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INTITUTO METROPOLITANO DE EDUCAÇÃO E CULTURA FACULDADE METROPOLITANA DE ANÁPOLIS ARQUITETURA E URBANISMO LAMARTINE SILVA MATOS ALMEIDA ARQUITETURA DE INTERESSE SOCIAL COMO CAMINHO PARA DIGNIDADE - ANÁPOLIS-GO ANÁPOLIS 2018 LAMARTINE SILVA MATOS ALMEIDA ARQUITETURA DE INTERESSE SOCIAL COMO CAMINHO PARA DIGNIDADE - ANÁPOLIS-GO Trabalho de conclusão de curso apresentada à Faculdade Metropolitana de Anápolis como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel do Curso de Arquitetura e Urbanismo sob a orientação da Prof.ª Me. Fernanda Antônia Fontes Mendonça. ANÁPOLIS 2018 LAMARTINE SILVA MATOS ALMEIDA ARQUITETURA DE INTERESSE SOCIAL COMO CAMINHO PARA DIGNIDADE - ANÁPOLIS-GO Trabalho de conclusão de curso apresentada à Faculdade Metropolitana de Anápolis como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel do Curso de Arquitetura e Urbanismo sob a orientação da Prof.ª Me. Fernanda Antônia Fontes Mendonça. Data de aprovação: ____/____/____ BANCA EXAMINADORA _____________________________ _____________________________ _____________________________ AGRADECIMENTOS Agradeço acima de tudo a Deus, por ter me concedido força e graça. A minha família que sempre esteve ao meu lado me motivando a prosseguir, em especial a minha mãe Genivera Pimentel meu pai Adelvanio Matos e a minha noiva Narielly Rodrigues, que me sustentaram nos momentos mais difíceis da caminhada. Aos meus amigos que torceram pela minha vitória. E a minha orientadora Fernanda Mendonça que me proporcionou ânimo na busca do conhecimento. “Se cheguei até aqui foi porque me apoiei no ombro de grandes homens. ” Isaac Newton RESUMO O presente trabalho busca compreender o atual cenário que se encontra a habitação de interesse social brasileira, através de pesquisar bibliográficas com também de campo, desenvolvendo críticas quanto ao caráter dos programas habitacionais. O projeto surge como uma nova alternativa de implementação habitacional, baseada nos conceitos de pertencimento e flexibilidade, promovendo a participação popular ao projeto, aliado a valorização da identidade pessoal, onde o morador tenha a liberdade de modificar o espaço segundo as suas necessidades, proporcionado assim um caminho para dignidade. Palavras-chaves: Habitação de interesse social. Pertencimento. Flexibilidade. Participação popular. SUMÁRIO 1.INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 9 1.1 PROBLEMÁTICAS .......................................................................................................... 9 1.2 HIPÓTESE ..................................................................................................................... 10 1.3 OBJETIVO GERAL ........................................................................................................ 10 1.4 OBJETIVO ESPECIFICO ............................................................................................... 10 1.5. JUSTIFICATIVA ............................................................................................................ 11 1.6. METODOLOGIA ........................................................................................................... 12 2. HABITAÇÃO SOCIAL NO BRASIL .................................................................................. 12 2.1. Fundação da Casa Popular (FCP) e a política habitacional ............................... 14 2.2 (BNH) / (SFH) ..................................................................................................... 14 3. DÉFICIT HABITACIONAL ................................................................................................ 15 4. PROGRAMA MINHA CASA, MINHA VIDA ...................................................................... 17 4.1 Programa Minha Casa, Minha Vida II .................................................................. 18 4.2 Programa Minha Casa, Minha Vida III ................................................................. 18 5. QUANTIDADE X QUALIDADE......................................................................................... 20 6. A PARTICIPAÇÃO DA INICIATIVA PRIVADA NAS QUESTÕES HABITACIONAIS ........ 20 7. A PARTICIPAÇÃO POPULAR COMO COLABORADORA NA PRODUÇÃO DE MORADIA. ........................................................................................................................... 21 7.1 Autoconstrução ................................................................................................... 21 8. SENTIMENTO DE PERTENCIMENTO ............................................................................ 22 8.1. Percepção .......................................................................................................... 23 8.2. Memória ............................................................................................................. 23 8.3. Identidade .......................................................................................................... 23 9. FLEXIBILIDADE HABITACIONAL ..................................................................................... 24 9.1 Tipologia Flexível ................................................................................................ 24 9.2 Funcionalidade .................................................................................................... 25 9.3 Métodos de flexibilidade habitacional .................................................................. 25 9.4 Capacidade de personalizado na habitação ........................................................ 26 10. ESTUDO DE CASOS .................................................................................................... 28 10.1 Conjunto Habitacional Quinta Monroy .......................................................................... 28 10.1.1 Histórico ......................................................................................................... 28 10.1.2 Autor do Projeto ............................................................................................. 29 10.1.3 Propostas e Desafios ..................................................................................... 29 10.1.4 A lei de Nolli ................................................................................................... 31 10.1.6 Relação urbana .............................................................................................. 31 10.1.7 Condicionantes............................................................................................... 33 10.1.8 Setorização .................................................................................................... 34 10.1.9 Considerações ...............................................................................................35 10.2 Casa Vila Matilde ......................................................................................................... 35 10.2.1 Histórico ......................................................................................................... 35 10.2.2 Autor do Projeto ............................................................................................. 35 10.2.3 Propostas e Desafios ..................................................................................... 36 10.2.4 Programa de Necessidades ........................................................................... 36 10.2.5 Condicionantes............................................................................................... 37 10.2.5 Setorização .................................................................................................... 38 10.2.6 Tecnologia ...................................................................................................... 39 10.2.7 Considerações ............................................................................................... 40 10.3. Conjunto Habitacional Jardim São Francisco .............................................................. 40 10.3.1 Relações espaciais ........................................................................................ 40 10.3.2 Topografia ...................................................................................................... 41 10.3.3 Participação Popular por Mutirões .................................................................. 41 10.3.4 Considerações ............................................................................................... 42 11. ESTUDO DO LUGAR .................................................................................................... 42 11.1 Anápolis ............................................................................................................ 42 11.2 Habitação social em Anápolis ........................................................................... 42 11.3 Setor Escala ...................................................................................................... 46 11.4 Mapa de Uso e Ocupação do Solo .................................................................... 49 11.5 Mapa de Gabarito ............................................................................................. 50 11.6 Transporte Coletivo ........................................................................................... 50 11.7 Infraestrutura local ............................................................................................ 51 11.8 Nível de Satisfação do Setor Escala ................................................................. 52 12. PROPOSTA HABITACIONAL ........................................................................................ 52 12.1 CONCEITO .................................................................................................................. 52 12.2 Diretrizes ........................................................................................................... 53 12.3 Usuário ............................................................................................................. 53 12.4 Programa de necessidades ............................................................................... 54 12.5 Funcionograma ................................................................................................. 55 13.1 PARTIDO ..................................................................................................................... 55 13.2 Perfil topografico ............................................................................................... 55 13.3 Parcelamento .................................................................................................... 56 13.4 Condicionantes ................................................................................................. 56 13.5 Unidade Habitacional ........................................................................................ 57 13.6 Setorização ....................................................................................................... 