto de Licitação, Dispensa e Inexigibilidade de Licitação A expressão “objeto de licitação” é repetida incontáveis vezes ao longo da Lei 8666/1993. Ela quer fazer referência àquilo que será contratado pela Administração Pública, seja material, bem, serviço ou qualquer coisa que possa passar pela sua cabeça. É a primeira coisa que deve constar no edital de uma licitação, a teor do artigo 40 da Lei 8666/1993: Art. 40. O edital conterá no preâmbulo o número de ordem em série anual, o nome da repartição interessada e de seu setor, a modalidade, o regime de execução e o tipo da licitação, a menção de que será regida por esta Lei, o local, dia e hora para recebimento da documentação e proposta, bem como para início da abertura dos envelopes, e indicará, obrigatoriamente, o seguinte: I - objeto da licitação, em descrição sucinta e clara; [...] Mas por qual razão um termo cuja explicação pode ser dada em três parágrafos foi exigido em um tópico separado? Porque, em algumas ocasiões, o objeto da licitação acaba forçando a realização da licitação em uma determinada modalidade. Mas vamos por partes, falemos das modalidades de licitações existentes: Art. 22. São modalidades de licitação: I - concorrência; II - tomada de preços; III - convite; Noções de Administração de Recursos Materiais para o MPU Teoria e exercícios comentados Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini Aula 03 Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini www.estrategiaconcursos.com.br Página 26 de 76 IV - concurso; V - leilão. § 1o Concorrência é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados que, na fase inicial de habilitação preliminar, comprovem possuir os requisitos mínimos de qualificação exigidos no edital para execução de seu objeto. § 2o Tomada de preços é a modalidade de licitação entre interessados devidamente cadastrados ou que atenderem a todas as condições exigidas para cadastramento até o terceiro dia anterior à data do recebimento das propostas, observada a necessária qualificação. § 3o Convite é a modalidade de licitação entre interessados do ramo pertinente ao seu objeto, cadastrados ou não, escolhidos e convidados em número mínimo de 3 (três) pela unidade administrativa, a qual afixará, em local apropriado, cópia do instrumento convocatório e o estenderá aos demais cadastrados na correspondente especialidade que manifestarem seu interesse com antecedência de até 24 (vinte e quatro) horas da apresentação das propostas. § 4o Concurso é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados para escolha de trabalho técnico, científico ou artístico, mediante a instituição de prêmios ou remuneração aos vencedores, conforme critérios constantes de edital publicado na imprensa oficial com antecedência mínima de 45 (quarenta e cinco) dias. § 5o Leilão é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados para a venda de bens móveis inservíveis para a administração ou de produtos legalmente apreendidos ou penhorados, ou para a alienação de bens imóveis prevista no art. 19, a quem oferecer o maior lance, igual ou superior ao valor da avaliação. (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994) [...] Só de olhar as modalidades de licitação, você já tem alguma ideia dos objetos possíveis deste procedimento. Veja, por exemplo, no caso do Leilão, o objeto de uma licitação pode ser “produto legalmente apreendido” ou ainda “bem imóvel”. Pois bem, aqui para a nossa disciplina, peço apenas que você saiba o seguinte: A concorrência é obrigatória para os seguintes objetos contratuais: - obras e serviços de engenharia de valor superior a R$ 1.500.000,00; - compras e serviços que não sejam de engenharia, de valor superior a R$ 650.000,00; Noções de Administração de Recursos Materiais para o MPU Teoria e exercícios comentados Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini Aula 03 Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini www.estrategiaconcursos.com.br Página 27 de 76 - compra e alienação de imóveis, qualquer que seja o valor, ressalvados os casos de alienação de bens adquiridos em procedimentos judiciais ou mediante dação em pagamento (estes casos admitem tanto leilão como concorrência). - concessões de direito real de uso - elaboração do registro de preços, ressalvado neste caso a possibilidade de se utilizar da modalidade pregão. Estes são exemplos