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Dos delitos e das penas

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CENTRO DE ENSINO SUPERIOR MORGANA POTRICH - EIRELI
FACULDADE MORGANA POTRICH – FAMP
CURSO DE DIREITO
LISCYA VIEIRA CARRIJO
DIREITO PENAL II
MINEIROS – GOIAS
2018
CENTRO DE ENSINO SUPERIOR MORGANA POTRICH - EIRELI
FACULDADE MORGANA POTRICH – FAMP
CURSO DE DIREITO
RESUMO REFERENTE AO LIVRO DOS DELITOS E DAS PENAS 
CESSARE BECCARIA
MINEIROS – GOIAS
2018
Descreverei um pouco sobre o autor Cesare Bonesana, Marquês de Beccaria (1738-1794), um aristocrata milanês, considerado o principal representante do iluminismo penal e da Escola Clássica do Direito Penal. 
Convencido pelos valores e ideais iluministas, tornou-se reconhecido por contestar a triste condição em que se encontrava a esfera punitiva de Direito na Europa dos déspotas, sem, contudo, contestar como um todo a ordem social vigente.
Suas obras, mais especificamente a intitulada "Dos Delitos e Das Penas", são consideradas as bases do Direito penal moderno. As proposições ali contidas projetaram arquiteturalmente a política e o direito modernos: igualdade perante a lei, abolição da pena de morte, erradicação da tortura como meio de obtenção de provas, instauração de julgamentos públicos e céleres, penas consistentes e proporcionais, dentre outras críticas e propostas que visaram a humanizar o direito. Desta forma, Beccaria repensou a lei e as punições com base na análise filosófica, moral e econômica da natureza do ser humano e da ordem social.
O autor relata uma análise dos pareceres dos jurisconsultos mais somente no âmbito criminal, ele propõe como ideal a distribuição equitativa das vantagens entre os membros da sociedade. Porém, os privilégios na realidade concentram-se em poder de poucos. Sendo assim, somente as leis podem impedir ou pôr fim nestes abusos.
Beccaria põe como proposta a indicação de princípios gerais dos delitos; e, também, aponta uma séria de questões que dizem sobre a finalidade da lei, sua eficácia, influência dos costumes sobre ela, entre outros assuntos.
DA ORIGEM DAS PENAS
Na origem das agrupações, as liberdades foram sacrificadas para haver mais segurança; entra, então, em cena o poder soberano. 
O depósito destas liberdades seria a lei, a qual não é o suficiente para evitar o despotismo. 
DO DIREITO DE PUNIR
Toda pena que não advier da absoluta necessidade diz Montesquieu, é tirânica. É sobre isso que está fundamentado o direito o direito do soberano em punir os crimes, sobre a necessidade de defender a liberdade pública. 
A consequência sobre os princípios da lei é que apenas a lei pode determinar a pena para crimes e a autoridade para aplica-las advém do legislador.
O Interprete legal das leis é portanto o soberano ou o juiz, cujo trabalho é somente o de examinar se o acusado cometeu ou não um ato contrário as leis.
Para cada um dos delitos o juiz deve fazer um silogismo perfeito para decidir a liberdade do indivíduo ou a punição.
DA OBSCURIDADE DAS LEIS
O autor especifica ainda que as leis devem ser claras e ao alcance de todos, defende que os crimes serão reduzidos conforme os códigos da lei forem mais lidos e compreendidos universalmente, pois não há dúvida que a eloquência dos interesses é sobretudo assistida pela ignorância ou incerteza das punições.
DA PROPORÇÃO ENTRE OS CRIMES E AS PENAS
Beccaria defende que as penas devem ser proporcionais aos crimes, e que os crimes podem ser medidos pelo prejuízo que causam a sociedade.
Cita também que quem incitou o duelo deve ser castigado, enquanto o outro participante não, por, apenas, defender sua honra.
DA CREDIBILIDADE DAS TESTEMUNHAS
O autor ressalta a importância das testemunhas para a resolução do caso, porém, acima de tudo, alega que é importante que toda legislação saiba o grau de importância que deve ser dado a respectiva testemunha tendo em vista o interesse que esta pessoa possui em dizer ou não a verdade.
A título de curiosidade, na época retratada, as leis não admitiam como testemunho nem os condenados, nem as mulheres e nem as pessoas com nota de infâmia.
DAS ACUSAÇÕES SECRETAS
Beccaria faz uma crítica as acusações secretas, alegando que esta faz os homens “falsos e pérfidos” e é fruto de uma fraca constituição. Alega, ainda, que não há possibilidade de defesa da calúnia quando se trata de uma acusação sigilosa. 
DA TORTURA
O autor se posiciona contra tais castigos alegando que é inaceitável exigir que um homem acuse si mesmo, ainda mais sob tormentos físicos, como se fosse a única maneira de se conseguir a verdade.
Muitas vezes, pode o inocente alegar que é culpado somente para que cessem tais tormentos, e em outras vezes, poderá o culpado aguentar tais dores pra ser inocentado.
DAS PENAS PECUNIARIAS
Segundo o autor, o julgamento tornou-se um negócio civil tendo em vista que o magistrado analisava e julgava, o fisco recebia o dinheiro que o culpado deveria pagar pelo crime e o reendereçava para a Coroa.