58 13.7 Simulação solar e ventos dominantes ............................................................... 58 13.8 Materiais e Tecnologias .................................................................................... 60 14. CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................... 62 15. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................... 63 16. Anexo A ......................................................................................................................... 67 9 1.INTRODUÇÃO A arquitetura de interesse social ,refere-se a uma arquitetura publica, voltada as camadas menos favorecidas, o qual não detém possibilidades lineares de acesso a moradia; a mesma compreende questões de cunho populares, na área de habitação, saneamento, trafego , uso e ocupação de solo entre outros aspectos de influência sócias . Em destaque ao tema, habitação, a arquitetura social promove estudos, e medidas executivas no tocante a moradia, atendendo as demandas sociais, de conforto, localidade e principalmente acessibilidade de compra ao cidadão por meio de custo e forma de pagamento justa. Visando assim atender à população, cujo o nível de renda impossibilita ou dificulta aquisição à moradia através dos meios tradicionais no mercado imobiliário. Observa-se que a crise habitacional brasileira se desenvolve simultaneamente ao processo de crescimento e urbanização das cidades, acarretando profundas modificações nas ações governamentais e na paisagem urbana. Quando se analisa adventos históricos entre o período colonial até o final o século XIX, percebe-se que o índice de urbanização praticamente não se modificou no Brasil, entre os anos de 1890 a 1920, cresceu aproximadamente 3%. Foi somente no período entre 1920 e 1940 que o Brasil viu sua taxa de urbanização triplicar, chegando a 31,24%. Com isso o déficit habitacional ampliou-se alcançando principalmente as habitações de baixa renda (SANTOS, 2009). Se faz necessário estabelecer uma maior compressão dos desafios do arquiteto na busca de uma arquitetura adequada para fins sociais, tendo que vencer desafios que envolvem a sociedade o poder público e a iniciativa privada, visando a criação de uma habitação que cumpra o papel relevante no tocante as necessidades da população de baixa renda, através da realização de análises das condições que repercutem no histórico da habitação social relacionando-a a segregação de cunho sócio habitacional, impulsionado até mesmo dentro dos programas sociais. 1.1 PROBLEMÁTICAS A habitação social atual apresenta incúria em seus valores societários, no momento em que a qualidade projetual e executiva é posta em segundo plano em detrimento, da economia dos investimentos, que objetivam a adição de prestigio das 10 ações governamentais e o lucro por parte da iniciativa privada.Desta forma, para a edificação das habitações, utilizam-se na maior parte dos casos, materiais de baixa qualidade e os processos construtivos os mais simples possíveis. O que resulta em moradias enfileiradas e em repetições quase infinitas sem qualquer relevância, dando pouco valor a estética e conforto das habitações. Dentre as problemáticas que podermos perceber em um conjunto habitacional estão a implantação, à repetição mecânica das edificações, a qualidade dos projetos arquitetônicos, a qualidade da construção e os riscos com a concepção de guetos, socialmente excluídos do restante da cidade (VILLA ROTELLI, 2012). Isto é, conjuntos habitacionais com as equivalentes peculiaridades seguem sendo massivamente reproduzidas. Neste cenário temos a seguinte problemática: Como proporcionar moradia de qualidade, atendendo as especificidades de cada morador? 1.2 HIPÓTESE O desenvolvimento de uma proposta de habitação de interesse social, para a cidade de Anápolis, onde a concepção parte da elaboração de um projeto de habitação popular, com uma arquitetura que atenda às necessidades de cada família, oferecendo um layout maleável, possível de modificações por parte dos moradores, proporcionando assim um sentimento de identidade, pertencimento e memória e ainda uma urbanização coerente aos princípios básicos do urbanismo poderá servir de alternativa aos inúmeros exemplos de Arquitetura Social que vem sendo desenvolvidas na maioria das cidades brasileiras. 1.3 OBJETIVO GERAL Este trabalho tem por objetivo a idealização de conjunto habitacional de baixo custo, o qual atenda os anseios singulares da população carente, dotado de uma infraestrutura urbana que proporcione conforto e inclusão social, oportunizando maior qualidade de vida. 1.4 OBJETIVO ESPECIFICO O trabalho consiste em: Estudar e compreender o histórico da habitação social no Brasil; 11 Conhecer os aspectos que envolvem os programas atuais de habitação social; Entender qual o papel da iniciativa privada quando o assunto é habitação popular; Conhecer o papel do poder público, seja ele municipal, estadual ou federal na redução do déficit habitacional das famílias de baixa renda; Conhecer o papel do agente financiador das habitações populares; Conhecer o perfil de moradores de conjuntos habitacionais; Definir diretrizes e criar um programa de necessidades que atenda ao perfil dos moradores; Definir um local adequado para implantação do conjunto habitacional de forma que este esteja em comum acordo com as possibilidades dos agentes envolvidos no processo; Entender a dinâmica da cidade; Propor o projeto de um conjunto habitacional onde a Arquitetura Social será valorizada e aprovada pelos seus moradores. 1.5. JUSTIFICATIVA Na história do Brasil, pode-se perceber que a crise habitacional se desenvolveu simultaneamente ao processo de crescimento das cidades, acarretando profundas modificações em sua paisagem. Uma das características mais simbólicas do processo de desenvolvimento das cidades se deu no final século XIX proporcionando uma acelerada expansão nas camadas populares urbanas, circunstância atenuadora, que influenciou diretamente a busca por moradia, transporte, educação, saúde, dente outros serviços urbanos, até o presente momento insólita (MARICATO, 1997). A urbanização resultou em atitudes governamentais que não trouxeram respostas que contemplassem a população de baixa renda, mais sim o embelezamento das cidades, desprezando a população mais carente (RIBEIRO, 1983).Visto que posteriormente os investimentos em habitação popular surgem como instrumentos de capitalização desprovidos de interesse social. (BONDUKI,2004). A arquitetura em seu âmbito social, colide com fatores socioeconômicos, os quais oferecem verdadeiros obstáculos erguidos e solidificados no decorrer da história (MARICATO, 1997). 12 Desta forma cresce a necessidade de uma nova concepção para a população de baixa renda, onde se promova o equilíbrio social, político e econômico. Um projeto que utilize da participação popular, no qual cada futuro morador se sinta participante do programa, atuando diretamente na criação da sua moradia e assim de sua cidade. Visando atender aos anseios populares; juntamente com as metas da ação público e privado, proporcionando qualidade para os moradores, economia à iniciativa privada, e corroborando a atuação governamental. 1.6. METODOLOGIA A metodologia adotada neste trabalho fundamenta-se na averiguação e estruturação de conhecimentos teóricos sobre a arquitetura de interesse social, flexibilidade, unidades modulares, interação urbana, participação população, atuação da iniciativa privada e os programas governamentais de habitação. Para a concepção deste trabalho serão utilizadas pesquisas bibliográficas, que detenha relevância com o tema proposto, vistos em livros, acervos digitais como artigos dissertações de mestrado e entrevistas com os principais expoentes que compõem tema. As bibliografias são estabelecidas utilizando como referência autores relacionados a temática arquitetura de interesse social, como Demetre Anastassakis, Raquel Rolnik, Sergio Magalhães, Nabil Bonduki, Flavio Villaça, dentre outros. Ao decorrer da estrutura do trabalho também serão apresentadas referências projetais, em que ambos os casos proporcionam sugestões em que o aspecto modular a tipologias e a cooperação popular trouxeram referências positivos para os moradores. Tal analise de conferência dos estudos de caso tem como objetivo contribuir para o ensaio projetual que será empreendido. Ao final serão evidenciadas as propostas de tipologias arquitetônicas através de experimentos projetais com base nos conceitos adquiridos sobre a atuação popular, modulação , flexibilidade e interação urbana . Tais tipologias serão apresentadas a nível de estudo preliminar, empregando de recursos gráficos para melhor apresentação da proposta. 2. HABITAÇÃO SOCIAL NO BRASIL Ao longo da história de colonização no Brasil, o território foi se ordenando de maneiras diversas, Santos (2009, p. 19), “a ‘cidade’ estava além de uma “radiação” 13 do poder distante, uma ambição que marca participação num país longínquo”. Assim, a urbanização no pais foi se expandindo de maneira mais intensa a partir do século XVIII, e somente no século XX Obtém-se as peculiaridades da atual urbanização (SANTOS, 2009). Uma das características mais simbólicas do processo de urbanização que se despontou no Brasil no final século XX foi o acelerado crescimento das camadas populares urbanas (VILLAÇA, 2001) No Rio de Janeiro, por volta de 1890, presenciou-se um período marcado por mudanças de âmbito social, econômico, espacial e político, o que ocasionou transformações no que se refere à moradia popular, dando início à formação de cortiços, sendo esta uma tipologia de habitação urbana coletiva, constituída por pessoas de classe baixa, que passando a viver de forma insalubre e sem nenhum planejamento que ofereça maior qualidade de vida (CAMPOS, 2004) Para a classe dominante, era mais fácil “conviver” com as vilas operárias do que com os cortiços e barracos existentes na cidade. O único controle feito pela legislação era que as vilas não fossem edificadas em regiões de maior valor ou potencialmente nobres (VILLAÇA, 1986). As modificações urbanas, executadas em inúmeras cidades brasileiras entre o final do século XIX e início do século XX, impulsionaram os padrões para um urbanismo moderno. Realizavam-se obras de saneamento básico para erradicação de epidemias,ao mesmo tempo que proporcionava um embelezamento das cidades e estabelecia critérios jurídicos para o mercado imobiliário. A população passou a ser suprimida nesse processo sendo expulsas para áreas periféricas (MARICATO, 2000). Após a proclamação da República em (1889), decorreram diversas políticas de afastamento da população carente que se encontrava na região central da cidade; tendo como justificativa o controle sanitário por parte dos médicos-higienistas, como forma de padronização social. Desta forma, empresas da iniciativa privada investiram na construção civil e na distribuição de habitações, entretanto os investimentos não se destinavam as pessoas de baixa renda. As medidas urbanísticas tomadas neste período e ao longo da República Velha (1889 – 1930) objetivava o embelezamento das cidades para atração de novos investidores estrangeiros na indústria, foi neste período que os centro da cidade 14 passou a abrigar o setor de comércio e serviço, retirando da região as residências (MARICATO, 2000). 