de objeto de licitações. Mas tenha em mente que a expressão significa apenas e tão somente “aquilo que se contrata” com a Administração Pública. Simples? Fácil? É porque é para ser mesmo! Só que agora o negócio vai ficar mais complicado. Nem sempre é necessário realizar a licitação. Como assim??? Você acabou de dizer que era! Sim, eu disse, mas digamos que nosso patrão tem lá seus caprichos :P. Existem dois motivos pelos quais uma licitação pode não ser feita: a primeira delas é simplesmente porque não dá para fazer, e a segunda é porque o Estado não deseja fazê-la. Tendo isto em mente, vamos refinar um pouco o raciocínio. Os casos de inexigibilidade de licitação compreendem hipóteses em que a competição entre licitantes é impossível, ou inviável. Sinta os artigos envolvidos: Art. 25. É inexigível a licitação quando houver inviabilidade de competição, em especial: I - para aquisição de materiais, equipamentos, ou gêneros que só possam ser fornecidos por produtor, empresa ou representante comercial exclusivo, vedada a preferência de marca, devendo a comprovação de exclusividade ser feita através de atestado fornecido pelo órgão de registro do comércio do local em que se realizaria a licitação ou a obra ou o serviço, pelo Sindicato, Federação ou Confederação Patronal, ou, ainda, pelas entidades equivalentes; II - para a contratação de serviços técnicos enumerados no art. 13 desta Lei, de natureza singular, com profissionais ou empresas de notória especialização, vedada a inexigibilidade para serviços de publicidade e divulgação; Noções de Administração de Recursos Materiais para o MPU Teoria e exercícios comentados Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini Aula 03 Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini www.estrategiaconcursos.com.br Página 28 de 76 III - para contratação de profissional de qualquer setor artístico, diretamente ou através de empresário exclusivo, desde que consagrado pela crítica especializada ou pela opinião pública. § 1o Considera-se de notória especialização o profissional ou empresa cujo conceito no campo de sua especialidade, decorrente de desempenho anterior, estudos, experiências, publicações, organização, aparelhamento, equipe técnica, ou de outros requisitos relacionados com suas atividades, permita inferir que o seu trabalho é essencial e indiscutivelmente o mais adequado à plena satisfação do objeto do contrato. § 2o Na hipótese deste artigo e em qualquer dos casos de dispensa, se comprovado superfaturamento, respondem solidariamente pelo dano causado à Fazenda Pública o fornecedor ou o prestador de serviços e o agente público responsável, sem prejuízo de outras sanções legais cabíveis Veja que estes casos refletem uma impossibilidade de competição, o que torna a exigência de licitação quase uma piada de mau gosto. Exemplos esdrúxulos que podem fazer você entender a piada: I – A empresa “Mochileiros da Galáxia” é a única vendedora do aparelho “gerador de improbabilidade infinita”, uma geringonça vital para aqueles que desejam viajar no espaço. A partir do momentoem que o Estado demanda este aparelho, não há como outra empresa concorrer com a “Mochileiros da Galáxia”, visto que ela, e somente ela produzem a máquina. O servidor, coitado, não pode ser penalizado por não fazer a licitação neste caso. Mas, coisa muito diferente seria um edital de licitação que tivesse como objeto um carro da marca “PeopleWagen”. Esta exclusividade decorre da preferência de marca, coisa que o inciso I veda. II – Determinada Autarquia, que não conta com Procuradores em seus quadros funcionais, contrata o parecerista Pontes de Miranda para confecção de um parecer favorável à não aplicação do artigo 5º da Constituição Federal no âmbito desta federação, parecer este a ser apresentado perante o STF em ação direta de inconstitucionalidade. Para quem não conhece, Pontes de Miranda foi um doutrinador da disciplina de Direito Civil, e somente um parecer altamente especializado como o dele pode conceder à União a chance de passar com algo tão nefasto. Não adianta ser um parecer do Joãozinho das Flores, bacharel recém- formado. A especialização faz o trabalho do tio Pontes mais super duper especial que os demais. Por outro lado, caso Didi Mendonça, renomado publicitário seja contratado para fazer propaganda sobre as escolas Federais, tal contratação, Noções