DOS JURAMENTOS
Em relação ao juramento o autor faz menção que a experiência prova sua inutilidade, pois que sirvam de testemunhas os magistrados que, se algum criminoso, algum dia disse a verdade sob juramento.
DAS VANTAGENS DA PENALIZAÇÃO IMEDIATA
Uma punição imediata é mais útil, pois quanto menor o intervalo de tempo entre a punição e o crime mais fortes e mais duradouras serão as associações de ideias entre o crime e castigo como consequência. 
DA INFÂMIA COMO PUNIÇÃO
O autor descreve a infâmia como sinal de desaprovação publica que priva o criminoso de todas as considerações aos olhos dos concidadãos, da confiança de sua pátria e da fraternidade que existe entre os membros da mesma sociedade. 
DO ÓCIO
É imprescindível que se encontre um equilíbrio entre a finalidade pública e a liberdade individual. Beccaria, afirma que a ociosidade é contrária ao fim político de estado social.
DO ESPIRITO DE FAMILIA
Ressalta, o autor que o espirito de família é um espirito de pequenez e limitado a pequenos problemas. O espirito público ao contrário é influenciado pelos princípios gerais e com base nos fatos, cria regras gerais de utilidade para a maioria.
DA BRANDURA DAS PENAS
Beccaria acredita que as penas devem ser brandas, pois os crimes são efetivamente prevenidos pela certeza da punição e não por sua severidade. Para que as penas inspirem medo e sejam eficazes para o fim ao qual se destinam, é necessário que sejam proporcionais aos delitos e também que o rigor das penas deve ser relativo ao estado atual da sociedade na qual o culpado reside. 
DA PENA CAPITAL
A sociedade pugna pela justiça contra os homicídios, portanto, é uma controvérsia a aplicação da pena capital em uma sociedade na qual é odiosa a ideia de morte. Quem possui o direito de tirar a vida de outrem? Como punir um crime cometendo outro crime? O legislador representa a vontade da maioria, e Beccaria afirma que a sociedade não aprova tal pena violenta e passageira.
DA PRISÃO
Somente as leis podem determinar as situações nas quais os culpados devem ir para as prisões como forma de castigo. A lei deve, ainda, prever expressamente quais são os indícios de delitos que permitem a um acusado ser submetido a interrogatório.
DO PROCESSO E DA PRESCRIÇÃO
O processo e a prescrição “Cabe tão-somente às leis determinar o espaço de tempo que se deve utilizar para a investigação das provas do crime, e o que se deve conceder ao acusado para que se defenda.”
Para crimes hediondos não deve haver qualquer prescrição em favor do culpado.
O tempo que é empregado na investigação das provas e o que determina a prescrição não devem ser aumentados em virtude da gravidade do delito que se persegue. Separa- se então duas categorias de delitos: Grandes e Pequenos. 
DO SUICÍDIO
Não existe penalidade para o suicídio vez que ele recairá sobre um corpo não mais vivo e não seria nada justo a penalidade recair sob os ombros da família do suicida tal ato seria odioso.
Deve-se encontrar alguma maneira de" deter a mão "do suicida, porém não é através das penalidades que se alcançarátal objetivo. A este delito, cabe somente a Deus julgá-lo e puni-lo.
DO CONTRABANDO
O contrabando produz ofensa ao soberano e à nação, mas não deve haver infâmia, pois não afeta suficientemente o povo para provocar sua indignação. A vantagem do contrabando é diretamente proporcional ao número de direitos existentes.
Para Beccaria, os soberanos devem fazer permutação de criminosos para que estes sejam julgados nos países em que cometeram o crime, pois, será justo que um homem que habite determinado país seja submetido às leis de outro país? Não se deve, também, conceder asilo aos criminosos, pois isso geraria um sentimento de impunidade nos cidadãos e será esta permutação útil?
DOS ATENTADOS, CÚMPLICES E PERDÃO
O autor diz que as leis não punem a intenção, contudo uma tentativa que manifesta a intenção de cometer um crime merece punição embora, talvez menor do que se o crime tivesse sido consumado.
DAS FALSAS IDEIAS DE UTILIDADE
Um exemplo de falsa ideia de utilidade é observar mais as necessidades particulares que as públicas. Sendo assim, essas falsas ideias são fonte de erros e injustiça. 
DOS MAGISTRADOS
Beccaria defende que quanto maior for o número de membros do tribunal menor é o risco da corrupção, pois dificulta a tentativa e o poder e a tentação de cada indivíduo serão proporcionalmente menores.
DA VIRTUDE
Outro método de prevenção do crime é recompensar a virtude.
DA EDUCAÇÃO
 O autor considera ainda que o método mais seguro de prevenir crimes é aperfeiçoar o sistema educacional.
DO PERDÃO
A clemência, que sempre foi considerada um substituto suficiente a todas as outras virtudes de um soberano, deveria ser excluída em uma legislação perfeita, onde as penas são moderadas e os processos criminais regulares e rápidos.
A clemencia é uma virtude que pertence ao legislador e não ao executor das leis, uma virtude que deve resplandecer no código, não no julgamento privado.
Mostrar que os crimes podem ser perdoados e que a pena não é uma consequência necessária é alimentar a esperança de impunidade.

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