2.1. Fundação da Casa Popular (FCP) e a política habitacional Entre 1940 e 1960, a logística habitacional fundava-se na oferta de crédito imobiliário pela Caixas Econômicas e pelos Institutos de Aposentadorias e Pensões (IAPS). Os Institutos de Aposentadoria e Pensão (IAPs), dispuseram como propósito sanar a demanda habitacional da classe ligados à indústria e comércio, sendo a primeira instituição pública a investir em moradia, ainda que seu objetivo principal seria oportunizar benefícios previdenciários e assistência médica aos associados (MARICATO, 2000) A sistematização de um órgão que comandasse a política habitacional ocorreu em 1946, quando foi criada a Fundação da Casa Popular (BOTTEGA, 2007).Desta forma, o Estado e o proletariado passaram a financiar as moradias (VILLAÇA, 1986). As propostas da Fundação da Casa Popular teve seu fim, devido a ideologia dos grupos beneficiados, que se encontravam imparciais sobre o posicionamento governamental na definição de uma política social. Além de tudo, a Fundação apresentava poucos recursos orçamentários, debilitando ainda mais o seu exercício. Desde a sua criação, a FCP foi utilizada com fins políticos (VILLAÇA, 1986). 2.2 Banco Nacional de Habitação (BNH) / Sistema Financeiro de Habitação (SFH) O Sistema Financeiro da Habitação-BNH foi o primeiro a ser fundado com base em recursos do trabalhador e, portanto, implicava em retorno do investimento. Este retorno não aconteceu como esperado, e a questão da inadimplência nos pagamentos tornou-se central na problemática habitacional em 1964 (CARDOSO, 2013) Segundo Cardoso (2013), essa foi uma das questões enfrentadas pelo programa e que atrapalhou na produção de unidades voltadas para as famílias de baixa renda. A maioria destes empreendimento foi feita em áreas periféricas, muito distantes e pouco conectadas com a malha urbana, afastadas e sem vinculação com os serviços básicos de infraestrutura como linhas de ônibus, rede pública de água, esgoto, energia, iluminação, além disso, os próprios projetos habitacionais não absorvem as necessidades dos moradores, onde famílias não tinham alternativa de intervenção, 15 reformulação ou até mesmo ampliação dos ambientes segundo as suas necessidades, o que tornava a moradia um espaço simplesmente amorfo . O Sistema Financeiro da Habitação (SFH) foi formado pela Lei 4380/64 que instituiu “a correção monetária e o Banco Nacional da Habitação (BNH), onde tornou o órgão o principal orientador e disciplinador das questões habitação no País” (LEI 4380/64). Neste período os conjuntos habitacionais poderiam ser financiados por meio do BNH (VILLAÇA, 1986) A partir de 1965, o desenvolvimento demográfico acentuado e a modernização dos setores de produção impulsionam diretamente a movimentação migratória. Isso foi intensificado pelo forte investimento na melhoria de infraestrutura, principalmente no sistema de transporte e comunicação. Ao longo desse processo urbano, reduziu- se consideravelmente a relevância da população rural (CHAFFUN, 1997). O BNH teve o seu fim 1986, e sua função e encargos foram transmutado para a Caixa Econômica Federal. Desta forma, sucederam várias modificações no quadro da instituição governamental, que auxiliou na reformulação da política urbana e habitacional (CARDOSO, 2013) 3. DÉFICIT HABITACIONAL A concepção de Necessidades Habitacionais e dividido em dois aspectos: O déficit Habitacional e a Inconformidade das residências. Sendo o déficit habitacional o que é equivalente à necessidade de edificação de novas moradias para a solução de problemas sociais e exclusivos das habitações. A inadequação dos domicílios implica diretamente aos problemas na qualidade de vida dos moradores, ela aponta para a necessidade de melhoria das unidades habitacionais. (Fundação João Pinheiro ,2013) A definição de déficit habitacional está relacionada abertamente à carência no estoque de moradias, compreende tanto as moradias sem condições habitacionais, onde prevalece a de substituição dessas moradias precárias ou pela coabitação familiar, quando há a presença de mais de uma família habitando a mesma unidade, ou quando a moradia esta implantada em regiões não residencial. Pode-se compreender então que o déficit habitacional como, "déficit por reposição de reservas " e como "déficit por incremento de estoque" (FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO, 2013). O Déficit por reposição de reserva se refere a domicílios com pouca ou nenhuma condição de habitabilidade devido a precariedade das edificações e a depreciação 16 das mesmas. Encaixam-se nessa categoria os domicílios rústicos, por não apresentarem paredes de alvenaria ou madeira aparelhada, resultando em desconforto para seus moradores. A depreciação deste tipo de imóvel está relacionada da vida de uma moradia, levando a necessidade de substituição por novas edificações. O déficit por incremento de estoque está relacionado as moradias improvisadas, o qual se encontram implantadas em áreas não providas de quesitos básicos para moradia e a coabitação familiar. Ambos indicam a necessidade de produção de novas unidades domiciliares (FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO, 2013) Ainda de acordo com a Fundação Joao Pinheiro (2013) outro elemento do influenciador do déficit habitacional se refere ao excessivo valor dos alugueis, que corresponde ao número de famílias urbanas que comprometem grande parte de sua renda familiar com a locação. O déficit habitacional e um retrato das necessidades de novas habitações, e pode ser observado em todas em todo País . Gráfico1: Déficit habitacional, Fonte: Fundação João Pinheiro, 2013. Modificado pelo autor. Com Base nos dados da empreendidos pela Fundação João Pinheiro, e possível analisar através dos dados a distribuição das habitações precárias nas várias registes do Brasil. Pode-se averiguar que a maior densidade provida pelo déficit se se localiza no Norte com 27%, e no Nordeste com 31%, seguidos pelo Sul e Centro-Oeste com 17,3% e 8,3% simultaneamente, e por último o Sudeste com o menor percentual, 4,5% A Fundação João Pinheiro em sua pesquisa sobre déficit habitacional de 2013 - 2014 em parceria com a secretaria Nacional de Habitação apresenta diversos aspectos sobre a situação da habitação no (FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO, 2013). 17 Fig. 1: Hierarquia déficit habitacional. Fonte: FJP, 2013. Modificado pelo autor. Em seus métodos de pesquisa podemos destacar a maneira de identificar, elucidando os atributos que qualificam uma moradia como insatisfatória.Podendo ser compreendido através de analises referentes fatores como, improviso, rusticidade e adensamento, aspectos presentes em moradias consideradas deficitárias (FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO, 2013). 4. PROGRAMA MINHA CASA, MINHA VIDA No ano de 2009, o governo Lula lançou o programa Minha Casa, Minha Vida, no qual o objetivo principal era edificar um milhão de habitações. Pretendia-se com o programa possibilitar o desenvolvimento econômico do país. Porém o programa obteve várias críticas devido à sua maneira operacional e também por estar fora do Sistema/ Fundo Nacional de Habitação de Interesse Social (SNHIS/ FNHIS), que promovia o controle e participação social (VALENÇA, e BONATES, , 2010) O programa se deu em associação do Estado, Município, empresas e entidades sem fins lucrativos. O benefício e designado pelas prefeituras, assim os interessados devem se cadastrar na sede organizadora em seu município. As famílias que possuem interesse devem ter renda de até R$ 5 mil mês, não possuir residência própria ou financiamento, e nem ter recebido algum credito habitacional do Governo nos anos anteriores (BONDUKI, 1997). É bem verdade que o programa apresenta uma notável relação custo/benefício, atendendo as famílias de baixa renda; que em muitos casos se encontram nas periferias das cidades. Os problemas urbanos são tratados por diversos autores como uma situação desafiadora e de difícil solução. O espaço urbano brasileiro é ocupado de uma maneira totalmente desequilibrada, onde a especulação imobiliária prepondera sobre a função social do solo urbano e da cidade como um todo (CHAFFUN, 1997). 18 4.1 Programa Minha Casa, Minha Vida II Em 2011 tem-se início o programa minha casa minha vida II que constituiu, o fundamental propósito o financiamento da construção de dois milhões de novas moradias até o ano de 2014, beneficiando famílias com renda mensal de até R$ 4.600,00, abrangendo, similarmente, a construção ou reforma de moradias rurais. é importante reconhecer que este passo foi indispensável para se construir políticas públicas designadas ao caráter habitacional, não obstante, se faz necessário que se atente para as questões urbanas, correlacionadas a base política, social e econômica, o que gera desigualdades sociais e exclusão sócio territorial. A nova regulamentação do programa MCMV iniciou-se no dia 05 de agosto de 2011, porém as novas medidas foram publicadas em partes (CAIXA ECONOMICA, 2017). Para minimizar maiores burocracias com cartórios nas escrituras dos imóveis, o governo assumiu a disposição de arcar com os valores das alíquotas, todavia retirou a imunidade da 1 (com renda de até R$1.600), atenuando ainda os descontos das faixas 2 e 3, que eram de 90% e 80%. A partir dessa nova fase do programa a faixa 1 pagará 25% da taxa, e as outras duas faixas pagaram 50%. Isso significa que as famílias que detém renda entre R$3.100 a R$5.000 conseguiram economizar, em um financiamento de 30 anos, uma média de 21% do valor do imóvel (CAIXA ECONOMICA, 2017). 