de Administração de Recursos Materiais para o MPU Teoria e exercícios comentados Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini Aula 03 Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini www.estrategiaconcursos.com.br Página 29 de 76 apesar de constituir serviço técnico especializado, não poderá ser feita em regime de inexigibilidade de licitação, por conta da vedação do inciso II. Só para constar, o artigo 13 da Lei 8666/1993 é o seguinte: Art. 13. Para os fins desta Lei, consideram-se serviços técnicos profissionais especializados os trabalhos relativos a: I - estudos técnicos, planejamentos e projetos básicos ou executivos; II - pareceres, perícias e avaliações em geral; III - assessorias ou consultorias técnicas e auditorias financeiras ou tributárias; (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994) IV - fiscalização, supervisão ou gerenciamento de obras ou serviços; V - patrocínio ou defesa de causas judiciais ou administrativas; VI - treinamento e aperfeiçoamento de pessoal; VII - restauração de obras de arte e bens de valor histórico. VIII - (Vetado). Inciso III – A contratação do imortal Falcão, um cantor famoso por seu terno amarelo e girassol gigante para cantar em um show organizado por uma entidade pública para arrecadar fundos. De novo, não adianta chamar o Joãozinho das Flores, que além de bacharel, canta no bar do Tião as quintas e sextas feiras. O público consagrou Falcão, e sua participação no show é que o torna especial. Veja que nestes três casos, a inexigibilidade da licitação é a única saída, já que não tem jeito nenhum de se realizar uma licitação competitiva. Agora, meu filho, respire fundo, e pense comigo: é impossível prever todas as hipóteses de inexigibilidade de licitação. A imaginação de nosso legislador não pode ir tão longe, e ele tem mais coisas para fazer do que supor todas os 359847 casos em que seria impossível realizar uma licitação competitiva. Não é um capricho, é um fato. Noções de Administração de Recursos Materiais para o MPU Teoria e exercícios comentados Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini Aula 03 Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini www.estrategiaconcursos.com.br Página 30 de 76 Desta forma, o artigo 25 está apenas enumerando exemplos onde, obviamente, a competição é inviável. Mas, sempre que nos deparamos com uma hipótese de licitação inviável, estaremos diante da inexigibilidade. Assim, o rol do artigo 25 é exemplificativo, fornecendo apenas exemplos. Outros casos podem surgir (daí a locução “em especial”). Mas há casos em que a Licitação poderia ser realizada, mas o chefe tem suas preferências, e nestes casos, por razões referentes ao pequeno valor, a situações excepcionais, ao objeto e em razão da pessoa com quem contrata, opta por não realizar a licitação. Poderia ser vantajoso competir? Sim! Poderíamos encontrar alguém querendo dar mais? Sim! Mas o chefe simplesmente dispensou a realização deste procedimento. São os casos de dispensa de licitação. Sinta o drama (dê só uma passada de olho agora, preciso que você leia o que está lá embaixo para fechar o raciocínio): Art. 24. É dispensável a licitação: I - para obras e serviços de engenharia de valor até 10% (dez por cento) do limite previsto na alínea "a", do inciso I do artigo anterior, desde que não se refiram a parcelas de uma mesma obra ou serviço ou ainda para obras e serviços da mesma natureza e no mesmo local que possam ser realizadas conjunta e concomitantemente; (Redação dada pela Lei nº 9.648, de 1998) II - para outros serviços e compras de valor até 10% (dez por cento) do limite previsto na alínea "a", do inciso II do artigo anterior e para alienações, nos casos previstos nesta Lei, desde que não se refiram a parcelas de um mesmo serviço, compra ou alienação de maior vulto que possa ser realizada de uma só vez; (Redação dada pela Lei nº 9.648, de 1998) III - nos casos de guerra ou grave perturbação da ordem; IV - nos casos de emergência ou de calamidade pública, quando caracterizada urgência de atendimento de situação que possa ocasionar prejuízo ou comprometer a segurança de pessoas, obras, serviços, equipamentos e outros bens, públicos ou particulares, e somente para os bens necessários ao atendimento da situação emergencial ou calamitosa e para as parcelas de obras e serviços que possam ser concluídas