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Art.+168+ +Apropria%C3%A7%C3%A3o+ind%C3%A9bita

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Dos Crimes Contra a Pessoa e o Patrimônio
Apropriação Indébita.
Prof. Anderson Rodrigues da Silva
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Apropriação Indébita.
Apropriar-se: É apossar-se ou tomar como sua coisa que pertence a outra pessoa. 
A intenção é proteger tanto a propriedade, quanto a posse, conforme o caso.
 Num primeiro momento, há a confiança do proprietário ou possuidor, entregando algo para a guarda ou uso do agente. 
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Apropriação Indébita.
No exato momento em que este é chamado a devolver o bem confiado, negando-se, provoca a inversão da posse e a consumação do delito.
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Apropriação Indébita.
STJ: “O Tribunal de origem combateu e rechaçou a tese de atipicidade por falta de posse do numerário, apontando que o paciente sacou os valores depositados por ordem judicial em caderneta de poupança de que ele mesmo era titular, apesar de ciente de que não poderia movimentá-los, e quando chamado a restituí-los, não atendeu a determinação. Desse modo, caracteriza-se indevida inversão da posse, diante da configuração do animus rem sibi habendi” (HC 117.764-SP, 6.a T., rel. Og Fernandes, 27.10.2009, v.u.).
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Apropriação Indébita.
Sujeito ativo: É a pessoa que tem a posse ou a detenção de coisa alheia.
Sujeito passivo: É o senhor da coisa dada ao sujeito ativo.
Elemento subjetivo: É o dolo. Não existe a forma culposa. Entendemos não haver, também, elemento subjetivo do tipo específico.
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Apropriação Indébita.
Objeto material: É a coisa alheia móvel.
Objeto jurídico: É o patrimônio.
Conceito de coisa alheia móvel: Mesmos comentários ao art. 155 - Furto.
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Apropriação Indébita.
A única cautela que se deve ter neste caso é quanto à coisa fungível (substituível por outra da mesma espécie, qualidade e quantidade), uma vez que não pode haver apropriação quando ela for dada em empréstimo ou em depósito, pois estar-se-á, nessa situação, transferindo o domínio.
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Apropriação Indébita.
Ex.: Se A entrega a B uma quantia em dinheiro para que guarde por algum tempo, ainda que B consuma o referido montante, poderá repor com outra quantia, tão logo A a exija de volta. Entretanto, se a quantia for dada para a entrega a terceira pessoa, caso B dela se aposse, naturalmente pode-se falar em apropriação indébita.
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Apropriação Indébita.
Posse ou detenção: A coisa precisa ter sido dada ao agente para que dela usufruísse, tirando alguma vantagem e exercitando a posse direta, ou pode ter sido dada para que fosse utilizada em nome de quem a deu, ou seja, sob instruções ou ordens suas.
A posse ou a detenção devem existir previamente ao crime e precisam ser legítimas.
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Apropriação Indébita.
Reparação do dano: O Código Penal não elegeu a reparação do dano, nos delitos patrimoniais, como causa que pudesse afastar a punibilidade do agente, devendo-se aplicar o art. 16 (arrependimento posterior), que é somente causa de redução da pena, dentro das condições ali especificadas.
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Apropriação Indébita.
Entretanto, é lógico que, havendo reparação integral do dano, logo após a negativa de restituição da coisa dada ao agente, é possível excluir o dolo, ou seja, a vontade de se apropriar de coisa alheia.
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Apropriação Indébita.
Depósito necessário: Está a demonstrar que o sujeito passivo não tinha outra opção a não ser confiar a coisa ao agente.
Por isso, se sua confiança é atraiçoada, deve o sujeito ativo responder mais gravemente pelo que fez.
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Apropriação Indébita.
Entende, majoritariamente, a doutrina ser “depósito necessário”, para configurar esta causa de aumento, o depósito miserável, previsto no art. 647, II, do Código Civil, ou seja, o depósito que se efetua por ocasião de calamidade (incêndio, inundação, naufrágio ou saque).
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Apropriação Indébita.
Nas outras hipóteses de depósito necessário (arts. 647, I, e 649 do Código Civil), que tratam dos casos de desempenho de obrigação legal ou depósito de bagagens dos viajantes, hóspedes ou fregueses em casas de hospedagem, resolve-se com outras figuras típicas: peculato (quando for funcionário público o sujeito ativo), apropriação qualificada pela qualidade de depositário judicial ou apropriação qualificada em razão de ofício, emprego ou profissão.
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Apropriação Indébita.
Qualidade da pessoa: O tutor, o curador, o síndico, o liquidatário, o inventariante, o testamenteiro e o depositário judicial são pessoas que, em regra, recebem coisas de outrem para guardar consigo, necessariamente, até que seja o momento de devolver. 
Por isso, devem responder mais gravemente pela apropriação. 
O rol não pode ser ampliado.
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Apropriação Indébita.
Ofício, emprego ou profissão: A apropriação, quando cometida por pessoas que, por conta das suas atividades profissionais de um modo geral, terminam recebendo coisas, através de posse ou detenção, para devolução futura, é mais grave. 
Por isso, merece o autor pena mais severa.
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Apropriação Indébita.
Apropriação indébita contra idoso: Consta do artigo 102 da Lei 10.741/2003.
Portanto, havendo apropriação de coisa alheia móvel de pessoa maior de 60 anos, segue-se o disposto na lei especial e não mais o preceituado no art. 168 do Código Penal, embora a pena seja a mesma.
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Boa noite!!!

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