4.2 Programa Minha Casa, Minha Vida III Em março de 2016, em uma cerimônia no Palácio do Planalto, 3° etapa do programa habitacional Minha Casa, Minha Vida, trará como objetivo a entregar dois milhões unidades habitacionais até o fim de 2018. Segundo o Ministério das Cidades, a previsão do governo é de investir cerca de R$ 210 bilhões nesta nova etapa do programa federal. A maior parte dos recursos será obtida por meio do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (G1.COM, 2016) Na comemoração de estreia da nova etapa do programa, o ministro das Cidades, Gilberto Kassab, apregoou a concepção do Sistema Nacional de Cadastro Habitacional, por meio do qual os participantes poderão consultar o status de sua inscrição no Minha Casa, Minha Vida e o andamento do processo de seleção dos beneficiários. A 19 nova edição do programa, prevê também uma faixa média de financiamento para acolher famílias com faturamento de até R$ 2.350, com juros de 5% ao ano. Segundo a regência, as 2 primeiras edições do programa já foram concedidas cerca de 2,6 milhões de unidades habitacionais. As 2 primeiras etapas do programa habitacional, foi aproximadamente investido aproximadamente R$ 240 bilhões (G1.COM, 2016). Existem duas configurações de integrar-se ao Programa MCMV que estabelecem as categorias de financiamento e o tipo do benefício conferido. A primeira e direcionada a famílias com rendimento bruto de até R$ 1.800,00, as quais participam de sorteios de unidades para receber o benefício. Como sucedido em situações de familias com renda maior que R$ 1.800,00 e menor que R$ 6.500,00 não existe a necessidade de esperar por sorteio. Satisfaz o direcionamento à Caixa Econômica Federal para verificação das condições do financiamento dos imóveis. O programa e dividido por faixas para delimitar o tipo do benefício concedido e a cobrança de taxas e juros conforme verificado na tabela abaixo. (CAIXA ECONOMICA, 2017). Tabela 1: Taxas por faixas. Fonte: Caixa Econômica Federal. 2017. Modificada pelo autor O financiamento detém alguns obstáculos submetendo-se da região em que o imóvel se localiza. Considerando a abundância de habitantes da região, o valor máximo do financiamento pode ser alterado (tabela 2). (CAIXA ECONOMICA, 2017). Tabela. 2: Restrições do valor. Fonte: SIENGE. Modificado pelo autor. 20 5. QUANTIDADE X QUALIDADE Em debate realizado na terça-feira, 14 de abril de 2015, na sede do IAB-RJ, Demetre Anastassakis juntamente com Pedro da Luz Moreira e Sérgio Magalhães, presidente do IAB, abordaram questões pertinentes à qualidade e a concepção do programa MCMV. Entre 2009 a 2017 programa MCMV já entregou 2,09 milhões de unidades, tendo como investimento 248,4 bilhões de reais (BRASIL, 2015). Entretanto pode o programa MCMV criar cidades além de ofertar moradia? (MAGALHÃES, 2015 ). Sem deixar de lado o déficit habitacional que foi reduzido ao longo das ações do programa, Anastassakis afirma que para alcançar os objetivos sociais, o MCMV precisa passar por reformulação, pois a relação entre governo e empreiteiras é construído atendendo aos interesses particulares de ambos, ignorando os anseios sociais. (ANASTASSAKIS, 2015) Segundo o presidente nacional do IAB Sérgio Magalhães, os problemas como isolamento ausência de infraestrutura e insegurança, são fatos que provocam, a desestruturação das cidades existentes e impõem ao morador uma vida em guetos (MAGALHÃES, 2015 ).Para Anastassakis (2015) a população deve receber o crédito de escolha, participando do planejamento do projeto de habitacional antes do financiamento. 6. A PARTICIPAÇÃO DA INICIATIVA PRIVADA NAS QUESTÕES HABITACIONAIS O sistema de habitação formal tendeu historicamente a exclusão da classe de baixa renda e até mesmo da classe média, sendo que o programa de habitação social desenvolvido pelo governo tentou promover mudanças na dinâmica de mercado, a partir do sistema de subsídios, objetivando a construção de moradias destinadas a população de baixa renda, influenciando a adesão de novas habitações. (MALDONADO, 2017) Para Maricato (2014) a retratação de questões sobre propriedade de terra no Brasil é expressada como “nó da terra”. A autora discorre sobre o tema acerca do problema de acesso à terrenos regulares para habitação como sendo uma das 21 maiores responsáveis pela crescente expansãodas favelas e terrenos irregulares localizados nas periferias das cidades. O atual Cenário no qual a restrição orçamentária e a redução avaliativa da capacidade de endividamento estão limitadas, as Parcerias Público Privada (PPPS) apresentam melhor proposta aos gestores públicos, como forma de realização dos investimentos urbanos em especial, a infraestrutura (SILVA FILHO, 2015). As PPPs permitem que o estado ofereça a responsabilidade de execução de obras. Desta forma, a iniciativa privada realiza os estudos necessários para realização dos projetos. Embora quando o licitante executa o projeto a sua real intenção difere- se das expectativas governamentais, podendo reestruturar o projeto que não detenha a viabilidade específica e nem proporcione o bem-estar para o usuário (CAMACHO E RODRIGUES, 2015). 7. A PARTICIPAÇÃO POPULAR COMO COLABORADORA NA PRODUÇÃO DE MORADIA. A falta de moradia satisfatória no Brasil proporcionou a busca contínua de metodologias alternativas de construção, o que acende o acréscimo de novas percepções e de procedimentos construtivos inovadores. As políticas habitacionais não devem e nem pode levar à exclusão social e à adversidade. É imprescindível avaliar o ambiente da família, tanto no aspecto social como no psicológico, verificando as situações das camadas menos favorecidas. Não obstante, o amplo déficit habitacional presente, não se fundamenta em ofertar moradias à população mais carente, fazendo uso de planejamentos e execução com qualidade inferior. Esta atitude é passível de gerar ainda mais problemas sociais. Projetar uma moradia é uma atividade multidisciplinar que envolve os aspectos inerente à sociedade. 7.1 Autoconstrução A autoconstrução baseia-se por ações espontâneas na construção de moradia, tendo como objetivo reduzir os custos com agentes mediadores. Autoconstrução se tornou uma solução influenciada direta ou indiretamente pelas ações governamentais e pelos meios de comunicação que objetivava equacionar as problemáticas habitacionais para proteger as áreas de atuação industrial e garantir a estabilidade econômica. Além das intenções ideológicas e econômicas, o objetivo das ações 22 governamentais a acerca da habitação tem como intenção, reduzir a segregação de camadas sociais e suprimir os cortiços (BALTHAZAR, 2012) Em pesquisa realizada em 2015 pelo CAU/BR, este aponta que 70% das pessoas que compõem a população economicamente ativa do país, declaram que contrataria os serviços de um arquiteto e urbanista para edificação ou reformas de sua moradia. Entretanto é sabido que 54% dos brasileiros já construíram por ação própria, destes, 85,4% realizaram modificações ou edificaram sua edificação, sem um acompanhamento adequado. Os principais fatores que influenciam estas ações, são a redução de gastos e a falta de informação. Mesmo com falta de informação sobre a atuação do profissional da construção civil, a maior parte dos entrevistados reconhecem a importância de um projeto desenvolvido pelo arquiteto como aspecto de segurança, e tendo em vista minimizar os atrasos e os obstáculos durante a execução da moradia. A maior parte dos participantes da pesquisa realizada pelo CAU em 2015, afirmam que já construíram sem a ajuda de um arquiteto, e as consequências de tal decisão foram a ausência de controle na dimensão da obra e do orçamento, da mesma forma como, de profissionais com qualificação (CAU/BR, 2015). 8. SENTIMENTO DE PERTENCIMENTO O sentimento de pertencer está interligado ao estado afetivo, variação de emoção, paixão ou prazer. Situação psicológica decorrente do sentimento, único meio para se conectar a existência concreta e vivida. O saber sensível se faz através do estado emotivo que pode representar satisfação ou insatisfação (RUSSELL, 1994). Os espaços de habitação, ao mesmo tempo em que são individuais, pois cada ser humano detém necessidades específicas, também são coletivos, já que existe a interação social entre a vizinhança, a rua, o bairro e a cidade, constituindo os hábitos comuns. Os usos dos espaços ampliam também os espaços das relações. A convivência doméstica se expande para a convivência com os vizinhos. Quando nos referimos a habitação de interesse social observamos a necessidade da análise sobre o envolvimento dos membros do programa habitacional, acerca da significação da moradia, quais sejam: averiguação dos graus de vinculação entre os moradores e o lugar, como ponto de partida para a assimilação da identidade 23 individual; descoberta de possibilidades e níveis de cooperação da população nas políticas públicas e programas sociais. É indispensável que a cidade seja estudada enquanto uma estrutura dinâmica que sofre transformações o decorrer de sua história, sendo uma organização sócio espacial, abrangendo diferentes elementos que estão em constante influência bilateral, sendo ao mesmo tempo palco de luta (PAZ, 2010). Para discorrer sobre habitação como local de coexistência, se faz necessário entender os sentimentos humanos, vivenciados no cotidiano das famílias, e nos demais ambientes onde ocorre o contato entre os cidadãos. 8.1. Percepção A percepção é o que liga o indivíduo com o mundo que o rodeia, proporcionando a organização das informações que se dão pelos estímulos sensoriais, implicando na consciência e na criação do seu significado. Através da percepção o homem interage e compreende suas sensações atribuindo significado e valor ao meio, em consequência disso os espaços projetados transformam-se em lugares que projetam o comportamento dos usuários. 8.2. Memória A memória é a capacidade de entender e relacionar os eventos atuais pertinente à eventos passados de mesmo caráter, por quanto a habilidade em compreender o passado através do presente (JAPIASSÚ, 1996).Dentro da arquitetura é possível identificar uma série de particularidades que remetem à memória, como a participação em projetos habitacionais, atividades exercidas no local, dentre outas fatores. Tais experiências provocam lembranças marcantes aos participantes, proporcionando real valor as experiências. 8.3. Identidade A identidade é o que diferencia um indivíduo do outro, ou uma civilização de outra civilização, pois o homem se transforma por meio da interação com o mundo, a educação e a cultura, modificando a sua identidade e construindo um novo ser através do tempo. Na arquitetura a identidade e expressa por fatores particulares, onde simples detalhes transformam um todo. Exemplo da identidade está na representação 24 feita artística de um espaço, onde o morador transmite os seus valores inerentes, demostrando sua particularidade e pensamento. 9. FLEXIBILIDADE HABITACIONAL Entre os diversos significados da palavra flexibilidade tem-se como sendo as diferentes maneiras de adaptação do espaço arquitetônico. Em sua definição mais usual, a flexibilidade, refere-se à qualidade de se ajustar as novas necessidades, quer seja por sua maleabilidade ou à sua disposição de se harmonizar as novas demandas A flexibilidade quando relativa à habitação vai além da modificação dos elementos em seu interior. Estabelece mais do que a permutação de alvenaria por estruturas divisórias leves, ou à incorporação de estruturas moduláveis, como também não limita-se apenas aos espaços livres; o mesmo não se baliza por estes conceitos, pois compreende também a noção de versatilidade e mutabilidade (SANTOS, 2012). Entende-se então que a flexibilidade quando citada sobre o ponto de vista arquitetônico, implicano conceito de uma edificação maleável, com a possibilidade de expansão, de transformação ou adaptação. Subentende-se então que flexibilidade é um item de suma importância, tal qual outros itens projetuais, como conforto ambiental, estética e segurança (DIGIACOMO, 2004). 