no prazo máximo de 180 (cento e oitenta) dias consecutivos e ininterruptos, contados da ocorrência da emergência ou calamidade, vedada a prorrogação dos respectivos contratos; Noções de Administração de Recursos Materiais para o MPU Teoria e exercícios comentados Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini Aula 03 Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini www.estrategiaconcursos.com.br Página 31 de 76 V - quando não acudirem interessados à licitação anterior e esta, justificadamente, não puder ser repetida sem prejuízo para a Administração, mantidas, neste caso, todas as condições preestabelecidas; VI - quando a União tiver que intervir no domínio econômico para regular preços ou normalizar o abastecimento; VII - quando as propostas apresentadas consignarem preços manifestamente superiores aos praticados no mercado nacional, ou forem incompatíveis com os fixados pelos órgãos oficiais competentes, casos em que, observado o parágrafo único do art. 48 desta Lei e, persistindo a situação, será admitida a adjudicação direta dos bens ou serviços, por valor não superior ao constante do registro de preços, ou dos serviços; (Vide § 3º do art. 48) VIII - para a aquisição, por pessoa jurídica de direito público interno, de bens produzidos ou serviços prestados por órgão ou entidade que integre a Administração Pública e que tenha sido criado para esse fim específico em data anterior à vigência desta Lei, desde que o preço contratado seja compatível com o praticado no mercado; (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994) IX - quando houver possibilidade de comprometimento da segurança nacional, nos casos estabelecidos em decreto do Presidente da República, ouvido o Conselho de Defesa Nacional; (Regulamento) X - para a compra ou locação de imóvel destinado ao atendimento das finalidades precípuas da administração, cujas necessidades de instalação e localização condicionem a sua escolha, desde que o preço seja compatível com o valor de mercado, segundoavaliação prévia;(Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994) XI - na contratação de remanescente de obra, serviço ou fornecimento, em conseqüência de rescisão contratual, desde que atendida a ordem de classificação da licitação anterior e aceitas as mesmas condições oferecidas pelo licitante vencedor, inclusive quanto ao preço, devidamente corrigido; XII - nas compras de hortifrutigranjeiros, pão e outros gêneros perecíveis, no tempo necessário para a realização dos processos licitatórios correspondentes, realizadas diretamente com base no preço do dia; (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994) XIII - na contratação de instituição brasileira incumbida regimental ou estatutariamente da pesquisa, do ensino ou do desenvolvimento institucional, ou de instituição dedicada à recuperação social do preso, desde que a contratada detenha inquestionável reputação ético-profissional e não tenha fins lucrativos;(Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994) XIV - para a aquisição de bens ou serviços nos termos de acordo internacional específico aprovado pelo Congresso Nacional, quando as condições ofertadas forem manifestamente vantajosas para o Poder Público; (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994) XV - para a aquisição ou restauração de obras de arte e objetos históricos, de autenticidade certificada, desde que compatíveis ou inerentes às finalidades do órgão ou entidade. XVI - para a impressão dos diários oficiais, de formulários padronizados de uso da administração, e de edições técnicas oficiais, bem como para prestação de serviços de Noções de Administração de Recursos Materiais para o MPU Teoria e exercícios comentados Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini Aula 03 Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini www.estrategiaconcursos.com.br Página 32 de 76 informática a pessoa jurídica de direito público interno, por órgãos ou entidades que integrem a Administração Pública, criados para esse fim específico;(Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994) XVII - para a aquisição de componentes ou peças de origem nacional ou estrangeira, necessários à manutenção de equipamentos durante o período de garantia técnica, junto ao fornecedor original desses equipamentos, quando tal condição de exclusividade for