9.1 Tipologia Flexível Santos (2012) afirma que o conceito de flexibilidade pode ser explorado de diversas formas, porém existem dois conceitos mais comumente conhecidos: a flexibilidade inicial (concepção) e a flexibilidade permanente (continua). Pode-se afirmar que a flexibilidade inicial pode ser total ou parcial. A flexibilidade permanente diz respeito a mobilidade, elasticidade e evolução do ambiente, de sua fachada e seus acessos. Ao fazer o uso da flexibilidade em seu momento inicial, tem-se um maior índice de aproximação da proposta com o desejo dos compradores, a participação dos moradores no momento de concepção do projeto proporciona uma maior personalizas da residência. Além de ser adaptável a diversas situações sociais. Outra forma de exercer a flexibilidade e possibilitando espaços para possíveis ampliações, dando aos futuros habitantes a oportunidade de desenharem uma casa em seus gostos pessoais (SANTOS, 2012). 25 9.2 Funcionalidade São diversas as condicionantes que determinam se um edifício e funcional ou não. Entende-se por funcionalidade habitacional, aquilo que proporciona eficiência e desempenho de funções e atividades dentro de um espaço, sendo eles conjuntos de métodos ou características do próprio ambiente. A funcionalidade tem como caraterística propicia a facilidade, viabilidade e a eficiência no desenvolvimento das funções e atividades da residência. Essas características são proporcionadas pelos espaços e seus equipamentos. O conceito de funcionalidade pode ser definido como uma das vertentes que configuram a qualidade a habitação. Quando corretamente adequado viabiliza o desempenho das necessidades residenciais, organizadas em um conjunto eficiente e conexo, sendo este estruturado por métodos que visem o rápido desenvolvimento e o posterior e gradual enriquecimento de um ambiente residencial (COELHO, 2011). Do ponto de vista funcional, a habitação está ligada a relação de espaço, ao conjunto de equipamentos necessários para determinada atividade, incluindo seu usuário e os acessos da habitação, seja ele para o interior da casa ou para cada cômodo, a circulação entre cada ambiente e o acesso e utilização do mobiliário (PALERMO, 2011) 9.3 Métodos de flexibilidade habitacional Os métodos de flexibilidade habitacional são um conjunto de estratégias necessários para que a flexibilidade (inicial ou permanente) seja obtida. A concepção de uma habitação flexível requer táticas que tornem possíveis a configuração dos elementos permanentes, sistema estrutural, criação de novos espaços, modificas de compartimentos e a possibilidade de ampliação. Para isso, foi estabelecida cinco formas de aproveitamento da flexibilidade: • Diversidade tipológica, que se entende por variação da tipologia do projeto arquitetônico, em um mesmo edifício ou conjunto habitacional, dando a possibilidade de escolha ao futuro morador; • Flexibilidade, em seu real contexto, dando a opção de reformulação dos ambientes; • Adaptabilidade, que descaracteriza o uso de uma peça, dando a ela 26 versatilidade quanto ao seu uso; • Aplicabilidade, que é a possibilidade de ampliação da residência, utilizada frequentemente em projetos de habitação-embrião; • Junção e desmembramento e o ato de unir unidades para tornar-se uma maior, e também ao contrário, quando uma unidade habitacional e desmembrada para dar lugar a mais unidades. As estratégias para a flexibilidade são concretizadas através da combinação de diversos elementos arquitetônicos, que podem ser móveis deslizantes, paredes desmontáveis, espaços neutros, blocos técnicos, dentre outros. Em seguida classificou os elementos arquitetônicos e estratégias flexíveis com a finalidade estarem aptos para serem aplicados a habitação, seja ela unifamiliar ou multifamiliar (SANTOS, 2012) 9.4 Capacidade de personalização na habitação No que se diz respeito a arquitetura, os estudos da tipologia representam a análise de projetos ideais. Uma tipologia serve como base para que os projetos possam ser concebidos, e que em seu resultado final, o projeto receba modificações individuais, provocando a singularidade de cada unidade (ROSSI, 2001) O tipo e formado por características necessárias e universais, "O tipo e, pois, constante e se apresenta com características de necessidade; mas, mesmo determinadas, elas reagem com a técnica, com as funções, com o estilo, com o caráter coletivo e o momento individual arquitetônico (ROSSI, 2001) A tipologia e a habitação representam o modo de vida e as características de cada morador, por isso deve ser pensada de acordo com as necessidades, condições e padrões, avaliando individualmente a necessidade de cada indivíduo. Conceituado o que é tipologia e quais são suas atribuições para com os moradores e a sociedade, podemos classificar as tipologias da seguinte forma (PLHIS, 2011) 27 Quanto ao Lote: Individual: Matricula individual, Edificação Independente. Conjuntos: Lote partilhado, Edificação seriada. Conjuntos: Edificação Geminada. Conjuntos: Edificações separadas em um mesmo terreno. As tipologias também podem ser classificadas pelo número de pavimentos: Térrea, sobrado, sobreposta e escalonada. Para uma correta escolha da tipologia deve-se levar em consideração a customização do projeto. 28 10. ESTUDO DE CASOS 10.1 Conjunto Habitacional Quinta Monroy Alejandro Aravena Fig 2 : Quinta Monroy. Fonte Elemental. Modificado pelo autor. 10.1.1 Histórico O caso do Conjunto Habitacional Quinta Monroy é um exemplo conveniente no que se refere as questões de habitação de interesse social em áreas dispendiosas. Isto acontece devido à localização da cidade, sendo uma região costeira, abraçada pelo deserto de Tarapacá e com arredores de áreas agrícolas. A partir de 1960, um loteamento irregular que, até então, estava na periferia da cidade, chamado de Quinta Monroy começa a se desenvolver dimensionamento. (CANOTILHO, 2008). Com o desenvolvimento da cidade em direção as extensões agrícolas, a região de Quinta Monroy passou a fazer parte do setor central da cidade de Iquique. Entretanto esta área ainda não desfrutava de uma infraestrutura e saneamento básico, ao mesmo momento em que já se conformava como bairro consolidado. Na década de 90 cerca de 100 famílias que já moravam no bairro moradoras não contavam com padrões de moradia, vivendo em condições precárias e entre conflito social. (id.ibid,2017) O programa governamental “Vivienda Social Dinamica Sin Deuda” conferiu um subsidio de 7.500 dólares por família para a aquisição de um novo terreno, custo da infraestrutura e construção da unidade habitacional e, por esse motivo, o escritório Elemental, coordenado pelo arquiteto Alejandro Aravena, sendo (GRUNOW, 2009). 29 Fig.3:.Implantação Antes e Depois. Fonte Elemental. Modificado pelo autor. Tendo como ponto inicial, o escritório Elemental propôs o levantamento socioeconômico da população de Quinta Monroy, envolvendo diversas questões como composição erendimento das famílias, além de estimativa espacial e estrutural das moradias existentes. Os resultados mostraram amplas desigualdades, sendo que 60% das famílias entrevistadas se encontravam no limite da pobreza, ao mesmo momento em que suas habitações não reunião as condições mínimas de salubridade, carente de iluminação natural ou ventilação direta, sem acesso a água potável ou saneamento e com habitações que apresentavam áreas inferiores a 30 metros quadrados (CANOTILHO, 2008). 10.1.2 Autor do Projeto Alejandro Aravena nascido em Santiago 22/06/1967, arquiteto chilen Anteso e diretor executivo do escritório Elemental S.A. passou a ser conhecido mundialmente pala sua atuação direta nas questões que referentes a habitações de interesse social. Responsável pelo projeto “Elemental”, já edificou mais de 2.500 habitações de baixo custo (ARCHDAILY, 2016) . 10.1.3 Propostas e Desafios Em 2001 com a criação de uma nova política habitacional onde o subsidio governamental alimentou para US $ 7 mil, a poupança familiar ficou em 300 dólares e não havia empréstimo bancário privado. Com isso, no final das contas, o credito final permaneceu proporcionalmente menor ao anterior. Perante as novas regras, a busca de soluções de viabilidade passou a ser o ponto chave para o sucesso do projeto. Após uma breve pesquisa da situação real, 30 foi verificado que uma família de classe média pode viver confortavelmente dentro de 80 m2. Para Aravena, este era o ponto de partida. Assim o padrão ideal para a classe média seria 80m², os recursos disponíveis só permitiriam uma edificação de 40m². Era um fato intransponível; ao invés de construir 40m² resultando em uma moradia pequena, a proposta de Alejandro Aravena foi objetivar um primeiro modelo que a população não teria a capacidade construir sozinhos e que agregue futuras ampliações por parte dos mesmos (ARAVENA, 2018). Fig.4: Ideal x Possivel. Fonte Elemental. Modificado pelo autor. Se para obter o uso mais eficiente do solo, for reduzido a dimensão do lote para igualá-lo com o da casa, o que impetramos, além da eficiência, será a super ocupação do solo. Se para alcançar maior densidade, for construído em altura os edifícios resultantes não admitiriam modificações e futuras. E, neste cenário, se faz necessário que cada casa se amplie pelo menos duas vezes o seu tamanho original. (Alejandro Aravena 2017) Fig.5: Concepção Formal. (Elemental). . Fig.6: Concepção formal. Fonte Elemental. Ideal Possivel 31 E notável que o edifício impede a ampliação das edificações. Isso é fato, exceto no primeiro e no último pavimento; o primeiro pavimento sempre terá a possibilidade de ser ampliado horizontalmente sobre o solo e o último piso poderá crescer verticalmente. O que foi decidido então foi construir um difícil que detenha apenas o primeiro e o ultimo pavimento. 10.1.4 A lei de Nolli A primeira reação dos futuros moradores ao serem informados da proposta, não foram inicialmente positivas. A estratégia utilizada baseava-se em um método criado originalmente pelos próprios moradores. Construindo um apartamento sobre as casas existentes conectadas por uma escada, duplicando com isso a densidade habitacional. Deste modo, a tipologia já havia sido criada, ela apenas não levava em conta o cuidado com o bem público. Era preciso provar que a questão não era de projeto, mas sim de falta de coordenação para manter os espaços vazios claros e limpos, ou seja, aplicar a “lei de Nolli”, segundo Alejandro Aravena (Elemental, 2016). Fig.7: Antiga Habitação. Fonte Elemental Fig.8: Futura Habitação. Fonte Elemental. 10.1.6 Relação urbana Fig.9: Vista aérea da cidade de Iquique, Chile. Fonte Google Maps, modificado pelo autor. 