indispensável para a vigência da garantia; (Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994) XVIII - nas compras ou contratações de serviços para o abastecimento de navios, embarcações, unidades aéreas ou tropas e seus meios de deslocamento quando em estada eventual de curta duração em portos, aeroportos ou localidades diferentes de suas sedes, por motivo de movimentação operacional ou de adestramento, quando a exiguidade dos prazos legais puder comprometer a normalidade e os propósitos das operações e desde que seu valor não exceda ao limite previsto na alínea "a" do incico II do art. 23 desta Lei: (Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994) XIX - para as compras de material de uso pelas Forças Armadas, com exceção de materiais de uso pessoal e administrativo, quando houver necessidade de manter a padronização requerida pela estrutura de apoio logístico dos meios navais, aéreos e terrestres, mediante parecer de comissão instituída por decreto; (Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994) XX - na contratação de associação de portadores de deficiência física, sem fins lucrativos e de comprovada idoneidade, por órgãos ou entidades da Administração Pública, para a prestação de serviços ou fornecimento de mão-de-obra, desde que o preço contratado seja compatível com o praticado no mercado. (Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994) XXI - para a aquisição de bens e insumos destinados exclusivamente à pesquisa científica e tecnológica com recursos concedidos pela Capes, pela Finep, pelo CNPq ou por outras instituições de fomento a pesquisa credenciadas pelo CNPq para esse fim específico; (Redação dada pela Lei nº 12.349, de 2010) XXII - na contratação de fornecimento ou suprimento de energia elétrica e gás natural com concessionário, permissionário ou autorizado, segundo as normas da legislação específica; (Incluído pela Lei nº 9.648, de 1998) XXIII - na contratação realizada por empresa pública ou sociedade de economia mista com suas subsidiárias e controladas, para a aquisição ou alienação de bens, prestação ou obtenção de serviços, desde que o preço contratado seja compatível com o praticado no mercado.(Incluído pela Lei nº 9.648, de 1998) XXIV - para a celebração de contratos de prestação de serviços com as organizações sociais, qualificadas no âmbito das respectivas esferas de governo, para atividades contempladas no contrato de gestão. (Incluído pela Lei nº 9.648, de 1998) XXV - na contratação realizada por Instituição Científica e Tecnológica - ICT ou por agência de fomento para a transferência de tecnologia e para o licenciamento de direito de uso ou de exploração de criação protegida. (Incluído pela Lei nº 10.973, de 2004) XXVI – na celebração de contrato de programa com ente da Federação ou com entidade de sua administração indireta, para a prestação de serviços públicos de forma Noções de Administração de Recursos Materiais para o MPU Teoria e exercícios comentados Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini Aula 03 Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini www.estrategiaconcursos.com.br Página 33 de 76 associada nos termos do autorizado em contrato de consórcio público ou em convênio de cooperação. (Incluído pela Lei nº 11.107, de 2005) XXVII - para o fornecimento de bens e serviços, produzidos ou prestados no País, que envolvam, cumulativamente, alta complexidade tecnológica e defesa nacional, mediante parecer de comissão especialmente designada pela autoridade máxima do órgão. (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005) XXVII - na contratação da coleta, processamento e comercialização de resíduos sólidos urbanos recicláveis ou reutilizáveis, em áreas com sistema de coleta seletiva de lixo, efetuados por associações ou cooperativas formadas exclusivamente por pessoas físicas de baixa renda reconhecidas pelo poder público como catadores de materiais recicláveis, com o uso de equipamentos compatíveis com as normas técnicas, ambientais e de saúde pública. (Redação dada pela Lei nº 11.445, de 2007). XXVIII – para o fornecimento de bens e serviços, produzidos ou prestados no País, que envolvam, cumulativamente, alta complexidade tecnológica e defesa nacional, mediante parecer de comissão especialmente designada pela autoridade máxima do órgão. (Incluído pela Lei nº 11.484, de 2007). XXIX – na aquisição de bens e contratação de serviços para atender aos contingentes militares das Forças Singulares brasileiras empregadas em operações de paz no exterior, necessariamente justificadas quanto ao preço e à escolha do fornecedor ou executante e ratificadas pelo Comandante da Força. (Incluído pela Lei nº 11.783, de 2008). XXX - na contratação de instituição ou organização, pública ou privada, com ou sem fins lucrativos, para a prestação de serviços de assistência técnica e extensão rural no âmbito do Programa Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural na Agricultura Familiar e na Reforma Agrária, instituído por lei federal. (Incluído pela Lei nº 12.188, de 2.010) Vigência XXXI - nas contratações visando ao cumprimento do disposto nos arts. 3º, 4º, 5º e 20 da Lei no 10.973, de 2 de dezembro de 2004, observados os princípios gerais de contratação dela constantes. (Incluído pela Medida Provisória nº 495, de 2010) XXXI - nas contratações visando ao cumprimento do disposto nos arts. 3º, 4º, 5º e 20 da Lei no 10.973, de 2 de dezembro de 2004, observados os princípios gerais de contratação dela constantes. (Incluído pela Lei nº 12.349, de 2010) XXXII - na contratação emque houver transferência de tecnologia de produtos estratégicos para o Sistema Único de Saúde - SUS, no âmbito da Lei no 8.080, de 19 de setembro de 1990, conforme elencados em ato da direção nacional do SUS, inclusive por ocasião da aquisição destes produtos durante as etapas de absorção tecnológica. (Incluído pela Lei nº 12.715, de 2012) Bela paulada né? Vou ser honesto com você: é humanamente impossível memorizar estas hipóteses, e mesmo que seja possível, isto vai consumir um espaço monstruoso na sua cabeça que poderia ser mais bem aproveitado com outro conteúdo. Eu mesmo tenho de recorrer à Lei 8666/1993 quando preciso responder uma questão a respeito de Dispensa de Licitação. Noções de Administração de Recursos Materiais para o MPU Teoria e exercícios comentados Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini Aula 03 Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini www.estrategiaconcursos.com.br Página 34 de 76 O que você pode fazer é o seguinte: peque um lápis, e anote do lado de cada inciso em qual das quatro hipóteses ele se encaixa. Isso vai, aos poucos, ajudar você a memorizar mais naturalmente o assunto. Mas não se desespere se você, ao tomar posse no último cargo público da sua vida, ainda precisar recorrer ao Vade Mecum para responder estas perguntas :P Continuando. Repare que o artigo como um todo parece um tanto aleatório, né? Um monte de hipóteses sem aparente ligação. Existem duas razões para isso: - As hipóteses de dispensa de licitação são taxativas, ou seja, se não estiver previsto em lei, a licitação é obrigatória. Isso força o legislador a sair escrevendo tudo que lhe vem à cabeça, pois se não estiver lá, tem de licitar. Note que existem várias leis posteriores à 8666/1993 que adicionam novos incisos, e a tendência é isso continuar indefinidamente :P. - Como as dispensas de licitação tem origem casuística (são editadas para atender a determinados cenários, conforme vão surgindo), o artigo começa a crescer desordenadamente, e sem nenhuma coesão, já que a edição legislativa é fruto de diversas épocas, todas condensadas neste caótico dispositivo :P. E para ficar bonitinho, vamos ao SmartArt: Hipóteses de não realização da Licitação Inexigibilidade: Situações em que a competição é inviável. Rol Exemplificativo Dispensa: Situações em que a competição é dispensada. Rol Taxativo Noções de Administração de Recursos Materiais para o MPU Teoria e exercícios comentados Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini Aula 03 Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini www.estrategiaconcursos.com.br Página 35 de 76 E falta falar de um algumas coisinhas mais :P. A primeira delas você já conhece de outros carnavais: a homologação. A homologação é a simples aprovação do procedimento. Só que este ato singelo é precedido do exame de todos os atos que integraram o procedimento, de maneira a garantirmos que não houve nenhum vício no curso da licitação. Estando tudo em ordem, o procedimento é homologado. Igualzinho concurso público (alias, você ficaria surpreso com quantas perguntas sobre licitação você pode acertar pensando em concurso público :P) A