32 O conjunto se localiza entre duas avenidas importantes na cidade de Iquique. Na imagem acima pode se observar: o traçado em amarelo que indica a Av. Salvador Allende Gossens; já a demarcação da linha laranja, representa a Av. Diego Portales que se conecta a Av. Heróis de lá Concepción em azul, sendo uma avenida de grande porte que integra os demais bairros da cidade. O ponto em vermelho delimita o lite do conjunto habitacional de Quinta Monroy. As casas estão disseminadas no terreno de modo a compor pequenos núcleos, com 47 vagas para de estacionamento frente a cada residência, detendo espaços de convívio e vias de circulação. Possuindo 4 entradas para automóveis e pedestres, que dão acesso a 4 áreas verdes, cada uma com suas vagas de estacionamento que geram 4 núcleos. No total, são 93 moradias, constituindo de 38 “habitações dinâmicas” no térreo e 55 “habitações dinâmicas” no segundo pavimento. Fig.10: Implantação do conjunto. Fonte Elemental. Modificado pelo Autor O cada lote foi desmembrado em terrenos de 9x9m, sendo tendo vão livres de 3m ao fundo destinado ao pátio. No 1° pavimento, foram construídos 6x6m, com pé- direito de 2.5m, admitindo 3x6m livres destinada à autoconstrução. No 2° pavimento, foram edificados 3x6m, com pé-direito de 5m, para uma edificação de dois pavimentos, e 3x6m laterais vazios, para a construção devida do morador. Ou seja, em 2 terrenos, com 18x9m, são construídas duas habitações térreas e três habitações de dois pavimentos. (ELEMENTAL,2016). 33 Fig.11: Fachada posterior tipo. Fonte Elemental Sobre o entorno, é bastante comum que os ambientes destinados à habitação também admitam pequenos comércios direcionados aos moradores do bairro. Considerando o conjunto de Quinta Monroy, para que as edificações também abriguem um ambiente comercial, além da habitação, somente no térreo poderia tem entrada direta, com intenção de ocupar a área não edificada conferida ao usuário. A figura abaixo demostra a esquematização das unidades onde as unidas térrea estão representadas em vermelho, duplex em azul, e as futuras ampliações em verde; a repetição delas, formando uma fita de composição da expansão das unidades. Fig.12: Modulação das Habitações. Fonte Elemental. Modificado pelo Autor As habitações térreas aceitam pessoas com deficiência e idosos com limitação motora, já que não possuem degraus. O limitador, entretanto, é o banheiro, que não está dimensionado para um deficiente em cadeira de rodas. A habitação que fica acima da térrea, por ter acesso somente por escadas, além da escada interna, já restringe a população moradora. 10.1.7 Condicionantes O conjunto habitacional Quinta Moroy se encontra em uma região litorânea Iquique em Taracápa-Chile onde as máximas não ultrapassam 25 °C, sendo que o direcionamento dos vendo na região são predominantemente Sudoeste para Nordeste tendo a umidade media em 70% (Climate ,2018). Considerando as informações a necessidade de uma ventilação cruzada e indispensável, por se trada de uma região 34 de alta unidade que compromete a saúde do morador como também a integridade da edificação. Como solução, Alejandro Aravena utilizou aberturas tanto laterais como superiores, objetivando alcanças uma maior eficiência na troca de ar da edificação,ainda que a mesma seja modificada internamente a circulação não será aferrada devido aos vazios em seu perímetro Fig.13: ventos e insolação. Fonte: Autor 10.1.8 Setorização Cada modulo habitacional de dividido inicialmente em 4 setores. Em amarelo, refere- se ao espaço social/misto, espaço reservado para convivo, entretanto pode receber modificações que altere o seu uso podendo ser destinado a variadas necessidades (social intimo ou serviço). Na cor verde, ambiente de serviços, como cozinha e lavanderia. Na cor vermelha, e representado o banheiro que divide a mesma parede hidráulica para as áreas de serviço. Já a cor azul, representa a área de autoconstrução, onde o morador poderá adequa a mesma de acordo com a suas necessidades. . Fig.14: Setorização. Fonte: Elemental modificado pelo Autor 35 10.1.9 Considerações O presente estudo apresenta conceitos de flexibilidade e redução de custos. Tais aspectos darão base à proposta habitacional, onde o morador terá o potencial de modificar o espaço de acordo com suas necessidades, transformando o espaço a assim transmito a sua identidade. 10.2 Casa Vila Matilde Terra e Tuma Fig.15: Casa Vila Matilde .Fonte: Pedro Kok, 2015. 10.2.1 Histórico A casa está localizada na Vila Matilde-SP, tendo como proprietária Dona Dalva, residente no bairro a muitos anos, o qual encontrava boa parte de sua família, primos, tios, irmãos e amigos. Anteriormente sua residência apresentava grandes problemas, estruturais e de salubridade. A primeira alternativa seria vender a casa, cujo valor proporcionaria a compra de um pequeno apartamento, mais distante de seu (ARCHIDALIY, 2016). 10.2.2 Autor do Projeto Em 2014 a casa apresentava ainda mais sinais patológicos, começando a sucumbir. Dona Dalva foi obrigada a alugar uma outra casa próxima, crescia a necessidade de uma nova residência. Neste momento os arquitetos responsáveis pelo projeto, Danilo Terra, Pedro Tuma e Fernanda Sakano, dirigentes do escritório de arquitetura Terra e Tuma, assumiram a responsabilidade do projeto. 36 10.2.3 Propostas e Desafios O maior desafio para a reforma da casa foi a parte inicial da obra tendo 4 meses de demolição cuidadosa da antiga casa, ao mesmo tempo em que se adimpliam os alicerces e contenções que sustentavam as casas vizinhas. 6 meses após a demolição deu-se início o levantamento da alvenaria. A casa foi inserida em um terreno com 4,8 metros de largura e 25m de comprimento (TUMA E TERRA, 2016). 10.2.4 Programa de Necessidades O programa de necessidades consistiu de uma residência térrea com sala, lavabo, cozinha, área de serviço e suíte, detendo uma junção entre lavabo, cozinha, área de serviço e um jardim conectado à sala, localizada na parte frontal, e os quartos localizados na parte posterior. Na parte central da casa, o pátio realizou a função importante de proporcionar a iluminação necessária juntamente com a circulação de ar para as áreas internas, como também proporcionou a extensões da cozinha e da área de serviço. No pavimento superior a suíte foi pensada na recepção de possíveis visitantes, totalizando uma área de 95m². Já no espaço sobre a laje de cobertura da sala foi destinada ao terraço, o que proporcionou um espaço para cultivo de hortaliças, sendo que o mesmo poderia receber ampliações que atendessem a futuras demandas. Fig.16:Planta Casa Vila Matilde.Fonte Archdaily, 2016 37 Fig.17: Corte Casa Vila Matilde.Fonte Archdaily, 2016 10.2.5 Condicionantes A casa se encontra entre 3 edificações confrontantes, o que dificulta a o cruzamento da ventilação, sendo assim a prioridade da ventilação se deu por inversão térmica proveniente da sua região frontal, percorrendo toda a extensão da casa; onde o ar quente superior é empurrado para cima, e expulso pela a abertura sobre a escada. Fig.18: Condicionantes Corte B-B .Fonte: Terra e Tuma, 2016 Sobre a insolação, a fachada frontal da casa está direcionada ao oeste, entretanto devido a edificação vizinha, a radiação é minimizada por barreiras físicas, não alcançando diretamente as aberturas da edificação. A lateral esquerda recebe a insolação norte. Por se tratar de uma insolação que detém uma angulação superior, a mesma incide somente em áreas descobertas, sendo essencial para as plantas cultivadas, tanto no jardim interno na parte térreo, como na horta sobre o terraço. 38 Fig.19: Insolação. Fonte: Terra e Tuma, 2016.Modificado pelo Autor 10.2.5 Setorização O projeto apresenta ligações simples entre os ambientes, destinando as áreas sociais e serviços mais próximos a entrada, e locando os ambientes íntimos na região posterior da casa, o que proporciona uma maior integração entre os ambientes, mais sem tirar a privacidade da proprietária. Fig.20:Setorização. Fonte: Archdaily, 2016, Adaptado pelo Autor. Pav. Superior Pav. Térreo Pav. Térreo 39 Fig.21:.Setorização. Fonte: Archdaily, 2016, Adaptado pelo Autor. 10.2.6 Tecnologia Os materiais e técnicas escolhidas foram balizadas sobre as questões de viabilidade e economia, desta forma optou-se por materiais mais simples e de mais fácil execução, dessa maneira, a vedação da casa foi realizada com blocos de concreto e lajes pré-moldadas em concreto. Para facilitar a construção e não afetar o andamento da obra, como o programa da aplicação dos blocos nas paredes, para que não houvessem cortes para as instalações elétricas, a estratégia se deu através da utilização de eletro dutos externos. O acabamento em concreto aparente, característico da arquitetura moderna e largamente difundido na arquitetura contemporânea, foi empregado para diminuir os custos adicionais com peças cerâmicas e outros revestimentos; entretanto, de maneira que ainda seja possível realizar a sua aplicação, caso seja necessário, em uma reforma futura. As vedações externas e internas em vidro oferecem maior leveza aos ambientes, ofertando praticidade e conforto à residência, sem afetar o orçamento. Fig.22: Detalhes fotográficos. Fonte: Pedro Kok, 2015. Adaptada pelo autor. Pav. Superior Corte A-A 40 10.2.7 Considerações O presente estudo apresenta conceitos e técnicas que oferecem qualidade, conforto e melhor custo benefício ao morador. Tais aspectos serão implantados à proposta habitacional, tais como: a utilização de blocos estruturais de concreto, instalações aparentes, piso em cimento queimado, e área verde. 10.3. Conjunto Habitacional Jardim São Francisco Demetre Anastassakis. Fig.23: Jardim São Francisco Fonte: Blog São Francisco 2018 O conjunto habitacional Jardim São Francisco, foi fruto de um concurso que objetivava à edificação de habitação de interesse social no municípiode São Paulo no ano de 1989. Sendo liderada pelo arquiteto Demetre Anastassakis (USP, 2017). Fig.24: Implantação do conjunto habitacional Fonte: Google Earth 2008. 10.3.1 Relações espaciais As relações espaciais viáveis com as formas definidas consistem em arranjar os paralelepípedos lateralmente ou realizar a sobreposição respeitando as seguintes condições: Área do pavimento superior deve ser menor ou semelhante a área do 41 térreo - Área mínima do pavimento térreo deve ser de 4.5x 6 metros - Número máximo de pavimentos = 2 (USP ,2017). Os volumes em cinza representam o embrião, já os volumes em laranja as ampliações. Fig.25: Vocabulário de formas e regras. Fonte: (Anastassakis, 2018), Modificado pelo auto 2018. 10.3.2 Topografia A implantação das residências no terreno adotou um sistema de regras que tendiam a preservação da topografia, por meio do aproveitamento máximo das curvas de nível, a organização das soluções, a reordenação das residências, praças (com áreas verdes) e espaços cívicos (USP ,2017). Fig.26: Topografia Fonte: Blog São Francisco 2018 10.3.3 Participação Popular por Mutirões A participação dos moradores no processo construtivo através de mutirões, trouxe um maior significado aos futuros proprietários, conferindo pertencimento em sua participação. A hipótese é que, ao se lembrar dos diversos agentes que participaram do processo, como membro ativo do Movimento de Moradia, como membros da assessoria técnica e do poder público, agentes pastorais e vizinhos a população reconheceriam melhor o processo de construção de suas casas. Em pesquisas realizadas posteriormente em 2008, chama a atenção, a predominância de lembranças generalizada sobre alguns acontecimentos que hoje fazem parte da 42 memória de muitas famílias. Desta forma o índice de moradores ex-mutirantes que continuaram morando na região e de 96,4% (Anastassakis, 2018). 10.3.4 Considerações O presente estudo proporciona considerações singulares sobre a concepção habitacional. Tais aspectos serão direcionados na proposta habitacional, tais como: organização de mutirões, onde o futuro morador tenha a oportunidade de participar diretamente no projeto trazendo o sentimento de pertencimento através da memória, como também implementação de um sistema embrionário, oferecendo ambientes básicos que podem ser alterados de acordo com a necessidade do usuário. 11. ESTUDO DO LUGAR 11.1 Anápolis Anápolis e uma cidade brasileira situada no interior do estado Goiás, estabelecida sob o planalto central brasileiro, com clima tropical e um período seco, sendo uma cidade conhecida por deter uma temperatura mais agradável que a sua capital. O município se encontra a 50 Km de sua capital, com 1017 metros de altitude. Anápolis faz parte da segunda maior potência do Estado de Goiás, com um PIB de R$ 13.301,496 bilhões registrado em 2015 ,detendo o principal percentual em seu polo Industrial. Segundo pesquisas realizadas pelo IBGE a cidade possui cerca de 375.142 habitantes, Prefeitura de Anápolis, 2017. Fig.27: Mapa de localização da cidade de Anápolis. Fonte: Autor 2018 11.2 Habitação social em Anápolis A cidade de Anápolis passou por dificuldades na oferta de novas moradias em 2011, agravado pela acelerada expansão econômica, recebendo novos habitantes provenientes de cidades adjacentes como também de outras regiões do país (IBAM, 2011).Entretanto no presente momento o cenário se mostra inerte, quanto a adesão de novas moradias, já que o mercado imobiliário enfrenta a insegurança econômica 43 acometida nos últimos anos. Abaixo gráficos quantitativos apresentando a ação do programa MCMV, e à distribuição do déficit na cidade de Anápolis. Os dados demostram que a classe menos favorecida (faixa1) são exatamente os maiores atingidos pala falta de moradia. Gráfico.2: Programa PMCMV e Déficit em Anápolis. Fonte: IBGE 2015. Modificado pelo autor Gráfico.3: Déficit Habitacional em Anápolis. Fonte: AMPC (2017) Na cidade de Anápolis há diversos conjuntos de habitação decorrentes ao programa Minha Casa Minha Vida, dentre eles os mais conhecidos são: Copacabana, Nova Aliança, Leblon, Summerville, Santo Antônio, Santo Expedito, Santo Cristóvão, Colorado e Jardim Itália II, Serra Dourada e Residencial do Servidor. Para a realização efetiva das análises dos conjuntos habitacionais presentes na cidade, se faz necessário entender a dinâmica espacial o qual se encontram; fator influenciador na qualidade de vida, como também na satisfação pessoal dos seus moradores. Abaixo informações gerais sobre os conjuntos habitacionais. 44 Fig.28: Graus de Centralidade Fonte: (MENDONÇA, 2016). Modificado pelo Autor 45 Fig.29: Habitações Sociais. Fonte: Prefeitura de Anápolis 2016, modificado pelo autor. Ao observar a implantação dos conjuntos habitacionais sobre o mapa de graus de centralidades, é notório que grande parte as habitações se encontram em regiões distantes de áreas potencialmente desenvolvidas. Oque desperta a atenção sobre o cenário está relacionado a segregação sócio espacial ofertada aos conjuntos de maior densidade populacional, o que proporciona ainda mais o sentimento de exclusão. Dentre as pesquisas realizadas em campo, a qualidade segundo os seus moradores, apresentou com grade oposição, em destaque o Residencial Copacabana, apresentando a real insatisfação dos seus moradores juntamente com a crescente barreira de permanecia. Do outro lado o Residencial Itália, desmontando uma boa satisfação e dignidade pessoal, segundo os seus moradores. Contrate este que se deve à inúmeros fatores, como a relação do conjunto ao seu entorno, densidade populacional, qualidade de transporte, e estruturas básicas de desenvolvimento humano, a junção dos diversos fatores geram o sentimento pertencimento e satisfação. Abaixo pesquisa realizada em campo, demostrando o sentimento dos seus respectivos moradores. 46 Nível de satisfação dos bairros Escala, Jardim Itália e Copacabana Gráfico.4: Nível de satisfação Fonte: Autor 2018 A pesquisa foi realizada em 50 moradias dentre 3 bairros, Setor Escala, Jardim Itália e Copacabana, sendo realizada 5 perguntas direcionadas a cada morador com nível de 1 a 5 sendo 1 ruim ou nunca e 5 excelente ou sempre, dando ao morador o direito de avaliação. As perguntas realizadas foram: 1° avaliação sobre a qualidade do bairro, 2° avaliação sobre a qualidade do transporte público,3° frequência de viagens realizada semanalmente ou centro por questões diversas, 4° sentimento pessoal de segurança ofertada pelo bairro, 5° sentimento de permanência, ainda que surja oportunidade de mudança para outro bairro. 11.3 Setor Escala O bairro surgiu através das ações promovidas pela iniciativa privada, visando oferecer um loteamento de fácil aquisição, sendo comercializada com entradas uma baixa entrada financeira e parcelar divididas em até 180 meses. O setor escala conta hoje com cerca de 198 residências já construídas e várias outras em execução, o loteamento foi dividido em 2 etapas de venda. A última se deu em 2013, e demostrou rápida liquidação dos terrenos. Situado na região oeste da cidade de Anápolis-Go. Oacesso ao bairro se dá popularmente por 2 rotas principais, sendo a 1°Av. Fernando Costa lingando a Av. Ipameri até início da Av. Souzânia, j 2° se dá através da Av. Fernando Costa ligando a Av. Patrícia, finalizando na R. Margarete e direcionada a segunda à direita início da R Larissa. 47 Fig.30: Localização e principais acessos ao bairro. Fonte Autor 2018. Abaixo imagens de satélite demostrando a evolução em relação ao tempo. Fig.31: Antes de Depois Setor Escala II Epata.Fonte: GoogleEart O Loteamento situa-se entre dois bairros já consolidados, o bairro Jandaia e Dom Filipe, além de preservar a relação usual com o bairro Adriana Parque, devido aos serviços oferecidos por pelo mesmo. Todos os 4 bairros adjacentes dividem distintas atividades necessárias para ambos. Fig.32: Situação do Bairro: Fonte Autor 300 150 300 150 48 Logo abaixo, mapa de serviços comercial, equipamentos públicos e hierarquia viária, que são referência no bairro, proporcionado o acolhimento das necessidades dos moradores, interligando diretamente os bairros adjacentes. Fig.33: Serviços Comercio , Equipamentos Públicos e Hierarquia viária Fonte: Autor Fig.34: Relatório Fotográfico Fonte: Autor,2018 300 150 75 49 Fig.35: Relatório Fotográfico Fonte: Autor,2018 O bairro apresenta equipamentos públicos e boa estruturação urbana, que influencia diretamente na qualidade de vida dos seus moradores como também na satisfação nos mesmos 11.4 Mapa de Uso e Ocupação do Solo Fig.36: Uso e Ocupação do Solo raio de 800m Fonte: Autor 750 150 75 50 O bairro Escala é predominantemente residencial e dispõem de diversos lote vazio, porém que detém proprietários; que em muitos dos casos são utilizados para a especulação imobiliária, o que elevando o valor de revenda dos mesmos. Grande parte dos terrenos revendidos são destinados a criação de novos pontos comerciais ou serviços. E notório que fluxo comercial e de serviços se mantem crescente nas principais vias de acesso do bairro, onde se apresenta a maior concentração de movimento de pessoas, que usufruem dos diversos ofícios disponíveis nos bairros 11.5 Mapa de Gabarito Predominantemente o bairro dispõem a horizontalidade, apresentando maior porcentagem de casas com um único pavimento, sendo que as tipologias de 2 a 3 pavimentos destinadas a uso comercial ou de serviços. Fig.37: mapa de Gabarito. Fonte: Autor 11.6 Transporte Coletivo O bairro está servido de 2 a rotas de transporte coletivo de forma indireta, apresentando paradas nos bairros vizinhos, sendo elas, linha para bairro Dom Filipe e Jandaia. Abas as rotas estão se encostam em proximidade, proporcionando maior fluxo rotativo de usuários. 150 15 51 Fig.38: Rota de transporte Coletivo Adjacentes. Fonte: Autor 11.7 Infraestrutura local Com levantamento de infraestrutura, podemos analisar que tanto o bairro Escala quantos os adjacentes oferecem uma boa infraestrutura, dotada de iluminação pavimentação, redes de águas pluviais e esgoto, proximidades entre serviços básicos e boa ligação entre a rede de transporte coletivo. Vale ressaltar as questões de estrutura das calçadas, em que a sua maioria seque parâmetros razoásseis, dentro da medida de 2,5m; com exceção de lotes que ainda não foram edificados, desta forma preservam-se no seu estado natural, necessitando de calçamentos que serão efetivados futuramente pelo morador. Fig.39: Levantamento de Infraestrutura local Fonte: Autor 150 15 52 11.8 Nível de Satisfação do Setor Escala Em pesquisa de campo realizada no bairro Escala foi levantado questões pertinentes a necessidade básica dos moradores. A pesquisa demostrou a satisfação pessoal dos moradores em relação ao bairro, juntamente com altos níveis de pertencimento expresso pelo desejo de permanência. Gráfico 5: Nível de satisfação Fonte: Autor,2018. 12. PROPOSTA HABITACIONAL 12.1 CONCEITO Uma habitação de interesse social assim como qualquer outra moradia deve ser concebia além um simples ambiente para habitar, deve promover a memória a identidade e a percepção, como também o conforto a flexibilidade de reformulação do espaço e um melhor custo benefício. Para a concepção do projeto, a tipologia arquitetônica será determinada a partir da flexibilidade e redução de custos, juntamente com a participação direta ou indiretas dos futuros proprietários promovidas por mutirões e atividades de finalização. Tendo como primazia no projeto disponibilizar áreas que sejam destinadas para ao desenvolvimento livre da edificação, através da simplicidade dos espações disponíveis, sendo eles internos e externos destinados a expansão. Tal tipologia prever a diluição de custo para promover a adesão das famílias faixa 1 no PMCMV. 53 12.2 Diretrizes Para a estruturação do projeto, foram delineadas diferentes estratégias, tendo em consideração os estudos de casos, bem como os conceitos citados aliados ao Plano diretor da cidade de Anápolis sendo eles: • A área do terreno a ser parcelada para a implantação das UH obedeceram a medida mínima de 180m² segundo o plano diretor. • Quanto ao espaço interno da habitação, será adotado medidas adequadas e não mínimas. • Garantir ventilação e iluminação natural, e minimizar a incidência sol direta nas fachadas. • O projeto será desenvolvido com espações que aceitem futuras modificações e ampliações. • Para a expansão haverá projetos predefinidos que viabilizem e facilite as alterações respeitando as normas técnicas juntamente com as leis municipais. • Serão realizados mutirões destinados a atividades básicas onde o futuro morador poderá participar diretamente da edificação da sua moradia. No final da execução da obra, cada morador poderá expressar a sua identidade através da pintura realizada em uma região predeterminada. 