segunda é um pouco mais pomposa. Nós não passamos por um monte de fases para que o objeto não fosse finalmente contratado. A Administração, através daquela longa lista de procedimentos previstos na Lei 8666/1993 queria saber quem oferecia o objeto da licitação nas melhores condições possíveis. E ela achou o sujeito ideal, razão pela qual homologou o procedimento, de maneira a atestar a regularidade de tudo que se passou ali. Aí chegamos à etapa final do procedimento licitatório: a adjudicação. Doutrinariamente, a adjudicação é "o ato pelo qual a Administração, pela mesma autoridade competente para homologar, atribui ao vencedor o objeto da licitação". Primeira lição: adjudicação é um ato declaratório. Não é a assinatura do contrato. Assemelha-se mais a um ato formal no qual a Administração proclama que o objeto da licitação será entregue ao vencedor. Depois disso é que vem a convocação para assinatura do contrato. E se o licitante não assinar o contrato, apesar do objeto já ter sido adjudicado? Como eu já disse, a adjudicação não é a celebração do contrato. Se o particular, depois de tudo isso, não quiser contratar, não contrata e pronto. Será punido por isso, mas até que passe a caneta no contrato, não ocorreu a contratação. Isto deve ficar bem claro na sua cabeça. Noções de Administração de Recursos Materiais para o MPU Teoria e exercícios comentados Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini Aula 03 Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini www.estrategiaconcursos.com.br Página 36 de 76 4.3 Edital de Licitação Caro concurseiro. No fundo, você já sabe essa matéria. Era você que estava lá dando F5 constantemente na página do Diário Oficial (ou do Fórum, conforme seu nível de preguiça :P) para ver em primeira mão o edital de algum concurso (quem sabe até deste). O que é o edital? “Edital é o ato pelo qual a Administração divulga a abertura da concorrência, fixa os requisitos para participação, define o objeto e as condições básicas do contrato e convida a todos os interessados para que apresentem suas propostas”. Essa definição é da minha querida Professora de Direito Administrativo da Faculdade, que alguns de vocês conhecem por “DI PIETRO”. Vou começar fazendo as comparações com o edital de concurso público, e depois vou falar do edital de licitação. Assim, pela familiaridade, você vai saber o que procurar. Quer ver? - divulga a abertura da concorrência: A Administração Pública procura uma competição justa, mas, mais ainda, deseja que o máximo de pessoas apareça para fazer propostas, pois assim, é mais provável que consiga a melhor oferta possível. Isto só é possível através de divulgação, para que todos saibam que aquela licitação vai acontecer, e em breve. Pense no seu edital deste concurso: todo mundo ficou sabendo que o concurso estava aberto por conta do edital. Não foi manda uma cartinha para nenhum apadrinhado comparecer em um concurso secreto. Tornou-se público que o seu concurso público seria realizado e TODO MUNDO ficou sabendo. Uma questão interessante é a seguinte: porque a definição doutrinária fala sobre “concorrência”? A rigor, a fase de abertura do edital está vinculada a este tipo específico de licitação. A licitação na modalidade concorrência é a mais ampla possível, permitindo a participação de praticamente qualquer interessado. E mais ainda, de maneira a garantir essa participação ampla, faz uso do edital. Caso estivéssemos tratando da Noções de Administração de Recursos Materiais para o MPU Teoria e exercícios comentados Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini Aula 03 Prof. Felipe Cepkauskas Petrachini www.estrategiaconcursos.com.br Página 37 de 76 modalidade de licitação “convite”, a Administração Pública mandaria o que chamamos de “carta-convite” para três potenciais fornecedores, e afixaria no quadro de avisos da repartição um informe para os demais. Veja que a carta-convite é diretamente direcionada a alguns fornecedores. No caso da concorrência, é na base do edital mesmo :P. - fixa os requisitos para participação: No caso do edital de concurso público, lá encontramos disposições a respeito da idade mínima, quitação das obrigações eleitorais e militares, nível de escolaridade exigido e afins. Para o nosso edital de licitação, a coisa não muda em absolutamente
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