12.3 Usuário Por meio do cadastramento PMCMV pode-se identificar que o maior número de usuários do programa detém a idade entre 21 e 30 anos sendo (42%). Seguindo de usuários de idade entre 31 e 40 anos sendo (24%). Nos últimos 10 anos número de filhos por família no país caiu 10,7%. Já entre as famílias mais podres esse número chegou a 15,7% (MDSCF ,2016). O conjunto habitacional toma forma a partir de módulos, correspondentes as variedades de perfil familiar que ingressam no Programa Minha Casa Minha Vida em Anápolis. Sendo 38% das famílias compostas por 1 -2 moradores. 47% por 3-4 moradores, e 15% de famílias compostas por 5 ou mais moradores (Prefeitura de Anápolis, 2015). Para a efetivação do projeto a escolha do perfil familiar se dará como base nas famílias de faixa 1 do PMCMV, visando inicialmente famílias com até 4 pessoas, mais que detenha o potencial para ampliação recebendo mais pessoas 54 Gráfico 6: PMCMV Anápolis. Fonte Caixa Econômica Federal. Modificado pelo Autor,2018. 12.4 Programa de necessidades Tendo como base as informações do Plano Diretor sobre habitaçãosocial, os aspectos quanto ao partido adotado para implantação da edificação e os conceitos sobre do tema. Inicialmente designou-se um programa de necessidades para nortear a proposta. Devido ao caráter prático de diluição de gastos, haverá somente 1(uma) única tipologia, proporcionando o embrião para modificações vindouras. A residência será proposta sobre uma área térrea de com 48m² e superior com 36m² totalizando 84m². No programa a residência possui na parte térrea: sala, cozinha área de serviço, 1 banheiro social, hall de circulação, 1 dormitório, jardim e escada. Na parte superior: escada ,1 banheiros social, hall de circulação, 1 dormitório, espaço livre para modificações internas e terraço. As áreas pré-definidas internamente poderá sem modificadas de acordo com a necessidade do morador, a sala do terreno podendo dividir o espaço com a sala de jantar, assim também com a cozinha que poderá ou não ser utilizada como copa. Já o dormitório térreo será o único ambiente que não poderá receber modificações em seu uso, devido a necessidade básica podendo ser destinado destinada a PNE. 55 12.5 Funcionograma Fig.40: Funcionograma Fonte: Autor 13.1 PARTIDO O terreno destinado a implantação dos conjuntos habitacionais localiza-se no Setor Escala, frente Av. Souzânia, lateral direita R. Aurora Aíres , fundo R. Giuliano , lateral esquerda com a quadra 09 e 01. O terreno possui 27,578m² dispondo de curvas de nível decrescente seguindo o sentido da Rua Aurora Aíres. Fig.41: Situação doTerreno Fonte: Autor 13.2 Perfil topografico O perfil do terreno demostra pouca declividade , sendo que a parte mais alta do terreno alcaça 5,5m disposto em 203,45m. Sendo assim a topografia se preservará natural. Fig.42: Perfil topografico Fonte: Autor 40 5 150 15 75 5 56 13.3 Parcelamento O parcelamento da gleba engloba 3 fatores fundamentais, que são: 1° preservação da área pré-existente onde existe, um campo de futebol criado pelos moradores ao lado de uma área verde que possui vegetação nativa. 2° Proporcionar a distribuição dos terrenos em relação ao entorno imediato, onde as habitações possam fazer frete as residências vizinhas, produzindo a interação direta com o entorno. 3° Ordenar os lotes de forma a minimizar os efeitos da insolação, destinado as frentes em 3 posições: leste, norte e sul, simplicidade do estudo solar da habitação. 13.4 Condicionantes A área reservada ao conjunto habitacional dispõe de insolação, leste em sua lateral direita, norte posterior e oeste na lateral esquerda. Possuído ventos dominantes relação sudeste / noroeste. Diferentemente da maior parte da cidade onde os ventos se matem em sentido leste /oeste, a área destinada a proposta, apresenta variação angular inclinada cerca de 45° sentido sul. Provavelmente essa predominância ocorre devido à grande área de campo livre de barreiras físicas localizadas ao sul, o que gera um microclima na região. Fig.43: Condicioantes e Parcelamento Fonte: Autor Fig.44: Terreno Fonte: Autor Associando os dados climáticos e de parcelamento, os terrenos foram divididos obedecendo os parâmetros conceituais, quanto as medidas legais. Assim lote padrão 50 10 20 25 5 57 apresenta 200m² em 8mx25m, e os de esquina 319.63m² em 13x25 com raio de 5m. Desta forma o loteamento apresenta 72 unidades habitacionais, recebendo inicialmente 288 moradores, dispondo de ruas com 12m, calçadas com 2,50m seguindo o padrão existente no bairro, além do aproveitamento do espaço pré- existente, sendo remodelado com parque infantil, campo de futebol academia para idosos e APM, de acordo com o plano diretor da cidade. Abaixo mapa da disposição das áreas. Fig.45: disposição das áreas Fonte: Autor 13.5 Unidade Habitacional Partido da simplicidade da forma, objetivando a redução de custos, a unidade habitacional oferece um caráter modular, podendo ser executada estruturalmente com mesmo padrão, tendo maior proporção térrea, já que se trata de um embrião, que prever necessidades essenciais. Fig.46: Volume inicial Fonte: Autor 60 10 20 58 O projeto prever futuras ampliações realizadas pelo morador, sejam elas mínimas, dentro da própria edificação como expansões maiores, que modificam os volumes básico. Fig.47: Futuras ampliações Fonte: Autor 13.6 Setorização A habitação será dividida em 6 espaços diferenciados, social, serviço, banheiro circulação vertical, íntimo e misto; o espaço misto se destinado a concepção novos ambientes internos. Fig.48: setorização. Fonte: autor 13.7 Simulação solar e ventos dominantes Foram realizadas analises das possíveis incidências solares e ventos dominantes, expondo a habitação á 3 simulações, sendo: 1° fachada frontal norte e lateral direita oeste, 2° fachada posterior sentido norte e frontal sul, 3° fachada frontal leste, lateral direita norte e posterior oeste. Para atender a as necessidades, de proteção solar juntamente com a ventilação, a habitação terá brise misto em sua fachada frontal, visando o isolamento radiação oeste. ÍNTIMO SOCIAL SERVIÇO BANHEIRO CIRCULAÇÃO VERTICAL MISTO 59 Fig.49: Simulação Solar. Fonte: autor Já que a radiação leste não apresenta grande intensidade, vazos com plantas dispostas na fachada minimizará a insolação direta (Simulação 01). Na fachada posterior será instalado elemento, o que promoverá a circulação de ar. Fig.50: Simulação solar. Fonte: autor Fig.51: Brise misto. Fonte: autor 8 1 60 13.8 Materiais e Tecnologias O projeto conta com técnicas e matéria que visam reduzir gastos e proporcionar eficiência. (1) A entrada da residência disponibilizará de pergolado constituído com madeiras reaproveitadas da construção. (2) A setorização do jardim se dará pela instalação de elementos vazados, sendo utilizada ainda como identidade morador. (3) O terraço será coberto com argila expandida para minimizar a temperatura da laje. (4) A habitação contará com a instalação de boiler para aquecimento de agua. (5) O revestimento do piso será de cimento queimado. (6). Para facilitar a flexibilização, as instalações serão aparentes. (7). Visando o conforto, a cobertura consistirá de telhas termo acústicas. (8) . As paredes que recebem insolação oeste, serão revestidas com tijolos de Eps. Fig.52: 1-Lona translucida sobre pergolado, 2-Elemento vazado,3- Terraço com argila expandida, Fig.53:Boiler. Fonte: autor Fig.54: Cimento queimado. Fonte: EAC. Fig.55: Instalação aparente F: . Casabril Fig.56: Telha termoacústica .Fonte: AçosFutura Fig.57: Tijolo Eps. Fonte: EhDécor 1 2 3 4 5 6 7 8 61 Fig.58: Fachada Frontal e Posterior. Fonte: Autor Conjunto Habitacional Fig.59: Conjunto Habitacional.Fonte: Autor 62 14. CONSIDERAÇÕES FINAIS Com base nas pesquisas realizadas juntamente com as considerações obtidas ao longo do presente trabalho, pode-se observar que as habitações sociais surgiram em consequência da necessidade básica humana, Diversos programas habitacionais foram instituídos ao longo do tempo, todavia os mesmos não atendem de forma satisfatória os anseios populares, dado que as habitações ofertadas apresentam a rigidez funcional, trazida pela concepção insensível da dinâmica humana , negligenciado a diversidade e as necessidades individuais ,tornando assim as habitações desprovidas de pertencimento . Mediante as conclusões obtidas ao longo do estudo, compreende-se que o problema habitacional no Brasil e amplo e carece de aprimoramento dos programas habitacionais vigentes, onde os mesmos ocasionem melhores condições de habitabilidade, reduzindo o déficit por moradia. Com o intuito de proporcionar novas alternativas as questões habitacionais, a flexibilidade juntamente com a participação popular, foi inserida no projeto de forma a torna-lo apropriado para seus usuários. Proporcionado assim a maleabilidade da habitação, aliada ao a memória, identidade e pertencimento, possibilitado a o caminho para dignidade. 63 15. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AMPC 2017 (aliança municipal pela competitividade), reduzir o déficit habitacional caderno de entregas e resultados página 9. ANASTASSAKIS, D. (14 de 04 de 2015). Pode o MCMV fazer cidade e prover moradia? (IAB, Entrevistador) ANASTASSAKIS, D. (15 de 02 de 2018). Conjunto Habitacional Jardim São Francisco. SÃO PAULO. ARAVENA, A. (2018). Elemental. Fonte: elementalchile: http://www.elementalchile.cl/ ARAVENA, Op. Cit. P. 85. Com os estudos realizados, se notou que o térreo e último andar eram os únicos pavimentos que poderiam se expandir. Como era a intenção do programa que as casas se expandissem após a entrega, utilizar “térreos” e “últimos andares” seria a opção ideal. ARAVENA, ALEJANDRO; ANDRES, Iacobelli. Elemental: Incremental Housing and Participatory Design Manual. Hatje Cantz. USA. 2013. BARBEIRO, Heloísa. Habitação Social em Iquique, Chile – ELEMENTAL. ARCHDAILY. (2016). Archdaily. Fonte: archdaily.com: https://www.archdaily.com.br/br/tag/alejandro-aravena ARCHIDALIY, V. M. (12 de 02 de 2016). Archdaily. Fonte: www.archdaily.com.br: https://www.archdaily.com.br/br/776950/casa-vila-matilde-terra-e-tuma-arquitetos BALTHAZAR, R. D. (2012). A permanência da autoconstrução:. Um estudo de sua prática no Município de Vargem Grande Paulista . Tese de Doutorado. JUIZ DE FORA, SÃO PAULO, BRASIL: Universidade de São Paulo. BONDUKI, N. (1997). As práticas bem-sucedidas em habitação, meio ambiente e gestão urbana nas cidades brasileiras. São Paulo: Studio Nobel. 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